FGV ADM Publica Jun 2016 Interpretacao do Brasil Contemporaneo ...

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1 CPV FGVADMJUN2016 FGV ADM Pública – 05/ JUNHO/2016 CPV O CURSINHO QUE MAIS APROVA NA GV INTERPRETAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, que estabelece como crime a violência doméstica, foi vista como um marco — é reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra a mulher. No entanto, a cada ano, mais de um milhão de mulheres ainda são vítimas de violência doméstica no país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A lei incentivou vítimas a denunciarem casos de agressões — só entre 2006 (quando a lei foi sancionada) e 2013, houve aumento de 600% nas denúncias de abuso doméstico. Mas é nesse processo, no da denúncia, que ainda estão alguns dos principais obstáculos no combate à violência contra mulheres no país. Ao prestar queixa de agressão de namorado, uma vítima diz ter ouvido de delegado: “Vai pra casa, resolve na conversa”. Artigo do site da BBC Brasil, 10 de dezembro de 2015. A partir do texto citado, analise, por meio de uma dissertação argumentativa, quais as razões que levam à manutenção de taxas ainda tão altas de violência contra a mulher no Brasil. COMENTÁRIO DO CPV A redação de IBC, como de costume, apresentou um texto curto como proposta. O candidato deveria redigir uma dissertação argumentativa sobre as causas das elevadas taxas de violência contra a mulher no Brasil. Embora a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, tenha sido um progresso no combate à violência contra a mulher, foi reduzido somente em 10% o número de homicídios cometidos contra mulheres, segundo dados do site do governo. Esse cenário demonstra que a jurisdição tem se mostrado pouco eficiente contra um crime grave. As causas que levam à manutenção desse problema são históricas, culturais e institucionais. Historicamente, as mulheres foram consideradas, desde a formação sociocultural do Brasil, propriedade dos homens, primeiramente do pai, posteriormente do marido, uma das características centrais da sociedade patriarcal. Por causa dessa visão de submissão feminina à soberania masculina, os indivíduos do sexo masculino teriam legitimidade para cometer qualquer ato de violência contra sua propriedade, no caso um ser humano. Em um contexto atual de democracia - em que as mulheres são, perante a constituição, consideradas iguais aos homens-, o machismo, legado dessa sociedade colonial patriarcal, intensifica- se por meio da violência física e moral. O homem, por ter mais força física, busca controlar a filha, namorada ou esposa, desprovendo-as de seu direito não só constitucional mas também humano: a igualdade e a liberdade de ter autonomia. A persistência dessa visão patriarcal é uma causa, além de histórica, cultural, uma vez que muitos valores e estereótipos são reforçados por uma cultura que cria uma hierarquia de gênero, em que o homem é, erroneamente, visto como ser superior à mulher. O entrave é também de ordem cultural porque, desde a criação da maioria das crianças, são ensinados comportamentos diferenciados para os meninos e as meninas, tendo sempre em vista que os garotos podem ter mais liberdade que as garotas, o que, futuramente, justificará, de maneira equivocada, obviamente, os meninos se sentirem mais importantes e poderosos que as garotas. Outra causa, essa mencionada pelo texto-proposta, é o machismo institucional. As instituições que deveriam garantir a igualdade e a justiça, como o Estado e a polícia, na prática ajudam a disseminar o oposto. Assim, quando delegados e policiais não tratam com seriedade o problema da violência contra mulher, estão cometendo outro tipo de violência: o abandono de uma minoria que não é amparada nem mesmo pelas instituições que se dizem democráticas. Temas em que conceitos sobre o assunto foram mencionados: Simulado 1 IBC: violência Tema 1: direitos humanos e empresas Tema 6: público e privado Simulado 2 IBC: regulamentação do trabalho doméstico Simulado 2 Insper: intolerância Simulado 3 FGV: desigualdades sociais no Brasil- problema histórico e econômico? Simulado 4 FGV: entraves para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

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FGV ADM Pública – 05/junho/2016

CPV o Cursinho que Mais aprova na GV

INTERPRETAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEOA Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, que estabelece como crime a violência doméstica, foi vista como um marco — é reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra a mulher.

No entanto, a cada ano, mais de um milhão de mulheres ainda são vítimas de violência doméstica no país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A lei incentivou vítimas a denunciarem casos de agressões — só entre 2006 (quando a lei foi sancionada) e 2013, houve aumento de 600% nas denúncias de abuso doméstico. Mas é nesse processo, no da denúncia, que ainda estão alguns dos principais obstáculos no combate à violência contra mulheres no país. Ao prestar queixa de agressão de namorado, uma vítima diz ter ouvido de delegado: “Vai pra casa, resolve na conversa”.

Artigo do site da BBC Brasil, 10 de dezembro de 2015.

A partir do texto citado, analise, por meio de uma dissertação argumentativa, quais as razões que levam à manutenção de taxas ainda tão altas de violência contra a mulher no Brasil.

COMENTáRIO DO CPV A redação de IBC, como de costume, apresentou um texto curto como proposta. O candidato deveria redigir uma dissertação argumentativa sobre as causas das elevadas taxas de violência contra a mulher no Brasil. Embora a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, tenha sido um progresso no combate à violência contra a mulher, foi reduzido somente em 10% o número de homicídios cometidos contra mulheres, segundo dados do site do governo. Esse cenário demonstra que a jurisdição tem se mostrado pouco eficiente contra um crime grave. As causas que levam à manutenção desse problema são históricas, culturais e institucionais. Historicamente, as mulheres foram consideradas, desde a formação sociocultural do Brasil, propriedade dos homens, primeiramente do pai, posteriormente do marido, uma das características centrais da sociedade patriarcal. Por causa dessa visão de submissão feminina à soberania masculina, os indivíduos do sexo masculino teriam legitimidade para cometer qualquer ato de violência contra sua propriedade, no caso um ser humano. Em um contexto atual de democracia - em que as mulheres são, perante a constituição, consideradas iguais aos homens-, o machismo, legado dessa sociedade colonial patriarcal, intensifica-se por meio da violência física e moral. O homem, por ter mais força física, busca controlar a filha, namorada ou esposa, desprovendo-as de seu direito não só constitucional mas também humano: a igualdade e a liberdade de ter autonomia. A persistência dessa visão patriarcal é uma causa, além de histórica, cultural, uma vez que muitos valores e estereótipos são reforçados por uma cultura que cria uma hierarquia de gênero, em que o homem é, erroneamente, visto como ser superior à mulher. O entrave é também de ordem cultural porque, desde a criação da maioria das crianças, são ensinados comportamentos diferenciados para os meninos e as meninas, tendo sempre em vista que os garotos podem ter mais liberdade que as garotas, o que, futuramente, justificará, de maneira equivocada, obviamente, os meninos se sentirem mais importantes e poderosos que as garotas. Outra causa, essa mencionada pelo texto-proposta, é o machismo institucional. As instituições que deveriam garantir a igualdade e a justiça, como o Estado e a polícia, na prática ajudam a disseminar o oposto. Assim, quando delegados e policiais não tratam com seriedade o problema da violência contra mulher, estão cometendo outro tipo de violência: o abandono de uma minoria que não é amparada nem mesmo pelas instituições que se dizem democráticas.

Temas em que conceitos sobre o assunto foram mencionados:Simulado 1 IBC: violênciaTema 1: direitos humanos e empresasTema 6: público e privadoSimulado 2 IBC: regulamentação do trabalho domésticoSimulado 2 Insper: intolerânciaSimulado 3 FGV: desigualdades sociais no Brasil- problema histórico e econômico?Simulado 4 FGV: entraves para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

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