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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FENOLOGIA E DESEMPENHO AGRONÔMICO DO ALGODOEIRO BOLLGARD ® CULTIVAR NUOPAL ® RONI PAULO FORTUNATO DOURADOS MATO GROSSO DO SUL 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

FENOLOGIA E DESEMPENHO AGRONÔMICO DO

ALGODOEIRO BOLLGARD® CULTIVAR NUOPAL

®

RONI PAULO FORTUNATO

DOURADOS

MATO GROSSO DO SUL

2010

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UFGD

633.51

F745f

Fortunato, Roni Paulo

Fenologia e desempenho agronômico do algodoeiro

Bollgard® cultivar Nuopal

®/ Roni Paulo Fortunato –

Dourados, MS : UFGD, 2010.

93f.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Degrande

Tese de Doutorado em Agronomia – Universidade

Federal da Grande Dourados.

1. Algodão-Bt. 2. Algodão – Fenologia. 3. Algodão -

Praga – Insetos. I. Título.

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Fenologia e desempenho agronômico do algodoeiro Bollgard® cultivar Nuopal

®

Por

Roni Paulo Fortunato

Tese apresentada como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de

DOUTOR EM AGRONOMIA

Aprovado em 16 de março de 2010

Prof. Dr. Paulo Eduardo Degrande

Orientador

UFGD/FCA

Prof. Dr. Fabricio Fagundes Pereira Prof. Dr. Munir Mauad

UFGD/FCBA UFGD/FCA

Prof. Dr. Antonio Carlos Busoli Prof. Dr. Gustavo Adolfo Pazzetti Ordoñez

UNESP FESURV

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Aos meus pais, Lori e Sidonia Fortunato, minha irmã Rosandra

Fortunato e minha noiva Rosangela Buzatto da Silva, pelo apoio,

incentivo e carinho,

DEDICO e OFEREÇO

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AGRADECIME�TOS

Ao Professor Paulo Eduardo Degrande pela amizade, aprendizado e incentivo na

busca do conhecimento e exemplo de profissionalismo.

A Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD e o Programa de Pós-

graduação em Agronomia pela oportunidade de realização do trabalho de Tese.

A Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do

Estado do Mato Grosso do Sul pela bolsa de estudos para realização do trabalho de

Tese.

A laboratorista Janete Pezarine Greff de Lima pela amizade, apoio e paciência

durante a realização dos trabalhos junto ao Laboratório de Biotecnologia e Entomologia

Aplicada da UFGD.

Aos bolsistas, estagiários, alunos de Pós-graduação do Laboratório de

Biotecnologia e Entomologia Aplicada: Everton Kodama, Thiago Montanha, Paulo

Rogério Beltramin da Fonseca, Thiago Azambuja, Miguel Ferreira Soria, Danielle

Thomazoni, pela amizade e contribuição na realização do trabalho de Tese.

Aos funcionários da UFGD Jesus Felizardo da Souza e Milton Bernardo de

Lima pelo apoio na execução de atividades de campo.

A todos que de alguma forma contribuíram na realização do trabalho de Tese.

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vii

SUMÁRIO

PÁGINA

LISTA DE TABELAS (CAPÍTULO I) ..........................................................................ix

LISTA DE TABELAS (CAPÍTULO II) ..........................................................................x

LISTA DE TABELAS (CAPÍTULO III) ........................................................................xi

LISTA DE FIGURAS (CAPÍTULO I) ..........................................................................xii

LISTA DE FIGURAS (CAPÍTULO II) .........................................................................xii

LISTA DE FIGURAS (CAPÍTULO III) .......................................................................xiv

RESUMO........................................................................................................................16

ABSTRACT....................................................................................................................17

INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................21

CAPÍTULO I...................................................................................................................22

RESUMO.............................................................................................................23

ABSTRACT.........................................................................................................24

INTRODUÇÃO...................................................................................................25

MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................27

RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................30

CONCLUSÕES...................................................................................................39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................40

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viii

CAPÍTULO II..................................................................................................................42

RESUMO.............................................................................................................43

ABSTRACT.........................................................................................................44

INTRODUÇÃO...................................................................................................45

MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................47

RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................50

CONCLUSÕES...................................................................................................57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................58

CAPÍTULO III................................................................................................................61

RESUMO.............................................................................................................62

ABSTRACT.........................................................................................................63

INTRODUÇÃO...................................................................................................64

MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................66

RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................68

CONCLUSÕES...................................................................................................88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................89

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................92

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LISTA DE TABELAS (CAPÍTULO I)

TABELA 1. Adaptação de escala fenológica com inclusão de valores numéricos (notas) para cada estádio avaliado. UFGD, Dourados, MS. 2010................................................................

28 TABELA 2. Altura de planta (cm) nos estádios B1, F1 e C1 em cultivares

de algodoeiro em três épocas de semeadura nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010.....................

32 TABELA 3. Número de nó por planta nos estádios B1, F1 e C1 em

cultivares de algodoeiro em três épocas de semeadura nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010...........................................................................................

33 TABELA 4. Comportamento fenológico de cultivares de algodoeiro em

três épocas de semeadura na safra 2007/08. UFGD, Dourados, MS. 2010....................................................................................

35

TABELA 5. Comportamento fenológico de cultivares de algodoeiro em três épocas de semeadura na safra 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010................................................................. 36

TABELA 6 Número de aplicações visando insetos-praga alvo e não-alvo

da tecnologia-Bt em duas safras avaliadas. UFGD, Dourados, MS. 2010......................................................

37

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x

LISTA DE TABELAS (CAPÍTULO II)

TABELA 1 Indicadores de produtividade em parcelas com levantamento de insetos-praga e sem levantamento de insetos-praga em duas cultivares de algodoeiro conduzidas nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010........................................

51

TABELA 2. Custo com inseticidas em duas cultivares de algodoeiro

conduzidas nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010...................................................................................

52

TABELA 3. Rendimento de fibra (%) e taxa de retorno tecnológica (IRt)

em cultivares de algodoeiro nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010.......................................................

53

TABELA 4. Número de aplicações de inseticidas e insetos-pragas em

cultivares de algodoeiro nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010.....................................................................................

54

TABELA 5. Parâmetros da análise de fibra (HVI) em cultivares de

algodoeiro nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS.............................................................................................

56

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xi

LISTA DE TABELAS (CAPÍTULO III)

TABELA 1. Aplicações de inseticidas durante a safra 2007/08 em duas cultivares. UFGD, Dourados, MS. 2010............................

69

TABELA 2. Aplicações de inseticidas durante a safra 2008/09 em duas

cultivares. UFGD, Dourados, MS. 2010.............................

70

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xii

LISTA DE FIGURAS (CAPÍTULO I)

FIGURA 1. Representação esquemática da unidade experimental. UFGD, Dourados, MS. 2010................................................................. 28

FIGURA 2. Distribuição quinzenal da precipitação pluviométrica e

irrigação durante a condução da safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.............................

30

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xiii

LISTA DE FIGURAS (CAPÍTULO II)

FIGURA 1. Representação esquemática da unidade experimental. Parcela A, área com amostragem de parâmetros de produtividade e levantamento de insetos-praga; Parcela B, apenas amostragem de parâmetros de produtividade. UFGD, Dourados, MS. 2010................................................................

49

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xiv

LISTA DE FIGURAS (CAPÍTULO III)

FIGURA 1. Representação esquemática da unidade experimental. Parcela A área útil para levantamento de insetos-praga. UFGD, Dourados, MS. 2010................................................................

67

FIGURA 2. Número médio de ovos por planta de Alabama argillaceae

em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010...........................

71

FIGURA 3. Número médio de ovos por planta de Heliothis virescens em

duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010..........................................

72

FIGURA 4. Número médio de ovos por planta de Pseudoplusia includens

em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.............................

73

FIGURA 5. Número médio total de larvas de Alabama argillaceae por

planta em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.......................................................................................

75

FIGURA 6. Percentual de presença do total de larvas de Heliothis

virescens em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010..................

76

FIGURA 7. Distribuição de mariposas capturadas nas armadilhas de

feromônio, dados médios de 2 noites de captura e máximo de captura em períodos de 15 dias na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010..........................

77

FIGURA 8. Número médio total de larvas de Pseudoplusia includens por

planta em cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.............................

78

FIGURA 9. Percentual de presença do total de colônias de Aphis gossypii

em cultivares de algodão conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.......................

80

FIGURA 10. Percentual de presença de Anthonomus grandis em cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). Somatório de danos de alimentação, oviposição, larvas e adultos. UFGD, Dourados, MS. 2........................................

81

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FIGURA 11. Percentual de presença de adultos de Bemisia tabaci em cultivares conduzidas nas safras 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.........................................

83

FIGURA 12. Percentual de presença de adultos de Euschistus heros em

duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.........................................

84

FIGURA 13. Percentual de presença de Polyphagotarsonemus latus em

cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010................................................

86

FIGURA 14. Percentual de presença de Tetranichus urticae em cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.............................................................

87

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FE�OLOGIA E DESEMPE�HO AGRO�ÔMICO DO ALGODOEIRO

BOLLGARD® CULTIVAR �UOPAL

®

RONI PAULO FORTUNATO

Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Degrande

Resumo: A liberação do cultivo do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.)

geneticamente modificado resistente a insetos é recente no Brasil, sendo mais uma

alternativa no manejo integrado de insetos-praga, desde que sejam observadas

características regionais e aspectos agronômicos. O trabalho teve como objetivo avaliar

a fenologia, desempenho agronômico e ação sobre insetos fitófagos do algodão-Bt,

transgênico, resistente a insetos nas condições de cultivo em Dourados. Foram avaliadas

duas cultivares, DeltaOpal® (convencional) e NuOpal Bollgard

® (transgênica que

expressa toxina Cry1Ac) em experimentos conduzidos na área experimental da

Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD nas safras 2007/08 e 2008/09. No

experimento I, avaliou-se fenologia do algodoeiro em três épocas de semeadura em um

delineamento experimental fatorial inteiramente casualizado com 6 repetições, e no

experimento II, avaliou-se o desempenho agronômico e dinâmica de insetos-praga em

delineamento experimental inteiramente casualizado com 12 repetições. Os dados foram

submetidos a análise de variância e testes de comparação de médias a 5% de

probabilidade. Os resultados permitem concluir que: As cultivares não apresentaram

diferenças na altura final de plantas e número de nó por planta nas três épocas, na safra

2008/09 a cultivar DeltaOpal® foi mais precoce quanto ao surgimento dos primeiros

botões florais e primeiras flores na primeira e terceira época; as cultivares não

interferiram no comportamento de oviposição de lepidópteros; parcelas empregadas

para levantamento de insetos-praga podem ser utilizadas na determinação de parâmetros

de produtividade; adoção da cultivar NuOpal® apresentou taxa de retorno econômico

semelhante a cultivar convencional; a cultivar NuOpal® apresentou micronaire e

uniformidade de fibra inferiores na safra 2007/08, diferenças sem alteração valor

comercial da fibra; a cultivar transgênica, resistente a insetos, foi eficiente no controle

de insetos-praga alvo presentes na área experimental; e seu efeito sobre a população

pragas não-alvo da tecnologia-Bt, foi observada apenas supressão de P. includens.

Palavras-chave: Algodão-Bt, parâmetros de crescimento, instos-praga alvo e não-alvo.

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17

PHENOLOGY AND AGRONOMIC PERFORMANCE OF NUOPAL BOLLGARD

®

COTTON

RONI PAULO FORTUNATO

Adviser: Dr. Paulo Eduardo Degrande

ABSTRACT: The genetically modified insect resistant cotton adoption in Brazil is

recent, is more an alternative in integrated pest management, since observed regional

characteristics and agronomic aspects. The work objective was evaluate cotton

phenology, agronomic performance and Bt-cotton effects about target pest and no target

pest the Bt-technology in crop conditions in Dourados, Brazil. Was evaluated two

cultivars, DeltaOpal® (conventional) and NuOpal

® (transgenic cotton, expressing

Cry1Ac toxin) in two experiments in Agricultural Science College (FCA) of Federal

University of Grande Dourados (UFGD) in seasons growth 2007/08 and 2008/09. In

experiment I, was evaluated cotton phenology in 3 planting periods in factorial

experiment in randomized complete design with 6 replications, and experiment II, was

evaluated agronomic performance and pest dynamic in randomized completely design

with 12 replications. The data was submitted to the variance analyzer and comparative

mean methods the 5% of probity. There was no difference noted in three planting dates

for number node per plant and plant height; the DeltaOpal® cultivar was early in first

and last planting date, The plots used in pest survey can is utilized for yield parameters

definition; the Bt cotton adoption was economically similar a conventional cultivar; the

NuOpal® cultivar was smaller micronaire and fiber uniformity in 2007/08 season. The

cultivars no affected oviposition behavior the adults lepidopteran; the transgenic

cultivar was efficient in target pest control; was observed only Pseudoplusia includens

suppression between no target pests.

Key words: Bt-Cotton, growth parameters, target pest and no-target pests.

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FE�OLOGIA E DESEMPE�HO AGRO�ÔMICO DO ALGODOEIRO BOLLGARD® CULTIVAR �UOPAL®

I�TRODUÇÃO GERAL

A expansão da fronteira agrícola brasileira nas últimas décadas tornou o

agronegócio nacional uma atividade de grande importância econômica e social para o

País. Essa expansão resultou na entrada de culturas como soja, milho e algodão na

região dos cerrados, onde anteriormente predominava a atividade pecuária. O

deslocamento da matriz produtiva da cultura do algodão (Gossypium hirsutum L.) da

maioria dos estados do Nordeste, Paraná, São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul para a

região de Cerrado resultou em aumento de área e produtividade, passando o Brasil da

condição de importador para exportador de fibra (BUAINAIN et al., 2007).

A cadeia produtiva do algodoeiro adquiriu aspecto empresarial, exigindo

grandes investimentos na condução da cultura e beneficiamento/comercialização da

produção. Trata-se de uma cultura de elevado custo de produção. Um dos principais

fatores responsáveis pelo alto custo de produção é o longo ciclo da cultura, entre 130 a

220 dias de acordo com a cultivar, altitude e região o que exige constantes intervenções

para controle de pragas, doenças, plantas daninhas e manejo de regulador de

crescimento (???).

Dentre as principais pragas do algodoeiro, aquelas da Ordem Lepidoptera, como

a lagarta-rosada Pectinophora gossypiella, Lepidoptera: Gelechiidae (Sauders 1844) a

lagarta-das-maçãs Heliothis virescens, Lepidoptera: Noctuidae (Fabricius 1781) a

curuquerê-do-algodoeiro Alabama argillacea, Lepidoptera: Noctuidae (Hübner 1818) a

lagarta-spodoptera Spodoptera frugiperda, Lepidoptera: Noctuidae (Smith 1797), e

lagarta-falsa-medideira Pseudoplusia includens, Lepidoptera: Noctuidae (Walker 1857)

atacam a área foliar e/ou estruturas reprodutivas da cultura (ALVES e SERIKAWA,

2006; SILVIE et al., 2006). As intervenções visando o controle dessas pragas resultam

em grandes quantidades de inseticidas aplicados, que podem contaminar o meio

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ambiente, interferem na dinâmica de inimigos naturais, levam à ressurgência de pragas,

causam surtos de pragas secundárias e também levam à evolução da resistência de

insetos aos grupos químicos de inseticidas.

Recentes avanços na área genômica, metabólica e molecular forneceram

oportunidades da utilização comercial de produtos biológicos e moleculares,

principalmente, no setor farmacêutico e agrícola (SHARMA et. al., 2000; ROCA et. al.,

2004; PURCELL e PERLAK, 2004). A biotecnologia tornou-se a ferramenta eficiente

para adicionar características desejáveis às plantas, quando comparada aos métodos

tradicionais. Nas principais regiões agrícolas do mundo plantas geneticamente

modificadas estão cada vez mais difundidas, sendo as culturas da soja, algodoeiro,

milho e canola as principais responsáveis por essa expansão. Plantas transgênicas que

possuem expressão ação inseticida oriunda da bactéria Bacillus thuringiensis (Berliner

1915) estão revolucionando o manejo de pragas nos principais centros de produção

agrícola (SHELTON et al., 2002), juntamente com o levantamento e monitoramento de

insetos-praga.

No Brasil foi aprovada a primeira geração de algodoeiro-Bt, transgênico,

resistente a insetos através da expressão da toxina B. thuringiensis Cry 1Ac, evento 531

(CTNBio/Parecer nº 0513/2005) e recentemente a segunda geração do algodoeiro

geneticamente com expressão da toxina Cry1Ac e Cry2Ab2, evento 15985

(CTNBio/Parecer nº 1832/2009/). Até o momento está disponível para uso comercial no

Brasil a primeira geração de algodão-Bt, denominada Bollgard® I pela Empresa

Monsanto Company.

O grande questionamento quanto à utilização de organismos geneticamente

modificados (OGMs) vem de aspectos relacionados aos efeitos da proteína ao meio

ambiente, principalmente pelo efeito na entomofauna, em particular sobre insetos alvo e

não-alvo da tecnologia, aspectos econômicos relacionados à adoção da tecnologia, e

comportamento fenológico da cultivar geneticamente modificadas em relação a cultivar

da qual foi derivada.

A utilização da tecnologia do algodão transgênico resistente a insetos no Brasil é

mais uma ferramenta em busca de melhorias na competitividade do setor produtivo

através de sua provável redução de custos com inseticidas e diminuição de perdas por

ataque de insetos-praga. Da mesma forma é importante conhecer o potencial impacto

gerado pela tecnologia sobre o desempenho agronômico e ação sobre insetos praga alvo

e não-alvo. Um amplo estudo se faz necessário para adequação e viabilidade do

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20

algodão-Bt nas condições do cerrado, devido à grande diversidade da entomofauna

existente nas regiões produtoras.

O presente trabalho visou avaliar os seguintes aspectos do algodão-Bt autorizado

para uso no Brasil, com expressão da toxina Cry1Ac: fenologia da cultura (Capítulo I),

análise econômica e metodologia de parâmetros de produtividade (Capítulo II) e

impacto ambiental sobre insetos praga alvo e não-alvo (Capítulo III).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, A. P.; SERIKAWA, R. H. Controle químico de pragas do algodoeiro. Revista Brasileiro de Oleaginosa e Fibrosas. v. 10, n. 3, p. 1197 – 1209. 2006. BUAINAIN, A. M.; BATALHA, M. O; JUNIOR, P. V.; LEITE, S. F.. Cadeia produtiva do algodão. MAPA, Brasília-DF, v. 4, 2007. 108p. CTNBIO. Parecer nº 0513/2005. < http://www.ctnbio.gov.br/upd_blob/0000/615.doc > . Acesso em: 17 de dez. 2009. CTNBIO. Parecer nº 1832/2009. < http://www.ctnbio.gov.br/upd_blob/0001/1130.doc> Acesso em: 17 de dez. 2009. PURCELL, J. P.; PERLAK, F. J. Global impact of insect-resistant (Bt) cotton. Journal of

Agrobiotechnology Management and Economic, v. 7, n. 1/2, p. 27 - 30, 2004. <http://www.agbioforum.org/>. Acesso em: 08 fev. 2010. ROCA, W.; ESPINOZA, C.; PANTA. A. Agricultural applications of biotechnology and the potential for biodiversity valorization in latin américa and the caribbean. Journal

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CAPÍTULO I

FE OLOGIA DO ALGODOEIRO BOLLGARD® CULTIVAR UOPAL®

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23

FE OLOGIA DO ALGODOEIRO BOLLGARD® CULTIVAR UOPAL®

RONI PAULO FORTUNATO

Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Degrande

RESUMO

O algodoeiro apresenta crescimento indeterminado produzindo estruturas

reprodutivas durante o ciclo e o conhecimento de sua fenologia e aspectos de

crescimento é fundamental para o manejo da cultura O presente trabalho teve como

objetivo avaliar parâmetros de crescimento e fenológicos do algodão-Bt na região de

Dourados, MS nas safras 2007/08 e 2008/09. O delineamento experimental foi

inteiramente casualisado em esquema fatorial 3 x 2 em parcelas subdivididas, com 3

épocas de semeadura (15/11, 01/12 e 15/12) e 2 cultivares (NuOpal®, transgênica e

DeltaOpal®, convencional) com seis repetições. As parcelas consistiram em quatro

linhas com cinco metros de comprimento espaçadas por noventa centímetros. As

avaliações consistiram na determinação de estádio fenológico, número de nó por planta

e altura de plantas em seis plantas por parcela em intervalos de sete dias durante o ciclo

da cultura. Os resultados permitem concluir que: As cultivares não apresentaram

diferenças na altura final de plantas nas três E número de nó por planta; na safra

2008/09 a cultivar DeltaOpal® foi mais precoce quanto ao surgimento dos primeiros

botões florais e primeiras flores na primeira e terceira época.

Palavras-chave: Gossypium hirsutum, graus dia e parâmetros de crescimento.

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24

COTTON BOLLGARD® PHENOLOGY IN DOURADOS, MS

RONI PAULO FORTUNATO

Adviser: Paulo Eduardo Degrande

ABSTRACT

The cotton shows irregular reproductive structures formation during its season,

the understanding of the phenology and growth aspects is important in crop

management. The objective in the present work was evaluate Bt cotton phenology in

three planting dates in Dourados, MS in season growth 2007/08 e 2008/09. Was used

3x2 factorial experiment in randomized complete design in split plot, 3 period of

sowing and 2 cultivars (NuOpal®, transgenic, e DeltaOpal®, conventional) with six

replications. The plots consisted in 4 row with 5 m of length in 0,9 m spacing. The

evaluate consisted in phenology stage, plant’s node numbers and plants height in 7 days

intervals during season crop with six plants for plots. There was no difference noted in

three planting dates for number node per plant and plant height; the DeltaOpal® cultivar

was early in first and last planting date.

Key words: Gossypium hirsutum, heat unit and growth parameters.

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25

I TRODUÇÃO

O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) apresenta crescimento indeterminado,

sendo uma espécie perene, mas em condições de cultivo o mesmo é conduzido como

espécie anual, possui metabolismo C3 com elevada taxa de fotorrespiração e grande

sensibilidade à baixa luminosidade, assim, apresentando grande sensibilidade as

condições ambientais. Com as estruturas reprodutivas ocorrendo em intervalos

irregulares ocorre competição entre o crescimento vegetativo e reprodutivo e o

equilíbrio entre eles constitui o maior desafio no manejo de produção da cultura

(REDDY et al., 1995; ROSOLEM, 2001; ROBERTSON et al., 2007).

Com várias fases ocorrendo simultaneamente a determinação precisa do estádio

predominante da cultura é importante para o seu manejo. Alguns trabalhos ilustram

metodologias para definir ou auxiliar na determinação fenologia do algodoeiro.

Oosterhuis (1992) definiu metodologia baseada na resposta das plantas a temperatura,

assim, para cada fase da cultura tem-se necessidade do acúmulo de unidade de calor. A

metodologia proposta por Marur e Ruano (2001) preconiza a definição de estádios e

subfases até que o próximo estádio seja atingido, tendo fase vegetativa “V”, formação

de botões florais “B”, abertura de flores ou floração “F” e abertura de capulho “C”.

Além da fenologia o surgimento de um novo nó e elongação dos entrenós são

um indicativo do crescimento da planta, sendo que o número de nó determina o número

de folhas e novos ramos simpodiais e a altura vai determinar a distribuição ao longo da

planta dessas estruturas (REDDY e PACHEPSKY, 2002). Tem se preconizado que o

surgimento e elongação de novos nós tem maior dependência da temperatura

(ROUSSOPOLUS et al., 1998), seguido pelas características da cultivar e outros fatores

como fertilidade e distribuição de chuva durante o ciclo.

O freqüente ataque de insetos-praga resulta em diminuição de área foliar e queda

de estruturas reprodutivas induzindo alterações no crescimento e fixação da produção

(SADRAS, 1996; QUIRINO e SOARES, 2001; DONG et al., 2008). Com o recente

surgimento de alternativas para manejo de insetos-praga, como algodoeiro

geneticamente modificado resistente a insetos, tem ocorrido diminuição de danos em

comparação a cultivares convencionais nos países que tem adotado a tecnologia. Nesse

sentido, a utilização do algodão-Bt induz a maior fixação de estruturas reprodutivas e

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alterações quanto à fenologia em comparação a cultivares convencionais (HOFS et al.,

2006; HEBBAR et al., 2007). A obtenção do algodoeiro-Bt requer a introdução de

genes que expressam a toxina-Bt na variedade comercial Cocker 312® para depois,

através de retrocruzamento, realizar a incorporação da característica transformada em

cultivares comerciais (GREENPLATE et al., 2001), essas etapas tem direcionado os

esforços na obtenção de cultivares com altos níveis de expressão de toxina-Bt e

manutenção das características agronômicas (PERLAK et al., 2001). Alguns estudos

têm encontrado, a campo, diferenças no desempenho entre as cultivares transgênicas e

seus isogênicos não transgênicos, sendo associado a diferenças no fundo genético

(VERHALEN et al., 2003), o que pode resultar em alterações nas respostas as

condições ambientais, como parâmetros de crescimento e fenologia.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar parâmetros de crescimento e

fenológicos do algodoeiro Bollgard® cultivar NuOpal® comparado a seu isogênico não

transgêncio DeltaOpal® no município de Dourados/MS.

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27

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no campo experimental da Faculdade de Ciências

Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados FCA/UFGD, no município de

Dourados, MS nas safras da cultura 2007/08 e 2008/09.

O estudo constituiu de delineamento experimental fatorial 3 x 2 inteiramente

casualisado em parcelas subdivididas com seis repetições. Os tratamentos consistiram

de três épocas de semeadura (15/11, 01/12 e 15/12) e duas cultivares, NuOpal®,

transgência e DeltaOpal®, convendiconal nas subparcelas. As parcelas tinham 7 linhas

de plantio por 5 metros de comprimento, sendo área útil constituída de 2 linhas de 3

metros cada uma, tendo uma linha bordadura entre as áreas amostrais (Figura 1).

A semeadura foi realizada conforme as épocas pré-estabelecidas, sendo

empregado espaçamento entre linhas de 0,90 m com população entre 80.000 e 90.000

plantas/ha. Foi adotado sistema convencional de manejo de solo em um Latossolo

Vermelho Distroférrico. Adubação de base foi realizada com adição de 400 kg/ha da

formulação NPK+micro 5.28.8 em 2007/08 e 0.20.20 em 2008/09 e adubação de

cobertura com sulfato de amônio aos 50 DAE nas duas safras. O manejo de insetos-

praga foi realizado de forma curativa

A altura de planta foi controlada com uso de regulador de crescimento, sendo

utilizado o princípio ativo cloreto de clomerquat (Tuval®) na dose de 0,1 e 0,25 l/ha do

produto comercial aos 50 e 70 dias após emergência das plantas, respectivamente, na

safra 2007/08 em todas as épocas e 0,2 l/ha na safra 2008/09 apenas na primeira época

de semeadura. Foram realizadas três aplicações de fungicidas nas duas safras com uso

de azoxistrobina+ciproconazol (0,4 l/ha P.C.) aos 50 e 70 DAE e tebuconazol (0,6 l/ha)

aos 90 DAE ..

As avaliações iniciaram-se aos 10 dias após a emergência das plantas (DAE)

seguindo até atingir o Cut-out, com intervalo de sete dias com a determinação do

estádio fenológico, juntamente com altura de planta (cm) e número de nó por planta,

sendo amostradas seis plantas aleatoriamente na área amostral, e também acompanhou-

se o acúmulo de unidades de calor da emergência até abertura das maçãs.

Para o estádio fenológico, foi seguida a metodologia proposta por Marur e

Ruano (2001) que consiste na caracterização de subfases dentro do estádio principal até

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que o próximo estádio seja atingido, levando-se em conta o surgimento de estruturas

reprodutivas na primeira posição do primeiro ramo reprodutivo. Adaptou-se escala para

execução da análise estatística usando-se valores numéricos de forma consecutiva para

cada estádio identificado (Tabela 2), sendo analisado o surgimento dos primeiros botões

florais (B1), surgimento das primeiras flores (F1) e abertura dos primeiros capulhos

(C1).

Linhas bordaduras

1 m

5 m

Borda

duras

1 m

1m

Área amostral

1 m

FIGURA 1. Representação esquemática da unidade

experimental de cada cultivar. UFGD,

Dourados, MS. 2010.

TABELA 1. Adaptação de escala de Marur e Ruano (2001) fenológica com inclusão de

valores numéricos (notas) para cada estádio avaliado. UFGD, Dourados,

MS. 2010.

AdaptaçãoPeríodo da cultura Fase Estádios NotasFase vegetativa "V" V1, V2 e V3 1, 2 e 3

Formação dos botões florais "B" B1, B2, B3 e B4 4, 5, 6 e 7Abertura das flores ou floração "F" F1, F2, F3 e F5 8, 9, 10 e 11

Abertura de capulhos "C" C1, C2 12 e 13

Marur e Ruano (2001)

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29

O número de nó por planta foi quantificado excluindo-se o nó cotiledonar

seguindo até o último nó com entrenó menor que 0,5 cm. Para altura de planta

procedeu-se a leitura do nível do solo até o ápice da planta. O levantamento do acúmulo

de calor foi realizado seguindo a metodologia proposta por Oosterhuis (1992) com uso

do banco de dados da estação meteorológica FCA/UFGD.

Os dados foram submetidos à Análise da Variância e comparação das médias

dos tratamentos pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade dentro de cada avaliação.

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30

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Condições climáticas durante condução dos ensaios

Durante a condução dos trabalhos a precipitação pluviométrica apresentou

irregularidade em sua distribuição, pelo que se fez uso de irrigação na fase inicial de

emergência da cultura, principalmente na safra 2008/09, onde a demanda por irrigação

foi maior, inclusive com declínio de precipitação no final do ciclo (Figura 2).

(A)

(B)

FIGURA 2. Distribuição quinzenal da precipitação pluviométrica e irrigação

durante condução das cultivares NuOpal® e DeltaOpal® nas safra

2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.

0

50

100

150

200

250

1ª nov

2ª nov

1ª dez

2ªde

z

1ª ja

n

2ª ja

n

1ª fev

2ª fev

1ª m

ar

2ª m

ar

1ª abr

2ª abr

Irrigação (mm)

Chuva (mm)

0

50

100

150

200

250

1ª nov

2ª nov

1ª dez

2ªde

z

1ª ja

n

2ª ja

n

1ª fev

2ª fev

1ª m

ar

2ª m

ar

1ª abr

Irrigação (mm)

Chuva (mm)

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Altura de plantas e número de nó por planta

Quanto aos parâmetros de fenologia avaliados, durante a safra 2007/08,

constatou-se que, para a segunda e terceira época de semeadura, na fase fenológica B1,

ou seja, no surgimento do primeiro botão floral, as plantas da cultivar DeltaOpal®,

apresentavam altura média significativamente superior àquela que foi registrada nas

plantas da cultivar NuOpal®. No entanto, a diferença supracitada entre as cultivares, não

foi registrada durante a safra 2008/09, para nenhuma das três épocas de semeadura

utilizadas (Tabela 2).

Na tabela 2, constata-se que, nas fases fenológicas F1 e C1, tanto na safra

2007/08, quanto na safra 2008/09, não existem diferenças estatisticamente significativas

entre as cultivares quanto ao porte de plantas, o que está associado à fixação das

estruturas reprodutivas, e também ao gerenciamento do crescimento pelas aplicações de

regulador de crescimento, as quais tiveram início a partir da fase fenológica B1; esses

fatores possibilitaram a uniformidade do porte de plantas até o momento da colheita.

Em relação às épocas de semeadura, na safra 2007/08, observou-se que na fase

fenológica B1, as plantas da cultivar DeltaOpal® semeadas na terceira época, atingiram

altura de plantas significativamente superior àquela que foi registrada para as duas

primeiras épocas, entre as quais não se registro diferença estatística significativa.

Entretanto, para a cultivar NuOpal®, constatou-se exatamente o oposto, ou seja, para

este genótipo, a semeadura realizada na primeira época resultou, na mesma fase

fenólogica, em porte de plantas significativamente superior em relação àquele que foi

registrado para as duas épocas posteriores, para as quais não foi detectada diferença

estatística significativa (Tabela 2).

Durante a safra 2007/08 na fase fenologia F1, para as duas cultivares, não foram

constatadas diferenças significativas de altura, em função das diferentes épocas de

semeadura. Todavia, os dados da análise de variância deste parâmetro de crescimento,

indicaram a existência de efeito significativo na fase fenológica C1, apenas para a

cultivar NuOpal®, em função da época de semeadura adotada; a comparação entre as

médias permite denotar que, para a segunda e terceira época de semeadura, as plantas da

cultivar NuOpal®, atingiram porte significativamente superior em relação àquele

registrado para a primeira época.

Na tabela 2, observa-se que na safra 2008/09, para as duas cultivares em

questão, nas três fases fenológicas da avaliação (B1, F1 e C1), o porte de plantas

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32

registrado para a primeira época de semeadura foi significativamente superior àqueles

que foram registrados para as duas últimas épocas de semeadura.

Quanto ao número de nós no caule, nas duas safras de avaliação, não se

constataram diferenças estatísticas significativas nem entre cultivares e nem entre

épocas de semeadura (Tabela 3).

Vale ressaltar que, na safra 2007/08, para cada época de semeadura, foram

efetuadas duas aplicações de regulador de crescimento, enquanto que na safra 2008/09,

efetuo-se apenas uma aplicação deste insumo, apenas para a primeira época de

semeadura e, nenhuma aplicação foi efetuada, para a segunda e terceira época de

semeadura, em virtude da reduzida taxa de crescimento das plantas, fato este que pode

ser constatado pelo reduzido porte das plantas, menor que um metro (Tabela 2), e

número de nós inferior a 16 (Tabela 3).

Comparando cultivares-Bt e convencional Ahuja (2006) observou nos plantios

tardios as maiores diferenças regionais, em função das condições de temperatura, entre

as cultivares avaliadas. O comportamento das cultivares não diferiu mesmo não sendo

utilizado regulador de crescimento nas duas últimas épocas de semeadura da safra

2008/09, pois o regulador de crescimento atua, dentro de uma condição adequada,

equilibrando o crescimento vegetativo e reprodutivo (ZHAO e OOSTERHUIS, 2000)

nesse sentido as cultivar tiveram comportamento semelhante na presença e ausência de

regulador.

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TABELA 2. Altura de planta (cm

) nos estádios B1, F1 e C1 em cultivares de algodoeiro em três épocas de

semeadura nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, M

S. 2010.

Cultivares

I2II

III

III

III

III

III

Delta O

pal®

68,1 aB*

68,2 aB

75,9 aA

109,1 aA

107,2 aA

113,3 aA

124,7 aA

124,3 aA

125,5 aA

NuOpal®

70,7 aA

54,6 bB

55,1 bB

112,2 aA

104,4 aA

104,7 aA

121,7 aB

131,6 aA

130,5 aA

Cultivares

III

III

III

III

III

III

Delta O

pal®

66,6 aA

47,6 aB

46,6 aB

112,4 aA

83,1 aB

79,9 aB

117,4 aA

88,9 aB

83,3 aB

NuOpal®

64,7 aA

45,7 aB

46,1 aB

111.3 aA

84,7 aB

77,2 aB

116,8 aA

89,8 aB

81,9 aB

Estadios fenológicos

B1

F1

C1

Safra 2008/09

Safra 2007/08

Estadios fenológicos

B11

F1

C1

* M

édias seguidas pela mesm

a letra minúscula na coluna e m

aiúscula na linha dentro de cada estádio avaliado não diferem entre si

pelo teste de Tukey (5%).

1 Estádios: B1 = Surgim

ento do primeiro botão floral na primeira posição do primeiro ram

o reprodutivo; F1 = Surgim

ento da primeira

flor na primeira posição do primeiro ramo reprodutivo; C1 = Surgim

ento do primeiro capulho na primeira posição do primeiro ramo

reprodutivo.

2 I = 1ª época de semeadura (15/11); II = 2ª época de semeadura (01/12) e III = 3ª época de semeadura (15/12).

33

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TABELA 3. Número de nó por planta nos estádios B1, F1 e C1 em cultivares de algodoeiro em três épocas de

semeadura nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, M

S, 2010.

Cultivares

I2II

III

III

III

III

III

Delta Opal®

10,3 aA*

10,2 aA

9,6 aA

15,7 aA

15,1 aA

15,1 aA

19,9 aA

20,0 aA

19,9 aA

NuOpal®

10,7 aA

9,6 aA

9,5 aA

15,2 aA

14,8 aA

15,5 aA

20,0 aA

19,9 aA

20,0 aA

Cultivares

III

III

III

III

III

III

Delta Opal®

11,1 aA

10,7 aA

10,6 aA

13,9 aA

13,3 aA

13,9 aA

18,8 aA

15,3 aB

15,3 aB

NuOpal®

10,9 aA

10,5 aA

10,4 aA

14,0 aA

13,0 aA

13,9 aA

18,4 aA

15,4 aB

15,4 aB

Estadios fenológicos

B1

F1

C1

Safra 2008/09

Safra 2007/08

B11

F1

C1

Estadios fenológicos

* M

édias seguidas pela mesm

a letra minúscula na coluna e maiúscula na linha dentro de cada estádio avaliado não diferem entre si pelo teste

de Tukey (5%).

1 Estádios: B1 = Surgim

ento do primeiro botão floral na primeira posição do primeiro ramo reprodutivo; F1 = Surgim

ento da primeira flor na

primeira posição do primeiro ramo reprodutivo; C1 = Surgim

ento do primeiro capulho na primeira posição do primeiro ramo reprodutivo.

2 I = 1ª época de semeadura (15/11); II = 2ª época de semeadura (01/12) e III = 3ª época de semeadura (15/12).

34

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35

Estádio fenológico

Os dados da tabela 4 indicam que durante a safra 2007/08, independente da

época da semeadura, as cultivares avaliadas, estatisticamente não diferem quanto à

fenologia. Todavia, durante o cultivo da safra 2008/09, constata-se que, na primeira e

terceira época de semeadura, a cultivar DeltaOpal®, quanto ao surgimento dos primeiros

botões florais e, também, das primeiras flores, comportou-se de forma

significativamente mais precoce do que a cultivar NuOpal® (Tabela 4). Quanto à

abertura dos primeiros capulhos, os dados da tabela 5 indicam precocidade de caráter

significativo para a cultivar DeltaOpal®, apenas para a semeadura realizada na terceira

época fato que pode ser atribuído a resposta a baixa precipitação no final do ciclo nessa

época de semeadura, demonstrando diferenças quanto as respostas das cultivares nessas

condições.

TABELA 4. Comportamento fenológico de cultivares de algodoeiro em três épocas de semeadura na safra 2007/08. UFGD, Dourados, MS. 2010.

Transição3Estadio Nota Transição Estadio Nota Transição Estadio Nota

DeltaOpal® V8 B1 9,3 aA* V6 B1 6,8 aB V6 B1 7,3 aCNuOpal® V8 B1 9,2 aA V6 B1 6,0 aB V6 B1 8,3 aB

Transição Estadio Nota Transição Estadio Nota Transição Estadio NotaDeltaOpal® B6 F2 16,5 aA B6 F1 13,8 aB B5 F1 13,2 aBNuOpal® B6 F2 16,3 aA B6 F1 13,0 aB B5 F1 14,2 aB

Transição Estadio Nota Transição Estadio Nota Transição Estadio NotaDeltaOpal® F7 C2 23,2 aA F7 C1 21,2 aB F6 C1 18,5 aCNuOpal® F7 C2 24,3 aA F6 C1 19,7 aB F6 C1 18,6 aC

Surgimento dos primeiros botões florais (1a posição)

Surgimento das primeiras flores (1a posição)

Abertura dos primeiros capulhos (1a posição)

66 DAE

123 DAE

40 DAE

69

132

Safra 2007/08

III

1315,2 UC

III

465,0 UC

705,0 UC

1242,0 UC

I II125 DAE

61 DAE

40 DAE 39 DAEI1

490,0 UC2

708,0 UC

II

I II

III

451,8 UC

736,8 UC

1261,0 UC

* Medias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna e maiúscula, na linha, dentro de cada período avaliado não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). 1 I = 1ª época de semeadura (15/11); II = 2ª época de semeadura (01/12) e III = 3ª época de semeadura (15/12). 2 UC = Unidades de calor acumuladas entre a emergência até os estádios B1, F1 e C1conforme metodologia descrita por Oosterhuis (1992). 3 Transição = último estádio fenológico antes da mudança para os estádios avaliados B1, F1 e C1.

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36

Registrou-se variação considerável no acúmulo de unidades calóricas

relacionadas ao surgimento do primeiro botão floral e abertura do primeiro capulho em

função da época de semeadura, durante o cultivo da safra 2007/08. Na tabela 4, se

observa redução no número de unidades calóricas na medida em que se prorrogou a

época de semeadura. No entanto, quanto ao surgimento da primeira flor, a tendência é

errática, ou seja, detectou-se ligeira diminuição no número de unidades calóricas da

primeira para a segunda época de semeadura, porém registrou-se aumento da segunda

para a terceira época. De modo geral, esses dados indicam que, independente da

cultivar, cada fase fenologia avaliada (B1, F1, e C1), se manifestou, significativamente,

de forma mais precoce para as duas últimas épocas de semeadura.

TABELA 5. Comportamento fenológico de cultivares de algodoeiro em três épocas de semeadura na safra 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010.

Transição Estadio Nota Transição Estadio Nota Transição Estadio NotaDeltaOpal® V7 B1 4,0 bB V6 B1 6,8 aA V7 B1 6,1 bANuOpal® V7 B1 5,0 aC V6 B1 6,3 aB V9 V9 8,5 aA

Transição Estadio Nota Transição Estadio Nota Transição Estadio NotaDeltaOpal® B5 F1 10,6 bC B4 F1 15,3 aA B6 F1 11,2 bANuOpal® B5 F1 13,0 aC B4 F1 14,3 aB B6 B6 14,5 aA

Transição Estadio Nota Transição Estadio Nota Transição Estadio NotaDeltaOpal® F9 C1 15,5 aB F9 C1 18,5 aA F9 C2 16,3 bBNuOpal® F9 C1 17,2 aB F9 C1 17,6 aB F9 C1 19,8 aA

I II III

1077,0 UC 1085,0 UC 962,0 UC

II III

660,0 UC 627,0 UC 592,0 UC

I II III

65 DAE 62 DAE 60 DAE

114 DAE 111 DAE 108 DAE

Safra 2008/09

44 DAE471,0 UC

42 DAE427,0 UC

38 DAE376,0 UC

I

Surgimento dos primeiros botões florais (1a posição)

Surgimento das primeiras flores (1a posição)

Abertura dos primeiros capulhos (1a posição)

* Medias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna e maiúscula, na linha, dentro de cada período avaliado não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). 1 I = 1ª época de semeadura (15/11); II = 2ª época de semeadura (01/12) e III = 3ª época de semeadura (15/12). 2 UC = Unidades de calor acumuladas entre a emergência até os estádios B1, F1 e C1conforme metodologia descrita por Oosterhuis (1992). 3 Transição = último estádio fenológico antes da mudança para os estádios avaliados B1, F1 e C1.

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37

As cultivares não diferiram entre si quanto aos aspectos fenológicos observados

na primeira e segunda época de semeadura em ambas as safras, porém, na safra 2008/09

observou-se que a cultivar DeltaOpal® foi mais precoce, antecipando os estádios B1, F1

e C1 em relação a cultivar NuOpal® (Tabela 5). Para Hofs et al. (2006), as cultivares-Bt

apresentaram maior fixação inicial de maçãs e ciclo vegetativo mais curto em

comparação à cultivar convencional, mas em função da baixa presença de insetos-praga

alvo da tecnologia (Tabela 4), esse comportamento não foi observado.

Na safra 2007/08 o atraso na semeadura resultou na diminuição do acúmulo de

calor diário, em função da menor temperatura média no final do ciclo, dessa forma

prolongando o ciclo mesmo diminuindo a transição entre os estádios principais (Tabela

5), especialmente no período de abertura de maçãs, que é muito dependente da

temperatura (ROUSSOPOLUS et al., 1998), já na safra 2008/09 a qual apresentou

menor precipitação e maior temperatura média, ocorreu redução no ciclo em todas as

épocas comparando-se com a safra anterior, quanto a transição de estádios, a mesma

manteve–se semelhante nas épocas de semeadura avaliadas (Tabela 5).

Observou-se baixa pressão de lepidópteros-praga alvo da tecnologia-Bt nas duas

safras, com reduzido número de aplicações de inseticidas na cultivar convencional

(Tabela 6), dessa forma, com ausência de dano, o comportamento fisiológico

diferenciado esperado entre as cultivares em função do ataque de insetos-pragas não foi

observado, pois, o ataque de Alabama argillacea (Hübner, 1818 Lepidoptera:

Noctuidae) reduz a área foliar e altura de plantas (QUIRINO e SOARES, 2001), além

de ataque de insetos-praga não-alvo como Anthonomus grandis (Boheman, 1843

Coleoptera: Curculionidae) que induz a grande queda de estruturas reprodutivas

(PEREIRA et al., 2004), esse último com grande presença nas duas safras avaliadas.

TABELA 6. Número de aplicações de inseticidas visando insetos-praga alvo e não-alvo da tecnologia-Bt em duas cultivares de algodoeiro nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010.

Alvo Cultivares 2007/08 2008/09DeltaOpal® 2 1NuOpal® --- ---DeltaOpal® 14 13NuOpal® 14 13

N° de aplicações

Insetos-praga alvo

Inssetos-praga não-alvo

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38

A adaptação de notas dos estádios fenológicos facilitou a comparação entre as

cultivares, pelo fato dos estádios fenológicos não terem valores numéricos, sendo

possível, assim, a análise estatística dos dados de forma adequada. Quanto à

amostragem de plantas Marur e Ruano (2001) salientam que devem ser utilizadas no

mínimo 20 plantas na determinação de estádio em experimentos, no presente trabalho

foram utilizadas 36 plantas por tratamento. As parcelas utilizadas possuíam tamanho

reduzido, sendo interessante ainda, ajuste nesse sentido, com trabalhos em parcelas

maiores com intervalos menores, além disso, fatores que resultem em perdas de

estruturas reprodutivas podem induzir a erros, pois as alterações fisiológicas podem não

ser contempladas pela simples utilização da escala numérica, enfim, fatores que

merecem atenção visando melhoria no emprego de notas para análise de estádio

fenológico do algodoeiro.

Dentro das condições observadas nas duas safras, ocorreu uma redução de 15

dias no ciclo da cultura no segundo ano de cultivo em relação à primeira safra,

principalmente na última época, com baixa incidência de danos, o comportamento está

relacionado as condições ambientais, baixa precipitação pluviométrica, que mesmo com

a irrigação, não consegue-se estabelecer uma condição semelhante a ocorrência de

chuvas.

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39

CO�CLUSÕES

As cultivares não apresentaram diferenças na altura final de plantas número de

nó por planta nas três épocas.

Na safra 2008/09 a cultivar DeltaOpal® foi mais precoce quanto ao surgimento

dos primeiros botões florais e primeiras flores na primeira e terceira época.

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40

REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS

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41

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42

CAPÍTULO II

A�ÁLISE ECO�ÔMICA E PARÂMETROS DE PRODUÇÃO EM

ALGODOEIRO BOLLGARD® CULTIVAR �UOPAL®

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43

ANÁLISE ECONÔMICA E PARÂMETROS DE PRODUÇÃO EM ALGODOEIRO

BOLLGARD® CULTIVAR NUOPAL®

RONI PAULO FORTUNATO

Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Degrande

RESUMO

A adoção recente do algodão-Bt no Brasil e as particularidades das

regiões produtoras requerem uma ampla análise econômica e ajustes metodológicos

visando viabilidade em sua utilização. O trabalho objetivou analisar aspectos

econômicos e metodológicos na adoção do algodão-Bt no município de Dourados/MS

nas safras 2007/08 e 2008/09. O delineamento experimental foi inteiramente

casualizado em esquema fatorial 2 x 2 com doze repetições em parcelas subdivididas.

Os tratamentos consistiram de duas cultivares (NuOpal®, transgênica e DeltaOpal®,

convencional) e duas metodologias para determinação de parâmetros de produtividade

(colheita em parcela com levantamento de insetos-praga e colheita em parcelas sem

levantamento) nas subparcelas. As parcelas utilizadas tinham sete linhas de cinco

metros de comprimento e espaçadas entre si em noventa centímetros. Os parâmetros de

produtividade, qualidade de fibra e análise econômica da adoção da tecnologia-Bt foram

avaliados. Os resultados permitem concluir que: Parcelas empregadas para

levantamento de insetos-praga podem ser utilizadas na determinação de parâmetros de

produtividade; adoção da cultivar NuOpal® apresentou taxa de retorno econômico

semelhante a cultivar convencional; a cultivar NuOpal® apresentou micronaire e

uniformidade de fibra inferiores na safra 2007/08, diferenças sem alteração valor

comercial da fibra.

Palavras-chave: Custo de produção, levantamento de insetos-praga e rendimento de fibra

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44

ECONOMIC ANALYZE AND YELD PARAMETERS OF NUOPAL BOLLGARD®

COTTON

RONI PAULO FORTUNATO

Adviser: Paulo Eduardo Degrande

ABSTRACT

The recent adoption the Bt cotton in Brazil and its production area aspects

require an wide economic analyze and methodological adjusts for its adoption. The

present work objective was analyzing economic and methodological aspects in the

adoption the Bt cotton in Dourados, MS in 2007/08 and 2008/09 season growth. Was

utilized randomized factorial design 2 x 2 in split plot, with six replications. The

treatments consisted the two cultivars (NuOpal®, transgenic cultivar, e DeltaOpal®,

conventional cultivar) and two yield methodology parameters (yield in plot with pests

survey) and (yield in plot without pest survey). The plot was 7 row the 5 m length with

0,9 m spacing. Were evaluated yield parameters, fiber quality and economic assessment

of Bt cotton. The plots used in pest survey can is utilized for yield parameters

definition; the Bt cotton adoption was economically similar a conventional cultivar; the

NuOpal® cultivar was smaller micronaire and fiber uniformity in 2007/08 season.

Key words: production cost, pests survey e yield fiber.

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45

I�TRODUÇÃO

O cultivo do algodoeiro caracteriza-se pelo freqüente ataque de insetos-praga

durante o seu ciclo, entre eles pertencentes a Ordem dos lepidópteros, como a lagarta-

das-maçãs Heliothis virescens (Fabricius, 1781) (Lepidoptera: Noctuidae), lagarta-

curuquerê, Alabama argillacea (Hübner, 1818) (Lepidoptera: Noctuidae), lagarta-

rosada Pectinophora gossypiella (Saund., 1844) (Lepidoptera: Gelechiidae), lagarta

falsa-medideira, Pseudoplusia includens (Walker 1857) (Lepidoptera: Noctuidae) e

lagarta spodoptera, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera:

Noctuidae). Em sistemas agrícolas, insetos alvos são aqueles capazes de desenvolverem

populações capazes de reduzir significativamente a produção das culturas, exigindo

medidas de controle (DEGRANDE, 1998).

A utilização de algodoeiro transgênico resistente a insetos surgiu como

importante alternativa no manejo de lepidópteros-praga nas principais regiões

produtoras (SHELTON et al., 2002). Tecnologia, que inicialmente liberada no Brasil,

com expressão da toxina Cry1Ac, controla H. virescens, A. argillaceae e P. gossypiella.

A adoção do algodão-Bt representou grande avanço no controle de lagarta-rosada nos

Estados Unidos (CARRIÈRE et al., 2001; SIVASUPRAMANIAM et al.; 2008), China

(WU et al., 2003; WAN et al., 2004), África do Sul (HILLOCKS, 2005) e Índia

(MORSE et al., 2005).

Alguns resultados de trabalhos no exterior têm demonstrado benefícios como: a)

incremento de produção por menores perdas causadas pelo ataque de insetos,

conseqüentemente redução dos riscos; b) redução de custos de produção por menor

número de aplicações; c) maior facilidade e velocidade na definição de estratégias de

controle de pragas; d) redução geral do número de aplicações de inseticidas, com isso,

menor exposição humana e ambiental; e) compatibilidade com estratégias do MIP

(PURCELL et al., 2004).

No período de 1996 a 2006, estima-se que ocorreu uma redução de 15,3% em

média no uso mundial de inseticidas com o cultivo de algodão-Bt (BROOKES e

BARFOOT, 2000). Na China, o impacto da adoção do algodão-Bt foi percebido pela

grande redução de intoxicação de trabalhadores rurais, pois a tecnologia possibilitou

diminuir o número de aplicações (HUESING e ENGLISH, 2004). Cattaneo et al. (2006)

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46

observaram redução significativa no uso de inseticidas em 81 propriedades no Estado

do Arizona/EUA nas safras 2002 e 2003.

No Brasil na região sob Cerrado, e particularmente no Estado do Mato Grosso

do Sul, a lagarta-spodoptera tem presença constante e a falsa-medideira tem aumentado

sua importância a cada safra. A utilização de algodão transgênico requer além dos

estudos da ação da tecnologia sobre os insetos-pragas, uma criteriosa análise

econômica, pois a tecnologia, com expressão da toxina Cry1Ac controla três

lepidópteros-praga, necessitando ainda o controle de S. frugiperda e P. includens e com

isso a redução de custos pode não ser completa na condição de alta presença desses

insetos-pragas.

Por outro lado, o estudo da entomofauna e da produtividade, metodologias

adequadas para sua validação são requeridas. Muitos casos com a utilização da mesma

área amostral para levantamento de insetos-praga e colheita podem resultar em menor

precisão dos resultados, pois a constante circulação na área de avaliação e o manuseio

das plantas para levantamentos fazem com que as plantas sofram danos e estresse

mecânico alterando o comportamento em relação às plantas cultivadas sem o manuseio

constante.

A análise de custo/benefício do algodão transgênico resistente a insetos é de

vital importância para o produtor de algodão, levando-se em conta o custo da

tecnologia, bem como determinação de metodologias que possam trazer informações

precisas, fornecendo subsídios para sua adoção diante das características regionais.

O trabalho objetivou analisar aspectos econômicos e metodológicos na adoção

do algodão-Bt na região de Dourados, MS.

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47

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no campo experimental da Faculdade de Ciências

Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados, FCA/UFGD, no município de

Dourados, MS nas safras 2007/08 e 2008/09.

O delineamento experimental adotado foi fatorial 2 x 2 inteiramente casualizado

em parcelas subdivididas com doze repetições . Os tratamentos consistiram em duas

cultivares (Cultivar NuOpal®, transgênica e Cultivar DeltaOpal® convencional) e duas

metodologias para levantamento dos parâmetros de produtividade (parâmetros em

parcelas com levantamento de insetos-praga e parâmetros em parcelas sem

levantamento de insetos-praga).

Cada parcela possuía 7 linhas de plantio por 5 metros de comprimento, sendo

área amostral de insetos-praga e levantamento de parâmetros de produtividade

constituída de 2 linhas de 3 metros cada uma, tendo uma linha bordadura entre as áreas

de amostragem (Figura 1).

A semeadura foi realizada em 15 de novembro de 2007 e 2008 em espaçamento

entrelinhas de 0,90 metros com população entre 80 a 100 mil plantas/ha. Foi adotado

sistema convencional de manejo de solo em um Latossolo Vermelho Distroférrico.

Adubação de base foi realizada com adição de 400 kg/ha da formulação 5.28.8

NPK+micronutrientes em 2007/08 e 0.20.20 em 2008/09 e adubação de cobertura com

150 kg/ha de sulfato de amônio aos 50 DAE. O manejo de insetos-praga foi realizado de

forma curativa

A altura de planta foi controlada com uso de regulador de crescimento, sendo

utilizado o princípio ativo cloreto de clomerquat (Tuval®) na dose de 0,1 e 0,25 l/ha do

produto comercial aos 50 e 70 dias após emergência das plantas, respectivamente, na

safra 2007/08 e 0,2 l/ha na safra 2008/09. Foram realizadas três aplicações de fungicidas

nas duas safras com uso de Azoxistrobina+ciproconazol (0,4 l/ha P.C.) aos 50 e 70 DAE

e tebuconazol (0,6 l/ha P.C.) aos 90 DAE .

Durante o ciclo foram realizados levantamento de insetos-praga iniciado aos 10

dias após emergência das plantas (DAE) até o momento da colheita em intervalos de 3 a

5 dias. O levantamento serviu para definição do manejo de inseticidas, usados aqui para

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48

análise econômica entre as cultivares e também como um fator na determinação dos

parâmetros de produtividade.

Quanto ao estudo de metodologia de amostragem de indicadores de

produtividade, avaliou-se em 2 linhas de 3 metros de comprimento, por ocasião da

colheita manual, os seguintes parâmetros: população final de plantas/ha, número médio

de capulhos por planta, peso médio de capulhos (g) e produtividade (@/ha) e

rendimento de fibra. Além disso, também foi realizada a análise de qualidade de fibra

(High Volume Instrument, HVI): comprimento de fibra, uniformidade, resistência,

elongação de fibra e micronaire.

Para análise econômica da tecnologia-Bt adaptou-se metodologia empregada por

Jost et al. 2008, sendo denominada taxa de retorno da tecnologia (IRt), levando-se em

conta a receita advinda da produção de fibra e caroço, custo da tecnologia (semente) e

custo de inseticidas, desconsiderando os demais custos de produção, analisando os

fatores de custos diretamente relacionados com as cultivares em estudo, para, assim,

realizar análise estatística desses parâmetros.

IRt = ���� ∗ �� + ��� ∗ ��� − ��� − ���

Onde,

IRt: Taxa de retorno da tecnologia; Qf: Produção de fibra; Vf: Preço da

fibra; Qc: Produção de caroço; Vc: Preço do caroço; Cs: Custo com semente; Ci: Custo

com inseticida.

Os dados utilizados para cálculo tiveram como data de referência 31 de maio em

2008 e 2009, sendo utilizado para preço de fibra informações econômicas junto ao

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).

Os dados referentes a parâmetros de produtividade foram submetidos à análise

da variância e comparados através do teste Tukey (5%), enquanto os dados de análise

econômica e de qualidade de fibra foram submetidos ao teste t (5%).

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49

1 m

Linhas bordaduras

1 m

1m

5 m

Bordadu

ras

1m

BA

FIGURA 1. Representação esquemática da unidade experimental. Parcela A, área com amostragem de parâmetros de produtividade e levantamento de insetos-praga; Parcela B, apenas amostragem de parâmetros de produtividade. UFGD, Dourados, MS. 2010.

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50

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Metodologia de amostragem de indicadores de produtividade

Durante a condução dos trabalhos foram realizadas 31 amostragens de insetos-

praga na safra 2007/08 e 27 na safra 2008/09. Na área destinada para colheita sem

realização do monitoramento, as plantas não sofreram nenhum tipo de manuseio,

somente no momento da colheita.

A condução de ensaio com levantamento de insetos-praga requer manuseio

freqüente das plantas visando a observação detalhada de todas as estruturas como

botões florais, brácteas, flores e maçãs. Esse manuseio pode acabar danificando ou

interferindo no comportamento das plantas.

Os resultados obtidos não apresentaram diferenças quanto aos parâmetros de

produtividade entre as áreas amostrais, ressaltando, nesse caso, que a utilização da área

amostral empregada para levantamento de insetos-praga pode ser utilizada na definição

dos indicadores de produtividade não sendo necessária a dedicação de área exclusiva

para esse fim (Tabela 1). O resultado pode ser extrapolado para áreas maiores, nas quais

os fatores de interferência serão menores do que observados em áreas menores.

Dentre as cultivares avaliadas não foram observadas diferenças quanto aos

parâmetros de produtividade, apresentando desempenho produtivo semelhante (Tabela

1).

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83531,7

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*

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84028

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8,8

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13,8

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pal

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81150,7

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aA

8,6

aA

8,5

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82936,0

82837,2

Méd

ia

8,6

5

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0

C.V

. 16,2

C.V

. 18,9

Saf

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008/0

9

Saf

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008/0

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Cultiv

ares

C/A

S/A

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C

.V. %

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pal

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81635,8

aA

80432,1

aA

81034

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7,8

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5

16,1

N

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aA

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aA

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Méd

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82611,1

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Cultiv

ares

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C

.V. %

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pal

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5,0

aA

4,7

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Del

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pal

®

242,5

aA

255,0

aA

248,8

10,7

N

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pal

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4,9

aA

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5,0

0

N

uO

pal

®

234,2

aA

234,6

aA

234,4

Méd

ia

4,9

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M

édia

238,3

244,8

C.V

. 18,9

C.V

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Saf

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Saf

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008/0

9

Cultiv

ares

C/A

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Cultiv

ares

C/A

S/A

m

édia

C

.V. %

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216,5

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242,0

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229,2

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N

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pal

®

220,6

aA

234,5

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218,5

238,2

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C.V

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ostra

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pra

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am

ostra

gem

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tos-

pra

ga.

51

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52

Análise econômica A utilização da cultivar NuOpal®, transgênica resistente a insetos, resultou na

redução de 19,9% no custo com uso de inseticidas em 2007/08 e 7,9% de redução na

safra 2008/09 (Tabela 2). Em função da baixa presença de pragas, o custo da

tecnologia-Bt e o custo para combater o ataque de lepidópteros-praga alvo ficaram

muito próximos na safra 2008/09, sendo viável o uso da tecnologia na safra 2007/08,

analisando-se somente o fator custo de inseticida entre as cultivares.

TABELA 2. Custo com inseticidas em duas cultivares de algodoeiro conduzidas nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2009.

Custo com inseticida (U$$/ha 2007/08 2008/09

U$$/ha %* U$$/ha % DeltaOpal® 242,6 362,5 NuOpal® 194,3 19,9 333,8 7,9

* Redução de custo com aplicação de inseticidas entre as cultivares.

Em análise de custos de produção em outras regiões produtoras Richetti (2007 e 2008)

indicou redução entre 40 a 50% nos custos de inseticida com adoção de algodoeiro-Bt

na região de Primavera do Leste/MT nas safras 2007/08 e 2008/09, região caracterizada

pela alta presença de insetos-praga alvo da tecnologia.

Se por um lado não foi observada diferença quanto à produtividade de algodão

em caroço, encontrou-se diferenças significativas no rendimento de fibra (Tabela 3),

situação em que a cultivar DeltaOpal® apresentou rendimento superior que a cultivar

NuOpal®. Nesse aspecto levando-se em conta a taxa de retorno da tecnologia, a maior

produção de fibra e custo com inseticidas da cultivar convencional ficou equivalente a

ao menor custo de inseticida e maior custo de semente da cultivar modificada, assim,

pode-se afirmar que entre as cultivares o retorno econômico não foi significativo dentro

das condições analisadas, apresentando taxa de retorno similar.

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53

TABELA 3. Rendimento de fibra (%) e taxa de retorno tecnológica (IRt) em duas cultivares de algodoeiro nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010.

Rendimento de fibra %

IRt

(U$$/ha)

Rendimento de fibra %

IRt

(U$$/ha)

DeltaOpal® 39,08 2520,9 39,10 2216,7

NuOpal® 38,38 2399,4 38,22 2163,8Teste t 2,672* 0,577 2,697* 0,329

Prob. (5%) 0,014 0,759 0,013 0,745C.V. % 1,65 16,3 2,06 18,4

2007/08 2008/09

* Significativo a 5% de probabilidade.

Em diversos países que tem adotado a tecnologia-Bt tem sido observado ganhos

econômicos significativo em função do aumento da produtividade pelo menor danos de

lepidópteros-praga alvo (CABANILLA et al., 2005; JOST et al., 2008) e também pela

redução dos custos com inseticidas (HUESING e ENGLISH, 2004; BROOKES e

BARFOOT, 2000).

Na África do Sul Bennett et al. 2004 observaram que pequenos produtores

tiveram benefício na adoção do algodão-Bt, porém o benefício foi menor em

comparação a grandes produtores, fato atrelado a diferenças de intensidade de manejo

empregadas. Avaliando-se potencial produtivo de cultivares com diferentes tecnologias

transgências, Jost et al. (2008) consideram que o potencial produtivo da cultivar vem em

primeiro plano em relação à tecnologia presente na planta, aspecto interessante, pois

indica que antes da escolha da tecnologia emprega, deve-se escolhe cultivares com alto

potencial produtivo e ampla adaptação, fator que a cultivar DeltaOpal® contempla em

parte, pois tem o seu cultivo restrito as regiões produtoras do Estado da Bahia, com

menor utilização pelos produtores em outras Regiões produtoras do Brasil.

Uma característica marcante nas duas safras avaliadas foi o grande número de

aplicações de inseticidas para controle de bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis

Boheman 1843 (Coleoptera: Curculionidae) (Tabela 4), inseto-praga chave da cultura

no Brasil, muito destrutiva, erradicada nos Estado Unidos (EL-LISSY e

GREFENSTETTE, 2005) e ausente em outros continentes, o que ressalta a importância

de programas de supressão aqui no Brasil, pois a redução de danos causados pelos

lepidópteros-praga alvo da tecnnologia-Bt pode ser anulada em condição de alta

infestação de A. grandis, onde grande número de estruturas reprodutivas são perdidas,

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54

além disso, a maior parte dos inseticidas utilizados para seu controle apresentam ação

sobre lepidópteros, o que pode atenuar os efeitos da utilização de cultivares-Bt.

TABELA 4. Número de aplicações de inseticida e insetos-pragas em duas cultivares de algodoeiro nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS. 2010.

Número de aplicações

229131

Número de aplicações

11122

Ácaros

Cultivares

DeltaOpal

Mosca branca

Safra 2007/08

Safra 2008/09

Cultivares

Lepidopeteros-praga2

DeltaOpal e NuOpalDeltaOpal e NuOpalDeltaOpal e NuOpalDeltaOpal e NuOpalDeltaOpal e NuOpal

Lepidopeteros-praga1

PulgãoBicudo

Percevejo-da-soja

BicudoÁcaros

DeltaOpalDeltaOpal e NuOpalDeltaOpal e NuOpalDeltaOpal e NuOpal

Pulgão

1 1ª Aplicação visando A. argillacea e H. virescens aos 67 DAE; 2ª aplicação visando A. argillaceae aos 98 DAE. 2 Aplicação para A. argillaceae aos 96 DAE

Em estudo nas principais regiões da Índia Morse et al. (2005) verificaram em 2

anos de cultivo, que o algodão-Bt apresentou rentabilidade entre 43 e 73% superior ao

cultivo convencional, salientando ainda a importância de estudos a médio e longo prazo

visando a sustentabilidade e adequação de características regionais. Canabilla et al.

(2005) relatam que os benefícios econômicos aumentam acompanhando a intensidade

de infestação de lepidópteros-pragas alvo presentes.

A condição de baixa pressão de insetos-praga alvo da tecnologia-Bt observada

durante as duas safras e a presença de A. grandis reforça a conceito de que as condições

regionais para esses fatores devem ser levadas em conta no momento da adoção do

algodão-Bt.

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55

Qualidade de fibra Quanto aos parâmetros de qualidade de fibra, avaliados através do teste HVI,

foram observadas diferenças significativas apenas na safra 2007/08 para uniformidade

de fibra e micronaire, sendo que a cultivar NuOpal® apresentou resultados inferiores a

DeltaOpal® (Tabela 5). Avaliando cultivares nas quais foram incorporadas resistência

a insetos, herbicida e ambos, Verhalen et al. (2003) verificaram que as cultivares-Bt

quando comparadas aos isogênicos não transgênicos, apresentaram menores índices de

micronaire, mas ocorreu também interação com o ambiente, apresentando diferenças

regionais.

Os níveis de danos encontrados na cultivar convencional resultaram em

parâmetros de HVI semelhantes a cultivar modificada, pois, é esperado em uma

condição de presença lepidópteros-praga mais área foliar atacadas, particularmente

maçãs em formação, o que resultaria em elevação do índice de fibras curtas com

redução do comprimento de fibras na cultivar convencional.

Os índices obtidos ficaram dentro do padrão aceitável tanto para mercado

externo como interno, não resultando em diferenciação comercial entre a fibra

produzida pelas cultivares (COSTA et al., 2006; FBET, 2008), semelhante ao obtido

por Vilela et al. (2008) em rede de ensaios no Estado do Mato Grosso, onde a

cultivare DeltaOpal® apresentou micronaire superior, mas dentro do padrão do

mercado. Para as características relacionadas aos índices fornecidos pelo teste HVI são

governados por fatores genéticos e sofrem menos interferência do ambiente

(BRADOW e DAVIDONES, 2000).

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56

TABELA 5. Parâmetros da análise de fibra (HVI) em duas cultivares de algodoeiro nas safras 2007/08 e 2008/09. UFGD, Dourados, MS.

Safra 2007/08

Cf1 mm

Unif. %

Res. (gf/tex)

Elg. %

Mic. µ/pol2

DeltaOpal® 29,20 85,42 29,47 6,77 4,49 NuOpal® 29,26 84,37 30,08 6,72 4,12

Teste t (5%) 0,343 3,141* 1,321 1,414 3,890* Safra 2008/09

Cf Mm

Unif. %

Res. (gf/tex)

Elg. %

Mic. µ/pol2

DeltaOpal® 29,20 84,70 30,28 6,68 4,39 NuOpal® 29,30 83,50 30,20 6,69 4,40

Teste t (5%) 0,062 1,861 0,275 0,211 0,014 1 Cf = Comprimento de fibra; Unif.% = uniformidade; Res = Resistência da fibra; Elg. = Elongação de fibra; Mic = Micronaire. * Significativo a 5% de probabilidade.

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57

CO�CLUSÕES

Parcelas empregadas para levantamento de insetos-praga podem ser utilizadas na

determinação de parâmetros de produtividade

Adoção da cultivar NuOpal® apresentou taxa de retorno econômico semelhante a

cultivar convencional;

A cultivar NuOpal® apresentou micronaire e uniformidade de fibra inferiores na safra

2007/08, diferenças sem alteração valor comercial da fibra.

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60

WU, K. M.; GUO, Y.; NAN, L. V.; GREEPLATE, J. T; DEATON, R. Efficacy of transgenic cotton containing a cry1Ac gene from Bacillus thuringiensis against Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) in northern China. Journal of Economic Entomology, v. 96, n.4, p. 1322–1328, 2003.

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61

CAPÍTULO III

EFEITO DO ALGODOEIRO BOLLGARD® CULTIVAR �UOPAL® SOBRE I�SETOS-PRAGA ALVO E �ÃO-ALVO DA TEC�OLOGIA-Bt

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62

EFEITO DO ALGODOEIRO BOLLGARD® CULTIVAR �UOPAL® SOBRE

I�SETOS-PRAGA ALVO E �ÃO-ALVO DA TEC�OLOGIA-BT

RONI PAULO FORTUNATO

Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Degrande

RESUMO

A liberação do cultivo do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) geneticamente

modificado resistente a insetos é recente no Brasil, sendo mais uma alternativa para o

manejo integrado de insetos-praga, desde que sejam observadas características regionais

e aspectos ambientais ligados a entomofauna. O objetivo do trabalho foi avaliar os

efeitos do algodoeiro Bollgard® cultivar NuOpal® sobre insetos-praga alvo e não-alvo

em condição de cultivo em Dourados, MS nas safras 2007/08 e 2008/09. Foram

avaliados dois tratamentos (Cultivar NuOpal®, transgênica, e DeltaOpal®, convencional)

em delineamento experimental inteiramente casualisado com doze repetições. As

parcelas consistiram de sete linhas de cinco metros de comprimento espaçadas entre si

em noventa centímetros com área amostral de duas linhas de três metros de

comprimento. As avaliações foram feitas em intervalos de três a cinco dias com o

levantamento visual de insetos-praga presentes em seis plantas aleatórias na área

amostral. Os resultados permitem concluir que: as cultivares não interferiram no

comportamento de oviposição de adultos de lepidópteros; a cultivar transgênica,

resistente a insetos, foi eficiente no controle de insetos-praga alvo presentes na área

experimental; e seu efeito sobre a população de insetos-praga não-alvo, foi observado

apenas supressão sobre de P. includens.

Palavras-chave: Cultivar transgênica, insetos fitófagos e inseticidas.

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63

BOLLGARD® COTTON IMPACT ABOUT TARGET AND NO-TARGET PESTS OF Bt-TECHNOLOGY

RONI PAULO FORTUNATO

Adviser: Paulo Eduardo Degrande

ABSTRACT

The cropping of the genetically modified insect resistant cotton in Brazil is

recent, it’s another way that integrates the pests management, but it’s important to

observe the area characteristics, environmental aspects linked the pest population. The

objective in the present work was analyzing environmental impact the Bt cotton

adoption on target pest and no target pest in 2007/08 and 2008/09 season growth. Two

treatments were analyzed with (NuOpal®, transgenic cultivar, e DeltaOpal®,

conventional cultivar) in randomized completely design with twelve replications. The

plot was 7 row of 5 m length with 0,9 m spacing. The evaluate consisted the pest survey

in six randomized plant for plot in three a five days intervals during the season. The

cultivars no affected oviposition behavior the adults lepidopteran; the transgenic

cultivar was efficient in target pest control; was observed only Pseudoplusia includens

suppression between no target pests.

Key words: Transgenic cultivars, phytophagous insects and insecticides

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64

I�TRODUÇÃO

A busca por inseticidas mais específicos e com baixa persistência no ambiente,

estrategicamente usados com plantas resistentes a insetos, vem de longa data sendo

persiguido no manejo integrado de pragas. A obtenção convencional da resistência de

plantas a insetos envolve características quantitativas ligadas a vários loci, resultando

em um processo lento e de difícil implantação. Com o advento da transformação

genética baseada na tecnologia de DNA recombinante tornou-se possível inserir genes

de plantas e outras espécies em genomas de plantas, conferindo assim resistência a

insetos (BENNET, 1994). Genes de bactérias como Bacillus thuringiensis (Bt) e

Bacillus sphaericus tem sido o principal grupo de organismos utilizados para conferir

resistência de plantas a insetos em escala comercial (SHARMA et. al., 2000).

A expressão de proteínas Bt em algodoeiro conferindo ação inseticida sobre

insetos da Ordem Lepidoptera tem sido largamente adotada nos principais paises

produtores, como Estados Unidos, Austrália, China, Índia, México, Argentina, África

do Sul, Indonésia entre outros países (PURCELL e PERLAK, 2004; WUAN et al.,

2004; HILLOCKS, 2005; MORSE et al., 2005; SIVASUPRAMANIAM et al.; 2008).

A introdução de características de resistência de plantas a insetos através de

engenharia genética tem levantado questionamentos a respeito de sua eficácia e dos

efeitos potenciais sobre a entomofauna. Em sistemas agrícolas, insetos alvos são aqueles

capazes de desenvolverem populações capazes de reduzir significativamente a produção

das culturas, exigindo medidas de controle (DEGRANDE, 1998). Insetos não-alvos são

considerados espécies as quais não são objetivo da intervenção de controle.

No período de 1996 a 2006 estima-se que ocorreu uma redução de 15,3% em

média no uso mundial de inseticidas com o cultivo de algodão-Bt (BROOKES e

BARFOOT, 2000). Na China o impacto da adoção do algodão-Bt foi percebido pela

grande redução de intoxicação de trabalhadores rurais, pois a tecnologia possibilitou

diminuiu o número de aplicações (HUESING e ENGLISH, 2004), já o controle de

lagarta-rosada, Pectinophora gossypiella (Saud., 1844) (Lepidoptera: Gelechiidae)

apresentou grande avanço com implementação de algodão-Bt nos Estados Unidos

(WILSON et. al., 1992) e China (WAN et al., 2004).

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65

O algodão geneticamente modificado liberado para cultivo no Brasil

denominado de “Bollgard I® evento 531” comercializado com o nome comercial de

NuOPal® ou Delta Pine Acala 90B® apresenta a expressão da proteína Cry1Ac que atua

sobre lagarta-das-maçãs, Heliothis virescens (Fabricius, 1781) (Lepidoptera:

Noctuidae), lagarta-curuquerê, Alabama argillacea (Hübner 1818) (Lepidoptera:

Noctuidae) e lagarta-rosada, P. gossypiella, não atuando sobre lagarta falsa-medideira,

Pseudoplusia includens (Walker 1857) (Lepidoptera: Noctuidae) e lagarta spodoptera,

Spodoptera frugiperda (J.E. Smith 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) importantes

lepidópteros-praga da cultura presentes em algumas regiões produtoras.

No Estado do Mato Grosso do Sul, a lagarta-spodoptera tem presença frequente,

e a falsa-medideira tem aumentado sua ocorrência. A utilização de algodão transgênico

requer estudos relacionando ação da tecnologia sobre os insetos-pragas alvo e não-alvo

da tecnologia-Bt, com insetos-praga de importância secundária evoluindo para condição

primária dentro do manejo empregado com algodão-Bt.

O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos do algodoeiro Bollgard® cultivar

NuOpal® sobre insetos-praga alvo e não-alvo em condição de cultivo em Dourados,

MS.

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66

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no campo experimental da Faculdade de Ciências

Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados FCA/UFGD, no município de

Dourados, MS nas safras da cultura 2007/08 e 2008/09.

O estudo constituiu de 2 tratamentos (Cultivar NuOpal®, transgênica e Cultivar

DeltaOpal®, convencional) com 12 repetições em um delineamento experimental

inteiramente casualizado. Cada parcela foi representada por 7 linhas de plantio por 5

metros de comprimento, sendo área amostral de insetos-praga constituída de 2 linhas de

3 metros (Figura 1).

A semeadura foi realizada em 17 de novembro nas duas safras, sendo empregado

espaçamento entre linhas de 0,90 metros com população entre 80.000 e 90.000

plantas/ha. Foi adotado sistema convencional de manejo de solo em um Latossolo

Vermelho Distroférrico. A altura de planta foi controlada através do uso de regulador de

crescimento. Foram realizadas 3 aplicações de fungicidas (2007/08) e 4 (2008/09), 3

aplicações de regulador de crescimento (2007/08) e uma (2008/09) e adotada uma

adubação de cobertura em ambas as safras com uso de sulfato de amônio.

As avaliações iniciaram 10 dias após a emergência (DAE) seguindo até atingir

condição de colheita, com intervalo entre 3-5 dias. As avaliações consistiram de

levantamento de insetos fitófagos em seis plantas ao acaso na área amostral. Foram

contabilizados indivíduos na planta toda, avaliações que determinaram as intervenções

de controle.

Insetos-praga e estágios avaliados:

Lepidopteros-praga alvo da tecnologia-Bt: - P. gossypiella – ovo, larva e monitoramento de armadilha de feromônio, - H. virescens - ovo, percentual total larvas (pequena, média e grande) - A. argillacea - ovo, número total larvas (pequena e grande) Lepidopteros-praga não-alvo da tecnologia-Bt: - S. frugiperda - ovo, percentual total de larvas (pequena, média e grande) - P. includens - ovo, número total de larvas (pequena e grande) Insetos-pragas não-alvo da tecnologia-Bt: - Aphis gossypii Glover, 1877 (Hemiptera, Aphididae) – percentual total de presença de colônias),

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67

- Anthonomus grandis Boheman 1843, (Coleoptera: Curculionidae) – percentual total de danos (alimentação, oviposição, presença de larva e adultos).

- Euschistus heros (Fabricius 1798) (Heteroptera: Pentatomidae) – percentual de presença de adultos.

- ezara viridula (Linaeus 1758) (Heteroptera: Pentatomidae) – percentual total de adultos.

- Bemisia tabaci (Gennadius 1883) (Hemiptera: Aleyrodidae) – percentual total de presença de adultos.

Ácaros:

- Polyphagotarsonemus latus (Banks 1904) (Acari: Tarsonemidae) – percentual de plantas com presença de adultos.

- Tetranychus urticae (Koch 1836) (Acari: Tetranychidae) – percentual de plantas com presença de adultos.

Os dados referentes ao levantamento de insetos-praga foram submetidos à

análise de variância, quando os dados não seguiram padrão de normalidade aplicou-se a

transformação �(� + �� ) dos dados dentro de cada amostragem em seguida realizando o

teste t (5% de probabilidade). Os resultados foram apresentados em forma de gráficos,

utilizado ainda erro padrão de cada tratamento, sendo que os parâmetros estatísticos

foram mencionados somente quando o teste t (5% de probabilidade) foi significativo.

1 m

Linhas bordaduras

1 m

1 m

5 m

Bordaduras

1 m

A

FIGURA 1. Representação esquemática da unidade experimental. Parcela A área útil para levantamento de insetos-praga em algodão. UFGD, Dourados, MS. 2010.

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68

RESULTADOS E DISCUSSÃO

�ão preferência de oviposição de lepidópteros

No processo de obtenção de cultivares geneticamente modificadas utiliza-se a

cultivar padrão Cocker 312® para inserção de genes de interesse em material com

potencial para uso comercial, sendo que na fase final do processo é utilizado

retrocruzamento até chegar novamente a cultivar de interesse. Nesse processo a cultivar

geneticamente derivada pode apresentar algumas alterações que a diferenciam da

cultivar isogênica não transgênica; algumas dessas diferenças, por mínimas que sejam,

podem alterar o comportamento de insetos, entre eles, o comportamento de oviposição

de lepidópteros.

Nas condições de campo avaliadas, a cultivar NuOpal® não interferiu no

comportamento de oviposição de adultos de lepidópteros (Figura 2, 3 e 4), não sendo

registradas diferença significativa quanto ao número de ovos por planta em relação a

cultivar DeltaOpal®, isogênica não transgênica.

Para Srinivasan et al. (2006) a alteração de comportamento de postura está

ligada a variações de compostos voláteis liberados pelo hospedeiro, os quais atuam na

escolha para oviposição de Helicoverpa armigera (Hübner 1808) (Lepidoptera:

Noctuidae) tanto com relação à escolha da planta com partes da mesma (MUSTAPHA

et. al., 2001). Já as respostas de Spodoptera littoralis (Boisduval 1833) (Lepidoptera:

Noctuidae), quanto escolha da planta para oviposição estão relacionadas com

características físico-químicas do hospedeiro (ANDERSON e ALBORN, 1999).

Quanto ao comportamento de adultos de lepidópteros em cultivares de algodão

com expressão de toxina Bt, Yan et. al. (2004) não observaram reação de antenas de H.

armigera a compostos voláteis liberados por algodão-Bt e convencional. Avaliando

cultivares de algodão-Bt Torres e Ruberson (2006) não observaram efeito significativo

sobre a distribuição temporal e espacial da postura de adultos de H. armigera.

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69

TABELA 1. Aplicações de inseticidas durante a safra 2007/08 em duas cultivares. UFGD, Dourados, MS. 2010.

DAE1 Princípio ativo Dose P.C./ha Inseto-praga alvo Cultivares

26 Paration metil 1,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

41 Paration metil 1,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

51 Paration metil 1,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

Enxofre inorgânico 3,000 T. urticae DeltaOpal® e NuOpal®

55 Enxofre inorgânico 3,000 T. urticae DeltaOpal® e NuOpal®

67 Metomil 1,000 A. argilaceae e

H. virescens DeltaOpal®

Lufenuron 0,350

A. argilaceae e

H. virescens DeltaOpal®

Abamectina 0,400 T. urticae DeltaOpal® e NuOpal®

83 Buldock 0,100 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

83 Flonicamida 0,150 A. gossypii DeltaOpal® e NuOpal®

88 Beta-ciflultrina 0,100 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

98 Lunenuron 0,350 A. argilaceae DeltaOpal®

Spinosade 0,080 A. argilaceae DeltaOpal®

Piriproxifem 0,350 B. tabaci DeltaOpal® e NuOpal®

Beta-ciflutrina 0,100 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

105 Beta-ciflutrina 0,100 A. gossypii DeltaOpal® e NuOpal®

116 Paration metil 1,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

122 Metamidophós 1,000 E. heros DeltaOpal® e NuOpal®

124 Beta-ciflutrina 0,100 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

135 Paration 1,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal® 1 DAE = Dias após emergência.

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70

TABELA 2. Aplicações de inseticidas durante a safra 2008/09 em duas cultivares.

UFGD, Dourados, MS. 2010.

DAE1 Produto

comercial

Dose

P.C./ha

Insetos-praga

alvo Cultivares

24 Malation 2,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

29 Malation 2,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

47 Malation 2,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

58 Abamectina 0,400 T. urticae DeltaOpal® e NuOpal®

73 Paration metil 1,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

85 Beta-ciflutrina 0,100 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

89 Beta-ciflutrina 0,100 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

96 Spinosade 0,080 A. argilaceae DeltaOpal®

102 Beta-ciflutrina 0,100 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

108 Malation 2,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

Flunicamida 0,150 A. gossypii DeltaOpal® e NuOpal®

113 Lambda-cialotrina 0,125 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

116 Malation 2,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

Abamectina 0,400 T. urticae DeltaOpal® e NuOpal®

124 Malation 2,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal®

128 Malation 2,000 A. grandis DeltaOpal® e NuOpal® 1 DAE = Dias após emergência.

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71

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

Número de ovos por planta

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Delta OpalNuOpal

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

Número de ovos por planta

0

5

10

15

20

25

30

35

Delta OpalNuOpal

FIGURA 2. Número médio de ovos por planta de Alabama argillacea

em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e

2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.

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72

(A)

20 40 60 80 100 120 140

0

1

2

3

4

5

6

7

Delta OpalNuOpal

Dias após emergência

Número de ovos por planta

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

número de ovos por planta

0

2

4

6

Delta OpalNuOpal

FIGURA 3. Número médio de ovos por planta de Heliothis virescens

em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e

2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.

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73

(A)

20 40 60 80 100 120 140

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

Delta OpalNuOpal

Dias após emergência

�úm

ero

de

larv

as p

or p

lanta

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

�úm

ero

de o

vos por

pla

nta

0

1

2

3

4

5

Delta OpalNuOpal

FIGURA 4. Número médio de ovos por planta de Pseudoplusia includens

em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09

(B). UFGD, Dourados, MS. 2010.

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74

Presença de lepidópteros-praga

Quanto aos lepidópteros-praga alvo da toxina Cry1Ac, observou-se a

eficiência da mesma sobre a população presente na área, no caso, A. argillacea e H.

virescens (Figura 5 e 6), Para P. gossypiella, através do monitoramento pela armadilha

de feromônio, não foi observado índice de controle, 10 mariposas a cada 2 noites,

durante as duas safras de estudo (Figura 7) e a presença de S. frugiperda durante a

condução do trabalho foi baixa, não sendo suficiente para análise dos dados.

Quanto a cultivar DeltaOpal®, não modificada, foram necessárias duas

aplicações de inseticidas na safra 2007/08 para A. argillaceae e H. virescens e uma

aplicação na safra 2008/09 para A. argillacea (Tabela 1 e 2). A precipitação irregular e

períodos com baixa umidade podem ter contribuído para a baixa infestação desses

lepidópteros no período avaliado.

O grande número de aplicações realizadas inseticidas para A. grandis,

principalmente após 80 DAE, utilizando inseticidas do grupo dos piretróides pode ter

acarretado em supressão da população de adultos de P. gossypiella, tanto que não foram

encontrados danos resultantes do ataque de lagarta-rosada nas estruturas reprodutivas do

algodoeiro no final do ciclo da cultura.

Observou-se para P. includens, em algumas avaliações, que a presença de larvas

desses lepidópteros foi maior no algodão convencional em relação ao material

geneticamente modificado (Figura 8). Segundo (GORE et al., 2001) a toxina Cry1Ac

tem baixa efetividade sobre esse lepidóptero, porém, em alguns casos, a toxina pode

exercer ação de supressão, matando ou retardando o crescimento inicial das larvas.

Mesmo sendo realizadas 2 aplicações específicas para a cultivar DeltaOpal® em

2007/08 e uma aplicação em 2008/09, a presença de P. includens continuou superior na

cultivar convencional, o que é atribuído ao comportamento das larvas, que ficam nas

folhas da porção inferior da planta, dificultando a efetividade do controle químico.

Samerford e Solomon (2000) observaram que a utilização de algodoeiro com expressão

de Cry1Ac afetou negativamente a presença e desenvolvimento de P. includens. Por

outro lado, Tindall et al., (2009) observaram controle eficaz de P. includens em

algodoeiro com expressão da toxina Cry1Ac e Cry1F, demonstrando, assim, o não

controle e sim uma ação de supressão da falsa-medideira por parte da presença de uma

toxina presente na cultivar NuOpal®.

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75

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

Número de larvas por planta

0

1

2

3

4

5

6

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

Número de larvas por planta

0

1

2

3

4

FIGURA 5. Número médio total de larvas de Alabama argillaceae por

planta em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD. Dourados, MS. 2010. * Erro padrão dos dados originais. Ftab. = 4,3009. 1 QMe = 0,163; Fcalc. = 44,94; Prob.(5%) = 0,0000; Teste t (5%) = 6,703 2 QMe = 0,064; Fcalc .= 7,015; Prob.(5%) = 0,0146; Teste t(5%) = 2,648 3 QMe = 0,135; Fcalc. = 6,201; Prob.(5%) = 0,0208; Teste t(5%) = 2,409 4 QMe = 0,156; Fcalc. = 20,07; Prob.(5%) = 0,0000; Teste t(5%) = 4,480 5 QMe = 0,049; Fcalc. = 5,013; Prob.(5%) = 0,0355; Teste t(5%) = 2,239 6 QMe = 0,084; Fcalc. = 4,636; Prob.(5%) = 0,0425; Teste t(5%) = 2,153 7 QMe = 0,047; Fcalc. = 13,80; Prob.(5%) = 0,0012; Teste t(5%) = 3,715 8 QMe = 0,091; Fcalc. = 15,22; Prob.(5%) = 0,0007; Teste t(5%) = 3,901 9 QMe = 0,074; Fcalc. = 9,724; Prob.(5%) = 0,0050; Teste t(5%) = 3,118 10 QMe = 0,148; Fcalc. = 5,330; Prob.(5%) = 0,0307; Teste t(5%) = 2,308 11 QMe = 0,243; Fcalc. = 19,53; Prob.(5%) = 0,0002; Teste t(5%) = 4,420 12 QMe = 0,277; Fcalc. = 19,50; Prob.(5%) = 0,0002; Teste t(5%) = 4,415 13 QMe = 0,197; Fcalc. = 25,62; Prob.(5%) = 0,0000; Teste t(5%) = 5,062

1

2

3

4

5 6

7

8

9

10

11

12 13

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76

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

% de presença

0

2

4

6

8

10

12

14

Delta OpalNuOpal

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

% de presença

0

1

2

3

4

5

6

7

Delta OpalNuOpal

FIGURA 6. Percentual de presença do total de larvas de Heliothis

virescens em duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD. Dourados, MS. 2010. * Erro padrão dos dados originais. Ftab. = 4,3009. 1 QMe = 0,050; Fcalc. = 7,139; Prob.(5%) = 0,0139; Teste t (5%) = 2,672 2 QMe = 0,048; Fcalc .= 5,013; Prob.(5%) = 0,0356; Teste t(5%) = 2,239 3 QMe = 0,032; Fcalc. = 5,500; Prob.(5%) = 0,0284; Teste t(5%) = 2,345 4 QMe = 0,049; Fcalc. = 5,014; Prob.(5%) = 0,0355; Teste t(5%) = 2,239 5 QMe = 0,032; Fcalc. = 5,500; Prob.(5%) = 0,0284; Teste t(5%) = 2,345

1 2 3

4

5

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77

(A)

(B)

FIGURA 7. Distribuição de Pectinophora gossypiella capturadas nas armadilhas de

feromônio, dados médios de 2 noites de captura e máximo de captura em

períodos de 15 dias (1ª e 2ª quinzena de cada mês) na safra 2007/08 (A) e

2008/09 (B). UFGD. Dourados, MS. 2010.

01234567

dia

x.

dia

x.

dia

x.

dia

x.

dia

x.

dia

x.

1a 2a 1a 2a 1a 2a

Jan Fev Mar

me

ro d

e m

ari

po

sas

Mariposas / 2 noites

0

1

2

3

4

5

dia

x.

dia

x.

dia

x.

dia

x.

dia

x.

dia

x.

1a 2a 1a 2a 1a 2a

me

ro d

e m

ari

po

sas

Mariposas / 2 noites

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78

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

�úm

ero

de la

rvas

por

pla

nta

0

2

4

6

8

10

12

14

16

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

�úm

ero

de

larv

as p

or p

lanta

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

FIGURA 8. Número médio total de larvas de Pseudoplusia includens por planta em cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD. Dourados, MS. 2010. * Erro padrão dos dados originais. Ftab. = 4,3009. 1 QMe = 0,204; Fcalc. = 8,889; Prob.(5%) = 0,0068; Teste t (5%) = 2,98 2 QMe = 0,102; Fcalc .= 7,319; Prob.(5%) = 0,0129; Teste t(5%) = 2,705 3 QMe = 3,628; Fcalc. =11,757; Prob.(5%) = 0,0023; Teste t(5%) = 3,428 4 QMe = 0,048; Fcalc. = 5,013; Prob.(5%) = 0,0355; Teste t(5%) = 2,238 5 QMe = 0,032; Fcalc. = 5,500; Prob.(5%) = 0,0284; Teste t(5%) = 2,345 6 QMe = 0,061; Fcalc. = 5,885; Prob.(5%) = 0,0239; Teste t(5%) = 2,425 7 QMe = 0,104; Fcalc. = 4,502; Prob.(5%) = 0,0453; Teste t(5%) = 2,121 8 QMe =0,035 ; Fcalc. = 7,857; Prob.(5%) = 0,0103; Teste t(5%) = 2,803 9 QMe = 0,048; Fcalc. = 5,013; Prob.(5%) = 0,0355; Teste t(5%) = 2,238

3

1 2 1

4 5

6

7

8

9

*

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79

Presença de insetos-praga não-alvos

A principal preocupação quanto à tecnologia-Bt, em relação aos insetos-praga

não-alvo, refere-se aos possíveis efeitos diretos e também aos efeitos da redução do

número aplicações de inseticida sobre a dinâmica dessas populações. Quanto aos

insetos-pragas, não-alvo avaliados nas amostragens, não foram observadas diferenças

significativas quanto a distribuição entre as cultivares DeltaOpal® e NuOpal®.

Para A. gossypii não foram observadas diferenças significativas entre as culturas

quanto à na distribuição das colônias (Figura 9). Em trabalho realizado no norte da

China, Wu e Guo (2003) observaram maior ressurgência de A. gossypii em algodão

convencional, relacionado ao maior número de aplicações para lepidópetos em relação a

cultivar transgênica. No presente trabalho, com número baixo de aplicações para a

cultivar convencional esse fator não teve efeito sobre a população de pulgão-do-

algodoeiro. Ocorreu grande número de aplicações para A. grandis que poderiam

desequilibrar a população de A. gossypii, porém as aplicações foram realizadas após 80

DAE em ambas as cultivares, não ocorrendo, assim, interferência direta sobre a sua

dinâmica populacional dos pulgões que ocorreram no início da cultura (Figura 9).

Em trabalho realizado em casa-de-vegetação, Sujii et. al. (2008) observaram que

a dinâmica populacional de A. gossypii não foi afetada pelo algodão-Bt, comportamento

semelhante encontrado por Zhang et al. (2008) em condição de campo onde a cultivar-

Bt não afetou a presença de A. gossypii. Em trabalho avaliando a capacidade de

penetração de estilete do pulgão-do-algodoeiro, Xue et al. (2009) verificaram que as

primeiras gerações encontraram dificuldade em penetrar o tecido da cultivares-Bt,

porém, nas gerações seguintes ocorreu adaptação e não se verificaram mais diferenças.

Quanto ao A. grandis, nos dois anos de avaliação, a presença foi um fator

marcante, chegando com freqüência ao nível de controle, no caso utilizado 5%, mesmo

com elevado número de aplicações. Por outro lado, não foram observadas diferenças no

nível populacional entre as cultivares estudadas, fato que poderia ocorrer em função da

presença da toxina-Bt ou ainda algum fator presente na cultivar modificada que pudesse

interferir no comportamento de A. grandis (Figura 10).

A maioria dos produtos utilizados para controle de A. grandis apresentam ação

sobre lepidópteros-praga, assim, em condições de alta presença do bicudo-do-

algodoeiro os benefícios da tecnologia-Bt podem ser diminuídos em função de uma

possível supressão resultante do controle do mesmo.

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80

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

% tot

al d

e pre

senç

a de

colô

nia

s

0

20

40

60

80

100

Delta OpalNuOpal

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

% tot

al d

e co

lônia

s

0

20

40

60

80

100

120

140

Delta OpalNuOpal

FIGURA 9. Percentual de presença do total de colônias de Aphis

gossypii em cultivares conduzidas na safra 2007/08

(A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.

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81

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

% d

e pre

sença

-5

0

5

10

15

20

25

Delta OpalNuOpal

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

% d

e pre

sença

0

5

10

15

20

25

30

35

Delta OpalNuOpal

FIGURA 10. Percentual de presença de Anthonomus grandis em cultivares

conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). Somatório de

danos de alimentação, oviposição, larvas e adultos. UFGD,

Dourados, MS. 2010.

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82

As cultivares DeltaOpal® e NuOpal® não apresentaram diferenças entre si

quanto à distribuição das populações de B. tabacci e E. heros (Figura 11 e 12). A

mosca-branca, espécie que ainda não possuem nível de controle definido e que sua

presença afeta principalmente a qualidade de fibra pela contaminação por fumagina e

açúcares. No caso do E. heros, o mesmo ataca maçãs em crescimento, podendo

deformá-las prejudicando a formação da fibra.

A área experimental estava cercada pelo cultivo de soja, e a mosca-branca e os

percevejos acabaram migrando para área do cultivo do algodoeiro, aumentando a

presença depois da colheita da soja, quando o E. heros na safra 2007/08 apresentou o

seu pico populacional, sendo realizada uma aplicação específica, enquanto na safra

08/09 a presença foi inferior não necessitando do controle de percevejos-da-soja. Em

diferentes condições de manejo de insetos-praga na Índia Sharma et al. (2006) não

observaram diferenças nas populações de B. tabacci e . viridula no cultivo-Bt e

convencional.

A diminuição de aplicações para lepidópteros-praga alvo em algodão-Bt pode

resultar em alteração da dinâmica de insetos-praga não-alvo, ou seja, populações antes

consideradas de importância secundária podem assumir a condição primária, é o caso de

insetos sugadores Pentatomidae e Miridae (CANNON, 2000; WARD, 2005; LU et al.,

2008; SORIA et al., 2009), nesse sentido WANG et al. (2009) verificaram entre 1999 e

2006, nas regiões produtoras da China, aumento no uso de inseticida para insetos-pragas

secundários, mas em intensidade menor do que a redução oriunda da utilização do

algodão-Bt.

Essa nova conjuntura vai continuar exigindo um monitoramento constante de

insetos-praga, mesmo com o controle de lepidópteros realizado com uso da tecnologia-

Bt, focando a dinâmica da população de insetos-praga não alvo.

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83

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

% d

e pre

sença

0

20

40

60

80

100

120

Delta OpalNuOpal

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

% d

e pre

sença

de

adulto

0

20

40

60

80

100

120

Delta OpalNuOpal

FIGURA 11. Percentual de presença de adultos de Bemisia tabaci em

cultivares conduzidas nas safras 2007/08 (A) e 2008/09

(B). UFGD, Dourados, MS. 2009.

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84

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

% d

e pr

esen

ça

0

2

4

6

8

10

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

% d

e pre

sença

0

2

4

6

8

10

FIGURA 12. Percentual de presença de adultos de Euschistus. heros em

duas cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09

(B). UFGD, Dourados, MS. 2010.

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85

Presença de Ácaros

A presença de P. latus e T. urticae na safra 2008/09 foi mais elevada em relação

à safra 2007/08 (Figura 13 e 14), fato condicionado ao clima seco e quente

principalmente nos meses de janeiro e fevereiro. Em algumas avaliações observaram-se

diferenças na população de T. urticae entre as cultivares avaliadas, porém, ocorrendo

alternância entre as cultivares, não tendo um padrão de resposta na dinâmica

populacional em relação aos tratamentos. Procurou-se durante a condução dos trabalhos

um manejo de inseticidas que não afetasse, principalmente, a dinâmica dos

lepidopteros-praga, assim, na primeira safra, foi utilizado enxofre inorgânico em

aplicações contra ácaros para não afetar a população de A. argillaceae presente na

cultivar convencional, pois, o produto mais empregado no controle de T. urticae e P.

lattus apresenta ação sobre lepidópteros.

Avaliando a população de ácaro em cultivar-Bt, Ma et al. (2006) não verificaram

efeito da cultivar-Bt sobre população de ácaros e, salientam ainda, o seu potencial de

dano tanto no cultivo convencional e modificado, sendo os acaricidas ferramentas

importantes no manejo. O uso de controle químico constitui situação que merece

atenção em estudos com plantas geneticamente modificadas resistentes a insetos,

especialmente no manejo das plantas convencionais, para isolar os fatores de

interferência na dinâmica da população de insetos-praga e ácaros, no sentido de validar

as comparações.

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86

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

% d

e pr

esen

ça

0

5

10

15

20

25

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

% d

e pr

esen

ça

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

FIGURA 13. Percentual de presença de Polyphagotarsonemus latus

em cultivares conduzidas na safra 2007/08 (A) e

2008/09 (B). UFGD, Dourados, MS. 2010.

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87

(A)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120 140

% d

e pre

sença

0

10

20

30

40

50

60

(B)

Dias após emergência

20 40 60 80 100 120

% d

e pre

sença

0

5

10

15

20

25

30

FIGURA 14. Percentual de presença de Tetranichus urticae em cultivares

conduzidas na safra 2007/08 (A) e 2008/09 (B). UFGD, Dourados,

MS. 2010.

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88

CO�CLUSÕES

As cultivares não interferiram no comportamento de oviposição de adultos de

lepidópteros.

A cultivar transgênica resistente a insetos foi eficiente no controle de insetos-

praga alvo presentes na área experimental;

Quanto aos efeitos da cultivar NuOpal® sobre a população de insetos-praga não-

alvo, foi observado apenas supressão sobre P. includens.

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CO�SIDERAÇÕES FI�AIS

Os resultados aqui discutidos levam em conta a expressão de apenas uma toxina,

Cry1Ac, presente na cultivar NuOpal® sendo que a segunda geração da tecnologia com

a presença da toxina Cry1Ac e Cry2Ab2 estará disponível comercialmente aos

produtores brasileiros na safra 2010/2011, onde teremos um controle adicional da S.

frugiperda e P. includens. Aspectos metodológicos aqui analisados servirão como

indicativo para estudos sobre adoção de novas gerações do algodoeiro-Bt no Brasil

focando características regionais, dinâmica de insetos-pragas não-alvo e a presença do

bicudo-do-algodoeiro nas regiões produtoras.

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