Fernando Pessoa – ortonimo

5
Fernando Pessoa – ortonimo A Arte Poética Pessoana: (pág. 63) Vivendo sobretudo pela inteligência e imaginação, o discurso poética pessoano desenha-se a partir da aprendizagem de não sentir senão literariamente as coisas, u seja, em fingir sentimentos, até mesmo os que verdadeiramente vivenciamos. É a negação da ideia romântica do poeta como um confessor, como alguém que se desnuda aos olhos do leitor. Em Pessoa tua inteligência. Esta aprendizagem do não sentir, sobrepõe o conhecimento racional ao afectivo. O poema torna-se assim uma construção de sentido e não uma construção sentida porque se baseia na palavra que é abstração suprema. Esta procura constante de racionalidade leva, no entanto o poeta a viver uma tragédia intima que o dilacera: o querer sentir de forma racional - Fragmentação do eu / tédio existencial O facto de estar sempre a pensar (tendência para a intelectualização), leva a uma constante de autoanalise e torna-o um ser sem identidade e indefinido. Assim passa a ter dificuldade em ser entendido, em viver a vida, em se relacionar e cria uma grande insatisfação face ao presente (incapacidade de viver o presente em plenitude), até o próximo é sentido como longínquo. Isto leva-o a ansiar sonhos, vivencias que possibilitem coisas impossíveis: conhecer-se a si próprio (mas sempre que procura o autoconhecimento encontra um espelho sem reflexo). O eu poético descrença nos motivos para se viver a vida e sente-se sozinho e frustrado. A autoanalise conduz a um desdobramento: Eu que analisa e Eu analisado. Ele não sabe ser. Em suma, a duvida e a angustia que a autoanalise proporcionam criam tédio, angustia e cepticismo no poeta que o tornam incapaz de viver a vida. Pessoa ansiam assim viajar, fugir do seu próprio ser – escapar à prisão de ser UNO. A vida é sentida como uma cadeia de instantes que se vão sucedendo, sem qualquer relação entre eles,

Transcript of Fernando Pessoa – ortonimo

Page 1: Fernando Pessoa – ortonimo

Fernando Pessoa – ortonimo

A Arte Poética Pessoana: (pág. 63) Vivendo sobretudo pela inteligência e imaginação, o discurso poética pessoano desenha-se a partir da aprendizagem de não sentir senão literariamente as coisas, u seja, em fingir sentimentos, até mesmo os que verdadeiramente vivenciamos. É a negação da ideia romântica do poeta como um confessor, como alguém que se desnuda aos olhos do leitor. Em Pessoa tua inteligência. Esta aprendizagem do não sentir, sobrepõe o conhecimento racional ao afectivo. O poema torna-se assim uma construção de sentido e não uma construção sentida porque se baseia na palavra que é abstração suprema. Esta procura constante de racionalidade leva, no entanto o poeta a viver uma tragédia intima que o dilacera: o querer sentir de forma racional

- Fragmentação do eu / tédio existencial

O facto de estar sempre a pensar (tendência para a intelectualização), leva a uma constante de autoanalise e torna-o um ser sem identidade e indefinido. Assim passa a ter dificuldade em ser entendido, em viver a vida, em se relacionar e cria uma grande insatisfação face ao presente (incapacidade de viver o presente em plenitude), até o próximo é sentido como longínquo. Isto leva-o a ansiar sonhos, vivencias que possibilitem coisas impossíveis: conhecer-se a si próprio (mas sempre que procura o autoconhecimento encontra um espelho sem reflexo). O eu poético descrença nos motivos para se viver a vida e sente-se sozinho e frustrado. A autoanalise conduz a um desdobramento: Eu que analisa e Eu analisado. Ele não sabe ser. Em suma, a duvida e a angustia que a autoanalise proporcionam criam tédio, angustia e cepticismo no poeta que o tornam incapaz de viver a vida. Pessoa ansiam assim viajar, fugir do seu próprio ser – escapar à prisão de ser UNO. A vida é sentida como uma cadeia de instantes que se vão sucedendo, sem qualquer relação entre eles, provocando no poeta o sentimento de fragmentação e de falta de identidade. O presente é o único tempo por ele experimentado, mas em cada momento é diferente do que foi. O passado não tem qualquer relação com o persente. O futuro aumenta a sua angustia porque é resultado de sucessivos presentes carregados de negatividade.

- A dor de pensar (ver pág. 47 )

O poeta quer sentir de forma racional, quer conciliar o binómio sentir/pensar o que leva a uma tragédia intima. Pessoa afirma que cansa sentir quando se pensa e faz uma caracterização

Page 2: Fernando Pessoa – ortonimo

amarga dos seus pensamentos. Observando o seu mundo interior o poeta reduz-o a uma insignificância insuportável. O seu pensamento impede o seu encontro consigo mesmo.

- Nostalgia da infância mítica

O poeta sente saudade da infância, trata-se de uma nostalgia imaginada intelectualmente, trabalhada literariamente sentida como “um sabor de infância triste”. Refugia-se assim na infância devido à insatisfação do presente e a incapacidade de viver. O poeta tenta convergir o passado no presente O desencanto e angustia acompanham o sentido de brevidade da vida e da passagem dos dias, Pessoa busca múltiplas emoções e abraça sonhos impossíveis e acaba sempre inquieto e só. O passado pesa como a realidade de nada e o futuro como a possibilidade de tudo. O tempo para Pessoa é um factor de desagregação, na medida que tudo é breve e efémero. Ele procura superar a angusta existencial através da evocação da infância e de saudade desse tempo feliz.

- Fingimento poético

Pessoa conclui que fingir é conhecer-se. A teoria do fingimento poético consiste na transformação intelectual do pensamento, ou seja, o poeta finge completamente a dor. Na perspectiva de Fernando pessoa, existem três tipos de emoções que estão por detrás da poesia: as “emoções vividas” mas já passadas, visto que a composição de um poema deve ser feita não no momento da emoção, mas no momento da sua recordação; as emoções que ficam “presentes na recordação”, que são repetidas através de um processo de transformação pelo intelecto; e por fim as “emoções falsas”, não vividas mas sim imaginadas. Se nos questionarmos acerca das emoções do leitor, podemos obter a seguinte conclusão: estas emoções não são as vividas pelo poeta, nem aquelas que exprimiu artisticamente. São apenas emoções reflectidas pelo poema, que provocam um estado de alma que não se define na totalidade. Logo, podemos concluir que toda a emoção que é verdadeira é transformada na inteligência, pois não se dá nela. Para uma emoção ser verdadeira, tem de se dar na inteligência e isto, segundo Pessoa, não se verifica, pois as emoções são sentidas primeiro pelo coração.Assim, a teoria do fingimento poético resume-se na capacidade que o poeta tem de transformar com o intelecto, a matéria em poema e este funciona como o produto das emoções, intelectualizadas pelo sujeito poético.

Resumo:

Page 3: Fernando Pessoa – ortonimo

Motivos poéticos A tensão sinceridade/fingimento,

consciência/inconsciência, sentir/pensar; Intelectualização das emoções; Fingimento artístico; Nostalgia da infância, símbolo da felicidade perdida, Refúgio no sonho; Fragmentação do eu; Sofrimento do eu Sofrimento proveniente da dor de pensar; Consciência do absurdo da existência Expressão de estados de alma – tédio, ceticismo,

solidão interior, angustia, cansaço

Estilo e linguagem Vocabulário simples Associação inesperadas Uso frequente de frases nominais Pontuação expressiva (?/!/…) Recurso a adjetivação expressiva, comparações,

metáforas, paralelismo e repetições Grande sentido de musicalidade- eufonia, transporte e

aliteração Versificação regular e tradional, reminiscência da lírica

popular (repetições, métricas curtas (redondilhas maior ou menos), estrofes curtas (recurso frequente à quadra)).

Rima, ritmo embalatorio e uso do símbolo

Sentimentos dominantes Tédio Angustia existencial Náusea Melancolia Frustração

Fernando Pessoa – heterónimos

Os hetereonimos são uma tentativa de pessoa se encontrar a si próprio. O poeta assume varias personaldiades, tods elas diferentes umas das outras para ver se identifica com alguma delas ( o poeta é um ser multiplo).

Alberto Caeiro (pag. 89 e 75 ): É o mestre sendo os restantes os seus díscipulos, nasceu em 1889, morreu em 1915. Viveu quase toda a sua vida no campo, nao teve profissão sem educação quase alguma. É o argonoauta das sensções.

Page 4: Fernando Pessoa – ortonimo

Temáticas

Poeta da Natureza, ama-a e procura viver de acordo com ela, com a sua simplicidade e paz

Poeta das sensações do real e da objectividade de acordo com o que as sensções pferecem

Interpreta o mundo a apartir dos sentido e das sensações

Capta apenas o que as sensações lhe oferecem na realidade imediata (poeta do real objectivo)

Pensa vendo e ouvido, porque ver é conhecer e compreender

Recusa de qualquer pensamento metafisico (abstrato), porque pensar é nao compreender.

Mestre de toos os outros, incluido o orotnimo Sesansionismo Panteísmo sensualista (relação intima com a natureza) Panteismo aliado ao paganismo existencial Integração e comunhão com a Natureza

Estilo e linguagem

Uso do verbo libr e da métria irregular Recurso a uma linguagem simples e familiar Utilização de logica da pontuação Utilização de frases semples, com predominio da

cordenação e do presentes do indicativo o que reforça a ausencia do pensamento racional

Certa pobreza lexial e poucos recurso estilistivos Versos longos e ritmo lento Predominio das sensoes visuais Eleiçoes do verso como modo de escreita porque

considera o o maneira mais directa de utilização da linguagem (prosaísmo e coloquialismo)

Adjectivação objevtiva (descritivia)