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FELICIDADE: O BEM QUE TODOS QUEREM 7º ano - Capítulo 2 1

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FELICIDADE: O BEM QUE TODOS QUEREM

7º ano - Capítulo 2

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Falar de felicidade significa falar sobre a melhor forma de viver;

Não faz sentido pensar em uma vida bem vivida

que não seja também feliz.

Você sabe o que tem que fazer para ser feliz?

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1. O FIM DE TUDO

O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)

as coisas tinham uma finalidade,um objetivo a cumprir, uma razão de ser.

Essa ideia deu origem ao conceito de telos, que em grego quer dizer fim.

Os telos é o motivo pelo qual uma determinada ação foi praticada ou uma coisa for criada, isto é, a intenção que se tinha ao fazer algo.

A ética é um estudo sobre as ações humanas: seriam boas ou ruins.

Ética das virtudes é uma ética teleológica, está intimamente ligada à finalidade, ao objetivo que leva uma pessoa a agir de determinada forma.

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A felicidade é um fim último. Pense nas ações que você pratica e quais são os seus objetivos aos praticá-las. O que você quer para a sua vida? Por que você quer isso para sua vida? A sua resposta muito provavelmente estará ligada ao conceito de felicidade. Aristóteles também identifica a felicidade como o objetivo que norteia as ações das pessoas e apresenta duas provas para isso:

1. todos os seres humanos querem ser felizes. 2. todas as coisas que são desejadas, assim o são em função de outra coisa. A felicidade é desejada apenas por ela mesma.

O desejo de felicidade existe e é comum a todos. Aristóteles revela, que existe algo de comum entre todos os seres humanos:

Todos querem ser felizes e agem para alcançar a felicidade. Mas será que a ideia de felicidade é a mesma para todas as pessoas?

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2. FELICIDADE É UMA VIRTUDE

A proposta de Aristóteles sobre a felicidade determina que esta seja o objetivo de todas as ações.

Todas as ações têm como meta um bem, o qual é definido a partir de sua função:

ação do médico – bem da saúde

General de guerra – bem da vitória.

A felicidade, uma vez definida como objetivo maior, consiste no bem maior a ser alcançado por meio de todas as ações humanas.

Para definir o que é felicidade humana, é necessário determinar qual é a função dos seres humanos.

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Aristóteles fala de uma função do ser humano como um todo

A felicidade deveria ser algo permanente e comum para todos. Para determinar qual é a função do ser humano, faz-se necessário, primeiramente, entender o que é esse ser humano.

Aristóteles afirma que o ser humano é composto de corpo e alma.

Todos os seres vivos possuem corpo; logo, as funções de crescimento e nutrição, próprias do corpo, são comuns a todos os seres vivos, humanos ou não.

O que diferencia o ser humano dos demais seres vivos seria a racionalidade, portanto a função humana está relacionada à razão.

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Para que se alcance a finalidade (o telos) de uma ação qualquer, não basta simplesmente realizar a ação.

É necessário, alem disso, que se aja bem, ou seja, com virtude, com excelência.

A felicidade como telos final, seria obtida a partir de ações realizadas racionalmente pela alma, de maneira virtuosa.

Se a virtude, para Aristóteles, está ligada ao conceito da ética, e a felicidade humana pressupõe uma prática virtuosa, para que uma pessoa alcance esse bem,

é necessário que desenvolva aquilo que a torne humana, isto é, capacidade de decidir, de agir corretamente.

A função humana pensada em torno do indivíduo : o agir virtuosamente.

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Aquele que age de forma ética pode ser feliz.

Para o filósofo grego, o ser humano é um animal político, o que significa dizer que este só poderá cumprir sua função verdadeiramente na medida em que praticar a política, que seria atividade mais nobre e completa, responsável por promover a felicidade de toda a população de um Estado.

Somente é possível ser feliz quando pratica a virtude política,

Quando se age eticamente, com virtude,

Objetivando tornar os outros indivíduos também felizes e virtuosos.

O ideal aristotélico de felicidade ...

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A proposta de felicidade de Aristóteles inclui não somente

a promoção da virtude e da felicidade individuais, mas também a

promoção das virtudes e da felicidade do outro.

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3. SIMPLESMENTE FELIZ

O que é felicidade para o grego Epicuro?

Filósofo Epicuro:

Nascido na ilha de Samos

Fundou uma escola chamada de O Jardim

Os epicuristas foram chamados de filósofos do jardim.

Acreditava que a Filosofia não era apenas uma forma de conhecimento do mundo, mas uma forma de estabelecer, por meio do pensamento e da razão, qual o melhor modo de viver.

A filosofia devia chegar à melhor norma de conduta para atingir a felicidade.

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A Filosofia seria mais do que apenas um discurso, seria também uma maneira de viver.o Jardim não era apenas um local onde se iria para aprender o que é a

felicidade, mas também um local onde todos poderiam praticar essa filosofia e atingir a felicidade de fato.

Teoria de Epicuro Chamada hedonista – a felicidade e o supremo bem dos seres vivos está no prazer. Procuram o prazer e fogem da dor. Mas o que é prazer para Epicuro? Seria apenas satisfazer todos os desejos? O verdadeiro prazer: a ausência de dor.

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Teoria de Epicuro A felicidade, assim, á algo muito simples: significa apenas permanecer em um estado no qual não se sente dor. Afirmava que não se deve buscar a todo custo o prazer. Muitas vezes, os prazeres podem levar a dores. Dessa foram, é possível perceber que nem todo prazer é desejável, pois, muitas vezes, algo que gera um prazer imediato pode causar dor mais tarde.

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EPICURO DIFERENCIA OS PRAZERES EM TRÊS CATEGORIAS:

Prazeres naturais e necessários :

São os prazeres que estão ligados à sobrevivência natural,

Àquilo que é preciso para continuar vivo :

Comer o suficiente para estar bem nutrido,

Beber o suficiente para estar bem hidratado e

Ter abrigo contra o frio.

Esses são os prazeres mais importantes, porque não é

possível viver sem eles. É possível estabelecer , com

clareza, seu limite.

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EPICURO DIFERENCIA OS PRAZERES EM TRÊS CATEGORIAS:

Prazeres naturais e não necessários :

Seriam ainda ligados às necessidades naturais de comer, beber e se proteger do frio,

Já não estabelecem um limite tão bem estabelecido,

Eles podem ir além do necessário para cumprir suas funções de fugir da dor.

Comer pratos sofisticados,

Vestir-se de maneira elegante.

Os prazeres naturais e não necessários são aqueles que podem ser aproveitados e

desfrutados quando surgem, mas não são inteiramente básicos.

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EPICURO DIFERENCIA OS PRAZERES EM TRÊS CATEGORIAS:

Prazeres não naturais e não necessários

Aqueles que provêm de coisas que não são necessárias para a sobrevivência, não devem ser perseguidos em nenhuma hipótese.

Epicuro afirma que esses prazeres , em vez de eliminar a dor corpórea, produzem perturbações na alma, causando mais sofrimento do que o real prazer.

A fama

A glória

Gasta-se, portanto, mais tempo e energia preocupando-se em como atingi-los do que, efetivamente, sentindo-os.

Uma vez que dependem mais de outras pessoas do que de si próprio

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Epicuro afirma: tudo o que alguém precisa para ser feliz está a sua disposição na natureza , Prega uma vida de simplicidade. Os prazeres da primeira categoria são habitualmente satisfeitos e devem ser buscados em todas as situações. Os prazeres do segundo tipo podem ser aproveitados, mas não se deve acostumar com eles: se vez ou outra há a oportunidade de experimentá-los, é possível saber a maneira de apreciá-los da forma devida. No entanto, se a oferta deles é constante, quando eles faltarem, causarão sofrimento naquele que tiver se acostumado com eles. Os prazeres do último tipo devem ser sempre evitados, pois, além de não aliviarem o corpo de nenhuma forma de dor, eles ainda preocupam a mente, que se ocupa mais pensando em como eles serão atingidos do que propriamente desfrutando deles.Assim, seriam mais perturbações da alma do que verdadeiramente prazeres.

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3.1. RECEITA DA FELICIDADE

De acordo com Epicuro, para ser feliz, um pessoa precisa se livrar de tudo aquilo que a perturba:

Frio e fome perturbando o corpo;

Desejos e pensamentos negativos que perturbam a alma.

Para se obter a felicidade, há duas formas necessárias de não se deixar afligir:

Aponia - consiste na ausência de dores no corpo;

Ataraxia - consiste na ausência de perturbações na alma.

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Segundo Epicuro, uma vida simples seria o suficiente para tornar uma pessoa feliz.

Do ponto de vista da aponia , o prazer é facilmente atingido por meio de tudo o que a natureza oferece.

O que torna o alcance da felicidade mais difícil é o aspecto da ataraxia, isto é, das perturbações que atingem a alma:

As falsas opiniões que existem sobre a necessidade de cada coisa,

que levam as pessoas a crer que precisam daquilo que na verdade é supérfluo, a quererem algo que vai além do necessário.

Ex.: Desejar uma calça porque é de marca e não porque é de boa qualidade.

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Esses desejos não são naturais, mas fruto das falsas opiniões que são recebidas pelo contato social, de acordo com Epicuro. Para ele, a vida pública leva ao desejo daquilo de que não se precisa, perturbando a ataraxia.

Epicuro afirma que os seres humanos devem ter como ideal a autarquia. é capacidade de decidir com prudência por si mesmos qual é a melhor forma de conduta .

Preocupações são fruto dos desejos e dos medos que são

criados no contato com a vida política

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Os seres humanos podem ser felizes por si mesmos se não se importarem com os desejos que vêm do convívio social e que não são naturais.

A publicidade muitas vezes vincula marcas a ideais de felicidade e prazer. Mas até que ponto é realmente necessário ter algo de marca para ser feliz?

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Além dos desejos não naturais, o que poderia atrapalhar a ataraxia seriam

os medos naturais que todos possuem: medo da morte, da dor e dos deuses.

Contra esses males, o filósofo criou uma fórmula para a atraxia e, consequentemente, para a felicidade:

Tetrafármaco tetra = quatro fármaco = remédio

1. Não se deve temer os deuses 2. Não se deve temer a morte 3. É possível suportar a dor 4. É possível ser feliz

p. 30 e 31

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O ideal de felicidade de Epicuro é buscado pelo sábio:

Escolhe quais os desejos e prazeres devem ser realizados sem deixar perturbar pelas influências externas: moda, a

opinião dos outros, a política

Um sábio não busca por fama, honra, riquezas, nem por mesa farta, mas por aquilo que é essencial para fugir da dor, para manter a sua vida.

O sábio decide por si mesmo qual é a melhor forma de agir, mantendo-se inabalável a qualquer perturbação do corpo ou da alma, isto é, é aquele que possui a ataraxia e a aponia.

Para Epicuro a felicidade é acessível a todos aqueles que aspiram à sabedoria. A Filosofia se torna o caminho e prática de vida, sempre com vistas ao bem.

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4. TRANQUILAMENTE FELIZ

Filósofo Sêneca (4 a.C – 65d.C.):

Pensador da corrente filosófica conhecida como Estoicismo;

Viveu em uma época em que o Império Romano passava por crises e perturbações políticas.

Sua concepção de felicidade o indivíduo pode ser capaz de atingi-la independentemente das questões políticas e sociais que ele vive.

Não exige que haja um afastamento da vida pública, como a teoria de Epicuro.

Para Sêneca, pode-se ser feliz em qualquer lugar, desde que o indivíduo seja capaz de manter a tranquilidade de sua alma.

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O Estoicismo, o universo é ordenado por uma razão universal chamada logos, que determina como todas as coisas são. Pode ser identificada como a própria natureza, a physis, também entendida como o próprio Deus. Esse universo ordenado possui uma harmonia entre todas as partes, ema vez que é a mesma razão (logos) que comanda todas as coisas. Nada aconteceria fora da determinação da natureza – determinismo ou fatalismo ( o fato de que todas as coisas aconteceram e acontecerão por um destino, uma providência.

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Para os estóicos tudo aconteceria segundo uma ordem natural e necessária. Todas as escolhas seriam feitas conforme a vontade desse logos, que a liberdade humana não existe. Nesse sentido, a felicidade não estaria nas mãos dos seres humanos, mas seria ocasionada pelo próprio logos. A liberdade humana se encontraria exatamente na aceitação desse logos que determina o destino.

Para ser feliz, seria necessário não lutar contra as coisas sobre as quais não tem poder, mas sim agir de acordo com o que é determinado pelo destino. Para Sêneca, o ser humano que deseja ser feliz deve agir de acordo com a natureza , mantendo-se tranquilo, independentemente de para onde é levado. A maioria dos pensadores gregos , o ser humano é entendido como racional por natureza, os estóicos também determinam que o homem deve viver segundo a razão. Não se deve deixar as paixões comandarem as ações humanas ( emoções, desejos e sensações).

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O ideal da ataraxia (ausência de preocupações da alma), também é uma característica da felicidade segundo os estóicos. Junto com esse ideal, há também a ideia de Euthymia Euthymia – do grego, eu = normal timo =humor

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Seria um estado de tranquilidade em que não se está nem eufórico, nem depressivo.

É entendida como um humor neutro, nem alegre em exagero, nem triste demais.

Viver segundo a razão, mantendo a tranquilidade da alma e um humor neutro são, portanto consideradas características dos sábios, exemplos de felicidade e ética para os estóicos. O sábio é aquele que se deixa viver segundo as determinações do destino, afastando de si os males que prendem a alma e impedem sua tranquilidade. Atingir essa tranquilidade requer cuidados. Sêneca alerta pra alguns problemas que todos enfrentam e cuidados que devem adotar na busca pela felicidade.

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O maior deles seria o estar insatisfeito consigo mesmo. O sábio não se deixa levar pelos desejos e pelas paixões prejudiciais à vida. O sábio tem consciência de que é ele quem possui as riquezas e não o contrário, não se deixando dominar pela ganância. O estoicismo foi uma das correntes do pensamento grego mais difundidas na Filosofia Antiga. O ideal de felicidade como tranquilidade da alma se mostra acessível a todas as pessoas.

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O ideal de autonomia – mudanças do mundo não perturbam as pessoas, pois cada um é senhor de si mesmo, determinando aquilo a que deve ou não aspirar. O destino se mantém governando a tudo e a todos, mas, se uma pessoa consegue controlar o seu sofrimento diante das intempéries, ela ganha alguma autonomia.

5. A BUSCA CONTINUA...

Abordamos três concepções clássicas da felicidade:

Aristóteles – felicidade como ema virtude

Epicuro – felicidade na perspectiva do hedonismo

Concepção estóica defendida por Sêneca.

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A busca da felicidade continua sendo um ideal ainda hoje. É importante notar que todas as teorias relacionam diretamente a

felicidade à ética. É impossível ser feliz sem pensar na relação com o outro e nas

próprias ações. A felicidade é ter em si próprio o princípio que rege a ação,isto é, a

capacidade de ser autônomo, de criar as próprias regras de conduta.

Ser feliz significa também ser senhor de si, ser capaz de controlar por si mesmo os próprios desejos e ações. O ponto central da felicidade diz muito da forma como o indivíduo encara os próprias características, procurando não recusá-las, mas sim aperfeiçoá-las. Infelizmente não há caminho claro para a felicidade de todo e qualquer ser humano.

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