Ficha Catalográfica - Produção Didático-Pedagógica · presente ao longo das margens dos rios e...

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Ficha Catalográfica - Produção Didático-Pedagógica

Professor PDE/2010

Título Mata Ciliar

Autor Ivanilda Alves de Lima

Escola de Atuação Escola Estadual Petrônio Portela - Ensino Fund. Médio e Form. de Docentes-.

Município da escola São Jorge do Patrocínio - PR.

Núcleo Regional de Educação Umuarama

Orientador Glaucia Deffune

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá

Área do Conhecimento Geografia

Produção Didático-Pedagógica Caderno Temático

Relação Interdisciplinar O Trabalho é voltado à área de Geografia, contudo, estabelece uma “ponte” com Biologia.

Público Alvo Alunos de 6ª série do ensino fundamental.

Localização Escola Estadual Petrônio Portela- Ensino Fundamental, Médio e Formação de Docentes. Situada a Rua Ozório Monteiro nº 91- São Jorge do Patrocínio-PR

Apresentação: Justificativa: Diante dos grandes problemas ambientais em âmbito mundial e da crescente urgência na conservação e recuperação dos ecossistemas naturais degradados pelo homem, surgiu à necessidade de desenvolver este trabalho para conhecer os desafios e a contribuição da comunidade para a preservação ambiental.

Objetivos: Promover reflexão e discussões teórico-metodológicas sobre mata ciliar com alunos de 6ª série do ensino fundamental;

Auxiliar na construção de saberes para fins pedagógicos educativos, com respeito a natureza, ressaltando a importância da mata ciliar para a preservação da água, bem essencial a vida.

Metodologia: Desenvolver-se-á atividades teóricas, para promover uma ampla reflexão e discussões sobre a problemática da preservação das matas ciliares: leituras e debates. Por meio de

ações pedagógicas de orientação aos alunos em atividades práticas pertinentes: trabalho de campo no espaço geográfico, para detectar pontos negativos para o entendimento e efetivação de prática positiva para enriquecer as discussões e debates dos conteúdos pertinentes à temática proposta. Promover mudanças de atitude e viabilizar a melhoria da qualidade de vida pela transformação sócio- ambiental do espaço geográfico, se apresenta como um dos eixos estruturais e metodológico do ensino de geografia, pautado na Natureza e Sociedade.

Mata Ciliar- Preservação dos Mananciais – Observação de Campo.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE

MATA CILIAR

CONSTRUINDO UM TRABALHO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NA BACIA

DO RIBEIRÃO SÃO JOÃO COM ALUNOS DE 6ª SÉRIE NO MUNICÍPIO DE SÃO

JORGE DO PATROCÍNIO – PR

Produção Didática Pedagógica, apresentada pela Professora PDE Ivanilda Alves de Lima ao Núcleo Regional da Educação de Umuarama, como requisito obrigatório do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. na área de Geografia, IES: UEM

Profª Orientadora: Me. Glaucia Deffune

São Jorge do Patrocínio - Paraná

2010

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1 INTRODUÇÃO:

O presente material aborda a temática-Mata Ciliar, com o objetivo de promover uma

ampliação da abordagem teórico-metodológica aplicável às 6ªs séries do ensino fundamental.

Por meio de atividades de leitura e reflexão sobre o assunto em sala de aula, e discussões

sobre a sustentabilidade ambiental, aplicada aos recursos hídricos. A escolha da presente

temática também faz parte do nosso projeto de Intervenção Pedagógica na Escola Petrônio

Portela – Ensino Fundamental, Médio e Formação de Docentes- Município de São Jorge do

Patrocínio, no segundo semestre de 2011, sendo pertinente uma reflexão mais ampla sobre o

assunto na nossa comunidade escolar.

Acreditamos que nas aulas de geografia será possível auxiliar o monitoramento e

mapeamento dos recursos hídricos, nos aspectos: quantitativo e qualitativo, bem como na

análise e divulgação sistemática dos dados coletados que são essenciais para o planejamento e

a gestão destes recursos. Os diferentes níveis de levantamento de campo serão colocados em

prática na etapa de intervenção pedagógica, juntamente com os alunos que farão parte deste

projeto. Através de levantamento do uso do solo na bacia, pode-se também orientar e evitar a

ocupação de áreas inundáveis e a excessiva impermeabilização do solo, e conscientizar a

população para as questões da água, através da difusão de informações, incluindo-se recursos

de educação e comunicação social, que se constituem em estratégia importante para o

processo de gestão dos recursos hídricos e das matas ciliares.

Diante dos grandes problemas ambientais em âmbito mundial e da crescente urgência

na conservação e recuperação dos ecossistemas naturais degradados pelo homem, surgiu a

necessidade de desenvolver este trabalho para conhecer os desafios e verificar as

possibilidades de contribuição da comunidade local na preservação ambiental.

Pode-se afirmar que o desmatamento, a devastação e a destruição ambiental é

resultado do crescimento populacional, das atividades produtivas, da falta de planejamento,

falta de conhecimento e manejo sustentável, além do avanço das novas tecnologias e do

capitalismo vigente.

Neste contexto, o conteúdo aqui exposto visa contribuir para a efetivação da

construção de saberes para fins pedagógicos educativos, de modo que se torne uma

oportunidade para o aprendizado e o desenvolvimento do cidadão com respeito à natureza e

aos bens de consumo por ela oferecidos, ressaltando a importância da mata ciliar para a

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preservação da água, bem essencial a vida. Pois é sabido que a ocupação do Brasil desde o

início do povoamento não teve nenhum planejamento e se caracterizou ao longo da história

pelo interesse econômico. E isso trouxe consequências pela vasta destruição dos recursos

naturais, especialmente das florestas pela retirada de madeira de lei. Assim, a cobertura

florestal nativa, representada pelos diferentes biomas, foi sendo destruída dando espaço para o

cultivo agrícola, a pastagem para criação de gado e ao progresso: A urbanização.

Sobre a exploração humana que levou a fragmentação das matas nativas Martins

(2001, p.10) comenta:

Assim, o processo de fragmentação florestal é intenso nas regiões economicamente mais desenvolvidas, ou seja, o Sudeste e o Sul, e avança rapidamente para o Centro-Oeste e Norte, ficando a vegetação arbórea nativa representada, principalmente, por florestas secundárias, em diversos estágios de degradação, salvo algumas reservas de florestas bem conservadas.

Este processo exploratório ocasionou e vem ocasionando até os dias atuais grandes

problemas ambientais, pois levou a extinção muitas espécies da fauna e da flora, além de

interferir no clima, provocou erosão de extensas áreas agrícolas e também, urbanas, bem

como o assoreamento de rios. A mata ciliar foi sendo destruída ao longo do tempo devido à

ocupação das margens, onde muitas cidades se formaram.

Neste contexto, outros problemas afetaram o meio ambiente, como inundação, desvio

de cursos d’água e o uso das áreas de mananciais como bebedouros para os animais e para a

formação de pastagens e agricultura, conforme afirma Martins (2001, p.12).

Com o passar do tempo e, dependendo da intensidade de uso, a degradação pode ser agravada através da redução da fertilidade do solo pela exportação de nutrientes pelas culturas e, ou, pela prática da queima de restos vegetais e de pastagens, da compactação e da erosão do solo pelo pisoteio do gado e pelo trânsito de máquinas agrícolas.

Essas ações ocasionaram graves consequências na biodiversidade do país

comprometendo a qualidade de vida dos seres vivos, principalmente dos seres humanos.

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Nesta perspectiva, os textos que serão trabalhados nesta unidade temática estão

diretamente relacionados à disciplina de Geografia, por meio de ações pedagógicas de

orientação aos alunos em atividades teóricas pertinentes a intervenção humana no espaço

geográfico, ressaltando os pontos negativos ao longo do tempo, para viabilizar práticas

positivas sustentadas por abordagens que enriquecerão as discussões e debates dos conteúdos

pertinentes à temática proposta.

Tendo como estratégia, oportunizar momentos de reflexão para a aquisição de novos

conhecimentos e conscientização sobre os aspectos ambientais que envolvem a comunidade

em geral, e os alunos. Promover mudanças de atitude e viabilizar a melhoria da qualidade de

vida pela transformação sócio- ambiental do espaço geográfico, se apresenta como um dos

eixos estruturais e metodológico do ensino de geografia, pautado na Natureza e Sociedade.

2 A MATA CILIAR E SUA IMPORTÂNCIA PARA A PRESERVAÇÃO DA

VIDA:

Mata ciliar é a cobertura vegetal localizada nas margens de cursos de água, tais como:

rios, riachos, açudes, lagoas, etc. Essa cobertura vegetal tem uma grande importância

ambiental devido a sua localização, em regiões com topografia acidentada.

Para Nogueira 1997, mata ciliar vem a ser a formação florestal que circunda beira de

lagos, córregos e rios.

A expressão “Mata Ciliar” é usada para designar qualquer tipo de formação florestal à

margem de cursos de água, ou seja, através do sistema radicular e da copa do conjunto

vegetal, constituem a proteção mais eficiente dos solos. (DEMATTÊ, 1998, p.43).

É uma das formações vegetais mais importantes para a preservação da vida e da

natureza. Assim como os cílios protegem nossos olhos, a mata ciliar serve de proteção aos

rios e córregos. É também conhecida como mata de galeria, mata de várzea, vegetação ou

floresta ripária. Considerada pelo Código Florestal Federal como "área de preservação

permanente", com diversas funções ambientais, portanto, deve-se respeitar uma extensão

específica de acordo com a largura dos rios, lagos, represas e nascentes. Em regiões com

topografia acidentada, a mata ciliar exerce a proteção do solo contra os processos erosivos.

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Por esses motivos existem leis coibindo os aterros das margens, as construções ribeirinhas, os

depósitos de lixos e a estocagem de matérias primas e produtos nessas áreas. A legislação

atual determina a preservação de uma faixa mínima de 30 metros ao longo de cada margem de

qualquer curso de água, considerada Área de Preservação Permanente.

Os benefícios proporcionados pelas áreas de vegetação natural tais como: a riqueza da

flora, que serve de abrigo a fauna silvestre, o papel estabilizador de temperatura, a

manutenção e equilíbrio do ciclo das águas e o seu respectivo valor paisagístico, são

fundamentais para a qualidade de vida e desenvolvimento sustentável no planeta.

Segundo o IBGE, (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a mata ciliar de

modo geral é chamada de “formação ribeirinha”. Recebe este nome por apresentar

características edáficas. (floresta de brejo, de várzeas ou aluvial). As comunidades ribeirinhas

que vivem perto destas áreas de mata ciliar muitas vezes chamam essas áreas por nomes

baseados nas espécies que predominam no local (cocais, buritizais etc). --Podemos adotar

ainda, o termo “floresta de galeria”, em regiões onde não há formação florestal como

cerrado, caatinga, entre outros. Quando essas formações ocorrem em locais onde os solos são

encharcados são chamadas de “floresta paludosa”. As matas ciliares são sistemas vegetais

essenciais ao equilíbrio ambiental e, portanto, devem representar uma preocupação central

para o desenvolvimento rural sustentável.

A preservação e a recuperação das matas ciliares, aliadas às práticas de conservação e

ao manejo adequado do solo, garantem a proteção de um dos principais recursos naturais: a

água. As principais funções das matas ciliares são: Controlar a erosão nas margens dos cursos

d’água, evitando o assoreamento dos mananciais; Minimizar os efeitos das enchentes; Manter

a quantidade e a qualidade das águas; Filtrar os possíveis resíduos de produtos químicos como

agrotóxicos e fertilizantes e auxiliar na proteção da fauna local.

Rodrigues & Leitão Filho (2000), referem-se às atividades como a exploração

florestal, o garimpo, a construção de reservatórios, a expansão das áreas urbanas, Peri-urbanas

e a poluição industrial como elementos que vêm contribuindo com a destruição das matas

ciliares. Durante muito tempo, a humanidade explorou a natureza sem nenhuma preocupação

com as consequências, pois se acreditava que era necessário para o desenvolvimento e para o

progresso, se apropriar dos recursos naturais. Quando a sociedade se deu conta dos enormes

prejuízos causados pelas ações indiscriminadas ao meio ambiente, deu-se início a preservação

ambiental por meio da criação de leis de proteção e fiscalização. Nestes termos, o Código

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Florestal, que é uma lei federal, que exige a preservação da mata ciliar exige a preservação

das espécies nativas e seu replantio em locais por onde passam cursos d’água e nascentes.

O Código Florestal (Lei n. ° 4.771/65) desde 1965 inclui as matas ciliares na categoria

de áreas de preservação permanente. Assim toda a vegetação natural (arbórea ou não)

presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser

preservada. De acordo com o artigo 2º desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser

preservada está relacionada com a largura do curso d’ água. Portanto, as Matas Ciliares estão

relacionadas no art. 2º da Lei nº 4.771/65 (Cód. Florestal/Brasil 2000), que abrange como

áreas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação existentes ao

redor dos rios, lagos, nascentes, lagoas e reservatórios, especificando, na maioria das

situações, a dimensão mínima da faixa marginal que deve ser preservada. Essa faixa poderá

variar de 30m a 600m, dependendo da largura dos cursos de água. Veja o quadro abaixo:

Situação Largura Mínima da Faixa

Rios com menos de 10 m de largura 30 m em cada margem

Rios com 10 a 50 m de largura 50 m em cada margem

Rios com 50 a 200 m de largura 100 m em cada margem

Rios com 200 a 600 m de largura 200 m em cada margem

Rios com largura superior a 600 m 500 m em cada margem

Nascentes Raio de 50 m

Lagos ou reservatórios em áreas urbanas 30 m ao redor do espelho d'água

Lagos ou reservatórios em zona rural, com área menor que 20 ha.

50 m ao redor do espelho d'água

Lagos ou reservatórios em zona rural, com área igual ou superior a 20 ha.

100 m ao redor do espelho d'água

Represas de hidrelétricas 100 m ao redor do espelho d'água

Fonte: Código Florestal Brasileiro (1965)

As matas ciliares exercem importante papel na proteção dos cursos d'água contra o

assoreamento e a contaminação com defensivos agrícolas, além de, em muitos casos se

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constituírem nos únicos remanescentes florestais das propriedades rurais sendo, portanto,

essenciais para a conservação da fauna. Estas peculiaridades conferem às matas ciliares um

grande aparato de leis, decretos e resoluções visando sua preservação.

Em muitas áreas de mata ciliar o processo de degradação é antigo, tendo iniciado com

o desmatamento para transformação da área em campo de cultivo ou em pastagem. Com o

passar do tempo e, dependendo da intensidade de uso, a degradação pode ser agravada através

da redução da fertilidade do solo pela exportação de nutrientes pelas culturas e, ou, pela

prática da queima de restos vegetais e de pastagens, da compactação e da erosão do solo pelo

pisoteio do gado e pelo trânsito de máquinas agrícolas. (MARTINS, 2001 p16).

Contudo, há ainda a necessidade de divulgar os prejuízos que a natureza e o próprio

ser humano sofrem com a degradação e a falta de preservação ambiental, só então será

possível uma análise reflexiva para que se tome uma nova postura diante da atual situação

destas áreas naturais.

3 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Segundo o CORIPA (Consórcio Intermunicipal para Conservação do Remanescente

do Rio Paraná e Áreas de Influência), a recomposição de áreas degradadas conta com um

conjunto de metodologias que visa à recuperação destas áreas de forma a aproveitar, e,

maximizar o processo natural de sucessão ecológica. Primeiramente deve ser realizado o

manejo correto do solo, pois se a mata ciliar for mantida ou recuperada, mas o solo ao redor

da mata ciliar for manejado sem cuidados, muitos problemas ainda ocorrerão. Assim, é muito

importante técnicas como o plantio em curvas de nível, o estabelecimento de cordões de

vegetação permanente, o manejo com terraços, o controle de voçorocas e a rotação de

culturas. Outro ponto que merece atenção é o isolamento da área através de cercas.

Independentemente do método de restauração, ou do estado de conservação da mata ciliar, a

área de preservação permanente deverá ser isolada principalmente em áreas onde ocorra

passagem de gado, que danificam não só as mudas, mas também a regeneração natural.

Segundo Kagyama, (1989, p.75) a escolha ou a seleção das espécies para o

reflorestamento ciliar deve considerar os seguintes aspectos: quantas e quais as espécies a

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serem utilizadas - e quantos indivíduos de cada espécie e qual a melhor distribuição a ser

implantada. A escolha deve considerar ainda as condições locais, ou seja, a interação entre as

espécies e o ambiente. Assim, nas proximidades das margens dos rios ou áreas mais sujeitas a

alagamento, devem-se utilizar espécies mais adaptadas às condições de umidade da área em

que irá se desenvolver e a função que irá desempenhar no processo de reflorestamento.

De início podem ser utilizadas diversas técnicas de nucleação, as quais têm como

principal característica a recuperação pontual em locais mais favoráveis à ao desenvolvimento

natural da vegetação. Locais onde a área de preservação permanente estiver mais degradada

são utilizadas as metodologias de recomposição de plantio adensado e plantio em blocos

utilizando-se de espécies nativas.

De acordo com a CEPAM (Centro de Estudos e Pesquisas de Administração

Municipal-SP- 1986), há vários modelos de plantios. Entre estes se destaca o modelo de

enchimento de plantio adensado, conforme se apresenta no modelo abaixo:

P P P P P

S S S S

P P P P P

C C

P P P P P

S S S S

P P P P P

C C

P P P P P

S S S S

P P P P P

LEGENDA ESPAÇAMENTO (m)

P = Pioneira 2,0 x 2,0

S = Secundária 2,0 x 4,0

C = Climácica 6,0 x 4,0

Fonte: CEPAM, 1986 (Disponível em http://www.cepam.sp.gov.br/)

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O uso desse método permite um desenvolvimento pleno da copa das árvores de forma

que elas se toquem ocasionando num maior sombreamento do sub-bosque, ao mesmo tempo

em que permite a existência de corredores entre as linhas de plantas, para fins de manutenção

do plantio. (CORIPA)

O modelo de plantio menos adensado evita a movimentação do solo, isto é, evita o

deslizamento de terra e os processos erosivos. Veja o modelo abaixo:

P P P P P

S C S C

P P P P P

S S

P P P P P

S C S C

P P P P P

LEGENDA ESPAÇAMENTO (m)

P = Pioneira 2,0 x 2,5

S = Secundária 40 x 5,0

C = Climácica 4,0 x 5,0

Fonte: CEPAM, 1986 (Disponível em http://www.cepam.sp.gov.br/)

Para o CORIPA, a escolha dessa metodologia se torna a melhor opção tendo em vista

o estado avançado de degradação das matas ciliares as quais se encontram praticamente sem

vegetação nativa, muitas vezes com a presença de gramíneas invasoras e também devido a

ausência de recuperação natural destas áreas.

O plantio com espaçamento simples é favorável pela ampla utilização de áreas abertas,

com declividade suave. Conforme modelo a seguir:

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P P P P P P

P S P S P S

P C P C P P

P S P P P S

P C P C P P

P S P C P S

LEGENDA ESPAÇAMENTO (m)

P = Pioneira 2,0 x 2,0/4,0 X 2,0/8,0/2,0

S = Secundária 40 x 4,0

C = Climácica 4,0 x 8,0

Fonte: CEPAM, 1986 (Disponível em http://www.cepam.sp.gov.br/)

Contudo, a presença de gramíneas invasoras, por serem indivíduos altamente

competitivos, impossibilita a regeneração natural de espécies nativas no local, sendo

necessária a intervenção na área com plantio de espécies nativas da região utilizando a

modalidade de plantio em blocos. Os blocos possuem formato de circulo com raio de 1,5 m

(um metro e meio), e devem ser introduzidas 09 (nove) plantas em cada bloco, e no mínimo

05 (cinco) variedades de essências nativas da região. Os blocos devem ser construídos em

“zig-zag”, ou seja, não alinhados, numa distância de aproximadamente 10 (dez) metros entre

si, em áreas desprovidas de vegetação arbórea. Nas áreas com alguma cobertura florestal os

blocos devem ser feitos onde não estiver ocorrendo a recuperação. Para a construção dos

blocos de plantio, a grama deve ser arrancada pela raiz para evitar a rebrota da mesma entre

os blocos.

Após o plantio, o bloco deve ser forrado com a palha resultado da roçada e do

coroamento, objetivando principalmente a manutenção da umidade e a queda da temperatura

do solo conforme mostra a figura abaixo:

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Fonte: Registros do CORIPA – 2008 fol. 18.

O plantio para ambientes onde há encostas e clareiras ou no interior das matas ciliares

e remanescentes é importante que se faça como mostra o modelo a seguir:

P P P P P P

P S P S P S

P C P P C P

P S P S P S

P P P P P P

P S P S P S

P C P P C P

LEGENDA ESPAÇAMENTO (m)

P = Pioneira 2,0 x 2,5 /4,0 X 2,5/8,0/2,0

S = Secundária 40 x 4,0

C = Climácica 4,0 x 8,0

Fonte: http://www.cepam.sp.gov.br/

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Conforme informações coletadas no CORIPA/ São Jorge do Patrocínio-PR em maio

de 2011, o plantio de mudas pode ser ainda aleatório ou sucessional.

Plantio Aleatório – Os plantios são aleatórios quando não se considera os chamados

grupos ecológicos das espécies usadas no plantio. São elaborados “coquetéis” com grupos de

espécies de diferentes grupos ecológicos visando garantir maior sobrevivência das plantas e

aumentando as chances de sucesso de recuperação. Este modelo de plantio exige menor

conhecimento técnico tendo em vista que há menor necessidade de conhecimento em

sucessão ecológica.

Plantio Sucessional – São plantios que levam em consideração os distintos grupos

ecológicos: espécies pioneiras, espécies secundárias e espécies aclimatadas. Podem variar em

relação à disposição das plantas dos diferentes grupos ecológicos no campo. Este modelo

considera o que é observado na natureza, utilizando o processo natural de sucessão ecológica

a seu favor. Assim leva em conta os diferentes grupos ecológicos no momento de escolher as

espécies, a quantidade e a disposição no campo.

Conforme documentos oficiais fornecidos pelo CORIPA do Município de São Jorge

do Patrocínio-PR, posteriormente ao plantio devem ser empregadas técnicas de manutenção e

monitoramento, os quais garantem que a área permaneça em processo de recuperação:

a. ISOLAMENTO: A área deverá ser isolada quando estiver junto `as pastagens e/ou

trânsito de animais, para que estes não causem danos às mudas e aos indivíduos(espécie

vegetal) mais jovens que estejam recolonizando a área.

b. COMBATE AS FORMIGAS CORTADEIRAS: No caso de presença de formigas

cortadeiras na área a ser reflorestada, estas devem ser eliminadas anteriormente ao plantio. O

agricultor deve solicitar o auxílio de um técnico habilitado para aplicar formicidas ou outras

técnicas de combate.

c. PREPARO DO SOLO: Áreas utilizadas por muito tempo para a pecuária podem

apresentar solo compactado, é recomendável gradear a área antes do plantio, favorecendo o

crescimento inicial das plantas. Em casos mais drásticos pode-se usar o subsolador nas linhas

de plantio.

d. LIMPEZA DA ÁREA: Em casos onde for constatado a ocupação por gramíneas

invasoras como braquiárias, é necessário que se faça a limpeza da área, pois algumas dessas

plantas têm crescimento muito rápido e podem dominar todas as outras plantas. Por outro

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lado, a regeneração natural, principalmente com arbustos e herbáceas, deve ser mantida na

medida do possível, pois é importante para a recuperação da área.

e. TRANSPORTE DAS MUDAS: Quando as mudas forem transportadas deve-se

tomar o cuidado para que estas não fiquem expostas ao sol e ao vento. As mudas devem ser

transportadas cobertas, evitando a desidratação e a consequente perda dos indivíduos. As

mudas também não devem ser deixadas expostas no campo se não forem plantadas

imediatamente.

f. COVEAMENTO: Recomenda-se, para o bom desenvolvimento inicial das plantas,

que as covas tenham 40 cm de profundidade x 40 cm de largura x 40 de comprimento. Após

as covas terem sido abertas o ideal é que o plantio seja realizado em seguida. Não se

recomenda que as covas permaneçam abertas por muitos dias.

g. MANUTENÇÃO E MONITORAMENTO: Após as primeiras atividades de

recomposição e plantio, as áreas devem ser monitoradas para impedir o desenvolvimento e

ocupação por espécies invasoras.

Os tratos para o desenvolvimento das espécies florestais consistem em roçadas e

coroamentos, impedindo assim que as invasoras concorram em luz com as plantas em

formação. As roçadas são feitas nas entrelinhas dos plantios quando existe competição

excessiva por plantas invasoras. O coroamento é a limpeza realizada ao redor de cada muda e

não em toda a área, para controlar o ataque de invasoras, e, não é permitido o uso de

herbicidas.

O coroamento e a roçada só devem ser realizados em caso de abafamento das mudas,

tendo em vista que a regeneração natural é muito importante. Devem ser preservados

arbustos, herbáceas e os indivíduos arbóreos provenientes da colonização natural.

Caso seja necessário, com base na observação técnica, deverá ser realizado um plantio

de enriquecimento no local juntamente com uma semeadura a lanço*.

Segundo o CORIPA, é importante que haja também técnicas que garantam e

viabilizem a melhoria da qualidade ambiental, permitindo aumento da probabilidade de

ocupação deste ambiente por outras espécies.

Um exemplo disso é a técnica de nucleação que consiste em uma aplicação de caráter

não extensivo (pequenas áreas) e costuma ser viável em termos financeiros, pois, os principais

fatores que viabilizam a recuperação são organismos e dinâmicas do próprio ambiente. São

exemplos de técnicas de nucleação que podem ser utilizadas em áreas degradadas:

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• Transposição de serrapilheira;

• Instalação de poleiros;

• Semeadura direta;

• Coleta de chuva de sementes;

• Formação de abrigos para a fauna.

As técnicas nucleadoras de restauração formam microhabitats em núcleos propícios

para a chegada de uma série de espécies de todas as formas de vida, que num processo de

aceleração sucessional, irradiam diversidade por toda a área., consistem então em

procedimentos com vistas a dinamizar os processos ecológicos naturais de recuperação.

Para o sucesso da recuperação da área através de nucleos deverá haver

acompanhamento e orientação para a implementação correta dessas técnicas. Assim, como no

plantio de enriquecimento, as mudas são plantadas nos locais onde houver maior dificuldade

de ocorrer um processo de regeneração natural, o plantio obedecerá um espaçamento de 4m x

4m.

O plantio consiste na abertura de uma cova de 30 cm de profundidade contornada por

um coroamento de 60 cm de diâmetro. Antes da muda ser colocada, a cova deve ser

preenchida com 15 cm de terra anteriormente retirada para que ocorra o desenvolvimento da

raiz da muda, a qual será colocada em seguida junto com o resto do solo.

Para acelerar a regeneração da floresta nativa heterogênea, devem ser usadas sementes

de espécies nativas, semeadas a lanço. Neste caso podem ser utilizadas 500 sementes por

hectare, sendo que as sementes deverão ser de espécies diferentes e todas nativas da região.

Este procedimento de semeadura deve ocorrer anteriormente ao plantio de recomposição da

vegetação. O uso das sementes serve como um banco de reserva de sementes, facilitando o

processo de regeneração da floresta.

Os modelos para recomposição vegetal em áreas degradadas de mata ciliar com

espécies arbóreas nativas fundamentam-se no emprego de métodos e técnicas que visam

assegurar a harmonia dinâmica da sucessão, a fim de garantir/propiciar a perenização* do

ecossistema, A escolha das espécies para plantio e replantio deve ser definido de acordo com

o clima, o tipo de solo e também pela disponibilidade dos viveiros.

________* Distribuição de sementes feitas manualmente (a lanço) na superfície, por semeadeira ou avião, podendo, posteriormente, serem compactadas com rolo.

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Essas mudas devem ser preferencialmente pertencentes ao bioma da Floresta

Estacional Semidecidual como as espécies sugeridas no quadro a seguir:

QUADRO 1: ESPÉCIES DA FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL INDICADAS PARA O REFLORESTAMENTO DE ACORDO COM A SUCESSÃO ECOLÓGICA E COM OS SOLOS ENCHARCADOS COMUNS NAS MARGENS DOS RIOS

ESPÉCIES

PIONEIRAS

ESPÉCIES

SECUNDÁRIAS

ESPÉCIES

CLÍMAX

ESPÉCIES DE

SOLOS

ENCHARCADOS

Aroeira Amendoim-bravo Copaíba Salseiro

Capixingui Canafístula Guarantã Branquinho

Crindiúva Chuva-de-ouro Jequitibá Caixeta

Embaúba Embira-de-sapo Palmito Embaúba

Fumo-Bravo Farinha-seca Peroba Baguaçu

Jacatirão Pau-d’álho Corticeira

Maricá Gurucaia Sangra-d’água

Pau-jacaré Timbaúva Ingá

Bracatinga

Cebolão

Ariticum-cagão

Figueira

Tapiá

Açoita-cavalo

Fonte: Adaptado de SENAR-PR: Trabalhador em florestamento-vegetação ciliar.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância das matas ciliares vai além da preservação dos rios, lagos e nascentes.

Elas garantem a diversidade das espécies servindo de alimento para a fauna e abrigo para os

animais.

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A mata ciliar também garante a qualidade de vida dos seres humanos, quando

preservada auxilia na subsistência da espécie humana. Contudo, sabe-se que uma razoável

parcela da sociedade utiliza-se de práticas destrutivas ao meio ambiente, ocasionando grandes

catástrofes tais como: contaminando os rios, o ar e o solo com ações inadequadas de uso

destes recursos.

Mas por outro lado, nota-se também que no limiar deste milênio muito se tem falado

em preservação ambiental e defesa do meio ambiente. E algumas ações têm contribuído para

recuperação de florestas e preservação da vida. A legislação vigente somada ao engajamento e

cobranças de uma parcela da população tem promovido parcerias, trabalhos contínuos e

tomadas de posição ambientalmente sustentáveis por proprietários de terras, que passaram a

adotar medidas preventivas de reflorestamento em áreas de cursos d’água. Diante disso a

escola se apresenta como lócus de reflexão e conscientização, e, por sua vez tem sido uma

grande disseminadora desta temática, abordando em seu plano de ensino conteúdos que

despertem as questões que envolvem a preservação do planeta e promovam a qualidade de

vida, para que assim cada indivíduo tenha o seu lugar e respeite o espaço de todos.

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5 REFERÊNCIAS

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