FEBRAPSI - Federação Brasileira de Psicanálise - Pedro Gomes é … · 2018-06-20 · – Grupo...

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Órgão da Associação Brasileira de Psicanálise Órgão da Associação Brasileira de Psicanálise Órgão da Associação Brasileira de Psicanálise Órgão da Associação Brasileira de Psicanálise Órgão da Associação Brasileira de Psicanálise Ano IX Nº27 Rio de Janeiro Setembro/2005 carta do editor Adal al al al alber er er er erto to to to to A. G G G G Goul oul oul oul oular ar ar ar art Apoio: Casa do Psicólogo® Livraria e Editora Ltda. Rua Mourato Coelho, 1059 — Vila Madalena — CEP 05417-011 — São Paulo/SP — Brasil — Fone: (11) 3034.3600 — Site: www.casadopsicologo.com.br Mais uma vez perplexo diante dos últimos aconte- cimentos políticos, entristecido e frustrado como ou- tros cinqüenta e tantos milhões de brasileiros que vi- ram a esperança e o sonho escorrerem pelo ralo, es- caparem entre os dedos, ouço reiteradamente pergun- tas do tipo “porque tem que ser assim, de novo e pior?” Nós, psicanalistas, que trabalhamos tão intimamente com a ética humana de cada um, observamos a olho nu a força das pulsões destrutivas a atacar e destruir possibilidades de encontro produtivo, de criatividade, de crescimento e responsabilidade, de elaboração, per- sonificadas por um narcisismo perverso, de morte, por um Supereu devorador do Eu, como nos lembra Sapienza. E lamentamos. Pode ser assim, mas não precisaria ser assim. Não poderia. Diz o ditado que cada povo tem os governantes que merece. Não concordo! Cidadãos de bem, pagadores de impostos, trabalhado- res da dura labuta diária de construir um país, não merecem. Desabafo à parte, que não poderia perder a opor- tunidade, nos resta a porção mais nobre, de prosse- guirmos em nosso trabalho de domesticar pulsões e que os outros cinqüenta e tantos milhões redirecionem suas desilusões e esperanças, afinal pode ser assim, mas não precisa ser assim. Boas novas trazidas por Eros também temos, como o sucesso do 6 o Congresso Internacional de Neuro-psi- canálise ocorrido no Rio de Janeiro de 24 a 27 julho e o sucesso absoluto do 44 o Congresso da Associação Psi- canalítica Internacional, ocorrido na mesma cidade, de 28 a 31 do mesmo mês, com 2500 participantes do mundo todo. Três Sociedades conquistaram novo status diante da IPA: a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto e a Associação Psicanalítica do Es- tado do Rio de Janeiro (Rio 4) foram qualificadas como Sociedades Componentes e o Grupo de Estudos Psi- canalíticos de Mato Grosso do Sul tornou-se a Socie- dade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (provisória). A IPA tem novo Presidente, o brasileiro Cláudio Laks Eizirik, o que muito nos honra. Estreitamos laços de amizade e de produção científica com a Sociedade Por- tuguesa de Psicanálise, um outro momento histórico do qual fala com mais propriedade Carlos Gari Faria, em sua Coluna do Presidente. Nesta edição, o Perfil traz uma importante entre- vista com Sheiva Rocha (APERJ-Rio4), experiência para os que desejam construir. Em outra entrevista ao ABP NOTÍCIAS Pedro Gomes (SBPRJ), candidato à Presidência da ABP, expõe suas principais idéias. Em seu cinqüentenário, uma homenagem não poderia fal- tar à SPRJ. David Zimerman escreve “Algumas refle- xões sobre vínculos e configurações vinculares” no melhor estilo já conhecido de todos. Importante iniciati- va do Núcleo Psicanalítico de Fortaleza, Maria José Andrade (SPR/NPF) nos informa sobre o GESTAMGE – Grupo de Estudo e Atendimento Psicoterápico à Mu- lher Gestante. Sônia Mestriner (SBPRP/SBPSP), Ma- ria Auxiliadora Campos (SBPRP) e Gilberto Mestriner (SBPSP) nos contam “Um pouco da trajetória da Soci- edade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto. Má- rio Lúcio Baptista (SBPSP/NPBH), Diretor do Conse- lho Profissional da ABP, nos faz um resumo do movi- mento de “Articulação das Instituições Psicanalíticas Brasileiras”. O interessante e atual livro “Memória cor- poral e transferência”, de Ivanise Fontes, é por mim resenhado e recomendado. Notícias e Programação de nossas federadas e a Agenda Científica, com desta- que para o XX Congresso Brasileiro de Psicanálise (Brasília, 11 a 14 de novembro) fecham a edição. Faça bom proveito, leitor, que a sua leitura seja por Eros inspirada. Brasília será, de 11 a 14 de novembro, a sede do XX Congresso Brasileiro de Psicanálise, que discutirá “Poder, sofrimento psíquico e contemporaneidade” Pedro Gomes é candidato à presidência da ABP Há 5 anos participando da diretoria da ABP, o dr. Pedro Gomes é candidato à presidência da instituição nas próximas eleições, que acontecerão durante o XX Congresso Brasileiro de Psicanálise, de 11 a 14 de novembro, em Brasília. Em entrevista, ele fala sobre sua experiência na ABP, sua candidatura, analisa o papel da psicanálise no mundo moderno e aposta na relação com a neurociência. (Pág.5 ) SPRJ comemora 50 anos e inaugura o Centro de Memória A Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro faz 50 anos em 29 de setembro e comemora a data em grande estilo.Além de um calendário de eventos e de proposta de estudos, pesquisas e trabalhos, inaugura o Centro de Memória e Referência da Psicanálise, que se propõe a resgatar importantes momentos da história do setor, através de quadros e documentos. (Pág. 7 ). Perfil: Sheiva Rocha Sheiva Rocha é presidente da APERJ-Rio 4, à qual ela ajudou a fundar e que foi formada por um grupo dissidente da Rio 1, o grupo Pró- Ética. Constituída no Congresso Internacional de Psicanálise (IPA), em julho passado, no Rio de Janeiro, a instituição começa com 28 mem- bros e oito candidatos. Entre seus objetivos está a formação de novos analistas. (Pág.3 ) Reflexões sobre vínculos e configurações vinculares Bion propôs três tipos de vínculos entre duas ou mais pessoas ou partes separadas de uma mesma pessoa: o de amor, de ódio e o vínculo de conhecimento. Analisando a proposta de Bion, David Zimerman, Membro Efetivo e Analista Didata da SPPA propõe um quarto tipo de vínculo — o de reconhecimento. (Pág.8) Regulamentação da profissão A “Articulação das Instituições Psicanalíticas Brasileiras” está alerta para tentar barrar os movimentos de regulamentação da Psicanálise. Qualquer regulamentação criaria normas mais adequadas a academia que à Psicanálise e desvirtuariam de forma importante a liberdade do exercício da profissão, é o que defente o Dr. Mário Lúcio Alves Baptista, Membro e Didata da SBPSP/NPBH (Pág.15).

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Ó r g ã o d a A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e P s i c a n á l i s eÓ r g ã o d a A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e P s i c a n á l i s eÓ r g ã o d a A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e P s i c a n á l i s eÓ r g ã o d a A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e P s i c a n á l i s eÓ r g ã o d a A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e P s i c a n á l i s e

Ano IX Nº27 Rio de Janeiro Setembro/2005

carta do editorAAAAAdddddalalalalalbbbbberererererto to to to to AAAAA ..... G G G G Goulouloulouloularararararttttt

Apoio:

Casa do Psicólogo® Livraria e Editora Ltda.Rua Mourato Coelho, 1059 — Vila Madalena — CEP 05417-011 — São Paulo/SP — Brasil — Fone: (11) 3034.3600 — Site: www.casadopsicologo.com.br

Mais uma vez perplexo diante dos últimos aconte-cimentos políticos, entristecido e frustrado como ou-tros cinqüenta e tantos milhões de brasileiros que vi-ram a esperança e o sonho escorrerem pelo ralo, es-caparem entre os dedos, ouço reiteradamente pergun-tas do tipo “porque tem que ser assim, de novo e pior?”Nós, psicanalistas, que trabalhamos tão intimamentecom a ética humana de cada um, observamos a olhonu a força das pulsões destrutivas a atacar e destruirpossibilidades de encontro produtivo, de criatividade,de crescimento e responsabilidade, de elaboração, per-sonificadas por um narcisismo perverso, de morte, porum Supereu devorador do Eu, como nos lembraSapienza. E lamentamos. Pode ser assim, mas nãoprecisaria ser assim. Não poderia. Diz o ditado que cadapovo tem os governantes que merece. Não concordo!Cidadãos de bem, pagadores de impostos, trabalhado-res da dura labuta diária de construir um país, nãomerecem.

Desabafo à parte, que não poderia perder a opor-tunidade, nos resta a porção mais nobre, de prosse-guirmos em nosso trabalho de domesticar pulsões eque os outros cinqüenta e tantos milhões redirecionemsuas desilusões e esperanças, afinal pode ser assim,mas não precisa ser assim.

Boas novas trazidas por Eros também temos, comoo sucesso do 6o Congresso Internacional de Neuro-psi-canálise ocorrido no Rio de Janeiro de 24 a 27 julho e osucesso absoluto do 44o Congresso da Associação Psi-canalítica Internacional, ocorrido na mesma cidade, de28 a 31 do mesmo mês, com 2500 participantes domundo todo. Três Sociedades conquistaram novo statusdiante da IPA: a Sociedade Brasileira de Psicanálisede Ribeirão Preto e a Associação Psicanalítica do Es-tado do Rio de Janeiro (Rio 4) foram qualificadas comoSociedades Componentes e o Grupo de Estudos Psi-canalíticos de Mato Grosso do Sul tornou-se a Socie-dade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (provisória).A IPA tem novo Presidente, o brasileiro Cláudio LaksEizirik, o que muito nos honra. Estreitamos laços deamizade e de produção científica com a Sociedade Por-tuguesa de Psicanálise, um outro momento históricodo qual fala com mais propriedade Carlos Gari Faria,em sua Coluna do Presidente.

Nesta edição, o Perfil traz uma importante entre-vista com Sheiva Rocha (APERJ-Rio4), experiênciapara os que desejam construir. Em outra entrevista aoABP NOTÍCIAS Pedro Gomes (SBPRJ), candidato àPresidência da ABP, expõe suas principais idéias. Emseu cinqüentenário, uma homenagem não poderia fal-tar à SPRJ. David Zimerman escreve “Algumas refle-xões sobre vínculos e configurações vinculares” nomelhor estilo já conhecido de todos. Importante iniciati-va do Núcleo Psicanalítico de Fortaleza, Maria JoséAndrade (SPR/NPF) nos informa sobre o GESTAMGE– Grupo de Estudo e Atendimento Psicoterápico à Mu-lher Gestante. Sônia Mestriner (SBPRP/SBPSP), Ma-ria Auxiliadora Campos (SBPRP) e Gilberto Mestriner(SBPSP) nos contam “Um pouco da trajetória da Soci-edade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto. Má-rio Lúcio Baptista (SBPSP/NPBH), Diretor do Conse-lho Profissional da ABP, nos faz um resumo do movi-mento de “Articulação das Instituições PsicanalíticasBrasileiras”. O interessante e atual livro “Memória cor-poral e transferência”, de Ivanise Fontes, é por mimresenhado e recomendado. Notícias e Programação denossas federadas e a Agenda Científica, com desta-que para o XX Congresso Brasileiro de Psicanálise(Brasília, 11 a 14 de novembro) fecham a edição.

Faça bom proveito, leitor, que a sua leitura sejapor Eros inspirada.

Brasília será, de 11 a 14 de novembro, a sede do XX Congresso Brasileiro de Psicanálise, que discutirá“Poder, sofrimento psíquico e contemporaneidade”

Pedro Gomes é candidato à presidência da ABP

Há 5 anos participando da diretoria da ABP, o dr. Pedro Gomes é candidato à presidência da instituição nas próximas eleições, queacontecerão durante o XX Congresso Brasileiro de Psicanálise, de 11 a 14 de novembro, em Brasília. Em entrevista, ele fala sobre suaexperiência na ABP, sua candidatura, analisa o papel da psicanálise no mundo moderno e aposta na relação com a neurociência. (Pág.5 )

SPRJ comemora 50 anos e inaugura o Centro de Memória

A Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro faz 50 anos em 29 de setembro e comemora a data em grande estilo.Além de um calendáriode eventos e de proposta de estudos, pesquisas e trabalhos, inaugura o Centro de Memória e Referência da Psicanálise, que se propõe aresgatar importantes momentos da história do setor, através de quadros e documentos. (Pág. 7 ).

Perfil: Sheiva Rocha

Sheiva Rocha é presidente da APERJ-Rio 4, à qual ela ajudou a fundar e que foi formada por um grupo dissidente da Rio 1, o grupo Pró-Ética. Constituída no Congresso Internacional de Psicanálise (IPA), em julho passado, no Rio de Janeiro, a instituição começa com 28 mem-bros e oito candidatos. Entre seus objetivos está a formação de novos analistas. (Pág.3 )

Reflexões sobre vínculos e configurações vinculares

Bion propôs três tipos de vínculos entre duas ou mais pessoas ou partes separadas de uma mesma pessoa: o de amor, de ódio e o vínculode conhecimento. Analisando a proposta de Bion, David Zimerman, Membro Efetivo e Analista Didata da SPPA propõe um quarto tipo devínculo — o de reconhecimento. (Pág.8)

Regulamentação da profissão

A “Articulação das Instituições Psicanalíticas Brasileiras” está alerta para tentar barrar os movimentos de regulamentação da Psicanálise.Qualquer regulamentação criaria normas mais adequadas a academia que à Psicanálise e desvirtuariam de forma importante a liberdade doexercício da profissão, é o que defente o Dr. Mário Lúcio Alves Baptista, Membro e Didata da SBPSP/NPBH (Pág.15).

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Carlos Gari Faria

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����������Conselho Diretor

Presidente – Carlos Gari FariaSecretário – Pedro GomesTesoureiro – Regina Lúcia Braga MotaDiretor do Conselho Científico –Cláudio RossiDiretor do Conselho Profissional –Mário Lúcio Alves BaptistaDiretor do Deptº.de Publicações e Di-vulgação – Adalberto Antônio GoulartDiretor da Comissão de Relações Ex-teriores – Maria Eliana Mello HelsingerDiretor Superintendente – Maria de SanTiago Dantas QuentalSecretária Administrativa – LúciaLustosa Boggiss

Deptº. de Publicações e DivulgaçãoEditor da Revista Brasileira de PsicanáliseLeopold NosekEditora AssociadaMaria Aparecida Quesado Nicoletti

DelegadosMárcio de Freitas GiovannettiAna Maria Andrade de AzevedoVera Márcia RamosCarlos Roberto SabaWilson AmendoeiraAltamirando Matos de Andrade Jr.Raul HartkeJair Rodrigues EscobarTelma Gomes de Barros CavalcantiHumberto Vicente de AraújoBruno Salésio da Silva FranciscoJosé Francisco Rotta PereiraNewton M. AronisLeonardo A. FrancischelliJosé Cesário Francisco JúniorPedro Paulo de Azevedo OrtolanRegina Lúcia Braga MotaSylvain Nahum LevyLeila Tannous GuimarãesMiriam Cátia CodornizNeilton Dias da SilvaCláudio Tavares Cals de OliveiraSheiva Campos Nunes RochaSergio Antonio Cyrino da Costa

Conselho CientíficoAna Rita Nuti PontesÁurea Maria LowenkronFernando Linei KunzlerHemerson Ari MendesJosé Otávio FagundesMagda Sousa PassosMárcia CâmaraMaria Aparecida Duarte BarbosaMirian Elisabeth Bender Ritter de GregórioRuggero LevySérgio Cyrino da CostaWaldemar Zusman

Conselho ProfissionalAlfredo Menotti ColucciLetícia Tavares NevesJair Rodrigues Escobar

2Órgão da Associação Brasileira de Psicanálise

Expediente

Eduardo Afonso JúniorJosé Luiz MeurerSylvain Nahum LevyJosé Alberto FlorenzanoJacques ZimmermannLeila Tannous GuimarãesVera Lúcia Costa de Paula Antunes

Comissão de Psicanálise e CulturaLeopold Nosek (Coordenador)

Comissão de Psicanálise da Criança edo AdolescenteRute Stein Maltz (Coordenadora)

Comissão de Psicanálise e PesquisaTheodor Lowenkron (Coordenador)

Comissão de Psicanálise e a UniversidadeSérgio de Freitas Cunha (Coordenador)

Comissão de Documentação, Comunica-ção e InternetRosa Maria Carvalho Reis (Coordenadora)

Comissão de Ligação com EntidadesMédicasJair Rodrigues Escobar (Coordenador)

Comissão de Ligação com a PsicologiaInúbia Duarte (Coordenadora)

Comissão de Difusão da PsicanáliseMaria Olympia França (Coordenadora)

Comissão de Estudos sobre FormaçãoPsicanalíticaSuad Haddad de Andrade (Coordenadora)

Comissão de Núcleos filiados à ABPRegiões: Norte, Nordeste e Sudeste até Riode JaneiroJosé Fernando de Santana Barros (Coor-denador)Regiões: Sudeste a partir de São Paulo, Sule Centro OesteRomualdo Romanowski (Coordenador)

EdiçãoJLS Comunicação & AssociadosEditores:José Luiz SombraAdriana VallimRepórter:Elisa Maria CamposEditoração:Renata Vieira NunesFotolito e Impressão:Casa do Psicólogo (11) 3034 3600

Endereço: Av. N.Sª. de Copacabana, 540/704Cep: 22020-000 Rio de JaneiroTel/Fax: (21) 2235 5922e-mail: [email protected] page: www.abp.org.br

O 44º Congresso da Associação Psicanalí-tica Internacional, o Congresso do Rio de Ja-neiro, deixa em nossa memória uma experiên-cia marcante. Antes de tudo, o mais importanteque consiste no conjunto de contribuições ci-entíficas e técnicas, num ponto de encontro etroca de idéias que estimulam nosso pensar efazer atual, frutificam em nós e nos estimulamainda mais a continuar presentes e participarem encontros científicos que estão por vir. Vis-to pelo olhar do Brasil, constatamos com satis-fação aspectos particulares como: o número decolegas inscritos e presentes, a participaçãosignificativamente grande de analistas em for-mação e a eficiência no trabalho de organiza-ção naquilo que também coube a colegas bra-sileiros realizar.

Este e outros pontos vieram reafirmar o quehá muito tempo já sabemos: sobre a nossa ca-pacidade para realizar eventos maiores comoo que a cada dois anos se repete nos Congres-sos Brasileiros de Psicanálise e, em intervalosmaiores, nos Congressos FEPAL que já acon-teceram em diferentes cidades de nosso país.

Durante o Congresso, no início da noite desexta-feira, 29, após a posse do novo Presi-dente da IPA, a ABP prestou uma homenagem,levantando um brinde à IPA e aos presidentesnos seguintes termos:

“A Associação Brasileira de Psicanálise“A Associação Brasileira de Psicanálise“A Associação Brasileira de Psicanálise“A Associação Brasileira de Psicanálise“A Associação Brasileira de Psicanálisecumprimenta neste momento, Thecumprimenta neste momento, Thecumprimenta neste momento, Thecumprimenta neste momento, Thecumprimenta neste momento, TheInterInterInterInterInternational Psychoanalitical Association; pornational Psychoanalitical Association; pornational Psychoanalitical Association; pornational Psychoanalitical Association; pornational Psychoanalitical Association; porexistirexistirexistirexistirexistir, por seu passado, em seu pr, por seu passado, em seu pr, por seu passado, em seu pr, por seu passado, em seu pr, por seu passado, em seu presente eesente eesente eesente eesente ea seu futura seu futura seu futura seu futura seu futuro.”o.”o.”o.”o.”

“A Daniel Widlöcher“A Daniel Widlöcher“A Daniel Widlöcher“A Daniel Widlöcher“A Daniel Widlöcher, avec la grande, avec la grande, avec la grande, avec la grande, avec la grandeadmiracion de la Associación Brèsilienne deadmiracion de la Associación Brèsilienne deadmiracion de la Associación Brèsilienne deadmiracion de la Associación Brèsilienne deadmiracion de la Associación Brèsilienne dePsicanalise par vous, comme ÊtrPsicanalise par vous, comme ÊtrPsicanalise par vous, comme ÊtrPsicanalise par vous, comme ÊtrPsicanalise par vous, comme Être humain,e humain,e humain,e humain,e humain,comme Psicanaliste e comme um grandcomme Psicanaliste e comme um grandcomme Psicanaliste e comme um grandcomme Psicanaliste e comme um grandcomme Psicanaliste e comme um grandPrPrPrPrPresident.”esident.”esident.”esident.”esident.”

“A Cláudio Laks Eizirik, com uma emo-“A Cláudio Laks Eizirik, com uma emo-“A Cláudio Laks Eizirik, com uma emo-“A Cláudio Laks Eizirik, com uma emo-“A Cláudio Laks Eizirik, com uma emo-ção grande que imprção grande que imprção grande que imprção grande que imprção grande que impregna nossa estima eegna nossa estima eegna nossa estima eegna nossa estima eegna nossa estima enosso orgulho, a Associação Brasileira de Psi-nosso orgulho, a Associação Brasileira de Psi-nosso orgulho, a Associação Brasileira de Psi-nosso orgulho, a Associação Brasileira de Psi-nosso orgulho, a Associação Brasileira de Psi-canálise brinda a sua prcanálise brinda a sua prcanálise brinda a sua prcanálise brinda a sua prcanálise brinda a sua presença, maresença, maresença, maresença, maresença, marcada porcada porcada porcada porcada porseriedade, coerência e consistência, envol-seriedade, coerência e consistência, envol-seriedade, coerência e consistência, envol-seriedade, coerência e consistência, envol-seriedade, coerência e consistência, envol-tas em uma capacidade de conviver e de fa-tas em uma capacidade de conviver e de fa-tas em uma capacidade de conviver e de fa-tas em uma capacidade de conviver e de fa-tas em uma capacidade de conviver e de fa-zer amigos. Ao Cláudio como amigo, comozer amigos. Ao Cláudio como amigo, comozer amigos. Ao Cláudio como amigo, comozer amigos. Ao Cláudio como amigo, comozer amigos. Ao Cláudio como amigo, comopsicanalista e agora como Prpsicanalista e agora como Prpsicanalista e agora como Prpsicanalista e agora como Prpsicanalista e agora como Presidente da As-esidente da As-esidente da As-esidente da As-esidente da As-sociação Psicanalítica Intersociação Psicanalítica Intersociação Psicanalítica Intersociação Psicanalítica Intersociação Psicanalítica Internacional”.nacional”.nacional”.nacional”.nacional”.

Sobre a realização do Encontro LusoBrasileiro de Psicanálise

Desde o final do ano passado, primeiro atra-vés da nossa diretora de Relações Exteriores,Eliana Helsinger, estabelecemos um contatocom o presidente da Sociedade PsicanalíticaPortuguesa convidando-o para uma reuniãocom o Conselho Diretor da ABP, durante o Con-

gresso do Rio, com vistas a darmos início a umintercâmbio entre psicanalistas da língua por-tuguesa. Em reunião, realizada sexta-feira, 29de julho, ao meio-dia, apresentamos duas idéi-as: uma, a da realização do Primeiro EncontroLuso Brasileiro de Psicanálise e outra, a pro-posta sobre um planejamento conjunto para adifusão da Psicanálise em países de língua por-tuguesa onde esta ainda não chegou e portan-to, não existe como recurso terapêutico.

Dr. Frederico Pereira e a Diretora Científicade sua Sociedade, que o acompanhou a estareunião, compartilharam com entusiasmo des-tas idéias.

Ficou combinado, em princípio, a realiza-ção do Primeiro Encontro Luso Brasileiro nomês de maio do próximo ano em Lisboa, nosdois dias que antecedem, ou nos dias subse-qüentes ao Congresso de Psicanálise de lín-gua francesa que já está agendado para maionaquela cidade. Dr. Frederico ficou encarrega-do de dar continuidade ao primeiro contato quefizemos no Rio com a Comissão organizadoradaquele Congresso e também verificar em Lis-boa as possibilidades administrativas para a re-alização do primeiro Encontro Luso Brasileiroque dedicará seu espaço, principalmente, aapresentações e discussão de material clínico.

Sobre o XX Congresso Brasileiro de Psi-canálise

Dentro de dois meses, nos dias 11, sexta-feira (dedicado ao Pré-Congresso Didático du-rante o dia e à Sessão de abertura do Congres-so à noite), 12, 13 e 14 de novembro nos en-contraremos em Brasília em torno do eixotemático sobre Poder, Sofrimento Psíquico eContemporaneidade. Será a presença maiorda Psicanálise brasileira na Capital Federal numencontro de idéias que transitam entre o poderde origem interna e o poder externo.

O tema oficial elaborado e sugerido por Cláu-dio Rossi junto com o Conselho Científico, peloConselho Diretor e aprovado pela Assembléiade Delegados da ABP reflete uma sincronia en-tre a percepção pelo olhar psicanalítico voltadopara as origens do poder e seus destinos. Suautilização como meio para construção e preser-vação da vida ou suas distorções quando per-vertido e transformado em mero desejo de exer-cer poder como um fim em si mesmo.

A realidade externa na contemporaneidade,à imagem do inconsciente a que estamos dedi-cados todos os dias, nos surpreende a cadamomento: ora com descobertas ao longo de umencadeamento de trabalhos sadios que cons-trói um progresso genuíno; ora com percalçosque nos atropelam por “desvarios” (usando umapalavra respeitosa para atos de quem poucoou nada respeita) que tendem a abalar a iden-tidade social e por extensão a auto-estima pes-soal. É também função da psicanálise contri-buir para perceber e para elaborar conflitosadvindos destas situações ansiogênicas.

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3Perfil

Rio 4 surgiu em nome da ética

ABP NOTÍCIAS - Como nasceu e qualé a historia da Rio 4?

SHEIVA ROCHA - A Rio 4 (APERJ)tem uma origem diferente, até onde eusei, das demais sociedades filiadas à IPAno Brasil. Ela é o resultado da transfor-mação em uma instituição de um grupodissidente da Rio 1 (SPRJ), o grupo Pró-Ética. A dissidência não tinha como pro-pósito fundar uma nova sociedade. Que-ríamos na verdade que a Rio 1 adotas-se outros princípios, outros valores. Foiuma luta inglória. A dissidência, o afas-tamento, foi a única maneira de selarnossa não aceitação da forma como aRio 1 lidou com as graves questões éti-cas que apareceram em seu meio na dé-cada de 80. Época da ditadura militar noBrasil. Questões estas surgidas com oenvolvimento de um candidato com a tor-tura política.

Até chegar à Sociedade Componente,que é a nossa situação hoje, foram noveanos de debates e encontros com comis-sões da IPA. Contando com o Fórum deDebates são 24 anos.

Bem, para entender essa história é ne-cessário falar um pouco sobre a pré-história,

senão pareceria uma mágica que surgisse,de repente, um grupo tão determinado emtorno de idéias e ideais e por tanto tempo.

Como todos sabemos uma instituiçãonão consegue ficar imune ao sistema so-cial na qual está imersa. Algumas mais,outras menos. No final da década de se-tenta do século passado, aos poucos foise formando um grupo que colocava emquestão a forma de funcionamento da Rio1, nossa sociedade de origem. Não acei-távamos que somente dez por cento dosmembros, os efetivos, tivessem direito avoto, em qualquer decisão da sociedade.Esta forma, absolutamente hierárquica,perpassava todo o tecido social. Nem asanálises, ditas didáticas, escapavam aisso. Na verdade, faziam freqüentementeparte dos esquemas de poder. Não nosesqueçamos que estávamos em pleno re-gime militar. Não é curioso, que foi nes-ses tempos difíceis que a psicanálise al-cançou um grande número de adeptos eprestígio social no Rio de Janeiro?

Bem, voltando à história, aos poucos,colegas começaram a se reunir até que seorganizaram formalmente . Era o nascimen-to do Fórum de Debates, semente do futu-

ro grupo Pro-ética, que se transformou naAssociação Psicanalítica do Estado do Riode Janeiro (APERJ –Rio4). Conseguimos,após luta incessante, derrubar a proibiçãodo voto dos membros associados. Hoje,talvez isso soe absurdo, mas na época foiuma grande mudança.

O Fórum de Debates, após essa vitó-ria, foi aos poucos se desmobilizando.Quando na década de 80 surgiram os boa-tos do envolvimento de um candidato coma tortura a presos políticos, começou ummovimento para que a Diretoria e a Socie-dade como um todo se manifestasse arespeito.

A própria IPA movia-se lentamente, ape-sar das informações. Entretanto, no Con-gresso Internacional de Amsterdan, a Pre-sidência da IPA entregou correspondênciaà Presidência da Rio 1 com a decisão doExecutiveExecutiveExecutiveExecutiveExecutive CouncilCouncilCouncilCouncilCouncil, determinando a ex-pulsão do analista didata envolvido no caso.A Rio 1 se negou a cumprir a decisão. Oentão presidente da Rio 1 se demitiu. En-tão a crise atingiu o seu apogeu.

Em seguida, a IPA encarregou a Rio 1de averiguar a situação do candidato tor-turador e seu analista. A Comissão de Éti-ca, examinou os documentos e entrevis-tou as pessoas durante dois anos, apre-sentando à Sociedade um parecer finalsobre o assunto.

A conclusão não foi muito diferente daque a que própria IPA já havia chegado.Sugeriu a expulsão do analista didata, alémde mostrar em grau menor o envolvimentode outros. Em Assembléia Geral, por maio-ria, a Sociedade recusou o relatório da Co-missão de Ética. Trinta e nove colegas nãoaceitaram a decisão da Assembléia. Foiassim que surgiu o grupo Pró-Ética.

Procurando dar sustentação ao traba-lho do grupo, criamos um boletim, “Des-tacamento”, que foi publicado também eminglês e francês, na tentativa de conse-guir divulgar nossas idéias fora do país.Conseguimos e obtivemos apoio interna-cional.

Nessa época o dr. HorácioEtchegoyen, representando o ExecutiveExecutiveExecutiveExecutiveExecutiveCouncilCouncilCouncilCouncilCouncil, nos propôs uma sociedadepara podermos trabalhar. Não aceita-mos, pois tínhamos como ideal esclare-cer nossa história e discutir eticamenteas questões da psicanálise. Não tínha-mos ainda perdido a esperança de trans-formar a Rio 1, o que porém terminouacontecendo. Lutamos nove anos. Tive-mos inúmeras comissões da IPA e só emmarço de 2002 nasceu a APERJ-Rio 4.

ABP NOTÍCIAS - Na sua opinião,quais eram os princípios e ideais do Pro-Ética e de que forma podem ser preser-vados na instituição psicanalítica?

SR - O Pró-Ética não surgiu de algumideal platônico, mas da luta incessante demuitos anos no interior da instituição psica-nalítica. Como o próprio nome diz, em dire-ção à ética. Uma ética ligada às relaçõescom seus pares. Acreditamos que a hierar-quia é necessária apenas como forma ope-ratória em uma instituição.

Assim, os princípios do Pró-Ética forama democracia, a liberdade de expressão, orespeito pela diferença, a crítica permanenteda ação, com freqüência, perversa do Po-der, etc. Não como princípios abstratos, masalgo a ser praticado no dia-a-dia com oscolegas e pacientes, analisandos ou funcio-nários .

Constatamos o que Ferenczi já haviafeito no inicio do século passado, que asinstituições psicanalíticas se estruturam deforma estritamente familiar e, freqüen-temente, em torno de um pai tirânico.

Ora, o nosso trabalho é quebrar essaestrutura, promovendo uma organização emque os colegas são vistos como pares, comiguais direitos e deveres. Não se prega aausência de hierarquia, mas ela é vistacomo uma necessidade do funcionamentode uma instituição a qual deve sempre es-tar em observação para evitar os efeitosmaléficos do Poder. A clareza e a transpa-rência são outras metas da instituição.

Penso em uma outra questão importan-te. Freqüentemente os analistas se supõemapolíticosapolíticosapolíticosapolíticosapolíticos, esquecendo-se que esta tam-bém é uma posição política. Supõem que aposição de “neutralidade”, útil na práticaclinica, também o é na vida institucional.

Enquanto participantes de uma insti-tuição, uma instância da Sociedade, nãopodemos, obviamente, lançar mão de umsimples requisito técnico da pratica ana-lítica – a “neutralidade” – para justificarnossas escolhas na vida societária. Aí,como na sociedade maior, somos cida-dãos. Tentamos não misturar uma neu-tralidade terapêutica com uma neutralida-de como cidadãos.

Bem pensavam os gregos ao lançarpara fora das muralhas da cidade os neu-tros e os amantes da abstenção. Ou seja,na polis, ao tratar dos interesses da cida-de, não há lugar para o neutro.

Penso também que as sociedades de-vem se unir por interesses comuns, discus-sões teóricas, mas não por simples cor-porativismo.

Sheiva Rocha

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4 Perfilcontinuação

ABP NOTÍCIAS - Levando em conta ahistoria da Rio 4, que contribuição essainstituição poderia dar à Psicanálise ?

SR - A Psicanálise precisa de institui-ções, inclusive para formar novos analistas.Acreditamos ter desenvolvido uma práticade relacionamento institucional que nosparece importante para os associados, mastambém para os candidatos no seu apren-dizado da teoria psicanalítica e da práticada coragem ética no relacionamento comseus analisandos e na própria Associação.

Tentamos uma avaliação mútua de nos-so trabalho. A crença em ideais que nãosejam de acomodação a dogmas e sim ummovimento de avaliação de nossa prática eteoria. Uma instituição que procura se utili-zar dos conceitos psicanalíticos em sua prá-tica diária, pensando sua história e repen-sando sua experiência. Não se esconden-do na operação perversa do silêncio, queleva à compulsão a repetição.

ABP NOTÍCIAS - Como você perce-beu o trajeto do Grupo Pró-Ética para aSociedade Aperj-Rio 4?

SR - Evidentemente o funcionamento deum grupo dissidente, que nem sede físicapossuía, é muito diferente de uma institui-ção. O Grupo, apesar do enorme trabalho,se alimentava de ideais e sonhos. A insti-tuição exige um trabalho muito diferente,uma organização objetiva. Temos que tersede, biblioteca, secretário, contador, alu-guel, impostos, etc. Temos que ter um insti-tuto, candidatos, formação. Enfim um tra-

“ As minhas impressões sãoainda o fruto do impacto que ele

representou. Esse Congressoestava programado para

acontecer aqui no Rio há 22 anosatrás, quando seria eleito um

presidente brasileiro.”

balho muito árduo, mas não podemos dei-xar o sonho de fora. Devido à nossa expe-riência anterior, resistíamos muito a nosinstitucionalizarmos. Víamos a instituiçãocomo empobrecedora. Tomamos o cuida-do para que todo o nosso estatuto possaser revisto a cada dois anos e o nosso pro-

grama do instituto também.

ABP NOTÍCIAS - Atualmente comoestá a situação da Rio 4?

SR - No BusBusBusBusBusiiiiiness Meetingness Meetingness Meetingness Meetingness Meeting do Congres-so Internacional da IPA, no Rio de Janeiro,nos tornamos Sociedade Componente. Atual-mente contamos com 28 membros e 8 candi-

datos. A nossa sede é no Leblon. Temos uminstituto funcionando com avaliações constan-tes dos professores e dos candidatos. Temosuma reunião por mês de encontros científicoscom nossos professores ou ainda com pro-fessores convidados. Os cargos de docente edidata não são vitalícios, mas pessoas em “fun-

ção”. Temos também o Centro de Atendimen-to à Comunidade (C.A.C.), onde pacientes comdificuldades financeiras são atendidos por can-didatos ou por membros da sociedade ou ain-da encaminhados para outras institui-ções.Temos também uma pequena bibliote-ca. Temos pelo menos uma reunião mensalda Comissão Científica.

Acho que a passagem para SociedadeComponente nos trouxe liberdade e auto-nomia para podermos trabalhar. Espera-mos poder trocar cada vez mais com ou-tras sociedades. Acho que esse intercâm-bio será muito importante para nós.

ABP NOTÍCIAS - Qual a sua impres-são sobre o Congresso da IPA que aca-bou de acontecer no Rio de Janeiro?

SR - As minhas impressões são aindao fruto do impacto que ele representou.Esse Congresso estava programado paraacontecer aqui no Rio há 22 anos atrás,quando seria eleito um presidente brasilei-ro. Época da Ditadura Militar, mas não foiisso que determinou a transferência paraMadri. O que impediu foi certamente oenvolvimento de um candidato com a tortu-ra a presos políticos e a imensa repercus-são que houve na mídia em geral. Haviauma perplexidade no ar. Ninguém antesousaria associar psicanálise e tortura.

Acontece dentro da IPA atualmente umimenso trabalho no sentido de relembrar eelaborar a historia da Psicanálise, que é otema do próximo congresso em Berlim, dan-do seguimento ao que acabou de aconte-cer que foi sobre Trauma.

Entendo esse Congresso como aconcretização de uma elaboração na própriaIPA desses fatos tão terríveis. O Congressoter acontecido aqui com a eleição de um pre-sidente brasileiro, quero crer representar umaenorme reparação para os psicanalistas e aprópria Psicanálise brasileira.

�Cláudia Carneiro*

A Associação Brasileira de Candidatos(ABC) encaminhou, em julho, aos candida-tos de todos os institutos brasileiros a Se-gunda Revista da ABC, versão CD-Room.A revista traz as atividades realizadas nagestão 2001/2003, bem como trabalhosapresentados por candidatos no Pré-Con-gresso Didático realizado em 2003, emRecife, e os trabalhos que participaram doI Concurso Virgínia Bicudo, lançado namesma ocasião.

A elaboração da Segunda Revista daABC é uma iniciativa da diretoria anterior, aquem a atual administração cumprimentapelo empenho no projeto.

Em razão do 44º Congresso da IPA noRio de Janeiro, a ABC decidiu prorrogar para15 de setembro o prazo para o envio de tra-balhos para o II Concurso Virgínia Bicudo,cuja premiação será anunciada no XX Con-gresso Brasileiro de Psicanálise, a ser reali-zado em Brasília de 11 a 14 de novembro.

Serão aceitos trabalhos sobre o temado Pré-Congresso Didático de 2005 – Ava-liação (dos candidatos; dos membros queatuam no Instituto; dos Institutos e das clí-nicas de atendimento), bem como o temado XX Congresso: “Poder, Sofrimento Psí-quico e Contemporaneidade”. As regraspara participação no concurso e envio de

trabalho estão no regulamento disposto nosite da ABC (www.abcnet.org.br).

A diretoria da ABC agradece aos ana-listas didatas Adalberto Goulart, da Socie-dade Psicanalítica do Recife e do NúcleoPsicanalítico de Aracaju, e Maria OlympiaFrança, da Sociedade Brasileira de Psica-nálise de São Paulo, e a Warton Monteiro,candidato da Sociedade de Psicanálise deBrasília, pela presença na Comissão deAvaliação dos trabalhos. A ABC divulgaráainda o nome dos outros dois candidatos aintegrarem a comissão.

Notícias sobre o Pré-Congresso Didáti-co no dia 11 de novembro e o fórum de de-

bates também poderão ser acompanhadosdo site da ABC, no qual você poderá acom-panhar e participar de discussões sobretemas de interesses dos candidatos.

Para facilitar a presença do maior núme-ro possível de candidatos no XVII Pré-Con-gresso Didático e no XX Congresso Brasilei-ro de Psicanálise, em Brasília, a ABC estáorganizando a hospedagem de colegas emresidências de candidatos de Brasília. Quemestiver interessado deverá entrar em conta-to com a Secretária Geral da ABC, MarionDegrazia, pelo e-mail: [email protected].

* Candidata da SPB

ABC distribui revista em CD-Rom

Candidatos

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5Entrevista

Pedro Gomes

Candidato à ABP destaca avanços dapsicanálise, analisa o homem moderno e

aposta na relação com a neurociênciaHá cinco gestões ele participa da Direção da Associação Brasileira de Psicanálise (ABP), onde já

exerceu as funções de Tesoureiro, Secretário e Diretor. Agora, candidato à presidência da instituiçãoem eleição que será realizada no XX Congresso Brasileiro de Psicanálise, de 11 a 14 de novembro, em

Brasília, o dr. Pedro Gomes Lopes Jr. adianta, em entrevista, como vê os avanços e o papelda psicanálise no mundo moderno, diante do homem contemporâneo, a chamada “crise” dos

consultórios. Analisa a vantagem de ter-se pela primeira vez um Presidente brasileiro à frente da IPA eesclarece um pouco de seus projetos, como por exemplo, a relação que deve ser estabelecida com as

neurociências e a questão da regulamentação/regulação da profissão.

ABP Notícias: Como o Sr. analisa apsicanálise nesse início do século XXI?

Pedro Gomes: A psicanálise tem evo-luído muito, desde a época de Freud. Sãocem anos, muitos seguidores. Tem trazidosempre muitas novidades nos referenciaisteóricos, novas técnicas. O último Congres-so Internacional da IPA (Rio de Janeiro, 28a 31 de julho de 2005), por exemplo, mos-trou trabalhos de muito bom nível, que dei-xam uma marca no setor. A psicanáli-se contribuiu bastante para o auto-conhe-cimento e para o conhecimento, porque temse apresentado mais, se pronunciado dian-te dos acontecimentos do mundo, atravésde suas entidades. A psicanálise está

inserida no contexto da sociedade, repre-sentando e dizendo coisas importantes,como os recentes trabalhos da IPA sobreterrorismo.

ABP Notícias: Haveria crise nos con-sultórios?

Pedro Gomes: Se nós compararmos apsicanálise de alguns anos atrás, da décadade 50 pra cá, houve um boomboomboomboomboom nos anos 70.Havia no Rio de Janeiro uma procura muitogrande pela psicanálise, às vezes por inte-resse, outras por curiosidade oubadalação. Havia um interesse muito gran-de na busca do consultório, mesmo nos anosda repressão e autoritarismo. Nesses últimos

dez ou quinze anos, talvez pela crise econô-mica do país, houve uma diminuição por essaprocura. Não que existam menos problemas.Mas hoje temos a medicina, a psiquiatria, queevoluíram muito, principalmente no campoda psicofarmacologia. Então temos um ar-senal terapêutico melhor e há outras coisasenvolvidas. A sociedade também mudou, oser humano mudou, é mais imediatista hoje.A psicanálise é uma terapia de investigaçãoe tratamento, e o homem de hoje requer umacoisa mais imediata, busca milagres, nãoquer se deitar num divã e ficar alguns anosse conhecendo, se buscando, se tratando.

ABP Notícias: Como adaptar o ritmodo auto-conhecimento ao ritmo do ho-mem comtamporâneo?

Pedro Gomes: Hoje temos referenciaisteóricos mais modernos, com uma técnicadiferente, que permitem fazer uma psica-nálise sem seguir no todo os modelos clás-sicos. Hoje é necessário se fazer uma adap-tação dessa psicanálise clássica. Temos umreferencial teórico e técnico para isso. Háalgumas linhas mais modernas que pro-põem uma teoria diferente da psicanáliseclássica.

ABP Notícias: Qual seria o grandedesafio da psicanálise hoje?

Pedro Gomes: O nosso maior desafio,dentro dessa crise, é tentarmos chegar cadavez mais próximos, com a teoria psicanalí-tica, dessa sociedade que mudou, do serhumano que mudou. Hoje as patologias sãodiferentes da época de Freud. Naquela épo-ca havia a histeria, de onde surgiu a psica-

nálise. Hoje, dificilmente se encon-tra histéricos nos consultórios, embora ain-da existam, mas a patologia narcísica é aque predomina. O desafio é pegarmos essenovo referencial e fazermos uma adapta-ção para que a psicanálise continue viva.Precisamos deixar os modelos antigos eutilizarmos modelos mais atuais para che-garmos a esse paciente que nos procura.Ao mesmo tempo, e cada vez mais, bus-carmos ampliar a inserção da psicanálisena sociedade. Além do método terapêutico,a psicanálise como ciência pode ajudar apensar, a pensar o homem, a trazer novasposturas, novos conhecimentos.

ABP Notícias: Que reflexos o fato determos um brasileiro hoje presidindo aIPA traz para o Brasil?

Pedro Gomes: O Congresso da IPA,como já foi amplamente divulgado, levoudoze anos de luta. Desde 1993, que a mi-nha Sociedade, a SBPRJ, vem lutando parareceber esse Congresso no Rio e finalmentenos últimos dois anos conseguimos. O Con-gresso chegou justamente num momentoonde aqui, no Brasil, vivemos a crise nosconsultórios, a dificuldade econômica. Foium Congresso para mostrar que a psica-nálise está mudando. Agora temos um pre-sidente brasileiro, o primeiro, com umamente aberta e vontade de introduzir no-vas idéias, rever a maneira como a IPA tra-balha com seus membros e a formação queoferece. A IPA já vem desenvolvendo esteprocesso de reformulação, mas ainda exis-tem coisas muito antigas que precisam sermudadas. Acho que um presidente brasi-

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6 Entrevistacontinuação

leiro, com o nosso jeito brasileiro, terá apossibilidade de viabilizar mudanças. OCongresso foi muito bonito, ouvi muitoscomentários positivos. Fizemos uma reu-nião na SBPRJ e os colegas estavam sa-tisfeitos. Alguns ligaram para saber comoacessar o sitesitesitesitesite da IPA para conseguircópias de trabalhos apresentados. Isso éum marco muito importante e um momentomuito interessante, em que há essa mudan-ça da psicanálise no Brasil e, em especial,aqui no Rio de Janeiro.

ABP Notícias: O Sr. é candidato à pre-sidência da ABP?

Pedro Gomes: Sim, sou candidato.

ABP Notícias: Será chapa única?Pedro Gomes: Não sei dizer se será

chapa única, na verdade eu fui indicadopor alguns colegas na Assembléia deDelegados da ABP. Atualmente sou Se-cretário da ABP, já venho há várias ges-tões trabalhando com a ABP e achoque, por um reconhecimento do traba-lho que venho desenvolvendo há algunsanos, em quatro gestões (Plínio Monta-nha, Wilson Amendoeira, FernandoSantana e agora do Carlos Gari) e porconhecer bastante a estrutura da ABP,eu me sinto preparado para me can-didatar. Mas não sei dizer, porque asinscrições de chapas estão abertas atéo dia 14 de setembro e a eleição seráno Congresso Brasileiro, dia 14 de no-vembro. Não sei se será chapa única.Qualquer membro da ABP poderá seinscrever. Eu já estou compondo a mi-nha chapa e já tenho colegas convida-dos, com apoio da maioria das Socie-dades.

ABP Notícias: E quem faz parte dasua chapa?

Pedro Gomes: Convidei os colegasClaudio Rossi (SBPSP), para Secretário;Rosa Reis (SPRJ) para Tesoureira; TelmaBarros (SPR), para o Conselho Científico;Leonardo Francischelli (SBPdePA), paraPublicações; Leila Tannus Guimarães(SPMS), para Relações Exteriores e para oConselho Profissional, Jair Escobar (SPPA).O Superintendente deverá ser alguém doRio de Janeiro, mas ainda não está esco-lhido.

ABP Notícias: Se o Sr. for eleito, o quepretende fazer?

Pedro Gomes: O primeiro passo é darcontinuidade ao trabalho. Na ABP, o Con-selho Diretor era feito por um rodízio dasSociedades a cada dois anos. Na gestãodo Leopoldo Nosek, em 1991, houve ne-cessidade de se fazer uma abertura, por-que desta forma já não estava funcionan-

do muito bem. Foi mudado o Estatuto e aDireção da ABP passou a ser eleita nãomais por Sociedades, mas por grupos depessoas, membros das Sociedades. Cri-amos uma sede permanente no Rio deJaneiro, porque antigamente funcionavaem cada Sociedade. A partir dessa mu-dança, a ABP passou a se envolver, re-presentar mais seus associados. Vieramas gestões do Luís Levi, do David Azoubele do Plínio Montagna, a do Wilson Amen-doeira, a do Fernando Santana e a doCarlos Gari. Eu tenho a impressão quehouve um trabalho muito interessante nadifusão da psicanálise. Hoje temos a psi-canálise espalhada pelo nordeste todo.Agora a ABP fará um evento, em setem-bro na capital baiana. Houve um estímu-lo muito grande no centro-oeste, com oGrupo de Estudo que se tornou Socieda-de recentemente, em Mato Grosso do Sul.A ABP passou a ser também uma insti-tuição forte no que diz respeito às rela-

ções com o exterior. Espero dar continui-dade e tenho algumas idéias a desenvol-ver. Estou fazendo meu programa, masjá desenvolvendo um intercâmbio compaíses de língua portuguesa. Neste últi-mo Congresso da IPA tivemos uma reu-nião com o Presidente da Sociedade Por-tuguesa de Psicanálise, Dr. FredericoPereira, e estamos programando umevento para o próximo ano, provavelmen-te em Portugal. Algum evento tambémserá realizado no Brasil e nos países delíngua portuguesa, como Angola e outrosda região.

ABP Notícias: E além desse projeto?Pedro Gomes: Outro dado importante

é que a ABP já vem trabalhando muito naquestão da regulamentação. Temos luta-do juntamente com outras instituições,para mostrar que a psicanálise não é umaprofissão. Isso cria muitas situações deli-cadas. As Sociedades não reconhecidas,por exemplo, têm se apropriado do nome,desenvolvendo uma formação de má qua-lidade. A ABP vem há algum tempo levan-

tando essa bandeira e nessa nova gestão,tentaremos avançar para solucionar esseproblema.

ABP Notícias: A sua gestão seria umacontinuidade?

Pedro Gomes: Uma continuidade, mastentando inovar em algumas coisas. Essedesenvolvimento já se consolidou. Agoraprecisamos reforçar a identidade das nos-sas Sociedades. Lutar pela questão da pro-fissão, saber se nós queremos mesmo nostornar uma profissão, um tema muito dividi-do no nosso meio.

ABP Notícias: Qual a relação entre apsicanálise e as terapias alternativas?

Pedro Gomes: As terapias alternati-vas funcionam de outra maneira. São So-ciedades que se dizem psicanalíticas. Pa-rece que as igrejas evangélicas dão for-mação psicanalítica e já tentaram váriasvezes oficializar o método como profissão.

A ABP está funcionando como bombeirocontra isso. Existe uma coisa muito impor-tante hoje que é a aliança das entidadespsicanalíticas. Na mesma entidade não háunanimidade quanto a fazer da psicanáli-se uma profissão. A psicanálise não temuma relação propriamente com as terapi-as alternativas, há um respeito pelo traba-lho que essas correntes fazem, como abioenergética e todas essas outras, masnão consigo ver uma relação. São terapi-as diferentes, talvez com o mesmo objeti-vo de ajudar as pessoas. Mas são coisasmuito diferentes.

ABP Notícias: E a neurociência?Pedro Gomes: A neurociência tem uma

relação muito grande com a psicanálise.Com ela está sendo provado, cada vezmais, a importância do tratamento atravésda psicanálise, da psicoterapia. E com ostrabalhos publicados, por grandesneurocientistas, mostrando a eficácia do tra-tamento psicanalítico, por exemplo, nasdepressões. Isso já foi comprovado. Há umaprocura maior também porque a neuro-

ciência está descobrindo coisas que ape-nas ficavam ditas pela psicanálise e agoraestão sendo comprovadas.

ABP Notícias: O Sr. utilizou o termo“comprovado”. O que há de pesquisa napsicanálise?

Pedro Gomes: O Dr. Peter Forger,da IPA, por exemplo, é responsável poruma parte de pesquisa na área e eleapresentou uma mesa com trabalhoscomprovados de pesquisa desenvolvi-das por ele. É um começo. A tendênciaé evoluir. Nós tivemos no ano passado,num programa de TV, o Eric Kandel, quefoi prêmio Nobel, falando da interaçãoda psicanálise com a neurociência, dopoder que tem uma interpretação psica-nalítica. Está comprovado, por examesno cérebro, que a psicanálise promovea mesma alteração dos medicamentos.É um estudo que está se iniciando. Hou-ve durante muito tempo uma discussãose a psicanálise seria ciência ou não eagora está sendo comprovado. Há tam-bém um desafio para a psicanálise e aneurociência em descobrir mais sobre ohomem.

ABP Notícias: E o homem do futuro,como será?

Pedro Gomes: Acho que o homem dofuturo já está aí. Se voltarmos 100 anos,tínhamos um homem completamente di-ferente, as demandas da sociedade eramoutras. Hoje o homem não tem tempopara nada, é um homem angustiado,narcísico demais. O homem de hoje podeter melhorado em muitas coisas, mas te-nho a impressão que em algumas outrasele ficou um pouquinho pior, porque ficoumuito voltado para si. A gente percebenas academias de ginástica, todo mundomuito mais preocupado com o corpo, oucom seu emprego, com o dinheiro queganha, muito mais preocupado com o terdo que com o ser. Houve uma mudançamuito grande da patologia. Tenho a im-pressão que o homem caminha para isso,cada vez mais ele se isola, se volta parasi. Porém, nessa era de computador einformática, não sei se poderia ser dife-rente. Hoje as pessoas preferem se co-municar por internet do que por telefone,por exemplo. Eu recebo, ás vezes, pes-soas que me ligam, até colegas, e dei-xam recado na minha secretária eletrôni-ca dizendo “eu mandei um e-mail para“eu mandei um e-mail para“eu mandei um e-mail para“eu mandei um e-mail para“eu mandei um e-mail paravocê”você”você”você”você”, ao invés de dizer o que disse noe-mail. As pessoas estão se distancian-do. Eu tenho pacientes no consultório quesó conseguem arrumar uma namorada sefor via internet. Com seus medos de seaproximar, via internet não tem sim, nãotem não, não tem olho no olho.

“A IPA já vem desenvolvendoeste processo de reformulação,mas ainda existem coisas muito

antigas que precisam sermudadas. ”.

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A

7Notícias

SPRJ comemora 50 anos ecria Centro de Memória

A Sociedade Psicanalítica do Rio de Ja-neiro comemora 50 anos no próximo dia 29de setembro. Celebrar a data, mais do quecomemorar o jubileu de ouro da instituiçãosignifica reviver um período de história dapsicanálise no Brasil. Desde 1955, quandofoi reconhecida pela IPA como Sociedade —a segunda a receber o título no Brasil, apósa Sociedade Brasileira de Psicanálise de São

Paulo — a SPRJ viveumomentos de cresci-mento, crises e amadu-recimentos.

Fazendo um históri-co da Sociedade, suapresidente, Vera MárciaRamos, destacou os se-guintes momentos: par-ticipou da difusão da psi-canálise no Brasil, prin-cipalmente na década de60, quando a terapia degrupo e criação dos cur-sos universitários come-çaram a desmistificar otema; quebrou

paradigmas, como quando foi ao ar, na TV,o programa “No Divã de EduardoMascarenhas”, falando sobre temas tabuspara a sociedade fechada da época; desem-penhou papel relevante durante a ditaduramilitar, quando a psicanálise era vista comopossibilidade de expressão que politicamentenão era permitida.

Além disso, contribuiu através de con-gressos, da produção de trabalhos científi-cos, para a criação das Sociedades Psica-nalíticas de Porto Alegre e Recife, do Gru-

pos de Estudo do Mato Grosso do Sul e doNúcleo de Belo Horizonte. “Eu vejo a histó-ria da Sociedade Psicanalítica como umexemplo das instituições psicanalíticas po-derem viver crises, aprender, erguer-se eamadurecer”, diz Vera Ramos.

Como marco dos 50 anos, a SPRJ dei-xa mais uma grande contribuição para osetor: cria o Centro de Memórias e Refe-rências da Psicanálise. O projeto pretenderesgatar documentos importantes sobre apsicanálise e organiza um acervo nacionalsobre o tema. Segundo Vera Ramos, issosó foi possível com a ajuda da ABP, que játinha uma exposição montada e permitiuque a levassem para a sede da SPRJ, emBotafogo.

A sede também ganhou um novo proje-to, passando por uma restauração. A refor-ma melhorou o jardim, incluiu projeto de ilu-minação, feito por um arquiteto especial-mente para a exposição e coloriu as insta-lações da casa. “ Isso é importante para osmembros. Uma casa modificada, melhora-da, arrumada, onde eles se sintam bem. Damesma forma que os nossos pacientes sesentem com a casa interna remodelada,arrumada, contribuindo para o processo deanálise”, comenta Vera Ramos.

Quando a criação do Centro de Memó-rias e Referências chegou ao conhecimen-to da direção de comunicação da TV Glo-bo, por iniciativa da SPRJ, houve um gran-de interesse em conhecer o projeto. E apartir de algumas conversas, eles decidi-ram incentivá-lo e fizeram um comercialem homenagem aos 50 anos, que foi vei-culado em horário nobre no Rio, por 15dias, em abril e junho. “Isso foi o apoio quea Globo deu por acreditar na psicanálise,porque viram que era um bom projeto, li-gado à cultura e à saúde também.”, contaa presidente.

A comemoração continua com um ci-clo de palestras sobre psicanálise, como“Psicanálise e a Música”, “Psicanálise e oRiso”, entre outros. E termina com um jan-tar comemorativo para os membros nadata oficial do aniversário. Para a SPRJ,esse ano é um ano importante para a psi-canálise brasileira, em especial a carioca,com a comemoração dos 50 anos da enti-dade, o Congresso Internacional da IPA,no Rio, como conseqüência, uma aproxi-mação das Sociedades. “A gente festejaonde a gente chegou, mas temos que es-tar sempre lutando, é uma luta constan-te”, conclui Vera Ramos.

Para gestar um bebê de forma satisfatória,a mulher necessita preparar-se psicologica-mente para esse belo e grandioso mister. Alémdos cuidados médicos indispensáveis, ela pre-cisa também de outros cuidados que contem-plem sua vulnerabilidade e fragilidade emocio-nais peculiares desse período.

Num percurso iniciado com a escuta demães na relação mãe-bebê pelo métodoEsther Bick e passando por um trabalho con-

junto de pesquisa com mães de prematuros,um grupo de psicoterapeutas e psicanalistassupervisionados por Maria José de AndradeSouza, analista didata da Sociedade Psicana-lítica do Recife e do Núcleo Psicanalítico deFortaleza, reuniu elementos suficientes paraconstituir um grupo não apenas de estudos epesquisa, mas também de atendimentopsicoterápico psicanalítico à gestante, esten-dendo esse atendimento à população de bai-xa renda de Fortaleza. O apoio veio do Nú-cleo Psicanalítico e da Escola de PsicoterapiaPsicanalítica de Fortaleza, que ofereceramsuas salas para a triagem inicial e colabora-ram com a divulgação junto à classe médica epopulação.

Planejada ou inesperada, a gravidez en-volve dúvidas, incertezas, mudanças de com-portamento... A temida depressão pós-partomuitas vezes caminha insidiosa já na gravi-

dez. O acompanhamento atento do psicana-lista/psicoterapeuta poderá detectá-la a tem-po, propiciando as providências necessárias.A “preocupação materna primária”, fenômenoestudado por Winnicott, é mais consistente-mente estabelecida quando a gestante contacom o apoio do companheiro e familiares.

O Grupo de Estudo e AtendimentoPsicoterápico à Mulher Gestante (GESTAMGE)foi criado em setembro de 2004 e oferece ses-sões psicoterápicas individuais às gestantes.Reúne-se semanalmente para seminários teó-ricos e supervisão de casos. Os atendimentosiniciais são realizados no Núcleo Psicanalíticode Fortaleza, mas os subseqüentes podem con-tinuar nos consultórios das psicoterapeutas.Numa visão de maior abrangência e por consi-derarem que esse atendimento poderá benefi-ciar inúmeras gestantes e favorecer a constitui-ção do vínculo materno-infantil, propiciando

condições favoráveis para o desenvolvimentoemocional da criança, as integrantes do grupotêm pensado em torná-lo serviço de utilidadepública, beneficiando uma proporção maior dapopulação.

São integrantes do GESTAMGE AnaCristina Torres Leitão (psicóloga e psico-terapeuta), Alessandra Xavier (psicóloga epsicoterapeuta, professora da UECE), CarlotaTávora Fiúza (psicóloga e psicoterapeuta),Cristina Barreira (psicóloga e psicoterapeuta),Denise Teles Rodrigues (psicóloga e psico-terapeuta), Denise Studart Alencar (psicólogae psicoterapeuta), Fernanda Mattoso (psicólo-ga e psicanalista), Maria da Graça VaccariBecker (psicóloga e psicoterapeuta), Teresa Mô-nica Barreto Bastos (psicóloga e psicanalistaem formação pelo NPF), Siu Lan Ko Nascimento(psicóloga e psicoterapeuta) e Maria José deAndrade Souza, psicanalista.

Psicanalistas e terapeutas criam grupo paraestudo e atendimento de gestantes em Fortaleza

Maria Belfiori, Rosa Reis, Vera Marcia Ramos, Cynthia Ladvocat e MiriamChuster durante a comemoração dos 50 anos da SPRJ

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8 Artigo

Algumas Reflexões sobre Vínculos eConfigurações Vinculares

David Zimerman*

Bion definiu vínculo como sendo umaumaumaumaumaestrutura restrutura restrutura restrutura restrutura relacional-emocional, entrelacional-emocional, entrelacional-emocional, entrelacional-emocional, entrelacional-emocional, entreeeeeduas ou mais pessoas, ou entrduas ou mais pessoas, ou entrduas ou mais pessoas, ou entrduas ou mais pessoas, ou entrduas ou mais pessoas, ou entre duase duase duase duase duasou mais parou mais parou mais parou mais parou mais partes separadas de umates separadas de umates separadas de umates separadas de umates separadas de umamesma pessoamesma pessoamesma pessoamesma pessoamesma pessoa. Os vínculos se organizamnuma estrutura, ou seja, os diversos ele-mentos formam um sistema, no qual cadaum deles influencia e é influenciado pelosdemais. Sempre existe uma relação, umainteração entre todos elementos. A presen-ça de emoções é imprescindível, caso con-trário não cabe a conceituação de vínculo.

Toda emoção sempre tem uma duplaface, isto é, comporta uma anti-emoção.Deste modo, no lugar do clássico conflitoentre o amor versus o ódio, Bion propôs umaênfase no conflito entre as emoções e asantiemoções presentes em um mesmo vín-culo. Assim, ele postulou que “menos amor”(- L) não é o mesmo que sentir ódio e que,tampouco, o “menos ódio” (- H) significasentir amor.

O tipo de emoção predominante no vín-culo é que vai articular, definir e caracteri-zar a forma da vincularidade. Os vínculossão imanentes, isto é, sempre existem e sãoinseparáveis do sujeito. Eles também sãopolissêmicos, o que quer dizer que, cadaum deles, comporta vários significados.

A estrutura dos vínculos é de naturezareticular, portanto, numa forma de “rede” emque todos elementos estão entremeados ,

e não a de uma “roda”, na qual diversaspartes convergem numa central única.

A noção de vínculo está intimamente li-gada ao modelo “continente-conteúdocontinente-conteúdocontinente-conteúdocontinente-conteúdocontinente-conteúdo”,de Bion. A relevância maior da contribuiçãode Bion acerca de vínculos, é a sua con-cepção de que esses não se limitam às, ex-teriores, relações interpessoais, mas tam-bém aludem às, interiores, relações intra-pessoais, isto é, entre as diferentes partesdo psiquismo. Igualmente, Bion enfatizou aimportante contribuição para a prática clíni-ca do fenômeno psíquico que ele denomi-nou como “ataque aos vínculos”, em que opaciente pode não querer tomar conheci-mento de determinado sentimento e, assim,forças inconscientes o impelem a rechaçara interpretação do analista. Na situaçãoanalítica, uma outra forma de atacar os vín-culos unificadores, consiste em confundir oanalista, ou provocar sentimentos contra-transferenciais muito perturbadores.

Bion descreveu três tipos de vínculos: ode Amor; o de Ódio e o de Conhecimen-to, sendo que ele se deteve mais particu-larmente no vínculo “-K”, ou seja, aqueleque alude a um ataque ao conhecimentode verdades penosas. Particularmente, pelasua permanente presença na vida de qual-quer pessoa, venho propondo a inclusão deum quarto vínculo, o de Reconhecimento.Sempre, os referidos 4 vínculos estão empermanente interação, formando distintasconfigurações vinculares,.

Vínculo do Amor

Também o vínculo do amor se manifestacom uma possível oposição (- L) à emoçãodo amor (L), fato que pode ser ilustrado coma situação de “puritanismo”, ou a de“samaritanismo”, ou seja, em nome do amoro sujeito opõe-se à obtenção da emoção deprazer, porque os referidos sentimentos amo-rosos extremados, quase sempre se devema formações reativas contra um ódiosubjacente. Um exemplo de “menos amor,sem ódio”, que me ocorre, seria o caso deuma mãe que pode amar intensamente seufilho, porém ela o faz de uma forma“simbiótica”, possessiva e sufocante, demodo que, embora sem ódio, o seu amorsamaritânico, cheio de sacrifícios pessoais,é de resultados negativos para a criança.

O que realmente importa, é a maneirade como as diferentes formas de o nossopaciente amar e de ser amado, se configu-ram dentro dele (em relação a seus objetose relações objetais, que estão inter-nalizadas) e fora dele (com todas as pes-soas com quem convive mais intimamen-te), sempre levando em conta que os vín-culos interpessoais, em grande parte, re-produzem os intrapessoais.

Assim, de pouco adianta um pacientesimplesmente nos dizer que “ama” a umaoutra pessoa; antes, é necessário discrimi-nar e compreender qual é o tipo de suamaneira de amar e de ser amado, visto quetanto pode ser um amor sadio, como pato-lógico, em distintas configurações: de for-ma sadia; paixão cega, burra e violenta;simbiótica; controle obsessivo tirânico; nar-cisista; paranóide; histérica; perversa, etc.,etc.

Vínculo do Ódio

O mesmo que foi dito em relação aoamor, também vale para o vínculo baseadono sentimento de agressividade, o qual oraadquire um caráter destrutivo, como tambémpode estar a serviço da vida construtiva.

O vínculo “-H” (“menos ódio”) pode serilustrado com o estado emocional e condu-ta de hipocrisia ou de cinismo, pela qual oindivíduo está tendo uma atitude manifes-tamente amorosa por alguém, a um mes-mo tempo que existe um ódio latente. Vistopor um ângulo psicanalítico, creio que tam-bém pode servir como exemplo a situaçãopela qual o sujeito está sendo manifesta-mente agressivo com os outros, inclusive,com uma emoção de ódio por não estarsentindo-se entendido e respeitado, porém,no fundo, é uma agressividade que simul-taneamente com o ódio, está mais a servi-ço da pulsão de vida do que propriamenteà pulsão de morte.

Algo equivalente a isso, não raramente,acontece na prática analítica, nos casosem que o paciente esteja sendo “interpre-tado” pelo analista como sendo rebelde,invejoso e adjetivos afins, quando é possí-vel que ele esteja bravamente lutando peloseu direito de ser escutado, entendido, re-conhecido e, sobretudo, de não ser rotula-do de forma injusta.

Assim, deve ser destacado que esseódio pode resultar de antigas frustrações,decepções, desilusões, sentimentos deabandono e desesperança que realmenteforam, injustamente, cometidos contra opaciente, experiências penosas essas, queele terá uma compulsão a repetir com o seuanalista, na esperança de que elas tenhamum desfecho diferente daquelas que acon-teceram no passado.

Vínculo do Conhecimento

O conceito psicanalítico de “Conheci-mento” (K, de Bion), alude ao vínculo queune os pensamentos e as emoções, e quetem a função vinculadora de dar sentido esignificado às experiências emocionais. Afunção do conhecimento fica complicadadesde os primórdios da vida porque a cri-ança vive num estado mental em que elaestá inundada de paradoxos, e de fantasi-as que distorcem as percepções e os signi-ficados. Na medida em que não quer co-nhecer aquilo que lhe angustia, o sujeito vaicriando e desenvolvendo estruturas falsase mentirosas, diante da alternativa que es-colheu de evadir, no lugar de enfrentar. Afunção K não se refere à posse de um co-nhecimento ou saber, mas, sim, a umenfrentamento do não saber. A verdade ésempre relativa: o poeta Campoamor con-firma essa relatividade quando ele verseja:nem tudo é vernem tudo é vernem tudo é vernem tudo é vernem tudo é verdade; nem tudo é menti-dade; nem tudo é menti-dade; nem tudo é menti-dade; nem tudo é menti-dade; nem tudo é menti-ra; tudo depende; do cristal com que sera; tudo depende; do cristal com que sera; tudo depende; do cristal com que sera; tudo depende; do cristal com que sera; tudo depende; do cristal com que semira.mira.mira.mira.mira. .É necessário que se faça uma distin-ção entre “querer conhecer a verdade” e “teruma posse absoluta da verdade”, o que fazlembrar uma frase de Nietzche – “os ini-“os ini-“os ini-“os ini-“os ini-migos da vermigos da vermigos da vermigos da vermigos da verdade não são as menti-dade não são as menti-dade não são as menti-dade não são as menti-dade não são as menti-ras, mas as convicções”ras, mas as convicções”ras, mas as convicções”ras, mas as convicções”ras, mas as convicções”.

O uso da verdade é considerado porBion como sendo o “alimento da mente” demodo que aquele que, mercê de maciçasnegações, nega a sua história, está conde-nado a repetí-la eternamente. Da mesmaforma, o vínculo do conhecimento costumaficar deturpado naquelas pessoas que vi-vem mais ancoradas no princípio do prazerdo que no princípio da realidade. No lugarde fazer essa aproximação com a verdadedos fatos tais como eles realmente são, enão como gostariam que ela fosse, essaspessoas preferem o auto-engano, a detur-

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9Artigopação, mentira, falsificação das verdadese criação de um clima de confusão entre oque é verdade e aquilo que não é. Nessascondições, o ataque ás verdades vemacompanhado de uma radicalização dasposições de cada um, o que os torna sur-dos e cegos à argumentação que vem deoutra parte (as recentes CPI da política na-cional são uma prova evidente disto). Todaverdade tem uma forma paradoxal pois elarequer os contraditórios, os opostos e asdistintas significações de cada fato. Todosque usam exageradamente a defesa denegar a realidade( –K) em um grau exage-rado são portadores de uma “parte psicóticada personalidade”, com as característicasque Bion descreveu.

Na prática analítica, é relevante que oanalista não empreste um carátermoralístico diante de eventuais mentiras dopaciente; pelo contrário, elas podem seconstituir como uma excelente porta deentrada para conhecermos angústias maisprofundas que se evadem pelas mentiras eque têm a sua razão de ser e de aparecerno campo analítico, até porquê “toda men-tira tem um pedaço de verdade”. O maisimportante não é tanto o fato de que essepaciente minta para o analista; mas, sim,que ele deve se dar conta que mente parasi próprio. Em relação à atividade

interpretativa, é indispensável que o ana-lista respeite o ritmo natural de como o pa-ciente pode evoluir na sua análise, as con-dições de como ele está equipado paraenfrentar a tomada de conhecimento decertas verdades, e coisas equivalentes.Cabe enfatizar que, indo muito além da exa-tidão da interpretação, o mais relevante équal o destino que ela toma na mente doanalista, pelo fato de que aqueles pacien-tes que utilizam excessivamente o recurso-K, embora eles concordem manifestamentecom o terapeuta, é possível que, no fundo,neguem toda importância do que foi ditoe...nada muda, tudo continua como dantes.O conhecimento conduz à verdade que, porsua vez, conduz à liberdade, o maior bemque qualquer sujeito pode possuir!

Vínculo do Reconhecimento

Emprego o termo “reconhecer” com qua-tro conceituações psicanalíticas: 1) a de re-conhecimento (de si próprio, de fatos e sen-timentos que no passado, de alguma for-ma, já foram conhecidos pelo paciente); 2)reconhecimento do outro (como alguém queé diferente dele e tem direito a uma autono-mia, independente dele, paciente); 3) serreconhecido ao outro (como expressão de

gratidão); 4) ser reconhecido pelo outro.Aqui, vou me ater a esse último, enume-rando as seguintes características:

Parto da obviedade de que todo serhumano, em qualquer idade, circunstância,cultura, época ou geografia, desde que nas-ce até o dia de sua morte, tem uma neces-sidade vital de obter a comprovação de queele é reconhecido pelas outras pessoas,como sendo alguém que é valorizado, acei-to, respeitado, amado e desejado. Conse-qüências danosas na busca aflitiva de re-conhecimento podem ser exemplificadascom a construção de um falso selffalso selffalso selffalso selffalso self, ou ada queda da auto-estima.

São inúmeras as repercussões na prá-tica analítica de vínculo que alude à ne-cessidade de o paciente ser reconhecidopelo analista, e vice-versa. Por exemplo, aconhecida “angústia de separação”, muitasvezes, é significada pelo paciente comosendo um abandono, um descaso, um nãoreconhecimento do analista por ele, ouquando o terapeuta mal olha para o paci-ente, ou o olha mas não vê... Algumas ma-nifestações de perversão da atividade se-xual, como um compulsivo e excessivo “donjuanismo”, ou “ninfomania”, podem ser en-tendidas como uma ânsia incontida de es-ses pacientes comprovarem que conse-guem conquistar, serem desejados e reco-

nhecidos. O vínculo do reconhecimento éparticularmente importante no que diz res-peito à inserção social do sujeito nos maisdiversos lugares, como, por exemplo, a fa-mília, a escola, o clube, as instituições, etc.,com uma necessidade vital de sentir-se re-conhecido pelos demais.

Em relação à evolução da terapia analí-tica, creio ser de fundamental importânciaque o analista mantenha uma atenção es-pecial quanto à necessidade de fazer o re-conhecimento de prováveis progressos ver-dadeiros do paciente, por mínimos que es-ses possam parecer, porém que, do pontode vista do paciente, podem parecer enor-mes, e, convenhamos, é horrível quandoalguém despende esforços enormes paraque uma tarefa saia bem e não é reconhe-cido quando, em algum grau de realidade,isso está sendo conseguido.

Todos concordamos na atualidade queanalista e paciente interagem e se influen-ciam reciprocamente e de forma permanen-te, constituindo vínculos os mais diversos,numa atmosfera de trabalho que é chama-da de “psicanálise vincular”, que é o atualparadigma vigente na terapia psicanalítica,onde tudo deve ser visto dessa, singular,única e mútua relação interativa.

* Membro Efetivo e Analista Didata da SPPA

Notícias & Programação

- Simpósio “Psicanálise em transforma-ção: adolescência” . Em outubro.

- A diretoria do NPBH, formada pelos co-legas Gisele de Mattos Brito (presiden-te), Marília Macedo Botinha (secretária),Rosália Lage Martins Bicalho e RossanaNicollielo Pinho (tesoureiras), RosáliaLage Martins Bicalho (comissão científi-ca), Marília Macedo Botinha (diretora doDAP) e Paula Linhares de Andrade (co-ordenação do Séries) informa que a se-gunda turma de Formação Analítica estáconcluindo os seminários e que a presi-dente Gisele de Mattos Brito foi qualifi-cada como “Analista Didata” pela SPRJ.

- O conceito de trauma na obra deJacques Lacan foi o tema de um dosencontros preparatórios para o Congres-

so Internacional de Psicanálise ( IPA)ocorrido em julho, no Rio de Janeiro, ten-do como apresentadora a professoraAdela Stoppel de Gueller.

- Também foi apresentado pelo Dr. CecilRezze o trabalho “Um caso particular deTrauma de Guerra”.

- O evento Cinema e Psicanálise, sob acoordenação de Eliane de Andrade,exibiu em junho, o filme “Diários de Mo-tocicleta”, comentado por Mário LúcioAlves Baptista e pelo prof. Edson Lima.

- “Trauma, Retraimento Autístico, Trans-torno de Estresse Pós-Traumático ePsicose” foi o tema do pôster apresen-tado por Sabastião Salim no Congres-so Internacional. O autor também par-

ticipou da I Conferência Internacionalsobre Ofensas Sexuais, em agosto.

- Também em agosto foi iniciado o Grupode Estudos sobre a Obra de MelanieKlein, que tem a coordenação de MárioLúcio Baptista.

- Parabenizamos a colega Eliane deAndrade pela publicação de seu tra-balho “Um Estudo sobre o Conceitode Crise a partir da Metapsicologiade Freud” na coletânea “Psicologiae Ciência”, da PUC-Minas.

A nova diretoria da Sociedade Psicana-lítica do Recife tomou posse no dia 01 dejunho de 2005 para o biênio 2005/2006. Anova direção, consciente da responsabilida-de conferida por 95% dos votos de seusmembros, promete realizar um trabalhoconstrutivo e fértil, correspondendo à espe-rança dos colegas e contribuindo para oconstante desenvolvimento da instituição eda causa psicanalítica, a sua difusão, trans-

missão e clínica. Os diretores eleitos têmcomo meta especial o estreitamento doslaços com a SPR e a cooperação em ativi-dades científicas ou administrativas.

Foram eleitos os colegas Alirio DantasJr. (presidente), Austregésilo Castro (secre-tário), Dinora B. Rodrigues Maricevich (te-soureira), Antonio Carlos S. de Escobar (di-retor científico) e Maria Eunice CamposMarinho (diretora do instituto). A Comissão

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10 Notícias & Programação

Núcleo Psicanalítico de Fortaleza

Maria Olympia de A. F. França, da Dire-toria Científica da Sociedade Brasileira dePsicanálise de São Paulo, nos informa aprogramação desenvolvida no primeiro se-mestre:

Abertura dos Trabalhos Científicos:Conferência de Santiago Kovadloff: A In-A In-A In-A In-A In-fluência da Psicanálise na Cultura do Sé-fluência da Psicanálise na Cultura do Sé-fluência da Psicanálise na Cultura do Sé-fluência da Psicanálise na Cultura do Sé-fluência da Psicanálise na Cultura do Sé-culo XXculo XXculo XXculo XXculo XX. Após a conferência, os gruposde estudo naturais da SBPSP apresenta-ram questões previamente refletidas na jor-nada de trabalho.

Programação Central: atividades pre-paratórias ao tema do 44º Congresso In-ternacional de Psicanálise: “Trauma: NovosDesenvolvimentos em Psicanálise”:

1. Ciclo de aulas às 4ª feiras, sobre oconceito de Trauma nas diferentes corren-tes psicanalíticas;

2. Reapresentação dessas aulas em Jor-nada de dia inteiro com a participação demembros e candidatos de São Paulo e in-terior e também de profissionais interessa-dos. A freqüência às aulas foi por volta de100 colegas, sendo que na de sábado oauditório teve a lotação esgotada;

3. Apresentação de dez trabalhos indi-viduais de membros e candidatos que fo-ram levados ao Congresso;

4. Organização, com o apoio da IPA,FEPAL e ABP, de uma Jornada, na qual ogrupo societário trocou idéias com os cole-gas convidados: Liana Albernaz de M. Bas-tos (SBPRJ), Mario Gomberoff (Associa-ção Psicanalítica Chilena) e Sonia Abadi(Associação Psicanalítica Argentina).

Programações concomitantes:1. Jornada sobre Adolescência no Sé-Adolescência no Sé-Adolescência no Sé-Adolescência no Sé-Adolescência no Sé-

Núcleo Psicanalítico de Florianópolis

Sob a presidência de Márcio J. Dal-Bó,o NPF mantém suas atividades com doisseminários mensais: um sobre teoria psi-canalítica e outro sobre psicanálise de ado-lescentes. Alunos de diferentes cidades deSanta Catarina, especialmente deFlorianópolis, Tubarão e Criciúma, partici-pam dos seminários que sempre terminamcom supervisão clínica coletiva. Sempre nosegundo sábado de cada mês, no PartenonHotel, em Florianópolis, os seminários sãocoordenados por psicanalistas daSBPdePA. No mês de maio, o professor foio dr. Adonay Genovese; em junho os semi-nários foram coordenados pela dra. MayraLorenzone. Em julho não houve seminári-os em função do Congresso da IPA no Riode Janeiro. De agosto a novembro haveráseminários ministrados pelos drs.Lores Meller, José Petrucci, Gildo Katz eJosé Facundo P. de Oliveira.

Em parceria com os cursos de medicinae psicologia da UNISUL, o NPF participou

da Jornada Científica, em 17 de junho, emTubarão, Santa Catarina Com o tema “Trans-tornos Alimentares e Obesidade”, forampalestrantes os drs. Gley Costa (Psicanalis-ta), Ricardo Silveira (Psiquiatra), AmeliBaltazar (Endocrinologista) e Celso Empinotti(Cirurgião-Cirurgia Bariátrica). O público de250 inscritos, entre profissionais e alunos doscursos de medicina e psicologia demonstrouinteresse crescente em conhecer a psicaná-lise. No próximo ano, serão abertasnovas turmas para divulgação de psicanáli-se em Tubarão e Florianópolis.

Também em parceria com o curso demedicina da UNISUL (Tubarão), com a Fun-dação Universitária Mário Martins (PortoAlegre) e com SBPdePA, o NPF participaráda organização de um ambulatório especi-alizado em Trantornos Alimentares e Do-enças Afetivas, na cidade de Tubarão. Aorganização do ambulatório acontecerá nosegundo semestre de 2005 e acreditamosque já estará funcionando no início de 2006.

Márcio J. Dal-Bó (presidente do NPF) e Gley Costa (SBPdePA) na Jornada deDistúrbios Alimentares

O Primeiro Fórum de Debates do NPF,realizado em 24 de junho, teve como tema “Trauma Psíquico”. Os trabalhos apresenta-dos foram: ”A mãe má e o retorno ao casoHarry Guntrip”, por Paulo Marchon; “O egobusca seu trauma - algumas notas”, porCarlos Doin; “Mudança psíquica e cresci-mento emocional”, por Rosane Muller, tam-bém apresentado no último CongressoInternacional. O Fórum obteve grande suces-so como metodologia de trabalho e já estásendo organizado um segundo, tendo comotema provável Neurociência e Psicanálise.

Começou em março, com aulas

semanais, o curso “Psicopatologias - o pon-to de vista da Psicanálise”, coordenadopelas colegas Ina Gonzaga e ReginaAlcântara. Com os temas Neuroses, Pato-logias Psicossomáticas, Perversões e Psi-coses, o curso termina em novembro.

Três grupos de estudo em andamento:Gestante (coordenado por Maria José), SóFreud (coordenado por Regina Alcântara)e Id (coordenado por Rosane Muller).

O dr. Valton de Miranda Leitão, entre-vistado na última edição do ABP Notícias,lançou o livro “Ana Bárbara, caminhos deum destino”.

Paulo Marchon, Sonia Lobo, Natália Araujo, Galba Lobo, Ina Gonzaga, Valton Leitão, AlmerindaAlbuquerque, Maria José de Andrade Sousa, Tereza Monica Bastos, Socorro Nascimento, SidcleitonJucá, Rosane Müller, Regina Alcântara e Regilânio Lucena.

Núcleo de Psicanálise de Goiânia

No dia 18 de junho, o NPG recebeu aúltima aula da psicanalista didata da

SBPRP, Suad Haddad de Andrade, sobre aobra de Melanie Klein. Diante da insistên-

de Ensino está composta por EldioneAmorim de Moraes, Ivanise Ribeiro EulálioCabral, Maria Arleide da Silva e Maria Joséde Andrade Souza. O Conselho Consultivotem como seus representantes os colegasHumberto Vicente de Araújo, Lenice de Oli-veira Sales e Vera Lúcia Fernandes MaiaBarbosa.

Como delegados da ABP foram desig-nados Alírio Torres Dantas Júnior e MariaEunice Campos Marinho; para o cargo dedelegado da FEPAL, além de Alírio, foi es-colhida Lúcia Maria Cerqueira AntunesBorges Rodrigues.

Para editora da revista da SPR (Psica-

nálise em Revista) foi convidada Ana Clau-dia Zuanella.

As atividades científicas foram retoma-das em agosto, após o Congresso Interna-cional, do qual participou um grande con-tingente de analistas da SPR.

O programa de formação da quarta tur-ma foi concluído no mês de julho e continu-am em andamento os seminários do quintogrupo do Instituto.

Prosseguem os preparativos para a XIJornada Psicanalítica que acontecerá nosegundo semestre de 2005.

Parabéns e sucesso à nova diretoria!

cia dos participantes para que continuasseo trabalho também no segundo semestre,há a expectativa de que Suad levará seuconhecimento e experiência para o Núcleoem encontros mais espaçados a seremcombinados posteriormente.

Os membros do NPG participaram naorganização da V Jornada, realizada em26 e 27 de agosto, em parceria com alguns

membros da diretoria da ABP. O tema “Po-der, Violência e Contemporaneidade” foiapresentado na palestra de abertura e deencerramento por membros da ABP. Seudesdobramento para debate aconteceu emcinco mesas redondas com a participaçãodos membros da ABP, membros da SPB,do NPG e convidados especiais da cidadede Goiânia.

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11Notícias & Programação

A SPB está se preparando para o XXCongresso Brasileiro de Psicanálise queacontecerá em Brasília, de 11 a 14 de no-vembro. Todas as atividades da DiretoriaCientífica estão voltadas para esse impor-tante evento que, pela primeira vez, serárealizado na nossa cidade.

Com a presença de Luiz CarlosMenezes (SBPSP), as atividades internasenfocaram o tema do Congresso. Os de-mais grupos de estudos foram:Contemporaneidade, Sofrimento Psíquico,Trauma e Criatividade.

As atividades da Comissão de Pós-Gra-duação, em parceria com o UniCeub, tive-ram uma Jornada com a participação deRenato Mezan, Luciano Lírio, (SPB) e daprofª. Sandra Bacará, da UniCeub.

Prossegue o Curso de Pós-Graduaçãoem Teoria Psicanalítica .

A Comissão de Comunidade e Culturaapresentou e comentou dois filmes: MarMarMarMarMarAdentrAdentrAdentrAdentrAdentrooooo e e e e e Casa de ArCasa de ArCasa de ArCasa de ArCasa de Areiaeiaeiaeiaeia, no evento “Ci-nema e Psicanálise”.

Está no seu sétimo ano o convênio en-tre a residência em psiquiatria, do Hospitalde Base, e o CENAPP - Centro de Atendi-mento e Pesquisa em Psicanálise da SPB.O curso é destinado aos residentes em psi-quiatria. Trata-se de um estudo de TeoriaPsicanalítica e de casos clínicos publicados.

No segundo semestre, até a data doCongresso, as atividades realizadas conti-nuarão dando enfoque ao tema do Congres-so Brasileiro e contaremos com a presençade três convidados de outras Sociedades.

Fotografias Clovis França

ções na clínica em diferentes culturas emeios sócio-econômicos.

Estiveram presentes Sverre Varvin (No-ruega), em “Trauma, humilhação, vergonha,perda e dor: uma perspectiva histórica”;Werner Bohleber (Alemanha), em “Trauma

A VII Jornada do NPM “Violência e Po-der: Ressonâncias na Sociedade Contem-porânea”, realizada em junho, alcançou ple-namente os seus objetivos, principalmentena difusão e divulgação da psicanálise emAlagoas. Com a presença da diretoria da

ABP, que realizou em Maceió a reunião deseu Conselho Diretor, a Jornada teve con-tribuições importantes.

O presidente Carlos Gari Faria realizoua conferência de abertura. Pedro Gomesparticipou da mesa “O Efêmero e o Banal

culo XXI – Desafios e suas Peculiarida-culo XXI – Desafios e suas Peculiarida-culo XXI – Desafios e suas Peculiarida-culo XXI – Desafios e suas Peculiarida-culo XXI – Desafios e suas Peculiarida-desdesdesdesdes voltada para o grande público. Foramconvidados os drs. Marcelo Viñar (AsociaciónPsicoanalítica del Uruguay) e dr. StefanoBolognini (Società Psicoanalitica Italiana).

2. Palestras e seminários clínicos como dr. Phillipe Jeammet (SociétéPsychanalytique de Paris) e a profª.

Catherine Chabert (AssociationPsychanalytique de France).

A SBPSP realizou nos dias 05 e 06 deagosto o ciclo de conferências “Pensandoo Trauma e a Violência Política”, com a pre-sença dos membros do comitê da IPA“Study on T“Study on T“Study on T“Study on T“Study on Terrerrerrerrerror and Political Vor and Political Vor and Political Vor and Political Vor and Political Violence”iolence”iolence”iolence”iolence”,quando foram abordadas as transforma-

extremado, colapso da civilização e as con-seqüências duradouras para indivíduos esociedades”; Geneviève Welsh (França),em”Experiência com pacientes do Camboja”;Abgail Golomb (Israel), em”Crianças e Trau-ma”; e Leopold Nosek (Brasil).

como Defesa na Vida Psíquica; CláudioRossi falou sobre “Violência e o Impacto naConstrução da Mente”; Adalberto Goulartabordou “A Função Materna e a FunçãoPaterna em nossos dias”; Regina Mota eEliana Helsinger supervisionaram um casoclínico.

Participaram ainda, Fernando Santanacom “Ressonâncias do Virtual e da Mídiana Construção dos Vínculos”; Inês Mendon-ça; Conceição Aciole; Rosinete Mendonça;Vera Tenório (psicopedagoga); e AlmirGuilhermino (publicitário). O evento tevetambém uma sessão de Temas Livres, ondeoutros colegas puderam apresentar seustrabalhos. Durante a Jornada foi criado o“Espaço Dr. Robson Cabral de Mendonça”,com o intuito de uma maior interação doNPM com a sociedade alagoana na difu-são da psicanálise, homenageando seu fun-dador.

- O curso de psicoterapia prossegue comseminários sobre Técnica.

- O CAP (Centro de Atendimento emPsicoterapia) está à disposição da socie-dade carente alagoana.

- As entrevistas para seleção da primeiraturma de Formação Psicanalítica foramrealizadas pelos drs. Adalberto Goularte Telma Barros.

- Nos primeiros sábados de cada mês, oNPM desenvolve o curso “Teoria dosCampos”, ministrado por FernandoSantana Barros.

- Em agosto o dr. Ícaro Pacheco Alves deOliveira (SBPRJ) iniciará um curso so-bre as obras de Bion, que ocorrerá noterceiro sábado de cada mês.

- Os próximos filmes a serem exibidos edebatidos nos eventos Psicanálise eCinema serão “As Horas”, “O Náufrago”e “O Último Verão de 42”.

Crisales Resende, Inês Mendonça, Carlos Gari, Vera Barbosa e Rosinete Melo.

A primeira turma de Formação Psicanalí-tica do NPA iniciou os seminários teóricos emabril, com doze candidatos. Coordenaramseminários até aqui os colegas: Alírio DantasJr. (SPR), Fernando Santana (SPR/NPA),Carlos Vieira (SPB/NPA), Cristina Gondim(SBPSP/NPA), Antonio Escobar (SPR), InêsMendonça (SPR/NPM), Mario Smulever(APA/SPR) e Eduardo Afonso Jr. (SPR/NPN).

A segunda turma do Curso de Psico-terapia Psicanalítica já concluiu os seminári-os teóricos e prossegue com supervisões eseminários clínicos. O curso sobre os “Semi-nários Clínicos de Bion”, coordenado porCarlos Vieira, com encontros mensais, foiretomado em agosto, após o recesso de ju-lho. O NPA também iniciou em agosto a se-gunda turma do Curso “Introdução ao Pen-samento Psicanalítico”, coordenado pelaCandidata Vanda Pimenta, voltado para

iniciantes no estudo da teoria psicanalítica,com encontros quinzenais.

No mês de junho, na Sociedade Médica deSergipe, foi realizada mais uma Interface, des-ta vez com o tema “Psicanálise & Neuro-ciências”. Coordenado por Stela Santana (SPR/NPA), participaram como expositores os drs.Fábio Leopoldino (neurologista e neurofisio-logista) e Adalberto Goulart (SPR/NPA).

A VI Jornada de Psicanálise de Aracajue o V Encontro de Psicanálise da Criançae do Adolescente já estão com inscriçõesabertas na sede do NPA. O evento ocorreráde 06 a 08 de outubro, no Delmar PraiaHotel, com o tema “Sofrimento Psíquico eContemporaneidade”. O presidente da ABP,dr. Carlos Gari Faria, abrirá o evento na quin-ta-feira à noite, com uma conferência, segui-da de um coquetel de confraternização. Nasexta-feira e sábado, como nos anos anterio-

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12 Notícias & Programação

A Comissão Cientifica do NPMR está rea-lizando reuniões itinerantes nas cidades da re-gião de Marília. A segunda Reunião Científicaocorrerá em agosto, na cidade de Ourinhos.

Nesses encontros, um membro do Nú-cleo apresenta um trabalho de sua autoria,que é comentado por um outro membro es-colhido pelo autor. Em seguida há uma reu-nião onde cada comissão apresenta seudesempenho e trabalho durante o trimestre.

Adalberto Goulart, Stela Santana e Fábio Leopoldino na Interface Psicanálise & Neurociências

res, os trabalhos prosseguirão com mesas-redondas, conferências, temas-livres e umcurso ministrado pelo dr. David E. Zimerman(SPPA), composto de duas partes teóricas euma parte clínica.

Estarão ainda presentes como expo-sitores os colegas Antonio Sapienza(SBPSP), Carlos Vieira (SPB), AlírioDantas Jr. (SPR), Antonio Carlos Escobar(SPR), Fernando Santana (SPR), InêsMendonça (SPR/NPM), Adalberto Goulart(SPR/NPA) e Stela Santana (SPR/NPA).

O NPA, ciente de sua responsabilidade

social, mantém a CPSI – ClínicaPsicossocial, sob a coordenação dacandidata Petruska Passos, que está emfranca expansão, firmando convênios comUniversidades e ONGs.

A Biblioteca dr. Robson Cabral de Men-donça, recém-inaugurada, contando com agenerosidade de colegas e instituições, estárecebendo doações de livros, revistas eperiódicos. Maiores informações através dotelefax: (79) 3246-5729, do email:[email protected] ou da homepage do NPA: www.npsaju.org.br

Núcleo de Psicanálise de Marília e Região

Está em andamento também o cursosobre TÉCNICA PSICANALÍTICA que fazparte da programação de Educação Conti-nuada. Este curso é oferecido às pessoasque já passaram pelos cursos de Especia-lização e tem interesse em continuar seusestudos. O curso atual terá um total de oitoencontros mensais e será coordenado pe-los membros da Sociedade Brasileira dePsicanálise de São Paulo: em abril e maio

Alunos e Professores da I Turma do Curso de Especizalização emPsicoterapia Psicanalítica Pós-graduação Lato Sensu do Núcleo dePsicanálise de Marília e Região em Convênio com a Univem

Conferência Nacional de Psicanálise Recife/PE

Inês Mendonça (NPM), Eduardo Afonso (NPN), Carlos Gari Faria (SPPA/ABP), Telma Barros (SPR),Antonio Escobar (SPR), Stephano Bolognini (Sociedade Psicanalítica Italiana), tradutor, Maria JoséAndrade (NPF) e Adalberto Goulart (NPA/ABP).

pela sra. Liana Pinto Chaves, em junho, ju-lho e agosto pelo sr. Haroldo Pedreira e emsetembro, outubro e novembro pela sra.Nilde Jacob Parada Franch. As aulas acon-tecem no quarto sábado de cada mês, pelamanhã são ministradas aulas teóricas e naparte da tarde um seminário clínico.

O Curso de Especialização emPsicoterapia Psicanalítica (CEPP) do Nú-cleo de Psicanálise de Marília e Região, emparceria com a UNIVEM, iniciou mais umaturma em março deste ano. Atualmente, háuma turma terminando o curso (dezembro

de 2005), com 14 alunos (foto) e a turmaque está iniciando, com 18 alunos. Nas duasturmas há profissionais de Marília e Região,sendo em sua maioria, psicólogos. O CEPPjá formou duas turmas antes dessas, umaturma em 2000 e outra em 2001, entretan-to, nesse período, ainda não havia o con-vênio com a UNIVEM. Para essas turmasjá formadas tem sido oferecido a EducaçãoContinuada. Os Cursos de Pós-graduaçãolatu sensolatu sensolatu sensolatu sensolatu senso têm contribuído para um sensí-vel crescimento na qualidade da prática clí-nica desenvolvida pelos alunos.

Núcleo de Psicanálise de Campinas e Região

No dia 21 de setembro de 1985, um gru-po de colegas de Campinas, que já se reu-nia há dez anos para o estudo de filosofiaformalizou o Grupo de Psicanálise de Cam-pinas, com o objetivo de discutir e estudarPsicanálise da Criança e do Adolescente. Naabertura do livro de atas, entre outras consi-derações, eles registraram: “Por que come-“Por que come-“Por que come-“Por que come-“Por que come-çar com crianças e adolescentes? Pelaçar com crianças e adolescentes? Pelaçar com crianças e adolescentes? Pelaçar com crianças e adolescentes? Pelaçar com crianças e adolescentes? Pelacriança que ainda vive no grande corpocriança que ainda vive no grande corpocriança que ainda vive no grande corpocriança que ainda vive no grande corpocriança que ainda vive no grande corpodo chamado ‘adulto’. Pela necessidadedo chamado ‘adulto’. Pela necessidadedo chamado ‘adulto’. Pela necessidadedo chamado ‘adulto’. Pela necessidadedo chamado ‘adulto’. Pela necessidadede voltar às origens. Pela curiosidade nade voltar às origens. Pela curiosidade nade voltar às origens. Pela curiosidade nade voltar às origens. Pela curiosidade nade voltar às origens. Pela curiosidade nagênesis dos prgênesis dos prgênesis dos prgênesis dos prgênesis dos processos mentais...”ocessos mentais...”ocessos mentais...”ocessos mentais...”ocessos mentais...”

Este é o Grupo que deu origem ao queé hoje o Núcleo de Psicanálise de Cam-pinas e Região.

Passados vinte anos da criação desteGrupo, o NPCR vai realizar a sua “I Jorna-da de Psicanálise da Criança e do Ado-lescente” com um duplo objetivo: homena-gear aqueles que plantaram as sementes doNúcleo e oferecer aos colegas da região umfórum de discussão e crescimento científiconuma área tão importante e específica dapsicanálise, inaugurando assim um espaçolocal para o estudo e aprofundamento daPsicanálise da Infância e da Adolescência.

Este evento acontecerá no dia 24 de se-tembro próximo, ao longo do dia, na Socieda-de de Medicina e Cirurgia de Campinas. Con-vidamos para o período da manhã, as duasprimeiras supervisoras daquele Grupo, asanalistas didatas e analistas de crianças eadolescentes da Sociedade Brasileira de Psi-canálise de São Paulo Neyla Regina de ÁvilaFerreira França e Myrna Pia Favilli, que mi-

nistrarão respectivamente, as conferências:“Adolescência e Psicanálise nos Dias de“Adolescência e Psicanálise nos Dias de“Adolescência e Psicanálise nos Dias de“Adolescência e Psicanálise nos Dias de“Adolescência e Psicanálise nos Dias deHoje”Hoje”Hoje”Hoje”Hoje” e e e e e “Reflexões Sobr“Reflexões Sobr“Reflexões Sobr“Reflexões Sobr“Reflexões Sobre a Psicanálise doe a Psicanálise doe a Psicanálise doe a Psicanálise doe a Psicanálise doAdolescente”Adolescente”Adolescente”Adolescente”Adolescente”. Para o período da tarde, con-vidamos Mércia Maranhão Fagundes, ana-lista didata e analista de crianças e adoles-centes da Sociedade Brasileira de Psicanáli-se de Ribeirão Preto, que falará sobre “Psi-“Psi-“Psi-“Psi-“Psi-canálise e Crianças – Um Panorama Clí-canálise e Crianças – Um Panorama Clí-canálise e Crianças – Um Panorama Clí-canálise e Crianças – Um Panorama Clí-canálise e Crianças – Um Panorama Clí-nico”nico”nico”nico”nico”. Encerrando, nossa colega do NPCR,integrante daquele Grupo inicial e hoje analis-ta didata e analista de crianças e adolescen-tes da Sociedade Brasileira de Psicanálise deSão Paulo, Alicia Beatriz Dorado deLisondo, falará sobre “““““O Método da Ob-O Método da Ob-O Método da Ob-O Método da Ob-O Método da Ob-servação de Bebês e a Psicanálise deservação de Bebês e a Psicanálise deservação de Bebês e a Psicanálise deservação de Bebês e a Psicanálise deservação de Bebês e a Psicanálise deCrianças e Adolescentes: Atelier Privi-Crianças e Adolescentes: Atelier Privi-Crianças e Adolescentes: Atelier Privi-Crianças e Adolescentes: Atelier Privi-Crianças e Adolescentes: Atelier Privi-legiado da Psicanálise Contemporânea”legiado da Psicanálise Contemporânea”legiado da Psicanálise Contemporânea”legiado da Psicanálise Contemporânea”legiado da Psicanálise Contemporânea”.....

Nessa data, será lançado um númeroespecial do “Boletim do Núcleo de Psica-nálise de Campinas e Região”, comemo-rativo a essa realização.

A organização deste evento é de res-ponsabilidade de: Vera Lúcia ColussiLamanno Adamo, presidente do NPCR;Nelson José Nazaré Rocha, coordenador daComissão Científica; Marta ÚrsulaLambrecht, coordenadora da Comissão deEventos; Sheila de Lunafreire Guimarães,secretária; e, Ronis Magdaleno Jr., coorde-nador da Comissão de Publicações.

Todos estão convidados para este acon-tecimento, que esperamos seja o primeiro deuma série. Maiores informações na secretariado NPCR, pelo telefone (19) 3234-5166, oupelo e-mail [email protected].

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Notícias & Programação 13

EventosProgrammes2005, October to 2006, JulyLondon/Englandwww.tavi-port.org

NOVEMBROThe Frances Tustin Memorial TrustThe 9th Annual International FrancesTustin Memorial PrizeNovember, 05Los Angeles/Califórnia/USA

XX Congresso Brasileiro de Psicanálise11 a 14 de novembro“Poder, sofrimento psíquico econtemporaneidade”.Brasília, DFAssociação Brasileira de Psicanálisewww.abp.org.br

50 Aniversario de la llegada delPsicoanálisis a México“Psicoanálisis: Avances y fronteras”17, 18 y 19 de noviembreMéxico/DF

DEZEMBROXIV Encuentro LatinoAmericano sobreel pensamiento Donald W. Winnicott“Trazos Y Espacios: Del gestoespontáneo al espacio potencial”2, 3 e 4/12Lima – [email protected]

SETEMBROI JORNADA DA ABP EM SALVADOR“Perspectivas Teóricas em Psicanálise:Correlações com a Prática Clínica”16 e 17 de setembroBlue Tree Tower – Salvador/[email protected]

VII Jornadas del Departamento deNiñez y Adolescência16 y 17/09 Buenos Aires - ARAssociación Psicoanalitica de Buenos AiresBuenos Aires/Argentina

Homenaje a Donald Meltzer“Influencia y desarrollo de sus ideas enel psicoanálisis latinoamericano”30/09 - 01/10Buenos Aires/Argentina

OUTUBROVI JORNADA DE PSICANÁLISE DEARACAJUV Encontro de Psicanálise da Criançae do Adolescente“Sofrimento Psíquico eContemporaneidade”06 a 08 de outubroAracaju/SENúcleo Psicanalítico de [email protected]

Understanding Trauma: Principlesand PracticeThe Tavistock Clinic Training

Novas Sociedades – SBPRP, SPMS e APERJ

O Conselho Diretor da Associação Bra-sileira de Psicanálise cumprimenta e para-beniza os colegas de Ribeirão Preto, Riode Janeiro e Campo Grande pelo novostatus alcançado na Assembléia Geral daAssociação Psicanalítica Internacional,ocorrida no 44º. Congresso, no Rio de Ja-neiro. A Sociedade Brasileira de Psicanáli-

se de Ribeirão Preto(Provisória) e aAPERJ-Rio4 foramqualificadas comoSociedades Compo-nentes da IPA e oGrupo de EstudosPsicanalíticos do

Mato Grosso do Sul passou à categoria deSociedade Provisória, sendo, a partir deagora, denominado Sociedade Psicanalíti-ca do Mato Grosso do Sul.

Nosso abraço aos Presidentes JoséCesário Francisco Jr. (SBPRP), SheivaRocha (APERJ-Rio 4) e Leila Tannous Gui-marães (SPMS).

Rede de Representantes Locais

Lembramos que o envio de notícias estásob a responsabilidade dos representanteslocais de cada Sociedade, Grupo de Estudo eNúcleo. Até a data limite para o recebimentodesta edição, lamentavelmente, não recebe-

mos as notícias das seguintes federadas:SBPRJ, SPPel, SPPA, APRio3, Núcleo Psi-canalítico de Curitiba, Núcleo Psicanalítico doEspírito Santo, Núcleo Psicanalítico de Natale Núcleo Psicanalítico de Santa Catarina.

A 44ª edição do Congresso da Associa-ção Psicanalítica Internacional, realizada noRio de Janeiro, de 28 a 31 de julho, com cer-ca de 2500 participantes foi sucesso absolu-to. Nossos cumprimentos aos organizadores,na figura do dr. Sérgio Nick (chair local) peloexcelente nível científico e cultural do evento!

A ABP sente-se honrada e em nome detodos os psicanalistas brasileiros, cumpri-menta também o novo presidente da IPA,dr. Cláudio Laks Eizirik (SPPA), desejandosucesso à frente da maior e mais antiga ins-tituição psicanalítica do mundo.

Parabenizamos também aos organizadoresdo 6º Congresso Internacional de Neuro-psi-canálise, realizado no Rio de Janeiro, de 24 a27 de julho, pela InterInterInterInterInternationalnationalnationalnationalnational NeurNeurNeurNeurNeuro-o-o-o-o-

psychoanalytic Societypsychoanalytic Societypsychoanalytic Societypsychoanalytic Societypsychoanalytic Society. Os maiores estudio-sos do mundo sobre a interface neurociênciase psicanálise marcaram presença debatendosobre o tema “Sonhos e Psicose”.

Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre

1) Comissão Científica:A Comissão Científica está desenvol-

vendo, ao longo do ano, atividades em con-junto com a Livraria Cultura. Intitulada a“Brasileira na Cultura”, trará como temaesse ano: “Pensando a Violência comFreud”.

A programação da Sociedade tevecomo tema, no primeiro semestre, ativida-

des preparatórias ao Congresso da IPA.Para o segundo semestre, as reuniõesmensais tratarão sobre o próximo Congres-so Brasileiro de Psicanálise: “Poder, Sofri-mento Psíquico e Contemporaneidade”.

2) Comissão de Divulgação, Relaçõescom a Comunidade e Informática:

Vem realizando atividades para um pú-blico composto por psiquiatras e psicólogos

e estudantes das respectivas áreas, sob aforma de simpósios. Foram realizados atéo momento dois encontros: “Ser Psicana-lista e Repressão X Liberdade Sexual naAtualidade”.

No início de setembro será realizado osimpósio “Relações Conjugais” com a dis-cussão do filme “Closer - Perto Demais”.

Em outubro o tema será “Patologias Atu-ais: Do que se Trata?”

3) Comissão da Clínica Social:Oferece tratamento psicanalítico de for-

ma acessível para a comunidade de nossacidade e de cidades adjacentes, sendo oatendimento oferecido pelos candidatos emformação em nosso Instituto, em seus con-sultórios particulares.

4) Comissão de Publicação e Biblio-teca:

A revista “Psicanálise - Revista da Socie-dade Brasileira de Psicanálise de Porto Ale-gre” que foi criada em 1999, divulgou seuúltimo exemplar volume 7 número 1, no 44ºCongresso Internacional de Psicanálise.

O próximo número será lançado emdezembro, aproveitando o tema do Con-gresso, compilará trabalhos sobre trauma.

As revistas encontram-se no site da So-ciedade: www.sbpdepa.org.br , com os re-sumos de todos os trabalhos publicados. Sehouver interesse, poderão ser adquiridasatravés do e-mail [email protected]

5) Núcleo de Infância e Adolescên-cia (NIA):

Foi convidado a apresentar, no 44º IPACo projeto aprovado pela IPA-DPPT “TheTheTheTheTheSprSprSprSprSpread of Childhood and Tead of Childhood and Tead of Childhood and Tead of Childhood and Tead of Childhood and TeenageeenageeenageeenageeenagePsychoanalysisPsychoanalysisPsychoanalysisPsychoanalysisPsychoanalysis”, no Painel “ResistanceResistanceResistanceResistanceResistancettttto o o o o aaaaand Efnd Efnd Efnd Efnd Effective Wfective Wfective Wfective Wfective Work ork ork ork ork ooooon n n n n ttttthe Interhe Interhe Interhe Interhe Interfacefacefacefaceface” eem duas reuniões para presidentes das So-ciedades componentes da IPA. O projetoestá em plena execução.

6) Núcleo de Vínculos e Transmis-são Geracional:

Foi co-organizador do “Primeiro Encon-tro Argentino-brasileiro de Psicanálise deVínculos”, realizado no Rio de Janeiro, em26 de julho de 2005.

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Um pouco da Trajetória da SociedadeBrasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto

Dra. Sonia Maria Mendes Eleutério Mestriner1

Profa. Dra. Maria Auxiliadora Campos2

Dr. Gilberto Paulo Mestriner3

Escrever a história de uma instituiçãonão é tarefa fácil, pois como diz o nossopoeta Drummond, não é possível atingirtoda a verdade. Mas, como não temos talpretensão, talvez possamos contar umpouco do nosso processo institucional,desde os seus primórdios até os dias atu-ais, processo este pautado por muitossentimentos, muitos sabores. Alguns de-les prazerosos, outros não.

A divulgação da Psicanálise na cida-de de Ribeirão Preto iniciou-se com a cri-ação da Faculdade de Medicina de Ri-beirão Preto – USP (FMRP-USP), em1952 (3, 4, 5, 6, 7, 9). Seu Diretor, Prof.Dr. Zeferino Vaz, um ouvinte atento dasidéias psicanalíticas de sua época, criouo Departamento de Psiquiatria e Psicolo-gia Médica, que teve como primeiros che-fes dois psicanalistas chilenos: o Dr. Sér-gio Rodriguez Gonzales, de julho de 1956a junho de 1957 e o Dr. Hernán DavanzoCorte, até maio de 1965, dando continui-dade ao ensino da Psiquiatria de inspi-ração dinâmica junto à universidade.Seus então assistentes eram Dr. DavidAzoubel Neto, Dra. Lenise L. Azoubel eDra. Maria da Conceição S. R. da Costa,que estão entre os primeiros psicanalis-tas desta cidade.

Com a criação, em 1964, da Faculda-de de Filosofia, Ciências e Letras de Ri-beirão Preto pelo Dr. Lucien Lison, pro-fessor belga, docente da FMRP-USP, teveinício o curso de Psicologia, onde se for-maram alguns de nossos membros.

A vinda para Ribeirão Preto do Dr.José Américo Junqueira de Mattos, em1972, da Sra. Suad Hadad de Andrade,em 1976, ambos em formação no Institu-to de Psicanálise da SBPSP e o início daanálise didática, em São Paulo, do Dr.David Azoubel Neto e da Dra. Lenise L.Azoubel, em 1972, e da Dra. Maria daConceição S. R. da Costa, em 1975, pos-sibilitou a constituição de um grupo inte-ressado em trabalhar, estudar e divulgarPsicanálise. Posteriormente, a ele seagregaram, o Dr. Luiz Antonio B. deToledo, formado pela Sociedade Brasilei-ra de Psicanálise do Rio de Janeiro(SBPRJ), a Dra. Theodolinda M. Stocche,

em 1977, e o Dr. Gilberto P. Mestriner, em1980, quando do início de suas análisesdidáticas em São Paulo. O grupo reunia-se para estudar as teorias psicanalíticase trocar experiências entre si e com psi-canalistas de outras cidades (7).

Outros foram se vinculando a esse gru-po, até que em 21 de setembro 1984 foifundado oficialmente o Núcleo dos Psica-nalistas de Ribeirão Preto (NPRP), que con-tou inicialmente com 11 participantes (7).Sua primeira diretoria teve como presiden-te o Dr. David Azoubel Neto, como vice-pre-sidente o Dr. Luiz Antonio B.de Toledo, como secretária aDra. Lenise L. Azoubel ecomo tesoureira a Sra. SuadH. de Andrade.

O Núcleo de Ribeirão foise desenvolvendo em rela-ção à qualidade de produ-ção e sua organização. Em1982, a SBPRJ outorgoufunções didáticas ao Dr.Luiz Antonio B. de Toledo.Em 1983, o Dr. JoséAmérico J. de Mattos, em1985, o Dr. David AzoubelNeto, e em março de 1993,a Sra. Suad H. de Andrade,foram qualificados comodidatas pela SBPSP. Emsetembro de 1986, o Núcleopromoveu sua primeira jor-nada, que teve como tema“A Difusão da Psicanáli-“A Difusão da Psicanáli-“A Difusão da Psicanáli-“A Difusão da Psicanáli-“A Difusão da Psicanáli-se”se”se”se”se”, e contou com a partici-pação de psicanalistas deoutras sociedades. Forameditados, respectivamente em 1990 e1991, o primeiro número do Jornal de Psi-canálise do NPRP e do Boletim Informa-tivo, ambos de circulação regional.

Estimulado pelo Dr. Leopold Nosek, daSBPSP, o Núcleo solicitou à InterInterInterInterInternationalnationalnationalnationalnationalPsychoanalytical Association (IPPsychoanalytical Association (IPPsychoanalytical Association (IPPsychoanalytical Association (IPPsychoanalytical Association (IPA)A)A)A)A), em01 de junho de 1992, seu reconhecimentocomo Study GrStudy GrStudy GrStudy GrStudy Groupoupoupoupoup (8). Como resposta aessa solicitação, em 26 e 27 de junho de1993, veio à Ribeirão Preto, um SiteSi teSi teSi teSi teVVVVVisiting Committee da IPisiting Committee da IPisiting Committee da IPisiting Committee da IPisiting Committee da IPAAAAA, compostopela Dra. Jacqueline Amati-Mehler e pelo

Dr. Moisés Lemlij. Ela, chairpersonchairpersonchairpersonchairpersonchairperson desteCommitteeCommitteeCommitteeCommitteeCommittee, membro da AssociazioneAssociazioneAssociazioneAssociazioneAssociazioneItaliana di PsicoanalisiItaliana di PsicoanalisiItaliana di PsicoanalisiItaliana di PsicoanalisiItaliana di Psicoanalisi e ele, membro daSociedad Peruana de PsicoanálisisSociedad Peruana de PsicoanálisisSociedad Peruana de PsicoanálisisSociedad Peruana de PsicoanálisisSociedad Peruana de Psicoanálisis.

Durante o XXXVIII Congresso Interna-cional de Psicanálise, em Amsterdã, de25 a 30 de julho de 1993, o Grupo de Es-tudos Psicanalíticos de Ribeirão Preto(GEPRP) foi aprovado e reconhecido peloExecutive CouncilExecutive CouncilExecutive CouncilExecutive CouncilExecutive Council da IPIPIPIPIPAAAAA como um Gru-po de Estudos componente (2, 4, 7).

Como todo crescimento implica emperdas, o Núcleo as sofreu. Este se divi-

diu em dois grupos: o dosque já tinham terminadosua formação analítica eos que estavam em forma-ção em São Paulo, tendoo primeiro constituído oGEPRP e o segundo per-manecido no Núcleo atésua extinção, em 28 de ju-nho de 1995.

O GEPRP foi constituí-do inicialmente por 11 ana-listas: três Didatas, umcom Funções Didáticas esete Associados, tendopassado por um processode diferenciação de fun-ções e hierarquização.Com isso, a “irmandade” econvivência informal quehavia se estabelecido en-tre os elementos do Nú-cleo sofreu uma transfor-mação própria do estabe-lecimento de uma institui-ção formal. Além da heran-

ça dos frutos do trabalho em prol da Psi-canálise na nossa região, o Núcleo dei-xou uma herança material, ou seja, re-cursos financeiros que possibilitaram acompra de terreno, mais tarde vendidopara a compra de um maior, onde a sedeatual foi edificada.

Um Sponsoring CommitteSponsoring CommitteSponsoring CommitteSponsoring CommitteSponsoring Committe compos-to pela Dra. Jacqueline Amati-Mehler, nocargo de ccccchairpersonhairpersonhairpersonhairpersonhairperson, pelo Dr. MoisésLemlij e, posteriormente, pelo Dr. Hernán Davanzo Corte, da Asoc iac iónAsoc iac iónAsoc iac iónAsoc iac iónAsoc iac iónPsicoanalítica ChilenaPsicoanalítica ChilenaPsicoanalítica ChilenaPsicoanalítica ChilenaPsicoanalítica Chilena, foi designado

pela IPIPIPIPIPAAAAA para supervisionar, orientar, de-cidir e fiscalizar o seu desenvolvimento,por meio de visitas semestrais até 24 deoutubro de 1999, quando foram substitu-ídos. O novo CommitteeCommitteeCommitteeCommitteeCommittee, composto peloDr. Hernán Davanzo Corte como ccccchairhairhairhairhair, Dr.Simón Brainsky, da Sociedad Colombi-Sociedad Colombi-Sociedad Colombi-Sociedad Colombi-Sociedad Colombi-ana de Psicoanálisisana de Psicoanálisisana de Psicoanálisisana de Psicoanálisisana de Psicoanálisis e pela Dra. SoniaAbadi, da Asociación Psicoanalítica ArAsociación Psicoanalítica ArAsociación Psicoanalítica ArAsociación Psicoanalítica ArAsociación Psicoanalítica Ar-----gentinagentinagentinagentinagentina, fez a sua primeira visita em fe-vereiro de 2000.

De 1994 a 2000 outros 10 psicanalistaspassaram a Membros do GEPRP. Em 1994,a Dra. Lenise L. Azoubel e a Dra.Theodolinda M. Stocche e em 1995, a Dra.Maria da Conceição S. R. da Costa, passa-ram a Membros Titulares. Em 1998 a Dra.Lenise L. Azoubel e, em 1999, o Dr. LuizAntonio B. de Toledo qualificaram-se Analis-tas Didatas. Particularmente, na área de cri-anças e adolescentes, as Dras. TheodolindaM. Stocche e Sonia Maria M. E. Mestrinertitularam-se, respectivamente em 1994 e2000 pela SBPSP, estando a Dra. Mércia M.Fagundes em vias de titular-se.

A constituição do GEPRP e do seu Ins-tituto de Formação, bem como a aprova-ção de seus estatutos provisórios, ocor-reu em Assembléia Geral, em 08 de se-tembro de 1994, na qual foi eleita eempossada a diretoria do GEPRP para obiênio 1994-1996. Essa diretoria tevecomo Presidente o Dr. David AzoubelNeto, como Diretor Científico o Dr. JoséAmérico Junqueira de Mattos, como Se-cretária a Dra. Lenise L. Azoubel e comoTesoureiro o Dr. José Francisco de Oli-veira. Para coordenar o Instituto de For-mação foram indicados a Sra. SuadHadad de Andrade e para secretariá-lo,o Dr. Luiz Antonio B. de Toledo. O Institu-to teve e tem como meta a formação psi-canalítica de pessoas conscientes desuas individualidades, liberdades e res-ponsabilidades, um programa ancoradoem Sigmund Freud, Melanie Klein eWilfred Bion e ênfase no desenvolvimen-to da observação clínica (1).

Em 25 de maio de 1994, foi realizadaa primeira seleção para o Instituto. TrêsCandidatas compuseram a primeira turma.O Instituto iniciou suas atividades teóricas

14 Sociedades, Comissões & Comitês

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15Sociedades, Comissões & Comitêscom aula inaugural proferida pela Dra.Jacqueline Amati-Mehler com o título: “AAAAALinguagem Exilada: Poli l inguismoLinguagem Exilada: Poli l inguismoLinguagem Exilada: Poli l inguismoLinguagem Exilada: Poli l inguismoLinguagem Exilada: Poli l inguismonuma Dimensão Psicanalítica”numa Dimensão Psicanalítica”numa Dimensão Psicanalítica”numa Dimensão Psicanalítica”numa Dimensão Psicanalítica”, em 27de março de 1995. Em 1997, 2000 e 2003,mais três turmas iniciaram formação, res-pectivamente com oito, nove e dezoitoCandidatos. Para 2006, uma quinta turmacom doze Candidatos deverá iniciar suasatividades. Dos 38 Candidatos do Institu-to, sete já concluíram sua formação.

Pouco antes de solicitar a passagemde Grupo de Estudos para uma Socieda-de Provisória, em 24 de outubro de 1999,dois dos pr imeiros integrantes doSponsoring CommitteeSponsoring CommitteeSponsoring CommitteeSponsoring CommitteeSponsoring Committee foram substitu-ídos pelo Dr. Simon Brainsky, daSociedad Colombiana de PsicoanálisisSociedad Colombiana de PsicoanálisisSociedad Colombiana de PsicoanálisisSociedad Colombiana de PsicoanálisisSociedad Colombiana de Psicoanálisise pela Dra. Sonia Abadi, da AssociaciónAssociaciónAssociaciónAssociaciónAssociaciónPsicanalítica ArgentinaPsicanalítica ArgentinaPsicanalítica ArgentinaPsicanalítica ArgentinaPsicanalítica Argentina que, juntamen-te com o Dr. Davanzo (chairchairchairchairchair do novoCommitteeCommitteeCommitteeCommitteeCommittee), fizeram a sua primeira vi-sita ao Grupo em fevereiro de 2000.

Em 25 de julho de 2001, durante o XLIICongresso Internacional de Psicanálise, emNice, o Grupo, sob a presidência da Dra. SuadHadad de Andrade, passou à condição deSociedade de Psicanálise Provisória.

Durante a realização do 44º. CongressoInternacional de Psicanálise, no Rio de Ja-neiro, em 29 de julho de 2005, esta Socieda-de perdeu a condição de Provisória e adqui-riu a condição de Sociedade Componente daIPIPIPIPIPAAAAA, marcando assim a gestão atual que temo Dr. José Cesário Francisco Junior comoPresidente, o Dr. Pedro Paulo de A. Ortolancomo Secretário, a Sra. Silvana M. B. V. deFigueiredo como Tesoureira, a Dra. MérciaM. Fagundes como Diretora Científica, a Dra.Martha M. de Moraes Ribeiro e o Dr. MiguelMarques, respectivamente, como Diretora eSecretário do Instituto. Hoje, nossa Socieda-de conta com trinta e dois Membros: seteDidatas, três Membros com Funções Didáti-cas, oito Membros Efetivos e quatorze Mem-bros Associados.

Algumas funções de representaçãodesta Sociedade em instituições relacio-nadas à IPIPIPIPIPAAAAA são exercidas por nossosMembros. Citando alguns, o Dr. DavidAzoubel foi Presidente da AssociaçãoBrasileira de Psicanálise, no biênio de1995-1997, o Dr. Pedro Paulo Ortolan foiSecretário da mesma nos biênios de1997-1999 e 2001-2003 e hoje é o nossodelegado junto à ABP. Foi relevante acontr ibuição do Dr. José AméricoJunqueira de Mattos para a aprovaçãodas análises concentradas pela IPIPIPIPIPAAAAA, em1998.

Ao longo desse crescimento, viven-ciamos o que o Dr. Bion apontou sobreos funcionamentos grupais: desde o fun-cionamento próprio dos grupos de supos-tos básicos ao dos grupos de trabalho,isto é, desde as tensões decorrentes damente primitiva à possibilidade de contê-las, serem contidas e elaborá-las comogrupo e individualmente.

Articulação das 13 Instituições continuaalerta sobre regulamentação

Mário Lúcio Alves Baptista*

Desde o final dos anos 70, várias tentati-vas de regulamentação da profissão de psi-canalista foram feitas no âmbito do Congres-so Nacional. Aquelas que ocorreram até osprimeiros anos da década de 80 estão des-critas minuciosamente no importante traba-lho A chamada prA chamada prA chamada prA chamada prA chamada profissão de psicana-ofissão de psicana-ofissão de psicana-ofissão de psicana-ofissão de psicana-listalistalistalistalista de autoria de Humberto e Jansi de S.Mello e publicado como separata da Revis-Revis-Revis-Revis-Revis-ta de Inforta de Inforta de Inforta de Inforta de Informação Legislativamação Legislativamação Legislativamação Legislativamação Legislativa, 1980 à dis-posição de todos na ABP ou comigo, e quemostra como os psicanalistas filiados à ABPsempre se posicionaram contra qualquer tipode regulamentação da profissão por enten-der que já havia normas internacionais

estabelecidas pela InterInterInterInterInternat ionalnat ionalnat ionalnat ionalnat ionalPsychoanalytical AssociationPsychoanalytical AssociationPsychoanalytical AssociationPsychoanalytical AssociationPsychoanalytical Association que aten-diam amplamente, e no mundo inteiro, aquestão da formação do psicanalista.

No início do ano 2000, a AssociaçãoBrasileira de Psicanálise tomou a iniciativade convidar o Conselho Federal de Medici-na, o Conselho Federal de Psicologia e aAssociação Brasileira de Psiquiatria parajuntos liderarem uma reunião de Instituiçõesformadoras de psicanalistas para estudarema questão. Atendendo a essa convocação,reuniu-se, no Hotel Glória no Rio de Janei-ro, um grupo de 13 Instituições que se re-conheciam umas às outras como institui-ções com padrão de formação que atendiaàs normas internacionais estabelecidas pordiversas associações internacionais de psi-canálise.

Aquelas instituições, reunidas no quechamamos “Articulação das Instituições Psi-canalíticas Brasileiras”, decidiram por semanter alertas a esses movimentos de regu-lamentação reunindo-se periodicamente noRio de Janeiro. Estabeleceram também quenovas Instituições poderiam aderir ao movi-mento desde que indicadas por duas das Ins-

tituições fundadoras e fosse aprovada pelaplenária de Instituições. Redigiu-se um Ma-nifesto que tornaria pública posição conjun-ta da Articulação das Instituições Psicanalí-ticas Brasileiras. Tal manifesto, que foi subs-crito por 67 instituições, é longo para fazerparte deste informe, mas está à disposiçãode qualquer membro da ABP em nossa Se-cretaria ou junto ao nosso Conselho Profis-sional. Esse movimento visava a que as Ins-tituições Psicanalíticas se fortalecessem tra-balhando juntas na mesma direção.

Desde então, temos nos reunido regu-larmente, sob a coordenação do ConselhoProfissional da Associação Brasileira dePsicanálise e temos conseguido barrar to-dos os projetos de lei que foram propostosaté o momento. Nas duas últimas gestõesforam barrados dois Projetos de Lei de re-gulamentação da profissão sendo um dodeputado Eber Silva e outro do deputadoSimão Sessim.

Temos contado com alguns deputadosmais próximos da psicanálise nesse traba-lho e, recentemente, ampliamos o lequequando, aproveitando uma visita a Brasíliaa propósito do Congresso Brasileiro de Psi-

canálise, levamos a cinco deputados umaespécie de dossiê contendo vários textosexpondo as razões pelas quais as Institui-ções Psicanalíticas Brasileiras, lideradaspela Associação Brasileira de Psicanálise,vêm-se se posicionando contrariamente atodos os projetos de regulamentação apre-sentados até o momento.

Esse trabalho vem dando resultado ea ABP, agora, já não luta sozinha para en-frentar o movimento cada vez mais insis-tente pela regulamentação, esperandocontinuar conseguindo manter a Psicaná-lise livre dos engessamentos. Qualquerregulamentação criaria normas mais ade-quadas à academia que à Psicanálise e,não temos dúvidas, desvirtuariam de for-ma importante a liberdade do exercício denosso ofício e pretendemos prosseguirassim até que surjam mudanças no qua-dro psicanalítico brasileiro e internacionalque demonstrem a nós psicanalistas, sermelhor uma regulamentação que o livreexercício da atividade.

*ME e Didata da SBPSP/NPBH, Diretor do Conse-lho Profissional da ABP.

A nossa Sociedade passa por um perí-odo onde os mais novos estão, gra-dativamente, assumindo as funções dosmais velhos e fundadores. Em períodos detransição, nos quais as estruturas vigentesde crenças, valores, poder, ascendência eordem balançam e o poder da continênciainstitucional diminui, as ansiedades grupaise individuais aumentam e, muitas vezes,atrapalham a realização dos objetivos.

Acreditamos que o fato de termos al-cançado a condição de Sociedade Com-ponente da IPIPIPIPIPAAAAA traz consigo a prevalênciado amor, do respeito mútuo, da colabora-ção, dos princípios éticos, da esperança,da compaixão, sentimentos esses essen-ciais à sobrevivência e ao crescimento deum grupo.

1 Membro Efetivo com funções didáticas daSBPRP e Membro Associado da SBPSP

2 Membro Associado da SBPRP e Docente apo-sentada da FMRP-USP.

3 Membro Associado da SBPSP.

Mário Lúcio Alves Baptista

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16 Cultura

“Memória corporal e transferência”fundamentos para uma psicanálise do sensível

RESENHA

Ivanise Fontes, Via Lettera Editora, 135 págs., São Paulo, 2002.Adalberto A. Goulart*

periências vividas precocemente pelo “eu”, atra-vés do fluxo de sensações não coordenadas, aprodução das formas culmina na consciênciade ter um corpo que as contém. Como Kristeva,a autora sustenta, por exemplo que, na histeria,haveria uma memória somática rebelde à repre-sentação.

“A Transferência: Uma RegressãoAlucinatória” é o título do capítulo 4. Inicia com oCaso Clínico de Miss Lucy R., relatado por Freud,para exemplificar a memória corporal revividaatravés de uma alucinação olfativa. Ressalta aimportância de incluirmos uma via sensorial den-tro da comunicação analista/analisando: em ní-veis de regressão mais arcaicos a palavra dá lu-gar às sensações.

A Parte III do livro de Ivanise Fontes está sub-dividida em 4 capítulos: “A Memória da Transfe-rência”, “Da sensação à Idéia: Passagem Obri-gatória ?”, “A Linguagem: Törok” e “Dando Cor-po à Linguagem: Construções”.

Ivanise nos fala sobre a importância da ca-pacidade de regressão também no analista, apartir de suas fantasias e intuição, para poderacessar o material sensorial do paciente ao sur-gir na transferência e então interpretá-lo, nome-ando-o e dando-lhe representabilidade, especi-almente ao trabalharmos com patologiasnarcísicas – o dia-a-dia dos consultórios atuais.

Segundo Törok, lembrada pela autora, aspalavras seriam o próprio instrumento dorecalque das pulsões. O trabalho com associa-ções de sensações pelo regressão alucinatóriada transferência, mais do que contra orecalcamento seria uma “verdadeira gênese”.

A Parte IV da obra é dedicada a um interes-sante “Caso Clínico”, em que a memória corpo-ral do paciente será o elemento fundamental paraa reconstrução de sua história pessoal.

Em suas “Considerações Finais”, a autora nosfala da incapacidade de representação psíqui-ca nos pacientes que nos procuram na atualida-de, o que “nos impões impasses técnicos justa-mente no que diz respeito à ligação entre corpoe palavra”, o que comprometeria o próprio fun-cionar biológico. “Perdido esse elo sensorial ondea palavra se enraíza, surge a doença. É o riscoque se corre ao desvitalizar a linguagem”, dizFontes.

Trata-se de uma obra atual, escrita de formaclara e criativa, resgatando as idéias iniciais deFreud e Ferenczi da psicanálise como uma ciên-cia natural, tendo o biológico como fundante doaparelho psíquico, tal como estudam osneurocientistas e o grupo italiano liderado peloprofessor Armando Ferrari, a partir de outras ver-tentes e tecendo hipóteses diversas para umamesma proposta.

A todo psicanalista, que é antes de mais nadaum cientista pesquisador, trata-se de uma obrade indispensável leitura.

* ME e Didata da SPR e do NPA

ção orgânica, uma vez que, num tempo precoce,a fonte somática é o elemento determinante.

Relembra Thalassa, de Ferenczi, quando estese refere à libido de órgão: “um órgão só cumpreintegralmente sua função à medida que o organis-mo inteiro se preocupa em satisfazer as exigên-cias libidinais dele. Se esse serviço não for asse-gurado, arrisca-se despertar nesse órgão a ten-dência à auto-satisfação, em detrimento da coleti-vidade”. Ferenczi ousa pensar, nos diz a autora,num despertar dos processos auto-eróticos nostecidos e que os sintomas poderiam ser reduzi-dos, portanto, a uma redistribuição da libido doórgão. Destaca os estudos sobre o auto-erotismocomo fundamentais quando se pesquisa etapasmuito precoces do desenvolvimento, tempo emque os registros se faziam no corpo.

“A Noção ampliadado Trauma” – capítulo 3.Aqui a autora resgata osentido de trauma paraFreud, como “experiên-cias relativas ao corpopróprio, ou então per-cepções sensoriais,principalmente de or-dem visual e auditiva”.Toda a experiência po-derá ser traumáticapara o sujeito cujo “eu”não esteja em condi-ções de tolerar determi-nados processospulsionais.

Interessa-se espe-cialmente pelos traba-lhos de Ferenczi quan-do abordam o corpoem relação ao traumá-tico: “A Adaptação daFamília à Criança”,“Princípio de Relaxa-mento e Neocatarse”, “Análise de Crianças comAdultos” e “Reflexões sobre o Trauma”, desenvol-vendo a questão do acontecimento precoce vivi-do, quando apenas experiências físicas sãoregistradas e o despertar destas memórias pelocorpo. A tarefa do analista, segundo diz a autora,seria “a reativação do estado infantil do paciente ea reprodução agida desses traumatismos, a fimde, posteriormente, proceder uma investigaçãoaprofundada”.

Na tentativa de explicar esta memória primiti-va, anterior à linguagem, lugar do não-representável, portanto não passível derecalcamento, remonta ao registro corporal dassensações, em “O Inominável” – capítulo 4. Regis-tros que só podem ser despertados através de ma-nifestações corporais, sensações sem objeto. Tra-ta-se, por conseguinte, de algo que nunca foi aces-sível à consciência e da possibilidade de ser re-experienciado, sentido e pensado pela primeiravez na análise. Assim, nem tudo que se repete natransferência seria reminiscência. Cita Pontalis ao

falar de uma espécie de memória agida, uma não-memória, o traumático-pulsional, já presente no“Projeto” de Freud. Seria um registro, mas não umamemória. Estas impressões sensoriais poderão seintegrar, posteriormente, a traços mnêmicos ou per-manecer a nível sensorial, sem alcançar a repre-sentação.

Chegamos à Parte II da instigante tese deIvanise Fontes: “A Memória Corporal Despertadapela Transferência: O Lugar do Sensorial”. Iniciacom uma crítica a Lacan, por ter deixado em suareleitura, a ordem pré-linguagem de lado e se apóiaem Tustin lembrando que as raízes do psiquismosão as sensações corporais, que darão origem aosconceitos, idéias, pensamentos, referindo-se tam-bém a Bion e Winnicott.

Capítulo 1 – “A Memória do Infantil: Dayan eFedida”. CitandoFreud, a autora nostraz “E o que nos dei-xa perplexos é queessas impressões deinfância, as mais po-derosas e soberanaspela vida inteira, nãotêm necessidade dedeixar atrás de si umaimagem mnemônica”(1899).

Defende a hipó-tese de que o corposerve de lugar de re-gistro da memória in-fantil, tal como o so-nho o era na compre-ensão de Freud e ar-gumenta que da mes-ma forma, ambos, se-riam uma via de aces-so às impressõesmais precoces, sen-do que, no caso da

memória corporal, os registros não seriam sequerinconscientes. Refere que, segundo Anzieu, “todoo traumatismo ocorrido antes da constituição deum envelope psíquico inscreve-se no corpo e nãono psiquismo e por serem irrepresentáveis, essassensações ficam inacessíveis à linguagem, masconstituem nossa maneira de ser”.

“A Inquietante Estranheza da Transferência”é o título do capítulo 2 desta Segunda Parte dolivro. A citação que traz logo ao início, resume ocapítulo: “É na transferência e pela transferênciaque se enuncia repetidamente no presente oimpronunciável do infantil” (Fedida). Ivanise vali-da seus estudos argumentando que até hoje ofenômeno da transferência não teria sido devida-mente explorado. Propõe considerarmos associ-ações de sensações no trabalho analítico, alémdas associações de idéias – o material busca serrepresentado.

“Um Berço de Sensações: Tustin e Kristeva”– capítulo 3 da Segunda Parte. A experiência dodevir humano estaria firmada no conjunto das ex-

AA autora, Ivanise Fontes é psicanalista, dou-tora em Psicanálise pela Universidade de ParisVII – Denis Diderot, com pós-doutorado no Labo-ratório de Psicopatologia Fundamental do Núcleode Estudos Pós-graduados em Psicologia Clíni-ca da PUC-SP. O livro que nos apresenta origi-nou-se de sua tese de doutorado, sob a orienta-ção de Pierre Fédida (quem também escreve oPrefácio) e foi publicada na França com o título“La mémoire corporelle et la transfert” (1999).

Na primeira página traz uma citação deSándor Ferenczi, que antecipa o desenvolvimentoda obra: “A lembrança fica impressa no corpo eé somente lá que ela pode ser despertada”. Olivro é dividido em quatro partes: O Registro Cor-poral nas Obras de S. Freud e S. Ferenczi; A Me-mória Corporal Despertada pela Transferência:O Lugar do Sensorial; Rumo às Palavras: Do Sen-sorial à Linguagem – Caminhos da Transferên-cia; Caso Clínico.

Na Introdução, Ivanise Fontes nos fala daorigem: “Na prática do atendimento analítico apacientes somatizantes, constatei um impasse:certas regras psicanalíticas impediam a expres-são de suas manifestações corporais”. Como in-terpretar o corpo sensível do paciente tal qualele aparece na escuta do analista ? Como o cor-po reage à interpretação ?

Como hipótese, propõe que haveria umareatualização da sensorialidade via transferên-cia, a regressão alucinatória, pressupondo aexistência de uma memória corporal que seapresentaria na relação analítica. A memória cor-poral traria fragmentos das impressões mais pri-mitivas, impressas filo e ontogeneticamente, numregistro sensorial anterior à possibilidade de re-presentação.

Em seu percurso teórico, apresenta um diá-logo entre as idéias de Freud e Ferenczi sobre otema, buscando fundamentar sua hipótese. Ou-tras referências teóricas são buscadas em auto-res contemporâneos, especialmente P. Fédida,D. Anzieu, J. Kristeva, F. Tustin e J.-B. Pontalis.Ao final, através de um Caso Clínico, busca de-monstrar que “...o paciente revive não apenascenas e sentimentos de sua história, mas tam-bém as impressões sensíveis, inscritas em seupróprio corpo, aguardando simbolização”.

No primeiro capítulo da Parte I, “As ZonasErógenas e a Anfimixia”, articulando idéias conti-das nos trabalhos de Freud e Ferenczi, vemoscrescer “a concepção de um corpo, onde, damesma forma em que é traçado um mapa, regis-tra-se a organização do desenvolvimento sexu-al”. Lembra Anzieu, quando nos diz ter sido Freudo precursor da noção de Eu-pele, quando afir-mava que o envelope psíquico tinha sua origemno envelope corporal.

“O Auto-Erotismo” é o tema do capítulo 2.Aqui temos que no auto-erotismo a pulsão se sa-tisfaz no próprio corpo do sujeito, não é dirigidapara outras pessoas, fazendo coincidir fonte eobjeto da pulsão. Discordando de Freud, a auto-ra pensa ser de grande importância a investiga-