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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2016

Título: A apicultura sustentável como forma de inserção social para as pequenas e médias propriedades rurais

Autor: Luciano Hypólito de Amorim

Disciplina/Área:

Educação Profissional

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

CEEPA Mohamad Ali Hamzé

Município da escola: Cambará

Núcleo Regional de Educação: Jacarezinho

Professor Orientador: Prof. Dr. Fernando Emmanuel Gonçalves Vieira

Instituição de Ensino Superior: UENP – Campus Jacarezinho

Relação Interdisciplinar:

Todas áreas de conhecimento

Resumo:

Este presente trabalho tem como finalidade

promover a capacitação à criação de abelhas

Apis mellifera com finalidade econômica

minimizando assim os efeitos êxodo rural e

fixando os jovens em suas propriedades rurais. O

projeto será aplicado aos alunos do 1º do ensino

integrado do curso técnico em agropecuária do

Centro Estadual de Educação Profissional

Mohamad Ali Hamzé, pois neste período a matéria

apicultura está inserida dentro da disciplina

Produção Animal I. Este projeto foi fundamentado

sobre a LDB 9394/96, resolução 6/2012, que

definem os pilares da organização curricular do

ensino profissional: a relação entre a formação no

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ensino médio e a preparação para o exercício das

profissões técnicas visando à formação integral do

estudante. Visa-se com a implementação deste

projeto formar um cidadão responsável, e um

profissional competente, possibilitando assim que

o jovem depois de formado como técnico em

agropecuária possa levar a técnica de apicultura

para as suas propriedades, minimizando assim o

efeito do êxodo rural, e inserindo à sociedade

visando o tripé, cultura, economia e tecnologia.

Palavras-chave:

Apicultura; Abelhas; Ensino Profissional; Êxodo Rural; Ensino Médio

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público:

Toda comunidade escolar. Principalmente alunos do curso técnico em agropecuária, tanto do subseqüente como do integrado.

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APRESENTAÇÃO

A apicultura tem sido relatada na maioria dos documentos da antiguidade, a Bíblia já menciona uma terra onde manava leite e mel. Dizem que as abelhas procedem ao homem na face da terra há milhões de anos, desde que surgiram as plantas e são exploradas desde tempos imemoriais. Escavações arqueológicas mostraram que já criavam abelhas em potes de barro há mais de 7.000 anos. Existem vários estudos sobre as abelhas, pois é um tema que não se esgota dada a grande preocupação com o seu desaparecimento (FILHO, 2013).

Atualmente o uso desenfreado de agroquímicos em algumas culturas vem causando um impacto ambiental sobre as abelhas, em alguns casos levando algumas espécies à extinção. Existe uma grande preocupação do homem para conservação destes animais devido à sua grande contribuição a de polinização das flores gerando os alimentos à humanidade. Existem vários agentes polinizadores de flores, porém o mais importante sem sombra de dúvida são as abelhas, porém os morcegos, o vento, a água, e as aves também são responsáveis por este trabalho. Segundo pesquisas 88% das flores são polinizadas por abelhas. Por conseguinte estas são responsáveis pela conservação do equilíbrio ambiental, gerando a conservação de matas e florestas.

Segundo a EMBRAPA/CNPMN estima-se existir cerca de 20.000 espécies de abelhas, contudo este número pode ser duas vezes maior, sendo necessário realizar estudos para levantamento das abelhas e as interações abelha-planta nos diversos biomas. Entretanto devido à redução das fontes de alimentos e locais de nidificação (nidificação é o ato de um inseto construir seu ninho em determinado local), ocupação intensiva das terras e uso de defensivos agrícolas, as populações de abelhas silvestres têm sido reduzida drasticamente, colocando em risco todo o bioma em que vivem.

As abelhas proporcionam vários outros benefícios ao homem, além da polinização. Para muitos dos produtores rendem lucros, para o país rendem divisas, pois atualmente o Brasil é considerado o 8º maior produtor de mel no mundo, exportando o produto originado pelas abelhas com ferrão (Apis mellifera sp.) para vários países e sendo considerado o produto brasileiro de excelente qualidade, superando a qualidade do mel de vários países como Uruguai, Argentina, e China. Devido a apicultura brasileira não possuir sérios problemas com doenças e pragas como os países maiores produtores, aos quais utilizam pesados defensivos no controle de parasitas e organismos infectantes de colônias.

E não para por aí, pois além do mel, a lista de produtos derivados através do trabalho das abelhas é incalculável, podemos citar outros, tais como a própolis de onde podemos extrair vários medicamentos, a cera, geléia real,

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apitoxina (veneno das abelhas espécie Apis mellifera sp.), aluguel e venda de enxames.

Este trabalho é realizado com o objetivo de fornecer subsídios aos nossos alunos do curso técnico em agropecuária do estado do Paraná, para que possam levar a idéia de produção de abelhas às suas propriedades. Sendo assim a apicultura uma atividade responsável pela interação social, possibilitando a melhoria de vida através do trabalho. Visto que a grande maioria de nossos alunos provém de pequenas propriedades, com menos de 5 alqueires de terra disponível, podendo assim a apicultura ser uma atividade complementar à estas propriedades, senão a principal atividade destas áreas.

Devido ao grande impacto da ação do homem ao meio ambiente fez com que haja um definhamento dos enxames, e como conseqüência algumas espécies de abelhas estão desaparecendo do ecossistema. Outro grande objetivo deste trabalho é o de promover nos alunos uma maior consciência para a preservação do meio ambiente através da ciência da apicultura, onde o apicultor além de colher mel e outros produtos de origem apícola possuem uma grande contribuição na preservação da natureza.

1- EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E O MUNDO DO TRABALHO

A formação do trabalhador no Brasil começou a ser feita desde os tempos mais remotos da colonização, tendo como os primeiros aprendizes de ofícios os índios e os escravos, e habituou-se o povo de nossa terra a ver aquela forma de ensino como destinada somente a elementos das mais baixas categorias sociais (MEC, s.d.).

Com a chegada da família real portuguesa em 1808 e a conseqüente revogação do referido alvará, D.João VI cria o Colégio das Fábricas, considerado o primeiro estabelecimento instalado pelo poder público, com o objetivo de atender à educação dos artistas e aprendizes vindos de Portugal (MEC, s.d.).

O início da educação profissional no Brasil se deu no ano 1909 com a formação das Escolas de Aprendizes e Artífices, no Rio de Janeiro, através do presidente Nilo Peçanha. No estado do Paraná o início oficial do ensino profissional se deu no ano de 1978 com o governo federal instituindo o Centro Federal de Educação Tecnológica os Cefets. A idéia principal era de que existisse em cada estado brasileiro um Cefet ofertando ensino técnico profissional.

A educação profissional e tecnológica, em termos universais, e no Brasil em particular, reveste-se cada vez mais de importância como elemento

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estratégico para a construção da cidadania e para uma melhor inserção de jovens e trabalhadores na sociedade contemporânea, plena de grandes transformações e marcadamente tecnológica. Suas dimensões, quer em termos conceituais, quer em suas práticas, são amplas e complexas, não se restringindo, portanto, a uma compreensão linear, que apenas treina o cidadão para a empregabilidade, nem a uma visão reducionista, que objetiva simplesmente em preparar o trabalhador para executar tarefas instrumentais. No entanto a questão fundamental da educação profissional e tecnológica envolve necessariamente o estreito vínculo com o contexto maior da educação, circunscrita aos caminhos históricos percorridos por nossa sociedade (BRASIL, 2004).

1.1- A Lei de Diretrizes e Bases no 9.394 de 1996 X Educação Profissional

Os anos de 1990 marcam o destaque das questões educacionais nas arenas de debates, momento no qual a educação é posta como importante fonte de desenvolvimento econômico e propulsora no processo de reestruturação produtiva, capaz de proporcionar condições de inserção no mercado de trabalho à população inserida num contexto dominado pelas idéias da pós-modernidade e pelas novas exigências no que se refere à formação e à qualificação da força de trabalho (VIAMONTE, 2011).

Observasse que a educação está direcionada para o trabalho, pois a lei quer que a educação proporcione a formação de profissionais competentes, para o desenvolvimento da pesquisa da ciência e da tecnologia, requisitos para enfrentarem problemas internos e se preservar a soberania no competitivo mercado global.

Segundo Oliveira, 2013 cita que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no artigo 36-A, prevê que o Ensino Médio prepare para profissões técnicas, e os demais desdobramentos do mesmo artigo prevêem as formas em que esta preparação pode ocorrer: nas formas articulada (integrada ou concomitante) e subseqüente ao Ensino Médio. Os fundamentos estão contidos nas principais diretrizes da Educação Profissional: a Resolução 6/2012 do Conselho Nacional de Educação. Os sete primeiros incisos deste documento constituem uma filosofia e ao mesmo tempo definem os pilares da organização curricular:

I – a relação e articulação entre a formação desenvolvida no Ensino Médio e a preparação para o exercício das profissões

técnicas, visando à formação integral do estudante; II – respeito aos valores estéticos políticos e éticos da

educação nacional, na perspectiva do desenvolvimento para a vida social e profissional;

III – trabalho assumido como princípio educativo, tendo sua integração com a ciência, a tecnologia e a cultura como base

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da proposta político-pedagógica e do desenvolvimento curricular;

IV – articulação da Educação Básica com a Educação Profissional e Tecnológica na perspectiva da integração entre

saberes específicos para a produção do conhecimento e a intervenção social, assumindo a pesquisa como princípio

pedagógico; V – indissociabilidade entre educação e prática social,

considerando-se a historicidade dos conhecimentos e dos sujeitos da aprendizagem;

VI – indissociabilidade entre teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem,

VII – interdisciplinaridade assegurada no currículo e na prática pedagógica, visando à superação da fragmentação de

conhecimentos e de segmentação da organização curricular.

No inciso primeiro observamos a importância dada ao estímulo da articulação do ensino médio com a formação técnica do aluno, preparando assim um profissional qualificado para o mercado de trabalho, com senso crítico às várias questões. Muitos alunos do curso técnico em agropecuária não terão outra oportunidade de estudo, pois provém de camadas menos favorecidas da sociedade, e almejam com este ensino uma oportunidade de emprego. O que se almeja neste item é que o ensino técnico profissional seja uma ponte entre o final do ensino básico e o ensino superior, porém não apenas como um mero operador de máquinas, mas como um ser que pensa, e que tenha pensamentos críticos dentro da sociedade.

Segundo Karl Marx o trabalho serve como princípio educativo no momento que através do trabalho, nós conseguiremos melhorar nossas condições de vida, ou seja, através da educação podemos optar por um trabalho que nos levará a um melhor padrão de vida. O que nos diferencia dos animais segundo Marx é o trabalho, por meio do qual podemos satisfazer aos desejos humanos.

Para Gramsci o trabalho se institui como princípio educativo, o processo de emancipação acontece tomando como princípio a ciência e a técnica, na formação de uma escola unitária rompendo assim com a comparação de Marx quando diz que o trabalhador vende a sua força de trabalho tornando uma mercadoria, para a formação de um ser humano dirigente, cientista e político, em uma atividade teórica-prática, pois todos homens são intelectuais.

A qualificação profissional, em si e por si mesma, não promove o desenvolvimento, não gera o emprego, nem faz justiça social. Mas é um componente indispensável de políticas públicas que visem a tais propósitos. Porque qualificação agrega valor ao trabalho e ao trabalhador. Aumenta as chances de obter e manter trabalho. Amplia as oportunidades de geração de renda. Melhora a qualidade dos produtos e serviços. Torna as empresas mais competitivas. Torna o trabalhador mais competente (BRASIL, 1999).

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No estado do Paraná ao todo existem 17 Centros Estaduais de Educação Profissional que oferecem à população cursos técnicos em agropecuária, e 1 CEEPA que oferta curso técnico em florestas. Todos com a intenção de ofertar educação profissional de qualidade, tendo como objetivo preparar o profissional com visão crítica em condições de se tornar agente de transformação do meio onde vive. É missão dos CEEPAS desenvolver projetos que aproximam mais o ensino da realidade profissional, gerando também um cidadão crítico e responsável, estimulando nos alunos o desejo à pesquisa e tecnologia por meio de aulas práticas, visitas técnicas, palestras, atividades de extensão em laboratórios. Cumprindo assim o inciso IV, onde cita a integração de saberes específicos para a produção de conhecimento e a intervenção social, assumindo assim a pesquisa como princípio pedagógico.

1.2- O Empreendedorismo no Curso Técnico em Agropecuária

O entendimento da importância do papel do empreendedorismo, no contexto da sociedade atual é cada vez mais relevante, considerando os fenômenos da economia local e global, o processo de globalização, a evolução tecnológica e o desenvolvimento das potencialidades humanas. Um estudo realizado em vários países se comprova a influência da cultura empreendedora no processo de desenvolvimento da sociedade atual, voltada para a telecomunicação e tecnologias. O que se percebe nos estudos é que quando uma população tem perfil empreendedor, maior a possibilidade daquela sociedade se desenvolver economicamente e produzir maior potencial de riquezas (STOCKMANNS, 2013).

O mundo está mudando constantemente devido aos grandes avanços na área tecnológica, as redes sociais, as telecomunicações, e nós como agentes educadores devemos estimular em nossos alunos o espírito de empreendedorismo, pois assim estarão prontos para enfrentarem o mercado de trabalho. Nos EUA existem escolas que ensinam aos alunos como obter sucesso nos empreendimentos, como o Massahusetts Institute of Technology (MIT) onde são oferecidos cursos sobre os fundamentos do empreendedorismo para os alunos do ensino médio. Neste país existe a cultura do estímulo a formação de empresários e os alunos que são ousados ao ponto de arriscarem-se na abertura de algum negócio são sempre valorizados, mesmo que a partir de algum tempo não alcancem sucesso no seu negócio. Porém em nosso país esta ousadia por parte das pessoas e com conseqüente insucesso é considerada pela sociedade brasileira como uma pessoa incompetente, e medíocre.

É de grande importância que nós como profissionais da área de educação voltada para o campo, possamos estimular em nossos alunos o desejo de serem empreendedores fazendo assim com que tenham mais alternativas, proporcionando que ao retornarem às suas propriedades possam

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tornar-se empresários, auxiliando assim na fixação do homem no campo evitando o êxodo rural.

A Educação Empreendedora viabiliza a formação de um sujeito que conhece suas potencialidades e fragilidades, suas habilidades e competências, capaz de criar, sobressair e enfrentar a realidade social econômica, ou seja, que possa enfrentar e criar diferentes formas de garantir suas subsistência. O empreendedorismo atualmente se estabelece como um fenômeno cultural fortemente relacionado ao processo educacional na formação de novas gerações (STOCKMANNS, 2013).

Segundo Fernando Dolabela, a Pedagogia Empreendedora é uma metodologia de ensino de empreendedorismo para a educação básica: educação infantil até o ensino médio. É vinculada a tecnologias de desenvolvimento local, sustentável; por isso tem como alvo não só o indivíduo, mas a comunidade. Estimula a capacidade de escolha do aluno sem influenciar as suas decisões, preparando-os para as suas próprias opções. Trata o empreendedorismo como uma forma de ser e não somente o de fazer, transportando o conceito que nasceu na empresa para todas as áreas da atividade humana.

Não se trata de uma estratégia pedagógica destinada exclusivamente a preparar os alunos para criar uma empresa. Ela desenvolve o potencial dos alunos para serem empreendedores em qualquer atividade que escolherem, artistas, poetas, engenheiros, políticos, etc.. E também evidentemente, para serem proprietários de uma empresa, se esta for a sua escolha. Caberá ao aluno e somente a ele, fazer opções profissionais e decidir que tipo de empreendedor ele será (DOLABELA, s.d.)

Segundo pesquisas 25% das pequenas e médias empresas no Brasil fecham suas portas com apenas dois anos de atividade. Com cinco anos de operação, este índice aumenta para mais de 50%. Há diversas razões para a falta de capacitação dos empreendedores brasileiros. Porém, uma muito evidente é a falta de incentivo para abrir sua própria empresa desde cedo: já na escola, o possível empreendedor não se vê representado em nada que aprende.

No Brasil o tema central do empreendedorismo deve ser o desenvolvimento social, tendo como prioridade o combate à miséria, oferecendo-se como um meio de geração e distribuição de renda.

Poderíamos acrescentar disciplinas ligadas ao empreendedorismo nos vários segmentos do agronegócio, em se tratando de alunos do curso técnico em agropecuária, preparando os alunos para que possam iniciarem seus negócios e manterem os que já estão em prosseguimento, com melhor forma de gestão sustentável respeitando sempre o meio ambiente e a sociedade.

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2 – EMPREENDEDORISMO APÍCOLA

A apicultura é o estudo das abelhas com ferrão, visando o manejo racional e sustentável das colméias. A ciência da apicultura está inserida no currículo do curso técnico em agropecuária dentro da disciplina Produção Animal I, a qual é abordada no primeiro ano do ensino integrado, ou primeiro semestre para os alunos do ensino subseqüente.

A meliponicultura, que é criação de abelhas nativas sem ferrão, também é abordada dentro desta disciplina. O Brasil é riquíssimo de espécies de abelhas nativas, e em cada região de nosso país nós vamos encontrar algumas espécies que são mais predominantes que outras.

O principal empreendimento considerando-se um ambiente pedagógico é a formação de um ser pensante capaz de conduzir a sua vida face aos problemas da vida. Portanto o professor possui a função de provocar nos alunos um desequilíbrio com o mundo ao seu redor, através de seus questionamentos e seus desafios. Mas o docente ao mesmo tempo, oferece o apoio necessário para que o aluno, diante de conflitos cognitivos, desenvolva uma ação de novos conhecimentos, de autodisciplina, e organização do trabalho pedagógico. Portando se faz mister que o professor se propõe a ser empreendedor em sala de aula, porque não está como transmissor de conhecimentos, mas potencializa o desenvolvimento dos alunos, levando em conta as diferenças individuais e a natureza peculiar e a visão de mundo de cada um (STOCKOLMANNS, 2013).

A apicultura é uma atividade produtiva em franca expansão, apresentando-se como uma excelente alternativa de exploração de propriedades rurais, além de intensificar a polinização da flora da região. Além disso, é uma atividade que atende a critérios técnicos adequados ao tripé de sustentabilidade (ecológico, social e econômico).

O principal benefício ao homem da criação das abelhas sem dúvida é a polinização das flores gerando frutos. A polinização é a deposição dos gametas masculinos, o pólen, no estigma floral chegando até o ovário da flor. Existem estudos que identificam que as abelhas são responsáveis em 88% das polinizações, os outros agentes polinizadores são morcegos, aves, vento, e a água. Algumas abelhas são tão pequenas, porém possuem a sua função na cadeia da natureza polinizando as pequenas flores na flora. Algumas como as abelhas do gênero Bombus sp., as mamangavas são responsáveis pela polinização de flores maiores como as do maracujazeiro.

Existem estimativas que uma abelha poderá visitar em média de 50 a 1000 flores por dia, e as abelhas visitam quase 4 milhões de flores para produzir um kilo de mel. As abelhas são insetos que possuem corbículas, que são um depósito de pólen nas patas traseiras, podendo transportar um peso

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equivalente 300 vezes ao seu peso, além disso, as abelhas possuem o corpo coberto de pêlos, que ao tocarem nas flores possuem a função de inocular o pólen no estigma floral onde o gameta masculino será transportado até o ovário dando início aos frutos. Segundo Einstein caso as abelhas deixem de existir restariam apenas mais quatro anos para vida da humanidade, pois boa parte da polinização na natureza cessará.

A apicultura é uma das poucas atividades que possuem algumas particularidades com algumas características próprias, tais como:

- Não necessariamente o apicultor deve ser o dono da terra onde será instalado o apiário, podendo ser arrendada, ou mesmo feito um acordo com o dono da terra;

- É uma atividade que não necessita de grandes investimentos, mesmo o produtor poderá construir as suas próprias caixas, diminuindo custos;

- As abelhas africanizadas (Apis mellifera sp), são muito produtivas, e adaptaram-se muito bem ao clima brasileiro, para início do negócio pode-se iniciar com iscas construídas de papelão;

- Pode possuir uma gama variada de especialidades, um produtor pode se especializar somente na produção de mel, ou somente na produção de própolis, geléia real, pólen, ou cera;

- Trata-se de uma atividade ecologicamente correta, pois o apicultor ao manejar corretamente está produzindo agentes polinizadores, com isso mantendo sustentável o meio ambiente, podendo também melhorar a produção de frutos da região e a qualidade dos mesmos;

- Envolvimento Familiar: toda a família pode se envolver no negócio, desde os mais velhos como as crianças desde que não sejam alérgicas;

- Poderá ser a segunda opção da propriedade, pois com apenas um dia por semana o apicultor poderá visitar seus apiários, para realizar os manejos necessários;

O mel é o principal produto da colméia, em termos comerciais. Entende-se por mel, o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir da coleta do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias armazenam e deixam madurar nos favos da colméia (ALMEIDA & CARVALHO, 2009). As abelhas recolhem o néctar ou exsudado das plantas e os transporta em seu papo, e ao chegar na colméia as abelhas nutrizes recolhem e passam por várias outras abelhas assim desidratando o néctar até atingir ao redor de menos de 20% de umidade, onde são armazenados nos favos.

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O mel brasileiro atualmente está muito valorizado no mercado externo, sendo exportados para vários países como Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, Japão, e países do Oriente Médio, entre outros. Pois o mel brasileiro ganha em concorrência com outros méis da Argentina e Uruguai, devido ao uso de químicos por estes países, o nosso mel é considerado natural sem contaminações, pois nosso clima tropical não favorece o desenvolvimento da praga que ataca as colméias em regiões frias, o ácaro Varroa destructor.

Segundo a Abmel, o Brasil produziu 35.364 toneladas de mel no ano de 2013 (dados de 2014 não disponíveis), e no ano de 2014 o Brasil exportou 25.317 toneladas de mel, enquanto que no mercado interno permaneceu 10.047 toneladas. O mercado brasileiro produtor de mel é muito dependente das exportações, o consumo médio brasileiro de mel está em torno de 60 g/hab/ano, enquanto em alguns países como Suíca 1500 g/hab/ano, Alemanha 960 g/hab/ano, EUA 910 g/hab/ano.

O baixo consumo de mel pelo brasileiro se dá no fato este produto não é encarado como um alimento, sendo muito utilizado apenas na forma de xaropes, como remédio.

Quadro demonstrativo: Impacto Social da Apicultura

Colméias possuídas por apicultor

Percentual de apicultores (%)

Percentual de mel produzido (%)

Até 50 49,5 17,0

51 a 100 25,3 20,7

101 a 200 15,6 22,5

201 a 400 6,5 17,6

401 a 700 2,2 12,2

Mais que 701 0,9 9,8

Fonte: ABMEL, 2013

Pelo quadro citado acima segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Mel, Câmara Setorial, 90% dos apicultores do Brasil possuem entre 50 a 200 colméias, e os mesmos produzem 60% do mel produzido no país. Também podemos observar que a grande maioria dos apicultores provém de pequenas propriedades, ou em alguns casos não são propriamente os donos da terra.

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Atualmente os apicultores brasileiros enfrentam vários desafios, não existem incentivos pelo governo brasileiro, somente para citar na Argentina existe assistência técnica em apicultura gratuita, fornecimento de rainhas selecionadas geneticamente pelo governo. No Brasil não existem propagandas para estímulo do consumo de mel pela população brasileira, não existe a cultura da troca de rainhas a cada dois anos pelo menos, a troca de favos velhos por cera alveolada, estes itens seriam importantes para alavancar a produtividade brasileira que gira em torno de 18 kg de mel/caixa/ano, porém apicultores profissionais conseguem obter média de 70 kg de mel/caixa/ano.

As abelhas possuem várias funções e produzem vários benefícios além do mel, e polinização. De acordo com a aptidão do produtor e comércio nas regiões o apicultor poderá optar pela produção de própolis. Este produto originário pela coleta pelas abelhas das resinas das árvores.

A própolis é utilizada pelas abelhas para aplicações diversas, tais como: fechar frestas para evitar a entrada de vento, soldar peças e componentes da colméia, envernizar partes da colméia, lacrar abelhas mortas que não podem ser removidas da colméia, diminuir a entrada do alvado nas épocas de frio e para propiciar melhor defesa da colméia diminuindo o espaço do alvado, especialmente nas abelhas africanizadas.

Segundo pesquisas recentes, a própolis tem importantíssimas aplicações como remédio curativo para cicatrizar férias, como analgésicos, tratamento de doenças da pele e até controlar a divisão de células cancerígenas.

De acordo com Wiese, 1985 composição da própolis é:

50 % resinas com bálsamo de composição aromática,

30-40% de cera,

5-10% de pólen, além de óleos étricos, gorduras, ácido amínico e ácidos orgânicos

Nas cinzas foram encontrados: ferro, cobre, manganês, zinco, vitaminas do complexo B, vitaminas E, C, H, além de antibióticos.

A própolis hoje é considerada um produto apícola valorizado, aqui na região Sul e Sudeste encontramos várias indústrias farmacêuticas que compram o produto, sendo uma atividade bem atrativa para que as pequenas e médias propriedades possam investir. Este produto é comercializado por kilo, em nossa região a própolis verde está sendo comprada por R$ 120,00 o kilo, própolis marrom R$ 80,00 o kilo, e a raspa de caixas por R$ 50,00 o kilo.

Uma colméia poderá produzir em média 100 gramas de própolis por semana, desde que as abelhas possuam pasto apícola suficiente para a

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produção. Uma planta muito utilizada para coleta da resina é o alecrim do campo (Baccharis dracuncunfolia), que produz a própolis verde, muito aceito pelo mercado e bem valorizado. Portanto o produtor que desejar trabalhar nesta área deverá providenciar o plantio destes arbustos para servir às abelhas como pasto apícola.

Outro produto apícola bem valorizado pelo mercado é o pólen, que é o gameta masculino das flores. O seu valor nutricional irá depender das espécies de plantas predominantes na região, podendo variar de 7% a 35% de proteínas além de ser rico em vitaminas, sais minerais e todos aminoácidos essenciais à vida.

O pólen é coletado através de um equipamento o coletor de pólen que é fixado no alvado das colméias, recomenda-se deixar o coletor durante a época que houver maior floração na região e durante duas horas diárias, para não faltar pólen para as crias. Trata-se de um negócio bem interessante, rentável, o produtor poderá vender sua produção para farmácias de manipulação, ou exportadores.

A cera também é um outro produto apícola, produzido pelas abelhas jovens, as abelhas arquitetas, que produzem grande quantidade de cera em suas glândulas ceríferas. Para produção de um kilo de cera, é necessário oito kilos de mel. Este produto poderá ser comercializado para clínicas de estética, pois é um produto muito utilizado em depilações, velas, vernizes.

A geléia real é o alimento para as larvas de operárias de até três dias, e para as larvas da rainha e dos zangões, produzido pelas abelhas jovens de 4 a 14 dias de idade conhecidas por abelhas nutrizes. A geléia real necessita de um estudo mais aprofundado para a colheita e posterior amazenamento. Segundo pesquisas a geléia real é indicada para o tratamento da pele para fins de embelezamento, muito utilizada em indústrias farmacêuticas.

A apitoxina (do latim apis= abelhas, e toxikon= veneno) é o veneno das abelhas é produzido por uma glândula que existe no abdômen das abelhas . Este veneno em pequenas doses pode ser considerado terapêutico, no combate a reumatismo. A apitoxina pode ser utilizada em tratamentos de pessoas que sofreram algum trauma que retirou a sensibilidade de algum órgão, também chamada de apiterapia.

A produção de apitoxina exige do produtor um conhecimento mais aprofundado na coleta, necessitando de um coletor de apitoxina, onde é deixado por duas horas no alvado (entrada das colméias) e emite pequenas ondas de choque que quando as abelhas pousam sobre a placa as mesmas ferroam, e deixam o veneno no vidro e em contato com o ar se transforma em um pó que é coletado e armazenado, e comercializado para indústrias farmacêuticas.

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A apicultura é um setor do agronegócio muito interessante para as pequenas e médias propriedades, não só economicamente, mas também ecologicamente, pois o apicultor passa a ser um ecologista, sempre pensando na manutenção de seus enxames que são os principais agentes polinizadores para a agricultura onde estiverem os enxames. O Brasil produz 40 mil toneladas de mel, porém necessita 60 mil toneladas para abastecer o mercado interno e externo, tornando a apicultura um negócio rentável, pois segundo as associações de produtores de mel indicam que existe uma potencialidade para se alcançar, sem muitos investimentos 200 mil toneladas.

3- A ATIVIDADE APICULTURA COMO INCLUSÃO SOCIAL

A apicultura é a ciência e a arte dos estudos da criação e manejo de abelhas com ferrão (Apis mellifera sp). Faz parte dos estudos dentro do currículo do curso técnico em agropecuária dentro da disciplina Produção Animal I.

A abelha, inseto milenar, está presente em toda a história da humanidade, desde os tempos mais remotos, desde os fósseis do oligoceno, desde os hieróglifos dos monumentos egípcios. Dos vestígios encontrados à sombra antiqüíssima das pirâmides, junto ao túmulo misterioso das petrificadas múmias, se infere que o mel oi certamente iguaria apreciada nas lautas mesas de Ramssés e de Cléopatra (WIESSE, 1985).

As abelhas convivem na terra desde há 40.000 anos, segundo estudos desde o aparecimento das angiospermas, convivem em perfeita harmonia com a natureza de onde extraem o néctar, exsudados, pólen, e água para a alimentação de sua família também chamada de enxame, e para quando houver necessidade de enxameação transportarem este alimento. Chama-se enxameação ao processo de divisão natural do enxame, quando metade da colônia irá a busca de uma nova moradia juntamente com a rainha velha, e a nova rainha permanece na caixa mãe.

Embora hajam ainda divergências quanto ao introdutor das abelhas com ferrão em nosso país, sabe-se que o mérito cabe aos padres, durante a colonização do Brasil. Já no tempo do Império, Dom Pedro II promulgou uma lei, concedendo ao Padre Antônio Pinto Carneiro, pelo espaço de 10 anos, o privilégio exclusivo de importar abelhas da Europa, onde estabeleceu seu colmeial, no início 50 colméias e alguns anos mais a população passou a ter interesse na criação de abellhas Apis mellifera. As principais raças de abelhas no início eram Cárnicas, pardas ou pretas, originárias do sul da Europa Central e dos Alpes.

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No ano de 1906, o professor Emílio Schenck trouxe para a região sul do Brasil algumas colméias importadas da Alemanha, e foi buscar nos Estados Unidos abelhas italianas adaptadas ao clima brasileiro do sul. Foi nesta época também que este professor idealizou um modelo de caixa chamada de Schenck, que pelo seu modelo proporciona maior calor às crias.

No ano de 1957, um professor agrônomo Warwick Kerr realizou uma viagem a pedido do Ministério da Agricultura para o continente africano a fim de importar algumas rainhas e zangões da espécie Apis mellifera adansonii, abelhas de raça africana. Quando outro apicultor curiosamente abriu todas as telas excluidoras das colméias, dando início ao cruzamento das abelhas africanas com européias. Durante os 10 anos posteriores muitos apicultores abandonaram a atividade dado à grande defensividade das abelhas africanas, e o país teve de importar mel, pois não havia mel no mercado.

A história da introdução das abelhas africanas no Brasil teve muitos capítulos tristes com a morte de muitas pessoas, animais. Até o os Estados Unidos na ânsia de tentar recuar o avanço destas abelhas tentaram implantar barreiras orgânicas no Panamá, porém sem sucesso, e mais tarde estes insetos colonizaram todo o continente americano. Porém com muita determinação dos apicultores brasileiros e dos órgãos de pesquisa, hoje já conseguimos dominar as técnicas para a criação desta espécie, que são mais ativas, mais higiênicas, mais trabalhadoras, mais defensivas e apresentam maiores produções em nosso ambiente que as espécies européias.

As abelhas são insetos sociais, porém existem algumas espécies que vivem solitárias. Todas fêmeas são provenientes de ovos fecundados e os machos provenientes de ovos não fecundados, a este fenômeno dá-se o nome de partenogênese. As espécies Apis mellifera, possuem uma ordem social, abaixo descrita:

- Uma Rainha que é responsável pela liberação de feromônios que manterá a ordem dentro da colônia, e também é a responsável pela postura dos ovos de operárias e de zangões, e de outra princesa, caso haja a necessidade. Uma rainha poderá viver até cinco anos. O que diferenciará se a larva dará origem a uma rainha ou operária é a alimentação recebida durante a fase larval, caso receba geléia real durante toda a fase de larva nascerá uma rainha, caso receba o pão de abelhas (pólen+mel+água) a larva será de operária. Esta definição é uma responsabilidade das próprias operárias que definirá qual será rainha ou qual será operária,

- Operárias, em um enxame poderá conter de 5.000 até 120.000 operárias. Vivem em média de 42 a 45 dias de vida Estas são as responsáveis pela limpeza, fabricação dos favos, alimentação das crias, cortejo à rainha, e busca por alimentos no campo,

- Zangões são os machos da colméia, em uma colméia poderá existir até 300 zangões, e vivem em média 80 dias. São os responsáveis pela fecundação da rainha que no ar até 20 zangões podem fecundar uma rainha, que após o ato

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sexual deixando seu órgão reprodutor junto com o intestino morrem em poucas horas. Não trabalham dentro do enxame, um zangão comerá mais alimento que uma operária, por isso na época de escassez de alimento, as operárias os expulsam ou matam os mesmos.

Primeiramente para iniciarmos nosso trabalho como apicultores, devemos capturar os enxames, ou comprá-los de pessoas idôneas que possam vender. Podemos armar caixas iscas em vários locais, geralmente nas épocas de predominância de floradas nas regiões.

Segundo Wiese, 2000 todos podem criar abelhas: pessoas jovens, adultos, homens e mulheres, desde que não sejam alérgicos aos venenos das abelhas e tenham habilidade e trato para com elas, com paciência, calma, dedicação, e amor às abelhas. Além das qualidades pessoais, é indispensável dispor de um bom lugar (imóvel próprio, cedido, ou arrendado), com ricas e abundantes floradas, proporcionais ao número de colméias que se deseja localizar ou que a florada existente na área de visitação das abelhas permita uma produção normal. Normalmente as abelhas voam três kilômetros em busca de alimentos, podendo em períodos de escassez de alimentos voarem até 5-10 kilômetros.

Podemos trabalhar com apiários fixos ou apiários migratórios. O apiário fixo é aquele que durante todo o ano as colméias permanecerão em um local definido, segundo a florada, ou deverá ser realizada a alimentação artificial durante a escassez floral. O apiário migratório é aquele que é migrado ou transportado para regiões onde existem floradas abundantes em épocas específicas, como exemplo pomares de laranja, áreas de plantio de eucaliptos, pomares de maçãs, entre outras culturas.

Para instalação de apiários devemos levar alguns fatores em consideração, tais como estar distante 300 metros de casas, animais, e estradas movimentadas; até 500 metros de uma fonte de água, pois as abelhas necessitam de água no processamento de alimentos, e para refrigerar as colméias em épocas de calor excessivo; pensando-se no conforto para o apicultor o apiário deve estar o mais próximo à estrada disponível evitando assim o caminhamento com peso excessivo evitando lesões na coluna.

Caso o produtor opte pela instalação de apiários fixos deve-se atentar para o plantio de árvores com potencial melífero, pólen, ou ricas em resinas no caso de produção de própolis. Abaixo citarei uma tabela, que pode servir de guia para a indicação das principais floradas com as respectivas épocas no estado do Paraná:

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Quadro: Principais floradas por região no estado do Paraná

Região Florada Predominante Período de Colheita

Potencial anual

produtivo

Prudentópolis, Ivaí e região

Vassourinha, Angico, Bracatinga, e Lixeira

Outubro a Março

1000 a 2000 toneladas

Castro e Arapoti Capixingui e Vassourinha Outubro a Março

1000 toneladas

Ilhas do Rio Paraná

Capixingui, Sangra d”água e Ingá

Janeiro a Março

500 toneladas

Ortigueira Capixingui, Eucaliptus, Angico e Gurucaia

Outubro a Março

500 toneladas

Fonte: Catálogo Supermel, 2016

De acordo com o quadro acima nós teremos uma referência em que época ocorrerá a maior florada, portanto 60 dias antes devemos preparar os enxames para a migração, fortalecendo através de alimentação artificial, troca de ceras alveoladas velhas por folhas de cera nova, pelo menos duas, troca de rainhas caso haja a necessidade, recomenda-se a troca de rainhas a cada 2 anos, pois a postura da mesma vai caindo a partir desta idade o que interferirá na produção do enxame.

Os equipamentos para o trabalho com a apicultura são variados comentarei os mais importantes. O tipo de colméia mais utilizada no Brasil é a modelo Langstroth, ou modelo americano, composta por fundo, ninho, melgueiras, e tampa, juntamente com os caixilhos ou quadros. Para se trabalhar com abelhas africanizadas devemos nos equipar com o EPI (equipamentos de proteção individual) formado por macacão de apicultor, luvas adequadas, e botas de borracha.

O fumigador é um dos equipamentos mais importantes para a apicultura, pois com ele nós conseguimos conter em parte os ataques das abelhas. O uso da fumaça induz as abelhas ingerirem mel fazendo com que a vesícula melífera fique cheia de mel, dificultando a ferroada. Possui também a função de dissipar o ferômonio de ataque que é um gás, diminuindo assim a comunicação entre as abelhas.

O Brasil poderá triplicar a sua produção de mel, passando da atual média de 16 kg/caixa/ano para 48 kg de mel/caixa/ano, além dos outros produtos derivados, pois o país possui florada para aumentar sua

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produtividade, com os devidos manejos recomendados. Dentre os principais manejos ainda não praticados por muitos apicultores brasileiros, podemos citar:

- Troca de favos velhos, escuros, cheios de própolis por quadros com cera alveolada nova, pois em quadros velhos fica pouco espaço à rainha para depositar seus ovos, e pouco higiênico visto que as abelhas são animais muito higiênicos;

- Alimentação artificial no inverno, pois nesta época a escassez floral poderá levar o enxame à morte por fome. Portanto devemos tratar as abelhas como animais de produção, devemos preparar alimentos como xaropes, bifes protéicos. Fazendo assim na saída do inverno nós iremos ter enxames fortes e populosos, prontos para a florada na primavera;

- Troca de Rainhas a cada dois anos. Sabemos que a vida de uma rainha pode ser de até 5 anos, porém ovipositando cerca de 2000 ovos por dia, depois de dois anos a postura diminuí muito levando a queda na produção de operárias e conseguintemente a produção de mel do enxame. A rainha velha deve ser trocada por uma rainha nova, por puxada natural ou inoculando outra rainha na colméia.

O método de divisão por puxada natural citado acima é realizado, retirando a rainha da colônia, e as abelhas sentirão a falta da rainha e tomarão larvas de até 3 dias, várias delas, e alimentarão com geléia real, e aumentarão o alvéolo que se transformará em realeira (célula real), e em 17 dias nascerá uma nova rainha, que realizará novo vôo nupcial com até 20 zangões e armazenará os espermatozóides em sua espermateca até sua morte.

Ao se pensar em apicultura como alternativa de geração de trabalho e fonte de renda ao homem do campo, é necessário que se avalie todos os aspectos que cercam a atividade e que torne a atividade apicultura uma importante ferramenta de inclusão social para pequenos e médios produtores rurais.

O Brasil possui uma riqueza natural inexplorada em pasto apícola que poderá aumentar muito a produção brasileira de mel de primeira qualidade, sendo considerado um mel natural e muito apreciado no mercado interno e externo.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMEIDA, M.A.D. & CARVALHO, C.M.S., Apicultura: uma oportunidade de negócio sustentável, Salvador, Sebrae: Bahia, 2009.

BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Plano nacional de qualificação do trabalhador: Educação profissional: um projeto para o desenvolvimento sustentado. Brasília-DF, 1999. 80 pag. (Série avanço conceitual)

DOLABELA, Fernando, Pedagogia Empreendedora: ensino de empreendedorismo na educação básica, acesso em 15/11/16 https://fernandodolabela.wordpress.com/servicos-oferecidos/pedagogia-empreendedora/

FILHO, A.C.C.; Manejo para multiplicação e seleção de enxames, Ed. clube dos autores, 2ª Ed., 2013.

OLIVEIRA, E.B.; O exercício docente e a avaliação da aprendizagem na educação profissional técnica de nível médio; Trabalho apresentado como requisito final para conclusão de curso de pós-graduação Lato Sensu, IF/RO, junho de 2013

REHDER, Carlos Pamplona. Apicultura Sustentável. 2015. 36 f. Tese (Doutorado) - Curso de Apicultura, Mapa, Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_setoriais/Mel_e_produtos_apicolas/36RO/ICA_36RO.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016.

STOCKMANNS, J.I., Pedagogia Empreendedora, Unicentro, 2013.

VIVIAN, R.P.; O trabalho como princípio educativo: Algumas reflexões; PMC/UFPR- visualizado em 08/11/16. in: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/225_776.pdf

VIAMONTE, P.F.V.S.; Ensino profissionalizante e ensino médio: novas análises a partir da LDB 9394/96, in Educação em Perspectiva v.2, n.1, 2011

Wiese, Helmuth. Apicultura novos tempos, Guaíba: Agropecuária, 6ª Ed., Porto Alegre, 1985

EMBRAPA , CNPMN, O que é polinização http://www.cpamn.embrapa.br/apicultura/polinizacao.php Produção de Polen :

SEBRAE, Técnicas de manejo para produção de pólen, in: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/tecnicas-de-manejo-

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para-producao-do-polen,3f58fa2da4c72410VgnVCM100000b272010aRCRD , vizualizado em 26/11/16.

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APÊNDICE

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Foto 1: Caixa Langstroth – Padrão americano, com ninho, melgueira e tampa

Foto 2: Cera Alveolada, utilizada para formação de favos de cria e mel

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Foto 3 e 4 : Caixas Padrão de Jataí (Tetragonista angustula sp) e Mandaguari (Scaptotrigona postica sp)

Foto 5: Demonstração de alunos juntamente com o professor sobre a apipcultura, em Dia de Campo promovido pelo Ceepa Mohamad Ali Hamzé

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QUESTIONÁRIO PARA SUBSÍDIO DO DESENVOLVIMENTO

DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Caro (a) aluno (a), este questionário foi elaborado para coletar informações para a pesquisa

que estou realizando. Gostaria de sua colaboração. Grato. Prof. Luciano Hypólito de Amorim

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Sexo: ( ) M ( ) F

Idade:______________________________Ano/Série:_________________________

Possui propriedade rural? ( ) sim ( ) não

II DADOS PARA O PROJETO

1)Você conhece os benefícios trazidos pelas abelhas ao homem?

( ) não ( ) sim. Qual?____________________________________________________________

2)Quais produtos produzidos pelas abelhas você conhece?

( ) nenhuma ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) mais que 3. Quais?_______________________________

3) Mais de 80% das flores são polinizadas pelas abelhas, você sabe o que vem a ser Polinização de

Flores ?

( ) não sei ( ) Sei

Explique Polinização em breves palavras : __________________________________________________

4)Qual o período médio de vida de uma abelha rainha?

( ) não sei ( ) 4 meses ( ) 45 dias ( ) 5 anos

5)Você sabe o que vem a ser apicultura fixa e migratória?

( ) não sei ( ) Sei

Descrever:____________________________________________________________________________

6)Você acredita que a apicultura poderia ser uma atividade viável para você e seus pais iniciarem na

atividade?

( ) Sim ( ) Não

Descrever:____________________________________________________________________________

7) Quais produtos apícolas você acharia interessante produzir :

( ) mel ( ) própolis ( ) cera de abelha ( ) apitoxina ( ) geléia real