Férias2009 Deserto do Atacama

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Esta viagem exige, no mínimo, respeito. Em mergulho deve-se "Planejar seu mergulho e mergulhar seu plano"! Sugiro fazer o mesmo. Espere o melhor, mas prepare-se para o pior. Este vai ser seu lema. As estradas são muito retas e longas e chatas. Vazias e com longos pontos entre abastecimentos. Em certos lugares, como entre Paso de Jama e San Pedro de Atacama, isso chega a 273km. Se perder um ou se não tiver combustível em um posto, vc dança. A maioria dos postos não aceita cartão ( tarjeta ). Alguns aceitam débito, mas não confie. A distância não é o único problema, o consumo vai variar e muito! Sua tocada ( depois de algumas horas, dá desespero não acabarem as retas ou chegar a algum lugar, daí vc aperta o ritmo e o consumo aumenta. Ventos laterais e frontais fortes, aumentam o consumo. O tipo de gasolina escolhida também pode aumentá-lo. Prepare-se para o pior. A subida, que vc nem vai sentir mas a moto vai ficar mais lenta, pesada, claro, aumenta o consumo, o ar rarefeito das alturas, também. Tirar o filtro de ar das carburadas pode ser uma opção: verifique os riscos. A regulagem do carburador para a altura deve ser a mais pobre possível.

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Viagem de férias ao Deserto do Atacama, Chile, Andes e Argentina

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Esta viagem exige, no mínimo, respeito.

Em mergulho deve-se "Planejar seu mergulho e mergulhar seu plano"! Sugiro fazer o mesmo. Espere o melhor, mas prepare-se para o pior. Este vai ser seu lema.

As estradas são muito retas e longas e chatas. Vazias e com longos pontos entre abastecimentos. Em certos lugares, como entre Paso de Jama e San Pedro de Atacama, isso chega a 273km. Se perder um ou se não tiver combustível em um posto, vc dança.

A maioria dos postos não aceita cartão ( tarjeta ). Alguns aceitam débito, mas não confie.

A distância não é o único problema, o consumo vai variar e muito! Sua tocada ( depois de algumas horas, dá desespero não acabarem as retas ou chegar a algum lugar, daí vc aperta o ritmo e o consumo aumenta. Ventos laterais e frontais fortes, aumentam o consumo. O tipo

de gasolina escolhida também pode aumentá-lo. Prepare-se para o pior. A subida, que vc nem vai sentir mas a moto vai ficar mais lenta, pesada, claro, aumenta o consumo, o ar rarefeito das alturas, também. Tirar o filtro de ar das carburadas pode ser uma opção:

verifique os riscos. A regulagem do carburador para a altura deve ser a mais pobre possível.

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É aconselhável aprender a mexer nela.

A manutenção de seu veiculo deve primar pela perfeição. Use a lei de Murphy: Se algo puder dar errado, dará e no pior momento possível!

As cidades Corrientes, Resistência e Salta, ao norte da Argentina, por onde passamos, lhe darão bons suportes, mas se seu veículo foi muito especial, diferente, vc terá dificuldades em encontrar o que precisa. Pesquise na Net sobre isso para suas paradas.

Espere o melhor, mas prepare-se para o pior. Se algo puder dar errado, dará e no pior momento possível! Lembre-se disso!

Nesta etapa até Corrientes, há calor que pode variar do muito ao extremo, mesmo sobre uma moto!

Aliás, extremos será, também, sua meta: muito calor, muito frio, muito vento, muito consumo. Lembre-se, vc está num deserto: muito calor de dia e muito frio de noite! Em algum momento até pensamos em enfrentá-lo a noite. Sorte que um amigo riu de nossa ingenuidade e desistimos. É imbecilidade, se não tentativa de suicídio.

De uma hora pra outra vc morre de calor ou de frio! Trechos diversos, na mesma reta, passamos por isso.

Nas Cordilheiras faz frio. Sobre a moto faz mais. Imagine uma chuva gelada molhando sua luva e vc pilotando no vento gelado! É perigoso! Vc deixa de pensar e pode fazer besteira. Mais que usar o equipamento correto, teste-o. Minha luva impermeável e para -20º, foi usada sob uma outra de couro pra agüentar um trecho gelado. Ah, e numa chuva em SP, ela molhou.

VC pode nem passar por nada disso e achar que é exagero, mas se passar, te garanto que não vai gostar.

Ah, lá chove, tá? É deserto, mas choveu no dia anterior e um grupo de Brasília teve esse privilégio. Resultado? Não conseguiram pilotar pelo frio nas mãos.

Por duas vezes vi chuvas ao longe e as estradas insistiam em nos pregar peças nos levando em sua direção, nos desviando um pouco antes.

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Sol forte, céu claro, sol na cara quase o tempo todo. Use proteção, viseira escura e filtro solar fator mais alto que puder. Vc não tá lá pra se bronzear. Respeite o Deserto.

Alguns têm dores de cabeça, outros apenas falta de fôlego pra atividades pequenas. Descer e subir na moto pode ser "cansativo" e vc vai resfolegar.

VC verá ciclistas, madames em seus carrões e tudo o mais, mas todos devem respeitar as exigências do Deserto pra curtirem-no em sua plenitude.

Documentos:

Espere pedirem e entregue apenas o que pedirem. Fique atento para a devolução. Vc pode esquecer algum documento na mão deles por impaciência ou ansiedade. Relaxe e concentre-se!

A carteira internacional de motorista, só foi usada na fronteira Argentina e isso pq eu a entreguei, mas se vc a entregar a um policial comum, ele vai preferir a tua carteira normal mesmo. Eles olhavam praquela papelada e ficavam zonzos e pediam a normal.

Carta verde- pediram quase todas as vezes.

Carteira de vacinação - não pediram e não precisa (tirei só pq tava muito fácil:)

Passaporte - pediram nas fronteiras e um ou outro espertinho.

Documento do veículo: nem tenha dúvidas! É o que mais olham!

Polícia:

Não tivemos problemas com a Chilena, aliás, nem olhavam pra nós, agora a Argentina é uma incógnita!

Basicamente, nos grandes centros vc não terá problemas se estiver direitinho, mas no interior, nos fins de mundo, fatalmente contribuirá com alguns pesos. Mas relaxe e ofereça pouco mesmo! Aceitam até 2 pesos na boa.

Acho que é isso. Leve a coisa a sério que vai dar tudo certo. Se eu puder ajudar mais, me avise.

Boa viagem e me informe como foi. Será um prazer conhecer tua experiência.

Uma idéia na cabeça e coragem no coração.

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Depois de três viagens pelo Brasil, uma das quais estiquei até o Uruguai, que totalizaram cerca de 23 mil km, uma viagem ao Chile se fazia necessária. Sonhos de motociclistas, assim como a Famosa Rota 66, nos EUA. Todo motociclista tem esse sonho.

Os planos se iniciaram, como sempre, num bate-papo com os amigos de fé: Carlos Rosa, meu fiel companheiro das viagens anteriores, e PeU se dispuseram. Quase um ano se passou e Rosa corre o risco de não nos acompanhar por problemas particulares...Sentirei muito sua falta caso ele não possa ir.

As conversas e planos com PeU foram se afinando, pesquisas em sites de uns aventureiros, conversas pessoais com outros, livros, revistas e horas e horas de estudos no Google Maps.

Antes de mais nada:

aventura

a.ven.tu.ra sf (lat adventura) 1 Acontecimento imprevisto. 2 Ação ou empresa arriscada. 3 Conquista amorosa. 4Sucesso romanesco. 5 Patuscada. 6 Risco. 7 Acaso, sorte.

(Michaelis)

Nossas viagens não têm nada de Aventura, ―dicionaristicamente‖ falando: não são arriscadas, imprevistas, tampouco deixadas ao acaso. Cada etapa é pesquisada, estudada, analisada, votada e aplicada.

São, sim, aventuras, como uma conquista amorosa, um sucesso romanesco, sonhos realizados. São vistas como aventuras apenas por serem sonhos que, de uma forma ou outra, por uma etapa ou trechos outros, são realizadas por pessoas simples, comuns e reais. Assim como você.

Uma viagem desse tipo, de moto, precisa de coragem? Sim! Coragem de simplesmente ir. De largar tudo que se ama, se preza, se acostumou, por um período de privação. Largar tanto o conforto de nosso sofá quanto o colo de nossa família. Coragem de realizar algo pura, total e completamente seu, apenas seu, um sonho seu, de ninguém mais.

Mas uma viagem dessas nos traz a maravilhosa sensação de sermos Homens, sofrendo privações, realizando escolhas, resolvendo problemas analisando nossas opções sem ter ninguém a quem culpar. Dormindo em qualquer lugar que lhe pareça conveniente ou necessário, mesmo sem luxos,

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comendo o que se encontrar pela frente, sem frescuras, aprimorando nosso ser, nossa vida, nossa filosofia do que é realmente necessário pra viver a vida. Pra mim elas têm sido meu Caminho de Santiago, onde na solidão dos percursos e trechos, me encontro com meus pensamentos, minha vida, deixando a futilidade de lado encontrando realmente o que preciso pra viver: muitas vezes apenas um prato de comida.

Uma viagem de moto, na qual nos encontramos imersos na deliciosa solidão de nossos pensamentos, nos traz momentos novos e até uma vida nova. Novas formas de nos comportar, de conviver, de refletir. Um dos principais pensamentos que me acompanham e muitos momentos das viagens é: ― o que eu to fazendo aqui?‖ Neste sol de 40 graus, debaixo deste capacete e desta roupa de couro, sendo cozinhado pelo sol, pelo calor do asfalto e do vento quente que sopra dos escapamentos e motores dos caminhões? Ou mesmo debaixo de chuvas torrenciais ou até dos frios e congelantes chuviscos ―paulistas‖.

Mas o tocar da moto, o ronco do motor, as maravilhosas paisagens que vemos, as fantásticas pessoas que conhecemos no percorrer de nossas aventuras, nos fazem, enfim, entender o porquê de tudo isso. Já chorei diversas vezes em cima da moto por momentos maravilhosos e inesquecíveis. Já pensei que a vida havia valido apenas pelo que eu estava vendo, já me entristeci por pores do sol, seu nascer ou tantas outras imagens e paisagens que a humanidade não estava vendo naquele momento.

Por mais que pareça o contrário, eu não consigo descrever completamente, o que é uma viagem de moto! E se por acaso um dia eu não voltar de uma viagem por conta de um desses infortúnios da vida, saibam que eu fui feliz e estava vivendo a vida até onde ela poderia me levar.

Mas então.

Meu companheiro de viagem:

Pedro "PeU" Cavalcante, Brasília, Distrito Federal, Brazil

Baiano. Biólogo. Consultor em Planejamento e Gestão Ambiental. Em Brasília há 7 anos. Vc pode conhecê-lo melhor acessando o Blog - Estradas em Duas Rodas, cujo link se encontra nesta página e de onde tirei alguns dos textos abaixo.

Conhecemo-nos há alguns anos em passeios por Brasília e região e juntamente com outros colegas, firmamos uma amizade fraterna. PeU tem feito a maioria das pesquisas e planejamentos (afinal ele trabalha com isso!).

Por ele ter apenas 20 dias de férias, estamos traçando uma viagem com plano B, e caso necessário, a encurtaremos. Mas em princípio, iremos até o deserto do Atacama, no Chile, de onde desceremos até Puerto Montt...dali Argentina e Uruguai e eu pra Balneário Camburiú, SC e ele continua até Brasília.

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Carlos Rosa estuda a possibilidade de nos acompanhar até Ribeirão Preto, SP e depois ir pra Caraguatatuba, SP. Se eu puder, quando for voltar pra casa, passarei por lá pra matar saudades dos seus familiares...

Detalhando : BSB - FOZ

Brasília, Cristalina, Catalão, Araguari, Uberaba, Aramina, Ituberava, Guará, S. Joaquim da Barra, Orlândia, Ribeirão Preto, Bonfim Paulista, Araraquara, Boa Esperança do Sul, Jaú, Bauru, Piratininga, Paulistânia, Esp. Sto. Do Turvo, Sta Cruz Rio Pardo, Ourinhos, Cambará, Andirá, Bandeirantes, Santa Mariana, Cornélio Procópio, Jataizinho, Ibiporã, Londrina, Maringá, Floresta, Eng. Beltrão, Campo Mourão, Cascavel, Sta Tereza do Oeste, Foz do Iguaçu

Detalhando 2: FOZ - ANTOFOGASTA

Foz do Iguaçu, Puerto Iguazu, Esperanza, El Alcazar, Puerto Rico, Jardin America,

Candelaria, Posadas, Corrientes, Resistencia, Makallé, Pres. R. Saenz Pena, Avia Terai, Pampa de Los Guanacos, Los Tigres, Monte Quemado, Taco Pozo, Joaquin V Gonzales, Ceibalito, El Galpon, Rio Piedras, Salta, Gen. Martin de Quemes, Perico, San Salv. Jujuy, Jardin de Reyes, Yala, Tilcara, Humauacos, Purmamarca, Pozo Colorado, Susques, Fronteira Chile, S. P. Atacama, Calama ,Antofagasta .

Para quem tem vontade:

[...] de moto você fica completamente inserido na paisagem. Sente os cheiros, o vento, o frio, o calor. E, principalmente, o mundo está todo ali, sem edição prévia. Pois de carro, como diz a poeta Adriana Calcanhoto na música Esquadros: "pela janela do carro (...) eu vejo tudo enquadrado".

Moto também tem outra peculiaridade — você não conversa com seu companheiro de viagem durante o trajeto. É um exercício pleno de meditação, do mergulho no cenário, da

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real noção da proporção. (Lígia Fascione http://www.ligiafascioni.com.br/pessoal_viagens.html - Retirado do Blog do PeU

Para meus Filhos!

"... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".("Mar sem fim"- Amyr Klink) Retirado do Blog do PeU

Meu Equipamento:

Mirage 250

Vou com minha Mirage 250, equipada com pára-brisas, alforges laterais e traseiro, alarme e protetor de motor/ descanso de pernas ( ah, e um relógio de guidão muito fashion construído por meu amigo Jimy, de Brasília).

A Mirage tem motor bicilíndrico em ‘V‗, DOHC com 4 válvulas, quatro tempos, potência de 27,9

cv a 10000 rpm e torque de 2,27 kgf.m a 8500 rpm. Possui eficiência volumétrica alta com 111 CV/litro, quase

o dobro das concorrentes de cilindrada bem maior (na faixa de 650 a 750 cc) e custa praticamente a metade do preço com consumo de combustível bem menor.

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Especificações Técnicas

DIMENSÕES (mm)

Comprimento Total 2270

Largura Total 800

Altura Total 1090

Distância livre do solo 155

MOTOR

Tipo DOHC, 4 tempos, 8 válvulas, arrefecido a ar e óleo

Potência Máxima (cv @ rpm / KW @ rpm)

27,9 @ 10000 / 20,55 @ 10000

Torque Máximo (kgf.m @ rpm) / (Nm @ rpm)

2,27 @ 7500 / 22,3 @ 7500

Capacidade volumétrica (cilindrada) (cm3)

249

Carburador BDS 26 HU82 (duplo)

(www.kasinski.com.br)

Equipamento do PeU e do André

Boulevard M 800 A nova companheira de viagem, dele, será uma Boulevard M800, preta. Os que gostam do visual clássico, devem estranhar um pouco. O visual conservador foi modificado e o preto deu lugar a profusão de cromados, muito comuns ao estilo. A Boulevard M 800 apresenta rodas de liga-leve pintadas em preto e linhas futuristas.

O painel de instrumentos apresenta velocímetro analógico e 2 hodômetros digitais sob a mesa de direção, sendo possível marcar a distância total percorrida e, também a distância entre dois pontos (intervalos entre abastecimentos, por exemplo). O farol dianteiro ovalado é bastante eficiente, dispensado a instalação de faróis auxiliares. O pára-lama curto fazem desta uma custom mais jovial e esportiva. Para isso contribuem também o motor pintado em preto e as rodas de liga-leve na mesma cor — que permitem o uso de pneus sem câmara de perfil largo e esportivo.

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Como não podiam faltar, os cromados ficaram reservados para os detalhes do painel, caixa-de-ar e escapamentos. Reforçando ainda mais seu caráter esportivo, a Boulevard M 800 traz suspensão dianteira telescópica invertida (upside-down).

Outro detalhe que garante não só um caráter, mas também um comportamento esportivo à M 800 é o sistema de injeção eletrônica do modelo, o que trará tranquilidade quando estivermos nas altitudes (perto dos 5.000 m), cruzando as cordilheiras.

As primeiras impressões sinalizam uma pilotagem sem engasgos na aceleração e motor sempre cheio. Com isso devem diminuir as trocas de marchas, principalmente na estrada, já que a retomada é fácil e rápida.

Outra qualidade dessa Suzuki é a transmissão final feita por eixo-cardã. Sistema que dispensa lubrificações e revisões periódicas.

O banco largo e macio, em conjunto com a boa ergonomia, permite pilotar relaxado, o que, seguramente fará diferença após horas sentado na moto.

A ciclística também é responsável pelo conforto do piloto. Além de utilizar garfo invertido na dianteira, uma solução não muito comum nas motos deste segmento, ela traz uma balança traseira com um único conjunto mola-amortecedor regulável fixado por links.

Ao pilotar, isso significa uma melhor absorção das imperfeições do piso, mais estabilidade em alta velocidade e menos oscilações ao contornar curvas.

(Informações técnica extraídas de SUZUKI BOULEVARD M800, DISPONÍVEL EMhttp://www.moto.com.br/testes/conteudo/6143.html)

New kids on the block. (Gente nova no pedaço...)

Carlos Rosa, que já estava nos planos, conseguiu, ou não, resolver seus problemas e se

posicionar: vai nos acompanhar. Já que comprar moto nova e sair pra uma viagem, com revisões e tal por onde a gente vai passar, não é aconselhável, vai com a moto atual, mesmo: Uma Viraguinho 250, ano 2000. Eu e PeU, que nos empenhamos em convencê-lo a fazer parte, ficamos felizes. Agora, ele vai correr atrás das providências. Rosa é meu companheiro de viagem desde 2005, quando iniciaram-se nossas experiências em estradas. Temos feito,

desde 2004, diversos trechos aqui pela região e participamos, juntos, das viagens constantes abaixo. No link Álbuns de Fotos, ao lado, ele está na maioria. Viramos mais que amigos somos irmãos. André Siebert, de Blumenau, é nosso novo companheiro. Já o conheço de orkut há alguns anos. Aventureiro, independente

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como nós. Gosta de viajar e, como um verdadeiro estradeiro, não se prende a grupos. Seu estilo livre e autônomo vai se juntar aos nossos para uma viagem de sucesso. Já estivemos conversando sobre nossas aventuras anteriormente, mas não nos foi possível sincronizá-las, mas este ano, finalmente nos uniremos. Tira fotos maravilhosas e vamos usar suas habilidades para registrar o melhor possível nossa aventura. André vai usar equipamento igual ao do PeU. Veja mais detalhes de seus passeios, em seu blog nos links ao lado.

O Percurso

Dia 1 – 26/12 – sexta-feira

Trecho: 844 km Brasília – Penápolis-SP

Dia 2 – 27/12 - Sábado

Trecho: 778 Penápolis-SP – Foz do Iguaçú

Dia 3 – 28/12 - Domingo

Trecho: Foz do Iguaçu – Corrientes (620 km) Atrativos: San Ignácio – Patrimônio dos Povos das Missões

Dia 4 – 29/12 - Segunda

Trecho: Corrientes – San Salvador de Jujuy

Muita calma nessa hora!

Só para ter uma idéia do que será viajar pela alta cordilheira... Cuidados com o corpo e com a moto não devem ser subestimados... Detalhe: a. nos primeiros 100 km subiremos de 1250 m de altitude para 4.170 m - Cuesta de Lipán; b. nos últimos 50 km desceremos de 4.800 m de altitude para 2.470 m; c. Rodaremos mais de 350 km acima dos 3.500 m de altitude e +/- 100 km acima de 4.000 metros de altitude; d. Enfrentaremos a maior altitude, já no lado Chileno, quando passarmos pelos Cerros de la Pacana, 4.500 metros.

Dia 5 – 30/12 - Terça

Trecho: San Salvador de Jujuy - Susques Atrativos: É tido como um trecho bonito e convidativo a muitas paradas para fotos (conforme destacado acima, monitorar horário).

Salina Grande [...] não tenha pressa, porque essa subida é linda, você vai vendo aos poucos a vida sumir e o deserto aparecer. Lá no alto, depois da placa de 4700 m de altitude, tem o deserto de sal, uma coisa linda de se ver e de motocar em cima. “O pernoite em Susques é saudável, porque você vai estar dando um tempo para o corpo se acostumar com a altitude. De repente, á sua direita, vai aparecer um vulcão lindíssimo, e um placa: Bolívia a 5 km. Aí começa a descida para São Pedro do Atacama. O que você subiu em 350 km, vai descer em 40...a mudança de temperatura e pressão é rápida.”

Dia 6 – 31/12 - Quarta

Trecho: Susques – San Pedro de Atacama “Na minha opinião é o trecho mais bonito (mais alto. mais largo e mais frio) da cordilheira.” Mais adiante, em Susques, é o último ponto de abastecimento na Argentina. E o último ponto onde tem vida, e pousada para pernoite. Aconselho dormir alí, há duas pousadas razoáveis. Porque aconselho dormir alí ? Porque não há outra opção, e o que vem pela frente é o trecho mais bonito, depois do deserto de sal, e vocÊ deve demorar mais para fazer, tanto pelo visual como pelo baixo rendimento da moto. Você estará a uns 120 km do Paso de Jama, divisa com o Chile. Este é o ponto mais longo sem abastecimento Atrativos: Pôr-do-sol na Grande Duna (último do ano!!!)

Dia 7 – 01/01 - Quinta

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Atrativos: A definir: Salares, Lagunas Altiplanas, Giesers....

Dia 8 – 2/1 - Sexta

Trecho: San Pedro de Atacama – Copiapó Rumo ao Pacífico Atrativos: Chegar ao Pacífico

La Mano del Desierto - Antofogasta

Cidades ao longo do Caminho

Dia 9 – 3/1 - Sábado

Trecho: Copiapó – Viña Del Mar Atrativos: Chegar a Santiago pelo Litoral do Chile;

Cidades ao longo do Caminho.

Dia 10 – 4/1 - Domingo

Trecho: Viña Del Mar Atrativos: Rodar até Papudo/Zapallar (170 km de Santiago).

o Papudo se encontra inserida em um setor montanhoso costeiros. Seu acesso se faz por lindas estradas costeiras. As Rotas de acesso são a F 30-E, que se comunica com as cidades de Valparaíso e Viña Del Mar, e a Ruta Panamericana N.º 5.

Dia 11 – 5/1 - Segunda

Trecho: Viña Del Mar- Mendoza-AR Atrativos: Cordilheiras – Trecho relatado como lindo, convidativo a muitas paradas para fotos. “Cruzar os Andes: o ponto alto da viagem. Se fores dormir em Mendoza, saia bem cedo e reserve todo o dia para esses trezentos e poucos quilômetros. É tão espetacular que a gente vai a 40 km/h e quer parar em cada curva para tirar fotos!”

Dia 12 e 13 – 6/1 - Terça

Trecho: Mendoza Deslocamento local pelo entorno. Atrativos: Aconcágua; Rota de Vinhos

Dia 14 – 8/1 - Quinta

Trecho: Mendoza - Córdoba Atrativos: Camino de las Altas Cumbres – apreciar em toda su majestuosidad las sierras cordobesas. “Sierras de Cordoba: não deixe de pegar a Ruta 20 (passando por El Condor). Alguns viajantes, por desconhecimento ou para poupar tempo descem direto para San Luis por uma estrada mais reta (não lembro qual). Maior mancada! Curtir as curvas e o visual das Sierras de Córdoba e tomar um licor no El Condor e conversar com o dono (que é um ecologista que desenvolveu um projeto de proteção aos Condores reconhecido mundialmente) é imperdível!”

Dia 15 – 9/1 - Sexta

Trecho: 860 Córdoba – Paso de Los Libres Dia 16 – 10/1 - Sábado Trecho: 670 Paso de Los Libres – Passo Fundo-Br

Dia 17 – 11/1 - Domingo

Trecho: 521 Passo Fundo-Br – Florianópolis

Dia 18 – 12/1 - Segunda

Trecho: 80 Florianópolis – Bal. Camboriú

26 de Dezembro de 2008

Foi dada a largada... Saímos dia 26 às 7 da manhã, passamos em Goiânia pra pegar o documento da minha moto que foi comprada lá e seguimos em frente. Chuva praticamente até Penápolis, SP. O rendimento foi o planejado. Falando em rendimento a moto do Peu tá consumindo como a minha, em torno dos 20-22km/l. A do Rosa perdendo potência na subida e consumo elevado pra média normal dela. No Gerivá, encontramos um grupo indo ao Atacama, de carro. E aproveitamos pra nossa primeira fotinho da viagem..

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Em Penápolis, um hotelzinho marrom, mas o que fechou o dia com chave foi o jantar no Bar do Toninho e preparado por dona Elza: maravilhoso! Arroz, feijão, salada, lingüiça, ovo frito, bisteca, e sei lá mais o quê! Comemos feito padres rsss

27 de Dezembro de 2008

A tocada não estava forte, pois desde ontem a moto de Carlos Rosa não rendia bem e apresentava um consumo muito alto, o que forçava paradas em intervalos curtos.

Após deixarmos o estado de SP para trás, o sol apareceu. A estrada mais vazia permitiu-nos aumentar o ritmo e elevar um pouco a média rodada.

Uma pane elétrica na moto de Rosa nos obrigou a uma parada. Ainda bem que estávamos numa estrada pedagiada e o socorro mecânico não demorou a chegar. A coincidência é que no reboque já havia um carro com problemas e o seu proprietário tinha uma oficina de motos. Foi ele que colocou a moto para andar. A concessionária que cuida da rodovia indicou um posto onde mecânicos poderiam colocar um novo fusível e arrumar a fiação com problemas. Lá descobrimos que além dos fios, a bateria também estava sem água e isso deve ter gerado mais carga, que terminou por queimar o fusível. 2 horas parados... Nada que tirasse nosso animo e o firme propósito de chegarmos a Foz e darmos configuração definitiva ao grupo, com a incorporação de André, que saiu de Blumenau.

Já na chegada a Foz, 23 Km do centro, nova pane na moto de Rosa. Desta vez mais séria. Por falta de óleo, o moto travou e desta vez 5 horas esperando um reboque para levar a moto ao Hotel... Após descarregar a moto, fomos jantar, oferecido gentilmente por André, e discutir as alternativas.

Dormimos cansados e tarde. Estrada: Boa, pouco movimentada, porém em grande parte do trecho do Paraná com FORTES ventos laterais.

28 de Dezembro de 2008

Rola pra lá, rola pra cá acabou que um mecânico foi ver a moto Do Rosa e deu esperanças dela voltar a funcionar. Rosa resolveu não seguir viagem com a gente pra não comprometer os demais do grupo caso ela pipocasse novamente, e ficou em Foz. Ainda não temos notícias dele, até o momento. A nossa continuação da viagem foi sem problemas. Na entrada da Argentina pediram quase todos os documentos padrão, e mais adentro, a polícia pediu os demais. Não vá sem eles, não marque bobeira.

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Depois de enfrentarmos o maior calorão dentro da Argentina e um solão na cara, direto ( o que me fizeram pensar em voltar pra casa várias vezes ), a noite fresquinha e a estrada excepcional nos motivaram a seguir viagem noite adentro. Não pretendíamos chegar a Corrientes, mas não teve jeito, a noite super agradável e a pista estavam boas demais... Apesar de ser domingo e chegarmos a Corrientes perto de 1 da manhã, a cidade ainda estava bastante movimentada e a sua orla (de rio) com crianças e muitas famílias passeando. O GPS de PeU se encarregou de achar um hotel para nós.

Estradas: Boas, sem movimento, retas intermináveis Temperatura altíssima. MUITO calor.

29 de Dezembro de 2008

Corrientes – Salta

Saímos perto das 10h, mais uma vez, retas intermináveis com pouca ocupação no seu curso. Talvez por estarmos em lugares mais distantes, e escondidos, a já famosa Polícia Caminera manteve a tradição. Parada: Documentos, conversa fiada e o pedido de contribuição... Chega a ser constrangedor.

Mais a frente, 200 km, na província de Chaco, outra vez: Menos discreta e mais acintosa. "Para que não ter que tirar toda a sua bagagem e verificar o seu Kit de emergência , eu aceito uma colaboração"...

Eu peitei o cara: "O kit não é obrigatório para turistas, eu verifiquei na embaixada em Brasília. Me informaram que eram obrigatórios apenas estes documentos". Os colegas me repreenderam, corretamente, depois. De fato, não valia a pena por dois ou três pesos, peitar

um cara armado. Tiramos alguns pesos de nossos bolsos.

Nestas condições, a melhor estratégia é se livrar o mais rápido possível e seguir a viagem. Por outro lado, bom saber que é possível negociar a falta de algum documento. Não recomendo, pois nas metrópoles maiores, a coisa é diferente... Aduana, migração, polícia, todos pedem.

Para marcar o trecho Argentino, só faltava a pane seca e ela não demorou.

As longas retas com grandes distâncias fizeram a minha moto de vítima. Por algum problema de regulagem pela concessionária Kasinski de Brasília, a moto já estava

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consumindo muito, e de repente começou a fazer 15 por litro, quando o normal seria 25 mais ou menos.

O GPS ajudou a encontrar o posto mais próximo e André foi buscar combustível.

A 90 km de Susques as Cordilheiras aparecem, e somem nas nuvens baixas... Seguimos até Susques, ao invés de Jujuy, por ser uma cidade maior e contar com mais opções de oficinas.

Estrada: Boa. Trecho frio e com uma leve garoa nos últimos 50 km. Moto: Uma porcaria fazendo 15 por litro e falhando em alta.

30 de Dezembro de 2008

Dia de manutenção nas motos. 3.000 km desde Brasília. Minha moto passou por ajustes na carburação e outras pequenas intervenções, o que consumiu o dia inteiro e foi carinhosa e mui bem tecnicamente cuidada pelo Carlos que a regulou para a subida e me deu instruções adicionais. Fiquei o dia inteiro na oficina com ele me mostrando todos os detalhes.

Assim, resolvemos rodar um pouco, para ver como a moto se comportava e, caso fosse necessário algum ajuste, teríamos a oportunidade de fazê-lo em S. Salvador de Jujuy. Rota estabelecida no GPS, pelo PeU e motos arrumadas, surge Hector, dono do Hostal em que ficamos e sugere um caminho mais curto, 40 km a menos. Como já era começo da noite, achamos por bem um trecho menor. Ajustamos a rota e seguimos.

O caminho sugerido foi uma loucura e uma delícia, se feito de dia. A estrada de uma pista necessita de gentileza e negociações: uma ao cruzar outra ao ultrapassar algum veículo. Curvas fechadíssimas, retas curtíssimas, mas certamente muita paisagem bonita, se alguém conseguir olhar pro lado...e como fizemos a noite...

Em Salvador de Jujuy, o GPS nos botou no hotel. Amanha, finalmente, Cuesta de Lipan e cordilheiras!!!

31 de Dezembro de 2008

Diante do dia parado em Salta, faremos a cordilheiras numa pernada só, indo direto a San Pedro de Atacama.

Saímos de uma cota de 1.600 metros e subimos ate 4.850 metros.

Para nossa alegria, as intervenções feitas na minha moto (carburada)

fizeram-na andar super bem e com muita economia. Acima de 3.500 ela andava a 100 km/h sem falhar e a

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autonomia fez com que chegasse a SPA sem precisar de reserva (273 km).

Caiu o mito de motos carburadas de baixa cilindrada não se comportarem bem nas altitudes, basta uma boa regulagem.

Acima de 3.000 metros a paisagem muda por completo. Novos cenários aparecem e as paradas para fotos são quase que a cada 5 km. Um primeiro momento de deslumbramento e depois um pouco mais de disciplina, pois não podíamos deixar escurecer enquanto fazíamos a travessia.

A temperatura na parte alta estava entorno de 10 graus, e sensação térmica, mais baixa do que isso. Morri de frio mesmo com um monte de casacos...Não confie nesse salão...basta uma sombra de nuvem pro frio chegar...imagine molhar-se...

Eu senti um pouco de falta de ar, algo como se fizesse um pequeno esforço, mas apenas as vezes e André, tonturas e dor de cabeça, mas continuava bem pra tocar a moto. Não dá pra fazer estripulias...na verdade, aconselho a não fazer nada... PeU passou inteiro, ele disse...

Passamos por salinas, altas montanhas e a já famosa subida da Cuesta de Lipán com tranqüilidade.

A paisagem é indescritível! Estávamos num deserto de verdade! Mesmo com algumas chuvas, nada de bom cresce

por ali por causa da salinidade, vide as salinas...

Ao nosso redor, centenas de km de areia e sal... montanhas... visuais lindos, maravilhosos, nada que se possa descrever, fielmente...foi um trecho de sonho, de National Geografic, sei lá...Sentimo-nos lá...no meio do nada...mó aventureiros...

San Pedro de Atacama é uma cidade toda de adobe. Bem rústica, sem pavimentação, mas cheia de turistas do mundo todo...Línguas diferentes são ouvidas a todo momento. Nosso hotel, não era diferente, meu quarto, porém, era muito chiquinho por dentro.

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Cansados, mortos pelo sol, pelo frio, pela secura, pela viagem, fomos a um restaurante para o Reveillon: um jantar e logo após o brinde, caminha...

1 de Janeiro de 2009

Tiramos um dia para "curtir" S P Atacama. Pela manha, cada um a seu tempo levantou e circulou pela ruas , fazendo fotos e comprando regalos.. .

A tarde, Peu e André fomam fazer um TUR pelos Ojos del Salar, Laguna Tabin Quinche e Laguna Cejas, com direito a um banho numa laguna saturada de sal, onde não há jeito de afundar. Fiquei mexendo no computer...adicionando fotos ao roteiro do Data Logger e tal.

2 de Janeiro de 2009

De San Pedro até Viña del Mar

Hoje deixamos San Pedro de Atacama, mas não o deserto. Ainda teríamos longos trechos na aridez do Chile. A programação seria rodar cerca de 700 km até Bahia Inglesa, lugar pouco valorizado nos roteiros antes relatados, mas por se tratar de uma das praias mais fotografadas do Chile, resolvemos incluí-la no nossos roteiros ao invés de seguir, o que faz a maioria, uma parada em Copiapó.

Após rodarmos 300 km, em uma condição de pilotagem bastante cansativa em função do forte vento lateral, que nos obrigava a compensar a moto, mantendo-a inclinada, André percebeu o desgaste acentuado no pneu de minha moto. Tava na lona! Eu tinha intenção de trocá-lo tão logo chegasse ao exterior, pelo preço, mas na correria, deixávamos pra próxima cidade. Agora não tinha jeito!

A esta altura estávamos em Antofagasta e, após ela, não teríamos alternativas. Seriam 400 km do mais puro deserto, com apenas um posto de abastecimento.

Não valia o risco de pilotar nestas condições em um trecho tão longo. Assim entramos, perto das 14 horas, na expectativa de trocar rapidamente o pneu e ainda seguir viagem, jà que temos sol por aqui, até perto das 22 horas.

Após algumas buscas, percebemos que a tarefa não seria tão fácil. A maioria das motos que rodam por aqui sao de baixa cilindrada e apesar de Antofagasta não ser tão pequena, não havia muitas opções.

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Assim, mais uma vez o espírito motociclista prevaleceu e salvou o dia, quiçá a viagem. André trouxe consigo os contatos do grupo PHD (proprietários de Harleys...) e aqui na cidade tinha um Haleyro...

Ligamos para ele e em pouco tempo ele aparece com o filho no local onde tinhamos parado...Aqui não caberiam os agradecimentos à disponibilidade e dedicação dele a resolver o nosso problema...

Ele nos levou a algumas lojas e depois de chegarmos a conclusão que não haveria pneus à venda, tratamos de acompanhar Rubem (o PHD) no convencimento de tirar um pneu de uma moto nova...Após algumas tentativas, achamos um revendedor que se dispôs a fazê-lo... a essas alturas jà estávamos certos de ficar em Antofagasta. Não iríamos arriscar cruzar 400 km de nada no cair da noite...

Neste meio tempo, na rede que Rubem pôs para rodar, foi descoberto um pneu na mesma especificação em uma das favelas da cidade... Entramos no carro e seguimos para lá...

metade do preço. Senti-me numa gincana, daquelas de adolescente, onde todo mundo se mobiliza para cumprir uma tarefa... Agora de pneu da mão, ainda faltava borracharia, e voltar a oficina para a troca... Antes disso, ele nos levou para lanchar, tirar dinheiro em caixa eletrônico...

Tudo resolvido, ainda fomos deixados no Hotel por Rubem, ainda a tempo de assistir um pôr-do-sol no Pacífico.

VALEU RUBEM!!!

3 de Janeiro de 2009

Depois de uma noite bem dormida, em uma dos melhores hotéis da cidade, o Holliday Inn, (100 dólares a diária), resolvemos retomar a nossa programação, não sem antes passar no monumento natural símbolo da cidade de Antofagasta - La Portada.

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Abastecemos as motos e seguimos forte. O trecho, até então mais cansativo. 400 km de uma paisagem que não muda. Sem vida, sem cidades, sem nada...A maravilha foi pegar, pela primeira vez, os fortes ventos laterais, de costas...o vento devia estar a 60km/h e por 150 km rodamos nessa maravilha. Mas como nada dura pra sempre...Depois voltamos ao normal: ventos laterais balançando a moto.

Paramos para fotografar a escultura La Mano del Desierto...a única coisa diferente nos 400 km de nada...

Depois disso, mais estrada, até que cerca de 90 km antes do nosso destino final, chegamos no trecho de estrada que esperávamos. Praticamente na praia... Oceano Pacífico de um lado e deserto do outro... LINDO!!! Assim, com essa paisagem, chegamos a Bahia Inglesa, brindados com mais um lindo pôr-do-sol.

O jantar, foi uma das melhores comidas que já comi na vida... Fish Rock com

queijo de cabra...Exótico, mas nem tanto...uma delícia, certamente..

Como dormida, a opção foi uma casa em condomínio... Deliciosa, completinha, dava pra morar lá.. :-)

4 de Janeiro de 2009

Antes de seguirmos viagem, combinamos um mergulho...Afinal, era o Pacífico, merecia o sacrifício...água fria... Muito Fria... pelo Horário, mais fria ainda!

Mas na base da graça e do desafio lá fomos nós... O banho abriu a apetite, mas para nossa decepção não havia nenhum lugar em que pudéssemos tomar café... Assim, subimos nas motos apos um banho e já na saída encontramos uma família de Brasileiros que estavam sendo nossos vizinhos...Gente super animada...Só pode, né? Vir prum lugar desses, devem adorar viver a vida!

O café foi na estrada, em um posto da COPEC, os que apresentam os melhores serviços. O objetivo hoje foi chegar a Los Vilos...

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Para quem pensava que o deserto ficou para tràs... ele ainda nos acompanhava... A estrada, horas beija o oceano, horas se volta para o deserto... e neste mundo fora do comum, chegamos ao nosso destino. Uma cidade simples, mas como toda região, com um lindo litoral. Com jà virou regra, chegamos ao pôr-do-sol... dá só uma olhada!!!

5 de Janeiro de 2009

Rumo a Viña del Mar...

Conforme jà conversado a época do planejamento, a opção seria sair da ruta 5 e vir pelo litoral.

Muitos passam direto, pela sedução de uma estrada duplicada e com velocidade de até 120 km... Perdem um dos trechos mais bonitos e sedutores...

Entramos por Papudo, um lindo balneário para os de Santiago, depois Zapalar até chegar a Viña.

Dia frio, com muita nebulosidade, mas sem ameaça de chuvas... pelo dia branco, as fotos ficaram prejudicadas... A primeira parada foi em Papudo... uma enseada procurada para férias. Predominantemente chilenos e alguns poucos estrangeiros.

Viña é uma cidade alegre, jovial e de trânsito nervoso. Muitos jovens, muitos turistas, próprios de uma cidade turística.

Amanhã, dia 6 de janeiro, deixaremos o Chile, partindo para Mendoza, Argentina...

Viña del Mar a Mendoza

Pense no passeio perfeito!

Tudo o que vimos antes foi lindo, mas nada comparado a este trecho. As montanhas aqui são mais lindas, ainda,

que as Cordilheiras a caminho de San Pedro de Atacama, que já nos impressionaram. São Fantásticas!

Subimos os Caracoles deliciosamente. Curvas fechadas, porém com espaço para manobras entre os muitos caminhões que passam.

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Aqueles gelos que vimos nas montanhas, os encontramos e nos divertimos com ele. São pequenos grãos, como areia, que conseguimos apanhar um bocado e fazer guerrinha de bola de neve. Foi uma sensação, nas alturas, entre uma arfada e outra. Mais um pouquinho fazíamos um boneco de neve.

Recomendo o percurso de ida e volta pois os horários diferentes, farão as sombras destacarem as montanhas, assim como o sol. É lindo demais, vale a pena.

Mendoza a Balneário Camboriú

7 de Janeiro de 2009

Após a exaltação com as belezas das cordilheiras, chegamos a Mendoza, onde estava prevista a troca do óleo das motos e uma verificação na porca do pinhão da minha.

Mais uma vez o GPS do PeU nos ajudou a chegar nos endereços e conseguir um hotel no centro, perto da

peatonal. A cidade respira o Paris-Dakar, que chegaria por aqui no dia seguinte ou depois. Exposições, cartazes, muita movimentação em função da chegada do evento. A cidade é bem atrativa. Fácil de circular. Bem policiada e com movimentação nas ruas até a madrugada, como é comum em muitas das cidades Argentinas.

Aqui, talvez em função da chegada do Dakar, muitas blitze nas ruas. Em mesmo dia fomos parados em duas.

A troca de óleo foi a tardinha, depois da siesta. Tudo na cidade pára das 14 às 17h. Estranho ir a oficina às 17h... Ainda bem que chegamos lá cedo. Era uma Oficina multimarcas e logo após ás 17h já estava cheia, inclusive com uma turma de Uberlândia. A noite foi jantar e arrumar as coisas para seguir para Córdoba no dia seguinte.

8 de Janeiro de 2009

Arrumamos as coisas nas motos e saímos após o café. Teríamos cerca de 800 km para rodar... A estrada, em sua maior parte, com retas intermináveis e um calor que lembra os Chacos Argentinos um pouco antes do pampa del Infierno.

O dia foi muito desgastante... por ser final de viagem, um trecho longo e sem atrativos...Trechos parecidos com cerrado se alternavam com banhados...

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No caminho parei pra um encontro de gerações de gente e de motos:

Em sua parte final, chegamos a Serra de Córdoba... sem dúvidas bonita, mas após cruzar as cordilheiras duas vezes (Para chegar ao Atacama e para voltar do Chile para Argentina) ela não

apresentava tantos atrativos.

Seguimos forte, sem paradas para fotos, até porque a sensação térmica estava muito baixa e nuvens negras ameaçavam um temporal e tínhamos sido alertados que é comum nestas condições chover granizo. A idéia era ficar um pouco antes de Córdoba, em um Balneário da beira de um lago... Chegamos a entrar, mas não rolava... Clima de férias escolares... som alto, engarrafamento, e uma cidade feia, cheia, muito trânsito...um balneário em alta temporada... Não houve dúvida. Seguimos mais um pouco pra dormimos em Córdoba.

Chegamos e rodamos pouco... a cidade é a menos amistosa das que passamos... escura, espalhada...Não seduziu. Achamos um hotel e nem desarrumamos as motos. Uma muda de roupa e só! Mas comemos bem num restaurante, pessoal simpático e conversador. Conhecemos Carolina, que nos atendeu, e que já havia visitado o Brasil em vários lugares. Aliás, simpatia e cordialidade não nos faltaram em toda a viagem...nem comida boa.

9 de Janeiro de 2009

O objetivo seria chegar a Paso de Los Libres e dormir já no lado Brasileiro, em Uruguaiana. outra puxada e cerca de 800 km... No cair da tarde, fomos mais uma vez parados pela polícia

Caminera, sob a alegação que estávamos a 85 em um trecho onde a velocidade permitida é 80 km/h. O que fazer? Como as motos estavam juntas, multa para as 3. $ 350 pesos cada e uma notificação a ser enviada para fronteira...

Após o suspense, somos convidados um a um a irmos a uma salinha, onde após explicar que eles (polícia Caminera) não querem atrapalhar nossa viagem e que tudo poderia ser resolvido com uma colaboração... chegam

ao ponto e pedem din-din. Tínhamos poucos pesos. apenas o suficiente para mais um abastecimento. daí negociamos dividir... eles ficam com algum e nós com outra parte para abastecer as motos... após os acertos seguimos tranquilos, com apertos de mãos e desejos de boa viagem! Mais uma da polícia caminera...

Chegamos a paso de Los Libres perto das 23 horas... sem nenhuma burocracia, carimbamos o passaporte de saída e entramos no Brasil sem nenhum controle. Jantamos, nos despedimos e fomos para o Hotel.

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Dia seguinte a continuação da viagem seria cada um para um canto. A viagem em grupo terminou hoje, mas a viagem, não. Graças a Deus, te aqui tudo em Paz!

10 de Janeiro de 2009

Peu acordou ás 6h. André já tinha saído. Fiquei dormindo mais um pouco e depois peguei a estrada, sem pressa. Rodei tranquilo e fui visitar uma amiga em Itapuí, RS, mas ela tinha saído de férias com a família. Aproveitei a minha calma e parei numa oficina-tornearia e apertei a corrente da moto que insistia em folgar e consertei meu cavalete central. Pra variar, muita conversa e simpatia...em novo encontro de gerações. O gaúcho de bombachas tem uma CG 81. Segui meu Rumo. O dia estava ótimo,

ensolarado, mas a estrada é traiçoeira. Os caminhões deixam trilhos no asfalto que se acumula nas bordas deixando elevações perigosas para motos e carteres de veículos mais baixos. Uma droga de estrada. Só vai melhorar perto de Passo Fundo, mas ai melhora mesmo...primeiro mundo.

Segui até as 20 horas com uma leve ameaça de chuva vindo do norte. Uns pingos, mas nada demais. Parei em Lages, SC. Sem o GPS do PeU, consegui um bom hotel pois pretendia descansar, banhar, conectar e acordar tarde. Aliás, horário era coisa que a gente apenas tinha noção, pois com os horários de verão e os diversos fusos pelos quais passamos, olhar pro sol era a melhor forma de ter idéia de quanto tempo faltava pra anoitecer. O GPS sugeriu um hotel e rumei para lá. Uma delícia. Banho quente e cama.

11 de Janeiro de 2009

Acordei tarde, fiquei na cama, enrolei, aproveitei o hotel. Quando cansei, parti. O tempo parecia chuvoso ou frio. Me vesti a contento com agasalhos sob a calça e sob a jaqueta, luvas e tal e a capa de chuva preparada.

Ê estrada boa. Lisa, sinuosa e ...rápida!

Os argentinos passam voados! É que eles só têm retas, lá, e quando vêem curvas...

Pilotei devagar e com calma, até a hora que encostaram demais em mim e comecei a achar perigoso andar devagar. uma ou outra disputa de corridinha entre carros, aproveitando a facilidade da moto em curvas e ultrapassagens, e esse trecho foi o mais empolgante da viagem.

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Outra característica sensacional foi ver o abundante verde das matas. Cansei de deserto!

Chegando à casa da mamãe, pra variar, ela não estava em casa, mas minha irmã, Kátia, me recebeu, junto com minha sobrinha Natália. Finalmente,estava em casa.

A moto tava barulhenta e com a corrente batendo de tão frouxa. Nos últimos 3 dias ela vinha afrouxando, chegando muito solta no final do dia. Eu mal conseguia pilotar de tão barulhenta que ficava ao perder a tração (quando desacelerava, por exemplo ).

Dia 12, levei-a à concessionária de Blumenau e a 20 metros dela, o motor travou. Segundo o mecânico me disse, no dia seguinte após verificar, o motor de arranque moeu os contatos, peças soltas no cabeçote...bem, uma desgraça geral.

A manutenção dada pelos mecânicos, realmente, acabou com minha moto, ao invés de conservá-la.

Rodamos entre o dia 26/12 a hoje, 11/01/09, mais de 9000 Km. VaLeU!