FEP Balanced Scorecard

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Mestrado em Economia e Administração de Empresas Faculdade de Economia da Universidade do Porto 2013/2014 O Balanced Scorecard: proposta de um modelo para uma empresa de Eletricidade e Telecomunicações Ana Sofia Alves Abrantes [email protected] Orientador: João Pedro Oliveira Setembro 2014

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  • Mestrado em Economia e Administrao de Empresas

    Faculdade de Economia da Universidade do Porto

    2013/2014

    O Balanced Scorecard: proposta de um modelo

    para uma empresa de Eletricidade e

    Telecomunicaes

    Ana Sofia Alves Abrantes

    [email protected]

    Orientador: Joo Pedro Oliveira

    Setembro 2014

  • O Balanced Scorecard: proposta de um modelo para uma empresa de Eletricidade e Telecomunicaes

    FEP - Mestrado em Economia e Administrao de Empresas Sofia Abrantes II

    Nota Bibliogrfica

    Ana Sofia Alves Abrantes, nasceu a 4 de Setembro de 1989, natural da Covilh,

    nacionalidade Portuguesa.

    Em Julho de 2007, terminou o ensino obrigatrio, para que, em Setembro do mesmo ano,

    desse entrada na Faculdade de Economia do Porto, no curso de Economia, que terminou

    no ano letivo de 2010/2011.

    Em termos profissionais, em 2011, ingressou no mercado de trabalho, numa organizao

    do setor de Telecomunicaes e Eletricidade, onde se manteve at 31 de Julho de 2014,

    como Controller Financeira. O percurso profissional prosseguiu com a entrada a 15 de

    Setembro de 2014 para a equipa de Assurance da PwC.

    Com o trmino do curso e dada a evoluo do ensino universitrio e do mercado de

    trabalho, comeou a frequentar o Mestrado de Economia e Administrao de Empresas,

    em horrio ps-laboral, em simultneo com o seu cargo profissional. Visando

    desenvolver competncias na rea da Gesto e, assim, acompanhar as ofertas presentes

    no mercado de trabalho.

    Este segundo ciclo terminar, assim, com a entrega e apresentao deste estudo, aps

    muito empenho e dedicao.

  • O Balanced Scorecard: proposta de um modelo para uma empresa de Eletricidade e Telecomunicaes

    FEP - Mestrado em Economia e Administrao de Empresas Sofia Abrantes III

    Agradecimentos

    Ao meu orientador, Professor Joo Oliveira, por ter aceite a orientao da minha

    dissertao e por todo o apoio e disponibilidade. A sua ajuda, dicas e reviso cuidada e

    ponderada durante toda a elaborao foram, sem dvida, essenciais na concluso deste

    projeto.

    Agradeo, de seguida, empresa ELECTR, na sua globalidade, pela disponibilidade e

    oportunidade para a elaborao do estudo. Fao um agradecimento especial ao CEO e ao

    Diretor do Departamento de Planeamento e Controlo de Gesto que me permitiram a

    elaborao deste projeto. Agradeo tambm, com um especial obrigada, aos

    colaboradores entrevistados, pela disponibilidade e por toda a ajuda prestada ao longo da

    construo do Balanced Scorecard.

    minha famlia, que me acompanhou durante todo o meu percurso e que me incentivou

    nos momentos mais crticos. Um especial obrigado aos meus pais, sem os quais nada teria

    sido possvel, por todo o tempo e pacincia despendidos.

    Aos meus amigos, quer aqueles que j me acompanham h sete anos, quer os que entraram

    no meu percurso desde o mestrado, agora em concluso, quer aqueles que, no trabalho, j

    no me podiam ouvir falar de tese, agradeo por toda a motivao, carinho, conforto e

    est quase. Sem eles no teria sido possvel chegar ao fim desta etapa.

    Agradeo, tambm, a todos aqueles que me ajudaram de alguma forma, quer em

    tradues, quer em correes, quer apenas com uma palavra amiga.

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    FEP - Mestrado em Economia e Administrao de Empresas Sofia Abrantes IV

    Resumo

    A economia e os mercados esto em constante mudana e com um aumento de

    rivalidade entre os participantes. Surgem constantemente novas ameaas e novas

    oportunidades e, consequentemente, h a necessidade de identificar rapidamente essas

    mudanas, de forma a agir em tempo til e de forma eficaz. Cada organizao tem cada

    vez mais a necessidade de definir linhas orientadoras, quer ao nvel financeiro, quer ao

    nvel operacional, para medir o seu desempenho e obter informao de forma a poder

    tomar decises acertadas. De facto, um sistema de gesto baseado apenas em indicadores

    financeiros no suficiente, devendo combin-los com os indicadores das atividades

    operacionais, enquadrando as duas reas na estratgia global. Neste contexto, surge a

    necessidade de recorrer ferramenta desenvolvida por Kaplan e Norton, o Balanced

    Scorecard (BSC).

    O caso de estudo ir basear-se numa empresa do sector de construo de grandes

    infraestruturas na rea da eletricidade e telecomunicaes. Apesar de o seu Departamento

    de Planeamento e Controlo de Gesto j efetuar uma anlise de desempenho, existe a

    necessidade de desenvolver um mapa constitudo por indicadores financeiros e no-

    financeiros, alinhados com a estratgia organizacional. Deste modo, esta dissertao

    apresenta uma proposta de um BSC aplicado ao caso de estudo, refletindo tambm sobre

    a necessidade da adaptao, ou no, do mapa estratgico a diferentes contextos em que a

    empresa se insere, nomeadamente a mercados com diferentes caractersticas.

    Palavras-Chave: Balanced Scorecard, Estratgia, Sistema de Gesto de Desempenho,

    Mapa Estratgico, Indicadores.

  • O Balanced Scorecard: proposta de um modelo para uma empresa de Eletricidade e Telecomunicaes

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    Abstract

    The economy and the markets are in constant change, facing an increase in rivalry

    among the participants. New threats and opportunities are constantly emerging and,

    consequently, there is the need to rapidly identify these changes in order to act efficiently

    and in due time. Each organization faces the need to define guidelines, both of the

    financial and operational level, in order to measure their development, obtain information

    and make correct decisions. A management system based only in financial indicators is

    not enough, as they should be combined with indicators of operational activities and both

    areas should be framed within the global strategy. This context promotes the usage of the

    Balanced Scorecard (BSC), the tool developed by Kaplan and Norton.

    The case study will be based in a company operating in the sector of the

    construction of big infrastructures in the areas of electricity and telecommunications.

    Although its Department of Planning and Management Control already carries out

    performance analysis, there is the need to develop a map composed of financial and non-

    financial indicators aligned with the organizational strategy. The current dissertation

    presents a proposal of a BSC applied to the case company, and reflects on the need to

    adapt (or not) the strategic map to the different contexts of the company, namely markets

    with different characteristics.

    Keywords: Balanced Scorecard, Strategy, Management Performance System, Strategic

    Map, Indicators.

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    FEP - Mestrado em Economia e Administrao de Empresas Sofia Abrantes VI

    ndice de Contedos

    Nota Bibliogrfica .......................................................................................................... II

    Agradecimentos ............................................................................................................ III

    Resumo ........................................................................................................................... IV

    Abstract ............................................................................................................................ V

    ndice de Contedos ...................................................................................................... VI

    ndice de Figuras ........................................................................................................ VIII

    ndice de Tabelas .......................................................................................................... IX

    Introduo ....................................................................................................................... 1

    Captulo 1. Enquadramento terico ........................................................................ 3

    1. Balanced Scorecard .................................................................................................. 3

    1.1. A avaliao do desempenho e o Balanced Scorecard ..................................... 3

    1.2. As quatro perspetivas do Balanced Scorecard ............................................... 5

    1.2.1. Perspetiva Financeira ...................................................................................... 6

    1.2.2. Perspetiva dos Clientes ................................................................................... 7

    1.2.3. Perspetiva dos Processos Internos .................................................................. 7

    1.2.4. Aprendizagem e Crescimento ......................................................................... 8

    1.3. O Balanced Scorecard e a Estratgia ............................................................ 10

    1.3.1. A Estratgia como base do Balanced Sorecard ........................................... 10

    1.3.2. O Mapa Estratgico ...................................................................................... 14

    1.3.3. O Balanced Scorecard e a diversidade de contextos .................................... 15

    1.4. As crticas ao Balanced Scorecard ................................................................. 17

    1.5. Breve concluso .............................................................................................. 19

    Captulo 2. Estudo de Caso .................................................................................... 20

    1. Metodologia ............................................................................................................ 20

    2. Descrio da empresa ............................................................................................ 25

    3. Construo do Balanced Scorecard ...................................................................... 29

    3.1. Proposta do Balanced Scorecard ................................................................... 29

    3.2. Mapa Estratgico ........................................................................................... 32

    Mapa Estratgico aplicado a Portugal ...................................................................... 32

    Mapa Estratgico aplicado a Angola........................................................................ 33

  • O Balanced Scorecard: proposta de um modelo para uma empresa de Eletricidade e Telecomunicaes

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    Proposta de Mapa Estratgico Comum .................................................................... 34

    3.3. BSC - Objetivos e Indicadores ...................................................................... 35

    Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento ............................................................ 35

    Perspetiva dos Processos Internos ............................................................................ 41

    Perspetiva dos Clientes ............................................................................................ 55

    Perspetiva Financeira Portugal .............................................................................. 65

    Perspetiva Financeira Angola ............................................................................... 66

    Perspetiva Financeira Proposta Comum ............................................................... 67

    Captulo 3. Discusso, limitaes e concluses ..................................................... 69

    Referncias bibliogrficas ............................................................................................ 71

    Anexos ............................................................................................................................ 74

  • O Balanced Scorecard: proposta de um modelo para uma empresa de Eletricidade e Telecomunicaes

    FEP - Mestrado em Economia e Administrao de Empresas Sofia Abrantes VIII

    ndice de Figuras

    Figura 1 - Balanced Scorecard e as suas quatro perspetivas. ........................................... 5

    Figura 2 - Gesto estratgica: os quatro processos. ........................................................ 13

    Figura 3 Mapa Estratgico ELECTR - Portugal. ......................................................... 32

    Figura 4 Mapa Estratgico ELECTR - Angola. ........................................................... 33

    Figura 5 Mapa Estratgico ELECTR Proposta Comum. .......................................... 34

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    FEP - Mestrado em Economia e Administrao de Empresas Sofia Abrantes IX

    ndice de Tabelas

    Tabela 1 Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento. ................................................ 35

    Tabela 2 Perspetiva dos Processos Internos. ............................................................... 42

    Tabela 3 Perspetiva dos Clientes. ................................................................................ 55

    Tabela 4 Perspetiva Financeira - Portugal. .................................................................. 65

    Tabela 5 Perspetiva Financeira - Angola. .................................................................... 66

    Tabela 6 Perspetiva Financeira Proposta Comum. ................................................... 67

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    FEP - Mestrado em Economia e Administrao de Empresas Sofia Abrantes 1

    Introduo

    A economia mundial est a ser alvo de grandes mudanas: cada vez mais os

    mercados so globalizados, com um aumento da concorrncia e rivalidade. Deste modo,

    atuar rpida e eficazmente passa a ser uma condio prioritria nas organizaes.

    Simultaneamente, nasce a necessidade de ter mais e melhor informao sobre o

    desempenho das organizaes, de forma a poder rentabilizar os recursos. Para isso,

    necessria a definio de linhas orientadoras, que levam a organizao concretizao da

    estratgia e criao de valor acrescentado.

    Ao longo dos tempos, tem havido grandes alteraes na gesto das organizaes.

    Tradicionalmente, a avaliao do desempenho baseava-se quase exclusivamente na

    anlise de indicadores financeiros. No entanto, veio gradualmente a constatar-se que este

    foco exclusivo era insuficiente. A qualidade e a eficincia dos servios configuram-se

    como aspetos nucleares para o aumento do valor para os clientes e, consequentemente,

    para o aumento da sua satisfao e o aumento do valor ao negcio (Neto, 2011). Para

    alm disto, evidente a necessidade de definir uma estratgia global para a organizao,

    face constante mutao do mercado e crescente competitividade deste.

    O Balanced Scorecard (BSC), ferramenta desenvolvida, em 1992, por Kaplan e

    Norton apareceu como um simples instrumento de avaliao de desempenho que,

    posteriormente, passou a fazer parte da gesto estratgica, ligando objetivos estratgicos

    de longo prazo com as aes de curto prazo. Esta ferramenta oferece aos gestores de topo

    informao rpida e eficaz sobre a situao da organizao, com indicadores tanto

    financeiros, como no-financeiros, abrangendo as quatro perspetivas principais de uma

    organizao: financeira, dos clientes, dos processos internos e da aprendizagem (Kaplan

    e Norton, 1992).

    Neste contexto, surgiu a ideia de aplicar o BSC a uma empresa concreta que

    enfrenta, como tantas outras, cada vez mais a competitividade do mercado nacional,

    estando a desenvolver um processo de internacionalizao e que sentia limitaes no

    tocante ao seu sistema de avaliao de desempenho.

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    A elaborao desta dissertao tem, assim, como objetivo a elaborao do BSC,

    fornecendo organizao em estudo um instrumento que permite obter informao

    relevante em pouco tempo e que contempla indicadores financeiros e operacionais, ambos

    alinhados com a estratgia global.

    Assim, no Captulo 1, denominado Enquadramento Terico, comea por ser

    apresentado o Balanced Scorecard, os seus objetivos e estrutura base, enquadrando-o

    luz da estratgia global da organizao. Apresenta-se ainda o mapa estratgico, que

    permite visualizar a estratgia global atravs de um conjunto de relaes de causa-efeito

    e de indicadores. Como forma de mostrar as implicaes provenientes da diversidade de

    contextos sobre a ferramenta de gesto, so discutidos, posteriormente, fatores que podem

    recomendar adaptaes na ferramenta quando transportada para cenrios diferentes. Por

    fim, como todas as ferramentas, esta tambm tem lacunas e, por isso, so referidas crticas

    ao Balanced Scorecard.

    De seguida, no Captulo 2, designado por Estudo de Caso, apresentada a

    proposta do modelo BSC aplicado organizao estudada. Primeiramente, apresentada

    a metodologia posta em prtica na realizao do estudo e feita uma breve descrio da

    organizao alvo de estudo. Segue-se a proposta da ferramenta do BSC e do mapa

    estratgico que reflete adequadamente as caractersticas desta organizao e dos

    contextos em que est inserida. Em particular, foi estudada a possibilidade de adaptar a

    ferramenta a cada rea de negcios e/ou a cada localizao geogrfica.

    No Captulo 3, apresentada uma reflexo final baseada nas concluses retiradas,

    assim como as limitaes encontradas durante a elaborao do trabalho.

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    Captulo 1. Enquadramento terico

    1. Balanced Scorecard

    1.1. A avaliao do desempenho e o Balanced Scorecard

    Nas ltimas dcadas, a economia mundial tem sido alvo de constantes mudanas,

    principalmente na converso para um mercado global. O processo de globalizao cresce

    a passos largos, facilitando as trocas, mas conduz a um aumento da concorrncia do

    mercado. Esta realidade traz novas ameaas e exigncias para a sobrevivncia das

    organizaes, o que torna premente analisar e avaliar o sistema de gesto e informao

    destas, de forma a poder reagir de forma adequada, rpida e eficaz. Como escreveu Melo

    (2011), os sistemas de informao e gesto tm que acompanhar as necessidades das

    organizaes, tornando-se em ferramentas poderosas que do um decisivo contributo para

    o alcance do sucesso.

    Os sistemas de gesto tradicionais baseados em indicadores financeiros, como o

    retorno dos Capitais Prprios, permitem elencar, com a frequncia julgada necessria,

    informao sobre o desempenho financeiro. No entanto, no que concerne aos ativos

    intangveis, competncias e conhecimentos, o acompanhamento do desempenho

    realizado com menor frequncia e com algumas lacunas (Kaplan e Norton, 1992). De

    facto, ao longo das dcadas, foi-se notando a crescente ineficcia dos indicadores

    financeiros tradicionais, pois poderiam estar a descartar informaes e indicadores de

    valor acrescentado para as organizaes (Russo, 2009). Em detrimento dos indicadores

    financeiros, muitos gestores optavam pelos indicadores operacionais, como medidas de

    melhoria interna. No entanto, uma avaliao eficaz deve incidir sobre uma anlise

    equilibrada e completa, isto , com base em informao crtica para a organizao, quer

    financeira quer operacional, de forma a possibilitar aos gestores obter informao

    esclarecedora, orientadora e precisa para uma boa gesto (Kaplan e Norton, 1992).

    O conceito do BSC introduzido, em 1992, por Kaplan e Norton, surge como uma

    resposta eficaz na gesto de uma organizao. Assume-se como um instrumento que

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    proporciona aos gestores informao til e rpida, com um foco sobre a perspetiva global

    da organizao. Esta ferramenta constituda por um conjunto de objetivos, traduzidos

    em indicadores, quer financeiros quer operacionais, isto , com poder de anlise quer

    sobre custos e proveitos, quer com a satisfao dos clientes, a eficcia dos processos

    internos e a aprendizagem e inovao. Ao mesmo tempo, apesar da sua abrangncia, o

    BSC disponibiliza apenas a informao estritamente necessria, crtica e eficaz para a

    tomada de deciso numa empresa, pelo que pode ser comparado informao transmitida

    ao cockpit de um avio.

    O BSC aparece como um alicerce da gesto de custos que auxilia na tomada de

    decises adequadas e em tempo oportuno. Como Kaplan (2013) mencionou, a tomada de

    decises racionais na altura certa , sem dvida, crucial na implementao de estratgias

    ou na resoluo de um problema. Ter uma boa gesto de custos permite a realizao de

    anlises prvias e eficazes, onde toda a informao necessria consultada e tida em

    conta aquando da sua necessidade. Por exemplo, caso se esteja perante um problema na

    rentabilidade da empresa vai ser necessrio analisar vendas, politicas, custos, produtos,

    canais de venda, com base numa viso integrada e racional da organizao. Para isso,

    necessrio ter uma boa ferramenta de gesto como base, o que salienta a importncia do

    BSC na gesto das organizaes.

    Muitas foram as organizaes que comearam a implementar este sistema de

    gesto, um instrumento simples e claro, que permite dar aos acionistas e gestores

    informao mais precisa da performance organizacional, desde os melhores desempenhos

    s maiores falhas, em termos quer financeiros, quer operacionais. Paralelamente, este

    instrumento de gesto permite, tambm, reduzir o tempo de ao das organizaes no

    mercado, quer na transformao de um produto, servio ou processo j existente, quer na

    criao de algo novo (Kaplan e Norton, 1992).

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    1.2. As quatro perspetivas do Balanced Scorecard

    O BSC um painel de gesto que permite acompanhar o desempenho financeiro

    e monitorizar, simultaneamente, os progressos nos clientes, nos processos e nas

    capacidades e conhecimento, isto , na aquisio dos ativos intangveis necessrios ao

    crescimento futuro. Diz-se, por isso, que uma ferramenta de gesto multidimensional,

    pois constri-se em torno de quatro perspetivas diferentes: perspetiva financeira, do

    cliente, dos processos e da aprendizagem e crescimento (Kaplan e Norton, 1992). O BSC

    oferece, assim, uma viso sobre os principais pilares de uma organizao (Figura 1).

    Figura 1 - Balanced Scorecard e as suas quatro perspetivas.

    Fonte: Elaborado pelo prprio.

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    1.2.1. Perspetiva Financeira

    O objetivo ltimo de uma empresa centra-se, normalmente, na gerao de lucro

    que proporciona o acrscimo de valor aos acionistas. Estes objetivos financeiros so

    monitorizados por indicadores e metas que, direta ou indiretamente, so influenciados

    pelos objetivos, indicadores e metas das restantes perspetivas. A perspetiva financeira

    dar, assim, informao sobre o retorno dos investimentos como consequncia do

    desempenho nas restantes perspetivas (de clientes, processos e aprendizagem e

    crescimento), traduzindo-se num feedback financeiro relativo estratgia global

    implementada (Kaplan e Norton, 2004).

    Os indicadores financeiros apresentam a informao necessria perceo do

    alcance do objetivo final da organizao, medidos atravs dos mais diversos indicadores

    especficos. Por exemplo, no caso de termos objetivos focados no aumento dos

    dividendos disponveis para distribuio ou a diminuio dos custos de produo ou no

    aumento da quota de mercado, necessrio a definio dos indicadores que nos

    transmitam em que medida esto a ser alcanados esses objetivos. Neste caso, poder

    basear-se na percentagem do retorno de capitais, no custo por unidade de produo ou na

    sua variao ou na variao do VN. (Burns et al., 2013).

    O BSC mais uma prova de que os gestores no se podem apenas basear em

    aspetos financeiros, de facto, o sistema de gesto financeira tradicional no melhora a

    satisfao dos clientes, nem os processos internos. O melhor desempenho financeiro deve

    ser uma consequncia de melhorias operacionais, deve ser o resultado de melhorias

    refletidas desde a primeira linha do processo (inovao e recursos). Esta ferramenta

    comeou a ser reconhecida como uma mudana fundamental na medio do desempenho,

    no sistema de gesto da organizao e, por isso, requer o envolvimento de todos. Um BSC

    abrange todo o meio envolvente, tal como, todos os stakeholders e todos os recursos, quer

    tcnicos quer humanos, quer internos (desde os acionistas at aos colaboradores mais

    longe da hierarquia,) quer externos, essncias para as restantes trs perspetivas. Toda a

    envolvncia implcita na construo do BSC exige a necessidade de um conhecimento

    aprofundado do negcio, assim como do mercado onde est envolvido (Kaplan e Norton,

    1992).

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    1.2.2. Perspetiva dos Clientes

    A perspetiva dos clientes concentra-se na capacidade da organizao fornecer os

    produtos e servios disponveis, com a maior qualidade e eficcia, quer no momento da

    entrega quer no acompanhamento ps venda, de forma a maximizar a satisfao dos

    clientes, objetivo prioritrio para os gestores de uma organizao. Atravs desta

    abordagem possvel identificar os clientes-alvo, assim como, os mercados preferenciais

    de atuao, com o intuito de saber quais os pontos crticos de sucesso, presentes no

    mercado, para a organizao. Consequentemente, permite apresentar a proposta valor da

    empresa, que melhor espelha a sua qualidade e que permite o seu maior sucesso juntos

    dos seus clientes-alvo. Isto acontece pois, so as caratersticas de cada segmento de

    mercado que demostram os fatores crticos para os clientes envolvidos e permitem com

    que estes se mantenham fieis e satisfeitos. Com o auxilio desta ferramenta, e tendo em

    conta os objetivos propostos, possvel a monitorizao destes com o auxilio de

    indicadores essenciais, que permitem a definio de metas e, consequentemente, a

    satisfao das necessidades dos clientes-alvo. (Jarrar, 2010).

    1.2.3. Perspetiva dos Processos Internos

    Para ser possvel a criao de valor juntos dos clientes, em que processos que se

    deve ser excelente? (Kaplan e Norton, 2004) Para se poder ser o melhor no mercado, cada

    organizao deve ter especial ateno sobre a qualidade e eficcia dos seus processos

    internos. Como Womack e Jones defendem, para ser lder de mercado necessrio

    colocar o cliente como o centro de toda a organizao e garantir que os produtos/servios

    produzem valor. Esta garantia advm de princpios que partem desde a apresentao do

    produto/servio at compra das matrias-primas (Womack e Jones, 1996), o que reala

    a importncia da anlise de informao retirada dos processos internos.

    A perspetiva dos processos internos permite aos gestores identificar os processos

    mais crticos, aqueles que mais influenciam o valor transmitido ao cliente e que, por essa

    via, garantam o alcance de um melhor desempenho. Paralelamente, possibilita uma

    tomada de deciso mais consciente, decises, estas, que podem passar por melhorias nos

  • O Balanced Scorecard: proposta de um modelo para uma empresa de Eletricidade e Telecomunicaes

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    processos produtivos (administrao, distribuio, comercial, operao) e nos

    produtos/servios. O BSC responde, tambm, a esta necessidade com a apresentao dos

    indicadores focados nos processos mais crticos, aqueles que mais acrescentam valor ao

    cliente, que afetam o tempo de resposta, a qualidade, produtividade e performance da

    organizao. Para poder atingir o melhor desempenho possvel, os gestores vo ter de

    tomar decises e incutir aes aos seus colaboradores que os vinculem no processo

    produtivo e no alcance dos objetivos. Esta ligao permite que todos os funcionrios

    estejam e se sintam enquadrados na misso final da organizao, at mesmo os mais

    abaixo na hierarquia empresarial (Kaplan e Norton, 1992).

    1.2.4. Aprendizagem e Crescimento

    A existncia dos Sistemas de Informao no meio da organizao essencial,

    quer ao nvel da gesto quer diretamente na produo. Com a disponibilidade da

    informao em tempo real permite obter informao mais rapidamente e de uma forma

    mais concisa. No caso, por exemplo, do aparecimento de um indicador menos eficaz ou

    de qualquer outro problema, os gestores que tm um bom sistema de informao (SI)

    podem aceder a toda a informao real e identificar o problema em causa mais rpido e

    agir mais eficazmente (Kaplan e Norton, 1992).

    De facto, responder permanentemente s necessidades e mudanas de mercado

    requer uma rpida e eficaz resposta por parte da organizao, que s possvel com um

    constante desenvolvimento de processos baseados num maior investimento em Capital

    Humano e outros ativos intangveis. Kaplan e Norton denominaram esta quarta perspetiva

    como perspetiva de aprendizagem e crescimento (Kaplan e Norton, 1992). Esta perspetiva

    incide sobre a formao dos colaboradores, assim como no seu envolvimento com o

    ambiente interno da organizao, desde a cultura ao desempenho individual e corporativo.

    O recurso principal de uma organizao so as pessoas, a nica fonte de conhecimento

    capaz de atuar e agir com o intuito de atingir o sucesso da organizao. Hoje em dia, este

    conhecimento tem de ser desenvolvido continuamente, face rpida mudana do

    mercado, da a importncia depositada numa formao contnua e de qualidade.

    Paralelamente, acompanhar este crescimento com o investimento nas melhores

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    ferramentas tecnolgicas essencial para um desempenho organizado em toda a empresa

    (Kaplan e Norton, 1996). Como menciona Silva (2013, pg.10): A aprendizagem e

    crescimento so os alicerces e os indutores para obter bons resultados e atingir metas

    ambiciosas nas restantes perspetivas.

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    1.3. O Balanced Scorecard e a Estratgia

    1.3.1. A Estratgia como base do Balanced Sorecard

    Como vimos, o BSC surge como um apoio de gesto que permite traar os

    objetivos estratgicos e acompanhar o seu desenvolvimento, atravs de indicadores de

    desempenho financeiro e no financeiro, que abrangem toda a organizao, incluindo as

    vrias atividades organizacionais, funes e nveis hierrquicos. importante que este

    acompanhamento no seja baseado apenas em uma s tipologia de anlise. A anlise

    financeira importante, mas por vezes dada demasiada ateno ao desempenho

    financeiro em detrimento de objetivos no financeiros. No entanto, como j mencionado,

    de extrema importncia o foco nos indicadores diretamente relacionados com a

    atividade organizacional, pois so estes que produzem efeitos nos resultados econmico-

    financeiros (Burns et al., 2013).

    O BSC comeou a ser reconhecido como uma mudana fundamental na medio

    e gesto do desempenho empresarial (Kaplan e Norton, 1992). O Balanced Scorecard

    distingue-se dos mais tradicionais sistemas de medio de desempenho organizacional

    devido, essencialmente, conexo desta ferramenta com a misso, objetivos e estratgia

    da empresa e a interligao entre os vrios objetivos e perspetivas como relaes causa-

    efeito (Yu et al., 2008). Como defendem Kaplan e Norton (2004), O encaixe estratgico

    entre muitas atividades fundamental no s para gerar, mas tambm para sustentar a

    vantagem competitiva. mais difcil para os concorrentes enfrentar um conjunto de

    atividades entrelaadas do que simplesmente imitar determinada abordagem da fora de

    vendas, emular uma tecnologia de processo ou replicar algumas caractersticas dos

    produtos. As posies baseadas em sistemas de atividades so muito mais sustentveis do

    que aquelas construdas sobre atividades individuais. (pg. 327).

    Nos dias de hoje, as caractersticas de mercado obrigam, de certa forma, a uma

    mudana/atualizao constante das organizaes e, consequentemente, das linhas

    orientadoras da sua estratgia, para poderem prevalecer no mercado e fazer face

    crescente competitividade. Deste modo, como a construo de um BSC deve ter por base

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    a estratgia de cada organizao, caso esta sofra alteraes, o BSC deve ser alterado e

    reajustado nova realidade (Kaplan e Norton, 2001).

    Um estratgia adequada, bem definida e conhecida por todos os colaboradores

    decide a posio da organizao no mercado, podendo impor-se perante os concorrentes

    e outras foras de mercado e, at mesmo, influenciar estas a seu favor, podendo usufruir,

    assim, das oportunidades e controlar as ameaas. Deste modo, a estratgia pode, por um

    lado, definir os pontos fortes e fracos de uma organizao, como dar a capacidade de

    resposta s diversas adversidades do mercado e da concorrncia, conseguindo, assim, um

    desempenho superior (Porter, 2008).

    Deste modo, Kaplan e Norton introduziram, o conceito de estratgia

    organizacional na construo do BSC, reforando a sua importncia no Controlo de

    Gesto de uma empresa. Esta ferramenta enquadra-se agora na importncia do

    alinhamento estratgico com os mais diversos pontos-chave presentes diariamente numa

    organizao. Comeando pelos vrios departamentos, como Financeiro, Marketing,

    Vendas, RH, passando por todos os colaboradores e todas as unidades produtivas, todos

    tm de estar, obrigatoriamente, enquadrados e focalizados na estratgia global, com vista

    a atingir o objetivo final (Kaplan e Norton, 2001).

    Posto isto, uma das caractersticas fundamentais e distintivas do BSC passou a ser

    a maior coordenao, interligao e comunicao com e entre as vrias atividades do

    negcio e a estratgia global da organizao (Burns et al., 2013). Um BSC deve, portanto,

    ser construdo e ajustado de acordo com a estratgia de cada organizao. O BSC visto

    como um instrumento que permite avaliar o desempenho organizacional, com um

    equilbrio entre indicadores financeiros e no financeiros, baseados nas quatro

    perspetivas, mas agora, tambm, permite o alinhamento e foco com os recursos

    organizacionais, de forma a implementar com sucesso a estratgia e a alcanar o objetivo

    final (Kaplan e Norton, 2007).

    Os autores deste conceito realam a existncia de cinco princpios para o sucesso

    do BSC (Kaplan e Norton, 2001):

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    1 Aplicao da estratgia rea operacional, pois uma organizao

    focalizada na estratgia tem que a tornar o centro;

    2 Alinhar todas as reas (Financeiro, Marketing, Vendas, Recursos

    Humanos, etc) com a estratgia. A implementao do BSC uma ferramenta comum a

    toda a organizao, formada como uma cascata, desde a gesto de alto nvel, at s

    unidades de negcio mais individuais. O BSC permite a disseminao da estratgia global

    em objetivos e metas apropriados a cada grupo de trabalho, como se fossem BSC

    pessoais (Kaplan e Norton, 2007);

    3 Garantir o envolvimento de todos com a estratgia global, para que

    todos se comprometam com a sua concretizao. O alinhamento de todos os

    colaboradores com a estratgia da empresa nem sempre era assegurado na gesto de uma

    organizao, visto que o trabalho era sequenciado e repetitivo. Hoje em dia, com a

    evoluo das condies exigidas no mercado, o trabalho passou a ser mais baseado no

    conhecimento, empenho e esforo de cada um, passando, por isso, cada colaborador a ser

    um recurso importante no meio empresarial (Kaplan e Norton, 2001);

    4 A monitorizao constante e necessria do BSC leva,

    consequentemente, a anlises de melhoria contnua na estratgia global, com revises e

    ajustes peridicos. Para que isto acontea com a maior agilidade possvel, os gestores

    necessitam de ter, no seu suporte, um bom Sistema de Informao (Kaplan e Norton,

    1992);

    5 Mobilizar a mudana por meio da liderana executiva, isto , desde a

    administrao aos colaboradores produtivos, atravs de uma gesto e uma estratgia

    adequadas a todas as necessidades de mercado, quer dos clientes, fornecedores ou

    concorrentes, quer da cultura envolvente (Kaplan e Norton, 2001).

    Como vimos, o BSC permite orientar a adoo de uma estratgia adequada

    organizao, para alm de permitir uma rpida resposta s constantes mudanas do

    mercado, no que respeita competitividade, inovao e tecnologia. Isto possvel

    atravs dos quatro processos que caracterizam o BSC (Figura 2), e que permitem a

    conexo entre as atividades de curto prazo e os objetivos de longo prazo. Para todas as

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    organizaes saber e poder seguir caminhos e metas consistentes com a sua viso e

    estratgia imprescindvel e, por isso, a clarificao e traduo da viso e da estratgia,

    um pilar de sucesso na construo do BSC. Mais uma vez se foca na importncia de toda

    a organizao estar enquadrada com esta ferramenta, permitindo aos colaboradores

    entenderem a sua produtividade como um importante apoio para a estratgia global, onde

    todos os seus esforos esto alinhados com a estratgia de longo prazo (Comunicao e

    ligao). Para alm disso, permite o planeamento de objetivos e a sua monitorizao,

    atravs da ligao entre a oramentao financeira e os objetivos estratgicos,

    proporcionando, assim, caminhos e metas para as diferentes perspetivas que fazem o

    BSC, e, consequentemente, a melhor performance da organizao (Planeamento e fixao

    de objetivos). Por fim, o feedback do BSC permite aperfeioamentos e ajustes nas metas,

    teorias e estratgias (Feedback e aprendizagem estratgica) (Kaplan e Norton, 2007).

    Figura 2 - Gesto estratgica: os quatro processos.

    Fonte: Elaborado pelo prprio. Adaptado de Kaplan e Norton, (2007).

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    Partindo da misso e da viso da organizao, definida a estratgia, assim como,

    os caminhos a seguir, que pretendem alcanar esses objetivos. A necessidade de visualizar

    esses caminhos levou Kaplan e Norton a propor o Mapa Estratgico, uma espcie de

    modelo que descreve a lgica estratgica a partir dos ativos intangveis e atravs dos

    diversos processos, de forma a criar valor para os clientes e investidores.

    1.3.2. O Mapa Estratgico

    O BSC aparece, assim, como um instrumento que analisa as relaes causa-efeito

    entre a performance financeira e os indutores da atividade operacional, do dia-a-dia da

    empresa, relaes estas que se encontram desenhadas num nico mapa, desde os aspetos

    crticos da parte operacional parte estratgica e financeira.

    Pensar, por isso, no BSC como um instrumento que apenas reflete dados

    econmico-financeiros um erro. Com a ligao entre as diferentes perspetivas e os

    vrios objetivos focados em cada uma, o BSC a ferramenta que guia a gesto para que

    a estratgia se torne uma prtica real e no apenas um sonho. Como mencionado por

    Burns et al. (2013), traduzido pelo autor, Outro potencial benefcio do Balanced

    Scorecard o facto de evitar que a estratgia organizacional no seja apenas um sonho

    dos gestores.

    Desta forma, surge como um auxlio na identificao das reas crticas da

    organizao, isto , das reas onde a empresa se deve focar e que devem servir como pilar

    de diferenciao e excelncia, no momento presente e no futuro. O BSC permite destacar

    os indutores de sucesso a alcanar, traduzindo a estratgia organizacional em objetivos

    comuns e individuais, fomentando o desempenho da empresa e o envolvimento por parte

    dos gestores e de todos os colaboradores. As dimenses presentes no BSC so,

    normalmente, os principais pilares para o alcance dos objetivos estratgicos (Burns et al.,

    2013).

    A monitorizao da estratgia refletida no BSC o prprio reflexo da

    monitorizao da ferramenta em si. Consequentemente, as empresas devem estabelecer

    sistemas de medio de desempenho, como o BSC, que apoiam a sua estratgia. Os

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    indicadores, ao traduzirem os objetivos propostos, permitem o seu acompanhamento e

    monitorizao (Epstein e Manzoni, 1997). Assim, comea a construo do mapa

    estratgico, onde necessrio encontrar as formas de descrever a estratgia e solues a

    implementar, que passa pela identificao dos fatores crticos de sucesso nas quatro

    perspetivas e das relaes causa-efeito entres estes (Rohm et al., 2013).

    O Mapa Estratgico aparece, assim, como um documento que reporta o

    desempenho real da organizao atravs de um nmero de indicadores, escolhidos para a

    sua monitorizao, por consequncia da construo do BSC. O nmero de indicadores s

    deve ser o necessrio, no devendo ser em nmero exagerado, de forma a no

    sobrecarregar os gestores e permitir que estes se foquem no que verdadeiramente crtico.

    Este relatrio deve incluir, nomeadamente, os resultados atuais, os resultados homlogos

    para comparao, assim como o desempenho que tinha sido indicado como valor de

    referncia, isto , o valor identificado como meta para os diversos indicadores. Mais do

    que um documento, o Mapa Estratgico obriga identificao de objetivos e principais

    fatores de sucesso nas mais variadas reas, o seu acompanhamento, assim como o

    estabelecimento de metas a atingir. Consequentemente, ir permitir uma viso sucinta do

    desempenho e, ao mesmo tempo, a identificao de oportunidades de melhoria,

    estabelecendo metas finais e intermdias, aos diversos nveis de responsabilidade dos

    colaboradores, dada a descentralizao de responsabilidades intrnseca ao BSC (Epstein

    e Manzoni, 1997).

    1.3.3. O Balanced Scorecard e a diversidade de contextos

    A essncia da formulao da estratgia saber lidar com a concorrncia. Como

    Porter (2008) defende, responder estrategicamente competitividade do mercado uma

    obrigao para a sustentabilidade e rendibilidade da organizao no longo prazo. Mas a

    concorrncia e a competitividade de mercado no so apenas determinadas pelos nossos

    concorrentes diretos; existem, tambm, foras intrnsecas prpria economia, clientes,

    fornecedores, produtos substitutos e novos candidatos ao mercado (Porter, 1979). Ora,

    todos estes fatores podem ser extremamente diferentes nos diferentes contextos em que

    uma organizao se insere. Isto levanta a questo da provvel necessidade de adaptar a

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    estratgia s diferentes circunstncias e, por conseguinte, a eventual necessidade de

    adaptar, tambm, o BSC a essas diferentes circunstncias e estratgias.

    Em particular, importante fazer referncia influncia da sociedade e das

    diferentes culturas a que a gesto de uma empresa est exposta. Cada organizao situa-

    se numa sociedade especfica de pessoas, com diferentes vivncias, experincias e

    valores. Por isso, cada estratgia organizacional deve, tambm, estar adequada

    sociedade e cultura onde se insere. Gerir uma atividade que implica um lado humano

    e social, para alm da dimenso tcnica. Uma atividade de gesto no pode ser efetuada

    sem ter em conta a cultura Nenhuma atividade de gesto pode ser livre da cultura onde

    est inserida. (Hofstede, 1984, pg. 81, traduzido pelo autor). Deste modo, determinadas

    tcnicas de gesto podem ser apropriadas a uma cultura e no a outra, sendo, por isso,

    necessria uma especial ateno transferncia e aplicao de sistemas e instrumentos de

    gesto (Hofstede, 1984). Esta viso salienta a importncia de adequar plenamente a

    estratgia ao envolvente da organizao, para que o BSC seja bem construdo,

    implementado e eficaz.

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    1.4. As crticas ao Balanced Scorecard

    Contudo, apesar das vantagens atribudas ao BSC, existem autores que lhe

    apontam crticas. Como exemplo, Voelpel et al. (2006) afirmam que o BSC uma

    ferramenta rgida, pois um indicador de anlise relacionado apenas com uma perspetiva,

    ignorando a interdependncia entre esta e as restantes. Segundo estes autores, o BSC cria

    estaticismo e dificulta a conexo entre a empresa e o seu envolvente, pois existe uma

    preocupao extrema com a implementao interna deste, descurando as relaes com o

    mercado externo. Uma organizao deve ser dinmica e envolver todos os seus

    colaboradores, no entanto, esta ferramenta preocupa-se, principalmente, se a empresa est

    ou no envolvida no seu meio ambiente. Finalmente, estes autores argumentam que o

    BSC no atua da melhor forma na criao de conhecimento, aprendizagem e crescimento

    e muito mecanicista.

    Acrescenta-se, ainda, a falta de dimenso temporal no desenvolvimento do BSC,

    pois existem grandes diferenas entre os efeitos nas diferentes perspetivas, assim como

    nos seus indicadores, isto , os resultados e efeitos nas diferentes perspetivas no

    acontecem em simultneo. Por exemplo, algumas iniciativas relacionadas com os

    recursos tcnicos e/ou humanos podem produzir efeitos quase imediatos, enquanto que

    outras podem demorar a surtir efeitos. Pelo contrrio, resultados financeiros so reflexo

    de iniciativas passadas e resultado de outras perspetivas e, por isso, no se alteram

    imediatamente. Este desfasamento dificulta a perceo, por parte dos gestores, da relao

    causa-efeito entre quais os indicadores no financeiros que permitiram alcanar aquela

    performance, isto , qual o impacto de cada indicador (Burns et al., 2013).

    Norreklit et al (2007) foram claramente crticos quanto construo do Mapa

    Estratgico, nomeadamente, quanto s relaes causa-efeito entre as quatro perspetivas

    do BSC e quanto afirmao de que uma ferramenta prpria e segura para a avaliao

    e monitorizao do sistema de gesto. A posio destes autores , assim, baseada,

    essencialmente, na ideia da existncia de problemas nos pressupostos do BSC,

    nomeadamente, nas relaes causais entre as reas incorporadas no BSC. Para estes

    autores, estas relaes no refletem a realidade da organizao, pois no passam de

    relaes lgicas construdas exclusivamente para a ferramenta.

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    Para alm destas crticas ao instrumento desenvolvido por Kaplan e Norton, eles

    prprios, em 2001, mostraram quais as armadilhas e falhas que podem surgir na

    construo do BSC, de forma a prevenir e orientar as organizaes seguidoras desta

    ferramenta. Estas falhas so, principalmente, internas, decorrentes do projeto ou do

    processo em si e no tanto de influncias externas. A construo do BSC pode ser fraca,

    com poucos indicadores e, por vezes, incoerentes com o que se pretende alcanar. Isto

    acontece quando no so determinados os fatores crticos ou quando as vrias unidades

    que constituem a organizao no esto totalmente envolvidas com a estratgia global e

    no tm, por isso, uma linha orientadora que as encaminhe para o objetivo final. No

    entanto, como j mencionado, a construo do BSC pode no trazer os resultados

    pretendidos devido, tambm, ao processo em si, falta de participao e empenho da

    administrao e, por isso, ser feita por indivduos pouco conhecedores do negcio.

    Finalmente, , tambm, preciso garantir que a estratgia global e comunicada e

    transmitida eficazmente por todos os colaboradores, pois se esta falhar, e no obtiver o

    envolvimento necessrio por parte de todo os recursos, essencialmente, humanos, pode

    levar falta de empenho num objetivo comum, tal como a erros de interpretao, por

    exemplo, com a apresentao do BSC como uma ferramenta de compensao e no como

    um instrumento de gesto de desempenho (Kaplan e Norton, 2001).

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    1.5. Breve concluso

    Na construo do BSC e na sua adaptao organizao/ambiente em anlise

    de extrema importncia o foco em todos os pontos crticos e no crticos da sua

    elaborao, principalmente, sabendo que relaes causa-efeito slidas, entre as medidas

    no financeiras e as metas financeiras, so essenciais para o bom desempenho da

    ferramenta. Um pressuposto fundamental do BSC advm do facto de as medidas de

    desempenho financeiras serem consequncia do desempenho operacional passado,

    enquanto que as medidas no financeiras representam objetivos de desempenho futuro.

    Posto isto, deve examinar-se diversas escolhas e relaes causa-efeito possveis e escolher

    as mais plausveis, pois, uma relao mal estruturada pode levar a decises mal tomadas.

    Para alm disso, os indicadores, sobre os quais se baseiam, posteriormente, as decises,

    devem ser adequados quer em qualidade quer em quantidade. O BSC no deve incidir

    sobre uma grande quantidade de indicadores de desempenho, que devem estar em

    quantidade equilibrada e inseridos nas vrias perspetivas, com diferentes nveis de

    importncia e adaptados a diferentes nveis temporais. O ponto-chave baseia-se na

    possibilidade de se adequar a importncia dos diferentes indicadores s necessidades

    presentes para a organizao (Burns et al., 2013).

    Neste primeiro captulo foi apresentada uma anlise da literatura, baseada em

    artigos, estudos, dissertaes, publicaes, que, na sua maioria, apresentam o Balanced

    Scorecard como uma ferramenta de gesto adequada s organizaes. De seguida ser

    apresentada e discutida uma proposta de aplicao do BSC numa organizao especfica,

    onde ser abordada, tambm, a importncia da sua adaptao, ou no, a contextos

    diferentes.

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    Captulo 2. Estudo de Caso

    1. Metodologia

    A elaborao deste projeto, de carter terico-prtico, tem como objetivo a

    construo do BSC e do mapa estratgico para uma organizao especfica, a ELECTR

    (nome fictcio para manter o sigilo exigido), fornecendo a esta um instrumento que

    permite obter toda a informao crtica e relevante, agrupada e disponvel em pouco

    tempo. Esta ferramenta vai incidir, na linha do exposto no captulo anterior, em

    indicadores financeiros e operacionais, ambos alinhados tanto com a estratgia global

    como com os objetivos da organizao, permitindo a visualizao do desempenho da

    ELECTR, assim como acompanhar o desenvolvimento dos seus pontos crticos de

    sucesso.

    O desenvolvimento deste trabalho deve, assim, contribuir para a obteno e

    divulgao de informao mais rpida, til e abrangente, que permita a tomada de

    decises em tempo oportuno. Citando Santos (2010, pg. 4), pretende-se, deste modo,

    um Sistema de Controlo de Gesto ao servio do Negcio e no continuar a ter o Negcio

    refm do controlo de gesto. S desta forma, podemos ter um Sistema de Controlo de

    Gesto que acrescente valor, seja diferenciador e contribua para a competitividade da

    organizao.

    Tendo por base estes pressupostos e a situao da organizao em estudo,

    sobressai a necessidade de desenvolver este projeto aplicado aos diferentes contextos em

    que a empresa se insere, nomeadamente em termos de mercados geogrficos. Como

    consensual, o meio envolvente de cada organizao caracterizado pelos atuais e

    potenciais clientes, fornecedores, concorrentes, e a prpria sociedade de uma forma mais

    alargada. Apesar de os processos operacionais, gesto da empresa e cultura

    organizacional terem uma base comum nos diversos mercados, ser interessante analisar

    eventuais diferenas. Derivado dos diferentes contextos onde o negcio est a ser

    desenvolvido, muito provvel que haja diversas adaptaes entre os diversos mercados

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    e, por isso, ser objeto de estudo analisar essas diferenas e se devero refletir, e como,

    no Balanced Scorecard e no mapa estratgico.

    Por Portugal e Angola serem os pases onde a organizao j tem o seu negcio

    consolidado, foram escolhidos estes dois pases para estudo e anlise de eventuais

    diferenas, apesar de a empresa ELECTR estar j posicionada em mais mercados. De

    facto, as outras estruturas ainda esto em fase de construo e de consolidao no

    mercado, pelo que no se considerou pertinente avaliar o negcio e o mercado, dada a

    falta de informao e de conhecimentos relevantes. Apesar de, como veremos, a ELECTR

    ter duas principais reas de negcio (Telecomunicaes e Eletricidade), aps uma anlise

    de diferenas entre elas, considerou-se que no haveria necessidade de adaptar a

    ferramenta, dada a semelhana quer internamente (em termos de estratgia e processos)

    quer externamente (em termos de clientes e fornecedores).

    Com isto, este projeto assenta em trs pontos essenciais:

    Construir um BSC aplicado ao negcio em Portugal, baseado na estratgia,

    clientes, fornecedores e todo o envolvente diretamente relacionado com o

    desenvolvimento em Portugal;

    Analisar especificidades do mercado e envolvente Angolano e, caso existam

    diferenas significativas que o exijam, adaptar s particularidades de Angola o

    BSC desenvolvido para Portugal;

    Construir o(s) mapa(s) estratgico(s) que reflitam os pontos anteriores (um nico

    mapa ou dois mapas, em funo de serem ou no detetadas especificidades que

    exijam uma diferenciao entre os pases).

    O interesse na elaborao do estudo e construo de um BSC advm, por um lado,

    do gosto pessoal pela rea de Controlo de Gesto, e por outro lado, do proveito

    profissional que da pode advir. Durante o meu percurso acadmico fui desenvolvendo

    competncias na rea de Controlo de Gesto, desde conhecimentos econmicos a crticos

    e de anlise, nomeadamente na disciplina de Contabilidade e Controlo de Gesto, no

    mbito do Mestrado de Economia e Administrao de Empresas. Estas competncias tm

    vindo a ser consolidadas no meu percurso profissional, atravs do desenvolvimento de

    funes e anlises na rea de Planeamento e Controlo de Gesto.

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    Na empresa onde exercia funes, ELECTR, foi-me proposto desenvolver o

    projeto de Construo do Balanced Scorecard, tema que pretendia desenvolver na

    minha dissertao de Mestrado. Este projeto , assim, duplamente motivador: por um lado

    permite-me desenvolver uma ferramenta ajustada s necessidades da empresa; por outro

    permite-me desenvolver competncias e perspetivar uma evoluo, em termos

    profissionais.

    A dissertao ser um projeto desenvolvido com base numa metodologia

    qualitativa, com o objetivo de construir uma ferramenta de gesto aplicada ao caso de

    estudo. A anlise qualitativa comea por uma pesquisa aprofundada do tema, desde

    pesquisas sobre o desenvolvimento da ferramenta ao longo dos anos, assim como

    exemplos de aplicaes, falhas e crticas sobre esse mesmo instrumento, que ir permitir

    a sua aplicao ao caso de estudo.

    O mtodo de investigao baseou-se no Estudo de Caso onde so aplicados,

    tambm, alguns mtodos da abordagem Investigao-Ao. O Estudo de caso o

    mtodo mais aplicado quando se pretende saber o como e o porqu de acontecimentos

    sociais e da vida real, assim como quando se pretende analisar fenmenos organizacionais

    e de gesto, de forma a resolver falhas e/ou incoerncias das prticas atuais (Yin, 2009),

    como o caso. No entanto, esta dissertao apresenta uma proposta que visa transformar

    as prprias aes dirias, com vista sua melhoria, um objetivo caracterstico da

    abordagem Investigao-Ao. A construo do mapa estratgico pode ser comparada

    com um processo de melhoria que segue um determinado caminho equivalente ao

    processo documentado pelo mtodo Investigao-Ao. Este processo comea pelo

    prprio reconhecimento do problema, isto , a identificao de fatores crticos a abordar,

    seguido do planeamento da soluo, que pode ser equiparado prpria construo da

    ferramenta, e, por fim, a sua implementao, monitorizao e avaliao (Tripp, 2005).

    Importa salientar que o objetivo deste projeto se concentrar na identificao de

    indicadores para o BSC e construo do mapa estratgico, ficando a implementao e a

    monitorizao destas ferramentas para uma fase posterior apresentao da dissertao.

    Todo o estudo ser feito com o intuito de apresentar a proposta de uma nova

    ferramenta de gesto, inexistente na organizao em anlise, baseada nos conceitos

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    desenvolvidos ao longo do tempo por Kaplan e Norton. Pretende-se que desde o mapa

    estratgico medidor e avaliador do desempenho at ao instrumento de gesto estratgica,

    tudo esteja em funo e perfeita ligao entre a organizao e a estratgia, quer nas suas

    unidades financeiras quer nas suas unidades operacionais.

    O BSC suscitou interesse na organizao, pelo que a ELETRC pretende, depois

    da sua construo acadmica, aplic-la realidade, o que facilitou, em certa parte, a

    recolha de toda a informao necessria. As tcnicas de recolha de dados foram

    entrevistas, anlise documental e observao participante. Foram utilizados vrios

    mtodos de recolha de dados (observao, anlise documental e entrevistas), de forma a

    tentar evitar eventuais falhas quanto validade interna inerente aos dados e a forma como

    foram recolhidos. As entrevistas foram a fonte principal de informao, dada a riqueza de

    informao que propiciam, sobretudo considerando que esta uma rea em que a

    organizao tem pouca informao escrita para a elaborao do estudo. Foram realizadas

    seis entrevistas, das quais quatro foram presenciais, com uma durao mdia de 80

    minutos, outra via videoconferncia (por razes geogrficas), com uma durao de 90

    minutos e, por ltimo, uma por email (devido falta de disponibilidade do entrevistado).

    As entrevistas foram semiestruturadas, com o objetivo especifico de conseguir a

    informao necessria construo do BSC. Todas as entrevistas foram realizadas ao

    longo do primeiro semestre de 2014.

    As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas, permitindo obter

    informao mais rigorosa e detalhada em todos os campos abordados, assim como

    permitir o esclarecimento de qualquer dvida em tempo oportuno. Estas permitiram a

    obteno de informao muito variada sobre os dois grandes polos de atuao (Portugal

    e Angola), a diversos nveis, nomeadamente o mercado, clientes, organizao,

    colaboradores e expectativas futuras. O guio encontra-se em anexo.

    Pretendeu-se que as perguntas incidissem em questes relevantes, cobrindo todos

    os objetivos da dissertao, que fossem de fcil compreenso e evitando termos

    demasiado tcnicos. As questes foram colocadas de maneira neutra para no influenciar

    o entrevistado e ordenadas de forma coerente com a estrutura do prprio BSC. Todavia,

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    tambm se criaram oportunidades para que os entrevistados pudessem sugerir alteraes

    prpria estrutura do modelo standard do BSC.

    O universo alvo dos entrevistados foram colaboradores da organizao em estudo,

    dos quais cinco do sexo masculino e apenas um do sexo feminino, com cargos relevantes

    e possuidores de total ou grande parte da informao necessria para a construo do

    BSC. Os 6 entrevistados foram o Diretor Geral de Portugal, o Diretor Geral de Angola,

    um Key Account Manager, uma Key Account Manager (duas reas especficas, de acordo

    com o cliente com quem trabalham diretamente), o Diretor dos Recursos Humanos e o

    Responsvel pelo Centro de Eficincia Operacional.

    Para alm das entrevistas foram utilizadas outras tcnicas de obteno de

    informao, como a observao participante e a anlise documental, como j foi

    mencionado. O mtodo da observao participante proporciona uma viso mais alargada,

    assim como o foco em fatores mais especficos que se mostrem determinantes no processo

    de investigao, principalmente quando se trata do estudo de realidades qualitativas, o

    que permite ter a certeza de factos a mencionar (Queiroz et al., 2007). A anlise

    documental, quer de documentos internos quer de informaes divulgadas a todos os

    stakeholders da organizao, permitiu obter informao sobre a estratgia do grupo,

    viso, misso, objetivos e outros assuntos importantes para serem abordados e

    clarificados com as entrevistas. Este mtodo serviu de base complementar de informao

    til para o objeto em estudo.

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    2. Descrio da empresa

    A empresa em estudo, nesta dissertao designada pelo nome fictcio ELECTR,

    foi fundada em 1984 e atua nas reas de Infraestruturas de Engenharia para Energias,

    Telecomunicaes e Renovveis, com vista a oferecer aos clientes as melhores solues,

    cobrindo toda a cadeia de valor. Desde sempre procurou oferecer os servios mais

    eficientes e com a melhor qualidade, tentando conciliar, assim, a satisfao dos clientes

    com a prpria sustentabilidade. transversal a toda a organizao a qualidade, eficincia

    e flexibilidade que os colaboradores tm de ter presente na prestao de servios, pois

    a opinio dos clientes que transmite o trabalho da ELECTR no mercado e que a tornam

    uma referncia. A empresa atua sempre com o objetivo de ultrapassar as expetativas dos

    clientes, com o intuito de maximizar a satisfao destes e, consequentemente,

    continuarem a ser parceiros nos prximos negcios. Criando valor para os seus clientes,

    criam valor acrescentado para o negcio, para a organizao e, naturalmente, para os

    acionistas, quer com o seu crescimento individual (remunerativo e intelectual) quer com

    o reconhecimento crescente da organizao.

    Na ELECTR existe a conscincia coletiva que uma empresa no influenciada

    apenas pelos acionistas, colaboradores e clientes; , tambm, dependente de toda a

    sociedade na qual est inserida, devendo por isso perceber as suas necessidades e desejos.

    Para ns, cada vez mais importante envolvermo-nos na sociedade circundante (CEO,

    ELECTR). No mbito desta envolvncia, a ELECTR reconhecida na sociedade no

    apenas pelos seus servios de qualidade, mas tambm, pela importncia dada

    Solidariedade e Responsabilidade Social. Exemplo disso um prmio atribudo por

    entidades externas como reconhecimento do trabalho realizado pela organizao no

    campo social.

    Com o empenho e ambio presentes na organizao, pretende alargar-se tanto os

    servios prestados como os mercados geogrficos servidos. A ELECTR est j presente

    em Angola, Moambique, frica do Sul e Frana, com negcios j em consolidao na

    Colmbia e pretendendo alargar o negcio a novos mercados, como Costa do Marfim e

    Chile. Como afirma o CEO, apesar de haver a conscincia de que o processo de

    internacionalizao muito exigente e necessita de algumas mudanas internas, ainda

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    existe um Mundo de Oportunidades a explorar. () Queremos transformar a (ELECTR)

    numa empresa internacional.

    O mercado portugus est cada vez mais saturado, pois no existem potenciais

    clientes de relevo para crescer e a concorrncia muito forte. A sustentabilidade do

    negcio em Portugal no pode ser descurada, pois serve como suporte tcnico, acadmico

    e estrutural para as oportunidades externas. No entanto, o futuro da ELECTR passa por

    ganhar as oportunidades internacionais por explorar, onde as margens praticadas no

    mercado so mais elevadas; isto permite que a rendibilidade em termos percentuais no

    seja o foco principal numa primeira fase mas sim a angariao de clientes e projetos e

    que, graas ao efeito volume e s grandes margens vigentes no mercado, acaba por gerar

    uma rendibilidade absoluta significativa. De facto, a angariao de novos parceiros de

    negcio possibilitar empresa crescer e ser reconhecida internacionalmente, de forma a

    ser uma das primeiras opes a recorrer pelos seus clientes aquando do desenvolvimento

    de um novo desafio. Tudo isto permitir a consolidao do negcio e, com uma boa

    estrutura como base, a sustentabilidade de todo o Grupo.

    Neste contexto, a ELECTR definiu formalmente a sua viso, misso e valores, do

    modo seguinte:

    Viso: Empresa de Engenharia de Infraestruturas com projeo

    internacional, reconhecida pelo valor acrescentado que fornece aos seus

    clientes (Brochura Comercial e Relatrio de Contas, 2013).

    Misso: Atuar com o foco permanente no mercado e nos nossos clientes,

    superando as suas expectativas, atravs de uma gesto sustentvel,

    apostando no desenvolvimento de recursos humanos qualificados,

    motivados e inovadores, integrando decises geradoras de valor

    econmico, social, ambiental e socialmente responsvel com o objetivo de

    proporcionar a todas as partes interessadas um retorno atrativo (CEO,

    ELECTR).

    Valores: Ambio, Liderana e Inovao (Diretor Geral Portugal, Angola,

    Colaboradores, ELECTR).

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    Como anteriormente referido, a atividade operacional da empresa centra-se nas

    reas de Eletricidade e Telecomunicaes, que tm por base processos consideravelmente

    semelhantes, desde processos internos, interao com o cliente at entrega do servio

    final. Para alm disso, objetivo da empresa ter informao fidedigna, e

    permanentemente atualizada, para todas as reas, podendo, deste modo, consult-la e

    fornec-la aos seus clientes e fornecedores a todo o momento, independentemente da

    localizao. Por isso, o desenvolvimento e investimento da organizao no passam

    apenas pela internacionalizao e pelo foco nos fatores externos. tambm de extrema

    importncia o desenvolvimento de ferramentas internas, de novas solues que apoiem a

    prestao de servios, nomeadamente a nvel de Sistemas de Informao.

    Por isso, a construo do BSC comeou por ser desenvolvida inicialmente para as

    duas reas (Eletricidade e Telecomunicaes) em comum; durante o estudo, manteve-se

    a busca de indicaes que nos fizessem alterar esta deciso inicial (o que, como j foi

    dito, acabou por no acontecer). Finalmente, visto que a estratgia global da organizao

    passa pela internacionalizao, inteno deste projeto explorar a pertinncia de adaptar

    o BSC ao negcio externo, nomeadamente Angola, onde o negcio j slido, e capaz

    de alimentar, de forma significativa, uma ferramenta como o Balanced Scorecard.

    At ao momento, a ELECTR tem baseado a sua avaliao em indicadores

    financeiros, atravs da elaborao e anlise de Reports Financeiros. No entanto, tem-

    se, cada vez mais, sentido a necessidade de se desenvolver anlises operacionais,

    complementares s financeiras. Consequentemente, tm sido vrias as tentativas de

    desenvolver novos Reports Operacionais, que abrangem mais informao pertinente

    avaliao de desempenho da organizao. Um dos fatores crticos de anlise ser sempre

    a rentabilidade das equipas operacionais, a sua ligao complementar logstica e,

    consequentemente, ao departamento de compras, para que tudo seja feito com qualidade

    e em tempo oportuno. Acompanhar esse processo e garantir que realizado com a maior

    eficincia possvel a chave para que a margem do negcio esteja assegurada e a

    ELECTR possa ser uma organizao cada vez mais sustentvel. Contudo, ainda existe a

    necessidade de uma potente ferramenta construda por indicadores financeiros e

    operacionais alinhados com a estratgia global da organizao, o Balanced Scorecard

  • O Balanced Scorecard: proposta de um modelo para uma empresa de Eletricidade e Telecomunicaes

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    necessidade que este trabalho visa suprir, nomeadamente atravs da proposta apresentada

    no captulo seguinte.

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    3. Construo do Balanced Scorecard

    3.1. Proposta do Balanced Scorecard

    O desempenho de uma organizao fruto da combinao eficaz e eficiente dos

    recursos disponveis, desde os recursos tcnicos aos humanos. de extrema importncia

    a qualificao e motivao dos colaboradores, da qualidade dos processos e da adequao

    da proposta de valor aos clientes, de forma a alcanar a excelncia ao nvel operacional e

    financeiro. Neste sentido, torna-se premente refletir sobre estes aspetos, considerando os

    objetivos no curto e longo prazo. Tal pode ser conseguido com a construo do Balanced

    Scorecard e respetivo Mapa Estratgico que permite a anlise e acompanhamento dos

    fatores crticos da organizao, com vista ao alcance da estratgia global.

    A ELECTR uma organizao prestadora de servios, com o Core Business

    focado nas reas de Telecomunicaes e de Eletricidade e Energia. Como j mencionado

    anteriormente, partiu-se inicialmente com a sensibilidade de que as reas seriam muito

    semelhantes e, por isso, sem diferenas relevantes para estudar a possibilidade de

    construir diferentes BSC adequadas a cada rea. No entanto, caso houvesse informao

    em contrrio esta premissa, ela seria alterada. Face informao recolhida chegou-se

    efetivamente concluso de que no existiam, claramente, diferenas na forma de atuao

    da organizao nestas reas, nem to pouco diferenas na forma de lidar com os diversos

    stakeholders. Por isso, no foi feita qualquer adaptao para as diferentes reas.

    Por outro lado, o seu negcio est fortemente consolidado em Portugal e em

    Angola. Uma sensibilidade prvia sobre diversas especificidades sociais e de mercado

    entre estas duas realidades fizeram com que a obteno e anlise de informao se

    focasse, tambm, na busca de diferenas que justificassem a adequao ou no do BSC

    s duas situaes. Atravs das entrevistas realizadas foi possvel perceber que a base da

    estratgia para as duas filiais semelhante, quer ao nvel dos colaboradores, quer ao nvel

    dos recursos tcnicos. Contudo, a realidade do mercado angolano distinta: a

    concorrncia bem menor, as necessidades dos clientes ostentam diversas

    especificidades e, mesmo internamente, os processos internos e o foco principal da

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    organizao apresentam vrias diferenas. Deste modo, face ao BSC proposto para

    Portugal, foram propostas ligeiras alteraes quando aplicado ao mercado de Angola.

    Como j mencionado, a organizao em estudo est tambm presente noutros

    pases; todavia, o negcio muito menos estvel e completamente comandado e

    monitorizado pela casa-me. Aplicar o BSC a estes mercados no seria to vantajoso em

    termos acadmicos, nem teria grande significncia prtica, dado a ainda falta de relaes

    com clientes e com a sociedade em geral.

    Em suma, sero apresentados dois BSC (Figuras 3 e 4), com reas comuns, pois a

    Viso, Misso e Valores que regem as duas filiais so as mesmas, mas com algumas

    adequaes intrnsecas sociedade e ao mercado onde esto inseridas. Estas diferenas

    baseiam-se nos objetivos presentes nas perspetivas financeira, de clientes e de processos,

    como apresentado em seguida detalhadamente. Na perspetiva de aprendizagem e

    crescimento no se considerou necessria qualquer adaptao.

    Por fim, de forma a identificar o objetivo mximo da ELECTR, que passa por se

    tornar numa Multinacional com uma grande presena no mercado externo, foi

    apresentada uma proposta de Mapa Estratgico comum s duas realidades, partindo dos

    objetivos ltimos dos dois mapas ao nvel da Perspetiva Financeira (Figura 5). Esta

    sugesto baseia-se no foco internacional que carateriza a organizao como um todo e

    que s possvel com o desenvolvimento destas duas estruturas, j posicionadas nos dois

    mercados: ambas com uma estrutura consolidada mas cada uma com a sua contribuio

    especfica: a estrutura em Portugal com um contributo mais focado na parte tcnica e a

    estrutura em Angola com um contributo essencialmente financeiro. Juntas, so a alavanca

    para chegar ao objetivo mximo da organizao: tornar-se numa multinacional com forte

    presena interncional.

    Na construo dos dois Mapas Estratgicos foram definidos vrios objetivos para

    cada perspetiva, adequados realidade onde so aplicados, como j mencionado. Para

    cada objetivo foram associados indicadores, alguns j a serem utilizados pela organizao

    na atualidade, outros apresentados com o objetivo de serem implementados

    posteriormente. Este conjunto de indicadores permitir a monitorizao e

    acompanhamento de cada objetivo, de forma a conseguir seguir as estratgias delineadas.

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    Estes indicadores devem fornecer a informao pretendida e, por isso, devem ser

    completos e reativos, isto , como mencionado por Silva (2013), devem conseguir refletir

    toda a realidade e no ser influenciados por pensamentos ou opinies, mas sim,

    influenciar o comportamento global da organizao. A cada um destes indicadores deve

    corresponder uma meta, isto , um objetivo quantitativo a alcanar, que servir como

    barmetro para saber se a organizao est ou no no bom caminho. No entanto, por

    motivos de confidencialidade com a ELECTR, no sero divulgados os valores concretos

    em questo.

    Sero apresentados todos os objetivos que completam o Mapa, assim como,

    quando necessrio, a justificao da diferenciao entre Portugal e Angola.

    Posteriormente, para cada objetivo sero definidos e analisados detalhadamente todos os

    indicadores, quer com o motivo da sua escolha, quer com a apresentao de eventuais

    indicadores substitutos que no foram tidos em conta devido a problemas ou erros que

    poderiam trazer.

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    3.2. Mapa Estratgico

    Mapa Estratgico aplicado a Portugal

    Figura 3 Mapa Estratgico ELECTR - Portugal.

    Fonte: Elaborado pelo prprio.

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    Mapa Estratgico aplicado a Angola

    Figura 4 Mapa Estratgico ELECTR - Angola.

    Fonte: Elaborado pelo prprio.

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    Proposta de Mapa Estratgico Comum

    Figura 5 Mapa Estratgico ELECTR Proposta Comum.

    Fonte: Elaborado pelo prprio.

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    3.3. BSC - Objetivos e Indicadores

    Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento

    A Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento foca-se na necessidade constante

    de desenvolver os capitais tcnicos e humanos de cada organizao. Os colaboradores,

    assim como as ferramentas tcnicas, so a base para um bom trabalho, quer em termos de

    produtividade quer de qualidade.

    Na ELECTR, como j referido, no se detetaram especificidades que

    justificassem, nesta perspetiva, qualquer diferenciao entre os dois mercados, pois as

    estratgias definidas e a importncia atribuda aos diversos fatores, nas duas estruturas,

    so as mesmas.

    Tabela 1 Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento.

    Fonte: Elaborado pelo prprio.

    Indicador Unidade de medida Periodicidade Sentido

    Nmero de oportunidades de melhoria identificadas por reunio Nmero Semestral Maior

    Horas de formao (nvel superior, intermdio e operacional) Horas Anual Maior

    Horas de acolhimento por novo colaborador Horas Mensal Maior

    Taxa de no Renovao % Anual Menor

    Taxa de colaboradores promovidos (Nvel Intermdio e Operacional) % Anual Maior

    Nmero de intervenes no "Projecto INOVA ELECTR" Nmero Mensal Maior

    Taxa de implementao de ideias propostas % Semestral Maior

    Nmero de intervenes em NAV (Up-Dates) Nmero Semestral Maior

    Nmero de tickets enviados aos Servios Informticos Internos Nmero Mensal Menor

    Investimento informtico por colaborador Anual Maior

    Objetivo

    Aprendizagem e

    Conhecimento

    Qualificao e motivao dos

    colaboradores

    Promover o envolvimento e

    comportamentos adequados por parte

    dos colaboradores

    Investimento e apoio contnuo nos SI

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    Qualificao e motivao dos colaboradores Para a ELECTR de extrema

    importncia a qualificao e formao dos seus colaboradores, numa dupla vertente:

    desenvolvimento das suas competncias tcnicas e a construo de uma equipa motivada

    para a prossecuo dos objetivos a atingir pela organizao. Para que o trabalho seja bem

    feito necessrio que os recursos humanos tenham a qualificao necessria, por isso,

    da responsabilidade da organizao recrutar os colaboradores que melhor se adequam s

    necessidades e valores da organizao. Paralelamente, dar as melhores condies, a

    formao mais adequada e o acompanhamento necessrio integrao de cada

    colaborador um foco que tem de ser permanente. Aps esta anlise, so propostos os

    seguintes indicadores:

    Nmero de oportunidades de melhoria identificadas por reunio: Com o

    intuito de motivar os colaboradores importante a realizao de reunies, de forma a

    faz-los sentir parte do bom desempenho da organizao. Uma reunio de onde se

    consegue retirar variadas oportunidades de melhoria demostra uma excelente

    produtividade por parte dos presentes, assim como um elevado grau de conhecimento

    destes nos assuntos abordados. Apresenta-se, assim, um indicador que foca tanto a

    adequao dos RH aos pontos discutidos como o seu grau de envolvncia e motivao.

    Horas de formao: Desenvolver os conhecimentos tcnicos dos colaboradores

    e, ao mesmo tempo, desenvolver capacidades essenciais para o crescimento da

    organizao essencial. Hoje em dia, com o crescimento da organizao um foco o

    investimento em formao em reas especficas, nomeadamente de liderana. A

    descentralizao das decises uma necessidade para a boa gesto, e um chefe deve ser

    tambm um lder. Para alm disso, a formao um ponto extra para a motivao dos

    colaboradores, pois sentem que a organizao est preocupada com o seu

    desenvolvimento individual.

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    Horas de acolhimento por novo colaborador: determinante a forma como um

    novo colaborador recebido no seu local de trabalho. Esta primeira impresso ir ter

    reflexos no seu desenvolvimento e empenho nas tarefas que ir desempenhar. objetivo

    da empresa desenvolver um projeto de acolhimento extenso que permita a um novo

    membro ter um conhecimento mais detalhado da empresa, assim como do seu trabalho e

    das pessoas com quem vai trabalhar diretamente. Desta forma, temos um indicador que,

    para alm de mostrar a importncia e o foco sobre os colaboradores, tambm um

    indicador motivacional.

    Horas de acolhimento por colaborador =Horas de acolhimento

    Nmero de novos colaboradores

    Taxa de no renovao: Para garantir que os colaboradores so de extremo

    profissionalismo e, acima de tudo, que se adequam organizao, necessrio ter um

    bom processo de recrutamento por parte do recursos humanos. Por isso, a taxa de no

    renovao, por iniciativa da empresa, proporciona dados quanto percentagem de

    colaboradores recrutados que no se enquadraram no perfil pretendido para o qual foram

    contratados. Esta percentagem pode ser obtida atravs do quociente entre os contratos no

    renovados sobre o total, que se pretende que seja um valor insignificante.

    Taxa de no renovao =Nmero de contratos no renovados

    Nmero de contratos total

    Promover o envolvimento e comportamentos adequados por parte dos

    colaboradores So os colaboradores, e principalmente os operacionais, que lidam

    diariamente com os clientes, por isso, so eles que demostram o servio e a qualidade que

    a organizao pretende passar para o mercado. Por isso, essencial faz-los sentir os

    objetivos globais da organizao como os seus prprios objetivos, isto , tem de ser foco

    dirio de cada colaborador desempenhar o melhor papel com vista os objetivos finais da

    organizao.

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    Taxa de colaboradores promovidos: A possibilidade de crescer e ser promovido

    dentro da organizao algo que motiva o bom desempenho dos colaboradores e o seu

    envolvimento crescente, principalmente no nvel operacional e intermdio. Este indicador

    ser um excelente espelho sobre o envolvimento e bom comportamento dos

    colaboradores, pois s os melhores sero promovidos.

    Para o clculo deste indicador apenas vo ser includas as reas operacionais e

    intermdias, sendo este o nvel onde a rotao interna superior e com uma maior

    probabilidade de promoo. Nos nveis superiores, o recrutamento no se foca nos

    colaboradores internos, pois as fontes so tipicamente externas. Para alm disso, a

    promoo algo muito valorizado nos primeiros nveis hierrquicos, nomeadamente,

    operacional e intermdio, em detrimento dos nveis hierrquicos superiores.

    Taxa de colaboradores promovidos

    =Nmero de colaboradores promovidos nos nveis intermdios e operacional

    Nmero de colaboradores nos nveis intermdios e operacional

    Nmero de intervenes no "Projecto INOVA ELECTR": Foi desenvolvido

    uma ferramenta designada como Projecto INOVA ELECTR que permite a todos os

    colaboradores dar ideias e sugestes, quer ao nvel tcnico quer humano. Desta forma, ao

    analisar as intervenes efetuadas pelos colaboradores permite ter um feedback do

    envolvimento dos colaboradores, pois a no interveno significa a falta interesse, de

    ligao e envolvimento com o desenvolvimento de curto e longo prazo da organizao.

    Taxa de impleme