Fibras Ópticas

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FIBRA ÓPTICA Allison Bastos César Henrique de Oliveira Pereira Eduardo Assis Rocha Jacqueline dos Santos Marques Freitas João Paulo Alves dos Santos Luiz Carlos Campos Monografia da Disciplina Princípios de Telecomunicações do Programa de Engenharia de Telecomunicações, orientada Pelo Prof. M. Sc. Paulo Tibúrcio Pereira CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES

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Conteúdo sobre fibras óticas.

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Page 1: Fibras Ópticas

FIBRA ÓPTICA

Allison BastosCésar Henrique de Oliveira PereiraEduardo Assis RochaJacqueline dos Santos Marques FreitasJoão Paulo Alves dos SantosLuiz Carlos Campos

Monografia da Disciplina Princípios de Telecomunicaçõesdo Programa de Engenharia de Telecomunicações, orientada

Pelo Prof. M. Sc. Paulo Tibúrcio Pereira

UNIBHBelo Horizonte

2004

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES

Page 2: Fibras Ópticas

ÍNDICE

Pagina

1.0 Introdução 5

2.0 História 6

2.1 História da Fibra Óptica Mundial 6

2.2 História da Fibra Óptica no Brasil 11

3.0 Regulamentação 13

3.1 Normas Técnicas 13

3.1.1 Normas para Cabeamento Estruturados

Fibra Óptica

13

4.0 Introdução sobre ondas 14

4.1 Reflexão e Refração 14

4.2 Lei de Snell 16

4.3 Estrutura da fibra óptica 22

4.4 Tipos de fibra Óptica 24

4.4.1 Fibras Multimodo (MMF Multimode Fiber) 24

4.4.1.1 Multimodo de Índice Degrau 25

4.4.1.2 Multimodo de Índice Gradual 26

4.4.2 Fibras Monomodo (SMF Single Mode Fiber) 27

4.2 Reflexão Interna Total 28

5.0 Fabricação da Fibra Óptica 31

5.1.1 - Fabricação de uma preforma de vidro 32

5.1.1.1 PVCD (Plasma Chemical Vapour

Deposition)

33

5.1.1.2 OVD (Outside Vapour Deposition) 34

5.1.1.3 VAD (Vapour Axial Deposition) 35

5.1.2 Puxamento de uma preforma em uma torre

de puxamento

36

1

Page 3: Fibras Ópticas

5.1.3 Testes das fibras puxadas 38

6.0 Emendas Ópticas 39

6.1 Processo de Emenda 40

6.1.1 Limpeza 40

6.1.2 Decapagem 40

6.1.3 Clivagem 40

6.2 Atenuações em Emendas Ópticas 41

6.2.1 Fatores Intrínsecos 41

6.2.2 Fatores Extrínsecos 42

6.2.3 Fatores Refletores 42

6.3 Tipos de Emendas Ópticas 42

6.3.1 Emenda por Fusão 43

6.4 Emenda Óptica Mecânica 44

6.5 Emenda Óptica por Conectorização 45

6.6 Perdas por Atenuações 46

6.6.1 Emendas Ópticas 46

6.6.2 Conectores 47

7.0 Atenuação 47

7.1 Absorção 48

7.1.1 Absorção material 48

7.1.2 Absorção do íon OH¯ 49

7.1.3 Absorção Mecânica 49

7.2 Espalhamento 51

7.3 Propriedades das Fibras Óticas 52

7.3.1 Imunidade a Interferências 52

7.3.2 Ausência de diafonia 52

7.3.3 Isolação elétrica 53

7.4 Dispersão 53

7.4.1 Dispersão Modal 53

7.4.2 Disperção Cromática 54

2

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7.4.2.1 Disperção Material 54

7.4.2.2 Disperção de guia de onda 55

8.0 As Vantagens da utilização de Fibras Ópticas 55

8.1 Banda passante potencialmente enorme 56

8.2 Perda de transmissão muito baixa 57

8.3 Imunidade a interferências e ao ruído 58

8.4 Isolação elétrica 59

8.5 Pequeno tamanho e peso 59

8.6 Segurança da informação e do sistema 60

8.7 Custos potencialmente baixos 61

8.8 Alta resistência a agentes químicos e

variações de temperatura

61

9.0 Desvantagens 62

9.1 Fragilidade das fibras ópticas sem

encapsulamentos

62

9.2 Dificuldade de conexão das fibras ópticas 62

9.3 Acopladores tipo T com perdas muito altas 62

9.4 Impossibilidade de alimentação remota de

repetidores

62

9.5 Falta de padronização dos componentes

ópticos

63

10. Aplicações da Fibra Óptica 63

10.1 Fibras Ópticas na Instrumentação 63

10.1.1 Sensores 63

10.1.2 Emprego de Fibras Ópticas na construção

de sensores:

64

10.1.3 Exemplos de sensores construídos com

Fibras Ópticas:

64

10.2 Sistemas de Comunicações 65

10.3 Rede Telefônica 65

3

Page 5: Fibras Ópticas

10.4 Rede Digital de Serviços Integrados

(RDSI)

66

10.5 Cabos Submarinos 66

10.6 Uso de Fibras Ópticas na Medicina: 67

10.7 Laser de Fibra 67

10.8 Uso de Fibras Ópticas em Telecomunicações 68

10.9 Comunicações 69

10.10 Redes Locais de Computadores 70

10.11 Televisão por Cabo (CATV) 72

10.12 Sistemas de Energia e Transporte 73

10.13 Aplicações da Fibra Óptica para fins

Militares

73

10.14 Aplicações Específicas 74

11.0 Atualidades 75

11.1 Mercado Brasileiro 75

11.2 Aplicações futuras 76

12.0 Conclusão 79

13.0 Referências Bibliográficas 80

1.0 Introdução

4

Page 6: Fibras Ópticas

Quando ouvimos falar sobre comunicação óptica, logo

associamos o assunto ao uso de fibra óptica. A comunicação

utilizando fibra óptica é realizada através do envio de um

sinal de luz codificado, dentro do domínio de freqüência do

infravermelho, 1012 a 1014 Hertz, a fibra óptica é um

filamento de vidro transparente e com alto grau de pureza.

É tão fino quanto um fio de cabelo, podendo carregar

milhares de informações digitais a longas distâncias sem

perdas significativas. Ao redor do filamento existem outras

substâncias de menor índice de refração, que fazem com que

os raios sejam refletidos internamente, minimizando assim

as perdas de transmissão. Os sistemas de comunicações

baseados em fibra ópticos utilizam lasers ou dispositivos

emissores de luz (LEDS). Esses últimos são preferidos por

serem mais eficientes em termos de potência, e devido a sua

menor largura espectral, que reduz os efeitos de dispersão

na fibra. Além disso, as fibras ópticas são imunes a

interferências eletromagnéticas e a ruídos por não

irradiarem luz para fora do cabo.

Sempre que falamos ao telefone, assistimos à TV a cabo,

navegamos na Internet ou realizamos uma endoscopia

digestiva utilizamos tecnologia associada às fibras

ópticas.

As vantagens da utilização da fibra ópticas são:

Imunidade a interferências, grande capacidade transmissão,

ausência de ruídos, isolação elétrico, pequeno tamanho e

peso, sigilo de comunicação.

5

Page 7: Fibras Ópticas

Ao longo desse trabalho será possível se conhecer um pouco

mais sobre essa tecnologia, de uma maneira pratica e

objetiva, além de entender porque as fibras ópticas vêm

pouco a pouco substituindo a utilização dos cabos nas

telecomunicações.

2.0 História

2.1 História da Fibra Óptica Mundial

Os primeiros experimentos utilizando fibra óptica ocorreram

em 1930 na Alemanha, mas as pesquisas sobre suas

propriedades e características se iniciaram por volta de

1950. Hoje, as fibras ópticas são largamente utilizadas e

representam uma revolução na transmissão de informações.

Hoje em dia, as fibras ópticas utilizadas em sistemas podem

operar com taxas de transmissão que chegam até 620 Mbps.

Apenas para dar uma idéia de grandeza, esta taxa é

aproximadamente dez mil vezes a taxa dos modems comumente

utilizados pela maioria dos usuários da Internet.

Figura 1 – Filamentos de Fibra óptica [1]

6

Page 8: Fibras Ópticas

Figura 2 – Linha do Tempo [1]

Século VI a.C: Os esquilos informaram aos Argos da

queda de Tróia por meio de uma cadeia de sinais de

fogo.

Século II a.C: Polibio propôs um sistema de

transmissão do alfabeto grego por meio de sinais de

fogo (dois dígitos e cinco níveis (52=25 códigos).

100 a.C: Vidros de qualidade óptica somente apareceram

após o surgimento dos famosos cristais venezianos, na

época da Renascença. Os princípios da fibra óptica são

conhecidos desde a Antigüidade e foram utilizados em

prismas e fontes iluminadas.

200 D.C: Heron da Alexandria estudou a reflexão.

1621: Willebrod Snell descobriu que quando a luz

atravessa dois meios, sua direção muda (refração).

1678: Christian Huygens modela a luz como onda.

1791: Claude Chappe inventou o Semaphore, sistema de

comunicação visual de longas distâncias através de

braços mecânicos, instalados no alto de torres

(velocidade de 1 bit por segundo)

1800: O Sr. William Herschel descobriu a parte

infravermelha do espectro.

7

Page 9: Fibras Ópticas

1801: Ritter descobre a parte ultravioleta do

espectro.

1830: Telégrafo com código Morse (digital) chegava a

alcançar mil km, o equivalente a velocidade de 10 bits

por segundo, com os repetidores.

1864: O físico teórico escocês, James C. Maxwell

(1831-1879), criou o termo campo eletromagnético após

a publicação da sua teoria eletromagnética da luz.

1866: Primeira transmissão transatlântica de

telégrafo.

1870: John Tyndal (1820-1893) mostrou a Royal Society

que a luz se curva para acompanhar um esguicho d’água,

ou seja, pode ser guiada pela água.

1876: Invenção do telefone analógico por Graham Bell

1880: O engenheiro William Wheeler, recebeu uma

patente pela idéia de “conduzir” intensas fontes de

luz para salas distantes de um prédio. O escocês

naturalizado americano, Alexander Graham BELL (1847-

1922), inventou o Photophone, um sistema que

reproduzia vozes pela conversão de luz solar em sinais

elétricos (telefone óptico).

1926: John L. Baird patenteia uma TV a cores primitiva

que utilizava bastões de vidro para transportar luz.

1930: Lamb realizou primeiros experimentos de

transmissão de luz através de fibras de vidro,

Alemanha.

1940: O primeiro cabo coaxial transporta até 300

ligações telefônicas ou um canal de TV.

1950: Brian O´BRIEN do American Optical Company e

Narinder Singh Kanpany , físico indiano do Imperial

College of Science and Technology de Londres,

desenvolveram fibras transmissoras de imagens, hoje

conhecidas por Fiberscopes.

8

Page 10: Fibras Ópticas

1956: O físico indiano Narinder Singh Kanpany inventa

a fibra óptica: desenvolveram a idéia de uma capa de

vidro sobre um bastão fino de vidro para evitar a

“fuga” da luz pela superfície.

1958: Arthur Schwalow e Charles Townes inventam o

laser.

1960: Theodore Maiman, do Hughes Labs (EUA), construiu

o primeiro laser a cristal de rubi.

1961: Javan e colaboradores construíram o primeiro

laser a gás HeNe, para a região do infravermelho (1150

nm). Em 1962 surge o laser HeNe para 632,8 nm.

1962: Foi inventado o primeiro fotodetector PIN de

silício de alta velocidade (EUA).

1966: Charles Kao e A. Hockham do Standard

Communication Laboratory (UK), publicaram um artigo

propondo fibras ópticas como meio de transmissão

adequado se as perdas fossem reduzidas de 1000 para 20

dB/km.

Início da corrida mundial pela fibra de menor

atenuação !!!

1968: Primeiro diodo laser com dupla heteroestrutura,

DHS, (EUA).

1970: Kapron e Keck quebram a barreira dos 20 dB/km

produzindo uma fibra multimodo com 17 dB/km em 632,8

nm (Corning Glass Works, USA).

1972: Novamente, Corning Glass lança uma fibra

multimodo com 4 dB/km.

1973: Um link telefônico de fibras ópticas foi

instalado no EUA.

1976: O Bell Laboratories instalou um link telefônico

em de 1 km em Atlanta e provou ser possível o uso da

fibra para telefonia, misturando técnicas

convencionais de transmissão. O primeiro link de TV a

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Page 11: Fibras Ópticas

cabo com fibras ópticas foi instalado em Hastings

(UK). A empresa Rank Optics em Leeds (UK) fabrica

fibras de 110 nm para iluminação e decoração.

1978: Começa, em vários pontos do mundo, a fabricação

de fibras ópticas com perdas menores do que 1,5 dB/km,

para as mais diversas aplicações.

1979: MYA e colaboradores, Japão, anunciam a primeira

fibra monomodo (SMF) com 0,20 dB/km em 1550 nm.

1981: Ainslie e colegas (UK) demonstram a SMF com

dispersão nula em 1550 nm.

1983: Introduzida a fibra monomodo com dispersão nula

em 1310 nm – G652.

1985: Introduzida a fibra monomodo de dispersão

deslocada (DS) – G653.

1988: Operação do primeiro cabo submarino, TAT-8,

entre EUA, França e Inglaterra.

1989: Introdução comercial dos amplificadores ópticos

dopados com érbio.

1994: Introduzida a fibra de dispersão nula (NZD) em

1500 nm – G655.

2001: A fibra óptica movimenta cerca de 30 bilhões de

dólares a cada ano.

2004: As pesquisas avançam em direção à caracterização

e fabricação de fibras fotônicas.

2.2 História da Fibra Óptica no Brasil

Unicamp foi à primeira instituição brasileira a pesquisar

as fibras ópticas. O Grupo de Fibras Ópticas do Instituto

de Física Gleb Wataghin foi formado em 1975 para

desenvolver o processo de fabricação de fibras e formar

recursos humanos nesta área.

10

Page 12: Fibras Ópticas

Figura 3 – Pesquisadores no Laboratório de Comunicações Ópticas [1]

Dos laboratórios do IFGW saíram às primeiras fibras ópticas

fabricadas no país e foram desenvolvidas várias técnicas de

caracterização das fibras. Este desenvolvimento foi

transferido, juntamente com as pessoas treinadas, para o

CPQD – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em

Telecomunicações (empresa pertencente à holding das

Empresas de Telecomunicações – a Telebrás) onde continuou-

se com a construção de uma planta piloto para fabricação,

bem como otimização do processo. O CPQD transferiu a

tecnologia para as empresas ABC-Xtal, Bracel, Avibrás,

Pirelli e Sid, que hoje produzem a maior parte das fibras

utilizadas no Brasil. Acopladores por fusão a fibra, que

servem para juntar os núcleos duas ou mais fibras,

desenvolvidos nos laboratórios do grupo foram repassados ao

CPQD, juntamente com os recursos humanos. Esta tecnologia

foi transferida para as empresas AGC-Optosystems e AsGa.

Essas empresas exportam produzem os acopladores para o

mercado nacional e para exportação.

11

Page 13: Fibras Ópticas

As pesquisas do grupo foram cada vez mais sendo

desenvolvidas em assuntos de fronteira, avaliando e

explorando tecnologias emergentes, e realizando atividades

de pesquisa que fossem temas de teses de doutoramento.

Desenvolveu-se, assim, os primeiros amplificadores a fibra

dopada com Érbio no país, processos originais de fabricação

de vidros especiais, técnicas de óptica não linear e de

lasers de pulsos ultra-curtos para o estudo de fenômenos

ultra-rápidos.

Dadas as atividades desenvolvidas nos últimos anos, o grupo

passou a ser chamado de Grupo de Fenômenos Ultra-Rápidos e

Comunicações Ópticas. Este grupo é pioneiro no Brasil na

área de fenômenos ultra-rápidos e conta hoje com um

laboratório de femtossegundos que é um dos melhores

equipados no mundo.

É grande a experiência do grupo na fabricação de vidros

ópticos; desenvolvimento de processos originais de

fabricação de vidros cerâmicos e de vidros dopados com

quantum dots semicondutores. Esses vidros que são

promissores para aplicações em chaves fotônicas. O grupo

lidera também a área de dispositivos de óptica integrada em

vidros. [1]

3.0 Regulamentação

3.1 Normas Técnicas

O que é uma norma?

Uma norma é um grau ou nível de exigência, é uma

excelência, um objetivo para promover interoperabilidade e

12

Page 14: Fibras Ópticas

confiabilidade em sistemas estruturados. As normas para

cabeamento estruturado definem um sistema geral para redes

de telecomunicações, criando um ambiente heterogêneo.

Essas normas nasceram com a necessidade de padronizar

soluções para sistemas de cabeamento de telecomunicações

que pudesse abrigar equipamentos de vários fabricantes.

Existem organizações responsáveis pela elaboração e

coordenação de padrões usados pela indústria, governo e

outros setores.

Vamos citar apenas os órgãos que interferem na Fibra

óptica.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANSI – American National Standards Institute

EIA – Electronic Industries Alliance

TIA – Telecommunications Industry Association

3.1.1 Normas para Cabeamento Estruturado Fibra Óptica

ANSI/EIA/TIA TSB72 – Guia para gerenciamento centralizado

de dispositivos de fibra óptica

A intenção deste boletim e especificar conjunto de

diretrizes para administrar sistemas de fibra ópticas no

ambiente da sala de equipamentos utilizando sistema de

racks e armários de telecomunicações.

Data: Publicado 1992, parte 568ª, desde outubro de 1995.

ANSI/EIA/TIA 526-14 – Especificações técnicas para medidas

ópticas multimodo

Este documento especifica procedimentos usados para medir

um link de fibra óptica multimodo, incluindo terminações,

componentes passivos, fontes de luz, calibração e

interpretação de resultados.

13

Page 15: Fibras Ópticas

Data: Publicado 1998.

ANSI/EIA/TIA 526-7 – Especificações técnicas para medidas

ópticas monomodo

Tem a mesma função do documento anterior, só que para

fibras monomodo.

Data: Atualmente em votação na EIA/TIA.

ANSI/EIA/TIA 568 – Componentes para Cabeamento de fibra

óptica

Esta norma especifica os requerimentos mínimos para

componentes de fibra óptica, tais como cabos, conectores,

hardware de conexão, patch cords e equipamento de teste de

campo. Cabos 50/125µm multimodo e monomodo são

reconhecidos. [5]

4.0 Introdução sobre ondas

4.1 Reflexão e Refração

Em 1952, o físico Narinder Singh Kapany, com base nos

estudos efetuados pelo físico inglês John Tyndall de que a

luz poderia descrever uma trajetória curva dentro de um

material (no experimento de Tyndall esse material era

água), pode concluir suas experiências que o levaram à

invenção da fibra óptica. A fibra óptica é um excelente

meio de transmissão utilizado em sistemas que exigem alta

largura de banda, tais como: o sistema telefônico,

videoconferência, redes locais (LANs), etc. Há basicamente

duas vantagens das fibras ópticas em relação aos cabos

metálicos: A fibra óptica é totalmente imune a

14

Page 16: Fibras Ópticas

interferências eletromagnéticas, o que significa que os

dados não serão corrompidos durante a transmissão. Outra

vantagem é que a fibra óptica não conduz corrente elétrica,

logo não haverá problemas com eletricidade, como problemas

de diferença de potencial elétrico ou problemas com raios.

O princípio fundamental que rege o funcionamento das fibras

ópticas é o fenômeno físico denominado reflexão total da

luz. Para que haja a reflexão total a luz deve sair de um

meio mais para um meio menos refringente, e o ângulo de

incidência deve ser igual ou maior do que o ângulo limite

(também chamado ângulo de Brewster). [4]

Figura 4 – Exemplo de fibra óptica [4]

Para ter uma idéia dos dois fenômenos imagine uma pessoa à

beira de um lago de águas calmas e límpidas. Se ela olhar

próximo a seus pés possivelmente verá os peixes e a

vegetação em baixo da água. Se, ao contrário, observar a

outra borda do lago verá refletido na água as imagens de

árvores ou outros objetos lá localizados. Porque a água e o

ar possuem índices de refração diferentes, o ângulo que um

observador olha a água influencia a imagem vista. [1]

4.2 Lei de Snell

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Page 17: Fibras Ópticas

A Figura 8 mostra um feixe de luz interceptado por uma

superfície plana de vidro. Parte da luz incidente é

refletida pela superfície, isto é, se propaga, em feixe,

para fora da superfície, como se tivesse se originado

naquela superfície. A outra parte é refratada, isto é, se

propaga como um feixe através da superfície para dentro do

vidro. A menos que o feixe incidente seja perpendicular ao

vidro, a luz sempre muda a direção de sua trajetória quando

atravessa uma superfície, por isso, dizemos que o feixe

incidente é “desviado” na superfície.

Com base na figura, vamos definir algumas grandezas

utilizadas e iremos representar os feixes incidente,

refletido e refratado como raios, que são linhas retas

traçadas perpendicularmente às frentes de onda, que indicam

a direção do movimento dessas ondas. O ângulo de incidência

Ø1 o ângulo de reflexão Ø1’ e o ângulo de refração Ø2 ,

também estão sendo mostrados. Observe que cada um desses

ângulos é medido entre a normal à superfície e o raio

correspondente. O plano que contém o raio incidente e a

normal à superfície é chamado de plano de incidência. Na

Figura, o plano de incidência é o plano da página.

Observamos experimentalmente que a reflexão e a refração

obedecem às seguintes leis:

16

Page 18: Fibras Ópticas

Figura 5 – Reflexão e a refração de um feixe de luz [10]

LEI DA REFLEXÃO: O raio refletido está contido no

plano de incidência, e Ø1’ = Ø2’      (Reflexão)

LEI DA REFRAÇÃO: O raio refratado está contido no

plano de incidência, e n1 os Ø1= n2 os Ø2 (Refração)

n1 é uma constante adimensional chamada índice de refração

do meio l, e n2 é o índice de refração do meio 2.

A Equação da reflexão é chamada de Lei de Snell. O índice

de refração de uma substância é igual a c/v, onde c é a

velocidade da luz no espaço livre (vácuo), e v é a sua

velocidade na substância considerada, conforme será visto

mais adiante. A Tabela dá o índice de refração do vácuo e

de algumas substâncias comuns. No vácuo, por definição, n é

exatamente igual a 1 ; no ar, n é muito próximo de 1,0 (uma

17

Page 19: Fibras Ópticas

aproximação que faremos com freqüência). Não existe índice

de refração menor que 1.

O índice de refração da luz, em qualquer meio, exceto o

vácuo, depende do comprimento de onda da luz. A Figura

mostra essa dependência para o quartzo fundido. Uma vez

definido n, a luz de diferentes comprimentos de onda tem

velocidades diferentes num certo meio. Além disso, ondas

luminosas de comprimentos de onda diferentes são refratadas

com ângulos diferentes ao atravessarem uma superfície.

Assim, quando um feixe de luz, consistindo em componentes

com diferentes comprimentos de onda, incide numa superfície

de separação de dois meios, os componentes do feixe são

separados por refração e se propagam em direções

diferentes. Esse efeito é chamado de dispersão cromática,

onde “dispersão” significa a separação dos comprimentos de

onda, ou cores, e “cromática” significa a associação da cor

ao seu comprimento de onda. Na Figura, não há dispersão

cromática, porque o feixe é monocromático (de uma única cor

ou comprimento de onda).

O índice de refração em um meio é, geralmente, maior para

um comprimento de onda menor (luz azul), do que para um

comprimento de onda maior (luz vermelha). Isso significa

que, quando a luz branca se refrata, através de uma

superfície, o componente azul sofre um desvio maior do que

o componente vermelho, com as cores intermediárias

apresentando desvios que variam entre esses dois. 

18

Page 20: Fibras Ópticas

Figura 6 – Índice de refração do quartzo fundido [10]

O índice de refração do quartzo fundido, em função do

comprimento de onda. A luz, com um comprimento de onda,

pequeno, que corresponde a um índice de refração mais alto,

tem um desvio mais acentuado, ao penetrar no quartzo, que a

luz com um maior comprimento de onda. [3]

Figura 7 – Índice de refração de alguns meios [10]

A Figura mostra um raio de luz branca, no ar, incidindo em

uma superfície de vidro; são mostrados apenas os

componentes azul e vermelho da luz refratada. Como o

componente azul sofre uma refração maior do que o vermelho,

o ângulo de refração Ø2b, do componente azul, é menor do

que o ângulo de refração Ø2b’ do componente vermelho. A

Figura mostra um raio de luz branca passando pelo vidro e

19

Page 21: Fibras Ópticas

incidindo na superfície de separação vidro-ar. O componente

azul é, novamente, mais refratado que o vermelho, mas agora

Ø2b  > Ø2r.

Para aumentar a separação das cores, podemos usar um prisma

sólido de vidro, com seção triangular transversal, como na

Figura. A dispersão na primeira superfície é aumentada pela

dispersão na segunda superfície.

Figura 8 – Dispersão cromática da luz branca [10]

O arco-íris é o exemplo mais simpático de dispersão

cromática. Quando a luz branca do Sol é interceptada por

uma gota de chuva, parte da luz se refrata para o interior

da gota, se reflete na superfície interna e, a seguir, se

refrata para fora da gota. Como no prisma, a primeira

refração separa a luz do Sol em seus componentes coloridos,

e a segunda refração aumenta a separação.

20

Page 22: Fibras Ópticas

Quando seus olhos interceptam as cores separadas pelas

gotas de chuva, o vermelho vem das gotas ligeiramente mais

inclinadas que aquelas de onde vem a cor azul, e as cores

intermediárias vêm das gotas com ângulos intermediários. As

gotas que separam as cores subtendem um ângulo de cerca de

42°, a partir de um ponto diretamente oposto ao Sol. Se a

chuva é forte e brilhantemente iluminada, você vê um arco

colorido, com o vermelho em cima e o azul embaixo.

Seu arco-íris é pessoal, porque um outro observador verá a

luz proveniente de outras gotas.

Figura 9 – Um prisma separando a luz branca [10]

21

Page 23: Fibras Ópticas

Figura 10 – Um arco-íris e a separação das cores [10]

4.3 Estrutura da fibra óptica

As fibras ópticas são constituídas basicamente de materiais

dielétricos (isolantes) que, como já dissemos, permitem

total imunidade a interferências eletromagnética; uma

região cilíndrica composta de uma região central,

denominada núcleo, por onde passa a luz; e uma região

periférica denominada casca que envolve o núcleo.

A fibra óptica é composta por um núcleo envolto por uma

casca, ambos de vidro sólido com altos índices de pureza,

22

Page 24: Fibras Ópticas

porém com índices de refração diferentes. O índice de

refração do núcleo (n1) é sempre maior que o índice de

refração da casca (n2). Se o ângulo de incidência da luz em

uma das extremidades da fibra for menor que um dado ângulo,

chamado de ângulo crítico ocorrerá à reflexão total da luz

no interior da fibra. [3]

Veremos agora a estrutura do cabo de fibra óptica.

Figura 11 – Estrutura da fibra óptica [3]

Figura 12 – Estrutura em corte da fibra óptica [1]

23

Page 25: Fibras Ópticas

Núcleo: O núcleo é um fino filamento de vidro ou

plástico, medido em micra (1 ηm = 0,000001m), por onde

passa a luz. Quanto maior o diâmetro do núcleo mais

luz ele pode conduzir.

Casca: Camada que reveste o núcleo. Por possuir índice

de refração menor que o núcleo ela impede que a luz

seja refratada, permitindo assim que a luz chegue ao

dispositivo receptor.

Capa: Camada de plástico que envolve o núcleo e a

casca, protegendo-os contra choques mecânicos e

excesso de curvatura.

Fibras de resistência mecânica: São fibras que ajudam

a proteger o núcleo contra impactos e tensões

excessivas durante a instalação. Geralmente são feitas

de um material chamado kevlar, o mesmo utilizado em

coletes a prova de bala.

Revestimento externo: É uma capa que recobre o cabo de

fibra óptica. [3]

4.4 Tipos de fibra Óptica

Existem duas categorias de fibras ópticas: Multimodais e

Monomodais. Essas categorias definem a forma como a luz se

propaga no interior do núcleo.

4.4.1 Fibras Multimodo (MMF Multimode Fiber)

As fibras multimodo (MMF MultiMode Fiber) foram as

primeiras a serem comercializadas. Porque possuem o

diâmetro do núcleo maior do que as fibras monomodais, de

modo que a luz tenha vários modos de propagação, ou seja, a

24

Page 26: Fibras Ópticas

luz percorre o interior da fibra óptica por diversos

caminhos. E também porque os conectores e transmissores

ópticos utilizados com elas são mais baratos. [1]

As setas verde, azul e vermelha representam os três modos

possíveis de propagação (neste exemplo), sendo que as setas

verde e azul estão representando a propagação por reflexão.

As dimensões são 62,5 ηm para o núcleo e 125 ηm para a

casca. Dependendo da variação de índice de refração entre o

núcleo e a casca, as fibras multimodais podem ser

classificadas em: Índice Gradual e Índice Degrau.

Figura 13 – Propagação da luz multimodal [3]

4.4.1.1 Multimodo de Índice Degrau

Possuem um núcleo composto por um material homogêneo de

índice de refração constante e sempre superior ao da casca.

As fibras de índice degrau possuem mais simplicidade em sua

fabricação e, por isto, possuem características inferiores

aos outros tipos de fibras a banda passante é muito

estreita, o que restringe a capacidade de transmissão da

fibra. As perdas sofridas pelo sinal transmitido são

bastante altas quando comparadas com as fibras monomodo, o

que restringe suas aplicações com relação à distância e à

capacidade de transmissão. [1]

25

Page 27: Fibras Ópticas

Figura 14 – Fibra Óptica Multimodo ID [1]

4.4.1.2 Multimodo de Índice Gradual

Possuem um núcleo composto com índices de refração

variáveis. Esta variação permite a redução do alargamento

do impulso luminoso. São fibras mais utilizadas que as de

índice degrau. Sua fabricação é mais complexa porque

somente conseguimos o índice de refração gradual dopando

com doses diferentes o núcleo da fibra, o que faz com que o

índice de refração diminua gradualmente do centro do núcleo

até a casca. Mas, na prática, esse índice faz com que os

raios de luz percorram caminhos diferentes, com velocidades

diferentes, e chegue à outra extremidade da fibra ao mesmo

tempo praticamente, aumentando a banda passante e,

conseqüentemente, a capacidade de transmissão da fibra

óptica. [1]

São fibras que com tecnologia de fabricação mais complexa e

possuem característica principais uma menor atenuação

1dBm/km, maior capacidade de transmissão de dados (largura

26

Page 28: Fibras Ópticas

de Banda de 1Ghz), isso em relação as fibras de multimodo

de índice Degrau.

Figura 15 – Fibra Multimodo IG

4.4.2 Fibras Monomodo (SMF Single Mode Fiber)

As fibras monomodais são adequadas para aplicações que

envolvam grandes distâncias, embora requeiram conectores

de maior precisão e dispositivos de alto custo. Nas

fibras monomodais, a luz possui apenas um modo de

propagação, ou seja, a luz percorre interior do núcleo

por apenas um caminho. As dimensões do núcleo variam

entre 8 ηm a 10 ηm, e a casca em torno de 125 ηm. As

fibras monomodais também se diferenciam pela variação do

índice de refração do núcleo em relação à casca;

classificam-se em Índice Degrau Standard, Dispersão

Deslocada (Dispersion Shifed) ou Non-Zero Dispersion.

[3]

Figura 16 – Propagação da luz em monomodal [3]

27

Page 29: Fibras Ópticas

As características destas fibras são muito superiores às

multimodos, banda passante mais larga, o que aumenta a

capacidade de transmissão. Apresenta perdas mais baixas,

aumentando, com isto, a distância entre as transmissões sem

o uso de repetidores de sinal. Os enlaces com fibras

monomodo, geralmente, ultrapassam 50 km entre os

repetidores.

As fibras monomodo do tipo dispersão deslocada (dispersion

shifted) têm concepção mais moderna que as anteriores e

apresentam características com muitas vantagens, como

baixíssimas perdas e largura de banda bastante larga.

Entretanto, apresentam desvantagem quanto à fabricação, que

exige técnicas avançadas e de difícil manuseio (instalação,

emendas), com custo muito superior quando comparadas om as

fibras do tipo multimodo. [1]

4.2 Reflexão Interna Total

A Figura mostra raios provenientes de uma fonte

puntiformes, no vidro, incidindo sobre a interface vidro-

ar. Para o raio a, perpendicular à interface, parte da luz

se reflete, e parte passa através da superfície, sem mudar

a direção.

Os raios de b até e, que têm, progressivamente, maiores

ângulos de incidência na interface, também sofrem reflexão

e refração na interface. À medida que o ângulo de

incidência aumenta, o ângulo de refração também aumenta,

sendo de 90° para o raio e, o que significa que o raio

refratado é tangente à interface. Nessa situação, o ângulo

de incidência é chamado de ângulo crítico Øc. Para ângulos

28

Page 30: Fibras Ópticas

de incidência maiores do que Øc, como os dos raios f, e, g,

não há raio refratado, e toda a luz é refletida, efeito

conhecido como reflexão interna total.

Figura 17 – A reflexão interna total da luz [10]

Para calcular Øc, usamos a Equação:

Associamos arbitrariamente o subscrito 1 ao vidro e o

subscrito 2 ao ar, substituímos Ø1, por Øc e Ø2 por 90°,

obtendo n1 os Øc = n2 os 90º encontrando, então Øc= os-1

n2/n1 (ângulo crítico)

Como o seno de um ângulo não pode ser maior do que 1, n2

não pode ser maior do que n1, na equação. Isso nos diz que

a reflexão interna total não pode ocorrer quando a luz

incidente está num meio que tem o menor índice de refração.

Se a fonte S, na Figura, estivesse no ar, todos os raios

incidentes na superfície ar-vidro (incluindo f e g) seriam

refletidos e refratados. A reflexão interna total tem

encontrado várias aplicações na tecnologia da medicina. Por

exemplo, um médico pode pesquisar uma úlcera no estômago de

um paciente pela simples introdução de dois feixes finos de

fibras óticas através da garganta do paciente. A luz

introduzida pela extremidade de um dos feixes sofre várias

reflexões internas nas fibras, de forma que, mesmo com o

29

Page 31: Fibras Ópticas

feixe sendo submetido a várias curvas, a luz alcança a

outra extremidade, iluminando o estômago do paciente. Parte

da luz é, então, refletida no interior do estômago e retoma

pelo outro feixe, de forma análoga, sendo detectada, e

convertida em imagem num monitor de vídeo, oferecendo ao

médico uma visão interior do órgão. [10]

A luz propaga-se longitudinalmente até a outra extremidade

graças às reflexões totais que sofre na interface entre o

vidro central (núcleo) e o vidro periférico (casca). [1]

Figura 18 – Reflexão Interna [1]

Isso ocorre porque uma fibra óptica transmite luz de uma

extremidade para a outra, com pequena perda pelas laterais

da fibra; porque a maior parte da luz sofre uma seqüência

de reflexões internas totais ao longo dessas laterais. [3]

30

Page 32: Fibras Ópticas

Figura 19 – Fibra Óptica [10]

5.0 Fabricação da Fibra Óptica

Para aperfeiçoar a características, mecânicas, geométricas

e ópticas de uma fibra óptica sua fabricação se efetua,

habitualmente, em processos de varias etapas. Além do mais,

esta forma de fabricação permite uma produção em grandes

quantidades, rápida e rentável, atualmente são premissas

fundamentais para as telecomunicações ópticas.

Os materiais básicos usados na fabricação de fibras ópticas

são sílicas puras ou dopada, vidro composto e plástico. As

fibras óptica fabricadas de sílica pura ou dopada são as

que apresentam as melhores características de transmissão e

são as usadas em sistemas de telecomunicações. Todos os

processos de fabricação são complexos e caros. A fibra

óptica fabricadas de vidro composto e plástico não tem boas

características de transmissão (possuem alta atenuação e

baixa faixa de banda passante) e são empregadas em sistemas

de telecomunicações de baixa capacidade e pequenas

distâncias e sistemas de iluminação. Os processos de

fabricação dessas fibras são simples e baratos se comparada

com as fibras de sílica pura ou dopada.

31

Page 33: Fibras Ópticas

Figura 20 – Fabricação da Preforma [7]

5.1.1 – Fabricação de uma preforma de vidro

Existem vários métodos para a fabricação de uma pré-forma

para fibras ópticas. Descreveremos aqui o Método de

Deposição de Vapores Químicos. Na figura abaixo mostramos

um esquema onde o oxigênio é bombeado juntamente com

soluções químicas de Silício e Germânio, entre outras. A

mistura correta dos componentes químicos é que vai

caracterizar a pré-forma produzida (índice de refração,

coeficiente de expansão etc).[1]

Um tubo especial de sílica ou quartzo (que será a casca da

fibra) é preenchido com a mistura de substâncias químicas

(que será o núcleo da fibra). Para este processo é

utilizada uma espécie de torno que gira constantemente sob

o calor de uma chama. Quando a mistura de substâncias é

aquecida, o Germânio e o Silício reagem com o oxigênio

formando o Dióxido de Silício (SiO2) e o Dióxido de

Germânio (GeO2), que se fundem dentro do tubo formando o

32

Page 34: Fibras Ópticas

vidro do núcleo. A fabricação da pré-forma é totalmente

automatizada e leva horas para ser completada. [7]

Depois que a pré-forma esfria passa por testes de

qualidade, garantindo a pureza dos vidros fabricados. [1]

Figura 21 – Fabricação da Preforma de Vidro [1]

Existem 4 tipos de processos de fabricação deste tipo de

fibra e a diferença entre eles está na etapa de fabricação

da preforma (bastão que contém todas as características da

fibra óptica, mas possui dimensões macroscópicas). A

segunda etapa de fabricação da fibra, o puxamento, é comum

a todos os processos.

5.1.1.1 PVCD (Plasma Chemical Vapour Deposition)

33

Page 35: Fibras Ópticas

A diferença básica deste método, ilustrado abaixo, em

relação ao MCVD é que ao invés de usar um maçarico de

oxigênio e hidrogênio, usa-se um plasma não isotérmico

formado por uma cavidade ressonante de microondas para a

estimulação dos gases no interior do tubo de sílica.

Neste processo, não é necessária a rotação do tubo em torno

de seu eixo, pois a deposição uniforme é obtida devido à

simetria circular da cavidade ressoante. A temperatura para

deposição é em torno de 1100oC. As propriedades das fibras

fabricadas por este método são idênticas ao MCVD. [7]

Figura 22 – Método PVCD [7]

5.1.1.2 OVD (Outside Vapour Deposition)

Este processo baseia-se no crescimento da preforma a partir

de uma semente, que é feita de cerâmica ou grafite, também

chamada de mandril. Este mandril é colocado num torno e

permanece girando durante o processo de deposição que

ocorre sobre o mandril.

Os reagentes são lançados pelo próprio maçarico e os

cristais de vidro são depositados no mandril através de

34

Page 36: Fibras Ópticas

camadas sucessivas. Nesse processo ocorre a deposição do

núcleo e também da casa, e obtém-se preforma de diâmetro

relativamente grande, o que proporcionam fibras de grande

comprimento (40 km ou mais). Após essas etapas teremos uma

preforma porosa (opaca) e com o mandril em seu centro.

Para a retirada do mandril coloca-se a preforma num forno

aquecido a 1500oC que provoca a dilatação dos materiais.

Através da diferença de coeficiente de dilatação térmica

consegue-se soltar o mandril da preforma e a sua retirada.

O próprio forno faz também o colapsamento da preforma para

torná-la cristalina e maciça.

Esse processo serve para a fabricação de fibras do tipo

multimodo e monomodo de boa qualidade de transmissão.

Figura 23 – Método OVD [7]

5.1.1.3 VAD (Vapour Axial Deposition)

Neste processo, a casca e o núcleo são depositados mas no

sentido do eixo da fibra (sentido axial). Neste processo

35

Page 37: Fibras Ópticas

utilizam-se dois queimadores que criam a distribuição de

temperatura desejada e também injetam os gases (reagentes).

Obtém-se assim uma preforma porosa que é cristalizada num

forno elétrico à temperatura de 1500oC. Este processo obtém

preforma com grande diâmetro e grande comprimento,

tornando-o extremamente produtivo.

Figura 24 – Método VAD [7]

5.1.2 Puxamento de uma preforma em uma torre de puxamento

Depois do teste da pré-forma, ela é colocada em uma torre

de puxamento conforme a imagem abaixo:

36

Page 38: Fibras Ópticas

Figura 25 – Torre de puxamento [1]

Coloca-se a pré-forma em um forno de grafite (com

temperaturas de 1.900 a 2.200 Celsius). O vidro da pré-

forma derrete e cai por ação da gravidade. Conforme cai,

forma um fio que é direcionado, pelo operador da torre, a

um micrômetro a laser e para recipientes onde receberá

camadas de sílica protetora. Um sistema de tração

vagarosamente puxa a fibra da pré-forma. Como todo o

processo é controlado por computador, o micrômetro a laser

controla permanentemente o diâmetro da fibra fazendo com

que o sistema de tração puxe mais lentamente ou mais

rapidamente a fibra da pré-forma. Geralmente as fibras são

37

Page 39: Fibras Ópticas

puxadas a velocidades entre 10 e 20 m/s. O produto final,

ou seja, a fibra óptica é enrolada em carretéis. [1]

DOUBLE CRUCIBLE (Duplo Cadinho)

Este processo é semelhante ao anterior, mas os vidros vêm

na forma de bastão, os quais são introduzidos no forno do

puxamento, que contém dois cadinhos. Neste processo, a

geometria dos vidros alimentadores não é tão importante

como no processo anterior. Neste processo consegue-se a

variação do índice de refração através da migração de íons

alcalinos que mesclam a concentração dos vidros interno e

externo. [7]

Fabricação de fibras de plástico

A fabricação de fibras de plástico é feita por extração. As

fibras ópticas obtidas com este método têm características

ópticas bem inferiores às de sílica, mas possuem

resistências mecânicas (esforços mecânicos) bem maiores que

as fibras de sílica. Têm grandes aplicações em iluminação e

transmissão de informações a curtas distâncias e situações

que oferecem grandes esforços mecânicos às fibras. [7]

5.1.3 Testes das fibras puxadas

Os testes mais comuns que os fabricantes de fibras

realizam são: tensão mecânica, índice de refração,

geometria, atenuação (perdas), largura de banda, dispersão

cromática, temperatura de operação, perdas dependentes da

38

Page 40: Fibras Ópticas

temperatura de operação, habilidade de condução de luz sob

a água.

Depois que os carretéis de fibras passam pelos testes de

qualidade e são aprovados eles serão vendidos a empresas

que fabricam cabos. [1]

6.0 Emendas Ópticas

Uma emenda óptica consiste na junção de 2 ou mais

seguimentos de fibras, podendo ser permanente ou

temporária. Servem para prolongar um cabo óptico, uma

mudança de tipo de cabo, para conexão de um equipamento

ativo ou efetuarmos manobras em um sistema de cabeamento

estruturado.

Como características básicas, as emendas apresentam as

seguintes características:

- Baixa Atenuação: típica de 0,2 à 0,02dB por emenda;

- Alta Estabilidade Mecânica: cerca de 4 kgf de tração;

- Aplicações em Campo: requer poucos equipamentos para sua

feitura.

Existem três tipos de emendas ópticas:

- Emenda por Fusão: as fibras são fundidas entre si;

- Emenda Mecânica: as fibras são unidas por meios

mecânicos;

- Emenda por Conectorização: são aplicados conectores

ópticos, nas fibras envolvidas na emenda.

As emendas ópticas sejam por fusão ou mecânicas, apresentam

uma atenuação muito menor que um conector óptico. [8]

39

Page 41: Fibras Ópticas

6.1 Processo de Emenda

Quando efetuamos um dos 3 tipos de emendas mencionados,

devemos obedecer etapas distintas do processo de emenda,

estas etapas são necessárias para que possamos ter o

desempenho desejado. O processo de emenda consiste nas

seguintes operações:

6.1.1 Limpeza

Os passos envolvidos nesta etapa são:

1. Remoção da capa do cabo;

2. Remoção do tubo LOOSE;

3. Remoção do gel com o uso de álcool isopropílico,

utilizando-se algodão, lenços de papel ou gaze.

6.1.2 Decapagem

Esta operação consiste em:

1. Remoção do revestimento externo de acrilato da fibra;

2. Limpeza da fibra com álcool isopropílico;

3. Repetir o processo até que todo o revestimento externo

da fibra seja removido.

6.1.3 Clivagem

A clivagem de uma fibra óptica consiste no corte das

extremidades das fibras em um ângulo de 90º, ou seja, cada

ponta da fibra deve ter sua face paralela. Esta necessidade

do ângulo ser de 90º deve-se ao fato de quando fizermos sua

emenda, ambas as faces deverão estar paralelas para uma

perfeita emenda. É nesta etapa que devemos o máximo de

40

Page 42: Fibras Ópticas

cuidado com o manuseio da fibra, é desta etapa que saíra a

fibra pronta para a emenda.

As clivagens de uma fibra ópticas são feitas usando um

equipamento que faz um risco na fibra, analogamente ao

corte de um vidro pelo vidraceiro.

1. As operações envolvidas são:

2. Clivagem da fibra;

3. Limpeza das extremidades com álcool isopropílico. [8]

6.2 Atenuações em Emendas Ópticas

Como já mencionado em conectores ópticos, existem 2 tipos

de fatores que influenciam o processo de emenda, que são:

Fatores Intrínsecos

Fatores Extrínsecos

Fatores Reflexivos

6.2.1 Fatores Intrínsecos

São os fatores que envolvem a fabricação da fibra óptica,

são os seguintes:

Variação do diâmetro do núcleo;

Diferença de perfil;

Elipticidade ou Excentricidade do núcleo ou casca.

É especialmente crítica a variação do diâmetro do núcleo

para as fibras Monomodo.

6.2.2 Fatores Extrínsecos

41

Page 43: Fibras Ópticas

São os fatores que decorrem do processo de emenda, são os

seguintes:

Precisão no alinhamento da fibra;

Qualidade das terminações da fibra;

Espaçamento entre as extremidades;

Contaminação ambiental.

6.2.3 Fatores Refletores

São os fatores que advém das próprias emendas, estas podem

gerar em seu interior, reflexos de luz que irão atenuar os

sinais transmitidos, ocasionando perda de potência.

Com os equipamentos empregados no processo de emenda, e a

constante melhoria na qualidade da fabricação da fibra,

este tipo de atenuação é inferior a 50 db. [8]

6.3 Tipos de Emendas Ópticas

Emenda por Fusão: as fibras são fundidas entre si

Emenda Mecânica: as fibras são unidas por meios

mecânicos

Emenda por Conectorização: são aplicados conectores

ópticos, nas fibras envolvidas na emenda.

6.3.1 Emenda por Fusão

42

Page 44: Fibras Ópticas

É o processo pelo qual, 2 seguimentos de fibra são fundidos

entre si, através de uma descarga elétrica produzida pelo

equipamento.

As etapas envolvidas são:

1. Limpeza

2. Decapagem

3. Clivagem

4. Inserção do protetor de emenda, “Tubete Termo

Contrátil”;

5. Colocação das fibras no dispositivo V Groove da

máquina de fusão;

6. Aproximação das fibras até cerca de 1µm;

7. Fusão através de arco voltaico;

8. Colocação do protetor e aquecimento.

Figura 25 – Máquina de Emenda por Fusão – Furukawa [8]

43

Page 45: Fibras Ópticas

Figura 26 – Esquemática do dispositivo de fusão das

fibras [8]

6.4 Emenda Óptica Mecânica

É o processo pelo quais dois seguimentos de fibra são

unidos usando-se um Conector Óptico Mecânico. Neste tipo de

emenda os processos de limpeza, decapagem e clivagem são

iguais ao processo por fusão.

As etapas envolvidas são:

1. Limpeza

2. Decapagem

3. Clivagem

4. Inserção de cada extremidade da fibra em uma

extremidade do conector

5. Verificação da correta posição das fibras

6. Fechamento do conector

6.5 Emenda Óptica por Conectorização

44

Page 46: Fibras Ópticas

Neste tipo de emenda, as fibras ópticas não são unidas e

sim posicionadas muito perto, isto é conseguido através do

uso de um outro tipo de conector chamado de Adaptador,

mencionado na parte de conectores. Este tipo de emenda é

executado de forma rápida, desde que os conectores já

estejam instalados nos cordões ópticos.

Ele é também muito usado em acessórios ópticos chamados de

Distribuidores Ópticos, onde fazem a interface entre um

cabo vindo de uma sala de equipamentos e os equipamentos

ativos instalados no andar, no Armário de Telecomunicações.

Figura 27 – Conector Mecânico FIBRLOCK II fechado [8]

45

Page 47: Fibras Ópticas

Figura 28 – Modelo de emenda usando conector, adaptador.

[8]

6.6 Perdas por Atenuações

6.6.1 Emendas Ópticas

Independente do tipo de método de emenda empregado, seja

fusão ou mecânica, sua atenuação máxima é de 0,3dB, de

acordo com a EIA /TIA 455 – 59, para medias feitas em

campo.

Figura 28 – Tabela Comparativo de Processo de Emenda [2]

6.6.2 Conectores

46

Processo de Emenda

Multimodo (dB)

Monomodo (dB)

Mecânico 0,15 à 0,30 0,15 à 0,30

Fusão 0,15 à 0,30 0,15 à 0,30

Page 48: Fibras Ópticas

Quando trabalhamos com conectores ópticos, devemos ter em

conta que por mais cuidadosos que sejamos quando da

manipulação do conector, este sempre apresentará algum tipo

de atenuação. As atenuações presentes em um conector podem

ser divididas em:

1. Fatores Intrínsecos: aqueles que estão associados a

fibra óptica utilizada;

2. Fatores Extrínsecos: são aqueles associados à

conectorização.

Figura 29 – Diversos tipos de Conectores [6]

7.0 Atenuação

Constitui-se na propriedade mais importante dos meios de

transmissão em geral, sendo particularmente relevante

quando se trata de meios materiais, como no caso das fibras

ópticas. A atenuação pode ser definida como a perda de

potência do sinal com a distância, ou seja, se a atenuação

for muito grande, o sinal chegará muito fraco ao receptor

(ou repetidor), que não conseguirá captar a informação

transmitida.

47

Page 49: Fibras Ópticas

As fibras óticas apresentam perdas muito baixas. Deste

modo, é possível implantar sistemas de transmissão de longa

distância com espaçamento muito grande entre repetidores, o

que reduz a complexidade o custo do sistema.

Os mecanismos que provocam atenuação são: absorção,

espalhamento, deformações mecânicas.

7.1 Absorção

Os tipos básicos de absorção são:

7.1.1 Absorção material

A absorção material é o mecanismo de atenuação que exprime

a dissipação de parte da energia transmitida numa fibra

óptica em forma de calor. Neste tipo de absorção temos

fatores extrínsecos e intrínsecos à própria fibra. Como

fatores intrínsecos, temos a absorção do ultravioleta, a

qual cresce exponencialmente no sentido do ultravioleta, e

a absorção do infravermelho, provocada pela sua vibração e

rotação dos átomos em torno da sua posição de equilíbrio, a

qual cresce exponencialmente no sentido do infravermelho.

Como fatores extrínsecos, temos a absorção devido aos 48rea

metálicos porventura presentes na fibra (Mn, Ni, Cr, U, Co,

48r e Cu) os quais, devido ao seu tamanho, provocam picos

de absorção em determinados comprimentos de onda exigindo

grande purificação dos materiais que compõem a estrutura da

fibra óptica.

7.1.2 Absorção do íon OH¯

48

Page 50: Fibras Ópticas

A absorção do OH¯ (hidroxila) provoca atenuação

fundamentalmente no comprimento de onda de 2700 nm e em

sobre tons (harmônicos) em torno de 950 nm, 1240 nm e 1380

nm na faixa de baixa atenuação da fibra.

Esse íon é comumente chamado de água e é incorporado ao

núcleo durante o processo de produção. É muito difícil de

ser eliminado.

7.1.3 Absorção Mecânica

As deformações são chamadas de microcurvatura e

macrocurvatura, as quais ocorrem ao longo da fibra devido à

aplicação de esforços sobre a mesma durante a confecção e

instalação do cabo.

A macrocurvatura são perdas pontuais (localizadas) de luz

por irradiação, ou seja, os modos de alta ordem (ângulo de

incidência próximo ao ângulo crítico) não apresentam

condições de reflexão interna total devido a curvaturas de

raio finito da fibra óptica.[10]

49

Page 51: Fibras Ópticas

Figura 30 – Reflexão Interna [6]

As microcurvatura aparecem quando a fibra é submetida a

pressão transversal de maneira a comprimi-la contra uma

superfície levemente rugosa. Essas microcurvatura extraem

parte da energia luminosa do núcleo devido aos modos de

alta ordem tornar-se não guiados.

Figura 31 – Reflexão Interna [6]

A atenuação típica de uma fibra de sílica sobrepondo-se

todos os efeitos está mostrada na figura abaixo: [10]

50

Page 52: Fibras Ópticas

Figura 32 – Atenuação Fibra óptica [6]

Existem três comprimentos de onda tipicamente utilizados

para transmissão em fibras ópticas:

850 nm com atenuação típica de 3 dB/km

1300 nm com atenuação típica de 0,8 dB/km

1550 nm com atenuação típica de 0,2 dB/km

7.2 Espalhamento

É o mecanismo de atenuação que exprime o desvio de parte da

energia luminosa guiada pelos vários modos de propagação em

várias direções. Existem vários tipos de espalhamento

(Rayleigh, Mie, Raman estimulado, Brillouin estimulado)

sendo o mais importante e significativo o espalhamento de

Rayleigh. Esse espalhamento é devido à não homogeneidade

microscópica de flutuações térmicas, flutuações de

composição, variação de pressões, pequenas bolhas, variação

no perfil de índice de refração, etc. [10]

51

Page 53: Fibras Ópticas

Esse espalhamento está sempre presente na fibra óptica e

determina o limite mínimo de atenuação nas fibras de sílica

na região de baixa atenuação. A atenuação neste tipo de

espalhamento é proporcional a

14 .

7.3 Propriedades das Fibras Óticas

7.3.1 Imunidade a Interferências

Por serem compostas de material dielétrico, as fibras

óticas não sofrem interferências eletromagnéticas. Isso

permite uma boa utilização dela, mesmo em ambientes

eletricamente ruidosos.

As fibras óticas podem ser agrupadas em cabos óticos sem

interferirem umas nas outras, devido a não existência de

irradiação externa de luz, resultando num ruído de diafonia

(crosstalk) desprezível. Por não necessitarem de blindagem

metálica, podem ser instaladas junto a linhas de

transmissão de energia elétrica. [10]

7.3.2 Ausência de diafonia

As fibras adjacentes em um cabo ótico não interferem umas

nas outras por não irradiarem luz externamente. Não

ocorrendo o mesmo nos cabos metálicos, que quando perdem

parte de seu isolamento, ocorre uma irradiação entre pares

metálicos adjacentes, ocasionando o fenômeno crosstalk.

52

Page 54: Fibras Ópticas

7.3.3 Isolação elétrica

O material dielétrico que compõe a fibra proporciona um

isolamento elétrico entre os transceptores ou estações

interligadas. Ao contrário dos suportes metálicos, as

fibras óticas não têm problemas de aterramento com

interfaces dos transceptores. Além disso, quando um cabo de

fibra é danificado por descarga elétrica, não existe

faísca. Isso é importante em áreas de gases voláteis (áreas

petroquímicas, minas de carvão, etc.) onde o risco de fogo

e explosão é constante. A não existência de choque elétrico

permite a reparação em campo, mesmo com os equipamentos

ligados. [9]

7.4 Dispersão

É uma característica de transmissão que exprime o

alargamento dos pulsos transmitidos. Este alargamento

determina a largura de banda da fibra óptica, dada em

MHz/km, e está relacionada com a capacidade de transmissão

de informação das fibras. Os mecanismos básicos de

dispersão são

Modal

Cromática

7.4.1 Dispersão Modal

Este tipo de dispersão só existe em fibras do tipo

multimodo (degrau e gradual) e é provocada basicamente

pelos vários caminhos possíveis de propagação (modos) que a

luz pode ter no núcleo. Numa fibra degrau, todos os modos

53

Page 55: Fibras Ópticas

viajam com a mesma velocidade, pois o índice de refração é

constante em todo o núcleo. Logo, os modos de alta ordem

(que percorrem caminho mais longo) demorarão mais tempo

para sair da fibra do que os modos de baixa ordem. Neste

tipo de fibra, a diferença entre os tempos de chegada é

dado por = Δt1, onde;

t1 é o tempo de propagação do modo de menor ordem

Δ é a diferença percentual de índices de refração

entre o núcleo e a casca dada por Δ =(n1-n2)/n1

A dispersão modal inexiste em fibras monomodo pois apenas

um modo será guiado.

7.4.2 Disperção Cromática

Esse tipo de dispersão depende do comprimento de onda e

divide-se em dois tipos

Dispersão material

Dispersão de guia de onda

7.4.2.1 Disperção Material

Como o índice de refração depende do comprimento de onda e

como as fontes luminosas existentes não são ideais, ou

seja, possuem certa largura espectral finita (Δλ), temos

que cada comprimento de onda enxerga um valor diferente de

índice de refração num determinado ponto, logo cada

comprimento de onda viaja no núcleo com velocidade

diferente, provocando uma diferença de tempo de percurso,

causando a dispersão do impulso luminoso.

A dispersão provocada pela dispersão material é dada por

Ddn

cd

, onde.

54

Page 56: Fibras Ópticas

Δλ é a largura espectral da fonte luminosa

c é a velocidade da luz no vácuo

n é o índice de refração do núcleo

7.4.2.2 Disperção de guia de onda

Esse tipo de dispersão é provocado por variações nas

dimensões do núcleo e variações no perfil de índice de

refração ao longo da fibra óptica e depende também do

comprimento de onda da luz. Essa dispersão só é percebida

em fibras monomodo que tem dispersão material reduzida (Δλ

pequeno em torno de 1300 nm) e é da ordem de alguns

os/(nm.km).[2]

8.0 As Vantagens da utilização de Fibras Ópticas

As características especiais das fibras ópticas implicam

consideráveis vantagens em relação aos suportes físicos de

transmissão convencionais, tais como o par metálico e o

cabo coaxial. Mesmo considerando-se o suporte de rádio –

freqüência em microondas, à transmissão por fibras ópticas

oferece condições bastante vantajosas. As poucas

desvantagens no uso de fibras ópticas podem, em geral, ser

consideradas transitórias, pois resultam principalmente da

relativa imaturidade da tecnologia associada.

As principais características das fibras ópticas, estacando

suas vantagens como meio de transmissão, são os seguintes:

8.1 Banda passante potencialmente enorme

A transmissão em fibras ópticas é realizada em freqüências

ópticas portadoras na faixa espectral de 1014 a 1015 Hz

55

Page 57: Fibras Ópticas

(100 a 1000 THz). Isto significa uma capacidade de

transmissão potencial, no mínimo, 10.000 vezes superior,

por exemplo, à capacidade dos atuais sistemas de microondas

que operam com uma banda passante útil de 700 MHz. Além de

suportar um aumento significativo de número de canais de

voz e /ou de vídeo num mesmo circuito telefônico, essa

enorme banda passante permite novas aplicações. Atualmente,

já estão disponíveis fibras ópticas comerciais com produtos

banda passante versus distância superiores a 200 GHz.Km.

Isso contrasta significativamente com os suportes

convencionais onde, por exemplo, um cabo coaxial apresenta

uma banda passante útil máxima em torno de 400 MHz. A

Figura 2.1 compara as características de atenuação (plana)

versus freqüência de uma fibra óptica típica com relação a

vários suportes de transmissão usados em sistemas

telefônicos.

Figura 33 – Atenuação versus freqüência [10]

8.2 Perda de transmissão muito baixa

As fibras ópticas apresentam atualmente perdas de

transmissão extremamente baixas, desde atenuações típicas

56

Page 58: Fibras Ópticas

da ordem de 3 a 5 dB/Km na região em torno de 0,85mm até

perdas inferiores a 0,2 dB/Km para operação na região de

1,55 mm.

Pesquisas com novos materiais, em comprimentos de ondas

superiores, prometem fibras ópticas com atenuações ainda

menores, da ordem de centésimos e, até mesmo, milésimos de

decibéis por quilômetro.

Desse modo, com fibras ópticas, é possível implantar

sistemas de transmissão de longa distância com um

espaçamento muito grande entre repetidores, o que reduz

significativamente a complexidade e custos do sistema.

Enquanto, por exemplo, um sistema de microondas

convencional exige repetidores a distâncias de ordem de 50

quilômetros, sistemas com fibras ópticas permitem alcançar,

atualmente, e distâncias sem repetidores superiores a 200

quilômetros.

Com relação aos suportes físicos metálicos, na Tabela

abaixo é feita uma comparação de perdas de transmissão por

fibras ópticas de 1ª geração (820nm).

Observe nessa tabela que, ao contrário dos sistemas com

suportes metálicos, os sistemas com fibras ópticas têm

perdas constantes para as três perdas constantes para as

três taxas de transmissão.

Meio de TransmissãoPerdas na Freqüência equivalente a metade da taxa de transmissão (dB/km)

1,544 Mbps 6,312Mbps 44,736Mbps

Par trançado 26 AWG 24 48 128

57

Page 59: Fibras Ópticas

Par trançado 19 AWG 10,8 21 56Cabo coaxial 0,95mm 2,1 4,5 11Fibra óptica 3,5 3,5 3,5

Figura 34 – Tabela Comparação de números necessários de

repetidores para cabeamento metálico versus cabeamento

óptico. [10]

8.3 Imunidade a interferências e ao ruído

As fibras ópticas, por serem compostas de material

dielétrico, ao contrário dos suportes de transmissão

metálicos, não sofrem interferências eletromagnéticas. Isto

permite uma operação satisfatória dos sistemas de

transmissão por fibras ópticas mesmo em ambientes

eletricamente ruidosos. Interferências causadas por

descargas elétricas atmosféricas, pela ignição de motores,

pelo chaveamento de relés e por diversas outras fontes de

ruído elétrico esbarram na blindagem natural provida pelas

fibras ópticas. Por outro lado, existe um excelente

confinamento do sinal luminoso propagado pelas fibras

ópticas.

Desse modo, não irradiando externamente, as fibras ópticas

agrupadas em cabos ópticos não interferem opticamente umas

nas outras, resultando num nível de ruído de diafonia

(crosstalk) desprezível. Os cabos de fibras ópticas, por

não necessitarem de blindagem metálica, podem ser

instalados convenientes, por exemplo, junto as linhas de

transmissão de energia elétrica. A imunidade e pulsos

eletromagnéticos (EMP) é outra característica importante

das fibras ópticas.

58

Page 60: Fibras Ópticas

8.4 Isolação elétrica

O material dielétrico (vidro ou plástico) que compõe a

fibra óptica oferece uma excelente isolação elétrica entre

os transceptores ou estações interligadas. Ao contrario dos

suportes metálicos, as fibras ópticas não tem problemas com

aterramento e interfaces dos transceptores. Além disso,

quando um cabo de fibra óptica é danificado não existem

faíscas de curto-circuito. Esta qualidade das fibras

ópticas é particularmente interessante para sistemas de

comunicação em áreas com gases voláteis (usinas

petroquímicas, minas de carvão etc.), onde o risco de fogo

ou explosão é muito grande. A possibilidade de choques

elétricos em cabos com fibras ópticas permite a sua

reparação no campo, mesmo com equipamentos de extremidades

ligados. [9]

8.5 Pequeno tamanho e peso

As fibras ópticas têm dimensões comparáveis com as de um

fio de cabelo humano. Mesmo considerando-se os

encapsulamentos de proteção, o diâmetro e o peso dos cabos

ópticos são bastante inferiores aos dos equivalentes cabos

metálicos. Por exemplo, um cabo óptico de 6,3mm de

diâmetro, com uma única fibra de diâmetro 125 um e

encapsulamentos plástico, substitui, em termos de

capacidade, um cabo de 7,6cm de diâmetro com 900 pares

metálicos. Quanto ao peso, um cabo metálico de cobre de 94

quilos pode ser substituído por apenas 3,6 quilos de fibra

óptica.

59

Page 61: Fibras Ópticas

A enorme redução dos tamanhos dos cabos, providas pelas

fibras ópticas, permite aliviar o problema de espaço e de

congestionamento de dutos nos subsolos das grandes cidades

e em grandes edifícios comerciais. O efeito combinado do

tamanho e peso reduzidos faz das fibras ópticas o meio de

transmissão ideal em aviões, navios, satélites etc. Além

disso, os cabos ópticos oferecem vantagens quanto ao

armazenamento, transporte, manuseio e instalação em relação

aos cabos metálicos de resistência e durabilidade

equivalentes.

8.6 Segurança da informação e do sistema

As fibras ópticas não irradiam significativamente a luz

propagada, implicando um alto grau de segurança para a

informação transportada. Qualquer tentativa de captação de

mensagens ao longo de uma fibra óptica e facilmente

detectada, pois exige o desvio de uma porção considerável

de potencia luminosa transmitida. Esta qualidade das fibras

ópticas é importante em sistemas de comunicações exigentes

quanto à privacidade, tais como nas aplicações militares,

bancárias etc. Uma outra característica especial das fibras

ópticas, de particular interesse das aplicações militares,

é que, ao contrário dos cabos metálicos, as fibras não são

localizáveis através de equipamentos medidores de fluxo

eletromagnético ou detectores de metal.

8.7 Custos potencialmente baixos

O vidro com que as fibras ópticas são fabricadas é feito

principalmente a partir do quartzo, um material que, ao

contrário do cobre, é abundante na crosta terrestre. Embora

a obtenção de vidro ultra puro envolva um processo

sofisticado, ainda relativamente caro, a produção de fibras

60

Page 62: Fibras Ópticas

ópticas em larga escala tende gradualmente a superar esse

inconveniente. Com relação aos cabos coaxiais, as fibras

ópticas já são atualmente competitivas, especialmente em

sistemas de transmissão a longa distância, onde a maior

capacidade de transmissão e o maior espaçamento entre

repetidores permitidos repercutem significativamente nos

custos de sistemas.

Em distâncias curtas e/ou sistemas multipontos, os

componentes ópticos e os transceptores ópticos ainda podem

impactar desfavoravelmente o custo dos sistemas. No

entanto, a tendência é de reversão desta situação num

futuro não muito distante, em razão do crescente avanço

tecnológico e, principalmente, da proliferação das

aplicações locais.

8.8 Alta resistência a agentes químicos e variações de

temperatura

As fibras ópticas, por serem compostas basicamente de vidro

ou plástico, têm uma boa tolerância a temperaturas,

favorecendo sua utilização em diversas aplicações. Além

disso, as fibras ópticas são menos vulneráveis à ação de

líquidos e gases corrosivos, contribuindo assim para uma

maior confiabilidade e vida útil dos sistemas. [10]

9.0 Desvantagens

O uso de fibras ópticas, na prática tem as seguintes

implicações que podem ser consideradas como desvantagem em

relação aos suportes de transmissão convencional:

61

Page 63: Fibras Ópticas

9.1 Fragilidade das fibras ópticas sem encapsulamentos

O manuseio de uma fibra óptica “nua” é bem mais delicado

que no caso dos suportes metálicos.

9.2 Dificuldade de conexão das fibras ópticas

As pequenas dimensões das fibras ópticas exigem

procedimentos e dispositivos de alta precisão na realização

das conexões e junções.

9.3 Acopladores tipo T com perdas muito altas

É muito difícil se obter acopladores de derivação tipo T

para fibras ópticas com baixo nível de perdas. Isso

repercute desfavoravelmente, por exemplo, na utilização de

fibras ópticas em sistema multiponto.

9.4 Impossibilidade de alimentação remota de repetidores

Os sistemas com fibras ópticas requerem alimentação

elétrica independente para cada repetidor, não sendo

possível a alimentação remota através do próprio meio de

transmissão.

9.5 Falta de padronização dos componentes ópticos

A relativa imaturidade e o continuo avanço tecnológico não

tem facilitado o estabelecimento de padrões para os

componentes de sistemas de transmissão por fibras ópticas.

[10]

62

Page 64: Fibras Ópticas

10.0 Aplicações da Fibra Óptica

10.1 Fibras Ópticas na Instrumentação

10.1.1 Sensores

Um sensor é um dispositivo que atua como um transdutor:

“traduz” o sinal causado pela propriedade física do meio em

estudo (como pressão ou temperatura) em um tipo de sinal

cujas características têm informações sobre o fenômeno

ocorrido.

A sensitividade dos sensores a fibra, ou seja, o distúrbio

menos intenso que pode ser medido pode depender de:

Variações infinitesimais em algum parâmetro de

caracterização da fibra usada, quando a fibra é o próprio

elemento sensor;

Mudanças nas propriedades da luz usada, quando a Fibra é o

canal através do qual a luz vai e volta do local sob teste.

Os sensores a Fibras Ópticas são compactos e apresentam

sensitividades comparáveis ou superiores ao similar

convencional. São usadas tanto Fibras monomodo como

multimodo. Existem muitos sensores comerciais feitos com

Fibras Ópticas, para medição de temperatura, pressão,

rotação, sinais acústicos, corrente, fluxo, etc.

10.1.2 Emprego de Fibras Ópticas na construção de sensores:

Sensores interferométricos utilizando Fibras monomodo. São

usados dois “braços” de Fibras com comprimentos iguais aos

quais é acoplada luz. Um dos braços atua como referência e

o outro vai ser submetido a algum distúrbio do ambiente. A

luz de saída das duas Fibras é recombinada, formando um

padrão de interferência. À medida que o braço sensor sofre

63

Page 65: Fibras Ópticas

as influências do distúrbio, as franjas de interferência se

deslocam a uma razão que é proporcional à intensidade do

distúrbio cuja magnitude se deseja medir;

Se a intensidade de luz acoplada a uma fibra quase monomodo

é medida em certo instante de tempo após o qual se submete

a fibra a micro-curvaturas (geradas por variações de

pressão de ondas acústicas, por exemplo) espera-se uma

diminuição na intensidade de saída porque os modos de

ordens mais altas encontrarão os seus corte, devido às

variações na diferença de índices de refração entre o

núcleo e a casca induzidos pelas micro-curvaturas.

10.1.3 Exemplos de sensores construídos com Fibras Ópticas:

Micro pontas de prova para medição de temperatura: as

pontas de prova são equipadas com transdutores nas pontas,

os quais possuem um cristal cuja luminescência varia com a

temperatura (-50 a +200oC);

Sensores de pressão construídos com o emprego de uma

membrana móvel numa das extremidades da Fibra. A Fibra é

encapsulada em um cateter e a membrana se movimenta de

acordo com a pressão (0 a 300 mm de Hg);

Sensores químicos construído com o emprego de uma membrana

permeável numa das extremidades da Fibra. A membrana contém

um indicador reversível que responde a um estímulo químico

mudando sua absorção ou luminescência.

10.2 Sistemas de Comunicações

64

Page 66: Fibras Ópticas

As redes públicas de telecomunicações provêm uma variedade

de aplicações para os sistemas de transmissão por fibras

ópticas. As aplicações vão desde a pura substituição de

cabos metálicos em sistemas de longa distância interligando

centrais telefônicas (urbanas e interurbanas) até a

implantação de novos serviços de comunicações, por exemplo,

para as Redes Digitais de Serviços Integrados (RDSI). A

utilização de fibras ópticas em cabos submarinos

intercontinentais constitui outro exemplo, bastante

difundido, de aplicação em sistemas de comunicações de

longa distância.

10.3 Rede Telefônica

Uma das aplicações pioneiras das fibras ópticas em sistemas

de comunicação corresponde aos sistemas troncos de

telefonia, interligando centrais de tráfego interurbano. Os

sistemas troncos exigem sistemas de transmissão (em geral,

digitais) de grande capacidade, envolvendo distâncias que

vão, tipicamente, desde algumas dezenas até centenas de

quilômetros e, eventualmente, em países com dimensões

continentais, até milhares de quilômetros. As fibras

ópticas, com suas qualidades de grande banda passante e

baixa atenuação, atendem perfeitamente a esses requisitos.

A alta capacidade de transmissão e o alcance máximo sem

repetidores, permitidos pelos sistemas de transmissão por

fibras ópticas minimizam os custos por circuito telefônico,

oferecendo vantagens econômicas significativas.

10.4 Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI)

65

Page 67: Fibras Ópticas

A rede local de assinantes, isto é, a rede física

interligando assinantes à central telefônica local,

constitui uma importante aplicação potencial de fibras

ópticas na rede telefônica. Embora as fibras ópticas não

sejam ainda totalmente competitivas com os pares metálicos,

a partir da introdução de novos serviços de comunicações

(videofone, televisão, dados etc.), através das Redes

Digitais de Serviços Integrados (RDSI), o uso de fibras

ópticas na rede de assinantes tende a ser imperativo.

10.5 Cabos Submarinos

Os sistemas de transmissão por cabos submarinos, parte

integrante da rede internacional de telecomunicações, é uma

outra classe de sistemas onde as fibras ópticas cumprem

atualmente um papel de fundamental importância. Os cabos

submarinos convencionais, embora façam uso de cabos

coaxiais de alta qualidade e grande diâmetro para minimizar

a atenuação, estão limitados a uns espaçamentos máximos

entre repetidores da ordem de 5 a 10 km.

As fibras ópticas, por outro lado, considerando-se apenas

os sistemas de 3ª geração (1,3µm), permitem atualmente

espaçamentos entre repetidores em torno de 60 km. Com a

implantação dos sistemas de transmissão por fibras ópticas

de 4ª geração (1,55µm), alcances sem repetidores superiores

a 100 km serão perfeitamente realizáveis. Além disso, as

fibras ópticas oferecem facilidades operacionais (dimensão

e peso menores) e uma maior capacidade de transmissão,

contribuindo significativamente para atender à crescente

66

Page 68: Fibras Ópticas

demanda por circuito internacionais de voz e dados, a um

custo mais baixo ainda que os enlaces via satélite.

10.6 Uso de Fibras Ópticas na Medicina:

Confecção de endoscópios com feixes de Fibras Ópticas

para iluminação;

Uso de Fibras como ponta de bisturi óptico para

cirurgias a laser, como:

Cirurgias de descolamento de retina;

Desobstrução de vias aéreas (cirurgias na faringe ou

traquéia);

Desobstrução de vias venosas (“limpeza” de canais

arteriais, evitando pontes de safena);

Uso odontológico: aplicação de sedantes.

10.7 Laser de Fibra

Emprega-se uma Fibra a base de sílica dopada em seu núcleo

com algum elemento terra-rara, como o érbio ou o neodímio.

A presença destes elementos em algumas partes por milhão é

o bastante para que, após o bombeio, a Fibra floresça com

picos intensos em vários comprimentos de onda de extremo

interesse como, por exemplo, a 1,55mm (comprimentos de onda

onde as Fibras de sílica “normais” podem apresentar mínimos

em atenuação e dispersão materiais). A Fibra dopada,

adequadamente bombeada, pode ser usada como meio

amplificador (o sinal a ser amplificado coincide com algum

pico de fluorescência) ou como um laser, se inserida entre

dois espelhos convenientemente selecionados. [9]

67

Page 69: Fibras Ópticas

10.8 Uso de Fibras Ópticas em Telecomunicações

A Fibra monomodo é a opção preferida para comunicação a

longa distância. Ela permite que a informação seja

transmitida a altas taxas sobre distâncias de dezenas de

quilômetros sem um repetidor. Sua capacidade de transmissão

superior é possível devido a seu pequeno núcleo – entre 5 e

10 mm de diâmetro. Isto limita a luz transmitida a somente

um modo principal, o que minimiza a distorção dos pulsos de

luz, aumentando a distância em que o sinal pode ser

transmitido.

Praticamente todas as aplicações de telefonia e CATV (TV a

cabo) utilizam a Fibra monomodo em função das maiores taxas

de transmissão e menores atenuações do sinal. Redes de

dados que requeiram taxas de transmissão de gigabits também

precisam utilizar a Fibra monomodo.

A Fibra multimodo é usada em sistemas de comunicação como

LANS (Local Área Networks) e WANs (Wide Área Network) em

campi universitários, hospitais e empresas. O diâmetro de

seu núcleo é largo em comparação ao comprimento de onda da

luz transmitida. Por isso, a Fibra multimodo propaga mais

que um modo de luz. Com seu relativamente grande núcleo, a

Fibra multimodo é mais fácil de conectar e unir; é a Fibra

escolhida para aplicações de curta distância consistindo de

numerosas conexões.

Fibras multimodo de índice gradual também são preferidas

quando o bom acoplamento com a fonte de luz é mais

importante do que a atenuação do sinal na Fibra, ou ainda

quando há preocupação com radiação, uma vez que estas

68

Page 70: Fibras Ópticas

Fibras podem ser construídas com núcleo de pura sílica que

não é grandemente afetado pela radiação. [11]

10.9 Comunicações

Uma das aplicações militares pioneira no uso da tecnologia

de fibras ópticas consiste na simples substituição de

suportes de transmissão metálicos nos sistemas de

comunicação de voz e dados de baixa velocidade em

instalações militares. Além de um melhor desempenho em

termos de alcance, banda passante e imunidade ao ruído, as

fibras ópticas oferecem a esses sistemas vantagens

exclusivas. Por exemplo, a informação transportada pela

fibra óptica é dificilmente violada ao longo do sistema de

transmissão, em razão da característica de isolação

eletromagnética e pelas facilidades de localização de

derivações de potência óptica ao longo do cabo, garantindo

assim um alto grau de privacidade na transmissão de dados

“sensíveis” o meio de transmissão pode percorrer sem riscos

lugares de armazenamento de combustíveis ou explosivos; o

reduzido volume e peso dos cabos ópticos provêm importantes

facilidades operacionais no transporte e instalação dos

sistemas.

Esta última qualidade das fibras ópticas é particularmente

vantajosa em sistemas táticos de comando e comunicações,

permanentes ou móveis, interligando armamentos sofisticados

e unidades militares dispersam. As conexões remotas entre

um radar e a estação de processamento de sinais podem, por

exemplo, ser mais longas garantindo maior segurança ao

pessoal de operação. [9]

69

Page 71: Fibras Ópticas

A aplicação de fibras ópticas em sistemas de comunicações

militares a longa distância, além das motivações básicas

das aplicações civis (maior alcance e capacidade de

transmissão), busca usufruir as suas qualidades

operacionais e de segurança. Por exemplo, nos EUA um enlace

óptico 147 km suporta o sistema primário de comunicações

para controle e testes de mísseis MX e na Coréia do Sul foi

construída uma rede de comunicações táticas com 667km de

cabos ópticos.

Em nível local, uma das grandes aplicações de fibras

ópticas em sistemas militares de comunicações é na

realização de barramentos de dados em navios e aviões. Além

da melhor desempenho, este tipo de aplicação das fibras

ópticas tem na redução de volume e peso uma das suas

principais motivações. Um avião bombardeiro, por exemplo,

pode ter seu peso reduzido de 1 tonelada se na sua cabeação

interna forem utilizadas apenas fibras ópticas. Nos EUA

está sendo desenvolvido um helicóptero, o HLX (light

helicopter, experimental), onde os sistemas de controle de

vôo, de armamentos e de dados internos são totalmente

baseados na tecnologia de fibras ópticas.

10.10 Redes Locais de Computadores

As comunicações entre computadores são suportadas por

sistemas de comunicação de dados que costumam ser

classificados, segundo as distâncias envolvidas, em redes

de computadores de longa distância ou redes locais de

computadores.

As redes de computadores a longa distância utilizam-se dos

meios de transmissão comum à rede telefônica. Embora

geralmente usem técnicas distintas (comutação de pacotes,

70

Page 72: Fibras Ópticas

modem etc.) essas redes a longa distância são implantadas

ou integradas nos mesmos suportes físicos de transmissão da

rede telefônica. Assim sendo, o uso de fibras ópticas em

sistemas de comunicação de dados a longa distância

acompanha a evolução da aplicação de fibras ópticas na rede

telefônica (cabos troncos, cabos submarinos, RDSI etc.)

As redes locais de computadores, utilizadas para

interconectar recursos computacionais diversos

(computadores, periféricos, banco de dados etc.) numa área

privada e geograficamente limitada (prédio, usina, fábrica,

campus etc.), caracterizam-se pela especificidade e

variedade de alternativas tecnológicas quanto ao sistema de

transmissão voltada principalmente para aplicações em

automação em escritórios e em automação industrial, como

requisitos exigentes em termos de confiabilidade,

capacidade de uma excelente alternativa de meio de

transmissão. Embora os custos e alguns problemas

tecnológicos ainda inibam sua competitividade com os

suportes convencionais, as fibras ópticas, em determinadas

aplicações, apresentam-se como a melhor e às vezes única

alternativa de meio de transmissão para as redes locais de

computadores.

10.11 Televisão por Cabo (CATV)

A transmissão de sinais de vídeo através de fibras ópticas

é uma outra classe de aplicações bastante difundida. As

fibras ópticas têm sido utilizadas, por exemplo, para

interligar, em distâncias curtas, câmeras de TV e estúdios

ou estações monitoras externas instaladas em veículos.

71

Page 73: Fibras Ópticas

Também nos circuitos fechados de TV, associados os sistemas

educacionais ou a sistemas de supervisão e controle de

tráfego e segurança em usinas ou fábricas, tem-se utilizado

fibras ópticas como suporte de transmissão. Entretanto, a

aplicação maior consumidora de fibras ópticas para a

transmissão de sinais de vídeo é constituída pelos sistemas

de televisão por cabo (CATV).

As fibras ópticas oferecem aos sistemas de CATV, além de

uma maior capacidade de transmissão, possibilidades de

alcance sem repetidores (amplificadores) superior aos cabos

coaxiais banda-larga. Nos sistemas CATV com cabos coaxiais

banda-larga, o espaçamento entre repetidores é da ordem de

1 km e o número de repetidores é em geral limitado a 10 em

função do ruído e distorção, enquanto que com fibras

ópticas o alcance sem repetidores pode ser superior a 30

km. Além de melhor desempenho, a tecnologia atual de

transmissão por fibras ópticas é competitiva economicamente

e apresenta confiabilidade substancialmente melhor que os

sistemas CATV convencionais com cabos coaxiais banda-larga.

10.12 Sistemas de Energia e Transporte

A difusão das fibras ópticas nas redes públicas de

telecomunicações tem estimulado a aplicação desse meio de

transmissão em sistemas de utilidade pública que provêm

suas próprias facilidades de comunicações, tais como os

sistemas de geração e distribuição de energia elétrica e os

sistemas de transporte ferroviário. As facilidades de

comunicações incluem, além de serviços de comunicação

telefônica, serviços de telemetria, supervisão e controle

ao longo do sistema. As distâncias envolvidas podem ser de

72

Page 74: Fibras Ópticas

alguns quilômetros ao longo de linhas de transmissão ou

linhas férreas. Embora estes sistemas geralmente não

requeiram grandes bandas passantes, o uso de fibras ópticas

é atraente, principalmente em função de suas qualidades de

imunidade eletromagnética, isolação elétrica e baixas

perdas. Sistemas de transmissão digital PCM a 2 Mbps, bem

como cabos ópticos especiais para este tipo de aplicação

têm sido experimentados ou colocados em operação comercial

nos últimos anos.[9]

10.13 Aplicações da Fibra Óptica para fins Militares

As aplicações militares de fibras ópticas incluem desde

sistemas de comunicações de voz e dados a baixa velocidade,

onde as fibras ópticas simplesmente substituem suportes

metálicos convencionais, até aplicações específicas

envolvendo sistemas de navegação e controle de mísseis ou

torpedos guiados por cabo. Os sistemas sensores com fibras

ópticas também encontram uma boa gama de aplicações

militares em navios e aeronaves de um modo em geral, ou em

aplicações específicas, por exemplo, de defesa submarina.

[10]

10.14 Aplicações Específicas

Uma aplicação específica das fibras ópticas no domínio

militar é a dos mísseis teleguiados por cabo. Neste tipo de

sistema, ilustrado na figura abaixo, um enlace com fibra

óptica de alta resistência à tração liga

(bidirecionalmente) o míssil a um centro de controle,

73

Page 75: Fibras Ópticas

permitindo um melhor controle de pintaria através da

monitoração visual do alvo.

As qualidades das fibras ópticas em termos de grande banda

passante, imunidade a interferências e não vulnerabilidades

face aos radares inimigos são essenciais a este tipo de

aplicação. Considerando atualmente o maior mercado militar

da tecnologia de fibras ópticas, este tipo de aplicação,

considerando-se apenas o programa FOG-M (Fiber Optic Guided

Missible) nos EUA, deve consumir cerca de 300000 km de

fibras ópticas até 1990. Sistemas sensores com fibras

ópticas também têm encontrado uma variedade de aplicações

no domínio militar. Um dos mais utilizados é o giroscópio

óptico que oferece vantagens com aos mecânicos, em termos

de maior precisão, peso reduzido e maior segurança. A

aplicação militar de giroscópios ópticos inclui sistemas de

navegação automática em aviões, navios, submarinos,

mísseis, espaçonaves, satélites, etc. um outro sistema

sensor de interesse para a Marinha é o acústico. Acoplados

a redes de cabos ópticos submarinos, os sensores acústicos

permitirem implantar, por exemplo, sofisticados sistemas de

defesa submarina. [10]

Figura 35 – Míssil teleguiado por fibra óptica. [10]

74

Page 76: Fibras Ópticas

11.0 Atualidades

11.1 Mercado Brasileiro

O Brasil é um dos principais consumidores de banda larga da

América Latina e, no futuro, será responsável por metade da

demanda no continente.

O país produz mais de 1 milhão de quilômetros de fibra

óptica por ano, o que atende 50% das necessidades de

consumo do país. A demanda é completada com importações dos

Estados Unidos e Japão. De acordo com a Yankee Group

consultoria especializada em tecnologia da informação, o

país terá em torno de 9,5 milhões de quilômetros de fibras

ópticas antes de 2003. Em 1998, o Brasil tinha apenas 2,4

milhões de quilômetros, o que não é muito, levando-se em

conta o tamanho do país, mas é um volume razoável comparado

com os países de expansões territoriais semelhantes, como

China, Rússia e Índia. Porém fica muito atrás dos Estados

Unidos e da Europa.

Este cenário, no entanto, vai passar por algumas

transformações. Serão investidos, segundo a Yankee Group,

em 2001 e 2002, cerca de US$ 3 bilhões na expansão das

redes de comunicação brasileira. [11]

11.2 Aplicações futuras

Fuji cria fibra óptica de plástico para mercado doméstico

75

Page 77: Fibras Ópticas

A Fuji, maior fabricante de filmes fotográficos do Japão,

afirmou hoje que desenvolveu uma fibra óptica plástica para

comunicações em alta velocidade que será destinada ao uso

doméstico.

O novo produto marca a primeira entrada da Fuji no negócio

de fibras em um momento que a fabricante japonesa busca

expandir suas fontes de receita.

O preço das ações da companhia subiu com o anúncio e

acumulou valorização de 2,87% enquanto a média definida

pelo índice Nikkei teve alta de 1,19%.

Uma porta-voz da Fuji não confirmou a informação divulgada

pelo jornal de negócios Nihon Keizai Shimbun de que a

companhia começaria a vender o produto em março do ano que

vem. “Não definimos ainda uma agenda precisa para o

lançamento das operações”, afirmou a representante.

A companhia afirmou que mensagens ou sinais podem ser

transmitidas pela nova fibra plástica com quase a mesma

velocidade que a das fibras ópticas de vidro, a mais de 1

Gigabit por segundo.

A demanda por acesso rápido à internet tem crescido a taxas

exponenciais no Japão, com o número de usuários de linhas

telefônicas ADSL (asymmetric digital subscriber line)

somando 3,6 milhões.

O mercado espera que os serviços ADSL, que usam linhas

telefônicas de cobre, sejam substituídos nos próximos anos

por cabos de fibra óptica, que oferecem velocidades muito

mais rápidas.

76

Page 78: Fibras Ópticas

A fibra plástica suporta calor e umidade vai reduzir os

custos de instalação dramaticamente, afirmou a porta-voz.

A internet chegará finalmente ao Pólo Sul, com a instalação

de cerca de dois mil quilômetros de cabos de fibra ótica no

planalto polar, uma das regiões mais inóspitas da Terra.

[15]

Fibra ótica levará a Internet ao Pólo Sul

O projeto, com custo previsto de US$ 250 milhões (R$ 775

milhões), levará anos para ser planejado e instalado, e

devem ser um dos maiores desafios já enfrentados pela

engenharia na Antártica.

Figura 36 – Vista do Pólo Sul [16]

Sua conclusão, prevista para 2009, revolucionará as

comunicações na região.

A Fundação Nacional para a Ciência, nos Estados Unidos, já

solicitou uma concorrência da indústria para a construção.

77

Page 79: Fibras Ópticas

12.0 Conclusão

Pelo que aqui foi exposto, podemos ver que a utilização das

Fibras Ópticas é e será cada vez maior. Além de

apresentarem uma ótima relação Custo/Benefício, não existem

outros meios de transmissão com parâmetros como: Atenuação,

Velocidade de Propagação, Capacidade de Transmissão e,

Custos, tão bons quanto aos apresentados pelas Fibras

Ópticas.

78

Page 80: Fibras Ópticas

Alem da facilidade de instalação, há uma ampla variedade de

Cabos de Fibra Óptica, para as mais diversas aplicações e,

estão também disponíveis, vários Sistemas de Transmissão

Ópticos, por um número muito grande de fabricantes.

Some se a isto, o fato que tanto as Fibras Ópticas, quanto

os Sistemas de Transmissão Ópticos, estão em contínua

evolução e aperfeiçoamento, permitindo hoje a implementação

de Redes totalmente Ópticas, superando todas as demais, até

hoje existentes.

A fibra óptica tem como vantagens indiscutíveis, a alta

velocidade ao navegar pela internet, assim como a imunidade

a ruído e interferência, dimensões e peso reduzidos e a

compatibilidade com a tecnologia digital.

As fibras também possuem suas desvantagens é acessível

somente a cidades cujas zonas possuem instalação, seu custo

elevado, sua fragilidade, sua dificuldade de reparação de

rompimento de fibras em campo, equipamentos de alto custo.

Atualmente vem se modernizando muitas as características da

Fibra óptica, enquanto sua cobertura fica mais resistente,

existe maior proteção contra imunidade o que significa um

uma evolução no uso da fibra, a serviço do progresso que

tecnológico em que vivemos no mundo atual.

13.0 Referências Bibliográficas

[1] Site: www.ifi.unicamp.br/foton/site/port/intro.htm

[2] Site: www.projetoderedes.com.br

[3] Site: www.richard.ite.br/duvidas69.html

[4] Site: www.clubedohardaware.com.br/371

[5] Livro: “Projetos de Redes Locais com Cabeamento

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Page 81: Fibras Ópticas

Estruturado”, Paulo Coelho, 2003.

[6] Site: www.projetoresredes.kit.net

[7] Site: www.lucalm.hpg.ig.com.br/fabricacao.htm

[8] Site: www.lucalm.hpg.ig.com.br/emendas

[9] Site www.itweb.com.br/solutions/telecom/fibra_optica/

[10] Site: www.lucalm.hpg.ig.com.br/vantagens.htm

[11] Site: www.djmeucci.sites.uol.com.br/fo/fibraopt.htm

[12] Site: www1.univap.br/~landulfo/pesq1.htm

[15] Site:www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/

020821_polosulir.shtml

[16] Site:

www.projetoderedes.com.br/artigos/artigo_utilizando_f

ibra_em_rede.php

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