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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE Departamento de Administração QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Avaliação em Empresa do Setor Automobilístico a Partir do Clima Organizacional e do Sistema da Qualidade Baseado na Especificação Técnica ISO/TS 16.949 Patrícia Julião N.º 2208137 Orientadora: Prof. Dr. Ana Cristina Limongi França Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo Dez/2001

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A Fiat Automóveis prega a constante adoção de práticas de gestão que a colocam como sinônimo de excelência e orgulho entre seus clientes, acionistas, empregados e que proporcionam à marca ser líder de mercado. Em seus Princípios e Valores, A Fiat adota coerência, transparência, ética e exigência consigo mesma, com a constante busca de sempre fazer o melhor. Em suas práticas de gestão, que tomam a marca cada vez mais forte, a Fiat preocupa-se constantemente com o cliente, a razão da existência de qualquer negócio, e com toda a sociedade.A Fiat valoriza as pessoas e respeita o ambiente como um todo para crescer diante de uma sociedade mais justa e com perspectivas de futuro.

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE

    Departamento de Administrao

    QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

    Avaliao em Empresa do Setor Automobilstico a Partir do Clima Organizacional e do Sistema da Qualidade Baseado

    na Especificao Tcnica ISO/TS 16.949

    Patrcia Julio N. 2208137 Orientadora: Prof. Dr. Ana Cristina Limongi Frana

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado Faculdade de Economia,

    Administrao e Contabilidade da

    Universidade de So Paulo.

    So Paulo

    Dez/2001

  • 1

    Agradecimentos

    Agradeo minha orientadora e cara amiga Telma, pelo incentivo e apoio para

    elaborao do trabalho.

    No somente importante o quanto se vive, mas,

    principalmente, o como se vive.

  • 2

    NDICE

    APRESENTAO.............................................................................................................................................. 4

    ABSTRACT ......................................................................................................................................................... 5

    INTRODUO ................................................................................................................................................... 6

    1. CONCEITOS................................................................................................................................................. 10

    1.1 O TRABALHO E O HOMEM................................................................................................................... 10

    1.2 AS CONDIES DE TRABALHO .......................................................................................................... 11

    1.3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO - QVT .............................................................................. 12

    1.3.1 BREVE HISTRICO................................................................................................................................... 12 1.3.2 CONCEITOS ............................................................................................................................................. 13 1.3.3 SADE & TRABALHO .............................................................................................................................. 14 1.3.4 IMPORTNCIA E EMPREGO DA QVT ....................................................................................................... 15 1.3.5 QUALIDADE & QVT ............................................................................................................................... 16

    1.4 INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ......................................................... 18

    1.5 QUALIDADE E CERTIFICAES......................................................................................................... 20

    1.5.1 CONCEITOS ............................................................................................................................................. 20 1.5.2 PADRES NORMATIVOS PARA OS SISTEMAS DA QUALIDADE .................................................................. 21 1.5.3 DESCRIO DA SRIE DE NORMAS ISO 9000-1994 ................................................................................ 22 1.5.4 A UTILIZAO DA SRIE DE NORMAS ISO 9000..................................................................................... 23 1.5.5 NORMAS SETORIAIS ................................................................................................................................ 24 1.5.6 ISO/TS 16.949 - QUALITYS SYSTEMS - AUTOMOTIVE SUPPLIERS ......................................................... 26

    2. ESTUDO DE CASO...................................................................................................................................... 28

    2.1 AVALIAO DA QVT NA CAP - INDSTRIA E COMRCIO......................................................... 28

    2.2 A CAP - INDSTRIA E COMRCIO...................................................................................................... 29

    2.3 A PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL................................................................................... 30

    2.3.1 O QUESTIONRIO................................................................................................................................... 31 2.3.2 A AMOSTRA............................................................................................................................................ 31 2.3.3 RESULTADOS DA PESQUISA ..................................................................................................................... 32 2.3.4 AVALIAO GLOBAL DOS RESULTADOS ................................................................................................ 41

    2.4 ESFOROS DA EMPRESA PARA A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ............................ 43

    2.4.1 AVALIAO GLOBAL DOS ESFOROS RELACIONADOS A QVT................................................................ 47

    2.5 A EVOLUO DO SISTEMA DA QUALIDADE NA CAP - INDSTRIA E COMRCIO............. 48

    2.5.1 HISTRICO .............................................................................................................................................. 48 2.5.2 A CERTIFICAO ISO/TS 16.949 ........................................................................................................... 50

    2.6 CONTRIBUIO DAS CERTIFICAES PARA QVT NA CAP ..................................................... 52

    3. CONCLUSES ............................................................................................................................................. 54

  • 3

    4. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................... 56

    5. ANEXOS .......................................................................................... ERRO! INDICADOR NO DEFINIDO.

    ANEXO 1 QUESTIONRIO PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL ........... ERRO! INDICADOR NO DEFINIDO. ANEXO 2 - QUADRO COM OS RESULTADOS DA TABULAO DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL... ERRO! INDICADOR NO DEFINIDO.

  • 4

    APRESENTAO

    Dada a importncia dos impactos do trabalho tanto positivos, como negativos,

    na qualidade de vida das pessoas e como esses impactos podem estar relacionados

    aos objetivos, atividades e resultados estabelecidos e requeridos pelas empresas,

    este trabalho visa rever os conceitos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho

    estabelecendo correlao com as atividades relacionadas s Certificaes do

    Sistemas da Qualidade.

    Foi realizado estudo de caso em empresa do setor automobilstico visando

    verificar as proposies conceituais na prtica. A avaliao foi feita sob trs

    enfoques: anlise dos esforos para promoo da Qualidade de Vida no Trabalho,

    Certificaes do Sistema da Qualidade e pesquisa de Clima Organizacional.

    O resultado da avaliao indica contribuies positivas e importantes das

    Certificaes do Sistema da Qualidade para capacitao e satisfao dos

    trabalhadores. A pesquisa de Clima Organizacional mostrou-se abrangente,

    explorando questes desde as condies de trabalho at satisfao dos

    trabalhadores, revelando-se um importante instrumento para mapear a Qualidade de

    Vida no Trabalho.

  • 5

    ABSTRACT

    Given the importance of work impacts, considering it positives or negatives in

    people life quality and how those impacts can be related to the objectives, activities,

    and results stabilized an required by the companies, these paper intend to review the concept about Life quality at work stabilizing a correlation with the activities related to

    the Quality Systems Certifications and a research of the Organization Climate.

    It has been done a case study in a automobilistic sector company with the

    propose to verify the concept in the practice. The valuation has been done under

    three points: analysis of the company efforts to promote Life Quality at Work, Quality

    Systems Certifications an investigation of the Organizational Climate.

    The result shows positives and important contributions of Quality Systems

    Certifications to employees capacity and satisfaction. The research of Organization

    Climate became very ample, exploring concepts like work conditions and work

    satisfaction, and revel it an important instrument to detail Life Quality at Work.

  • 6

    INTRODUO

    Antecedentes do Problema

    As condies de trabalho sofreram grandes transformaes no sculo XX

    mais ainda esto longe de proporcionar aos trabalhadores condies dignas.

    Sucederam-se etapas onde as condies de trabalho eram insalubres, com extensa

    carga horria e limitadas horas de descanso, passando por trabalho alienante devido

    sua diviso em tarefas simples, repetitivas, sem a interveno do trabalhador no

    processo e no ambiente de trabalho.

    Hoje os profissionais esto submetidos presso para a competitividade,

    busca de resultados, elevadas exigncias, complexidade das atividades em meio

    instabilidade de trabalho decorrente das rpidas mudanas na economia mundial.

    Como contraponto a esse cenrio, no comeo do sc. XX iniciaram-se

    estudos, buscando examinar luz da cincia, a relao indivduo, trabalho e

    organizao. Da surgiram teorias e mtodos que buscam administrar os recursos

    humanos dentro do contexto da eficcia organizacional, como por exemplo a

    Administrao Cientfica, as teorias motivacionais de Maslow e Herzberg, entre

    outras. Dentre elas, destaca-se a Qualidade de Vida no Trabalho que busca

    proporcionar um ambiente favorvel ao bem estar de todos, numa tentativa de

    humanizar o trabalho nas organizaes e que ser tratado neste texto.

    Por outro lado os esforos para obter a qualidade dos produtos e processos

    so amplamente difundidos e praticados pelas empresa, tendo tambm o seu estudo

    como cincia comeado no incio do sc. XX a partir de Taylor. Como resultante

    foram criados sistemas para promover a qualidade em todas as etapas do processo

    produtivo, adotando sistemticas e inmeras tcnicas para garantir a qualidade dos

    produtos / processos. Nesse contexto, surgiram padres mundiais estabelecendo

    exigncias para os sistemas de administrao de qualidade como a srie de normas

    ISO 9000.

  • 7

    Tendncias

    As pessoas esto mais crticas com relao s condies de trabalho

    oferecidas pelas organizaes. As demandas por ambientes mais adequados, que

    preservem a sade e segurana dos trabalhadores, esto alm das exigncias

    legais.

    A busca da produtividade e qualidade tem constitudo no fator principal para

    as empresas proporcionarem a qualidade de vida dentro das organizaes, visando

    o comprometimento e promovendo a motivao dos trabalhadores. A QVT contribui

    tambm para a diminuio dos custos de assistncia mdica, absentesmo e

    rotatividade, alm de constituir um meio de reteno dos profissionais nas empresas.

    Pontos Crticos

    O trabalho tem sido para o homem o meio pelo qual ele desenvolve suas

    habilidades, se relaciona, cria valor, o meio pelo qual ele se expressa na sociedade,

    o meio pelo qual ele se constri. Na medida em que o homem trabalha ele modifica

    o mundo e esse mundo tambm o modifica, numa transformao contnua.

    Se o trabalho expresso da condio humana, se absorve 2/3 do seu dia e

    de sua vida madura, se impacta todas as dimenses da vida humana, h de se

    estudar e considerar em que condies se d esse trabalho

    Todos podemos imaginar os problemas que a ausncia de trabalho na sua

    forma de desemprego causa nas pessoas: problemas financeiros, falta de estima,

    problemas nas relaes afetivas. E os problemas causados pelo trabalho? So

    consideraes que interessam todos na cadeia produtiva de nossa sociedade.

    Mesmo que as empresas negligenciem o impacto de suas atividades sobre

    seus empregados, a falta de qualidade de vida produz impactos importantes nos

    resultados da empresa o que torna o gerenciamento da QVT um fator de

    competitividade.

  • 8

    Os Sistemas de Gesto da Qualidade evoluram e hoje tem como princpio

    primordial a melhoria contnua de produtos e servios para atender s necessidades

    de todas as pessoas sendo os recursos humanos parte essencial deste processo.

    Objetivo Geral do Trabalho

    Este trabalho busca mapear a Qualidade de Vida no Trabalho em empresa

    do setor automobilstico, tendo como base a pesquisa de Clima Organizacional e o

    Sistema da Qualidade estruturada na ISO/TS 16.949, especificao tcnica que

    baseada na ISO 9001 acrescida de requisitos especficos da indstria

    automobilstica requeridos pelas principais montadoras de todo o mundo.

    Objetivos Especficos

    Descrever os benefcios que a gesto da QVT trs para a empresa e para o trabalhador;

    Conceituar os Sistemas de Gesto de Qualidade e especificamente a ISO/TS16.949;

    Avaliar a QVT em estudo de caso de empresa do setor automobilstico; Mostrar como os esforos da Qualidade podem contribuir para a QVT.

    Contribuies Esperadas

    Busca-se demonstrar como as Certificaes da Qualidade e, especificamente,

    a Certificao ISO/TS 16.949, podem contribuir para a Qualidade de Vida no

    Trabalho.

    Tipologia da Pesquisa

    Estudo de caso

  • 9

    A Empresa Pesquisada

    A empresa onde ser realizada a pesquisa ser denominada CAP - Indstria

    e Comrcio, nome fictcio adotado. A CAP uma empresa de mdio porte do setor

    Automobilstico que produz sistemas de injeo.

  • 10

    1. CONCEITOS

    1.1 O Trabalho e o Homem

    A ao do homem sobre a natureza e sobre os outros homens tomou sua

    maior expresso e amplitude com o trabalho humano. Este diferencia-se do trabalho

    dos animais, porque a ao do homem consciente, premeditada. O homem tem

    um plano em mente, antecipa o resultado de sua ao sobre a realidade. Alm

    disso, um ser histrico: o processo de interveno do homem sobre a natureza cria

    e recria ambos, num processo contnuo e da onde advm nossos valores, crenas,

    instituies e sociedade.

    Atravs do trabalho o homem se constri. O modo de existir do homem est

    direta e intimamente ligado ao seu trabalho. Sua identidade se d pela sua profisso

    e o local de trabalho. Sua subsistncia e a de sua famlia dependem do trabalho.

    Meio pelo qual o homem desenvolve suas habilidades, se relaciona, tem realizadas

    suas necessidades de satisfao e reconhecimento, o trabalho expresso da

    condio humana que absorve grande parte de sua vida madura e que impacta

    todas as dimenses da vida: fsica, afetiva, intelectual e espiritual.

    Entretanto, o trabalho exige do homem uma srie de esforos e renncias. A

    viso que a maioria das pessoas tem do trabalho contnua a ser de algo penoso,

    sacrificante, burocratizante, onde a vida humana reduzida um recurso, um

    objeto. O trabalho tornou-se uma obrigao para insero do homem na sociedade e

    para sua subsistncia.

  • 11

    1.2 As Condies de Trabalho

    As condies de trabalho mudaram relativamente ao longo da histria. No

    incio da industrializao no sc. XVIII, as condies de trabalho eram insalubres,

    sob uma extensa carga horria, com atividades de elevada carga de esforo fsico e

    repetitivas, em meio a locais sem higiene, com a utilizao de mo de obra infantil e

    juvenil, com muitos problemas de segurana e elevado n. de doenas e mortes

    relacionadas ao trabalho.

    Sem dvida houve muitas mudanas nas condies de trabalho alcanadas

    com as conquistas do incio do sculo XX como os benefcios de frias,

    alimentao, melhorias na higiene e segurana, reduo do esforo fsico e da

    jornada de trabalho oficial, introduo de tcnicas de administrao das pessoas

    com base cientfica, devido, entre outros fatores, organizao da fora sindical,

    desenvolvimento das cincias relacionadas a Administrao e mudanas

    tecnolgicas. Entretanto, hoje, frente a crescente e esmagadora competitividade, os

    profissionais so submetidos a grandes presses e exigncias, sendo os esforos

    no necessariamente de ordem fsica, j que a tecnologia desenvolvida no sc. XX

    reestruturou o trabalhado liberando mais o homem desta funo, e sim de ordem

    intelectual. H muitas horas extras, mudanas contnuas, dificuldades para assimilar

    as novas tecnologias sendo que esses esforos interferem nas sade do

    trabalhador. Assim, houve um deslocamento dos riscos e desordens ocupacionais

    para o intelecto e emocional.

    Os ganhos tcnicos-cientficos que a sociedade atual alcanou no so

    proporcionais aos ganhos na esfera do trabalho nas prticas das organizaes. Hoje

    as condies de trabalho esto longe de serem dignas e de proporcionarem a

    realizao das pessoas, valor que atribudo ao trabalho mas que dificilmente tem

    espao dentro das organizaes.

    Como meio de equilibrar essas esferas, a Qualidade de Vida no Trabalho vem

    promover melhores condies de trabalho e outros aspectos que ela compreende,

    os quais sero investigados a seguir.

  • 12

    1.3 A Qualidade de Vida no Trabalho - QVT

    1.3.1 Breve Histrico A preocupao com a qualidade de vida algo que inerente ao homem

    como conseqncia da preservao de sua integridade. A sociedade como um todo

    est repleta de elementos que referem-se a busca pela integridade do homem,

    especialmente os avanos tcnicos, que contriburam para o aumento de sua

    expectativa de vida.

    Na busca da eficincia nas organizaes, surgiram no incio do sc. XX as

    Teorias da Administrao Cientfica fundada por Taylor, com nfase nas tarefas e

    motivaes unicamente salariais, ignorando que o trabalhador um ser humano e

    social e a Teoria Clssica da Administrao, desenvolvida por Fayol caraterizada

    pela nfase na estrutura organizacional. (Chiavenato, 1983, citado por Queiroz

    1996).

    Na dcada de 1940, movida pela necessidade de contrapor-se a

    desumanizao no trabalho surgida com a aplicao de mtodos rigorosos,

    cientficos aos quais os trabalhadores deveriam se submeter, surge a Teoria das

    Relaes Humanas com a concepo do homem social, que considera os

    trabalhadores como seres complexos, com sentimentos, desejos e temores. As

    pessoas so motivadas por certas necessidades e alcanam satisfao atravs de

    grupos com os quais interagem. (Chiavenato, 1983, citado por Queiroz 1996).

    As funes bsicas da Administrao, planejar, organizar, controlar e

    proporcionar motivao aos recursos humanos surgem para trabalhar com e por

    meio de pessoas e grupos para alcanar objetivos organizacionais (Hersey &

    Blanchard, 1986 citado por Queiroz 1996).

    Neste contexto, surge ento a motivao como fator fundamental para

    melhoria no nvel do desempenho dos trabalhadores e sua influncia no alcance dos

    objetivos da empresa. Maslow e Herberg desenvolveram teorias sobre as

    necessidades humanas de motivao e satisfao. A partir de ento, outros estudos

    se sucederam, trazendo uma viso humanstica para as empresas, nas quais so

    necessrias condies adequadas de trabalho, formao e qualificao apropriadas

  • 13

    s funes j que esses fatores interferem na motivao dos trabalhadores. Estudos

    sobre o comportamento humano nas organizaes e sobre a Qualidade de Vida no

    Trabalho vem ao encontro daqueles propsitos.

    Como investigao cientfica na esfera do trabalho, a QVT surgiu em 1950

    com os estudos de Eric Trist (Rodrigues, 1991) para designar experincias calcadas

    na relao indivduo-trabalho-organizao, com base na anlise e reestruturao da

    tarefa, com o objetivo de tornar a vida dos trabalhadores menos penosa (Fernandes,

    1996).

    1.3.2 Conceitos

    Muitas empresas europias adotaram a QVT como uma filosofia visando

    atender as necessidades psicossociais dos trabalhadores, elevando seus nveis de

    satisfao no trabalho. (Fernandes, 1996).

    Fernandes (1996) cita a definio de Nadler e Lawler (1983) para QVT

    qualidade de vida no trabalho vista como uma maneira de pensar a respeito das

    pessoas, do trabalho e das organizaes.

    Segundo Frana (1996) o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho um

    conjunto de aes de uma empresa que envolve diagnsticos e implantao de

    melhorias e inovaes gerenciais, tecnolgicas e estruturais, dentro e fora do

    ambiente de trabalho, visando propiciar condies plenas de desenvolvimento

    humano para e durante a realizao do trabalho.

    O conceito de Dantas citado por Frana (1996), define a QVT sob o ponto de

    vista do Gerenciamento pela Qualidade Total - GQT: utilizao de 5s, diagrama de

    causa e efeito e procedimentos da Qualidade Total nos programas de sade,

    aproximando as tcnicas e conceitos da Gesto da Qualidade aos trabalhos para

    desenvolver a QVT.

    De forma geral, os autores que trataram sobre o tema, observam os conceitos

    de QVT com os enfoques: grau de satisfao da pessoa com a empresa, condies

    ambientais gerais e promoo da sade (Frana, 1996). Esses enfoques faro parte

    da estruturao da pesquisa detalhada no captulo 2.3.

  • 14

    A definio de QVT envolve muitos elementos, mas importante destacar:

    o aspecto de gesto dinmica j que as organizaes e as pessoas mudam constantemente (Fernandes 1996);

    o carter contingencial, porque depende da realidade da empresa (Fernandes 1996);

    observar o ser humano como um todo, considerando suas dimenses biolgicas, psicolgicas e sociais, chamado de enfoque biopsicossocial

    (Frana, 1996)

    Outro conceito importante o de condies de trabalho, que segundo Dejours

    citado por Frana (1996), so as presses fsicas, mecnicas, qumicas e biolgicas

    do posto de trabalho. As presses de trabalho tm por alvo principal o corpo dos

    trabalhadores, onde elas podem ocasionar desgaste, envelhecimento e doenas

    somticas.

    1.3.3 Sade & Trabalho

    O conceito de sade que foi adotado pela Organizao Mundial de Sade

    (OMS) que a sade no a penas a ausncia de doena, mas tambm o

    completo bem estar biolgico, psicolgico e social. Essa conceituao vem ao

    encontro da viso biopsicossocial, considerando todas as dimenses da vida

    humana.

    O stress um das principais manifestaes do corpo relacionadas ao

    trabalho: esforos fsicos, atividades repetitivas, presso por resultados. Frana

    (1996) cita a definio de Samulsk et alii que considera o stress como transao

    que envolve risco, perda ou situao, na qual capacidades a mais devem ser

    mobilizadas e, quanto mais o esforo, mais duvidoso se torna o acontecimento.

    Na maioria das vezes o stress negativo, o chamado distress, tenso nociva que

    gera distrbios psicossomticos (Frana e Albuquerque, 1998). A QVT procura

    desenvolver o eustresse, esforo de adaptao que gera sensao de realizao

    pessoal, bem estar e satisfao das necessidade, mesmo que decorrente de

    esforos inesperados (Frana e Rodrigues, 1999).

  • 15

    1.3.4 Importncia e Emprego da QVT A QVT um tema que possui crescente importncia e que vem ganhando

    campo nas universidades e empresas. So vrios os interessados nesse tema:

    trabalhadores, gestores, acionistas, consumidores, basicamente, todos na cadeia

    produtiva de nossa sociedade. Entretanto, o emprego da QVT ainda parcial e

    limitado.

    Mesmo que as empresas negligenciem o impacto de suas atividades sobre

    seus empregados, a falta de qualidade de vida produz impactos importantes nos

    resultados da empresa: baixa produtividade, custos de assistncia mdica, ndice

    de absentesmo e rotatividade, indenizaes trabalhistas, insatisfao, baixa

    motivao e lealdade empresa. Assim, torna-se importante e um fator de

    competitividade para empresa gerenciar a QVT.

    A QVT existe na maioria das empresas brasileiras como prticas

    disseminadas nas atividades relacionadas a Sade e Segurana, Programas de

    Recursos Humanos e de Qualidade, com pouca ligao entre essas atividades, do

    que como um sistema estruturado, mais caracterstico de mdias e grandes

    empresas que esto ligadas s pesquisas e tendncias na Gesto de Pessoas. As

    iniciativas para promover a QVT em muitas empresas vem fracassando devido a

    falta de um posicionamento estratgico, sendo tratado mais como gastos do que

    como investimentos, sem a perspectiva de um diferencial para a competitividade

    entre as empresas (Frana, 1996).

    Como o trabalho afeta todas dimenses da vida humana: fsica, afetiva,

    intelectual e espiritual a QVT desenvolve e implementa aes dentro dessas esferas

    atuando na parte psicolgica, atravs de aes relacionadas a satisfao e

    motivao do trabalhador e, na parte fsica, atravs de aes relacionadas s

    condies do ambiente de trabalho e promoo da sade.

    A fim de desenvolver e atender a essas demandas da QVT, vrios campos

    da cincia tm feito contribuies importantes. So eles: Sade, Ecologia,

    Ergonomia, Psicologia, Sociologia, Economia, Administrao e Engenharia (Frana,

    1996).

  • 16

    So muitos os benefcios da QVT. Veja a seguir alguns deles:

    Reduo do absentesmo; Reduo da rotatividade (reteno dos funcionrios); Atitude favorvel ao trabalho; Reduo / eliminao da fadiga; Promoo da Sade e Segurana; Integrao Social; Desenvolvimento das capacidades humanas; Aumento da Produtividade.

    1.3.5 Qualidade & QVT

    A busca da produtividade e qualidade tem constitudo no fator principal para

    as empresas proporcionarem a qualidade de vida dentro das organizaes e no

    fora dela como mecanismos compensatrios, visto que ao promover a sade e o

    bem estar de seus funcionrios, observando tarefas, desempenhos,

    desenvolvimento do profissional, elementos que a Qualidade de Vida no Trabalho

    gerencia, obtm-se aumento da motivao, da satisfao e do desempenho dos

    trabalhadores.

    A nfase ao comportamento humano nas organizaes um desafio que hoje

    se apresenta como uma das mais valiosas possibilidades e perspectivas para a

    implantao de programas de Qualidade e para melhoria contnua.

    Os Sistemas de Gesto da Qualidade caracterizam-se como uma filosofia

    cujo o objetivo primordial a melhoria contnua de produtos e servios para atender

    as necessidade das pessoas e, os recursos humanos, naturalmente so parte

    essencial desse processo.

    Assim como necessrio que os processos produtivos estejam sobre

    controle, que a matria-prima, insumos e peas em processos estejam em

    conformidade com as especificaes tcnicas, que sejam seguidos os

    procedimentos de todas as etapas do processo produtivo para que sejam produzidos

    e entregues produtos com a qualidade requerida pelo cliente de forma eficaz e

    eficiente, necessrio a capacitao e envolvimento das pessoas que vo realizar

  • 17

    todas essas atividades. Se uma delas falhar, todo o trabalho pode ficar

    comprometido. Ora, mas se o trabalhador no tiver condies de trabalho

    adequadas, se estiver sofrendo processos de desmotivao estimulados pela

    empresa como a falta de feedback construtivo ou de apoio comportamental /

    psicolgico, conforme conceituado por Mayer citado por Frana (1996), se estiver

    com sua sade comprometida, as possibilidade de erros tornam-se muito grandes.

    No possvel dissociar a condio humana do processo, como se um no pudesse

    interferir no outro. Logo, a qualidade do produto depende da qualidade de vida das

    pessoas que esto envolvidas com as atividades relacionadas aos produto, tornando

    o Gerenciamento da Qualidade de Vida no Trabalho um instrumento importante para

    alcanar os objetivos da Qualidade e da empresa como um todo.

  • 18

    1.4 Indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho

    Um dos modelos mais bem estruturados e conceituados para investigao e

    anlise da QVT o modelo elaborado por Walton, dividido em oito categorias

    conceituais, descrito no Quadro 1.1

    Quadro 1.1 Critrios de Walton para Qualidade de Vida no Trabalho

    Fonte: Adaptado de Frana, 1996, p 32

    Como base para investigar a Qualidade de Vida no Trabalho e que ser

    apresentado no Captulo 2.4, foi utilizado investigao dos esforos para promoo

    da QVT e que esto relacionados variao da satisfao do funcionrio,

    proposio apresentada por Frana (1996). No quadro 1.2 so indicadas as

    variveis que sero utilizadas para mapeamento da QVT.

    CRITRIOS INDICADORES1 - COMPENSAO JUSTA E ADEQUADA SALRIO

    JORNADA DE TRABALHO2 - CONDIES DE TRABALHO AMBIENTE FSICO SEGURO E SAUDVEL

    SALUBRIDADE3 - USO E DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES AUTONOMIA

    ESTIMACAPACITAO MLTIPLAINFORMAES SOBRE O TRABALHO

    4 - OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO E SEGURANA CARREIRADESENVOLVIMENTO PESSOALESTABILIDADE NO EMPREGO

    5 - INTEGRAO SOCIAL NA ORGANIZAO AUSNCIA DE PRECONCEITOSHABILIDADE SOCIALVALORES COMUNITRIOS

    6 - CIDADANIA DIREITOS GARANTIDOSPRIVACIDADEIMPARCIALIDADE

    7- TRABALHO E ESPAO TOTAL DE VIDA LIBERDADE DE EXPRESSOVIDA PESSOAL PRESERVADAHORRIOS PREVISVEIS

    8 - RELEVNCIA SOCIAL DO TRABALHO IMAGEM DA EMPRESARESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA

  • 19

    Quadro 1.2 - Variveis para Mapeamento da QVT

    Fonte: Adaptado de Frana 1996, p 99

    ORGANIZACIONAIS PSICOLGICAS

    - Endomarketing- Programa T&D- Implantao de processos e tecnologias- Gesto participativa- Reduo de burocracia- Atendimento s rotinas de pessoal

    - Semana de preveno de acidentes- Preveno de riscos - PPRA- Ambulatrio / convnio mdico- Ginstica / refeies- Controle mdico - PCSMO- Atuao da CIPA

    - Critrios de recrutamento e seleo- Ferramentas de avaliao de desempenho- Gesto do clima organizacional- Plano de carreira- Administrao de salrios- Respeito vida pessoal

    - Convnios comerciais- Atividades de lazer- Atendimento aos filhos- Fornecimento de cesta bsica- Previdncia privada- Financiamento de cursos externos

    BIOLGICAS SOCIAIS

    Variveis independentes

  • 20

    1.5 Qualidade e Certificaes

    1.5.1 Conceitos

    A norma ISO 8402 - Gesto de Qualidade e Garantia da Qualidade -

    terminologia apresenta conceitos de forma a alinhar os diferentes significados que a

    Qualidade pode ter (Queiroz, 1996), importantes na compreenso dos assuntos que

    sero abordados neste trabalho.

    Qualidade: a totalidade de caractersticas de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer as necessidade explcitas e implcitas. Onde,

    entidade inclui o termo produto (ou servio) e engloba outros conceitos mais

    amplos, como por exemplo, atividade, processo, organizao ou pessoa. Ainda,

    segundo a norma, existem equvocos na compreenso dos termos controle de

    qualidade, garantia da qualidade, gesto da Qualidade e Gesto da Qualidade

    Total.

    O Controle da Qualidade: rene os meios operacionais utilizados para atender os requisitos da qualidade. Onde requisitos da qualidade so a expresso

    das necessidades ou sua traduo num conjunto de requisitos, explicitados em

    termos qualitativos ou quantitativos, objetivando definir caractersticas de uma

    entidade, a fim de permitir sua realizao e seu exame.

    A Garantia da Qualidade: visa prover confiana no atendimento dos requisitos da qualidade, tanto internamente para a prpria organizao como

    externamente, para os clientes e autoridades.

    Gesto de Qualidade: inclui o controle de Qualidade e a garantia da qualidade, bem como, adicionalmente, os conceitos de poltica da qualidade,

    Planejamento da Qualidade e melhoria da qualidade. A Gesto da Qualidade

    abrange todo o sistema da Qualidade. Estes trs conceitos podem estender-se a

    todas as reas de uma organizao. Onde Poltica da Qualidade refere-se ao

    conjunto de intenes e diretrizes globais de uma organizao relativas a

    qualidade, formalmente expressas pela alta administrao. Planejamento da

  • 21

    Qualidade o conjunto de atividades que determinam os objetivos e os requisitos

    para a qualidade, assim como os requisitos para a aplicao dos elementos que

    compem o sistema da qualidade. Melhoria da Qualidade o conjunto de aes

    implementadas em toda organizao a fim de aumentar a eficcia e a eficincia

    das atividades dos processos, para proporcionar benefcios adicionais tanto

    organizao quanto aos clientes. E o Sistema da Qualidade a estrutura

    organizacional, procedimentos, responsabilidades, processos e recursos

    necessrios para implementar a gesto da qualidade.

    A Gesto da Qualidade Total: segundo a norma, acrescenta a estes conceitos uma estratgia de gesto global e de longo prazo, bem como a

    participao de todos os membros da organizao em benefcio dela prpria, dos

    seus membros, clientes e da sociedade como um todo.

    1.5.2 Padres Normativos para os Sistemas da Qualidade Em 1958 entidades militares do EUA emitiram o primeiro documento que

    estabeleceu requisitos para o sistema da qualidade (DAngelo, 1999). O documento

    que originou todos os outros no entanto, teve origem na rea da energia atmica,

    sendo emitido nos EUA, em 1970. Nele foram definidos 18 critrios para um sistema

    da qualidade, que originaram os atuais elementos do sistema da qualidade. Em 1979 o Comit Tcnico 176 da Organizao Mundial para Normatizao

    (ISO) iniciou o desenvolvimento de padres genricos para o gerenciamento de

    qualquer tipo de organizao em todo o mundo. Nesse Comit estavam

    representados inicialmente 34 pases, sendo 20 efetivamente atuantes e 14 que

    apenas observavam os trabalhos. O referido Comit conta atualmente com 56

    pases atuantes e 26 observadores (ngelo, 1999). A norma desenvolvida foi baseada em padres multi-britnicos (BS 5750) e

    canadenses (CSA Z299), sendo influenciada por normas de setores especficos. Em

    1987 foi emitida a primeira verso da srie de normas ISO 9000 revisada em 1994 e

    em 2000.

  • 22

    A preocupao com a adequao de sistemas de qualidade no Brasil surgiu

    de forma significativa atravs da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas)

    e de empresas estatais da rea petroqumica e de energia eltrica (DAngelo, 1999).

    1.5.3 Descrio da Srie de Normas ISO 9000-1994 O estabelecimento, monitoramento e melhoria de sistema da qualidade um

    assunto bastante complexo, que foi tratado no conjunto de normas ISO 9000, que

    composta por aproximadamente 20 normas, divididas em principais e de apoio

    (DAngelo, 1999). A seguir so descritas as mais importantes:

    ISO 9000: Normas de gesto da qualidade e garantia da qualidade uma norma dividida em 4 partes. A parte I, Diretrizes para seleo e uso, indica como

    utilizar as normas de aplicao contratual (descritas a seguir).

    ISO 9001: Sistemas da Qualidade - Modelo para garantia da qualidade em projeto, desenvolvimento, produo, instalao e servios associados. Dentre as trs

    normas contratuais a mais completa.

    ISO 9002: Sistemas da Qualidade - Modelo para garantia da qualidade em produo, instalao e servios associados. Esta norma exclui o elemento relativo a

    projeto.

    ISO 9003: Sistemas da Qualidade - Modelo para garantia da qualidade em inspeo e ensaios finais. Esta norma exclui os elementos relativos a projeto,

    aquisio, processos e assistncia tcnica.

    ISO 9004: Gesto da qualidade e elementos do sistema da qualidade um documento orientativo para gerenciamento da qualidade. No utilizada como

    referncia contratual, nem para avaliaes externas. aplicada para o

    direcionamento das aes das organizaes e auto avaliao de desempenho.

  • 23

    1.5.4 A Utilizao da Srie de Normas ISO 9000 A srie de normas ISO 9000 tem sido alvo de elogios e crticas dada a

    importncia que ganhou para a gesto e a ao das organizaes.

    Umas das principais crticas relativa burocratizao das organizaes

    (DAngelo, 1999). De fato, ao estabelecer o que deve ser feito em relao ao sistema

    da qualidade, sem definir como faz-lo, a norma permite excessos burocratizantes e

    perda do foco das atividades da empresa. Cabe organizao conceber um sistema

    que realmente proporcione benefcios empresa.

    O sistema da qualidade conforme srie de normas ISO 9000 pode ser visto

    como um passo inicial para outros processos de melhoria na organizao, como o

    TQM - Gerenciamento Total da Qualidade ou TQC - Controle Total da Qualidade. De

    fato, um sistema da qualidade promove uma srie de melhorias na organizao na

    sua implementao e, se corretamente administrado, faz o mesmo na etapa de

    manuteno. Ocorre que, com o aperfeioamento do sistema da qualidade, a

    contribuio deste para o aperfeioamento da organizao declinante, devido a

    muitos aspectos ficarem estveis.

    Dentre os pontos positivos relacionados ao atendimento da norma e ao

    processo de certificao est o fato de que a obteno do certificado qualifica a

    empresa no mercado, reduz custos relacionados m qualidade e melhora a

    imagem interna e externa da empresa. H tambm o estabelecimento de rotinas

    para as organizaes, treinamento, desenvolvimento e motivao das pessoas. A

    norma indica a necessidade de treinar as pessoas para execuo das atividades de

    suas responsabilidades. Mesmo para profissionais muito experientes, a oportunidade

    de treinamento em documentos pode proporcionar o esclarecimento de dvidas,

    eliminao de vcios e conhecimento das interfaces de suas atividades. A

    possibilidade de envolver as pessoas em aes corretivas e preventivas, conhecer o

    trabalho de outras reas e, principalmente, ter maiores responsabilidades relativas a

    seguir e/ou indicar erros ou melhorias nas sistemticas da organizao pode

    proporcionar desenvolvimento pessoal e profissional para os funcionrios.

  • 24

    Em termos de motivao dos envolvidos, a certificao tem um papel muito

    importante uma vez que define prazos e datas de avaliao. Isso torna os objetivos

    bem claros. Em paralelo, a existncia de um avaliador externo para que seja feita

    verificao da conformidade do sistema com os requisitos da norma em auditoria por

    empresa qualificada, chamada de 3 parte, contribui para a formao do esprito de

    equipe entre os envolvidos, o que facilita todas as atividades da organizao, no

    somente aquelas relativas aos sistema da qualidade.

    Aps alcanada a certificao, o grupo obtm o reconhecimento pelo seu

    esforo e incorpora o orgulho do feito. Esse sentimento motiva as pessoas

    colaborando para melhorar o desempenho das mesmas e, por conseqncia, da

    organizao.

    1.5.5 Normas Setoriais Um dos objetivos da criao da srie de normas ISO 9000 era ter aplicao

    em todos os segmentos e tipos de organizao (DAngelo, 1999). Alm disso, esta

    srie de normas objetivava um carter supranacional. A concepo das normas

    atende a estes conceitos, mas alguns segmentos sentiram a necessidade de

    padronizar procedimentos particulares, criando padres prprios de referncia.

    Nesta particularizao foram geradas normas restritivas a grupos de empresas, que

    muitas vezes, devido a ampla atuao desses grupos, fez suas normas terem

    alcance mundial.

    O setor automobilstico foi responsvel pela introduo de conceitos que

    revolucionaram a maioria dos setores produtivos. Nele foi desenvolvido a produo

    em massa no incio do sc. XX e a produo enxuta do ps-guerra. Novamente este

    setor demonstrou liderana, decorrente de seu grande alcance econmico, ao

    estabelecer padres normativos com mudanas conceituais que influenciaram outros

    segmentos e at mesmo a srie de normas ISO 9000.

    Os padres normativos deste segmento so bastante especficos. As grandes

    montadoras europias e americanas elaboraram e implementaram normas no

    relacionamento com seus fornecedores. Uma caraterstica normalmente presentes

    nessas normas a exigncia de que os fornecedores da empresa em avaliao

  • 25

    tambm atendam os mesmos padres normativos. Isso cria um efeito cascata sobre

    toda a cadeia produtiva de fornecimento.

    Na maioria dos casos as normas especficas do setor automobilstico so

    constitudas por um primeiro documento, baseado na srie de normas ISO 9000

    acrescido de documentos que detalham aspectos e exigncias particulares.

    As principais normas do setor so:

    EAQF 1994 - Supplier Quality Capability Assessment Questionnaire: Norma de origem alem para avaliao de fornecedores, estruturada na forma de

    questionrio. Contempla os 20 elementos da norma ISO 9001 mais requisitos

    financeiros, de segurana e regulamentao do produto. Utiliza regras de pontuao

    de demritos, classificando o fornecedor conforme nota final obtida.

    VDA 06 - Tambm de origem alem, baseado na norma ISO 9001 e adiciona requisitos econmicos do sistema da qualidade, de segurana e

    regulamentao do produto. Tambm estruturado em questionrio dividido em

    duas partes, classificando o fornecedor conforme pontuao obtida.

    AVSQ94 - Anfia Valutazione Sistema Qualit - Elaborado pelas principais montadoras italianas tambm est estruturado como questionrio, abordando alm

    dos elementos da ISO 9001, aspectos econmicos da qualidade e segurana do

    produto.

    QS 9000 - Elaborado pelas principais montadoras americanas, entrou em vigor em Jan/1999. divida em 3 sees e complementada com anexos. Na

    primeira seo h transcrio da ISO 9001 com adio de itens complementares do

    setor automobilstico. Nas demais, exigncias especficas de cada montadora e do

    segmento de caminhes. Direciona as atividades para o aperfeioamento contnuo,

    tornando-se uma entidade viva aonde implantada, aproximando-se de programas de

    qualidade total.

    Um aspecto bastante interessante da QS 9000 que ela contempla planos

    futuros da organizao que devem abordar planos de crescimento, metas de

    qualidade, desempenho financeiro. Isso revela uma preocupao dos autores com a

    longevidade de seus fornecedores e no apenas o enfoque presente e rastreamento

    do passado.

  • 26

    1.5.6 ISO/TS 16.949 - Qualitys Systems - Automotive Suppliers Os fornecedores devem ter seus Sistemas da Qualidade atendendo aos

    requisitos da norma que a montadora requer. Assim, uma empresa que atua

    globalmente deve ter seu Sistema da Qualidade atendendo diversas normas,

    sendo necessrio para tanto uma estrutura muito onerosa em termos de custo e

    pessoal, entre outros problemas.

    Afim de eliminar esses problemas, em meados da dcada passada, as

    principais montadoras europias e americanas criaram um grupo denominado

    International Automotive Task Force IATF para elaborar uma norma que fosse

    aceita por todos e que fosse aplicvel a toda cadeia de fornecimento do setor

    automobilstico. Foi desenvolvida ento a especificao tcnica ISO/TS 16.949 que

    tem como estrutura a ISO 9001 e contempla a maioria dos requisitos das normas

    citadas anteriormente. Foi definido que os manuais de referncias especficos para

    os clientes de cada montadora continuam vlidos. Esse um ponto que visa atender

    s exigncias especficas das montadoras junto aos fornecedores e que no

    caberiam na norma. A Figura 1.1 mostra as normas de referncia para elaborao

    da norma ISO/T 16.949.

  • 27

    Figura 1.1 Normas de Referncia para Elaborao da ISO/TS 16.949

    Os benefcios de ter a ISO/TS 16.949 implementada so muitos como:

    Melhoria da qualidade do produto e processo devido principalmente ao princpio que norteia toda a ISO/TS, o de ter melhoria contnua, com nfase na

    preveno de defeitos e reduo na variao e no desperdcio na cadeia de

    fornecimento;

    Abordagem comum dos requisitos do Sistema da Qualidade no desenvolvimento da cadeia de fornecedores;

    Melhoria da confiabilidade para fornecimento global; Reduo das certificaes mltiplas; Reduo das auditorias e melhoria de sua eficcia; Abertura de mercado com todas as montadoras.

    ISO 9001

    ISO/TS 16949ISO Automotive

    Tecnical Specification

    QS 9000 AVSQ EAQF 94 VDA 6.1

    General Motors

    Daimler Chrysler

    Ford

    Fiat

    Iveco

    Renault

    Peugeot

    Daimler Chrysler

    Volkswagen

    Nissan

    Toyota

    Honda

    2001

    BMW

  • 28

    2. ESTUDO DE CASO

    2.1 Avaliao da QVT na CAP - Indstria e Comrcio

    Ser realizado um avaliao da QVT na CAP - Indstria e Comrcio, tendo

    como eixo para a anlise a Pesquisa de Clima Organizacional realizada pela CAP

    junto aos seus funcionrios em Ago/2001, os Esforos relacionados a QVT da

    empresa e a Certificao ISO/TS 16949.

  • 29

    2.2 A CAP - Indstria e Comrcio

    A CAP Indstria e Comrcio uma que atua no segmento automotivo com a

    produo de sistemas de injeo.

    Iniciou suas atividades no Brasil em meados da dcada de 60. Na dcada de

    70 foi inaugurada sua fbrica, proporcionando significativo incremento de

    capacidade.

    Em meados da dcada de 90 inaugurou uma moderna linha de montagem

    destinada produo de tecnologia avanada. Essa unidade, alm de elevar a

    capacidade produtiva da empresa, aumentou o escopo de sua atuao.

    A empresa possui atualmente 400 funcionrios. Seu faturamento gira em

    torno de US$ 30.000.000,00/ano.

  • 30

    2.3 A Pesquisa de Clima Organizacional

    A Pesquisa de Clima Organizacional aplicada pela rea de Recursos

    Humanos a todos os funcionrios da empresa. A resposta a pesquisa voluntria.

    Esse trabalho iniciou-se em Julho de 2000 com o enviou de questionrios para os

    funcionrios aniversariantes do ms sendo feito uma avaliao semestral dos

    resultados. Entretanto, essa sistemtica no permitia anlise de um mesmo cenrio

    e nem aes rpidas sob os resultados j que era necessrio aguardar o volume de

    respostas. A partir de Agosto deste ano a pesquisa passou a ser aplicada

    trimestralmente, sendo enviada a todos os funcionrios de modo que as respostas

    referem-se ao mesmo cenrio e tem-se o volume significativo para anlise e aes.

    Os dados dessa pesquisa foram cedidos pela empresa e sero discriminados

    e analisados visando avaliar QVT na CAP. A vantagem de utilizar a pesquisa da

    organizao a abrangncia da pesquisa tanto em n. de respostas como em

    contedo. Como o formulrio foi desenvolvido pela organizao no foi feito pr-

    teste do mesmo. No anexo 1, encontra-se a reproduo do questionrio.

  • 31

    2.3.1 O Questionrio

    O Questionrio est dividido em dois blocos. O primeiro bloco possui 37

    perguntas referentes ao clima organizacional, estruturadas com as seguintes

    possibilidades de respostas: a) Sim, b) No, c) As vezes. Essas questes foram

    agrupadas em 5 categorias para anlise. No questionrio no houve diferenciao

    em categorias, sendo que as perguntas estavam intercaladas, de modo a no

    induzir respostas. As categorias so:

    Administrao de Pessoal; Comunicao; Relacionamento - Time & Gerncia; Segurana; Satisfao.

    O segundo bloco contempla as questes 38 e 39 que referem-se s

    Condies Ambientais, Servios & Benefcios e Recursos Humanos, abordando 7,

    12 e 4 itens respectivamente com as seguintes possibilidades de respostas: a)

    Muito bom, b) Bom, c) Razovel, d) Ruim (no anexo 1, encontra-se a reproduo

    do questionrio).

    2.3.2 A Amostra

    Foram enviados questionrios para todos os funcionrios da empresa. A

    resposta pesquisa no obrigatria. O n. de questionrios respondidos foi de

    148, ou seja 38% dos 400 funcionrios responderam a pesquisa.

  • 32

    2.3.3 Resultados da Pesquisa

    A seguir sero apontados os resultados iniciando com o segundo bloco da

    pesquisa com a anlise dos valores e comentrios. No Anexo 2, encontra-se a base

    de dados para formulao dos grficos .

    Condies Ambientais O grfico 2.1 mostra a avaliao das condies do ambiente de trabalho

    onde so analisadas as seguintes variveis: Iluminao, Segurana, Espao Fsico,

    Posio Corporal, Ventilao, Temperatura e Rudo.

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Ilum

    ina

    o

    Segu

    ran

    a

    Espa

    oF

    sico

    Posi

    o

    Cor

    pora

    l

    Vent

    ila

    o

    Tem

    pera

    tura

    Ru

    do

    %

    Ruim

    Razovel

    Bom

    Muito Bom

    O grfico 2.1 mostra a classificao de cada varivel em percentual de

    pessoas. As duas primeiras foram avaliadas positivamente por mais de 88% dos

    funcionrios que responderam a pesquisa. As demais tiveram um percentual menor

    de pessoas com uma avaliao positiva o que pode ser melhor visualizado ao

    agrupar as respostas em duas categorias:

    Variveis com Boa Avaliao: soma das respostas Muito bom e Bom; Variveis que necessitam de Melhorias: soma das respostas Razovel e

    Ruim.

    Grfico 2.1 - Condies Ambientais

  • 33

    Assim, as respostas sobre as condies do ambiente de trabalho ficam classificadas

    em:

    Conies de Trabalho

    0%

    25%

    50%

    75%

    100%

    125%Ilu

    min

    ao

    Segu

    ran

    a

    Espa

    oF

    sico

    Posi

    o

    Cor

    pora

    l

    Vent

    ila

    o

    Tem

    pera

    tura

    Ru

    do

    %

    MelhoriaBoa Condio

    As variveis a partir de Postura Fsica foram avaliadas como razovel ou ruim

    por mais de 36% dos funcionrios, o que requer uma anlise mais detalhada desses

    itens e aes para melhorias. Das 7 variveis avaliadas, verificou-se que 5

    necessitam de melhorias, j que tiveram uma avaliao razovel ou ruim por n.

    significativo de pessoas, o que indica que as condies gerais de trabalho dos

    funcionrios na CAP est na faixa pouco positiva.

    Servios & Benefcios

    O grfico 2.3 mostra a avaliao dos funcionrios sobre os Servios &

    Benefcios onde so analisados os seguintes itens: Participao nos Lucros e

    Resultados - PLR, Brinquedos de Natal, Farmcia, Transporte, Compra /

    Financiamento de Autos, Servio de caf, Cesta bsica, Seguro de Vida - Grupo,

    Restaurante, Ambulatrio Mdico e Assistncia Mdica.

    Grfico 2.2 - Condies Ambientais

  • 34

    Servios & Benefcios

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    % RuimRazovel

    Bom

    Muito Bom

    Os 10 primeiros itens foram avaliados positivamente por mais de 83% dos

    funcionrios que responderam a pesquisa. A seguir foi tambm feito agrupamento

    das respostas.

    Servios & Benefcios

    0%10%20%30%40%50%

    60%70%80%90%

    100%

    %

    Melhoria

    Boa Condio

    Grfico 2.3 Servios e Benefcios

    Grfico 2.4 Servios e Benefcios

  • 35

    Banco, Servio de Caf e Assistncia Mdica foram avaliadas como razovel

    ou ruim por mais de 33% dos funcionrios, o que requer uma anlise mais

    detalhada desses itens e aes para melhorias. Das, 12 variveis avaliadas,

    verificou-se que 3 necessitam de melhorias, j que tiveram uma avaliao razovel

    ou ruim por grande quantidade das pessoas, mas Servios e Benefcios teve suas

    variveis avaliadas em uma faixa positiva por n. expressivo dos funcionrios que

    responderam a pesquisa, inclusive o item de Participao nos Lucros e Resultados -

    PLR foi classificado com muito bom (classificao mais elevada) por todos os

    repondentes.

    Recursos Humanos

    O grfico 2.5 mostra a avaliao dos funcionrios sobre as seguintes

    atividades da rea de Recursos Humanos: Segurana Patrimonial, Recrutamento e

    Seleo, Departamento Pessoal e Treinamento & Desenvolvimento.

    Re cursos Hum a nos

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    Segu

    ran

    aPa

    trim

    onia

    l

    Rec

    ruta

    men

    toe

    Sele

    o

    Dep

    arta

    men

    toPe

    ssoa

    l

    Trei

    nam

    ento

    eD

    esen

    .

    %

    Ruim

    Razovel

    Bom

    Muito Bom

    A atividade melhor avaliada foi Segurana Patrimonial. A seguir foi tambm

    feito agrupamento das respostas.

    Grfico 2.5 Recursos Humanos

  • 36

    Recursos Humanos

    0%

    10%20%

    30%

    40%50%

    60%

    70%

    80%90%

    100%

    Segu

    ran

    aPa

    trim

    onia

    l

    Rec

    ruta

    men

    to

    e Se

    le

    o

    Dep

    arta

    men

    to

    Pess

    oal

    Trei

    nam

    ento

    e D

    esen

    .

    % MelhoriaBoa Condio

    Todas as atividades foram avaliadas como razovel ou ruim por mais de 29%

    dos funcionrios. Para Treinamento e Desenvolvimento esse n. foi de 47%. Pode-

    se concluir que as atividades de Recursos Humanos precisam de aes para

    melhorias visto que a avaliao est numa faixa pouco positiva apontada por n.

    significativo dos respondentes.

    A seguir ser apresentado o primeiro bloco da pesquisa referente s

    categorias: Administrao de Pessoal, Comunicao, Relacionamento - Time &

    Gerncia, Segurana e Satisfao.

    Grfico 2.6 Recursos Humanos

  • 37

    Administrao de Pessoal

    Os resultados indicam que o tratamento recebido da chefia, a apresentao

    dos objetivos e a participao na soluo dos problemas pelos funcionrios foram

    avaliados de forma positiva por mais de 80% dos respondentes. O feedback sobre o

    desempenho e autonomia na tomada de decises so itens que foram avaliados

    negativamente por mais de 46% dos respondentes o que indica necessidade de

    aes sobre esses aspectos. Em mdia 21% dos respondentes avaliaram

    negativamente os itens abordados. Pode-se concluir que a administrao de pessoal

    possui aspectos positivos, entretanto h oportunidades de melhorias.

    Grfico 2.7 Administrao de Pessoal

    0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

    Mdia

    Minha chefia me orienta sobre o que fazerpara crescer profissionalmente.

    Minha chefia me diz regularmente comoest o meu desempenho no trabalho.

    Minha equipe pode tomar decises e asdecises so aceitas pela chefia.

    Na CAP as reas cooperam entre si nasoluo dos problemas.

    Minha chefia me elogia quando fao umbom trabalho.

    Minha chefia se preocupa com o meudesenvolvimento profissional.

    Atualmente utilizo minha capacidade econhecimento.

    Sinto que minhas idias e opinies soconsideradas pela minha chefia.

    Minha chefia repassa todas informaesnecessrias p.que eu faa as atividades.

    Na minha rea os funcionrios participamna soluo dos problemas.

    Minha chefia procura divulgar e discutircom o pessoal os objetivos da rea.

    Sinto que atravs do meu potencialpoderei crescer dentro da empresa.

    Estou satisfeito com a maneira como soutratado pela minha chefia.

    SIM AS VEZES NO

  • 38

    Comunicao

    Os resultados do grfico 2.8 indicam que aproximadamente 14% dos

    respondentes consideraram que as informaes no chegam na hora certa e com

    clareza e objetividade. J a credibilidade das informaes teve uma avaliao

    positiva por 96% dos respondentes. Em mdia 10% dos respondentes avaliaram

    negativamente esse item.

    Relacionamento - Gerncia & Time

    Relacionamento

    60% 80% 100%

    MDIA

    Na minha rea as pessoas serelacionam de forma amistosa e

    Minha chefia usa de educao e bomsenso para orientar seus funcionrios.

    O ambiente em que trabalho bom eestou satisfeito.

    Se algum na rea tem dificuldades notrabalho, os colegas buscam ajud-lo.

    Na minha rea , o relacionamento entrechefias e subordinados bom.

    SIM AS VEZES NO

    Os resultados indicam que todos os aspectos de Relacionamento da Gerncia

    com seu time foram avaliados positivamente por pelo menos 85% dos respondentes.

    Grfico 2.9 Relacionamento

    Grfico 2.8 Comunicao

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    MDIA

    As informaes que eu recebo da CAP chegam no momento certo.

    As informaes so passadas de maneiraclara e objetiva, evitando o surgimento de

    boatos.

    Os quadros de avisos trazem informaesque considero importantes e suficientes.

    As informaes repassadas pela CAPso completas e confiveis.

    SIM AS VEZES NO

  • 39

    Segurana

    O aspecto que indicou necessidade de melhoria sobre equipamento e

    ferramentas adequadas nas reas com avaliao negativa de 19% dos funcionrios.

    Os demais itens foram avaliados positivamente por pelo menos 76% dos

    respondentes.

    Grfico 2.10 Segurana

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    MDIA

    Os equipamentos e ferramentas oferecemcondies para a produtividade exigidas.

    A limpeza e organizao das reas na CAP soadequadas.

    Os equipamentos de segurana que a empresaoferece so suficientes p/ minha proteo.

    SIM AS VEZES NO

  • 40

    Satisfao

    Satisfao

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    MDIA

    Executo trabalhos complexos e quepermitem utilizar todo o meu

    A quantidade de atividades/serviosque fao diariamente adequada.

    Os benefcios atendem snecessidades de minha famlia.

    Levando em conta o que eu fao naDelphi, considero o meu salrio

    O sist. promoo na Delphi transparente, adequado e confivel.

    Para mim, a Delphi est mudandopara melhor.

    Sinto-me motivado para o trabalho.

    Considero desnecessrio, nomomento, procurar outro emprego.

    Gosto do trabalho que fao naDelphi.

    SIM AS VEZES NO

    O item melhor avaliado dentro da categoria Satisfao foi - Gosto do que eu

    fao na CAP: 96% dos respondentes indicaram que sim, o que demonstra grande

    identificao com o trabalho, sendo muito positivo dentro do contexto motivacional.

    Os demais itens apresentam variaes sendo apontado por um n. mais significativo

    de pessoas como na faixa negativa os itens relacionados a complexidade das

    tarefas e quantidade das atividades. Na mdia 15% das pessoas avaliaram na faixa

    negativa os aspectos relacionados Satisfao. Esse resultado positivo, mas

    possui oportunidades de melhorias, de forma a nivelar as questes, tornado mais

    consistentes as respostas entre aspectos correlacionados.

    Grfico 2.11 Satisfao

  • 41

    2.3.4 Avaliao Global dos Resultados

    Todos os grupos e categorias da pesquisa apresentados no item anterior

    esto relacionados a seguir de forma a demonstrar uma sntese dos resultados,

    indicando em que faixa cada um desses itens foram classificados. As faixas so as

    mesmas j apresentadas na anlise de cada item: Boa Condio e Melhoria

    Boa Condio Servios & Benefcios Segurana Comunicao Relacionamento Gerncia e Time Satisfao

    Melhoria Condies de Trabalho Recursos Humanos Administrao de Pessoal

    Os resultados indicam que as atividades relacionadas a administrao de

    pessoal, referindo-se no somente a dimenso abordada na pesquisa, mas gesto

    de recursos humanos, necessita de ser melhor estruturada. Os aspectos relativos s

    condies do ambiente de trabalho tambm necessitam de melhorias.

    A avaliao revelou-se positiva, considerando que a empresa no possui uma

    estratgia especfica direcionada para o desenvolvimento da Qualidade de Vida no

    Trabalho, mas sim, atividades relacionadas a Recursos Humanos, Qualidade e

    Segurana. De fato, a abordagem para avaliar e promover a satisfao do

    trabalhador, que em ltima anlise ultrapassa as questes definidas na pesquisa

    englobando outras categorias, est comeando a ser introduzida pela empresa.

    Entretanto, como h atividades bem estruturadas relacionadas participao e

    envolvimento dos trabalhadores e que sero detalhadas no prximo captulo, os

  • 42

    resultados foram positivos. Contudo, o desenvolvimento da QVT ainda no

    atividade estruturada na empresa.

    importante observar as limitaes da pesquisa. Como a pesquisa no

    objetivava a avaliao da QVT e sim o Clima Organizacional, a resposta para uma

    mesma questo poderia ser diferente, visto que ao fazer com que o funcionrio

    reflita sobre sua qualidade de vida no trabalho, outros referenciais e pesos poderiam

    ter sido utilizados para responder s questes, como por exemplo, a satisfao

    quanto a servios para promover a sade. Alm disso, a escala de respostas

    poderia ser mais variada, de modo a identificar particularidades sobre cada aspecto.

    Outro ponto, refere-se que a avaliao da QVT muito extensa, sendo necessrio

    estudos complementares, como o que ser feito a seguir, analisando os esforos e

    as Certificaes da Qualidade da empresa, relacionando-os com a QVT.

  • 43

    2.4 Esforos da Empresa para a Qualidade de Vida no Trabalho

    Baseado na proposio para identificar a relao entre os esforos da empresa

    e o grau de satisfao dos funcionrios apresentado por Frana (1996), sero

    descritos a seguir os principais esforos da empresa que esto relacionados a

    promoo da QVT e sua relao com a avaliao feita pelos funcionrios dos itens

    apresentados no captulo anterior para caracterizar o mapeamento da QVT. Essas

    informaes so baseadas em dados primrios, em entrevistas e vivncia na

    empresa.

    Esforos Organizacionais

    Sob este aspecto, destacam-se:

    O Programa de Sugesto e Ao: Programa no qual os funcionrios propem e implementam aes para melhoria de diversas categorias como qualidade,

    segurana, meio ambiente e produtividade. As idias implementadas recebem

    pontuao que so convertidas em prmios para o funcionrio que implementou a

    idia recebendo utenslios para casa e eletroeletrnicos. H grande participao dos

    funcionrios, especialmente a mo de obra direta. O programa iniciou em Setembro

    de 1999 e vem apresentado evoluo atravs da diferenciao da pontuao

    conforme o benefcio ou categoria da idia. A mdia de idias implementada em

    2000 por funcionrio no ano foi de 2,7. Esse programa um dos principais

    mecanismos para estimular a participao dos funcionrios, sendo referencial para

    outras unidades do grupo.

    Kaizen: Desde a implementao do programa em 1998 vem introduzindo importantes mudanas na empresa com o reestruturao das clulas produtivas,

    reduo de set up de mquinas, introduo de melhorias de qualidade, de

    segurana e de ergonomia, contribuindo para o aumento da produtividade, reduo

    das rejeies e melhores condies de trabalho. A metodologia tambm utilizada

    para a implementao de sistemas documentais como a QS 9000 em 1999 e

  • 44

    atualmente a ISO 14001. Com apoio da Gerncia, o programa envolve toda a

    empresa, na medida em que h rotatividade dos participantes. So formadas

    equipes de 5 a 20 pessoas que ficam dedicadas exclusivamente s atividades do

    kaizen durante 5 dias, perodo que eventualmente reduzido ou ampliado. O

    resultado apresentado gerncia e superviso da empresa, sendo o

    reconhecimento um forte estmulo para o trabalho. O programa possui grande

    envolvimento e participao dos funcionrios, sendo tambm um referencial para

    outras empresas.

    Plano de Participao nos Resultados- PLR: iniciado em 1998, est estruturado no atingimento de metas de diversos indicadores de qualidade,

    produo, vendas, recursos humanos, logstica entre outros. O plano vem

    incentivando os funcionrios, no somente no atingimento das metas, mas como

    fonte de informao e envolvimento dos funcionrios, sendo positivo para ambas as

    partes.

    Os Esforos Organizacionais possuem relao com as perguntas agrupadas na

    categoria Satisfao, apresentado no captulo anterior, e que aborda o aspecto

    envolvimento e reconhecimento dos funcionrios, entre outros itens. Essa categoria

    foi avaliada positivamente por n. expressivo de funcionrios (grfico 2.2 do item

    2.3.3).

    Esforos Biolgicos

    Sob este aspecto, destacam-se:

    Os Programas obrigatrios: Comisso Interna de Preveno de Acidentes - CIPA, Semana Interna de Preveno de Acidentes - SIPAT, Programa de Preveno

    de Riscos Ambientais - PPRA e Controle Mdico de Sade Ocupacional - PCSMO

    esto bem estruturados na empresa, especialmente a CIPA, que em conjunto com a

    rea de Segurana, vem obtendo resultados positivos na reduo de acidentes

    graves. Atualmente a empresa superou 500 dias sem acidentes com afastamentos.

    A pesquisa no abordou diretamente esses programas e sim o item Segurana

    dentro do grupo Condies de Trabalho do segundo bloco da pesquisa, sendo

  • 45

    avaliado por 88% dos respondentes como Bom e Muito Bom. No primeiro bloco da

    pesquisa, trs questes foram agrupadas na categoria Segurana (detalhes no item

    2.3.3), sendo que em mdia 78% das respostas ficaram na faixa positiva.

    Ambulatrio e Convnio Mdico: Em virtude dos problemas com convnio mdico, no final de 2000 a empresa adotou outro que ainda no est suprindo as

    necessidades dos funcionrios, o que aumentou a demanda dos servios do

    ambulatrio. H aes junto ao convnio para promover melhorias no atendimento.

    A pesquisa indicou que 91% e 61% dos respondentes consideraram como Bom e

    Muito Bom o Ambulatrio e o Convnio mdico respectivamente (grfico 2.4 do item

    2.3.3).

    Esforos Psicolgicos

    Sob este aspecto, destacam-se:

    Ferramentas de Avaliao de desempenho: Foi recentemente introduzido novos sistemas de avaliao de desempenho dividido em duas categorias:

    mensalistas e horistas. Entretanto, essas atividades ainda no esto plenamente

    desenvolvidas e as aes sob as avaliaes ainda no foram definidas e

    implementadas.

    Plano de Carreira: Tambm recentemente estruturado, est em fase de implementao, sendo que seu contedo foi parcialmente divulgado para os

    funcionrios.

    Treinamento e Desenvolvimento: H treinamentos especficos para mo de obra direta. Para a mo de obra indireta e mensalistas o treinamento feito

    conforme solicitao da gerncia da rea. Apesar da mudana de posicionamento

    para promoo do desenvolvimento de todos os grupos devido inclusive a requisito

    da ISO /TS 16949 (item que ser detalhado no prximo captulo), ainda h

    predomnio de treinamentos com foco operacional. As conseqncias podem ser

    constadas na empresa como problemas de desmotivao do pessoal administrativo

    com relao a potencial de crescimento e desenvolvimento na empresa.

  • 46

    Gesto do Clima Organizacional: Se considerarmos a misso dos gestores de recursos Humanos apontada por Frana (1996) como a de criar um clima propcio

    motivao e ao desenvolvimento das pessoas, e baseado em avaliao feita sobre o

    grupo Recursos Humanos indicada anteriormente na pesquisa, pode-se afirmar que

    a empresa cumpri parcialmente essa misso, faltando instrumentos direcionados

    para promov-la. A pesquisa de Clima Organizacional faz parte desse trabalho, mas

    ainda no foram implementadas aes referentes aos resultados da pesquisa. Esta

    foi um dos mecanismos adotados pela empresa para avaliar a satisfao dos

    funcionrios, conforme requisito da ISO/TS 16.949.

    Na categoria Recursos Humanos da pesquisa grfico 2.5 do item 2.3.3, foram

    avaliados alguns dos esforos psicolgicos, sendo classificados como razovel e

    ruim por mais de 36% dos respondentes, o que vem demonstrar necessidade de

    melhor estruturar essas atividades.

    Esforos Sociais Sob este aspecto, destacam-se:

    Atividades de Lazer: A empresa possui rea de lazer, com quadras de futebol e vlei e grmio recreativo. Entretanto, as atividades no possuem

    diferenciao / estruturao. Apenas na festa de confraternizao de final de ano h

    um foco para promoo de lazer para os funcionrios.

    Farmcia: H convnio com farmcia que entrega de forma rpida e com descontos medicao e perfumaria, sendo o servio muito utilizado pelos

    funcionrios

    Outros: H na empresa servios de compra / financiamento de veculos GM, servios bancrios, brinquedos para os filhos dos funcionrios e desjejum.

    As atividades descritas nos esforos sociais, foram contempladas na

    categoria Servios & Benefcios da pesquisa grfico 2.4 do item 2.3.3, sendo

    avaliados por n. expressivo dos respondentes como Bom ou Muito Bom.

    A avaliao buscou identificar os principais esforos para promoo da QVT

    dentro na CAP, sendo detalhadas as atividades que se destacam positiva ou

    negativamente, no pretendendo abranger todo o sistema devido extenso e

  • 47

    complexidade do mesmo. Outros aspectos como atendimento s rotinas,

    administrao de salrios e fornecimento de cesta bsica fazem parte das rotinas

    administrativas / benefcios mas com pouca diferenciao. H tambm atividades

    que a empresa no possui como ginstica e previdncia privada.

    2.4.1 Avaliao Global dos Esforos Relacionados a QVT

    Assim como apresentado para os resultados da pesquisa, a seguir est

    sntese dos esforos da empresa relacionados a QVT classificados em duas faixas:

    Positiva e Melhoria.

    Esforos Sociais Esforos Biolgicos Esforos Organizacionais Esforos Psicolgicos Os resultados so positivos, mostrando que as atividades que a empresa

    desenvolve esto bem estruturadas e conduzidas. Esforos psicolgicos esto na

    faixa de melhoria como indicado na pesquisa. Esforos biolgicos e sociais, apesar

    de terem sido apontados por n. significativo de pessoas na faixa positiva na

    pesquisa, possuem oportunidades de melhorias como por exemplo, introduo de

    ginstica e atividades de lazer melhor estruturadas.

    Melhoria

    Positiva

  • 48

    2.5 A Evoluo do Sistema da Qualidade na CAP - Indstria e Comrcio

    2.5.1 Histrico

    As certificaes do Sistema da Qualidade da CAP - Indstria e Comrcio

    tiveram incio em meados de 1996 com a introduo de uma nova linha de produtos,

    sendo a certificao ISO 9000 um requisito mandatrio para o incio do

    fornecimento. Em tempo recorde a nova fbrica foi instalada e certificada ISO 9002

    em Junho de 1996.

    Em 1998 a CAP iniciou a venda de servios para terceiros, o que gerou a

    necessidade de ampliao do escopo, com a incluso da rea na certificao ISO

    9002, realizada em uma das auditorias semestrais de manuteno em Agosto de

    1998.

    O sucesso do trabalho realizado para a certificao da diviso de Servios,

    obtida com zero no conformidade durante o processo de auditoria, motivou ento

    uma corrida para a extenso gradativa do escopo de certificao e upgrade da

    norma aplicada. Desta forma, sucedeu-se uma srie de certificaes obtidas a cada

    auditoria semestral de manuteno realizada.

    Em fevereiro de 1999 foi ampliada a certificao ISO 9002 para toda a rea

    de Montagem e Teste, incluindo assim todas as linhas de produtos.

    Apenas cinco meses depois foi superado um grande desafio: upgrade para a

    norma ISO 9001, incluindo assim as reas de desenvolvimento de projeto e

    ampliao do escopo da certificao para toda a linha de usinagem,

    compreendendo mais de 15 clulas produtivas. A planta foi recomendada para a

    certificao em Junho de 1999 no encerramento da auditoria realizada novamente

    sem a identificao de nenhuma no conformidade.

    Ainda em 1999 iniciaram-se os trabalhos para superar um desafio ainda

    maior: obter a certificao QS 9000 em um perodo de sete meses. A abordagem

    tradicional, alm de demorada, no envolveria a organizao da forma desejada e

    demandaria recursos extras, proibitivos na poca devido s dificuldades pelas quais

  • 49

    passava a empresa naquele perodo. Assim, desenvolve-se uma nova metodologia

    para implementao da norma.

    Inspirado no processo Kaizen, utilizado na poca pela empresa para a

    realizao de melhorias drsticas na manufatura em perodos extremamente curtos

    (Semana Kaizen), a empresa desenvolveu uma metodologia prpria para a

    implementao de Sistemas da Qualidade que passou a chamar-se Semana QS.

    A norma QS 9000 foi ento dividida em subgrupos de elementos

    correlacionados para a abordagem com a nova metodologia.

    Em um perodo definido, de uma semana, reunia-se um time com a

    participao de representantes de todos os setores envolvidos com cada um dos

    subgrupos de elementos especficos da QS 9000 a ser implementado. O time tinha

    ento a responsabilidade de redefinir e formalizar rotinas e mtodos de trabalho de

    modo a adequar o Sistema da Qualidade aos requisitos da norma. As propostas

    eram submetidas a anlise critica pelos Gerentes das reas afetadas e uma vez

    aprovadas, eram implementadas imediatamente.

    Os participantes de cada time de trabalho desenvolveram um sentido de

    propriedade pelo elemento implementado e pelo processo de certificao como um

    todo, tornando-se um multiplicador do conhecimento. Os indicadores da qualidade

    retrataram a melhoria nos processos. As mudanas foram perceptveis aps cada

    evento, indicando a toda a empresa o sucesso do processo de mudana. O

    pensamento voltado qualidade consolidou-se na organizao.

    A metodologia atingiu seus objetivos: em fevereiro de 2001 obteve-se o

    certificado QS 9000 pelo BVQI. O prazo para obteno da certificao QS 9000 foi

    reduzido em aproximadamente a metade do previsto para implementar o sistema por

    meios convencionais dada a limitao dos recursos disponveis.

    Alm das certificaes de 3 parte, obteve-se durante este perodo a

    certificao de 2 parte (auditoria do cliente) na norma EAQF-94 em setembro de

    1998 e, a certificao na norma VDA 6.1 em novembro de 1999.

    A partir deste momento a cultura da qualidade j estava disseminada por toda

    a organizao. O processo de certificao e a metodologia utilizada para a

  • 50

    implementao do sistema havia contribudo para o aprofundamento desta cultura. A

    empresa estava preparada para o novo desafio: obter a certificao ISO/TS 16.949.

    2.5.2 A Certificao ISO/TS 16.949 Visando obter os benefcios que a implementao da ISO/TS 16.949 poderia

    trazer e considerando a importncia da mesma para fortalecer e desenvolver os

    negcios, iniciaram-se os trabalhos para certificao em Agosto de 2000 logo aps a

    auditoria de manuteno da QS 9000.

    O trabalho foi desenvolvido em duas vertentes: uma promovendo a melhoria e

    correo do sistema QS 9000 recentemente implementado, j que a ISO/TS tem

    muitas similaridades com aquela; e outra vertente identificando cada item adicional

    da ISO/TS com relao a QS 9000.

    Foram atribudos responsveis e prazos para cada item que deveria ser

    implementado sendo feito um monitoramento desse processo de forma

    praticamente contnua at a certificao.

    Como j havia uma cultura com relao aos mecanismos para promover a

    qualidade dos produtos e processos da empresa, no foi encontrado dificuldades em

    envolver e obter o comprometimento das pessoas. A maior dificuldade estava no

    tempo visto que a empresa estava envolvida com diversos projetos e que o tempo

    para implementao tambm era limitado. Outro aspecto que contribuiu foi o da

    empresa j ter sistemticas implementadas atendendo aos requisitos das normas

    EAFQ-94 e VDA 6.1.

    Foi dada ateno especial aos itens mais crticos, como a sistemtica de

    APQP e CEP que foram totalmente revisadas, com definio de grupos

    responsveis por esses assuntos. Todo o processo foi direcionado no apenas

    visando atender aos requisitos da ISO/TS mas tambm, de modo a assegurar que

    as atividades propostas fossem de fato cumpridas e que contribussem efetivamente

    para melhorias.

    No incio de Fevereiro de 2001 a empresa foi auditada e recomendada para a

    Certificao ISO/TS 16.949 no encerramento da auditoria sendo seguramente uma

    das pioneiras na Amrica Latina e no grupo CAP.

  • 51

    A Figura 2.1 mostra a evoluo das Certificaes da empresa, onde o grande

    envolvimento de todos e a definio clara dos objetivos foram fundamentais. O

    prximo desafio o de implementar a ISO 14.001.

    Figura 2.1 - Evoluo das Certificaes da CAP

  • 52

    2.6 Contribuio das Certificaes para QVT na CAP

    Afim de implementar e manter a Certificao ISO/TS 16.949, assim como as

    anteriores, foram estruturados grupos e pessoas responsveis por atividades. Isso

    implica que as pessoas passam a pertencer a um rede de influncia operacional,

    cognitiva, afetiva e organizacional, estimulando a participao e envolvimento das

    pessoas. Nesse ponto, o estabelecimento desses grupos e atividades vem promover

    a QVT na medida que pode tornar-se um meio de satisfao das necessidades de

    motivacionais apontadas por Maslow e Herberg.

    Um benefcio significativo obtido com as certificaes e especialmente com a

    ISO/TS 16.949 foi a elevao do nvel de qualificao e competncia dos

    funcionrios envolvidos direta ou indiretamente com o sistema da qualidade. A

    qualificao foi resultado de um processo intensivo de treinamento na documentao

    criada, o que ampliou o conhecimento dos funcionrios em relao ao

    funcionamento da organizao. Esse processo de qualificao foi acompanhado por

    uma alterao nas relaes entre operrios e superviso. Na medida em que o

    sistema da qualidade exigia maiores atribuies aos operrios, abria a oportunidade

    de avaliao, questionamento e influncia positiva em relao ao processo

    produtivo, ao sistema da qualidade e a outras funes da empresa. Baseados nessa

    oportunidade de ao e na longa experincia da maioria, os operrios modificaram

    seu comportamento, adquirindo uma postura pr-ativa.

    Um benefcio interessante obtido com a implantao e certificao do sistema

    da qualidade, desde a ISO 9002 at a ISO/TS 16.949, refere-se ao desempenho

    junto aos clientes. Utilizando as ferramentas de correo e melhoria contidas no

    sistema da qualidade, muitos dos problemas dos produtos foram sanados, como

    tambm suas causas foram eliminadas. Esse desempenho teve impacto

    mercadolgico positivo, uma vez que proporcionou a ampliao de negcios com

    diversos clientes, proporcionando melhor retorno econmico para a organizao e

    incentivo para os funcionrios na medida que esse resultado funciona como um

    feedback positivo para os funcionrios sobre a qualidade e importncia de suas

    atividades.

  • 53

    Houve um intenso processo de capacitao de funcionrios, aumentando em

    paralelo o nvel de satisfao destes com suas atividades. Do ponto de vista do

    cliente, foi fornecido um produto de qualidade compatvel com as mais rigorosas

    expectativas e a empresa demonstrou capacidade e agilidade para reagir a

    eventuais problemas. Finalmente, a melhoria do desempenho da organizao

    contribuiu para a estabilidade da comunidade em que a empresa est inserida.

    Veja alguns pontos contemplados na QS 9000 e ISO/TS 16.649, pontos que

    no foram abordados na srie ISO 9000 e que esto relacionados a promoo da

    QVT.

    Trabalho em grupo - h exigncias de trabalhos em grupos, com tratamento de interfaces organizacionais e abordagem multidisciplinar para

    gerenciamento de atividades nas fases de desenvolvimento, prottipo e

    produo;

    Estmulo ao desenvolvimento de tcnicas e conhecimentos especficos, promovendo a capacitao das pessoas;

    Tratamento de treinamento como assunto estratgico; Promoo de atividades para encorajamento e motivao do pessoal para a

    qualidade;

    Realizao de avaliao do grau de satisfao dos colaboradores (Pesquisa de Clima Organizacional);

    Atendimento s regulamentaes governamentais de segurana e do meio ambiente.

  • 54

    3. CONCLUSES

    A promoo da Qualidade de Vida no Trabalho um assunto estratgico

    para as empresas como foi demonstrado atravs da reviso da literatura: os

    impactos da baixa qualidade de vida do trabalhador nas atividades da empresa so

    conhecidos como baixa produtividade, elevado ndices de rotatividade, elevados

    custos de assistncia mdica, entre muitos outros. De outro lado, as pessoas esto

    cada vez mais exigentes com as condies de trabalho, resgatando valores sobre o

    a importncia do trabalho em suas vidas e os impactos que ele pode ter.

    Os objetivos da empresa na busca de resultados, melhorias da produtividade

    e qualidade podem ser alcanados tendo como base uma estrutura que promova a

    qualidade de vida do trabalhador, ou seja, mecanismos para atender as

    necessidades de satisfao, promoo da sade e segurana dos funcionrios.

    Neste contexto as Certificaes de Qualidade, e mais especificamente, a ISO/TS

    16.949, atravs de seus requisitos e do envolvimento que exige das pessoas e da

    organizao, vem promover a qualidade de vida dentro das empresas, como foi

    observado no estudo de caso da CAP - Indstria e Comrcio.

    Apesar de no ter uma estratgia especfica para promoo da Qualidade de

    Vida no Trabalho, foi constatado, atravs da pesquisa de clima organizacional, dos

    esforos da empresa relacionados a QVT e da anlise das Certificaes de

    Qualidade, que h atividades bem estruturadas na empresa e que colaboram

    positivamente para o nvel de satisfao e envolvimento dos funcionrios. So

    exemplos a avaliao positiva dos funcionrios sobre a clareza e confiabilidade das

    informaes, o relacionamento entre gerncia e seu time, os esforos

    organizacionais como o kaizen e a prpria certificao ISO/TS 16.949 com a

    promoo do desenvolvimento de atividades e das pessoas. Entretanto, h

    atividades como a gesto de recursos humanos que podem ser melhor

    desenvolvidas, no sentido de promover a satisfao e a qualidade de vida dos

    funcionrios.

  • 55

    A avaliao tanto da pesquisa como dos esforos possui limitaes: a

    pesquisa foi destinada avaliao do Clima Organizacional e no da QVT

    diretamente, alm das limitaes inerentes prpria natureza da pesquisa. Foram

    apresentados os principais esforos relacionados a QVT no pretendendo abranger

    todo o sistema devido a extenso e complexidade do mesmo.

    Finalmente, observo que o papel da empresa em desenvolver a Qualidade de

    Vida no Trabalho vai alm dos objetivos de qualidade e produtividade, promovendo

    a humanizao do trabalho.

    7

  • 56

    4. BIBLIOGRAFIA

    FRANA, A.C.L. Indicadores Empresariais de Qualidade de Vida: esforo

    empresarial e satisfao dos empregados no ambiente de manufaturas com

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    Enfoque da Liderana Situacional. Florianpolis. UFSC, 1996.