Ferramentas de Mapeamento Cultural

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FERRAMENTAS DE MAPEAMENTO CULTURAL Conectando lugar, cultura e economia para a criação de riqueza local Greg Baeke Mais e mais municípios canadenses entendem que a criação de riqueza local depende de se conectar melhor o planejamento para lugar, cultura e economia. O planejamento cultural municipal fornece uma estrutura para alavancar essas conexões, e é construído sobre uma abordagem sistemática para identificar locais culturalmente ativos chamado de “mapeamento cultural. O que é Mapeamento Cultural ? Mapeamento Cultural é uma ferramenta para a identificação de bens culturais recursos e aprofundar a compreensão dos sistemas culturais utilizando sistemas de informação geográfica (SIG). Uma base de conhecimento mais forte sobre a cultura nos municípios é necessária por três motivos: 1. Para dar forma ao planejamento e a política – o mapeamento fortalece a base de informação necessária para se tomar melhores decisões, baseadas em evidências, no desenvolvimento cultural. 2. Para apoiar o desenvolvimento económico e do turismo – o mapeamento ajuda a fortalecer o marketing e a promoção de bens culturais locais para residentes e visitantes. 3. Para ampliar o acesso e a participação - o mapeamento pode criar mapas dinâmicas com base na web como janelas para conteúdo cultural local; por exemplo, postando um podcast de um festival recente de música, fazendo upload de imagens das colecções dos museus locais e de edifícios significativos do património, etc. Sistematização de dados O problema nos municípios não é a falta de informações sobre a cultura.

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FERRAMENTAS DE MAPEAMENTO CULTURALConectando lugar, cultura e economia para a criação de riqueza localGreg Baeke

Mais e mais municípios canadenses entendem que a criação de riqueza local depende de se

conectar melhor o planejamento para lugar, cultura e economia. O planejamento cultural municipal

fornece uma estrutura para alavancar essas conexões, e é construído sobre uma abordagem

sistemática para identificar locais culturalmente ativos chamado de “mapeamento cultural.

O que é Mapeamento Cultural ?

Mapeamento Cultural é uma ferramenta para a identificação de bens culturais recursos e

aprofundar a compreensão dos sistemas culturais utilizando sistemas de informação geográfica

(SIG). Uma base de conhecimento mais forte sobre a cultura nos municípios é necessária por três

motivos:

1. Para dar forma ao planejamento e a política – o mapeamento fortalece a base de informação

necessária para se tomar melhores decisões, baseadas em evidências, no desenvolvimento

cultural.

2. Para apoiar o desenvolvimento económico e do turismo – o mapeamento ajuda a fortalecer o

marketing e a promoção de bens culturais locais para residentes e visitantes.

3. Para ampliar o acesso e a participação - o mapeamento pode criar mapas dinâmicas com base

na web como janelas para conteúdo cultural local; por exemplo, postando um podcast de um

festival recente de música, fazendo upload de imagens das colecções dos museus locais e de

edifícios significativos do património, etc.

Sistematização de dadosO problema nos municípios não é a falta de informações sobre a cultura. Pelo contrário, é que as

informações são coletadas por diferentes pessoas, por razões diferentes, e existem em diferentes

localizações. O mapeamento não começa com a coleta de novas informações, mas com a

consolidação de dados existente, de forma coerente usando um quadro de bens culturais. Um

quadro desses inclui as seguintes categorias de bens:

* indústrias culturais criativas;

* organizações culturais comunitárias;

* espaços e instalações;

* património cultural;

* património natural; e

* festas e eventos

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Cada categoria divide-se em várias sub-categorias ou disciplinas.(2)

A base do CRF é o Canadian

Framework of Cultural Statisticis da agencia de Estatísticas do Canadá. O quadro reflecte os

códigos do North American Industry Classification System (NAICS) e da Classificação Nacional

Ocupacional (NOC). O quadro fornece aos municípios estruturas de dados consistentes, bem

como uma série de filtros estratégicos para analisar sistemas culturais locais. Por exemplo, ele

classifica os bens e serviços culturais e os localiza ao longo de uma "cadeia criativa" de criação,

produção, fabricação e distribuição.

O CRF não se limita aos dados da agencia Statistics Canada. Camadas adicionais de informação

estão incluídas, baseadas nas formas com que os municípios já coletam informações. Por

exemplo, em Ontário, as categorias de património natural e cultural são definidas por categorias

específicas de património que os municípios devem manter segundo os termos da Lei de

Planejamento de Ontario e da Lei de Património de Ontario. A chave está em não inventar novas

categorias de dados, mas alinhavar categorias e taxinomia existentes em coerentes "super

bancos de dados".

Mapeamento Espacial

Uma característica definidora de planejamento cultural municipal está em integrar

a cultura no planejamento em todos os departamentos municipais

- Adotando uma "lente cultural " na tomada de decisão local. Como em qualquer área de

planejamento local, isso requer que a informação cultural seja espacialmente mapeada e

compreendida. Um uso de informação cultural mapeada por GIS é ajudar os municípios a

identificar concentrações e lacunas em serviços e equipamentos culturais na comunidade.

A integração com o GIS torna possível conectar informação cultural

e questões de planejamento com outras questões de planejamento e prioridades. Por exemplo:

* Planejamento de uso do território - incluindo o zoneamento, as áreas designadas para a

intensificação e / ou regeneração, áreas para emprego, nós e corredores de transporte,

planejamento de bairro, etc.;

* Desenvolvimento econômico, incluindo clusters industriais, distribuição de emprego, proximidade

de bens de restaurantes e instalações hoteleiras , etc .;

* Planejamento social - incluindo relacionar a distribuição de bens culturais com os perfis

populacionais (p. ex., níveis de educação, de renda, país de origem, etc.), a concentrações

da pobreza, a padrões de criminalidade, etc.

Um kit de ferramentas de mapeamentoEm Ontário, a Parceria de Planejamento Cultural Municipal (MCPP) é uma coligação de sete

ministérios do governo estadual, da Associação dos Municípios do Ontário, dos municípios, de

grupos culturais, e da Universidade de Waterloo, dedicada a promover o planejamento cultural

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municipal em toda a província.

A prioridade para o MCPP durante o ano passado tem sido analisar o potencial para um sistema

de mapeamento cultural estadual, que deve alcançar dois objetivos: estabelecer um consenso

trans-governamental sobre uma definição de bens culturais; e criar uma ferramenta para apoiar

mais municípios a realizar o mapeamento cultural. O sistema é construído sobre as categorias de

bens culturais CRF descrito acima, ligado a ferramentas de mapeamento locais, construídas sobre

três princípios:

1. Com base no local e localmente administradas - o sistema de mapeamento é gerido e mantido

localmente, baseado em conhecimento de primeira mão da cultura daquela comunidade;

2. Atualização contínua - o banco de dados é construído organicamente ao longo do tempo

através de contribuições de diferentes agentes interessados (a abordagem de "base wiki"); e

3. Capacidade e sustentabilidade locais - o sistema deve ser capaz de ser gerenciado localmente

através de níveis previsíveis e conhecidos de recursos humanos e financeiros.

A ferramenta permite que os dados de vários bancos de dados sejam fundidos para se construir o

"super conjunto de bancos de dados" mais abrangente e preciso.

Cada organização ou entidade no sistema tem mais que 100 possíveis campos de informação. Os

dados são codificados em GIS e pesquisáveis por palavras-chave. O sistema tem uma gama de

funcionalidades que permitem que a informação cultural seja analisada e que se produzam

relatórios

sobre uma série de questões, tais como: número de bens por área e por tipo de atividade

(grupos / NAICS) ; organizações por NAICS e numero de empregados; e relatórios de vendas.

Mobilizando o Conhecimento LocalA força dos dados da agencia Statistics Canada é que fornece aos municípios em todo o país

fotografias precisas de crescimento e mudança nas indústrias culturais criativas e fornece

comparações com outros municípios. A desvantagem é que a base de dados nacional, muitas

vezes baseada no censo - só é atualizada a cada vários anos. Por conseguinte, não pode fornecer

a informação exato, oportuna e "em tempo real", necessária para conformar o planejamento

e o desenvolvimento econômico em ambientes sociais e econômicos em rápida mudança.

A força de um modelo baseado “wiki” gerenciado localmente é que ele permite que as

comunidades locais possam atualizar e ampliar continuamente as informações sobre os bens

culturais locais. No entanto, para ter sucesso, sistemas “wiki” dependem de pessoas e

organizações participarem ativamente contribuindo com informações. isso significa que os

sistemas de mapeamento devem ser ligados a estratégias sistemáticas de engajamento que

mantêm visíveis questões culturais e estimulem a participação de toda a comunidade no

mapeamento.

Fortalecendo a conectividadeSabemos que um dos maiores desafios que enfrenta o desenvolvimento do setor cultural criativo é

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a falta de conectividade. Muitas pessoas que trabalham no setor criativo trabalhar de forma

independente, e muitas vezes em casa, o que os faz de alguma forma invisíveis - um ao outro e 'a

comunidade mais ampla. O trabalho criativo prospera quando as pessoas "esbarram" uns com os

outros, gerando-se novas idéias, produtos e serviços.

A maioria das empresas criativas são de pequeno e médio porte, empresas que requerem

colaboração e investimento compartilhado. O trabalho da economia criativa muitas vezes resulta

em equipes de projeto de curto prazo, reunindo-se e dispersando-se - não muito diferentes do

modelo de Hollywood, onde trabalhadores qualificados colaboram em um filme e depois se

dispersam, repetindo este ciclo a cada vez.

Redes de negócios são necessárias para se formar esses novos relacionamentos de alianças

flexíveis.

O sistema de mapeamento descrito acima tem uma série de ferramentas para apoiar o

envolvimento e participação local. Melhorias a essas ferramentas estão sendo desenvolvidas que

alavancarao o

poder dos sites das redes sociais e plataformas tais como o Facebook e o YouTube para alimentar

o sistema de mapeamento cultural.

Aplicativos do Google apoiam o setor cultural local a alimentar com fotos e vídeos o Google Maps.

O objetivo é atrair mais pessoas para o sistema, apoiar uma gama de objetivos culturais (tais

como o desenvolvimento de indústrias criativas locais e do turismo cultural), expandir a base de

voluntários

para as organizações culturais, envolver a comunidade na conservação do património local, etc.

Outra ferramenta de mapeamento de "próxima geração" é um banco de dados criativo para

desenvolvedores de ocupações econômicas locais, que está sendo lançado pelo Condado de

Prince Edward em parceria com a região de Durham. O objetivo é mapear conjuntos de

habilidades e talentos humanos numa base de indivíduo-a-individuo através de um processo

digital e automatizado. Este banco de dados poderoso permite aos desenvolvedores econômicos

identificarem o número de trabalhadores criativos, pontos fortes de talentos, e lacunas. A

identificação do pool de trabalhadores criativos permite que as comunidades direcionem iniciativas

de atração de novos investimentos combinados com a força de trabalho. Por exemplo, se se

tornava claro que a comunidade era forte em desenvolvimento de softwares para videogames e

tinha talento relacionado a isso, ela poderia adotar uma estratégia de atração de investimentos de

videogames. Da mesma forma, as lacunas podiam ser analisadas e tratadas.

O kit de ferramentas de mapeamento atingia uma alta velocidade quando uma comunidade

começava a "trancar a rede" através de uma plataforma poderosa existente como o Facebook. A

rede social permite a associação de talento se auto-identificar e se conectar para a colaboração

em comunidade (como o modelo de Hollywood, citado anteriormente), bem como para se formar

uma base de dados de talentos. O site do Facebook pode ser usado como uma base de dados

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com um mecanismo de actualização em tempo real ligada ao banco de dados de ocupações

criativas mais amplo, ajudando no desafio milenar de como manter bancos de dados atualizados.

Ferramentas como essas reforçam o fato de que o mapeamento cultural não é um sistema

autônomo. Pelo contrário, ele depende de estratégias paralelas para ampliar a participação da

comunidade e mobilizar recursos em todos os setores por meio de novas parcerias e sistemas de

gestão compartilhados.

A Estrutura de Planejamento “Toronto Cidade Criativa”

Em 2008, a estrutura de planejamento “Toronto Cidade Criativa” recomendou a Toronto adotar

"uma abordagem de planejamento cultural para o desenvolvimento do setor criativo de base

local",

e identificou o mapeamento cultural como uma ferramenta essencial para a implementação do

planejamento cultural.

Desde aquela época, Toronto tomou várias medidas para implementar o mapeamento cultural e o

planejamento cultural.

Uma dessas medidas foi a recomendação do Conselho para os departamentos de cultura e de

planejamento desenvolver recomendações para a inclusão do potencial cultural como um

elemento no processo de planejamento, e propor um conjunto de critérios para serem incluídos

como parte do planejamento futuro.

Existe uma necessidade identificada de um vocabulário mais fortemente compartilhado

que conectasse planejamento para o lugar, cultura e economia . Os seguintes princípios

orientadores foram propostos:

* Pensar o sistemas por inteiros;

* Definir as necessidades compartilhadas para agir;

* Uma linguagem comum;

* Pensando fora das caixinhas;

* Democratizar a cultura;

* Criar oportunidades para a cultura; e

* Compreender a significancia espacial.

O mapeamento cultural foi identificado nas recomendações como essencial para a integração bem

sucedida da cultura no sistema de planejamento.

A cidade também tem uma parceria com o Martin Prosperity Institute Institute da Universidade de

Toronto, para estabelecer “Placing Criativity”. O grupo reúne pessoas

de organizações acadêmicas, governamentais e comunitária para estimular o pensamento e a

prática em mapeamento cultural. Em junho de 2009, o grupo organizou a primeira Conferência

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“Placing Criativity”, reunindo experts internacionais em mapeamento cultural de uma ampla gama

de disciplinas e áreas da prática profissional.

A Estrutura de Planejamento Criativo cidade não considera o mapeamento um sistema autônomo,

mas uma das três estratégias necessárias para Toronto para realizar o seu potencial como uma

cidade criativa:

1. Mapeamento para identificar os bens;

2. Engajamento para ampliar a participação; e

3. Parcerias para mobilizar recursos.

* Reflexões sobre a conferência são apresentadas no artigo na página 27 desta edição por

Toronto Cultural Affairs Officer e co-diretora do “Placing Criativity”, Elena Bird.