Ficha de IPA - · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14 furtadas, rematadas por beiral. Na zona...

14
28 Dez 2009 Page 1 of 14 www.monumentos.pt Convento de Santa Maria do Bouro / Pousada de Santa Maria do Bouro IPA Monumento Nº IPA PT010301190006 Designação Convento de Santa Maria do Bouro / Pousada de Santa Maria do Bouro Localização Braga, Amares, Bouro (Santa Maria) Acesso EN 206, Lug. do Terreiro Protecção IIP, Dec. nº 42 007, DG 265 de 06 Dezembro 1958; ZEP, Desp. homologado pelo Ministro da Cultura, 23 Outubro 2002 Enquadramento Urbano, isolado, separado da povoação pela EN, implantado em encosta, em plena Serra de São Mamede, rodeado por propriedade agrícola da antiga quinta do mosteiro. A igreja é precedida por ampla escadaria junto ao ângulo que esta forma com o edifício monacal, de dois lanços com patamar intermédio. Na antiga cerca monacal dispoêm-se a esplanada, dois tanques de pedra, paralelamente à fachada posterior do mosteiro, piscina oval, campo de ténis, jardins percorridos por calçada portuguesa, horta, laranjal, olival e campos de vinha. Descrição Planta composta por igreja longitudinal, de nave única, com duas torres sineiras a ladear a fachada principal, endonártex bastante profundo, capelas laterais intercomunicantes, transepto inscrito e capela-mor profunda, e dependências monacais, adaptadas a

Transcript of Ficha de IPA - · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14 furtadas, rematadas por beiral. Na zona...

Page 1: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 1 of 14

www.monumentos.pt

Convento de Santa Maria do Bouro / Pousada de Santa Maria doBouro

IPA

Monumento

Nº IPA

PT010301190006

Designação

Convento de Santa Maria do Bouro / Pousada de Santa Maria doBouro

Localização

Braga, Amares, Bouro (Santa Maria)

Acesso

EN 206, Lug. do Terreiro

Protecção

IIP, Dec. nº 42 007, DG 265 de 06 Dezembro 1958; ZEP, Desp.homologado pelo Ministro da Cultura, 23 Outubro 2002

Enquadramento

Urbano, isolado, separado da povoação pela EN, implantado emencosta, em plena Serra de São Mamede, rodeado porpropriedade agrícola da antiga quinta do mosteiro. A igreja éprecedida por ampla escadaria junto ao ângulo que esta formacom o edifício monacal, de dois lanços com patamar intermédio.Na antiga cerca monacal dispoêm-se a esplanada, dois tanquesde pedra, paralelamente à fachada posterior do mosteiro, piscinaoval, campo de ténis, jardins percorridos por calçada portuguesa,horta, laranjal, olival e campos de vinha.

Descrição

Planta composta por igreja longitudinal, de nave única, com duastorres sineiras a ladear a fachada principal, endonártex bastanteprofundo, capelas laterais intercomunicantes, transepto inscrito ecapela-mor profunda, e dependências monacais, adaptadas a

Page 2: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 2 of 14

www.monumentos.pt

pousada, com claustro desenvolvido lateralmente, a S. da igreja,integrando a sacristia rectangular, adossando-se a este, a O.,corpo em L invertido, formando pátio, e no extremo E., corpoquadrangular da cozinha velha e estreito corpo rectangularcorrespondente à residência paroquial, com pátio entre os doiscorpos. Volumes articulados de dominante horizontal, quebradospelo verticalismo das duas torres sineiras. Coberturasdiferenciadas em telhados de duas águas na nave e capela-mor,quatro águas no cruzeiro, nas torres sineiras, cúpulas bolbosasrebocadas e pintadas de branco, vazadas por óculos, coroadaspor cata-vento com esfera armilar, o da torre S., com báculo eleão, e chapas de ferro modelado na pousada. IGREJA comfachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto a lateralvirada ao claustro, que se apresenta em aparelho de granitorusticado, com embasamento, enquadradas por cunhaisapilastrados toscanos, com corpos delimitados por pilastrastoscanas colossais, ambos encimados por pináculos. Fachadaprincipal orientada, enquadrada pelas torres sineiras. Panocentral de três registos, separados por cornijas, rematado porfrontão de volutas, com o brasão da Ordem de Cister e dePortugal, no tímpano, coroado por cruz sobre acrotério comvolutas. Primeiro registo com arcaria plena serliana, de acessoao endonártex. Segundo registo com três edículas, concheadas,com aletas, rematadas por frontão triangular, albergando asimagens de Nossa Senhora da Assunção, ladeada por SãoBento e São Bernardo de Claraval. Terceiro registo com janelaquadrangular, ladeada por duas em quarto de lua. Interior doendonártex de três tramos, separados por arcos plenos, comcoberturas independentes em abóbadas de berço rebocadas epintadas de branco. Ao centro rasga-se o portal principal, deverga recta. Torres sineiras idênticas, de dois registos,separados por cornija, correspondendo o último à sineira, deventanas em arcos plenos. No cunhal da torre S., encontra-serelógio de sol. Remates em cornija, com gárgulas de canhão nosângulos. Fachada lateral N., rematada por cornija sob beiral,sendo a do pano da nave, suportada por cachorrada. O pano danave é rasgado por frestas entaipadas e por três janelasrectangulares, elevadas para além da cornija de remate,formando águas

Page 3: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 3 of 14

www.monumentos.pt

furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente aotransepto, rasgam-se dois portais, um de verga recta, e outropleno entaipado. São encimados por dois janelões rectangulares.Pano da nave rasgada por par de janelões e pequenas janelasquadrangulares. Panos do cruzeiro rasgados por par de janelasquadrangulares, entaipadas e lateralmente janela em arcoabatido. Fachada lateral S. virada ao claustro rasgada por trêsjanelas rectangulares, elevadas para além da cornija de remate,formando águas furtadas, rematadas por beiral. Fachadaposterior, com pano da capela-mor cego, em empena coroadapor cruz latina sobre acrotério e esfera. INTERIOR com paredesrebocadas e pintadas de branco. Nave coberta por tecto demadeira pintado de branco, formando falsas abóbadas de arestacom pendentes centrais em talha dourada. Pavimento em laje degranito. Coro-alto sobre o endonártex, com guarda embalaustrada de talha, com balcões destacados nos extremossuportados por modilhões de talha. Guarda-vento de madeira,com cobertura em cúpula bolbosa. A ladear o guarda-vento, dolado do Evangelho, encontra-se baptistério definida porsupedâneo rectangular, com pia baptismal de taça gomada,assente em plinto bojudo. Do lado oposto encontra-se pia deágua-benta. Capelas laterais, intercomunicantes, são abertas porarcos plenos, assentes em pilastras toscanas, encimadas porjanelões, com brincos, guarda de ferro e sanefas de talhadourada. Por detrás dos janelões encontra-se corredor, que seforma sobre as capelas. Entre as capelas encontram-se estátuaspétreas, assentes em grandes mísulas de talha policroma, arosa, verde e dourado, com querubins. As estátuas representam,do lado do Evangelho, São Mateus, São João Evangelista, e SãoLuís, rei de França, e do lado da Epístola, São Marcos e SãoLucas. Entre as duas últimas capelas do lado da Epístola,encontra-se púlpito de base em granito, rectangular, assente emmodilhão. Apresenta guarda plena, em talha policroma, commarmoreados a castanho, verde e decoração marcada adourado, bojuda na base, com ornatos de besantes e decoraçãofitomórfica. O acesso ao púlpito é feito através do corredorexistente entre as capelas. As capelas, protegidas por grades demadeira, com balaustrada, são cobertas por abóbada de aresta,rebocada e

Page 4: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 4 of 14

www.monumentos.pt

pintada de branco. Paredes laterais com silhar de azulejos epintura mural, rasgadas por porta de verga recta. Paredestesteiras com retábulos idênticos em talha policroma. Cruzeiro,sobrelevado por degrau, protegido por grade em madeira, combalaustrada idêntica à das capelas laterais, coberto por abóbadade abertas rebocada e pintada de branco, assente em arcosmarmoreados. Braços do transepto, abertos por arcos plenos,com grandes sanefas em talha policroma, com cores idênticas àrestante talha da nave, decoradas por renda, volutas, grinaldas,urnas com flores, e ao centro o Sagrado Coração comresplendor. Topos dos braços, com retábulo de talha policroma,ao centro, ladeado por porta e nicho com altar. Acesso àsacristia, na porta do lado da Epístola. Do lado do Evangelho, oretábulo é dedicado à Ascensão de Cristo, e do lado oposto, à daVirgem. Arco triunfal pleno, assente em pilastras toscanasemolduradas, com grande sanefa de talha idêntica às dos barcosdo transepto, com grande brasão da Ordem, ladeado por anjos,no fecho. Capela-mor protegida por guarda de comunhão, combalaustrada de madeira. Cobertura em abóbada de berço demadeira pintada de azul. Pavimento em laje de granito. Paredeslaterais com cadeiral de talha, de duas filas, com espaldardecorado por doze painéis relevados, figurando paralelamenteepisódios da vida de São Bento e São Bernardo. Do lado doEvangelho, São Bernardo ao pé da Virgem, recebendo o hábitoem Cister, refeitando as honras do mundo, etc. Do lado oposto,representação de São Bento a receber o hábito, derrotandoTotila, rei dos Godos, a morte, etc. No lado do Evangelho aencimar o cadeiral, encontra-se tribuna com guarda vazada detalha, albergando o órgão. Retábulo-mor de talha dourada, deplanta côncava, de três eixos, rematado por entablamentoencimado por espaldar recortado com imagem sobre mandorla,sobrepujado por sanefa com lamberquim. Tribuna em arco pleno,com trono. Eixos laterais com peanhas com imaginária, entrecolunas compósitas com decoração fitomórfica. Banco bastanteelevado, com sacrário ao centro. Sotobanco com portas, noseixos laterais, de acesso à tribuna, encimadas por ricacomposição fitomórfica. Antesacristia com grande lavabo assenteem supedâneo rectangular de um degrau, com espaldarenquadrado por

Page 5: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 5 of 14

www.monumentos.pt

pilastras toscanas, emolduradas, com conchas na base e volutase grinaldas no terço superior. É rematado por entablamento comfrontão de volutas interrompido por cartela encimada por pináculocom acantos. No centro do espaldar, a encimar taça trilobada,gomada, encontra-se estátua servindo de bica, representandoanjo a segurar um leão. Sacristia de dois tramos, com duplaarcaria plena, assente em coluna central dórica. Arcos comrevestimento de azulejos setecentistas monocromos a azul, combarras decoradas por volutas. Intradorso dos arcos pintados comanjos, acantos, festões e drapeados. Cobertura de caixotões demadeira, pintados, com motivos idênticos aos do intradorso dosarcos. Pavimento em laje de granito. Paredes revestidas compainéis de azulejos figurativos, monocromos a azul, figurandocenas da vida de São Bernardo, a lenda da sua irmã Umbelina, ecartelas com anjos. Paredes S. e O., percorridas por arcaz depau-santo, com ferragens em latão. Parede E., entre janelas,com contador embebido na caixa muraria. DEPENDÊNCIASMONACAIS com fachadas de um, dois e três registos, devido aodeclive do terreno, em aparelho de granito rusticado, rematadaspor cornija, com gárgulas de canhão, enquadradas por cunhaisapilastrados toscanos, coroados por pináculos piramidais. Sãorasgadas por vãos de verga recta, de diferentes tamanhos, orade verga recta, ora recortados, com vido único. Fachadaprincipal, a N., virada à igreja, de dois e três registos, commezzanino intermédio, possuindo no primeiro registo portais deverga recta, dois deles enquadrados por pilastras e coroados porfrontão triangular. O do extremo direito, de acesso ao interior dapousada, e o do meio, conhecido como "porta dos carros", deligação ao arco de passagem para pátio. Último registo ritmadopor janelas de sacada com guarda de ferro, intercaladas pornichos com imagens pétreas, com lápide na base, com inscriçõesidentificativas. As imagens representam a Sagrada Família, D.Afonso Henriques, D. Sebastião, Cardeal D. Henrique, D. JoãoIV. Fachada lateral O., de três panos, o central estreito,delimitado por pilastras coroadas por pináculos piramidais, comremate em frontão recortado. De três registos, correspondendo oprimeiro a janelas jacentes gradeadas, o segundo a janelas depeito e o

Page 6: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 6 of 14

www.monumentos.pt

terceiro a janelas de sacada iguais às da fachada principal,sendo a do pano central rematada por cornija e enquadrada poraletas. Fachada posterior, a S., com pano do topo do corpo em L,de três registos seguindo a mesma linguagem decorativa dafachada lateral O.. Panos virados ao pátio, também de trêsregistos, possuindo o pano lateral O., no extremo, pedras emperpianho, e o pano central, no primeiro registo dois arcos, umde passagem para a fachada principal e outro aberto paravestíbulo com escadaria de pedra, com elevador junto ao vão daescada. Topo E. da fachada posterior, avançado, de um registo,com janelões gradeados entre mísulas, encimado por grandechaminé, sendo a metade superior em tijolo estreito. CLAUSTROcom fachadas de dois registos, e galerias abertas sem cobertura.Primeiro registo formado por arcaria plena, assente em colunasdóricas, sobre murete, aberto ao centro nos quatro lados.Segundo registo aberto por vãos de verga recta com sacada degranito. Pavimentos em laje de granito, com pátio rebaixado aocentro, com dois degraus, aberto por duas caleiras confrontantese junto aos ângulos quatro canteiros com laranjeiras e bancosadossados em U, em cada um dos lados. INTERIOR com trêspisos, consoante os corpos, devido ao declive do terreno. Noprimeiro piso do corpo em L, encontram-se dois grandes salões,que correspondiam à adega e tulhas, um rebocado e pintado deamarelo e outro em granito, correspondendo a salões de festas eauditório. Piso superior com acesso principal por vestíbulo quecomunica com a recepção, lavabos, salas intercomunicantes,para televisão e bilhar, bar e alguns dos 30 quartos da pousada.No topo E., encontra-se vestíbulo com lavabo de granito, deacesso à cozinha velha, usada como restaurante. Apresentaparedes em granito, com três espaços definidos por arcosabatidos, de diferentes dimensões. Colateralmente ao arco quedá acesso ao espaço do topo E., coberto pela grande chaminé,encontram-se dois lavabos iguais, com espaldar inscrito em arcopleno, bica circular e taça bojuda. O espaço central apresentagrande mesa de pedra rectangular, com tampo monolítico, eporta de acesso ao antigo refeitório, usado como sala debanquetes. Acesso entre pisos feito por elevador na recepção epor escadaria de pedra, no corpo em L.

Page 7: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 7 of 14

www.monumentos.pt

Último piso correspondendo unicamente a quartos e duas suites,com corredor a percorrer todo o edifício, que parte de vestíbulocom tecto de madeira, com caixotões formados por vigas deferro. Quartos com pavimentos em soalho e tectos falsos.

Descrição Complementar

TALHA: Retábulos laterais idênticos, de planta recta, um só eixo.Remate em cornija, elevada ao centro e semicírculo, encimadapor espaldar com querubins e remate em cornija quebrada.Tribuna com painel pintado com alusão ao orago, à excepção doúltimo retábulo, do lado do Evangelho, junto ao cruzeiro, queapresenta nicho em arco pleno, com bandeira. A tribuna éenquadrada por colunas compósitas, demarcadas no terçoinferior por estrias, sobrepostas a pilastras compósitas. Nosextremos encontram-se peanhas com imaginária. Altares emforma de urna; retábulos do transepto idênticos, de planta recta,um só eixo, rematado por entablamento, encimado por espaldarrectangular, com aletas estilizadas, com anjos ao centro ecoroado por frontão curvo. Tribuna com pintura do orago,ladeada por par de colunas compósitas, demarcadas no terçoinferior por estrias e grinaldas. Altar em forma de urna assenteem supedâneo de granito de três degraus.

Utilização Inicial

Cultual e devocional: mosteiro cisterciense

Utilização Actual

Cultual e devocional: igreja com culto e festa no 1º domingo de

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

IPPAR, DL 106F/92, de 01 Junho

Época Construção

Séc. 12 / 13 / 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto | Construtor | Autor

ARQUITECTOS: Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira

Page 8: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 8 of 14

www.monumentos.pt

adaptação a pousada), Maria João Dias Costa (co-responsávelpela reconstituição da cerca); DECORADOR: Cecília Cavaca;DOURADOR: Jerónimo Luís; ENSAMBLADOR: AgostinhoMarques (mobiliário da sacristia), António João Padilha (duasgrades de pau preto para a igreja); PINTORES: Teotónio dosSantos (atr. azulejos da sacristia), Manuel Furtado de Mendonça;Ângelo de Sousa, Álvaro Lapa, Rui Pais (pinturas de interior dapousada); ORGANEIRO: Manuel de Sá Couto.

Cronologia

1148 - D. Afonso Henriques faz doação do couto a mongesbeneditinos, sendo abade D. Paio Nunes, que teve importantepapel nas lutas da reconquista; 1162, Outubro - documento dachancelaria de D. Afonso Henriques mencionando a existênciade uma pequena ermida no local, dedicada a São Miguel, quesegundo a lenda terá sido construída por dois beneditinos, apósterem visto uma luz que lhes indicou o lugar onde estavaescondida uma imagem da Virgem; 1195 - o mosteiro deixa aregra beneditina e passa a reger-se pela de Cister, de SãoBernardo de Claraval, com a invocação de Nossa Senhora daAssunção; 1208 - o abade mostra ter pretensões à cadeiraabacial de Alcobaça, ganhando o apoio do rei D. Sancho I; omosteiro aparece pela primeira vez nas actas do Capítulo Geralde Cister; 1221 - o mosteiro é mencionado no testamento de D.Afonso II; 1271 - o mosteiro é mencionado no testamento de D.Afonso III; 1320 - o mosteiro tinha 2000 libras de rendimento;1383 / 1385 - quando Castela invade Portugal em apoio de D.Beatriz, o abade de Bouro toma o partido do Mestre de Aviz ejunta 600 homens para a defesa da linha de fronteira de Portelado Homem, conseguindo vencer as tropas galegas; emagradecimento, o condestável D. Nuno Álvares Pereira, confereao abade o título de Capitão-Mor e Guarda das Fronteiras, com apossibilidade de levantar exército, sempre que fosse necessário;séc. 15 - o sistema de "Comenda" em que o abade era escolhidopelo rei origina a decadência do mosteiro; 1530, 5 Mar. - Cartados religiosos do mosteiro pedindo a Rui Teles, fidalgo da CasaReal, que fizesse saber ao rei o estado de ruína do mesmo e quelhes remediasse o

Page 9: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 9 of 14

www.monumentos.pt

problerma; 1533 - só sete monges habitavam a abadia, segundocarta de visita de frei Cláudio de Bronseval, secretário do abadede Claraval; a igreja possuía três altares pobrementeornamentados; segundo o visitador havia "uns casebres quemais pareciam pocilgas (...) quando subimos encontramos setemonges sem cogula (...) os monges habitavam os casebresmisturados com irmãos leigos de ambos os sexos"; 1536, 8Fevereiro - visitação de Fr. Bernardo de la Fuente e Fr. TomásLonga do Mosteiro de Nossa Senhora da Pedra, em Aragão,onde se refere que tinha de rendimento 300 mil reais, mandandoque elevasse o número de monges para 10, que se fizessem trêsmesas para o refeitório e sereparasse as dependências domosteiro; séc. 16, segunda metade - execução do cadeiralprimitivo; 1582 - data do fecho do topo O. da ala S., do corpo emL, com a construção da "porta dos carros"; pouco depoiscompletar-se-ia a ala O. do mesmo corpo, e mais tarde,acrescentar-se-ia um pequeno corpo, no topo S., do panoposterior da ala O.; séc. 17, finais - devido ao estado dedegradação da igreja dá-se início a profundas obras dereconstrução; 1690, 28 Abril - António João Padilha, mestreensamblador, fez umas grades para o cruzeiro da igreja econtrata a obra de duas grades de pau preto para duas capelas;1692 - o mosteiro tinha 34 monges; séc. 18, início - ampliação daigreja, remodelação da sacristia e sala do capítulo, construção dorefeitório e cozinha velha; para O. do claustro construiu-se umanova ala, deslocando-se para aí a entrada principal do mosteiro;remodelação do cadeiral primitivo; douramento do retábulo-morpor Jerónimo Luís; 1715, cerca de - colocação dos azulejos nasacristia, atribuídos a Teotónio dos Santos; 1726/1727 - o mestrepintor Manuel Furtado de Mendonça recebe 20$600 portrabalhos realizados no mosteiro; 1761 - o mosteiro tinha trinta eseis monges; 1788 - viviam no mosteiro trinta e dois monges;1798, 28 Dezembro - execução do órgão por Manuel de SáCouto; séc. 18, final, séc. 19, início - execução dos retábuloslaterais; 1834 - com a extinção das ordens religiosas a igrejapassou a paroquial e o mosteiro foi abandonado, tendo sidoposteriormente vendido em hasta pública; 1853 - transferência doórgão para a Igreja do Bom Jesus de Braga (v.PT010303580024); o

Page 10: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 10 of 14

www.monumentos.pt

mosteiro é propriedade da família Pais de Aguiar; 1986 - partedo mosteiro é adquirido pela Câmara Municipal de Amares, por200 contos, e por esta doado ao IPPC; a Câmara Municipal deAmares propõe a instalação de uma Escola Agrícola no mosteiro;1980 - a Secretaria de Estado do Turismo propõe a utilização domosteiro como pousada; 1986 - o IPPC propõe a instalação nomosteiro, de um Centro de Estudos de Restauro; 1989 - projectodo arquitecto Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira paraadaptação das antigas dependências monacais a pousada; 1994- início das obras de adaptação para a Pousada de Santa Mariado Bouro, inserida nas Pousadas de Portugal, geridas pelaENATUR; 2003 - na sequência da privatização da ENATUR apousada passa a ser gerida pelo Grupo Pestana.

Tipologia

Arquitectura religiosa, românica, maneirista, barroca, rococó,neoclássica e contemporânea. Mosteiro primitivamentebeneditino, passando depois a cisterciense, de planta compostapor igreja longitudinal, de nave única, com duas torres sineiras aladear a fachada principal, endonártex bastante profundo,capelas laterais intercomunicantes, transepto inscrito e capela-mor profunda, e dependências monacais, com claustrodesenvolvido lateralmente à igreja, integrando a sacristiarectangular, adossando-se a este, corpo em L invertido,formando pátio, e no extremo, corpo quadrangular da cozinhavelha e estreito corpo rectangular correspondente à residênciaparoquial, com pátio entre os dois corpos. A igreja conserva doperíodo românico, a sua fachada lateral N., sendo ainda visível acachorrada de remate original. O espólio arqueológico maisantigo, nomeadamente elementos arquitectónicos e decorativosdispersos, em que sobressaem aduelas profusamente decoradasde antigos portais, e de algum espólio cerâmico, apontam parauma cronologia em torno dos finais do séc. 12, princípios do séc.13. O mosteiro primitivo seria constituído provávelmente por umaigreja de três naves com cabeceira tripartida de plantarectangular, e os edifícios monacais organizavam-se à volta doclaustro encostado à parede meridional da igreja. O resto daigreja apresenta decoração barroca, com fachada principal detrês

Page 11: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 11 of 14

www.monumentos.pt

registos, o primeiro com arcada serliana de acesso ao exonártex,a segunda correspondendo a nichos com imaginária, ligada aomosteiro e o último com três janelas, as laterais em meia lua.Apresenta um remate com frontão de volutas com as armas daOrdem no tímpano. Interior com nave coberta por falsa abóbadade arestas, em madeira. Retábulos laterais e do cruzeiro,neoclássicos. Cruzeiro com cobertura em abóbada de arestas.Sanefas dos arcos do cruzeiro rococós, com decoração deacantos e concheados. Retábulo-mor barroco joanino. Sacristiaintegralmente revestida com azulejos joaninos, e cobertura emtectos de caixotões de decoração barroca, com anjos, acantos,festões e drapeados. Dependências monacais, desenvolvidaslateralmente à igreja, segundo o modelo beneditino, comfachadas maneiristas, com claustro com arcada plena, encimadapor janelas de sacada. Interior totalmente remodelado no final doséc. 20, para pousada, classificada como Pousada HistóricaDesign, com decoração contemporânea. Cozinha velha, com trêsespaços, serparados por arcos abatidos, possuindo no centralgrande mesa de pedra, e colateralmente ao arco de acesso aoespaço encimado pela grande chaminé, dois lavabos de taçasbojudas.

Características Particulares

A igreja apresenta um endonártex bastante profundo, dividido emdois tramos. O edifício apesar de ter sido reconstruído já durantea Ordem de Cister, apresenta alusões à primitiva Ordembeneditina, nomeadamente através das várias representações deSão Bento, em dicotomia com as de São Bernardo de Claraval,fundador da Ordem de Cister. O lavabo da antesacristia émonumental, com excelente trabalho de cantaria, também elecom alusão à Ordem beneditina, patente através do leão. Osazulejos da sacristia, possivelmente de Teotónio dos Santos,constituem uma das primeiras manifestações da designda"grande produção joanina", pelo tratamento mais leve eestereotipado da pintura e dos ornatos das cercadurasinfluenciados pela obra do mestre P. M. P., e, ainda que nãotenham o requinte das obras dos outros mestres, possuiconsiderável graça e poder decorativo. Na adaptação dasdependências

Page 12: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 12 of 14

www.monumentos.pt

monacais a pousada, o arquitecto optou pela recuperação doimóvel mantendo, no entanto, a imagem natural que ostentavanos últimos anos, preferindo não colocar nenhum telhado nacobertura e utilizando nas janelas apenas vidro, dando asensação de existirem apenas as fachadas. No interior mantevepraticamente toda a compartimentação original, optando pelodespojamento dos materiais, das formas e da decoração. Àssalas intercomunicantes foram retiradas as portas, deixandoapenas os vãos, sendo algumas portas originais usadas comopainéis decorativos nas paredes, como memória da decoraçãopassada. A grande chaminé da cozinha velha domina o topo dafachada posterior, utilizando para além do granito, o tijoloestreito. Estabelecimento de hotelaria inserido na rede Pousadasde Portugal, integrando o grupo das Pousadas Design Histórico.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista.

Materiais

Estrutura, cunhais, embasamento, sacadas, cornijas de remate,arcadas, elementos decorativos, pavimento da igreja, sacristia eclaustro, pia baptismal, base do púlpito, canteiros e bancos doclaustro, tanques, lavabos, lareiras, chaminé e mesa da cozinhavelha, em granito; coberturas da nave e capela-mor, retábulos,guardas do coro-alto, grades de comunhão, portas e janelas daigreja, guarda-vento da igreja e pavimentos da pousada, emmadeira; arcaz e contador da sacristia em pau preto; azulejostradicionais nas capelas e sacristia; azulejos industriais recentesnas casas de banho da pousada; tectos falsos de pladur napousada; ferragens dos arcazes em latão; coberturas dapousada, cata-ventos das torres sineiras, guardas das sacadas ecaixotões do vestíbulo da pousada, em ferro; coberturas da igrejaem telha de canudo.

Bibliografia

BRITO, Frei Bernardo de, Crónica de Cister, 1602; SILVA,Domingos M. da, Entre Homem e Cávado, AMARES, 1959;SMITH, Robert C.,

Page 13: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 13 of 14

www.monumentos.pt

A Talha em Portugal, Lisboa, 1963; MECO, José, O Azulejo emPortugal, Lisboa, 1989; VALENÇA, Manuel, A Arte Organísticaem Portugal, vol. II, Braga, 1990; Gil, Júlio, As Mais Belas Igrejasde Portugal, Lisboa, 1992; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Oedifício do Convento do Salvador - De mosteiro de freiras ao LarConde de Agrolongo, Braga, 1994; C., Tecto da Sacristia retiradopara restauro, A Voz da Abadia, Santa Maria do Bouro, 28 Fev.1995; ANDRADE, Sérgio C., Pousada de Santa Maria de Bouro.A Arquitectura invisível de Souto Moura, Pública, nº 109, 21Junho 1998, p. 38 - 43; FIDALGO, Joaquim, Renascer dasCinzas, Pública, nº 109, 21 Junho 1998, p. 44 - 45; BECKER,Annette, TOSTÕES, Ana, WANG, Wilfried, ALMEIDA, PedroVieira de, Arquitectura do século XX: Portugal, Centro Cultural deBelém, Lisboa, 1998; MOURA, Eduardo Souto de, VIEIRA,Humberto, Reconversão do Convento de Santa Maria do Bouronuma Pousada, architécti, 41, Lisboa, 1998; AAVV, Pousada StªMaria do Bouro, s.l., 1997; GOMES, Saúl António, Visitações aMosteiros Cistercienses em Portugal nos séculos XV e XVI,Lisboa, 1998; ASSIS, Francisco, Mosteiro de Santa Maria deBouro nasceu da lenda da Virgem, in Diário do Minho, 16Setembro 2004, pp. 22 - 28; PEREIRA, Pedro Antunes, Obras naigreja de Santa Maria de Bouro, in Jornal de Notícias Minho, 25Setembro 2006, p. 21; LOBO, Susana, Pousadas de Portugal.Reflexos da Arquitectura Portuguesa no Século XX, Coimbra,Imprensa Universitária de Coimbra, 2006.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID, DREMN

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID, DREMN

Documentação Administrativa

DGEMN: DSID, DREMN; IAN/TT: Corpo Cronológico, Parte I,maço 44, doc. 100

Intervenção Realizada

DGEMN: 1970 - consolidação do telhado da nave; 1978 -reparação do arcaz; 1979 - reparação da cobertura da igreja;

Page 14: Ficha de IPA -   · PDF file28 Dez 2009 Page 3 of 14   furtadas, rematadas por beiral. Na zona correspondente ao transepto, rasgam-se dois portais, um de verga

28 Dez 2009

Page 14 of 14

www.monumentos.pt

reparação do arcaz e cobertura da sacristia; 1981 / 1982 -reparação dos telhados da Igreja; 1985 / 1986 - obras debeneficiação na igreja: recuperação dos revestimentos azulejaresna sacristia, obras de carpintaria, reconstrução do telhado erecuperação de coberturas; obras de consolidação. IPPAR: 1992/ 1995 - obras de conservação e recuperação da igreja; restaurodas paredes exteriores e interiores; remodelação do telhado esubstituição dos vitrais existentes; renovação do coro, a nível desoalhos e frisos laterais; modernização dos sistemas sonoro, deiluminação e instalação eléctrica; restauro da talha dourada dosretábulos colaterais e do retábulo-mor; recuperação da antigaresidência paroquial e dos espaços superiores à sacristia e Salado Capítulo; Enatur: 1994 - início dos trabalhos de adptação doedifício monacal a pousada; Unidade de Arqueologia daUniversidade do Minho: 1994 / 1995 - intervenção arqueológica:escavações prévias e de acompanhamento da obra; IPPAR:2004, Setembro - início dos trabalhos de restauro do retábulo-mor e limpeza geral da capela-mor.

Observações

A designação oficial da classificação refere-se ao imóvel como"Convento", mas na verdade o mais correcto deveria ser"Mosteiro", pois tanto a Ordem de São Bento e como a de Cistertinham votos monacais, com clausura e prática da vidacontemplativa; durante as obras de adaptação a pousada,procederam-se a escavações arqueológicas, as quais, puserama descoberto algumas das estruturas românicas originais, bemcomo sepulturas do mesmo período, no local onde se julga terexistido o cemitério monacal, junto à fachada posterior da igreja.

Autor Data

Isabel Sereno / João Santos 1993 / Paula Noé 1998 / JoaquimGonçalves 2005

Actualização

Não definido