Ficha de trabalho sobre a apreciação crítica música

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Linguagem e Comunicação· Gina Guerreiro Textos Reflexivos Artigo de Apreciação Crítica Actividade 1 Chamem a polícia e os GNR também Davide Pinheiro Nem sempre a idade mais avançada é sinal de menor vitalidade ou falta de energia em palco. Dois veteranos, Sting e os GNR souberam perceber que num festival como o Rock in Rio seria necessário oferecer aos espectadores presentes (65 mil, no domingo) um sortido de êxitos... mexidos. Sting optou por recorrer ao seu passado com os Police, ao invés da carreira individual de onde extraiu apenas o crème de la crème. Evitaram-se as sessões de misticismo, os devaneios místicos e a letargia de algumas das suas canções mais recentes. Solução? Procurar na pop descendente da new wave a solução para os males do tédio. O arranque fez-se com Message in a Bottle como que a anunciar o que se seguiria. Spirits in the Material World, Roxanne ou Every Breath You Take recordaram vivências da época para muitos dos que olhavam o gigante britânico de um metro e noventa. Afinal, aqueles eram temas do imaginário de qualquer um, interpretados como se o tempo tivesse recuado 25 anos. Desert Rose foi a pérola recente que contrariou toda a lógica nostálgica. "O que é que se canta numa festa de anos?", pergunta Jorge Romão. "25 anos não se fazem todos os dias", responde o convidado NBC mais tarde. O concerto dos GNR era especial por várias razões. Seria uma grande oportunidade para a única banda portuguesa a encher um estádio de se reencontrar com o público, depois de um tributo que voltou a colocar o Grupo Novo Rock no mapa. Depois, o próprio aniversário e finalmente o regresso a um palco de grandes dimensões, mais de uma década passada sobre as aventuras em Alvalade ou na Alameda. A resposta nunca chegou a ser completamente afirmativa. Apesar da disponibilidade comunicativa do baixista Jorge Romão, a fazer as vezes de um contido Rui Reininho, estes GNR nunca demonstraram estar à altura de canções como Piloto Automático, Dunas ou Ana Lee. A voz nem sempre colocada não ajudou, mas foi a brevidade do alinhamento (nem uma hora) que disparou os assobios. Uma passagem fugaz que nem uma brilhante versão de Quero que vá tudo para o Inferno, de Roberto Carlos conseguiu apagar.

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Linguagem e Comunicação· Gina GuerreiroTextos Reflexivos Artigo de Apreciação Crítica

Actividade 1

Chamem a polícia e os GNR também

Davide Pinheiro

Nem sempre a idade mais avançada é sinal de menor vitalidade ou falta de energia em palco. Dois veteranos, Sting e os GNR souberam perceber que num festival como o Rock in Rio seria necessário oferecer aos espectadores presentes (65 mil, no domingo) um sortido de êxitos... mexidos.

Sting optou por recorrer ao seu passado com os Police, ao invés da carreira individual de onde extraiu apenas o crème de la crème. Evitaram-se as sessões de misticismo, os devaneios místicos e a letargia de algumas das suas canções mais recentes. Solução? Procurar na pop descendente da new wave a solução para os males do tédio. O arranque fez-se com Message in a Bottle como que a anunciar o que se seguiria. Spirits in the Material World, Roxanne ou Every Breath You Take recordaram vivências da época para muitos dos que olhavam o gigante britânico de um metro e noventa. Afinal, aqueles eram temas do imaginário de qualquer um, interpretados como se o tempo tivesse recuado 25 anos. Desert Rose foi a pérola recente que contrariou toda a lógica nostálgica.

"O que é que se canta numa festa de anos?", pergunta Jorge Romão. "25 anos não se fazem todos os dias", responde o convidado NBC mais tarde. O concerto dos GNR era especial por várias razões. Seria uma grande oportunidade para a única banda portuguesa a encher um estádio de se reencontrar com o público, depois de um tributo que voltou a colocar o Grupo Novo Rock no mapa. Depois, o próprio aniversário e finalmente o regresso a um palco de grandes dimensões, mais de uma década passada sobre as aventuras em Alvalade ou na Alameda.

A resposta nunca chegou a ser completamente afirmativa. Apesar da disponibilidade comunicativa do baixista Jorge Romão, a fazer as vezes de um contido Rui Reininho, estes GNR nunca demonstraram estar à altura de canções como Piloto Automático, Dunas ou Ana Lee. A voz nem sempre colocada não ajudou, mas foi a brevidade do alinhamento (nem uma hora) que disparou os assobios. Uma passagem fugaz que nem uma brilhante versão de Quero que vá tudo para o Inferno, de Roberto Carlos conseguiu apagar.

http://dn.sapo.pt/2006/06/06/artes/chamem_a_policia_e_gnr_tambem.html

1. Leia a crítica de Davide Pinheiro a um concerto de rock, e responda às perguntas a seguir indicadas.

1.1. Faça o levantamento dos vocábulos e expressões que exprimem juízos de valor.

1.2. Reescreva o texto, alterando o ponto de vista do crítico.

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Actividade 2

Fácil de Entender

LADO AM: do ponto de vista da gestão da carreira, independência em relação às máquinas editoriais e capacidade de contar apenas com as próprias forças (que, desde o início, no que respeita ao investimento financeiro, também não deverão ter sido franciscanas...), a trajectória dos Gift poderia constituir um elucidativo «case study» de «self-made band» no panorama pop nacional. Da criação musical à estratégia de promoção, distribuição e apresentação pública do grupo, deles nunca teremos a oportunidade de ouvir coros de lamentações perante a iniquidade da indústria, a obtusidade de executivos ou as conspirações dos A&R. Toda a responsabilidade foi sempre sua e essa reivindicação de liberdade é indiscutivelmente positiva. Lado FM: a pop dos Gift nunca foi além da condição derivativa, numa bissectriz empobrecida de Björk com os Lamb, alguma electrónica domesticada, uma ou outra escorregadela festivaleira, textos ingleses inanes (os raros, em português, não são muito melhores) e os histrionismos vocais de Sónia Tavares, invariavelmente à beira da streisandização. Em Fácil de Entender (duplo CD ao vivo e DVD), ambos os lados se encontram condignamente representados.

http://semanal.expresso.clix.pt/actual/musica/discos.asp?edition=1775

1. Leia a crítica publicada no semanário “Expresso” sobre o último trabalho dos Gift.

2. Escolha um disco de que goste especialmente. Escreva um texto de apreciação crítica sobre ele, como se fosse para publicar num jornal (da escola, regional...)

3. Procure utilizar um vocabulário que exprima o apreço que tem pela obra musical.

Actividade 3

Procure, numa agenda cultural da região onde vive, informação relativa a exposições. Seleccione uma e visite-a, recolhendo informação disponível no catálogo ou nos folhetos de divulgação. Redija um texto de apreciação crítica e envie-o à organização que promoveu esse evento.