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Universidade Federal do Pampa Rosangela De Almeida Roxo Alexandre A SUBJETIVIDADE DO CUIDADO: o resgate da sensibilização dos profissionais de enfermagem Trabalho de Conclusão de Curso URUGUAIANA 2010

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Universidade

Federal do Pampa

Rosangela De Almeida Roxo Alexandre

A SUBJETIVIDADE DO CUIDADO: o resgate da sensibilização dos

profissionais de enfermagem

Trabalho de Conclusão de Curso

URUGUAIANA 2010

ROSANGELA ALEXANDRE

A SUBJETIVIDADE DO CUIDADO: o resgate da sensibilização dos profissionais de enfermagem

Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, como pré-requisito para aprovação nesta disciplina.

Orientadora: Eleine Maestri

Uruguaiana

2010

1

2

Dedico esta monografia ao meu querido marido Claudson, pelo imenso apoio, incentivo, amor e compreensão. Aos meus amados filhos, Ewerton e Branderson, que sentiram minha ausência para que eu pudesse ir a busca de novos conhecimentos.

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu força e fé para chegar até aqui.

Ao meu marido, Claudson, pela compreensão, colaboração, paciência,

incentivo, segurança, amor, apoio e sustentação nos momentos em que pensava em

desistir, sempre mostrando que o caminho é longo, mas a recompensa vale a pena.

Obrigada por estar sempre ao meu lado.

Aos meus filhos, Ewerton e Branderson, que permaneceram em muitos

momentos sem a minha presença, sentindo a minha ausência.

A minha filhinha Ewelyn que está por chegar, que mesmo ainda na barriga

viveu todas as emoções e preocupações até a conclusão desse trabalho.

A minha sogra, Angela Terezinha, sogro Rogério e cunhada Claudine,

obrigada pelo incentivo e apoio.

A minha orientadora, professora enfermeira Mestre Eleine Maestri, agradeço

de coração pelo total apoio, dedicação e envolvimento para que eu pudesse realizar

o Trabalho de Conclusão de Curso e crescesse profissionalmente.

A professora enfermeira Mestre Ana Paula Schell, por ter aceitado a fazer a

finalização da minha orientação do trabalho de conclusão de curso, devido a um

problema de saúde de minha orientadora, que impossibilitou seu retorno.

Aos meus amigos e as pessoas especiais em minha vida que de uma forma

ou de outra me ajudaram.

Enfim, aos meus colegas de graduação, que hoje dividem a alegria de

estarmos concluindo uma grande etapa das nossas vidas.

Muito obrigada a todos vocês...

4

“Lutar e vencer todas as batalhas não é a glória suprema. A glória suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar”.

SUN TZU

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso objetivou desenvolver uma prática educativa sobre a subjetividade do cuidado de enfermagem, com profissionais de uma unidade em um hospital da região oeste do interior do Estado do Rio Grande do Sul. Os objetivos específicos foram: problematizar a realidade das relações subjetivas no cuidado de enfermagem vivenciada no setor, sensibilizar as relações interpessoais entre a equipe, o paciente e seus familiares; bem como avaliar o percurso da sensibilização de uma equipe de profissionais, a partir do desenvolvimento de uma prática educativa sobre a subjetividade do cuidado de enfermagem. Trata-se de uma prática educativa, sendo desenvolvidas as etapas da observação da realidade; os pontos-chave; a teorização; as hipóteses de solução e a aplicação da realidade. Buscando a instauração de uma educação libertadora com a participação ativa dos sujeitos deste estudo, procurei na metodologia de Bordenave, o respaldo necessário para elaborar a ação educativa, visando a melhoria do cuidado prestado; resgatando a sensibilidade dos profissionais, alicerçados na visão do processo ensino-aprendizagem. A prática educativa foi organizada com atividades que foram trabalhadas com os profissionais no próprio setor, individualmente e durante o horário de trabalho. Conclui-se, que os profissionais consideraram importante a busca da sensibilização, a fim de intensificar um cuidado humanizado, refletindo sobre suas condutas, visando a melhoria no cuidado com o paciente e seus familiares.

Palavras-chaves: Subjetividade do cuidado; cuidado humanizado e sensibilização.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 8

2 OBJETIVO..................................................................................................... 10

2.1 Objetivo Geral.......................................................................................... 10

2.2 Objetivo Específicos................................................................................ 10

3 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 11

3.1 A subjetividade do cuidado...................................................................... 12

4 ASPECTOS METODOLÓGICO.................................................................... 15

4.1 Etapas Metodológicas............................................................................. 16

4.2 Conhecendo a Realidade........................................................................ 17

4.3 Identificando o Problema......................................................................... 18

4.4 Elencando os Pontos – Chaves.............................................................. 18

4.5 Construindo a Teorização....................................................................... 19

4.6 Criando Hipóteses de Solução................................................................ 19

4.7 Aplicando a realidade ............................................................................. 19

4.8 Avaliando................................................................................................. 19

4.8.1 CAMPO DE DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA EDUCATIVA....... 20

4.8.2 ESTRUTURA FÍSICA ....................................................................... 21

4.8.3 PARTICIPANTES.............................................................................. 21

4.8.4 PERÍODO DA PRÁTICA EDUCATIVA.............................................. 21

4.8.5 ASPECTOS ÉTICOS......................................................................... 22

5 APRESENTAÇÃO E REFLEXÃO DOS RESULTADOS ENCONTRADOS 23

5.1 APRESENTANDO A PROPOSTA........................................................... 23

5.2 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA PARA EQUIPE............................... 23

5.3 CONHECIMENTO A PERCEPÇÃO DA EQUIPE NA SUBJETIVIDADE

DO CUIDADO...................................................................................................

25

5.4 OBSERVANDO AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS............................... 26

5.5 REFLETINDO SOBRE A REALIDADE COM A EQUIPE........................ 28

5.6 IDENTIFICANDO O PROBLEMA............................................................ 30

5.7 ELENCANDO OS PONTOS – CHAVES................................................. 33

5.8 CONSTRUINDO A TEORIZAÇÃO.......................................................... 34

5.9 CRIANDO HIPÓTESES........................................................................... 34

7

6 APLICANDO A REALIDADE........................................................................ 35

6.1 AVALIANDO............................................................................................ 35

6.2 A MINHA PERCEPÇÃO SOBRE ESSES RELATOS.............................. 37

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 38

REFERÊNCIAS................................................................................................ 40

APÊNDICES..................................................................................................... 42

APÊNDICE A – FOLDER DE APRESENTAÇÃO DA PRÁTICA................... 43

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(TCLE)..............................................................................................................

45

APÊNDICE C – LISTA DE CODINOMES ESCOLHIDOS

EDUCATIVA.....................................................................................................

46

APÊNDICE D – ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DO FACILITADOR........ 47

APÊNDICE E – TRECHOS DE ARTIGOS TRABALHADOS COM A

EQUIPE............................................................................................................

48

APÊNDICE F – AVALIAÇÃO......................................................................... 50

ANEXO............................................................................................................. 51

ANEXO A – DINÂMICA DO PAPEL AMASSADO......................................... 52

ANEXO B - LETRA DA MÚSICA – COMO UMA ONDA................................ 53

8

1 INTRODUÇÃO

A enfermagem tem como essência o cuidado que ao longo do tempo vem

tendo como marco esta questão, por lidar com o ser humano de uma forma integral

(não tem como ser fragmentado).

Boff (2008) evidencia a importância do saber cuidar como essência humana,

sendo mais que uma razão e vontade que discorre de forma simples e prazerosa.

A prática da enfermagem está, cada vez mais, equipada tecnologicamente.

Com isso, o profissional deixa de lado a subjetividade do cuidado e a essência

humana, para se capacitar nos aparelhos modernos que são criados para melhorar

ainda mais o atendimento do paciente.

Os recursos tecnológicos, cada vez mais avançados, são utilizados de

maneira imprescindível. Porém, os profissionais não podem esquecer nunca que

as aparelhagens utilizadas não substituem em nenhum momento, o contato

humano do profissional no tratamento do paciente (CINTRA et al, 2008).

O cuidado pode estar comprometido pelos profissionais de enfermagem,

pois por diversas vezes, se deparam diante de muitos pacientes para atender. O

surgimento de intercorrências e o acúmulo de afazeres no setor, restringem a

dedicação desses profissionais com o paciente, que não priorizam a subjetividade

do cuidado, em virtude do pouco tempo que dispõem, prejudicando a qualidade do

atendimento prestado.

Na visão de Boff (1999, p. 99) “o resgate do cuidado não se faz às custas do

trabalho e sim mediante uma forma diferente de entender e realizar o trabalho. Para

isso, o ser humano precisa voltar-se sobre si mesmo e descobrir seu modo de ser no

cuidado”.

Durante minha vivência profissional como técnica de enfermagem, durante

cinco anos em um Centro de Tratamento Intensivo de um hospital militar situado no

Rio de Janeiro, adquiri conhecimentos e pude vivenciar também os sentimentos e

angústias que o envolvimento profissional com o paciente provocavam em mim. Por

diversas vezes me senti sobrecarregada com vários pacientes graves não

conseguindo proporcionar uma assistência individual com qualidade. Pude constatar

que o setor é muito estressante, onde se trabalha com a vida e a morte o tempo

9

todo. Dessa maneira, os profissionais criam barreiras para não sofrer e com isso, o

envolvimento profissional com o paciente passa a ser mais distante, mecanizado e

sistemático.

Durante a graduação, ao desenvolver as atividades práticas nos serviços de

saúde, observei que a equipe de enfermagem normalmente torna suas ações

mecânicas e cada vez menos humanas, dificultando o relacionamento interpessoal e

a humanização do cuidado prestado. Assim, levanto alguns questionamentos:

existem práticas educativas na instituição que focam a subjetividade do cuidado? As

práticas educativas podem resgatar a sensibilização das relações interpessoais no

cuidado de enfermagem?

Considerando essencial o cuidado de enfermagem e a valorização do ser

humano na sua totalidade, incluindo os aspectos subjetivos durante a assistência,

proponho a implementação de uma proposta educativa que vise resgatar a essência

do cuidado de enfermagem com a sensibilização durante a realização do

atendimento. Pretendo, com a realização deste trabalho, mostrar que os

profissionais de enfermagem devem permanecer atentos ao cotidiano das atividades

da profissão, incorporando a humanização no cuidado com o paciente.

A humanização e a subjetividade estão intimamente relacionadas e

ressaltam características próprias de cada um, pois são indispensáveis face às

ações de cuidado que têm ênfase no aspecto ético e moral, decorrentes das

experiências vividas pelos profissionais de enfermagem (PERSEGONA et al, 2007).

A enfermeira tem um papel fundamental na prática da educação com a

equipe de enfermagem. Pois por intermédio desse processo, terá a possibilidade de

intensificar a subjetividade nas relações interpessoais e sensibilizar os profissionais

de enfermagem para a subjetividade do cuidado.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma prática educativa sobre a subjetividade do cuidado de

enfermagem com profissionais de uma unidade hospitalar no interior do Rio Grande

do Sul.

2.2 Objetivos Específicos

a) Problematizar com a equipe da unidade a realidade das relações

subjetivas no cuidado de enfermagem vivenciada no setor.

b) Sensibilizar as relações interpessoais entre a equipe, pacientes e

familiares.

c) Avaliar o percurso de sensibilização nas relações interpessoais da

equipe a partir do desenvolvimento de uma prática educativa sobre a subjetividade

do cuidado de enfermagem.

11

3 REVISÃO DE LITERATURA

A obtenção do verdadeiro significado do cuidar é a busca incessante pelo

constante emprego da humanização. O pensamento nos elementos essenciais do

cuidado humano, ou seja, a exteriorização do amor, da solidariedade e do respeito

mostra que a atitude humana em prestar o cuidado ao paciente independe da

relação que o profissional tem com essa pessoa. A harmonização das relações

humanas e o equilíbrio junto ao meio social são as idéias que norteiam o profissional

de enfermagem no ato de cuidar.

O ensino realizado por Florence Nightingale treinava pessoas para cuidar de

outras, sendo esta a característica principal da Enfermagem. O conhecimento

científico e também a capacidade de observação e percepção são características

que o enfermeiro emprega no processo do verdadeiro cuidado, planejando cada fase

desse processo e obtendo a maior capacidade de visualizar o que o paciente

necessita, assim como compreender seus questionamentos e aflições (PRADO,

2006).

A prestação de cuidado de saúde ao ser humano é capacitada pelo ensino

de enfermagem, que visa a realização da melhoria contínua de procedimentos que

asseguram a saúde; combater e prevenir doenças e ainda regenerar as lesões.

Quando não for possível a cura ou recuperação, devemos proporcionar uma morte

digna e com menos sofrimento possível. Um embasamento científico assegura este

futuro profissional e o atendimento das necessidades do próximo, inerentes ao

exercício da profissão. A aprendizagem obtida na escola e no exercício da profissão

é base para o alicerce do cuidado desenvolvido pelos profissionais de enfermagem

(BAGGIO, 2006).

Maestri (2008) descreve que a experiência como docente de um curso de

graduação em enfermagem, onde utilizou estratégias de sensibilizações, relatos de

vivências e experiências dos estudantes em que o diálogo instigava o pensar sobre

o compromisso com o acolhimento do paciente e sua família, apresentou resultados

intimamente significativos na construção de um novo saber.

“Nessa época, identifiquei que realmente existiam lacunas na formação

profissional relativas às oportunidades de discussão e vivências focadas e

12

direcionadas de forma mais explícita e relevante para o acolhimento dos pacientes e

familiares” (MAESTRI, 2008, p 16).

Outra vivência realizada no curso de formação de auxiliares de enfermagem

com o objetivo de autoconhecimento para bem cuidarmos do outro, constatou que

nem todos os participantes fizeram uma associação entre o bem-estar pessoal e a

profissão. Destaca a importância dos educadores investirem em formas de

sensibilização para a transformação do cuidado (VIANNA, 2000).

É necessário que haja a mudança de comportamento dos profissionais de

enfermagem, pois a categoria necessita ser mais persuasivo, participativa e que

atue de acordo com o momento atual, com as necessidades e situações diversas,

melhorando assim a arte de cuidar. No momento em que o profissional de saúde

tem o primeiro contato com seu paciente, deve fazê-lo da maneira mais humana

possível, com calor humano, identificando-se com sua dor; isto é, demonstrando o

afeto e compaixão necessários a fim de que o paciente venha a se sentir seguro, de

modo que essa pessoa tenha a tranqüilidade de olhar e permitir que seja observada,

ouvir e ser ouvida por àquele profissional, sem prévias discriminações, nem

agressões faciais ou verbais.

A palavra “compaixão” anteriormente mencionada, não quer dizer que o

profissional de saúde tenha “dó” do ser cuidado e sim, o real sentido da palavra:

“com paixão”; ou seja, demonstrar todo o afeto necessário para o tratamento

daquele paciente. A maior possibilidade de cura e/ou melhor qualidade de sobrevida

são verificadas naquela pessoa que é realmente apoiada pelo profissional que

dispensa um tratamento humanizado no cuidar. A correta e sincera busca pelo

tratamento com o paciente, só será alcançada por intermédio da real mudança de

cultura dos profissionais de saúde (PRADO, 2006).

3.1 A subjetividade do cuidado

Persegona et al (2007) evidencia que a subjetividade que permeia o

processo de cuidar nos serve como uma ferramenta para o processo de lapidação

do cuidado humano e solidário, sendo a grande busca da enfermagem ao longo da

história. É essencial que a subjetividade seja compreendida e reconhecida, a fim de

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que o desenvolvimento da enfermagem e o método do cuidado com o paciente se

tornem mais humanos. Logo, o resultado de interações que permitem ao outro ser

humano expressar seus sentimentos relacionados a experiência ou vivência é a

dimensão expressiva do cuidado de enfermagem, de natureza emocional que inclui

a intuição e a expressão da subjetividade. Portanto, as características próprias do

ser humano são acentuadas e estão intimamente relacionadas com a humanização

e subjetividade, as quais encontram-se inseridas no processo de cuidar, pois, a

partir da percepção das experiências vividas e dimensionadas positivamente ou não,

do cuidado em relação ao paciente, são os elementos indispensáveis para

desenvolver as ações de cuidado, com destaque para a ética e a moral. Por isso,

somente a partir das experiências que os profissionais vivenciam, podemos

interpretar as experiências pertencentes e vividas com os pacientes.

Para que haja a modernidade no atendimento ao paciente é essencial e

desejável o emprego da tecnologia, de forma que ocorra o prolongamento da vida e

a diminuição do sofrimento de diversas pessoas, paralelamente não devemos dar

prioridade aos aparelhos e deixar de lado o cuidado direto com o paciente. A

melhora da qualidade de vida dos pacientes está baseada no emprego da tecnologia

que deve ser usada de forma criativa e humana.

A questão do cuidado humanizado, além da segurança, eficácia, impacto

social em relação ao custo/benefício nos transparece que é imprescindível a

implantação deste aspecto de sensibilização do cuidado com o paciente. Deste

modo, é fundamental que para a prática da enfermagem, o cuidado humanizado seja

intensamente desenvolvido pelos profissionais. É necessário que os próprios valores

e conhecimentos sejam refletidos pela equipe de enfermagem e dessa maneira,

reconheçam e assumam suas responsabilidades profissionais (SARTORI et al,

2006).

No atendimento prestado ao paciente, entendemos que o cuidado sensível

está no campo estético da profissão; ou seja, na parte do trabalho com amor

realizado pela enfermagem, que não se separa do conhecimento técnico adquirido.

Esse cuidar sensível abrange as relações entre os profissionais, a percepção com a

sensibilidade do próprio profissional e do meio ambiente; como também, o

entendimento da subjetividade com a conseqüente humanização do cuidar. Deste

modo, são analisadas duas áreas que envolvem a problemática do cuidar no seu

ponto de vista ético: a ética e a estética na enfermagem e a ética na equipe de

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saúde. Prestando de forma eficiente o cuidado e de modo solidário, a atitude ética

nos conduz à honestidade e nos mantém de forma serena. Portanto, não pode ser

ético a utilização do tratamento com o ser humano como se ele fosse apenas um

objeto, sem a presença de afeto e sentimento, como algo que está sendo produzido

em série. Também não é ético tratar do semelhante sem entender a si próprio

(TEIXEIRA, 2005).

Na atual realidade, a vivência de um mundo que sofre permanentes

mudanças obriga os profissionais da saúde a estarem sempre se atualizando,

buscando inovar sua prática para não sofrerem o risco de serem superados. Caso

contrário, correm o risco de robotizar suas ações, tornando os seus atos mecânicos,

automáticos, sendo bastante perigoso, pois os cuidados prestados não podem ser

trabalhados como um instrumento ou estratégia para a prática (WALDOW, 2009).

O surgimento de uma prática profissional que prejudique o cuidado com o

paciente e conseqüentemente a subjetividade do cuidado é decorrente da

sistematização das ações, o que torna a atividade mecânica e automática.

Ao se definir competências que o enfermeiro deva desenvolver faz-se necessário refletir, sobre as habilidades instrumentais, cognitivas, afetivas, sociais e culturais no processo de cuidar dos pacientes e familiares nos serviços de saúde e no contexto domiciliar. Os enfermeiros devem desenvolver habilidades e atitudes para a construção de uma relação terapêutica enfermeiro/paciente e enfermeiro/família (MAESTRI, 2008, p16 e 17).

A capacitação de um profissional no ensino de enfermagem, busca, à

prestação de cuidado de saúde ao ser humano-paciente-cliente, à realização e

aperfeiçoamento de tecnologias e procedimentos que promovam a saúde (BAGGIO,

2006).

15

REALIDADEREALIDADEREALIDADEREALIDADEREALIDADEREALIDADE

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de uma prática educativa que foi baseada na metodologia de

Bordenave, que sugere um caminho de ensino, fazendo com que os sujeitos possam

rever suas ações de cunho assistenciais, por acreditar que com a educação haja

uma melhora das relações interpessoais e principalmente na qualidade da

assistência prestada aos pacientes e seus familiares.

O trajeto metodológico desse projeto está apoiado na Metodologia

Problematizadora (MP), criada pelo professor Dr. Juan Diaz Bordenave, tendo como

uma das formas propostas para a implementação da Metodologia Problematizadora,

o uso do método do Arco, elaborado por Charles Maguerez e adaptado por

Bordenave, (REIBNITZ,1999, p.130), com as seguintes etapas:

Fonte : Reibnitz, (1999, p.130).

a) Observação da realidade: caracterizou pela seleção de algum aspecto da

realidade que foi observado ou vivenciado pela equipe e que se relaciona com a

subjetividade do cuidado. Por intermédio do levantamento dos problemas sugeridos

pela equipe, a facilitadora e os participantes escolheram àqueles que foram

discutidos, (REIBNITZ,1999, p.130).

b) Pontos-chave: nesta etapa foram identificadas as fragilidades e potencialidades

da subjetividade do cuidado. Os pontos-chave são conjuntos de aspectos

16

relacionados a esse problema, que guiaram a próxima etapa, a de teorização,

(REIBNITZ,1999, p.130).

c) Teorização: consistiu na busca sistematizada de informações científicas, oficiais

ou empíricas, que foram disponibilizadas para equipe. Cada item da Teorização teve

como objetivo, fundamentar os pontos-chave definidos na etapa anterior,

(REIBNITZ,1999, p.130).

d) Estratégias de Aprendizagem: são alternativas escolhidas para operacionalizar

os temas da teorização (REIBNITZ,1999, p.130).

e) Hipóteses de solução: significam a elaboração de alternativas de solução para o

problema, (REIBNITZ,1999, p.130).

f) Aplicação à realidade: seleção de soluções do problema, visando à

transformação da realidade em algum grau, (REIBNITZ,1999, p.130).

Buscando-se instaurar uma educação libertadora, com a participação ativa

dos sujeitos deste estudo, procurei no referencial de Bordenave o respaldo

necessário para elaborar a ação educativa, visando a melhoria do cuidado prestado

através da sensibilização dos profissionais, alicerçados na visão do processo

ensino-aprendizagem.

4.1 Etapas Metodológicas

No projeto, seria executada a dinâmica em grupo. Ao me deparar com a

realidade do setor, tive que modificar o trabalho e conduzir a execução de dinâmicas

individuais. Verifiquei que não era possível devido à sobrecarga de afazeres e

poucos profissionais para realizar o cuidado prestado aos pacientes e seus

familiares.

17

A prática educativa foi organizada com atividades, que foram desenvolvidas

com os profissionais no próprio setor, individualmente, durante o horário de trabalho.

4.2 Conhecendo a realidade

A facilitadora realizou a sua apresentação da proposta de trabalho a entrega

mediante de um folder (Apêndice A), o qual continha a proposta da prática

educativa. Nesta oportunidade, também foi entregue o TCLE (Apêndice B) em duas

vias, ficando uma cópia com o participante e a outra com a facilitadora.

Uma lista de codinomes foi disponibilizada (Apêndice C), solicitando que

cada participante, individualmente, escolhesse um deles, informando apenas para a

facilitadora, a fim de serem identificados, durante a prática educativa.

Para o conhecimento da realidade, a facilitadora realizou inicialmente uma

observação das relações subjetivas entre o profissional com o paciente e seus

familiares e também a relação interpessoal entre a equipe.

Para cumprir os propósitos pré-estabelecidos, foi utilizado um roteiro de

observação (Apêndice D) com alguns pontos que foram observados dentro da

unidade, sendo executada uma observação sistemática. No mesmo dia, deixei na

pia de medicação do posto de enfermagem da unidade, uma caixa pequena

contendo a seguinte pergunta: qual a percepção da equipe na subjetividade do

cuidado? Ao lado da caixa, foram disponibilizados papel e caneta a fim de que cada

participante registrasse a sua resposta. A facilitadora solicitou que eles

respondessem e colocassem suas respostas na caixa. Ainda com o objetivo de

conhecer a realidade, foi realizada uma oficina de reflexão a partir da confecção de

cartões com questões registradas na observação sistemática.

Ao final da oficina a terapia do abraço foi implementada, ressaltando a

fundamental importância da humanização do profissional e a conseqüente

subjetividade do cuidado com o paciente e seus familiares.

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4.3 Identificando o Problema

Partindo do conhecimento da realidade, a facilitadora disponibilizou uma

cartolina e caneta hidrocor, preta e vermelha, levantando as fragilidades e as

potencialidades existentes na subjetividade do cuidado com o paciente na unidade.

Foi realizada a dinâmica Rompendo o Cerco, com o objetivo de encontrar as

soluções necessárias, quando queremos ultrapassar alguma dificuldade, enquanto

as pessoas ao nosso redor impedem ou não ajudam, nos resultados está descrito a

dinâmica (MILITÃO, 2005).

Essa dinâmica destina-se a grupos que já se conhecem e existe algum

participante que não está entrosado ou para grupos desconhecidos. O tempo

utilizado foi de aproximadamente dez minutos.

Após a dinâmica, foi projetado um trecho de um filme, retirado do site do

youtube, denotando o resgate da essência da Enfermagem para a equipe desses

profissionais da saúde e outro que mostrava o resgate da humanização dos

profissionais da saúde para o auxiliar de transporte e secretária. Após a exposição

do vídeo, foram realizados um debate e uma reflexão sobre os pontos positivos e

negativos, do filme que foi assistido. Essa atividade foi desenvolvida para resgatar a

essência do cuidado com o paciente e seus familiares, enaltecendo a reflexão sobre

o lado humano e profissional de cada participante.

4.4 Elencando os Pontos - Chave

A facilitadora priorizou, junto com os participantes, depois de conhecerem as

fragilidades e potencialidades, o que pode ser melhorado nas relações entre os

profissionais, a fim de potencializar a subjetividade do cuidado, resgatando a

sensibilização daquelas pessoas.

Em seguida, foi projetado um pequeno trecho do filme de Patche Admas, “O

Amor é Contagioso”, retirado do site do youtube e logo após, foi realizado o debate

sobre o trecho apresentado, ressaltando a sensibilização dos profissionais de

enfermagem no cuidado com o paciente.

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4.5 Construindo a Teorização

Nessa etapa, a facilitadora permaneceu no setor da unidade, onde

disponibilizou alguns trechos de artigos (Apêndice E) sobre a temática já trabalhada,

com o objetivo de motivar os participantes, ampliar seus conhecimentos e também

desenvolver e intensificar a sensibilização da equipe no cuidado com os pacientes.

Esses trechos de artigos foram apresentados em cartolina com a utilização de cores

atrativas, para despertar o interesse dos profissionais.

4.6 Criando Hipóteses de Solução

Nessa fase, a facilitadora estabeleceu contato individualmente com cada

participante e juntos, elaboraram as estratégias de melhoria para o setor.

4.7 Aplicando a realidade

Durante duas semanas, a facilitadora permaneceu no setor para avaliar a

execução das estratégias, que foram elaboradas na etapa anterior, e estimulou os

participantes na implementação das estratégias e na reflexão de possíveis

limitações encontradas.

4.8 Avaliando

Em todos os encontros foi executada uma avaliação por intermédio de um

debate sobre o desenvolvimento da prática educativa, solicitando aos participantes

20

que expressassem suas opiniões e manifestassem sugestões para a melhoria do

desenvolvimento da prática.

Foi utilizada a dinâmica do papel amassado, com objetivo de que os

participantes refletissem sobre o seu aprendizado e avaliassem a experiência

vivenciada,(Anexo A), JORNAL EM SALA DE AULA, 2009). Os materiais utilizados

foram: folhas de papel em branco, aparelho de som com CD e a música “Como uma

Onda” (Lulu Santos Anexo B)(LESTRAS.MUS.BR, 2009).

No final da última etapa foi desenvolvida uma avaliação, a fim de perceber

se houve mudança na realidade vivida pelos participantes e verificar o resultado da

prática educativa, por meio de uma questão norteadora.

Ao final do desenvolvimento da dinâmica foram criadas oportunidades de

abraços e despedidas.

4.8.1 Campo de desenvolvimento da prática educativa

A prática educativa foi desenvolvida em uma unidade, de um hospital da

região oeste, do interior do Estado do Rio Grande do Sul, sendo esta, uma

instituição filantrópica e sem fins lucrativos. Sua estrutura física compõe-se de

Banco de Sangue, Centros Cirúrgico e Obstétrico, Unidades de Terapia Intensiva

Adulta, Pediátrica e Neonatal, Unidade de Clínica Médica, Unidade de Clínica

Cirúrgica, leitos de isolamento em todos os pavimentos e Pronto Socorro. O Pronto

Socorro é dividido em duas áreas, uma para atendimento de Urgência e Emergência

e outra para Consultas Ambulatoriais, inclusive em Pediatria. Esta instituição

hospitalar, disponibiliza doze leitos exclusivos, para tratamento de dependência

química e psiquiatria, pelo Sistema Único de Saúde.

Atualmente, existem quinhentos e vinte e um (521) funcionários, trinta e

quatro (34) enfermeiras e cem (100) médicos de várias especialidades para o

atendimento de toda estrutura hospitalar com duzentos e trinta (230) leitos

(JUSBRASIL POLÍTICA, 2009).

21

4.8.2 Estrutura Física

A Unidade do Hospital Carinho possui 16 dependências para pacientes, as

quais dispõem de leitos, perfazendo um total de 41 leitos na Unidade. Essas

dependências são especificadas por números, e quando há mais de um (01) leito no

quarto, esses são especificados por letras.

Para internação de pacientes, não há distribuição por patologias ou tipo de

cirurgia, mas sim por sexo, casos clínicos separados de cirúrgicos e casos que

necessitem de isolamento.

Além das dependências para pacientes, o setor possui sete (07) salas com

funções distintas, sendo rouparia, expurgo, sanitário para funcionários, posto de

enfermagem, sala de procedimentos, sala para lanche e vestiário dos funcionários,

monta carga.

4.8.3 Participantes

Foram convidados a participar da prática educativa, enfermeiros, técnicos de

enfermagem, secretária e o auxiliar de transporte, totalizando seis profissionais.

Foram escolhidos estes profissionais, pelo fato da unidade, geralmente, ter uma

clientela vulnerável emocionalmente pelo procedimento cirúrgico.

É o lugar que precisa de profissionais, com uma percepção e sensibilidade

desenvolvidas, para prestar o apoio necessário para essa clientela, no período de

permanência na unidade hospitalar.

4.8.4 Período da Prática

A prática educativa foi realizada no período de abril a junho de 2010, por

intermédio de encontros semanais no setor, com duração média de cinco horas em

22

cada encontro no campo. Para cada encontro semanal, foram planejadas e

organizadas as atividades, que foram desempenhadas.

4.8.5 Aspectos Éticos

Conforme preconiza a Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 196 de

10 de outubro de 1996, na pesquisa envolvendo seres humanos tem que haver a

total privacidade do nome da instituição e dos participantes.

Os participantes e a instituição foram mantidos em sigilo, sendo que o meu

dever ético, enquanto facilitadora da prática educativa, manter a privacidade,

utilizando codinomes (Apêndice A), para preservar suas identidades.

O nome do hospital está sendo descrito aqui como “Hospital Carinho”, e a

equipe denominada como “Alegria”.

O Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) (Apêndice B) contém

as informações da prática educativa e o consentimento dos participantes para utilizar

gravador de voz e fotografias, para registrar alguns debates e entrevistas. Deixa

claro, também, que o voluntário pode optar em participar ou não dessa prática e

desistir a qualquer momento.

23

5 APRESENTAÇÃO E REFLEXÃO DOS RESULTADOS ENCONTRADOS

A seguir será demonstrado como foi apresentada a proposta para o

desenvolvimento da prática educativa entre os participantes, bem como, os

resultados encontrados.

5.1 Apresentando a Proposta

Ao procurar o coordenador de enfermagem do hospital Carinho, apresentei-

me, e expliquei o desenvolvimento da proposta da prática educativa com a equipe

da Unidade baseado no meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Houve

receptividade da proposta e posterior liberação para o início das atividades.

5.2 Apresentação da Proposta para a Equipe

A proposta de trabalho foi apresentada à equipe da unidade, sendo que,

participaram da prática três técnicas de enfermagem que trabalham na instituição a

menos de seis meses, uma técnica estagiária contratada pela instituição há um ano,

um auxiliar de transporte contratado a dois meses e uma secretária do setor que

trabalha na instituição a seis anos. Dentre os técnicos de enfermagem, a maioria

está na instituição a menos de um ano e ainda estão realizando o entrosamento

ideal. A equipe Alegria relatou que a prática educativa teria maior sucesso, caso

houvesse a possibilidade de ter sido realizada com todos profissionais da instituição,

pois existem reclamações dos pacientes e familiares em relação ao atendimento

prestado, principalmente, pelos profissionais com mais tempo no exercício da

enfermagem.

A enfermeira do setor, apesar de ter mostrado boa vontade em colaborar, não

quis participar da execução da prática, pois alegou que não é fixa no setor e não

teria como dar continuidade ao trabalho. Mesmo assim, no final de cada encontro,

24

era repassado para ela o que foi desenvolvido com a equipe, por considerar uma

oportunidade de conhecer suas reflexões sobre a subjetividade das relações.

Na proposta inicial do projeto participariam apenas os profissionais de

enfermagem. No entanto, no primeiro contato com a unidade, percebi que era muito

importante envolver toda equipe do setor, incluindo outros profissionais como a

secretária e o auxiliar de transportes, uma vez que todos realizavam, direta ou

indiretamente, o cuidado com o paciente e seus familiares, sendo importante a

inclusão desses profissionais na prática educativa.

No primeiro encontro apresentei-me à enfermeira que estava escalada no

setor e expliquei como seria executada a prática educativa, entregando um folder

sobre o planejamento do desenvolvimento do trabalho. Ela me acolheu muito bem,

dizendo que eu poderia contar com ela no que eu precisasse. Reuniu a equipe e

solicitou para que todos prestassem atenção no que seria comunicado por mim.

Apresentei-me aos participantes da prática e solicitei que cada um fizesse o mesmo,

dizendo seu nome, e expliquei como seria realizada a prática educativa. Distribui o

folder (Apêndice A), o TCLE(Apêndice B) e os li juntamente com a equipe Alegria.

A equipe do setor, inicialmente, estava tímida e curiosa, mas logo se

identificaram com o trabalho e me acolheram bem. Todos aceitaram participar

espontaneamente, mostrando-se dispostos e com boa vontade.

A proposta inicial era que cada um dos participantes escolhessem um

codinome entre os que estavam na lista. Ao chegar no setor, preferi deixar que eles

escolhessem o codinome que mais se identificassem (Apêndice C). Resolvi no

primeiro momento, aguardar até que apresentassem o codinome escolhido. Quando

verifiquei que ainda não haviam escolhido, disponibilizei a lista com alguns

codinomes no intuito de facilitar a escolha. Indaguei aos participantes,

individualmente, solicitando o codinome selecionado. Três profissionais escolheram

codinomes fora da lista e outros três preferiram escolher os da lista que foi

apresentada como opção. A partir deste momento, a equipe Alegria ficou composta

pelos seguintes integrantes: DINO, FLOR, ESTRELA, LILICA, PATATA E

SHAYERA, que foram utilizados nas oficinas.

No decorrer da prática foi estabelecida uma relação próxima com a equipe,

sendo que durante a realização das práticas individuais ocorreram momentos

oportunos para isso, conquistando a confiança, o companheirismo e a intimidade

profissional com os participantes. Assim, obtive mais liberdade para indagar e

25

solicitar a colaboração da equipe Alegria, incentivando-a a todo o momento a

prestarem o verdadeiro cuidado humanizado e a reflexão de suas ações.

5.3 Conhecendo a Percepção da Equipe na Subjetividade do Cuidado

Para saber o que a equipe entendia por subjetividade do cuidado,

disponibilizei uma caixa pequena e coloquei-a ao lado da pia no posto de

enfermagem da unidade, onde são preparadas as medicações. Na parte superior da

caixa inseri a seguinte pergunta: Qual a percepção da equipe na subjetividade do

cuidado? Com a finalidade de que eles respondessem com mais facilidade,

disponibilizei junto à caixa, caneta e papel. Solicitei que eles respondessem assim

que pudessem. A maioria respondeu logo e para alguns entreguei o papel e a

caneta em mãos. Dessa maneira, foi obtida a participação de todos, com suas

opiniões sobre o questionamento, em virtude da importância da percepção da

equipe na subjetividade do cuidado. Assim, obtive as seguintes respostas da equipe:

“Com o trabalho do dia-a-dia, passei a vê que o paciente precisa de mais

cuidados, conforto humano, então passei a me doar mais, passar carinho e atenção

(FLOR)”.

Concordo com Maestri (2008) que as experiências de acolhimento com o

passar do tempo são intensamente gratificantes, principalmente quando o familiar

manifesta confiança na equipe de saúde.

“Considero que no decurso que tenho trabalhado houve o aprimoramento e

envolvimento dos sentidos, pois no período que antecedera sentia-me com

dificuldade de relacionamento (SHAYERA)”.

Segundo Teixeira (2005), a verdadeira mudança ocorre no presente, no qual

o sujeito está em contato com seu corpo, sentimento e ação, sendo tempo de

possibilidade de relacionar-se com o outro, no qual a percepção faz-se mais

aguçada e a atualização do desejo processa transformação.

“A equipe de enfermagem em geral, trabalha em torno do auto-cuidado e da

atenção com os familiares e acompanhantes que também fazem parte (LILICA)”.

26

Ao estarmos abertos ao cuidado com o paciente e sua família, várias

dificuldades são superadas, nos auxiliando de forma equilibrada as necessidades

emocionais e o uso das tecnologias duras (MAESTRI, 2008).

“A equipe trabalha um ajudando o outro sempre as pessoas que aqui estão,

algum problema enfrentam no momento, talvez isso as levem a ficar mais sensíveis

e vulneráveis (ESTRELA)”.

O trabalho em equipe não se faz somente pelos conhecimentos técnicos

legais; é preciso ter espaços para expor a subjetividade (TEIXEIRA, 2005).

“A equipe é muito dedicada, pois vejo que há um laço de amizade com os

pacientes e acompanhantes mais antigos (DINO)”.

“Acho que devemos cuidar do próximo como gostaríamos de ser cuidados,

controlando os sentimentos e sabendo separar o lado profissional do pessoal

(PATATA)”.

Segundo Vianna (2000), para bem cuidarmos do outro de forma humana,

devemos ter em mente quem somos, o que desejamos, quais as nossas

potencialidades como seres humanos.

Percebi que para alguns o trabalho em equipe é importante e, desse modo, a

subjetividade do cuidado pode ser alcançada prestando um bom atendimento. Além

disso, a equipe demonstrou-se preocupada com a subjetividade do cuidado, pois

alguns relatam que com o passar do tempo eles perceberam essa necessidade e

verificaram que quando iniciaram na profissão realizavam suas tarefas sendo mais

técnicos e menos afetivos.

Desse meu primeiro contato com a equipe constatei que fui bem acolhida e

que a equipe aceitou a proposta que comecei a desenvolver, não havendo

dificuldades para sua realização.

5.4 Observando as Relações Interpessoais

Para conhecer como a equipe se relaciona com os pacientes e seus

familiares, realizei a observação dos participantes durante a prestação do cuidado,

seguindo o roteiro proposto (Apêndice D).

27

Durante a observação dos participantes, constatei que todos já tinham um

contato prévio com os pacientes que estavam sob os seus cuidados. Dessa forma,

não pude observar se os profissionais possuem o hábito de se apresentarem aos

pacientes e seus familiares no primeiro contato. Alguns conversaram de forma

amistosa, tocando e demonstrando carinho com paciente e seus familiares,

enquanto outros atendem o paciente de forma mais rápida sem dispensar-lhe uma

atenção, justificando que possuem muitos afazeres e que no setor existem poucos

profissionais, não havendo tempo para prestar um cuidado demorado. No entanto,

verifiquei que todos conhecem os procedimentos a serem executados, bem como

sua real importância.

Observei que é freqüente a realização de comentários impróprios sobre um

paciente, durante a execução dos cuidados com outro paciente. Esse fato me

motivou a propor uma reflexão para a equipe, o que gerou um momento de auto-

avaliação dessa conduta.

Para a execução dos procedimentos que requerem maior privacidade, como

por exemplo, a troca de fraldas de pacientes dependentes, onde na maioria das

vezes o biombo não era utilizado; o que expunha o paciente assistido aos demais

pacientes do quarto e seus respectivos familiares. O motivo alegado pela equipe

deve-se ao fato de haver apenas um biombo na unidade que permanece

acondicionado no início do corredor da unidade.

Quando os pacientes solicitavam a presença dos profissionais, a equipe de

um modo geral, atendiam-nos prontamente, interagindo e prestando a atenção

necessária, mas nem sempre as necessidades e solicitações eram atendidas de

imediato.

Observando a participante Estrela, verifiquei que ela não interrompia seus

afazeres para fornecer as informações solicitadas pelos pacientes e familiares.

Talvez o fato da sobrecarga de atividades burocráticas e o local onde essas

atividades são desenvolvidas, tornam as ações da Estrela mais mecanizadas.

Essas observações tiveram grande importância para o desenvolvimento de

minha proposta, pois foi possível identificar como se encontrava a equipe antes e

como se comportou, após a minha intervenção, no tocante à subjetividade do

cuidado e a interação do profissional com a equipe, o paciente e seus familiares.

Durante a observação dos participantes no setor não informei o que eu estava

verificando, para não influenciar no comportamento dos profissionais. Somente,

28

revelei o que eu estava observando, por meio de um roteiro de observação, no final

do dia durante a dinâmica de reflexão.

Apesar de não ser o foco do meu trabalho, pude observar que todos os

técnicos de enfermagem, ao puncionarem o paciente, não utilizavam luvas de

procedimentos. Aproveitando que estavam todos reunidos na sala de medicação,

propus uma reflexão sobre a importância do auto-cuidado da equipe, durante o

cuidar do paciente. Sendo assim, não pude deixar de registrar o que uma das

participantes relatou:

“Eu faço isso bastante sou uma pecadora consciente (SHAYERA)”.

De modo geral, a equipe reconhece suas fragilidades neste processo e se

referem a ficar mais atentos a esses aspectos, para que não haja a ocorrência de

um acidente, devido à exposição do sangue. Resgatei a importância do uso de

equipamento de proteção individual com todos pacientes durante a realização de

punção e demais procedimentos, onde haja o risco de exposição a fluídos corporais.

5.5 Refletindo sobre a Realidade com a Equipe

A facilitadora confeccionou diversos cartões, os quais ilustraram a realidade

da unidade, apresentando os resultados obtidos com a observação sistemática e as

respostas do questionamento realizado no setor. Uma oficina de reflexões foi

executada a fim de intensificar a percepção da equipe quanto a subjetividade do

cuidado.

Os participantes, individualmente e de acordo com o seu tempo disponível,

receberam todos os cartões, contendo as questões. Objetivou-se nesse momento,

que cada participante pudesse refletir sobre a realidade que vivenciavam no setor.

Os participantes da prática foram informados apenas no final da atividade qual era a

origem das informações contidas nos cartões.

Nos cartões construídos havia as seguintes reflexões:

29

.

Os participantes refletiram sobre a importância da confiança e da empatia, e a

maioria reconheceu que precisava sempre estar revendo suas ações, que em vários

momentos eles se colocam de maneira ríspida, que não podem deixar que a rotina

do dia-a-dia os tornem mecanizados e que precisam trabalhar mais o envolvimento

com o paciente e seus familiares, mantendo o respeito e a privacidade. Concordo

que isso é importante para fortalecer o vínculo com o paciente e seus familiares,

lhes transmitindo segurança.

A reflexão da prática como um todo, tem como meta principal transformar,

refletir sobre as ações, olhar para dentro e ver a si próprio, confrontando o que se

quer com o que faz, enquanto está realizando uma ação (WALDOW, 2009).

“Olha! Concordo com tudo isso, que a partir do momento que damos mais

carinho e atenção para o nosso paciente, ele tem uma recuperação mais rápida

(PATATA)”.

“Apesar do paciente ser o meu objeto de trabalho e estudo, ele é um ser

humano. Logo, ele também me passa emoção, faz com que eu me sinta bem

quando acerto os cuidados e procedimentos utilizados; como ainda, sentir-me mal,

quando eu erro (SHAYERA)”.

Com o dia-a-dia o paciente precisa de

mais cuidados, calor humano, que o

profissional se doe mais, que passe

carinho, atenção, que o trate com respeito

e mantendo a sua privacidade.

Cuidar do próximo como gostaria de ser

cuidado, controlando os sentimentos e

sabendo separar o lado profissional do

pessoal. Não deixar que as ações se

tornem mecânicas, passando a vê o

paciente como objeto de trabalho.

Aprimorar nossos conhecimentos e

sentidos, trabalhar envolvimento,

dificuldade de relacionar-se. Apresentar

para o paciente, conversar de forma

amistosa.

Altera o tom da voz e se dirige de forma

ríspida. Faz comentários e ou conversas

impróprias na presença do paciente.

Falar de longe com o paciente e continua

a sua rotina. Fingir que nem escuta e que

a conversa nem é com ele.

A equipe deve trabalhar em torno do

autocuidado, sem dispensar atenção ao

paciente e seus familiares que também

fazem parte.

30

Amar-se é essencial para o cuidar, tendo em vista a valorização dos

aspectos éticos e estéticos e só cuida quem está disposto a trocar, reagir, a

interagir, a se colocar no lugar do outro (VIANNA, 2000).

Senti-me contente ao perceber que os participantes preocupam-se com suas

ações e que, através dessa reflexão, poderão existir mudanças por parte deles. A

UCC possui uma rotina acelerada e a equipe não pode deixar de executar suas

atividades, mas é preciso que a subjetividade do cuidado seja mais trabalhada com

cada participante.

Segundo Teixeira (2007), a humanização e subjetividade estão inseridas no

processo de cuidar, acentuando características próprias do ser humano, sendo

indispensável para viabilizar ações de cuidado com ênfase na ética e na moral.

Ao término da oficina de reflexões, a facilitadora sugeria que os participantes

se dessem um grande e apertado abraço em si mesmos, homenageando suas

qualidades de cuidador e ser humano, que se aceita, se ama, faz o que quer, gosta

e fará ainda melhor. Depois foi solicitado para o participante dar um abraço na

própria equipe simbolizando respeito, aceitação, afeto e solidariedade, lembrando as

qualidades das relações interpessoais dos profissionais pertencentes à equipe. Duas

participantes, voluntariamente, solicitaram um abraço da facilitadora emocionadas

com a dinâmica, após terem sido homenageadas na dinâmica individual.

5.6 Identificando o Problema

Para identificar as fragilidades e potencialidades na relação com o paciente,

fixei uma cartolina na sala de materiais e disponibilizei uma caneta hidrocor

vermelha e outra preta. Solicitei que cada participante listasse o seu ponto de vista

sobre as fragilidades e potencialidades existentes na subjetividade do cuidado com o

paciente na UCC, sendo apresentadas no quadro a seguir:

31

FRAGILIDADES POTENCIALIDADES

Falta de pessoal Trabalho em equipe no turno

Desorganização do setor Coleguismo

Falta de motivação Pontualidade

Falta de atenção por parte da equipe com o

paciente e seus familiares

União da equipe vespertino

Falta de humanização de alguns colegas

com o paciente

Afinidade com o trabalho do turno

vespertino

Não ter enfermeiro fixo Não têm fofocas e intrigas

Substituição freqüente de funcionário e

enfermeiro

A falta de dedicação de alguns colegas

Para finalizar esse encontro, desenvolvi a dinâmica Rompendo o Cerco.

Observou-se a perseverança e a resistência dos participantes diante de uma

situação de pressão e o exercício do trabalho de relacionamento entre os

profissionais.

Nessa oficina solicitei à enfermeira supervisora dos estagiários do curso

técnico de enfermagem do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

se ela poderia ceder seus alunos a fim de que eu pudesse efetuar uma dinâmica

com cada profissional do setor e ela, sem nenhum obstáculo, respondeu que eu

poderia utilizá-los o quanto fosse necessário. Todos me ajudaram muito para

realização dessa dinâmica e também se sentiram sensibilizados com a atividade

agradecendo por terem participado dessa prática.

A execução da oficina consistiu em formar um círculo de modo que os

membros ficassem com os braços entrelaçados e firmes; foi solicitado um voluntário,

sem dar explicações; e foi explicado que o voluntário saísse do círculo. O voluntário

tentou, por todos os meios, sair do círculo em 15 a 20 segundos; os demais, que

estavam firmemente no círculo, impediram que o voluntário saísse; solicitou-se que

o de dentro trocasse com outra pessoa e o procedimento foi repetido mais algumas

vezes. Ao final, seguiram-se alguns comentários para reflexão entre os participantes:

O que você sentiu ao ser voluntário, tentando sair do círculo e enfrentando tamanha

dificuldade? Qual o sentimento do grupo? Houve vontade de ceder? Surgiu

sensação de sadismo e a compaixão? O que significa romper o cerco? O que isso

32

tem a ver com a realidade do nosso dia-a-dia? Quais as palavras “mágicas” do

relacionamento humano?

Há várias formas de se comunicar utilizando as palavras mágicas, dentre

estas há as seguintes:

LICENÇA;

DESCULPA;

POR FAVOR;

OBRIGADO(A);

VOLTE SEMPRE;

DISPONHA;

SOMENTE UM MINUTINHO.

Os participantes manifestaram uma sensação ruim, sentindo-se presos e

ansiosos, relatando a importância de um bom cuidado prestado.

“Presa, sem ter como sair dali, impotente, ansiosa (ESTRELA)”.

“Me senti muito ansiosa, fiquei pensando o que poderia fazer para sair dessa

barreira e ir realizar minhas tarefas (PATATA)”.

“Se não damos carinho, atenção para paciente e familiar, fica difícil romper o

cerco, essa dinâmica tem muito haver com nosso dia-a-dia (SHAYERA)”.

Após a dinâmica foi projetado um trecho de um filme para a equipe de

enfermagem, retirado do site youtube, que resgatou o poder da enfermagem, e outro

que foi projetado para o auxiliar de transporte e a secretária que resgatou o

atendimento ao paciente com qualidade. Após a exposição do vídeo, foi conduzido

um debate reflexivo sobre os pontos positivos e negativos baseados no filme que foi

assistido. Dentre os pontos positivos, foi observado pelos participantes o

reconhecimento da importância de um bom atendimento, o reconhecimento de que o

paciente, já encontra-se com alguma fragilidade e necessita de maior de atenção, o

reconhecimento da importância da satisfação da pessoa a ser cuidada e o

reconhecimento da importância da direção do olhar no atendimento ao próximo;

como pontos negativos foram observados pelos participantes a falta de atenção

com o próximo, a falta de educação no atendimento, a falta de dedicação e

gentileza, a falta do olhar durante o atendimento das pessoas.

33

O filme mostrou a importância da enfermagem e a importância de um bom

atendimento com o público na área da saúde, resgatando a essência da

enfermagem como profissão, fazendo as técnicas de enfermagem reconhecerem a

sua importância frente às necessidades do paciente e de seus familiares. Aos outros

profissionais, o filme resgatou a importância de um bom atendimento, da dedicação

e educação no tratamento com o próximo.

Essa prática objetivou o resgate da essência do cuidado com o paciente e

seus familiares, enaltecendo a reflexão sobre o lado humano e profissional de cada

participante.

5.7 Elencando os Pontos - Chave

Os participantes destacaram como prioridades a serem trabalhadas para a

melhoria do setor a falta de atenção por parte da equipe com o paciente e seus

familiares, a falta de motivação e a falta de dedicação de alguns colegas com os

pacientes.

“Tem dia que estamos com muita coisa para fazer e não temos como dar nem

um pouco de atenção ao paciente e seus familiares (LILICA)”.

“A atenção depende muito de como estamos no dia, apesar de não justificar o

cuidado, por eu estar com problemas fora do trabalho, temos que saber separar as

coisas, pois o paciente não tem culpa (SHAYERA)”.

“Temos que ter mais atenção (FLOR)”.

“Ao passar pelo corredor preciso estar mais atento no que o familiar me

pergunta (Dino)”

Em seguida, foi projetado mais um pequeno trecho do filme Patche Adams,

“O Amor é Contagioso”, retirado do site youtube, e logo após foi realizado um debate

sobre o trecho apresentado, ressaltando a sensibilização dos profissionais de

enfermagem no cuidado com o paciente.

Os participantes reconhecem que a atenção é a base para tudo, que não

basta só executar os procedimentos técnicos e deixar o paciente sem atenção. O

filme mostra a importância de estar prestando um bom atendimento, de como é

34

importante perguntar o nome do paciente e de lhe fazer um carinho, passando-lhe o

afeto necessário.

5.8 Construindo a Teorização

Para ampliar os conhecimentos, desenvolver e intensificar a sensibilização

dos profissionais no cuidado com os pacientes e seus familiares, a facilitadora

confeccionou alguns cartões na cor amarela com letras vermelhas com alguns

trechos de artigos, sobre a temática já trabalhada. A facilitadora permaneceu no

setor, motivando os participantes com a leitura dos cartões, realizando-a junto com

cada participante da prática.

A equipe mostrou-se interessada em fazer a leitura do material e ressaltou

que está sendo muito boa a oportunidade que a facilitadora trouxe, para que eles

estejam se aprimorando no seu ambiente profissional, com trabalhos científicos.

5.9 Criando Hipóteses

Conscientizar-se da necessidade de maior atenção por parte da equipe com o

paciente e seus familiares;

Encarar o paciente como se fosse um familiar seu, com o objetivo de

aumentar a sua dedicação com a pessoa a ser cuidada;

Motivar-se, apesar das dificuldades de pessoal, em busca do melhor cuidado

com o paciente.

35

6 APLICANDO A REALIDADE

Ao permanecer durante duas semanas presente no setor, incentivei os

participantes na intensificação da relação profissional-paciente e percebi que os

profissionais dispensaram uma maior atenção e dedicação ao paciente e seus

familiares; fato que foi percebido também pelos próprios participantes da prática

educativa, que relataram a própria modificação do seu relacionamento emocional

com o paciente e seus familiares, havendo dessa forma, uma melhora significativa,

na qualidade do cuidado prestado.

Presenciei também, que apesar das dificuldades em relação à reposição de

pessoal e a conseqüente sobrecarga de pacientes sobre os profissionais de saúde,

houve uma maior conscientização e esforço de trabalho dessas pessoas, voltado

para uma maior motivação para o trabalho, com o objetivo de prestar o melhor

cuidado ao paciente, assistir a sua conseqüente e rápida recuperação e, desse

modo, obter o retorno positivo da sua dedicação e a valorização do seu trabalho.

6.1 Avaliando

Em todas as práticas educativas foi sugerido que se realizasse uma avaliação

diária. A equipe Alegria não quis acrescentar nenhum conhecimento a mais, pois

considerou que a proposta desenvolvida atingiu o objetivo desejado e demonstrou

boa aceitação com a avaliação da prática. A boa receptividade da avaliação pelos

participantes também se deve ao fato da presença da facilitadora durante os

horários de expediente dos profissionais, sem prejudicar o trabalho no setor. Dessa

maneira, houve um maior rendimento e otimização na execução da prática

educativa.

Ao término da prática educativa considerei importante avaliar o percurso

realizado. Assim, executei a dinâmica do papel amassado, para intensificar o quanto

é importante a reflexão antes e depois de qualquer ação, para que nunca haja a

possibilidade de abrir cicatrizes que jamais possam ser curadas.

36

Distribuí uma folha de papel em branco para cada participante,

individualmente, em momentos distintos. Solicitei que deixasse todo o material sobre

a cadeira, inclusive a caneta ou lápis. Orientei que amassasse a folha de papel o

máximo que pudesse e iniciei uma música. Em seguida, solicitei que desamassasse

a folha; deixei que a música tocasse por um bom tempo (LESTRAS.MUS.BR, 2009);

A facilitadora disse que ninguém jamais consegue tomar banho num mesmo rio duas

vezes. Isso significa que, por mais simples, elementar ou superficial, que uma

experiência possa nos parecer, sempre é possível aprender algo novo. Dirigi-me ao

participante e externei minha expectativa para que tivesse aprendido algo diferente

durante a avaliação e que a folha de papel de sua vida nunca mais seja a mesma, a

partir do término dessa prática educativa e que saiam modificados por algum

aprendizado (JORNAL EM SALA DE AULA, 2009).

Observo que as atividades educativas podem e devem sim ser realizada no

seu horário de trabalho.

A equipe não teve oportunidade de trocas; o momento de reflexão em grupo,

a respeito da prática educativa, se dava em momentos da rotina diária, durante a

preparação das medicações.

Por ser um momento de reflexão, entreguei a cada participante a seguinte

questão: Ao chegar no término da prática educativa, quais as conclusões e

reflexões que você leva para sua vida?

“No decurso do trabalho que nos fora apresentado, desvelamos a importância

do cuidado humano para com nossos clientes, sendo nos ofertado conhecimentos e

referência esclarecedora sobre o tema. Após os esclarecimentos a nós ofertados,

passei a perceber melhor a importância do cuidado humanizado (PATATA)”.

“A valorização do paciente e do colega, de trabalhar com maior ânimo e ser

mais atencioso (DINO)”.

“Adorei participar desse trabalho, foram vários toques, sinais, que a gente

passa às vezes despercebidos. No corre-corre do dia-a-dia, aprendi mais a dar

valor e a gostar mais da minha vida e de cuidar da vida do próximo (LILICA)”.

“De que cada dia que passa, devemos estar nos aprimorando em nossos

conhecimentos, não deixando nossa profissão virar rotina, devemos tratar os

pacientes com carinho e dedicação, com respeito e principalmente, não o expondo

(SHAYERA)”.

37

No atendimento prestado ao paciente e seus familiares,

entendemos que o cuidado sensível está no campo estético da

profissão, ou seja, na parte do trabalho com amor realizado

pela equipe que não se separa do conhecimento técnico

adquirido. Também não é ético tratar do semelhante sem

entender a si próprio (TEIXEIRA, 2005).

“Que devemos pensar muito antes de tomar qualquer atitude que possa ferir,

magoar alguém, pois com um falso gesto podemos causar ferida, que mesmo

curada, deixará cicatrizes de que um dia lesionamos o nosso semelhante (FLOR)”.

“Lidar com o ser humano não é fácil, lidar com a vida do ser humano se torna

ainda mais difícil, mas se o que é feito for feito com atenção, cuidado e carinho tudo

fica mais fácil. Dar atenção a quem está num hospital é o mínimo que se pode fazer.

Ninguém está aqui porque quer e sim porque precisa (ESTRELA)”.

Durante a realização da confraternização e visando a minha despedida (para

que a mesma ficasse marcada), entreguei a cada participante uma lembrança com

uma mensagem colada na caixa, com um trecho de um artigo já trabalhado na

prática educativa:

6.2 A Minha Percepção sobre esses Relatos

Acredito que a prática educativa gerou a conscientização necessária, fazendo

que todos refletissem sobre alguns pontos, que às vezes, passam despercebidos,

devido à correria do dia-a-dia no setor. Pois, não basta somente ouvir o paciente, é

necessário ouvir, conversar, tocar, se interessar pelos problemas que estão

angustiando o paciente e seus familiares. A aprendizagem acontece de ambos os

lados. É importante estabelecer uma relação humana e solidária, colocando-se um

no lugar do outro. Acredito que essa é a verdadeira assistência humanizada.

38

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao realizar o projeto da prática educativa, tive receio de como seria trabalhar

o tema do meu trabalho de conclusão de curso. Porém, obtive um ótimo resultado

alcançando os objetivos propostos, pois a equipe Alegria reconheceu e considerou

importante a busca da sensibilização na subjetividade do cuidado, a fim de

intensificar um cuidado humanizado, refletindo sobre suas condutas, visando a

melhoria no cuidado com o paciente e seus familiares.

A equipe Alegria participou de maneira espontânea, agradável e interessada,

o que gerou a minha facilidade de estabelecer uma relação próxima, que foi

essencial para o desenvolvimento e a conclusão da prática educativa, além de

demonstrar em todos os momentos boa vontade na participação do trabalho

educativo, mesmo com tantos afazeres no local.

Entretanto, me deparei com algumas dificuldades, entre as quais a falta da

reunião da equipe em conjunto e a conseqüente dinâmica em grupo, o grande

volume de trabalho no setor e a impossibilidade que os profissionais tiveram de

participar da prática educativa e em conseqüência, da interação entre si e da falta da

troca de experiências vivenciadas na profissão. Em virtude da dificuldade de reunir

os participantes simultaneamente, tive que me adequar à rotina dos participantes do

setor e realizar as práticas educativas, individualmente. Concluo que a metodologia

problematizadora serviu como guia para as atividades propostas, o que me auxiliou

nos planejamentos semanais.

A partir do sucesso da prática educativa, constatei realmente, que o

enfermeiro é verdadeiramente um educador. Pois é fundamental a sua presença

junto da equipe, uma vez que é um elemento capacitado para sanar dúvidas e é

responsável pela atualização dos conhecimentos científicos e procedimentos a

serem executados num determinado setor. É também o responsável pela motivação

da sua equipe, a fim de prestar o cuidado humanizado ao paciente, pela dedicação

integral e pela atenção presente em todos os momentos.

A evolução da subjetividade do cuidado com o paciente e seus familiares

pelos profissionais da equipe Alegria do Hospital Carinho, a partir do

desenvolvimento da prática educativa com os participantes, permite considerar que

a educação permanente deva ser realizada pelo enfermeiro do setor, a fim de que

39

possa ser mais trabalhada a questão da subjetividade do cuidado com todos os

profissionais, pois assim teremos uma equipe humanizada e qualificada no cuidado

e atendimento ao próximo.

Para o Curso de Enfermagem da UNIPAMPA, deixo a sugestão de buscar,

não somente a capacitação do futuro profissional quanto as técnicas, mas também

que seja trabalhado a subjetividade do cuidado durante a formação acadêmica, pois

o paciente necessita que o cuidado seja prestado de forma científica e humanizada.

Segundo Baggio (2006), a aquisição de conhecimentos necessita estar ligada ao

desenvolvimento da criatividade de forma a habilitar um profissional ativo e capaz de

articular seus pensamentos e idéias à técnica, à cientificidade, à ética e à estética.

Além disso, é necessário que exista na instituição formadora espaços para

convivência de grupos humanos na saúde, a fim de discutir e refletir sobre as

práticas realizadas (TEIXEIRA, 2005).

Aos acadêmicos de enfermagem, sugiro que estejam sempre buscando um

novo olhar crítico na subjetividade do cuidado, procurando sempre melhorar o

atendimento na relação com o paciente e seus familiares, vencendo barreiras

diversas, compreendendo que é necessário trabalhar a sensibilização; ou seja, o

ouvir, o tocar, o olhar nos olhos, a atenção, em prol da busca da melhor qualidade

da assistência do cuidado dos pacientes e seus familiares.

Acredito que devemos estar sempre atentos nas nossas ações e que a

subjetividade do cuidado não pode ser esquecida em nenhuma ocasião, que temos

a necessidade de sempre estar trabalhando o nosso lado humano e que devemos

ter o verdadeiro cuidado holístico, no exercício da nossa profissão. Dessa forma, é

necessário cuidar do próximo como gostaria de ser cuidado, dispensando-lhe a

atenção necessária e imprescindível, sempre preservando sua privacidade e

tratando-o com respeito e dedicação. Ao realizar as etapas da prática educativa com

os participantes em vários momentos me emocionei, refletindo junto com a equipe a

responsabilidade da nossa profissão, temos que realmente gostar do que fazemos e

se doar permanentemente ao próximo, no sublime exercício da enfermagem.

40

REFERÊNCIAS BAGGIO, M.A. O significado de cuidar para profissionais da equipe de enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem v.08, n. 01, p. 09-16, 2006. Disponível em Internet via<http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen>. Acesso em 20 de novembro de 2009. BOFF.L; Saber Cuidar-Ética do Humano- Compaixão pela Terra, ed. Vozes, 2008. BOFF, P.M. Eu e tu. 2ª ed. São Paulo, ed. Moraes, 1999. CINTRA E.A, et al. Assistência de enfermagem ao paciente gravemente enfermo, 2º ed. São Paulo, Editora Atheneu, 2008, p. 01-10. COFEN, Código de Ética do Enfermeiro, resolução de 2007, Disponível em Internet via <http://www.portalcofen.gov.br>. Acesso em 19 de novembro de 2009. JORNAL EM SALA DE AULA. Disponível em Internet via <http://verdesmares.globo.com/saladeaula/notícias.asp?codigo=154621&modulo=857>. Acesso em 05 de dezembro de 2009. JUSBRASIL POLÍTICA. Disponível em Internet via<http://www.jusbrasil.com.br/politica/3525985/santa-casa-de-uruguaiana-e-vinculada-ao-sistema-unico-de-saude>. Acesso em 05/12/2009. KMILA. Nunes. Oração da enfermagem. Disponível em Internet via <http://www.youtube.com/watch?v=R4ZuRD6x8Qo&feature=related>. Acesso em 20 de novembro de 2009. LESTRAS.MUS.BR. Como uma onda. Disponível em Internet via http://letras.terra.com.br/lulu-santos/47132. Acesso em 05 de dezembro de 2009. MAESTRI, Eleine. O acolhimento pelos enfermeiros de pacientes e familiares em Unidade de Terapia Intensiva, 2008. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Curso de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 134 p.

41

MILITÃO, Albigenor; Militão, Rose. S.O.S. dinâmica de grupo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. MORGACLM; Exemplo de humanização. Disponível em Internet via<http://www.youtube.com/watch?v=u1LTwDcwpZc>. Acesso em 20 de novembro de 2009. PERSEGONA, K. R; et al; A subjetividade permeando o processo de cuidar em enfermagem à criança com dor. Rev. Eletrônica de enfermagem, v.09, n. 02, p. 518-525, 2007. Disponível em Internet via <http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n2/v9n2a18.htm>. Acesso em 15 de novembro de 2009. PRADO, M. L. do; REIBNITZ, K. S.; GELBCKE, F. L. Aprendendo a cuidar: a sensibilidade como elemento plasmático para formação da profissional crítico-criativa em enfermagem.Texto & Contexto. Enfermagem, v. 15, p. 296-302, 2006. REIBENTIZ, K.S. O Ensino no Brasil: Alguns destaques. In: REIBNITZ (org). As políticas de Educação e de Saúde e a Enfermagem. Série: Especialização em Metodologia do Ensino para a Profissionalização em Enfermagem. Florianópolis: Ed. UFSC, 1999, p. 69-85 (módulo 2). SARTORI D.C, et al. O cuidado humanizado no contexto tecnológico: uma vivência educativa com a equipe de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Lages, 2006 TEIXEIRA, E.R. O ético e o estético nas relações de cuidado em enfermagem. Rev. Texto & Contexto- Enferm. vol.14 no. 1, Florianópolis, 2005. VIANNA, A.C de A. Sensibilização: uma forma de educação para o cuidado. Rev. Gaúcha, Porto Alegre, v21, n. espe., p.113-120, 2000. WALDOW, V.R. Momento de cuidar: momento de reflexão na ação. Rev. Bras. Enferm. V.62 n1Brasília 2009. WALDEMIR, Rezende. Atendimento ao paciente com qualidade. Disponível em Internet via<http://www.youtube.com/watch?v=g1QbvgMU0pM>. Acesso em 20 de novembro de 2009.

42

APÊNDICE

43

APENDICE A - FOLDER DE APRESENTAÇÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CURSO DE ENFERMAGEM

ACADÊMICA:

ROSANGELA ALEXANDRE

ORIENTADORA:

Enfa: ELEINE MAESTRI

A correta e sincera busca

pelo correto tratamento com

o paciente só será alcançada

por intermédio da real

mudança de cultura dos

profissionais de saúde.

(PRADO, 2006).

A SUA PARTICIPAÇÃO É

FUNDAMENTAL!

PROPOSTA DA PRÁTICA

EDUCATIVA DO TRABALHO DE

CONCLUSÃO DO CURSO (TCC)

A SUBJETIVIDADE DO CUIDADO:

o resgate da sensibilização dos

profissionais de enfermagem

2010

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OBJETIVOS Desenvolver uma prática educativa sobre a subjetividade do cuidado de enfermagem com profissionais da Unidade de Clínica Cirúrgica.

Sensibilizar as relações interpessoais entre a equipe, pacientes e familiares. DATA/ ATIVIDADES 19/04/2010 - Apresentação da facilitadora; - Entrega do folder explicativo; - Entrega do termo de consentimento Livre e Esclarecido (TLCE); - Escolha dos codinomes; - Coleta do questionamento da percepção da equipe de enfermagem. 26/04/2010 - Será realizada a oficina de reflexões; - Homenagem com a oficina terapia do abraço; 03/05/2010 - Será realizado o levantamento das fragilidades e potencialidades; - Será realizada uma dinâmica;

10/05/2010 - Serão ordenadas as prioridades de melhorias no setor; - Será projetado trecho de um filme, sensibilização no cuidado. 24/05/2010 - Será trabalhada a temática; - Os participantes, junto com a facilitadora, elaborarão as estratégias de melhorias, para serem implementadas no setor; 31/05/2010 - Será realizada a avaliação das estratégias implementadas. 07/06/2010 - Será realizada a avaliação das estratégias implementadas no setor; 14/06/2010 - Será realizada uma dinâmica; - Será realizada a avaliação final da pratica educativa; - Encerramento

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APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você está sendo convidado (a) a participar de um projeto de prática educativa, que tem

como título: “A SUBJETIVIDADE DO CUIDADO: o resgate da sensibilização dos profissionais

de enfermagem”. Sua colaboração nesta atividade é muito importante, mas a decisão em participar

deve ser sua.

Para tanto, leia as informações e não se apresse em decidir. Caso você não concorde em

participar ou quiser desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo. Caso decida

participar, basta preencher os seus dados e assinar a declaração, concordando com a proposta.

Será oferecida, aos profissionais de enfermagem com essa prática, a oportunidade de um novo

olhar para o cuidado em Unidade de Clínica Cirúrgica (UCC), com enfoque no ser humano, aliando à

sensibilidade, o resgate da subjetividade do cuidado com o paciente.

Este estudo tem o objetivo geral de desenvolver uma prática educativa sobre a subjetividade

do cuidado de enfermagem com profissionais da UCC de um hospital no Rio Grande do Sul e os

objetivos específicos são: problematizar com a equipe de enfermagem sobre a realidade das relações

subjetivas no cuidado de enfermagem vivenciada no setor, sensibilizar as relações interpessoais entre a

equipe, paciente e familiar.

A prática educativa está organizada com atividades que serão desenvolvidas no próprio setor,

durante horário de trabalho.

Caso no transcorrer do estudo, você tiver alguma dúvida ou por qualquer motivo necessitar de

qualquer esclarecimento pode procurar a acadêmica Rosangela Alexandre responsável pelo estudo;

celular (55) 8407-2625.

Eu __________________________________________________, CI ___________________,

no pleno vigor de minhas faculdades mentais, concordo de livre e espontânea vontade em participar

como voluntário (a) da atividade mencionada. Declaro que obtive todas as informações necessárias,

bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. Concordando

e autorizando que sejam utilizados métodos alternativos para as práticas proposta, como por exemplo:

gravador de voz, fotografias, etc., e as imagens poderão ser publicadas nos resultados do TCC. As

informações obtidas neste estudo serão mantidas em sigilo e, em caso de divulgação em publicações

científicas, os meus dados pessoais não serão mencionados, utilizando um codinome.

Declaro que após o esclarecido e ter entendido, desejo voluntariamente participar desta

atividade e assino este presente documento em 2 vias.

Assinatura do voluntário: __________________________________________

___________________________________ _________________________________

Rosangela de Almeida Roxo Alexandre Eleine Maestri

Acadêmica de Enfermagem Orientadora da Prática Educativa

Uruguaiana, ___,de ___________de 2010.

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APÊNDICE C – LISTA DE CODINOMES ESCOLHIDOS

PATATA

FLOR

LILICA

SHAYERA

DINO

ESTRELA

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APÊNDICE D - ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DO FACILITADOR

1. Apresenta-se ao paciente ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 2. Conversa de forma amistosa com o paciente ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 3. Faz comentários e ou conversas impróprias na presença do paciente ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 4. Respeita a privacidade do paciente ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 5. Atende o paciente de forma rápida, sem dispensar-lhe a atenção necessária ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 6. Explica o procedimento que vai realizar e sua importância ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 7. Faz uso do biombo nos procedimentos ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ Quando o paciente chama 8. Fala de longe com o paciente e continuam suas rotinas ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 9. Conversa e toca o paciente, dando-lhe atenção. ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 10. Finge que nem escuta e que a conversa nem é com ele ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________ 11. Altera o tom da voz e se dirige de forma ríspida ( ) Sim Não ( ) Obs: _______________________________________________

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APENDICE E - TRECHOS DE ARTIGOS TRABALHADO COM A EQUIPE

Fontes: (PERSEGONA, 2007; PRADO, 2006; SARTORI, 2006; TEIXEIRA, 2005 e WALDOW, 2009). PERSEGONA, K. R; et al; A subjetividade permeando o processo de cuidar em enfermagem à criança com dor. Rev. Eletrônica de enfermagem, v.09, n. 02, p. 518-525, 2007. Disponível em Internet via <http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n2/v9n2a18.htm>. Acesso em 15 de novembro de 2009. PRADO, M. L. do; REIBNITZ, K. S.; GELBCKE, F. L. Aprendendo a cuidar: a sensibilidade como elemento plasmático para formação da profissional crítico-criativa em enfermagem.Texto & Contexto. Enfermagem, v. 15, p. 296-302, 2006.

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SARTORI D.C, et al. O cuidado humanizado no contexto tecnológico: uma vivência educativa com a equipe de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Lages, 2006 TEIXEIRA, E.R. O ético e o estético nas relações de cuidado em enfermagem. Rev. Texto & Contexto- Enferm. vol.14 no. 1, Florianópolis, 2005.

WALDOW, V.R. Momento de cuidar: momento de reflexão na ação. Rev. Bras. Enferm. V.62 n1Brasília 2009.

50

APENDICE F – AVALIAÇÃO

Ao chegar ao término da prática educativa, quais as conclusões e reflexões que

você leva para sua vida?

51

ANEXO

52

ANEXO A - DINÂMICA DO PAPEL AMASSADO

Objetivo:

Levar os participantes a refletir sobre o seu aprendizado e avaliar a

experiência vivenciada – o quanto foi válida e o quanto agregou de novo ao

nível dos seus conhecimentos anteriores.

A quem se destina:

Pode ser aplicada a qualquer grupo que esteve algum tempo junto –

(encerramento de seminários, simpósios, congressos, palestras, etc.).

Tempo previsto:

Não dura mais do que cinco minutos – é o tempo total do ritual, para qualquer

tamanho de grupo.

Material utilizado:

Uma folha de papel em branco, som com CD ou tape–deck e a gravação da

música Como uma onda (Lulu Santos ou Leila Pinheiro).

Procedimentos:

1. Informar que todos se preparem, pois "iremos realizar a nossa prova final, de

mensuração do nível de aprendizado do grupo".

2. Distribuir uma folha de papel em branco para cada participante.

3. Pedir–lhes que deixem todo o material sobre as cadeiras, inclusive as canetas

ou lápis, e "venham para formarmos um grande círculo".

4. Orientar para que amassem, o máximo que puderem, a folha de papel.

5. Iniciar a música e, em seguida, solicitar que "voltem as suas folhas ao que

eram antes, ou seja, desamassem–nas".

6. Deixar a música tocar um bom pedaço.

53

7. Diz o facilitador: "Ninguém, jamais, consegue tomar banho num mesmo rio

duas vezes... isso significa que, por mais simples, elementar ou superficial

que uma experiência possa nos parecer, sempre é possível aprender–se algo

novo com ela. Espero que vocês tenham aprendido algo diferente aqui e que

a folha de papel das suas vidas nunca mais sejam as mesmas de quando

vocês entraram aqui, no início desse evento. Que saiam modificados por

algum aprendizado", (JORNAL EM SALA DE AULA, 2009).

Criar oportunidade para abraços e despedidas.

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LETRA DA MÚSICA – LULU SANTOS - COMO UMA ONDA

Nada do que foi será

De novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa

Tudo sempre passará

A vida vem em ondas

Como um mar

Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente viu a um segundo

Tudo muda o tempo todo

No mundo

Não adianta fugir

Nem mentir pra si mesmo agora

Há tanta vida lá fora

Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar

(LETRAS.MUS.BR, 2009).