Fernando pessoa
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Biografia HeterónimosObra poéticaMOVIMENTO LITERÁRIO
É de suma importância relembrarmos primeiramente sobre o Modernismo em Portugal antes de começarmos a falar deste grandioso poeta.
Como toda estética literária advém de um contexto histórico e político, o Modernismo português surgiu sob um clima de grande instabilidade interna, com greves sucessivas, aliado às dificuldades trazidas pela eclosão da Primeira Guerra Mundial.
O assassinato do rei Carlos X, em 1908 foi o ponto de partida para a proclamação da República. Com isso, surgiu a necessidade de defender as colônias ultramarinas, razão pela qual o povo português manifestou todo o seu saudosismo de maneira acentuada.
A lembrança das antigas glórias marítimas e a lamentação pelo desconcerto que dominou o país após o desaparecimento de Dom Sebastião serviram de berço para o nascimento de uma revista que representaria o Modernismo propriamente dito, a revista “Orpheu”, publicada em 1915.
Fazendo parte dela estavam presentes figuras artísticas importantíssimas, tais como:Mário de Sá-Carneiro, Luís Montalvor, José de Almada-Negreiros e Fernando Pessoa.
Seu conteúdo baseava-se no questionamento dos valores estabelecidos estética e literariamente, na euforia frente às invenções oriundas da Revolução Industrial e na libertação de todas as regras e convenções referentes à produção artística da época.
Fernando António Nogueira Pessoa foi um grande poeta, ficcionista, dramaturgo, filósofo, prosador português que viveu entre os séculos XIX e XX. Nasceu a 13 de Junho, numa casa do Largo de São Carlos, em Lisboa.
Pessoa ortónimo era um poeta introvertido, meditativo, anti-sentimental, sensível, não acreditava em Deus e, que reflectia as inquietações e estranhezas que questionam os limites da realidade da sua existência e do mundo.
Aos cinco anos morreu-lhe o pai, vítima de tuberculose e, no ano seguinte, o seu irmão. Devido ao segundo casamento da mãe, em 1896, com o cônsul português em Durban, na África do Sul, viveu nesse país entre 1895 e 1905,e aí seguiu os estudos secundários. Frequentou ainda, durante um ano, a escola comercial e a Universidade do Cabo.
No tempo em que viveu em Durban, passou um ano de férias (entre 1901 e 1902), em Portugal, tendo residido em Lisboa e viajado para Tavira, para contactar com a família paterna, e para a ilha Terceira, onde vivia a família materna. Já nesse tempo escreveu sozinho, vários jornais, assinados com diferentes nomes.
Em 1905 regressou definitivamente a Lisboa, frequentou por um período breve (1906-1907), o Curso Superior de Letras.
A partir de 1908, dedicou-se à tradução de correspondência estrangeira de várias casas comerciais e, nos seus tempos livres dedicava-se à escrita e ao estudo de Filosofia (grega e alemã), ciências humanas e políticas, teosofia e literatura moderna.
Em 1920, ano em que a mãe, viúva, regressou a Portugal com os irmãos e em que Fernando Pessoa foi viver de novo com a família, iniciou uma relação sentimental com Ophélia Queiroz.
Este namoro, parece ter conseguido que Pessoa ortónimo deixasse, por momentos,o isolamento e descobrisse a sua capacidade de viver uma verdadeira relação afectiva. Como Fernando Pessoa não confiava na sinceridade da amada, terminou a relação em 1929, a qual foi testemunhada pelas cartas de amor de Pessoa,emitidas em 1978.
Em 1925, ocorreu a morte da mãe. Fernando Pessoa morreu uma década depois, a 30 de Novembro de 1935, de uma cólica hepática, causada provavelmente pelo consumo excessivo de álcool.
Fernando Pessoa segue, formalmente, os modelos da poesia tradicional Portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical.
Devido à grande importância deste escritor, existe actualmente em Lisboa, na última morada do autor, a Casa de Fernando Pessoa.
Através dos seus heterónimos, Pessoa ortónimo questiona o conceito metafísico da tradição romântica da unidade do sujeito e da sinceridade da expressão da sua emotividade, através da linguagem. Em cada heterónimo, Fernando Pessoa dá a conhecer várias emoções e perspectivas sobre os sentimentos, emoções e desejos, e é a espécie da representação irónica da sua inteligência.
Concebidos como individualidades distintas do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprio.
Em 1914 surge o aparecimento dos seus três principais heterónimos, eles são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Fernando Pessoa pode ser classificado como modernista, já que foi um dos autores que introduziu o movimento em Portugal. Junto com escritores como Mário de Sá Carneiro, Luís de Montalvor e Ronald de Carvalho, Pessoa publicou a revista “Orpheu” em 1915, dando início ao modernismo no país.
EstiloApresentava reflexões sobre identidade, noções de verdade e existencialismo. Mas é importante perceber que como o escritor criou diferentes heterônimos, é possível encontrar na obra de Fernando Pessoa diferentes estilos. O autor escreveu poemas em inglês, poesias líricas e poesias históricas com caráter nacionalista.
Foi o modernista mais importante no auge do movimento em Portugal.Diferentemente de muitos outros ele não se ateve a um estilo de modernismo, mas dividiu-se entre vários assim como dividiu sua obra entre pessoas. Fez muito para consolidar o verso livre como uma forma diferente de ritmo, apresentando esse em quase todos os seus trabalhos, mas também trouxe uma inovação que ninguém conseguiu fazer parecido: os heterônimos. Fernando Pessoa consagrou o modernismo em Portugal e consagrou a si mesmo como o melhor poeta dessa época, comparado a Camões. Ele eternizou o verso livro com seu ritmo e significado próprio e ainda inovou com os heterônimos. Foi ele que de fato fez o modernismo em Portugal.
Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra. Os heterônimos, diferentemente dos pseudônimos, são personalidades poéticas completas: identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. Entre os heterônimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser chamado ortónimo, porquanto era a personalidade original. Entretanto, com o amadurecimento de cada uma das outras personalidades, o próprio ortónimo tornou-se apenas mais um heterônimo entre os outros. Os três heterônimos mais conhecidos (e também aqueles com maior obra poética) foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Um quarto heterônimo de grande importância na obra de Pessoa é Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX. Bernardo é considerado um semi-heterónimo por ter muitas semelhanças com Fernando Pessoa e não possuir uma personalidade muito característica, ao contrário dos três primeiros, que possuem até mesmo data de nascimento e morte (excepção para Ricardo Reis, que não possui data de falecimento).
Por essa razão, José Saramago, laureado com o Prémio Nobel, escreveu o livro O ano da morte de Ricardo Reis.
Através dos heterônimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade. Este último fator possui grande notabilidade na famosa misteriosidade do poeta.
Diversos estudiosos de Pessoa procuraram enumerar seus pseudónimos, heterónimos, semi-heterónimos, personagens fictícias e poetas mediúnicos. Em 1966 a portuguesa Teresa Rita Lopes fez um primeiro levantamento, com 18 nomes.Antonio Pina Coelho, também português, elevou em seguida a relação para 21. A mesma Teresa Rita Lopes apresentou um levantamento mais detalhado em 1990, chegando a 72 nomes. Em 2009 o holandês Michaël Stoker chegou a 83 heterónimos. Mais recentemente, o brasileiro José Paulo Cavalcanti Filho, utilizando critério mais amplo, apresentou uma lista com 127 nomes
Segue o teu destino...Rega as tuas plantas; Ama as tuas rosas. O resto é a sombra de árvores alheias
Fernando Pessoa
Não importa se a estação do ano muda...Se o século vira, se o milênio é outro.Se a idade aumenta...Conserva a vontade de viver,Não se chega a parte alguma sem ela.
Fernando Pessoa