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Ficha para identificação da Produção Didático-Pedagógica

Titulo: ANÁLISE DOS ANÚNCIOS DO JORNAL DEZENOVE DEZEMBRO

(1854-1888) SOBRE A ESCRAVIDÃO NO PARANÁ.

Autor

MARINEIDE CORREA DE CAMARGO

Disciplina∕Área de ingresso no PDE

HISTÓRIA

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

COLÉGIO ESTADUAL ALBERTO SANTOS DUMONT – EFM

Município da escola CAMPINA DA LAGOA

Núcleo Regional de Educação CAMPO MOURÃO

Professora Orientadora MESTRE ASTOR WEBER

Instituição de Ensino Superior UNESPAR∕FECILCAM

Relação Interdisciplinar SOCIOLOGIA

Resumo

Este trabalho visa refletir e discutir sobre a história da Cultura–Afro, utilizando como fonte a pesquisa os anúncios no Jornal Dezenove de Dezembro, mostrando que houve a presença da escravidão no Paraná. O principal foco são os anúncios de fuga. O trabalho será desenvolvido com os alunos do ensino fundamental do Colégio Alberto Santos Dumont, seu principal objetivo será analisar os anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro sobre a escravidão do Paraná. O uso do jornal justifica-se em função da proposta de trabalho que tem como objetivo aplicar “novas” metodologias em sala de aula para contribuir no processo de ensino-aprendizagem. Através dos anúncios, compra, venda e fuga, despertar no aluno o interesse pelo conteúdo. Oportunizar ao aluno o acesso de uma fonte de época para o estudo da escravidão. Fazer com que percebam as estratégias de resistência negra a escravidão, justamente por não aceitarem com passividade a dominação senhorial. Apesar de serem escravos, os negros também foram sujeitos históricos determinados por condições históricas específicas. Para isso será contextualizada a

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escravidão no Brasil e Paraná e, posteriormente, far-se-á com os alunos um exercício de problematização dos anúncios de fuga do Jornal Dezenove de Dezembro.

Palavras-chave Escravidão, anúncios, jornal, Paraná, resistência.

Formato do material didático CADERNO PEDAGÓGICO

Público alvo

ALUNOS 9ª ANO

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE

CAMPO MOURÃO – UNESPAR∕FECILCAM

NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE CAMPO MOURÃO - NRE

CADERNO PEDAGÓGICO

HISTÓRIA

ANÁLISE DOS ANÚNCIOS DO JORNAL DEZENOVE DEZEMBRO

(1854-1888) SOBRE A ESCRAVIDÃO NO PARANÁ.

AUTOR: Marineide Correa de Camargo

ORIENTADOR: Astor Weber

Produção didática - Pedagógica apresentada à Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão (UNESPAR∕FECILCAM) e á Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED) para o programa de formação continuada intitulado Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), sob orientação do prof. mestre Astor Weber.

CAMPO MOURÃO

2012

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1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE:

Marineide Correa de Camargo

Escola de Implementação:

Colégio Estadual Alberto Santos Dumont

Orientador:

Astor Weber

IES vinculada:

Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão

NRE:

Campo Mourão

Área PDE:

História

Tema de Estudo:

História e Cultura Afro-brasileira e Africana

Titulo:

Análise dos anúncios do Jornal Dezenove De Dezembro (1854-1888) sobre a

escravidão no Paraná.

Produção Didático-Pedagógica:

Caderno Pedagógico

Duração:

32 horas

Público Alvo:

Alunos do 9º ano do ensino fundamental, período matutino.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

CADERNO PEDAGÓGICO

CAMPO MOURÃO

2012

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Eu tenho um sonho. O sonho de ver

meus filhos julgados por sua

personalidade, não pela cor de sua

pele.

Martin Luther King

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

UNIDADE I ................................................................................................................ 12

1 ESCRAVIDÃO NO BRASIL SÉCULO XIX ............................................................ 12

1.1 ESCRAVIDÃO NO BRASIL ................................................................................ 14

1.2 A MULHER ESCRAVIZADA NOS ANÚNCIOS DE JORNAIS (1854-1888) ....... 17

UNIDADE II ............................................................................................................... 21

2 ESCRAVIDÃO DO PARANÁ ................................................................................. 21

2.1 A PRESENÇA DO NEGRO NO ESPAÇO PARANAENSE ................................ 23

UNIDADE III .............................................................................................................. 26

3 A CONTRIBUIÇÃO DO USO DOS ANÚNCIOS DO SÉCULO XIX NO

ENSINO DE HISTÓRIA EM SALA DE AULA ........................................................... 26

3.1 JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO .............................................................. 27

3.2 O QUE NOS MOSTRA OS ANÚNCIOS DE ESCRAVOS? ................................ 29

3.3 AS FUGAS ANUNCIADAS NO SÉCULO XIX .................................................... 35

3.4 ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA ........................................................................ 38

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho se apresenta como um Caderno Pedagógico proposto pelo

Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria da Educação do

Estado do Paraná, como produção didática pedagógica prevista no Projeto de

Intervenção na Escola: Colégio Estadual Alberto Santos Dumont – EFM.

Trata-se de um material de produção didático-pedagógica denominado

Caderno de Propostas de atividades Pedagógicas História e Cultura Afro

Brasileira: Análise dos anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro (1854-1888)

sobre a escravidão no Paraná, composto por proposta em Unidades.

Unidade I - Escravidão no Brasil século XIX

Unidade II – Escravidão do Paraná

Unidade III – A contribuição do uso dos anúncios do Jornal Dezenove de

Dezembro (1854 a 1890) na discussão sobre a escravidão no Paraná.

Este caderno traz sugestões da sistematização da prática didática que

poderá ser desenvolvida com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental,

utilizando anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro (1854-1888), que traz

informações sobre a escravidão do Paraná, como estratégia pedagógica e

elemento característico da adaptação do saber científico para o saber escolar,

motivando o processo de ensino e aprendizagem na disciplina de História.

Tem por objetivo propor o uso de anúncios do Jornal Dezenove de

Dezembro como fonte para estudar a escravidão e utilizar desse aporte

documental para perceber como os anúncios das fugas demonstram que havia

resistência dos negros à escravidão no Paraná. A utilização dos periódicos

como documentos históricos serve para enriquecer as aulas de história e

aproximar os alunos da realidade de indivíduos que viveram em outros tempos.

A escola é um espaço de construção de conhecimento e reconstrução

de experiência, portanto espero estar contribuindo com o presente trabalho

para mostrar a possibilidade do uso de fontes como recurso didático a ser

explorado pelo professor em sala de aula.

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INTRODUÇÃO

O caderno pedagógico: Análise dos anúncios do Jornal Dezenove de

Dezembro (1854-1888) sobre a escravidão no Paraná. É elaborado na

observação da concretização da Lei Federal 11.645/081que determina que nos

“estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e

privados, torna-se obrigatório o estudo da História e Cultura Afro- brasileira e

Indígena” reafirmando a possibilidade rumo ao caminho da construção da

igualdade e da desconstrução de atitudes e postura discriminatórias no espaço

escolar.

O presente material se propõe trabalhar, embora que panoramicamente,

a escravidão ocorrida a partir do século XIX. Estudar a escravidão no Brasil e

mostrar a presença da escravidão no Paraná (1854-1888) que contempla os

anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro sendo o foco principal, o anúncio

das fugas que foi um dos meios de resistência do negro a escravidão. O

enfoque maior será nos anúncios de fuga que tem como premissa gerar nos

alunos a compreensão das relações de dominação e resistência dos povos

africanos que vieram na condição de escravos e fazer com que eles percebam

que os negros também foram sujeitos de sua própria história.

Entende-se que o espaço escolar é apropriado para abordar a questão

da presença da escravidão no Paraná, além da importância do professor em

construir um novo olhar sobre a história nacional e regional, escolar e

comunitária, ressaltando a contribuição dos povos africanos e das populações

afrodescendentes na construção da nação brasileira, como também

desmistificar visões estereotipadas sobre a condição do negro na história.

Para compreender o processo histórico da escravidão no Paraná faz-se

necessário analisar e discutir os conceitos de escravidão, trabalho e a relação

entre os negros escravizados e a sociedade paranaense no século XIX. Os

anúncios como fontes históricas vão nos permitir que a ideologia expressada

de uma época que retratam modos de ser e viver de um tempo possam ser

11

Brasil, lei nº 11.645/2008 (LEI ORDINÁRIA) 10/03/2008 Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso dia 22/04/2012.

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compreendidos. Por intermédio do Jornal pode-se conhecer muito do ser

escravo na província paranaense, o objetivo é compreender um pouco dessa

história e desvendar a participação do cativo nessa sociedade, já que na maior

parte das vezes não se problematizou o que estava registrado nesses

documentos.

Encaminhamento metodológico

A proposta de trabalho a ser desenvolvida em sala de aula, foi discorrida

de forma a considerar o comando de noções de diferenças, semelhanças,

transformações e permanências, além de pautar a problematização para que

seja criado o hábito de levantar questões diante dos conhecimentos e ações

dos sujeitos históricos, e que possibilitem que sejam interpretados e

compreendidos a partir das ações que se estabelecem com os outros sujeitos e

fatos do seu próprio tempo e lugar de outros tempos e lugares. O trabalho com

documentos é fundamental como fonte de informações a serem interpretadas,

analisadas e comparadas, afinal os documentos históricos são obras humanas

produzidas em diferentes contextos sociais e com objetivos variados.

Devemos ter uma ação pedagógica inovadora, assegura, M.N.Ramos:

O processo de ensino-aprendizagem contextualizado é um importante meio de estimular a curiosidade e fortalecer a confiança do aluno. Por outro lado, sua importância esta condicionada a possibilidade de (...) ter consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão da realidade, reconhece-los como equivocados ou limitados a determinados contextos, enfrentar o questionamento, colocá-los em cheque num processo de desconstrução de conceitos e reconstrução/apropriação de outros (RAMOS, 2004, p.02).

Propõe-se trabalhar com conteúdos de maneira contextualizada

estabelecendo entre eles relações interdisciplinares para melhor abrangência

das contradições sociais, politicas e econômicos presentes na estrutura da

sociedade. Durante o desenvolvimento do trabalho, junto com os alunos estão

previstas atividades como aulas expositivas, análise e interpretação de textos e

anúncios do século XIX, dinâmicas de grupos, trabalhos individuais e coletivos,

além de utilização de vídeos.

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Avaliação da aprendizagem

A prática da avaliação deverá ser utilizada como instrumento da

aprendizagem, é uma tarefa que pode ser compartilhada com os alunos, para

que eles possam avaliar seus avanços e dificuldades. Com isso, pretende-se

ampliar o significado das práticas avaliativas para todos os envolvidos. O

desenvolvimento do conhecimento ampara-se nas funções diagnósticas

formativas e somativas.

De acordo com as Diretrizes Curriculares de História para a Educação

Básica:

A seleção de conteúdos, os encaminhamentos metodológicos e a clareza dos critérios de avaliação elucidam a intencionalidade do ensino, enquanto a diversidade de instrumentos e técnicas de avaliação possibilita os estudantes variadas oportunidades e maneira de expressar seu conhecimento. Cabe o professor acompanhar a aprendizagem dos seus alunos e o desenvolvimento dos processos cognitivos (DCE, 2008, p.33).

A avaliação do processo ensino aprendizagem é entendida como

questão metodológica, de responsabilidade do professor e tem um caráter de

investigar para intervir. O que não descarta a necessidade de avaliar aspectos

mais gerais da disciplina, do que o aluno é capaz de perceber.

Assim é válido lembrar o pensamento de José Carlos Libâneo, “a

avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto

do professor como dos alunos” (LIBANEO, 1994, p. 195). Portanto, o professor

deve envolver os sujeitos nos processos de ensino, despertar a curiosidade e o

senso crítico considerando sempre o conhecimento socialmente acumulado e a

partir dessa suposição, adicionar os conhecimentos científicos indispensáveis,

sendo capazes de ser criativo, consciente, pensante, participante e acima de

tudo transformadores de sua própria realidade.

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Responda no caderno

1- Vamos definir o que é escravidão?

2- Escolha uma das Leis acima citada e escreva o que você

sabe sobre elas?

3) o que você entende por

discriminação racial?

UNIDADE I 1 - Escravidão no Brasil século XIX

O objetivo dessa unidade é contextualizar o processo da escravidão no

século XIX e mostrar que as lutas entre diferentes visões de liberdade e

cativeiro contribuíram para iniciar o processo do fim da escravidão.

O recorte cronológico proposto (1854-1888) indica um período de muitas

mudanças no Brasil, a partir do século XIX a escravidão passou a ser

contestada pela Inglaterra que tinha interesse em aumentar seu mercado

consumidor no Brasil e no mundo. A partir de 1845 fica estabelecida a lei que

proibia o tráfico de escravos.

Em 1850, foi votada a Lei Eusébio de Queiroz, proibindo definitivamente

o tráfico de escravo no Brasil. E outras leis foram criadas como: Lei do Ventre

Livre, Sexagenária e por fim a Lei Áurea. A escravidão tinha acabado, mas os

negros continuaram sendo discriminados, explorados, violentados.

ATIVIDADE 01

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ATIVIDADE 02

ATIVIDADE 03

Apresentação da temática: Análise dos anúncios do

jornal Dezenove de Dezembro (1854–1888) sobre a

escravidão do Paraná aos alunos pelo professor.

A partir da leitura da música Dias melhores, do grupo Jota Quest1,

conversar com os alunos sobre medidas efetivas que eles podem adotar

para combater o racismo na escola e na comunidade.

O objetivo da música é de demonstrar que temos de enfrentar tudo

sem medo, é feita uma crítica forte em relação à passividade.

Após ouvir a música Dias melhores os alunos, em dupla,

deverão escolher uma forma de representá-la.

Disponível em: http://www.vagalume.com.br/jota-quest/dias-melhores.html. Acesso

18/09/2012

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ATIVIDADE 04

1.1 - ESCRAVIDÃO NO BRASIL

O objetivo é destacar o trabalho do negro e a relação social dos negros

na sociedade brasileira.

A escravidão foi um dos momentos mais críticos de nossa história. No

nordeste, surge como uma proposta de economia política para viabilizar a

indústria açucareira com o menor custo e o maior lucro possível na primeira

metade do século XVI. A mão de obra utilizada escrava esteve presente nos

engenhos de açúcar no nordeste. Os comerciantes de escravos vendiam os

africanos vindos da África como se fossem mercadoria. Um grande número de

negros foi trazido ao Brasil. Ao chegar os escravos eram examinados pelos

compradores. Ficavam expostos como mercadoria, objetos e coisas. De acordo

Olhando o mapa mundi:

Observando Brasil e África!

Escreva um texto sobre o que faz você lembrar.

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com seu estado eram valorizados. Depois de comprados, eram levados aos

locais de trabalho.

Além das atividades desenvolvidas nos engenhos e na mineração,

enfim, em todas as atividades empregavam mão de obra escrava, já nesse

tempo exigiam certo tipo de habilidade e cuidado. No entendimento de

Schwarcz, 1988:

Uma longa experiência com a escravidão negra a península ibérica intensifica durante a expansão da indústria açucareira no Atlântico familiarizava os portugueses com os africanos e suas aptidões [...] No Brasil, os colonizadores, há tempo habituados ao emprego, em Portugal e nas ilhas atlânticas, de negros em serviços domésticos, como artesãos urbanos e escravos especializados, começaram a pensar na África como uma fonte lógica de homens com tais aptidões (SCHWARCZ, 1988, p.68).

No século XIX a escravidão era vista como instituição social, ou seja, ter

escravos era símbolo de poder, status e ascensão social. Muitos senhores

colecionavam escravos, como se fossem objetos. Sentiam prazer de serem

importantes e de serem chamados de senhor de poder. Enfim, como diz

Kabengele Munanga:

O sistema escravista foi uma experiência crucial para os negros, visto que os europeus, convencidos de sua superioridade, tinham um total desprezo pelo mundo negro, apesar de todas as riquezas que dele tiraram. A necessidade de manter a dominação por suas vantagens econômicas e psicossociais levaram defensores da situação colonial a recorrerem não somente a força bruta, mas, a outros recursos de controle, como o de desfigurar completamente a personalidade moral do negro e suas aptidões intelectuais (MUNANGA, 1988, p.9).

ATIVIDADE 01

De acordo com o texto Escravidão no Brasil, reflita:

Como a escravidão era vista no século XIX?

Você concorda com as palavras de Munanga: “O sistema escravista foi uma experiência crucial aos negros”. Faça um

parâmetro do que você pensa e o autor:

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A tarefa agora é com você: leia com atenção os passos.

Nesta tarefa você é um comerciante de escravos em pleno século XVI. É preciso que você informe bem o estado dos escravos, suas condições e como ele é no trabalho e suas habilidades. Agora você descreve no papel tudo que você sabe sobre os escravos: não esqueça de contar sobre a

rotina no seu trabalho que era bastante árduo.

Os negros africanos trabalhavam em todo o tipo de trabalho. Vamos

observar a imagem de Jean Baptiste Debret1 e a seguir e responder as

seguintes questões:

Disponível em: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=

389&evento=6 .Acesso 12/09/2012.

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Após observar, vamos responder o que mostra a imagem:

a) Por quem foi feita essa imagem?

b) Qual a finalidade da imagem?

c) A imagem tem nome?

d) Do que a imagem trata?

e) Quem são as pessoas retratadas?

f) O que estão fazendo, descreva cada uma delas?

g) Qual o período retratado na imagem e como é aparência das pessoas que estão na imagem?

1.2 A MULHER ESCRAVIZADA NOS ANÚNCIOS DE JORNAIS

(1854-1888)

Objetivo: destacar a importância da mulher escravizada e sua presença

em diversos lugares na sociedade durante a metade do século XIX.

As mulheres foram, durante muito tempo, deixadas na sombra da

história. Apesar de toda essa repressão pautada, as mulheres lutavam e se

fizeram presente na história. Neste contexto vamos destacar a mulher

escravizada no Brasil. Sobre as negras escravizadas encontramos poucos

escritos a respeito do papel que elas desempenhavam na sociedade brasileira,

os textos existentes sempre mostram a escravidão no geral, sem mencionar o

cotidiano da mulher escrava. Como todos os escravos da época, as mulheres

eram vistas como mercadoria. Elas podiam ser vendidas, alugadas ou doadas

de acordo com as necessidades ou interesses de seu dono.

Faziam todos os tipos de trabalhos, entre muitos temos a

comercialização do acarajé que teve sua origem no período colonial brasileiro.

Como o homem escravo, tinha também as escravas de ganho e aluguel, que

trabalhavam nas ruas para suas patroas, iam pela cidade vendendo

mercadorias em seus tabuleiros.

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Faz se necessário conhecer um pouco mais da mulher escrava que

trabalhava e tinha uma vida sofrida, mas que lutava por sua liberdade.

Através do levantamento mostrado nos anúncios é possível mostrar as

características físicas dos escravizados não sendo encontrado em outras

fontes, e segundo Luiz Mott:

Um levantamento sistemático destes anúncios permite ao pesquisador interessado no estudo da população servil, reconstruir minuciosamente inúmeros traços e aspectos desse seguimento que as outras fonte, o censo, as cortas de alforria, os testamentos e inventários as matrículas, as cartas nominais etc. geralmente omitem (MOTT, 1986, p.5).

A maioria dos anúncios em que a mulher escrava esta relacionada trata-

se da “AMA de leite”. O leite materno das negras era negado aos seus filhos e

ia para os bebês das sinhás assim, constantemente, ocorria separação da mãe

escravizada de seu filho.

Mesmo sendo cara as amas de leite eram bastante procuradas pelas

sinhás que tinham preferência que fosse cativa, pois era mais fácil de controlar

e garantir o melhor leite.

Nos anúncios as mulheres escravas aparecem sendo anunciadas como:

amas de leite, cozinheira, engomadeira e lavadeira. Em alguns deles apresenta

seu nome e sua idade, percebe-se a mulher cativa presente no mercado de

trabalho e sua vida cotidiana estava inserida na sociedade.

As mulheres cativas também tinham sua resistência à escravidão. E de

acordo com os anúncios também ocorria fuga da escravizada.

Conclui-se de acordo com os anúncios do século XIX, que o papel que a

mulher escravizada desempenhou, sendo ela representada a um só tempo

como força de trabalho e mercadoria, que era mãe, que resistia e fugia da

escravidão com atitudes próprias, refletiam em experiências cotidianas que as

levaram a serem sujeitas de sua própria história.

É possível perceber até hoje que “as mulheres negras tem sido, ao longo

de mais de 500 anos da história brasileira, as maiores vítimas da profunda

desigualdade racial que vigora na sociedade brasileira” (AMNB, 2007, p.11).

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ATIVIDADE 01

De acordo com texto

responda:,:

a) A mulher cativa aceitava a escravidão? Pense e escreva sobre o assunto:

b) Você acha que as mulheres negras são as maiores vítimas da profunda desigualdade

racial? Justifique.

O texto menciona sobre a importância da mulher escrava

presente nos anúncios dos jornais do século XIX, vamos analisar o

seguinte anúncio do Jornal Dezenove de Dezembro:

Disponível em: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/normal_

623debretmilho.jpg . Acesso 13/09/2012

Vende-se uma escrava preta, idade de 28 anos mais ou menos. Serve

para mucama e é boa cozinheira, tem um filho de 6 anos mais ou

menos, pardo. Quem pretender dirija-se a esta typographia ou ao Sr.

Jeronimo Gomes de Medeiros. (JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO,

Curitiba, 09 de março de 1978, Ano XXV, nº 1890, p.4).

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De acordo com o anúncio responda:

Você sabe o que é mucama? ( fazer

pesquisa)

Através do anúncio acima, como você descreve a mulher negra

no período da escravidão.

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UNIDADE II 2 - ESCRAVIDÃO DO PARANÁ

Objetivo: mostrar que no Paraná por mais que a escravidão não tenha

sido em grande escala, não significa que ela não tenha existido.

Sabemos que a escravidão do Paraná não foi tão numerosa, mas não

deixou de ser parecida com outras áreas de economias internas. Mesmo assim

a escravidão foi bastante significativa na formação da sociedade paranaense.

Ela inicia em torno da atividade mineradora, iniciada no Litoral, onde os

nativos indígenas já trabalhavam como escravo e mais tarde com o aumento

da produção do ouro os africanos foram trazidos para servir de mão de obra.

O negro tinha grande parte de seu tempo ocupado com o mais diverso

trabalho. Segundo Miriam Hartung:

No estado do Paraná o escravo negro esteve presente de forma significativa no Litoral ou no Planalto, nas cidades, vilas e freguesias, na mineração, na pecuária, na agricultura de subsistência, no cultivo da erva mate ou no café (HARTUNG, 2005, p.06).

No Paraná a escravidão seguia o mesmo rumo das outras regiões do

Brasil, o escravo então é sujeito a todo tipo de trabalho. Era visto como

mercadoria na compra,venda e aluguel. Os anúncios de jornais da época

confirmam traços típicos da relação entre escravidão e trabalho na sociedade

paranaense. E as informações levam a compreender o valor do escravo para o

Paraná.

O negro, além de participar ativamente de alguns ciclos econômicos do

Paraná, participou com seu trabalho da ocupação dos Campos Gerais durante

uma fase de nossa história chamada tropeirismo.

A contribuição negra esta presente no talento, a habilidade e o

conhecimento de técnicas de construção pelos africanos escravizados

permaneceram em nosso Estado. Conclui-se que a contribuição da cultura

afro-brasileira paranaense é fruto da interação cultural, na qual os africanos e

seus descendentes foram protagonistas. E sua contribuição também esta

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presente em vários aspectos de nossa vida, como: na culinária, na música, na

dança e na religiosidade.

ATIVIDADE 01

De acordo com o texto responda:

a) A escravidão do Paraná foi diferente das demais regiões de escravidão? Justifique?

b) O texto acima aponta as contribuições deixadas pelos negros. Agora você e seus companheiros vão escrever uma

lista das contribuições. Usando do texto e outras contribuições que vocês conhecem deixadas pelos negros?

FOLGUEDOS: a Congada da Lapa originaria do Congo, de onde veio grande

quantidade de população negra para o Brasil. A Congada da Lapa é uma

cultural típica do Paraná, e esta relacionada ao culto a São Benedito, patrono

espiritual da comunidade negra. Essa festa é um pequeno exemplo da

diversidade de culturas existente no Paraná. Disponível em:

http://www.cultura.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=583. Acesso

06/10/2012

Encontrem no diagrama as palavras principais do texto:

Escravidão – africanos – negro – Paraná – mercadoria – sociedade –

paranaense – tropeirismo – culinária – música – dança – religiosidade

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2.1 - A presença do negro no espaço paranaense

Os maiores índices de escravos em propriedades paranaenses surgem

no início do século XIX. Os negros desenvolviam atividades diversas e a mão

Atividades Mineração (litoral)

agricultura e pecuária (Planalto)

Pecuária e tropeirismo

(Campos Gerais)

extração da erva mate

XIX processo de urbanização, carpinteiro, sapateiro,

cozinheiro, serviço domestico.

E D A D I S O I G I L E R A L A

S A O P U C I D U Ç T W P U I H

C U L I N A R I A R L A S R U C

R O I P C M O U O L M Ç O P C D

A W V U S I A P O P H D C M P B

V M A Ã O L E R N S A O I L S M

I C A R E I G I S C P U E R S Ç

D P U M R R I O R S O C D A A D

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de obra empregada era escrava, seguia sua especialidade ou conhecimento do

ofício. O negro, a partir daí, era posto em trabalho.

Ao analisar a população dos Estados que compõe a região Sul do país,

percebe-se que o Paraná é o que concentra o maior número de negros. De

acordo com Antonio B. da Silva: “Em 1853, quando ocorreu a emancipação

politica do Paraná, 40%da população era composta por negros”. Hoje, segundo

dados do IBGE, eles representam 28,5%, o que confere ao Paraná a maior

população negra do sul do país2 (SILVIA, 2010, P.1).

Os dados acima desmistificam a visão eurocêntrica de um Paraná sem

negros.

A presença dos escravos e escravas ajudou todos os setores da

economia paranaense. Seus trabalhos iam de vender produtos na rua, prestar

serviços de toda ordem e diversos. Os escravos após sua jornada de trabalho

entregavam seus ganhos aos seus proprietários, e ficava com uma pequena

parte, o que significou a

possibilidade de juntar

dinheiro e comprar sua

liberdade. Segue em anexo o

texto.

2 http://secretariamovimentonegropdt.blogspot.com.br/2010/01/quilombolas-no-parana.html.acesso

27/09/2012.

Mas o que é escravo ao ganho?

Aquele que se lançava às ruas por

própria conta, em busca do ganho de cada

dia, prestando contas ao senhor ou senhora

ao final do dia ou em dias estipulados.

O escravo de aluguel?

Era alugado pelo seu senhor e que

trabalhava sob a supervisão de outrem que

substituía a autoridade senhorio.

(Para entender a história... ISSN 2179-

4111. Ano 2, Volume jan., Série 11/01, 2011,

p.01-11).

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ATIVIDADE 01

Agora você vai desvendar a história de

nosso Estado.

a) Trabalho em equipe. De acordo com o texto monte um painel representando o

trabalho desse povo para o desenvolvimento do nosso Estado Paraná.

b)Temos vários livros didáticos do Paraná e outros de história. Vamos então analisar cuidadosamente

os livros e logo após, analisaremos alguns anúncios do jornal Dezenove de Dezembro. Em equipe e escreva o que você verificou com essa

analise.

Responda:

Como era o trabalho do escravo nos engenhos da erva mate?

Para saber mais:

O trabalho escravo nos engenhos de erva mate

Durante a primeira metade do século XIX, os engenhos do

litoral foram paulatinamente transferidos para Curitiba, ao mesmo

tempo em que novos engenhos iam sendo montados. Em 1836, foi

autorizado o funcionamento de 21 engenhos em Curitiba.

Os trabalhadores, na maioria negra e mestiça, trabalhavam

seminus e, naquele turbilhão de pó verde e barulho ensurdecedor,

dos pilões e do rodar das peneiras, pareciam demônios se

movimentando. O horário de trabalho era das 6h às 18h, com uma

hora de folga para o almoço. Durante muitos anos, o pilão e o braço

escravo foram à força básica do engenho, sendo substituído

lentamente por máquinas modernas e por mãos de obra assalariada

dos imigrantes. (BARROS, PIZZATO, MARQUES, (Org.) 2011, p.79)

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UNIDADE III

3 - A contribuição do uso dos anúncios do século XIX no

Ensino de história em sala de aula.

Objetivo: tem por finalidade aproximar a história da realidade do aluno,

permitindo que novas ferramentas, possam auxiliá-lo no seu aprendizado.

Embora sobre a Escravidão componha um vasto conjunto historiográfico,

novas possibilidades tem surgido para aprimorar novos métodos e fontes de

pesquisas. A utilização de jornal para a produção de uma história social da

escravidão tem sido um deles. O jornal teve um ganho significativo que

despertou interesse nas mais diversas fases da construção histórica.

O trabalho com o jornal requer cuidados metodológico, o mesmo foi

escrito em um determinado período e sempre expressa o que esta se vivendo

naquele momento.

Os jornais brasileiros dos finais do século XIX são fontes raras para se

investigar a sociedade daquele período. Por meio de seus registros é possível

perceber o cotidiano, as principais discussões da época. Neste período o

escravo é presença constante nas páginas dos periódicos, principalmente nos

anúncios.

Os jornais eram o único meio de informação existente no Brasil e por

intermédio de seus anúncios foi possível coletar dados sobre os escravos. E

segundo Mott:

Os anúncios, enquanto fonte de pesquisa e, objeto de estudo pode fornecer após a coleta e transcrições quantitativas sobre inúmeros dados e aspecto desta classe da população escravizada (MOTT, p.5, 1986).

Por intermédio dos anúncios dos jornais do século XIX é possível

conhecer a importância dos escravos, traçar o perfil dos mesmos, sua origem,

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habilidades, características físicas, costumes, comportamentos, sinais de

castigos, enfim conhecer um pouco da escravidão na região paranaense.

Enfim, o Jornal Dezenove de Dezembro contém anúncios de compra,

venda e fuga dos negros e comprova a presença ativa do negro africano na

formação da sociedade paranaense.

ATIVIDADE 01:

Agora é com você:

Procure o significado de anunciar?

Qual a importância de utilizarmos os

anúncios do século XIX, sobre os negros

escravizados?

Quais os tipos de anúncios a serem

estudados?

Escreva o nome do jornal que utilizaremos

como fonte histórica para o estudo dos

negros escravos no estado do Paraná?

3.1 - Jornal Dezenove de Dezembro

De acordo com Silvia Cristina Martins de Souza3 Jornal Dezenove de

Dezembro foi utilizado como fonte de pesquisa e apresenta muitos assuntos,

“cabe mencionar que os anúncios de fuga, compra, venda e aluguel de

3 Imprensa Paranaense: fontes para o ensino de historia. O que leram os paranaenses no Dezenove de

Dezembro? Imprensa Periódica e Ensino de Historia: Paraná- 1854/1864.

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escravos ocuparam espaços significativos

nos anúncios do jornal de Candido Lopes”

(SOUZA, 2011, p.98).

No Paraná o primeiro periódico foi

criado em abril de 1854, o Jornal Dezenove

de Dezembro, o único jornal da Província

circular por 30 anos, criado em abril de 1854,

por Candido Martins Lopes. O nome do jornal

de Dezenove de Dezembro refere à

homenagem feita à data em que foi

oficialmente reconhecida à província do Paraná4, que circulou até 1890.

Candido Mendes Lopes, dono do jornal veio de Niterói, fundou o jornal

em Curitiba, na Rua das Flores, Nº 13.

Parafraseando Souza, o jornal Dezenove de Dezembro, nos primeiros

anos era “um periódico de quatro páginas. Uma página era reservada para os

anúncios e outros reclames. Logo passa a serem chamadas de folhetim. Suas

publicações eram semanais, e foi chamado de revista semanal”. No decorrer

do tempo passou a ser editado duas vezes por semana. Seus dirigentes eram

pessoas ligadas ao governo (SOUZA, p, 83 -89).

O primeiro periódico a circular teve e continua ajudando muito no papel

educativo.

4Artigo “Folhetim, memória e historia em jornais paranaense e fluminense (1854 – 1864)”,

desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina, coordenado pela professora e doutora Silvia Cristina Martins de Souza, que conta com a participação do orientado Reinaldo Nisghikawa, graduado no curso de historia desta mesma Universidade.

http://www.fecilcam.br/index.php?

option=com_content&task=view&i

d=452&Itemid=1. Acesso

05/10/2012.

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ATIVIDADE 02:

3.2 - O que nos mostra os anúncios de escravos?

Vamos conhecer os anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro, que

com seu “discurso Liberal nos permite saber um pouco da escravidão do

Paraná, noticiados com frequência em suas páginas, até o ano de 1890”5.

Na maioria dos anúncios encontramos descrição de elogios ao

tratamento dado pelos senhores aos seus escravos. Como se o sentido da

escravidão fosse atenuada por esse “benefício” dado pelos senhores aos

cativos.

Parafraseando Ana Karine Pereira de Holanda Basto (2007), no que

respeito à característica dos escravos, ora os anúncios atestam as suas boas

qualidades como: muito fiel bom lavrador, boa cozinheira, muito habilidoso,

esperto, humilde entre outros adjetivos que podemos chamar de positivos e ora

também apresentam qualidades negativas como: arrogante, mal encarado e

outros6 (BASTOS, 2007, P.60-61).

Além disso, nos anúncios estavam descritas outras informações em

relação aos negros como: nome, idade, cor, sexo, profissão. Essas descrições

5 Imprensa Paranaense: fontes para o ensino de historia. O que leram os paranaenses no Dezenove de

Dezembro? Imprensa Periódica e Ensino de Historia: Paraná- 1854/1864. 6 O Léxico dos Anúncios de escravos nos Jornais do Recife do Século XIX (1853 – 1855).

Qual foi o primeiro jornal a circular na Província do Paraná?

Que nome recebe o Jornal e explique o porquê de receber esse nome?

Comente como era o jornal nos primeiros momentos?

Você acha que o primeiro periódico do Paraná contribui no processo educativo?

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das características físicas servem de parâmetro para percebermos como a

sociedade traçava o perfil dos cativos7.

Os anúncios expressam a identificação dos perfis dos escravizados.

Segundo Mario José Maestri:

Tendo sido o homem escravizado alienado em sua humanidade e transformado em coisas (mercadoria, produtora de mercadoria), ocupa ele, sistematicamente na “literatura” da época imperial, um lugar: a seção dos “anúncios classificados”. Ali podemos encontrar o rastro da compra ou venda dos moleques, amas de leite, escravo da nação, pretos cozinheiros, etc. (MAESTRI,1970,p.78-79).

Bastos (2007) diz que anúncios de venda e compra tinha vários

objetivos, dentre eles: a comercialização dos cativos, a necessidade de

redução de gastos ou devido a idade avançada dos cativos, além de outras

questões. Os anúncios ficavam expostos em muro, paredes e os cativos eram

peças de mercadoria nas mãos de seus senhores (BASTOS, 2007, p.62).

Vejamos o anúncio de venda:

“ATENÇÂO: Vende-se uma preta de idade de 20 anos, cozinha, lava, engoma e faz todo serviço de uma casa de família; para ver e tratar, em Paranaguá na rua das Flores N.5 (JORNAL DE DEZENOVE DE DEZEMBRO, 13 DE JANEIRO DE 1858, ANO IV, Nº 75, p.04).

O anúncio apresenta a qualidade da preta que sabe: cozinhar, lavar,

engomar, faz todo serviço de uma casa de família. Encontramos também o

endereço, localidade da residência de família na qual se encontra a escrava,

que fica na região litorânea da província. É bom salientar que a maioria dos

escravos encontrava-se no serviço doméstico, para as famílias ricas era sinal

de status.

Percebe-se nos anúncios as diversas formas de discriminação claras e

as relações de poder e controle impostas pelos senhores em relação aos

escravos e principalmente impostas pelo próprio sistema.

Mesmo sendo desumana a forma como era enunciada essas

características, elas contribuíram e, ainda contribuem para conhecermos

7 O léxico dos Anúncios de escravos nos jornais do Recife do século XIX (1853 -1855)dissertação de

mestrado de Ana Karine Pereira de Holanda Bastos,2007.

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melhor esse povo africano que formou, juntamente com outros povos, a grande

população brasileira e paranaense.

Atividade 01

Atividade 02

Após a leitura do texto, responda:

Através dos anúncios é possível conhecer um

pouco dos escravos que estiveram presente no Paraná. Você concorda

que os anúncios contribuem para o

estudo da escravidão do Paraná? Justifique:

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Leitura e analise do anúncio de venda.

UM BOM ESCRAVO. Vende-se um escravo crioulo de idade de 28 anos que sabe todo o serviço de uma casa de família, excelente doceiro, padeiro e alfaiate, e é muito fiel. Que pretender dirija-se ao Sr. Bento Antônio de Menezes, que se acha encarregado da venda. Curitiba, 29 de outubro de 1869. ( Jornal Dezenove de Dezembro, 30 de outubro de 1869, Ano XVI, Nº 1041, p. 4).

Vamos analisar o anúncio de venda:

Como é o comportamento do escravo?

Sua idade?

O que ele sabe fazer?

No serviço da casa como ele é?

Além de ser bom no trabalho doméstico, o que mais o escravo sabe fazer?

Quem pretender comprar o escravo tem que se dirigir onde?

Porque está se destacando que ele é fiel?

Agora é sua vez, de acordo com o anúncio o escravo era bom, será que todos os escravos eram bons? Qual sua visão sobre isso?

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Atividade 03

Trabalhando um recorte do filme Quanto vale ou é por quilo?

Direção Sérgio Bianchi (2005).

Vamos assistir um pedaço do filme que apresenta uma relação

entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria.

No século XVIII um capitão do mato captura uma escrava fugitiva,

que esta grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua

recompensa, a escrava aborta o filho que espera.

Enfocando a história o filme retrata fielmente as questões

referentes à escravidão no Brasil. Observe bem as cenas do recorte do

filme para responder:

Disponível em: http://www.filosofia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?

conteudo=123. Acesso 18/10/2012

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RESPONDENDO!

ATIVIDADE 04

A escrava que comprava escravos teve seus direitos conquistados?

Como era a ação dos capitães do mato?

O filme apresenta um momento dos anúncios, conte o que você entendeu, do por que do uso dos anúncios?

O filme mostra o comércio de escravos século XVII e o preconceito racial. Faça um texto abordando esses dois temas?

Vamos analisar o seguinte anúncio de compra:

• ANÚNCIOS. POR BOM PREÇO compram-se escravos de ambos os sexos, não tendo moléstias nem defeitos physicos; devendo os de sexo feminino ter de 7 a 15 anos e os do masculino de 15 a 25. Nesta typographia se dirá com quem se deve tratar. (JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO, Curitiba, 14 de dezembro de1867, Ano XIV, nº 847, p. 4).

• O anúncio é de compra. Que tipo de comércio esta sendo feito?

• Quais as características que os escravos não poderiam ter?

• Os escravos referentes no anúncio são transformados em objeto de uso, refletindo a realidade de sua condição “peça” ou “coisa”. O que você diria sobre isso?

• O que você entende por comércios de pessoas? Já ouviu sobre isso? Comente.

Agora é com você. Utilize como referência para responder as questões o anúncio acima mencionado:

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3.3 - As fugas anunciadas no século XIX

Os atos de rebeldia dos negros escravos durante o século XIX ocorriam

em toda parte do Brasil. Os motivos desses atos era a insatisfação diante da

condição que eles viviam e por isso ocorriam inúmeras fugas. A rebeldia

intensificava-se principalmente quando os laços familiares eram quebrados,

frutos da dinâmica do próprio sistema escravista. A violência, maus tratos

levaram muitos a fugirem do domínio senhorial e irem para lugares de difícil

acesso, como também para as cidades, onde muitos até passavam por libertos

e penetravam na sociedade. As fugas ocorriam nas diversas regiões

brasileiras, e era fato presente na história da província paranaense. Pode se

perceber que as fugas eram estratégias de resistência do negro á dominação

senhorial. As fugas eram apenas, dentre outras formas encontradas, para

resistir à escravidão, porém eram as mais constantes. De acordo com os

estudos de Sidiney Challoub (1990) “Os negros tinham sua própria concepção

do que seria o cativeiro justo, ou pelo menos tolerável”(CHALLOUB,1990,p.27).

E segundo Geraldo Soares:

A fuga mais do que à rejeição pura e simples da escravidão nos parece mais uma estratégia de negociações da própria escravidão. A fuga sempre estava associada a uma avaliação por parte do escravo de suas condições enquanto escravo e de suas expectativas em relação à liberdade. Mas não era apenas isso, uma vez que, tendo fugido, o escravo também avaliava sua própria liberdade e as condições a ela associadas. Além do mais, escravidão e liberdade não eram tidos pelos escravos como valores absolutos e a fuga não se constituía na linha divisória entre um mundo de desespero e o mundo dos sonhos (SOARES, 2003, p.70).

Entretanto, com o crescimento das fugas, os donos de escravos

passaram a publicar nos jornais anúncios de escravos fugitivos. As fugas

podiam ser individuais ou coletivas. No Paraná não era diferente das demais

províncias, os negros eram castigados e se caso o negro evadia os capitães do

mato eram acionados para recuperá-los e a sua fuga era anunciada na

imprensa periódica. Para Silvia Cristina Martins Souza:

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Quando esses negros fugiam, não apenas os capitães do mato eram acionados, mas também a imprensa periódica, que servia para veicular os anúncios de fugas, contribuindo para que os escravos fossem capturados e entregues aos seus senhores o mais rápido possível (SOUZA, 2011, p.99).

De acordo com Juliana de Cassia Câmara, o “Jornal Dezenove de

Dezembro desde sua fundação 1854 até 1890, ano que deixa de circular é que

mais aparecem são anúncios de fuga com um número maior de informações a

respeito das características do escravo, como profissão, modos de ser e agir e

outros”. Em 1890 suas descrições são mais precisas e procuravam mostrar as

características físicas do negro fugitivo. “Sem contar que o anúncio de fuga

demonstra resistência ao sistema escravista8” (CÂMARA, 2011, p.40).

Vamos conhecer um anúncio de fuga:

ESCRAVO FUGIDO. Firmino, mulato, cor de índio, idade 24 anos, pouca barba, boa dentadura, bonita figura altura e corpo regular, mãos delicadas, cabelo de negro, falta humildade, bom domador e bom contador de animais, muito inclinado a jogo, fandango, etc. Levou no corpo calça e camisa de riscadinho trançado americano paletó pardo, chapéu pardo pequeno e poncho de pano azul forrado de baeta vermelha. Levou uma trouxa com calça e camisa de algodão azul trançado e paletó de xadrez escuro. O dito escravo fugiu da cidade de Tatuhy no dia 28 de março. Onde estava para ser vendido. Quem o apreender e entregar nesta cidade a seu Sr.Hygino José Ribeiro e na sua ausência a João José de Almeida Bello será bem gratificado. Ponta Grossa 12 de abril de 1871. (JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO, Curitiba, 15 de Abril de 1871, Ano XVIII, Nº1192, p. 04).

O anúncio de fuga sempre apresenta distinção mais detalhada sobre o

escravo fugitivo, deixa claro do que ele gosta seu modo de ser e agir. Ao falar

da cor é um meio de identificação étnica o qual poderia ser “mulata cor de

índio9”. Além de apresenta que seu senhor não acredita na fuga, chega o ponto

de descrever o escravo de uma forma que é impossível imaginar a fuga do

negro, mostra as qualidades do cativo: humilde, bom no seu trabalho, apesar

de ter uma inclinação voltada ao jogo e dança.

O que nos leva a pensar o porquê de sua fuga?

8 http://www.museuparanaense.pr.gov.br/arquivos/File/MONOGRAFIAJULIANACAMARA.pdf, acesso

05/06/2012. Monografia para obter o Pós graduação em Historia Cultural. 9 A identificação quanto a cor dos escravos é fundamental para compreendermos como a sociedade os

definia etnicamente e que critérios utilizava para afirmar que um escravo seria da cor “mulato cor de índio”. Segundo Mattos (2005), anúncios de fuga e venda procura apresentar sinais de nação, como forma de identificar a origem étnica dos escravos.

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Algumas fugas ocorriam de forma individual ou coletiva. Quando se

apresenta de forma coletiva mostra que os dois dividem do mesmo anseio e

revolta em relação ao sistema escravista.

Escravos fugidos. Fugiram da cidade de Ponta Grossa os escravos Clemente, pardo, de 18 a 19 anos de idade, alto, boca grande, pernas tortas, pés grande e mal feitos e muito faladores; e Sebastião, bem preto, bonito e de 16 anos e idade, mais ou menos. Consta que Clemente esteve ou está na capital. Dá-se 100U a quem apreender a qualquer destes dois escravos ou 200U a quem capturar a ambos e entregar ao seu senhor Antonio José Pereira Branco naquela cidade, a Manoel José Correa de Lacerda, na vila do Príncipe ou a Bernardo José Ribeiro Vianna, nesta capital. (JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO, Curitiba, 30 de julho de 1870, ANO XVII, Nº1118, p. 04).

O anúncio apresenta uma fuga coletiva, provavelmente eles tenham

antes planejado juntos como seria a fuga. A fuga mais que um ato de rebeldia,

foi um forte instrumento de resistência.

Atividades 01

O anúncio a seguir mostra: as qualidades físicas, fala de gratificação e

também deixa claro que o proprietário do escravo conhece seus direitos.

Disponível em: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=67& evento=1. Acesso 16/10/2012

Fugiu no dia 13 de janeiro próximo passado uma escrava preta de nome Cassimira, estatura regular, idade 20 anos, com falta de dentes na frente, e as duas orelhas rasgadas no lugar dos brincos; quem a prender e trouxer a seu senhor o Braga, morador da rua das Flores, será gratificado. O mesmo desde já protesta com todo o rigor da lei contra quem a tiver acoitada. (JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO, 6 de fevereiro de 1861 , ANO VI).

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3.4 Escravidão e Resistência

Não podemos esquecer-nos das várias formas de resistência contra a

escravidão. Temos alguns casos de conflito direto, como às fugas e a formação

de quilombos que eram as significativas formas de resistência.

O dia 20 de novembro relembra o dia da morte de Zumbi dos Palmares,

em 1695, que atuou como símbolo da resistência do negro à escravidão. O

objetivo da homenagem é promover a reflexão sobre a inserção do negro na

sociedade brasileira, como modo de reduzir o racismo e a discriminação.

• Em sua opinião como deveria ser o temperamento do escravo que arriscava a fuga?

• A fuga era uma boa solução para os escravos? Justifique:

Com bastante atenção: leia e logo após a discussão sobre o anúncio de fuga:

Muitos escravos fugiram para o território do atual

Paraná, que ficavam próximo de regiões que tiveram

grande população escrava, como São Paulo. Hoje existem

comunidades remanescentes de antigos quilombos em

Curitiba, Castro, Tijucas do Sul, Alto Ribeira, Lapa, Tibagi,

Ponta Grossa e Guarapuava. Em algumas regiões do

Paraná, como o Norte cafeeiro, no inicio do século XX se

formaram novas comunidades de afrodescendentes,

reafirmando a presença da etnia na sociedade paranaense

(ROLLEMBERG, 2011, p.49).

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Atividades:

ATIVIDADES:

a) De acordo com o mapa: População negra e comunidades quilombolas no Estado do Paraná copiem em seu caderno fazendo um quadro, o nome do município e o nome da comunidade quilombola:

b) Você concorda que: O Dia da Consciência Negra, comemorada no dia 20 de novembro é um modo de reduzir o racismo e a discriminação?

Localize as comunidades quilombolas do Paraná através do mapa:

População Negra e Comunidade Quilombola no Estado do Paraná.

Disponível em: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe .php? foto=

755&evento=3. Acesso 16/10/2012

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FERREIRA, Marieta de Moraes e FRANCO, Renato. Aprendendo Historia: reflexão e ensino. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2011.

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