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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE/2012

Título: Ecopedagogia, Ludicidade e Construção das Relações

Humanas

Autor: Eloisa Panicchi Sóccio

Disciplina/ Área: Pedagogia

Escola de Implementação

do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Luiz Setti. E.F.M.P. Localizado na rua:

Almirante Barroso, 499.

Município da escola: Jacarezinho

Núcleo Regional de Educação: Jacarezinho

Professor Orientador: Professora Mestre Maria Cristina Simeoni

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP –

Centro de Ciências Humanas e da Educação – CCHE/CJ

Formato do Material Didático: Caderno Temático

Relação Interdisciplinar

Público Alvo Professores

Localização Colégio Estadual Luiz Setti. E.F.M.P. Localizado na rua

Almirante Barroso, 499.

Resumo: O texto aborda o tema Ecopedagogia na perspectiva

de Paulo Freire. O foco são as relações humanas

entendendo que o ser humano é responsável pelo meio em

que vive. O objetivo geral é apresentar o conceito de

Ecopedagogia por meio de atividades lúdicas, tendo como

sugestão trabalhar o lúdico com professores e professoras.

Acreditando que as relações humanas acontecem por

meio da participação, socialização e diálogo. A atividade

lúdica vem contribuir e favorecer a interação entre os

sujeitos da escola. Os profissionais da educação escolar

precisam tomar consciência acerca das questões

ambientais e consequentemente melhorar suas relações

consigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente.

Palavras-chave (3 a 5 palavras) Ecopedagogia; Ludicidade; Relações Humanas;

Professores e Professoras

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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

NUCLEO REGIONAL DE ENSINO DE JACAREZINHO

ELOISA PANICCHI SÓCCIO

ECOPEDAGOGIA, LUDICIDADE E CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS

JACAREZINHO – PR

2012

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ELOISA PANICCHI SÓCCIO

ECOPEDAGOGIA, LUDICIDADE E CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS

Caderno Temático entregue ao Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, como requisito

parcial para elaboração de Unidade Didática e para fins

de avaliação sob orientação da Professora Me. Maria

Cristina Simeoni.

JACAREZINHO – PR

2012

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ECOPEDAGOGIA, LUDICIDADE E CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS

Autora: PANICCHI, Eloisa Sóccio

Orientadora: SIMEONI, Maria Cristina

“O homem, ser de relações e não só de contatos,

não apenas está no mundo, mas com o mundo”.

Paulo Freire

Este texto aborda o tema Ecopedagogia na perspectiva de Paulo Freire. O foco são as relações humanas,

entendendo que o ser humano é responsável pelo meio em que vive e precisa se conscientizar disso. É

necessário mudanças nas relações entre os sujeitos da escola a partir de conhecimentos adquiridos e

discussões acerca do conceito de Ecopedagogia. A sugestão é trabalhar com os professores e professoras por

meio de atividades lúdicas em encontros pedagógicos. Acreditando que, as relações humanas acontecem por

meio da participação, socialização e diálogo, a atividade lúdica é um meio adequado para contribuir e

favorecer a interação entre os sujeitos da escola. Os profissionais da educação escolar precisam tomar

consciência acerca das questões ambientais e consequentemente melhorarem suas relações consigo mesmos,

com os outros e com o meio ambiente.

Palavras-chave: Ecopedagogia. Ludicidade. Relações Humanas. Professoras e Professores

Tendo em vista a relevância das questões ambientais, percebe-se a necessidade de estudar e

discutir tais questões no coletivo escolar. Pretende-se junto ao educador uma reflexão crítica acerca

de sua importância nesse processo de construção do conhecimento na busca de uma consciência

ecológica e harmônica. Entende-se, neste caso, que a escola torna-se um espaço apropriado para

discutir e analisar questões interpessoais, enfocando as relações humanas. Com esse processo existe

a possibilidade de fazer uma auto-avaliação de como se dá a relação do ser consigo mesmo, com o

outro e consequentemente com o meio ambiente.

Diante desse fato, acredita-se que a relevância desse estudo junto à escola de atuação, será

a de contribuir junto aos educadores, subsidiando seu trabalho, oportunizando momentos de

reflexão com ludicidade a respeito das questões de relacionamento. Assim, pretende-se que todos

tomem consciência do seu papel de educador como um cidadão crítico, participativo e responsável

pela conservação do seu espaço, buscando adquirir em seu meio o equilíbrio por meio de

relacionamentos harmônicos e uma vida mais saudável.

A respeito desse assunto, Morin (2000, p.63), destaca que é preciso compreender tanto a

condição humana no mundo como a condição do mundo humano, que, ao longo da história

moderna, se tornou condição da era planetária. Esse destaque é oportuno, entendendo que esse

trabalho junto aos educadores, por intermédio da intervenção pedagógica, buscará uma consciência

crítica a respeito de si e a respeito do meio em que está inserido. E a escola será o espaço coletivo

de relações necessárias para transformação de uma mentalidade social-política e ecológica, no

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sentido de preservação do seu espaço físico e humano.

A esse respeito, Freire (1996, p.26) destaca que: “A importância do papel do educador, o

mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas de ensinar

os conteúdos mas também ensinar a pensar certo”. Pensar criticamente acerca das questões

ambientais e dos relacionamentos entre os sujeitos numa busca de um desenvolvimento sustentável

e com a necessidade do sujeito se conhecer se relacionar bem com o outro e com o meio em que

vive. As ações devem partir da convivência cotidiana buscando sentido em compreender e

identificar mecanismo que favoreçam a preservação do meio ambiente escolar. Sendo assim,

considera-se relevante reafirmar a necessidade do ser humano se conhecer, se relacionar bem

consigo mesmo, com o outro e com o mundo.

Nesse contexto, Freire (1996, p.28), ressalta que: [...] uma das bonitezas de nossa maneira

de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo,

conhecer o mundo.Conhecer o mundo “como seres históricos”, e dessa forma, buscar entre seres

humanos e natureza uma troca equilibrada, consciente e ecológica. Para tanto é relevante o estudo

do conceito da Ecopedagogia a partir da ludicidade, o qual servirá para fundamentar questões

cotidianas relacionadas ao processo do conhecimento. O lúdico é um fator importante que contribui

para concretização desse trabalho buscando, por meio de uma intervenção prazerosa, uma relação

voltada para uma consciência ecológica e sustentável. Ele favorece a socialização facilitando a

comunicação e a oralidade, fatores importantes na construção das relações humanas.

A respeito da comunicação e oralidade, Simeoni (2009, p.117) afirma que: “conversar,

falar e ouvir criam relações necessárias” entre os sujeitos. A oralidade vinculada ao lúdico

proporciona a interação e estimula as relações, pois, sendo o diálogo, próprio do ser humano, não é

possível pensar numa melhoria de relações humanas, sem pensar na essência do diálogo que é

gerado na relação do sujeito com o outro.

Contudo, é oportuno refletir a respeito de uma melhor qualidade de vida, buscando

subsídios que levem o educador a ampliar seus conhecimentos acerca das relações humanas, tendo

assim maior interação e socialização no contexto escolar.

No que se refere a Ecopedagogia, esse estudo busca a interação do ser consigo, com o

outro e com o meio ambiente. É oportuno salientar que a Ecopedagogia é um conceito criado por

Francisco Gutiérrez, pesquisador do pensamento de Paulo Freire, na década de noventa. Hoje é um

conceito muito difundido por intermédio do Instituto Paulo Freire. Tem sido objeto de estudo nesses

últimos anos, pois trata de uma nova maneira de ver a Educação Ambiental, entendendo-a como a

relação entre o ser humano e a natureza. Para Gutiérrez (1999, apud GADOTTI, 2012), a

Ecopedagogia promove a aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana.

Outro autor pesquisado, Menezes (2002, s/p), define a Ecopedagogia como uma área que:

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[...] trabalha com a fundamentação teórica da cidadania planetária cuja idéia é dar

sentido para a ação dos homens enquanto seres vivos que compartilham com as

demais vidas a experiência do planeta Terra. Ou seja, constitui um verdadeiro

movimento político e educativo cujo projeto é mudar as atuais relações humanas,

sociais e ambientais.

Nesse sentido, faz-se necessário ressaltar que para este texto é dado o enfoque para as

relações humanas e de como se dá essas relações entre os seres consigo mesmo, com o outro e com

o meio ambiente. Gadotti (2012, p.89), faz menção a Ecopedagogia como “uma pedagogia para

promoção da aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana, que busca sentido a

cada momento”. Esse pensamento busca entender como o “ser se encontra no mundo” e de como

esse ser se relaciona com os sujeitos do planeta. Pensar nas questões ambientais vai além de pensar

no meio ambiente. Requer pensar no ser, no cuidado do ser com o outro, de como esse ser está

inserido e se relacionando com o mundo. A esse respeito, Freire (1996, p.77) ressalta que: “meu

papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como

sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente”.

Essa preocupação com as questões ambientais vem reforçar a necessidade do ser humano

se reconhecer como sujeito de sua história que é capaz de construir uma consciência planetária. É

oportuno salientar a importância do ser, sendo parte integrante do mundo, construir sua história e

fazer parte dela, sendo um ser de relações e assumir seu papel atuante na sociedade em que está

inserido. A necessidade do ser humano se relacionar se dá desde o início da humanidade. Em

Loureiro encontra-se a seguinte observação a respeito das relações humanas:

As relações sociais que se estabelecem na escola, na família, no trabalho ou na

comunidade possibilitam que o indivíduo tenha uma percepção crítica da

sociedade, podendo assim entender sua posição e inserção social e construir a base

da respeitabilidade para com o próximo (2005, p.72).

As reflexões desse autor contribuem destacando a necessidade das relações entre os seres,

enfatizando a construção de respeito com o próximo. Ao se colocar tal ideia ele pensa em uma

Educação Ambiental centrada na construção das relações humanas. Essas relações são discussões

pertencentes à Ecopedagogia, movimento que busca um sentido mais amplo em relação ao

ambiente, preocupando-se também, de como está ocorrendo às relações do sujeito enquanto seres

que se relacionam. Ao explicar essa ideia, Gadotti (2012, p. 99), afirma que: “Trata-se de uma

opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o contexto, com os outros, com o

ambiente mais próximo, a começar pelo ambiente de trabalho e pelo ambiente doméstico.” A partir

dessa colocação, volta-se o olhar para o contexto escolar no qual as relações sociais estão

implantadas. Dessa forma, percebe-se a importância de um trabalho no qual a socialização aconteça

por meio de atividades lúdicas, proporcionando momentos interativos que favoreçam as relações

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humanas de maneira prazerosa.

Completando as ideias acima, Morin, (2000, p. 58) acrescenta que “o homem da

racionalidade é também da afetividade.” Esse enfoque vem reforçar a relevância da necessidade de,

por intermédio do lúdico, mediar o relacionamento humano. Acredita-se que essa ação intensifica a

interação do ser com o seu meio, proporcionando momentos de aprendizagem e ludicidade.

Aprendizagem essa que, além de contribuir para melhoria das relações entre os sujeitos,

possibilitará uma reflexão pedagógica. Diante das práticas no ambiente escolar os sujeitos terão

“[...] modos próprios de pensar o mundo, e principalmente, de pensar a si mesmo e as relações com

os outros no mundo” (CARVALHO, 2011, p.65).

Pensar no outro e no mundo, para este estudo, significa pensar na inserção do indivíduo

nesse mundo, em seu espaço. Se preocupar com o coletivo escolar entendendo que tal ambiente está

relacionado com o papel do educador, que aprende, ensina e forma. “Educar é substantivamente

formar” (FREIRE, 1996, p.33).

Formar cidadãos que se respeitam, se interagem, se comunicam, se relacionam, aprendem e

ensinam, é também, formar sujeitos ecológicos. Esses sujeitos, por meio dos conteúdos, educam

para uma tomada de consciência preocupada com o meio. Dia a dia vão agregando valores que os

façam “mediar conflitos e planejar ações” (CARVALHO, 2011, p.69).

Assim, os educadores contribuem para “novas compreensões e versões possíveis sobre o

mundo e sobre nossa ação no mundo” (CARVALHO, 2011, p.77). As ações dos indivíduos no

mundo se transformam à medida que os seres se relacionam, por intermédio da boa convivência. E,

conviver e transformar, são ações próprias do ser humano. A respeito dessa ação transformadora do

homem, Freire (2000, p.40) faz a seguinte observação:

É que não haveria ação humana senão houvesse uma realidade objetiva, o mundo

como “não eu” do homem, capaz de desafiá-lo; como também não haveria ação

humana se o homem não fosse um “projeto”, um mais além de si, capaz de captar

sua realidade, de conhecê-la para transformá-la.

O indivíduo se conhecendo, se relacionando e convivendo com os demais, é capaz de

transformar a realidade. Relações e convivências são possíveis por meio do diálogo, das conversas.

“Somente o diálogo que implica um pensar crítico é capaz, também de gerá-lo. Sem ele não há

comunicação” (FREIRE, 2000, p. 83).

Essas ações poderão tornar o ambiente escolar um espaço coletivo, onde as discussões

aconteçam. Em se tratando de relações humanas, o diálogo é um fator importante, é a comunicação

oral, o falar, o comunicar. Por meio da oralidade o ser humano se comunica e expressa suas idéias,

seus pensamentos e seus sentimentos. A observação que Simeoni (2009, p.119) faz a esse respeito,

é de que: “falar é uma atividade elaborada pelo ser humano e é condição para a produção do

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conhecimento”. E o ambiente escolar é oportuno para que ocorra essa “atividade elaborada”. A

Ecopedagogia com foco no relacionamento humano possibilita comunicações e diálogo entre os

seres humanos. Essa troca deve acontecer percebendo a responsabilidade humana nas questões

ambientais, compreendendo que a vida no planeta Terra pertence a todos.

Conforme as observações no Caderno Temático - Educação Ambiental (PARANÁ, 2008,

p.58), “toda sociedade humana por mais avançada que seja, depende de suas relações de troca com

a natureza para sobreviver”. Sendo assim, a necessidade das relações conscientes entre os sujeitos e

o meio é relevante, considerando que essa troca aconteça de forma equilibrada, consciente e

sustentável. Dessa relação do ser consigo mesmo, com o outro e com a natureza é possível buscar

um equilíbrio harmônico e consequentemente uma melhor qualidade de vida, e um melhor cuidado

com o ambiente. Freire (apud GADOTTI, 2012, p.90), expressa que “a Ecopedagogia centra-se na

relação entre os sujeitos que aprendem juntos”, e aprendem convivendo, se relacionando,

mostrando-se envolvidos nesse processo de construção de novas relações. Para este estudo,

ludicidade é um aspecto humano que deve estar presente nessa convivência.

É importante destacar que o relacionamento entre os sujeitos no contexto escolar sugere

uma mudança de postura do educador. Busca-se uma postura reflexiva, entendendo que o cuidado

com o outro e com o meio acarretará na valorização do ser. Consequentemente poderá desenvolver

também uma sensibilidade lúdica para a educação ecológica e consciente com as questões

ambientais.

Desde a antiguidade o lúdico era presenciado nas atividades ligadas a cultura e ao lazer,

sendo este presente nas competições e nos jogos. Atualmente, o lúdico vem sendo apreciado por

muitos estudiosos visto que ajuda o sujeito a construir experiências prazerosas, pois desenvolve a

autoconfiança e age na interação do ser consigo, com o outro e consequentemente com o meio

ambiente.

Em se tratando do cuidado com o outro e essa postura reflexiva do educador, as atividades

lúdicas devem estar presentes nesse processo de interação, acreditando que o lúcido caracteriza

alegria e por isso interfere como um estímulo positivo na construção dos relacionamentos humanos.

A atividade lúdica “propicia uma experiência plena para o sujeito, [é] um fenômeno interno do

sujeito, que possui manifestações no exterior” (LUCKESI, 2012, s/p). Dentro dessa constatação,

entendendo o lúdico como uma manifestação interna do ser, esta discussão vem reafirmar as

contribuições deste trabalho junto aos educadores.

Para Luckesi, (2012, s/p) “atividade lúdica é aquela que dá plenitude e, por isso, prazer ao

ser humano”. No contexto deste texto, é por meio da ludicidade que se buscará subsídios teóricos a

respeito da Ecopedagogia. Na perspectiva de melhorar a interação entre os sujeitos e o meio,

pretende-se num trabalho coletivo, proporcionar com mais qualidade a interação entre os

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professores. A esse respeito, Luckesi (2012, s/p), afirma que:

[...] Vivenciar uma experiência lúdica em grupo é muito diferente de praticá-la

sozinho. O grupo tem a força e a energia do grupo; ele se movimenta, se sustenta,

estimula, puxa a alegria, mas somente cada indivíduo, nesse conjunto vital e

vitalizado, poderá viver essa sensação de alegria partilhada no grupo.

Nesse aspecto, é interessante refletir que o sucesso do grupo, depende também da

motivação interna de cada um. Ao estabelecer momentos de reflexões acerca da convivência

humana no âmbito escolar, acredita-se que a melhoria no relacionamento entre os sujeitos provocará

uma nova maneira de interagir com o outro, e uma preocupação consciente com o meio. À medida

que se manifesta como uma motivação interna, a integração por meio do lúdico, favorecerá uma

vida mais saudável pautada no cuidado com o ser e com o meio. As reflexões de Luckesi (2012), a

esse respeito, apontam que: “Uma prática educativa lúdica tem seu centro de atenção na formação

de um Eu saudável em cada ser humano, de tal modo que cada um possa administrar a vida pessoal,

coletiva e profissional da melhor forma possível, pulsante, alegre e realizada”.

Sendo assim, a prática educativa lúdica poderá contribuir para a formação de um sujeito

mais consciente de seu papel enquanto educador e cidadão, que ao mesmo tempo possibilita viver

melhor e aprender a conviver com o outro e com o meio que está inserido. De acordo com Carvalho

(2011, p.181), “[...] a formação de uma atitude orientada para uma cidadania ecológica vai gerar

novas predisposições para ações e escolha por parte das pessoas”. E isso pode significar

transformações importantes para a socialização humana.

Repensar uma consciência ecológica no sentido de preservar o meio ambiente é pensar na

importância da atuação do sujeito. Enquanto cidadão consciente, o sujeito é responsável pelo seu

espaço. Ter uma postura responsável diante das relações e da existência do sujeito no mundo exige

uma postura ética e ecológica diante das questões ambientais. Em seus estudos, Dias (2004, p.254)

destaca que: “os humanos precisam falar a mesma linguagem da cooperação e somar esforços,

saberes e conquistas. Pode ser um sonho, mas as possibilidades existem”.

Esse estudo pretende desencadear possibilidades de mudanças de comportamentos entre os

sujeitos e uma melhoria em relação ao cuidado com o outro e com o meio, buscando a

“cooperação”. Cuidar exige esforços, no contexto escolar evidência essa afirmação, visto que as

relações harmônicas entre homem, natureza e mundo ainda é um desafio a vencer.

Todavia, o espaço escolar é responsável pelos saberes científicos e é nesse suporte que o

educador desempenha uma papel fundamental, sendo o elo de ligação na tomada de consciência,

refletindo a respeito de sua responsabilidade social enquanto cidadão que caminha para que as

mudanças aconteçam. Buscar caminhos para que ocorra essa relação harmônica do ser consigo

mesmo, com o outro e com o meio é o primeiro passo para desenvolver uma consciência crítica,

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ecológica e lúdica entre os sujeitos no coletivo escolar.

A respeito dessa tomada de consciência, Morin (2003, p.73) destaca que:

A consciência e o sentimento de pertencermos á Terra e de nossa identidade terrena

são vitais atualmente. A progressão é o enraizamento desta consciência de

pertencer a nossa pátria terrena é que permitirão o desenvolvimento por múltiplos

canais e em diversas regiões do globo, de um sentimento de religação e

intersolidariedade, imprescindível para civilizar as relações.

Nessa perspectiva, essa tomada de consciência proporcionará ao indivíduo uma mudança

comportamental entendendo que a Terra é a “pátria terrena” e, para tanto, é necessário reafirmar a

necessidade das relações lúdicas e harmônicas entre o sujeito e o ambiente, criando assim uma

“identidade planetária”. Identidade planetária, pedagogia da Terra, cidadania planetária,

cotidianidade, são algumas das características da Ecopedagogia, que se fundamenta nas relações

entre os seres humanos e a natureza e surge como uma proposta que visa uma relação entre os

sujeitos e o meio ambiente, propondo assim uma consciência planetária, conforme se lê na minuta

do documento da Carta da Ecopedagogia:

A Ecopedagogia, fundada na consciência de que pertencemos a uma única

comunidade da vida, desenvolve a solidariedade e a cidadania planetária. A

cidadania planetária supõe o reconhecimento e a prática da planetariedade, isto é,

tratar o planeta como um ser vivo e inteligente. A planetariedade deve levar-nos a

sentir e viver nossa cotidianidade em conexão com o universo e em relação

harmônica consigo, com os outros seres do planeta e com a natureza, considerando

seus elementos e dinâmica. “Trata-se de opção de visão por uma relação saudável e

equilibrada com o contexto, consigo mesmo, com os outros e com o ambiente mais

próximo e com os demais ambientes” (GADOTTI, 2012, p.124).

Essa carta apresenta subsídios discutidos relacionados ao movimento pela Ecopedagogia em

defesa de uma pedagogia da Terra, visando um novo olhar para as questões ambientais. Apresenta a

construção de uma cultura voltada para a ecologia e à convivência harmônica dos seres humanos

consigo mesmo, com o outro e consequentemente com o meio ambiente. Pensando no ambiente

mais próximo, o qual, nesse estudo é o ambiente escolar, pretende proporcionar um sentido

significativo e uma tomada de consciência relacionada às questões ambientais e às experiências

cotidianas.

Sabe-se que os problemas encontrados no cotidiano escolar são complexos. Contudo, é

preciso tomar consciência, percebendo que a interação, a socialização e o diálogo favorecem uma

relação de qualidade entre os sujeitos e consequentemente com o meio. Assim, pretende-se que este

estudo sirva de suporte para os educadores e educadoras na busca de um olhar significativo para as

questões ambientais, bem como no processo de construção de relações humanas. Por meio de

discussões e reflexões, acerca da Ecopedagogia, os professores e as professoras devem adquirir o

conhecimento necessário para uma boa relação. E, para uma convivência plena, humana e

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harmoniosa, o lúdico favorecerá a compreensão e as comunicações do ser consigo mesmo, com o

outro e com o meio ambiente.

REFERÊNCIAS

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ed. São Paulo: Cortez, 2011.

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz

e Terra, 1996.

______. Pedagogia do Oprimido. 19. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra: Ecopedagogia e educação sustentável. IN: Torres,

Carlos Alberto; PUIGGRÒS, Adriana. FREIRE, Paulo e a agenda da educação latino-americana no

século XXI. Disponível em: www.bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/lihos/torres/gadotti.pdf. Acesso

em: 04 abr. 2012

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo (org) et al. Educação Ambiental e Movimentos Sociais

na Construção da Cidadania Ecológica e Planetária. In: Educação Ambiental: repensando o

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LUCKESI, Carlos Cipriano. Ludicidade e Atividades Lúdicas: uma abordagem a partir da

experiência interna. Disponível em: www.luckesi.com.br. Acesso em: 24 mai. 2012.

______. Educação, Ludicidade e Prevenção das Neuroses Futuras: uma proposta pedagógica a

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www.luckesi.com.br. Acesso em: 12 set. 2012.

MENEZES, Ebenezer Takunode; SANTOS, Thais Helena dos. “Ecopedagogia” (verbete).

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Disponível em: http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=11. Acesso em: 12 abr.

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MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez:

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______. A cabeça bem feita: Repensar a reforma, reformar o pensamento. 8. ed. Rio de Janeiro:

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PARANÁ. Educação Ambiental: Caderno Temático da Diversidade. Curitiba: SEED-PR, 2008.

QUADROS, Marivete Bassetto. Monografias, dissertações & Cia: Caminhos Metodológicos e

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sociais que se materializam em uma didática progressista. Andirá: Godoy, 2009.