FICHA TÉCNICA - Universidade Federal de Viçosa · ciação Nacional de Pesquisa e...
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Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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Walmer Faroni
Magnus Luiz Emmendoerfer
(Organizadores)
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências
Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
2ª edição
VIÇOSA – MG
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES - UFV
2014
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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FICHA TÉCNICA
Organizadores: Walmer Faroni e Magnus Luiz Emmendoerfer
Diagramação: Magnus Luiz Emmendoerfer
Revisão: José Tarcísio Barbosa
Capa: Elson Rezende de Mello (sobre grafismo de Giuliano Sales)
Impressão e Acabamento: Divisão de Gráfica Universitária - UFV
© 2014. Todos os direitos reservados – Walmer Faroni e Magnus Luiz Emmendoerfer
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direi-
tos autorais (Lei nº 9.610). O conteúdo expresso em cada capítulo deste livro é de responsabilida-
de exclusiva de seus autores.
Informações e Contato:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES - CCH
Av. P.H. Rolfs, s/n, Campus UFV – Edifício Arthur Bernardes – sala 102
36571-000 - Viçosa, MG - Brasil
Telefones: (31) 3899-2167 / Fax: (31) 3899-2416
Homepage: www.cch.ufv.br
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e
P474 Artes / Organizadores: Walmer Faroni, Magnus Luiz Emmendoerfer – Viçosa, MG, 2014 2014.
192p. : il. ; 22cm.
ISBN 978-85-66482-01-0 (e-book – 2ª edição) ISBN 978-85-66482-00-3 (impresso – 1ª edição)
1. Universidade Federal de Viçosa. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - Pesquisa. 2. Abordagem interdisciplinar do conhecimento. 3. Cooperação intelectual. I. Fa-
roni, Walmer, 1951-. II. Emmendoerfer, Magnus Luiz, 1978-. III. Universidade Federal de
Viçosa. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.
CDD 22. E. 378.8151
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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APRESENTAÇÃO DA 2ª EDIÇÃO
Após esgotada a tiragem de 1000 exemplares impressos da primeira edição
deste livro, que foi distribuído em várias regiões do Brasil, esta segunda edição tem
o escopo de possibilitar o acesso deste conteúdo de modo eletrônico na internet.
Esta iniciativa tem o objetivo de tornar mais visível este trabalho que contempla
pesquisas realizadas por professores e alunos do Centro de Ciências Humanas, Le-
tras e Artes (CCH) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Um dos destaques deste
livro é evidenciar os trabalhos realizados de modo interdisciplinar.
Este livro mantém sua proposta inicial, reunindo por meio de seus autores, di-
ferentes histórias, trajetórias e resultados conquistados em relação à pesquisa reali-
zada nos departamentos do CCH. Pesquisas com impacto local, regional, estadual,
nacional e até internacional foram mencionadas neste livro. Vale ressaltar que todo
o conteúdo exposto neste livro foi elaborado a partir de exposições realizadas por
seus pesquisadores antes, durante e depois do II Fórum de Pesquisa do CCH, evento
realizado na UFV, nos dias 3 e 4 de outubro de 2011.
A comissão organizadora do II Fórum de Pesquisa do CCH foi determinante
para a elaboração deste livro, que, além de seus organizadores, foi composta por
um docente, representante de cada um dos 11 departamentos vinculados ao CCH da
UFV, cujos nomes devem ser lembrados para expressar nossos agradecimentos. São
eles: Alba P. Vieira, Alvanize Valente F. Ferenc, Daniela A. de Alves, Fábio A. Hering,
Francisco C. da Cunha Cassuce, Guilherme Nacif de Faria, Lídia Lúcia Antongiovanni,
Rita de Cássia P. Farias, Maria Carmen A. Gomes, Rodrigo Gava e Soraya M. F. Vieira.
Acreditamos que este livro é um canal de divulgação científica para a socieda-
de, que poderá saber o que está sendo feito por uma Universidade Pública, Gratuita
e de Qualidade. Por essa valiosa contribuição, a comissão organizadora deste evento
e seus autores convidados merecem nossos parabéns. É nosso compromisso social
como pesquisadores e educadores contribuir para o progresso tecnológico e cientí-
fico da área de Ciências Humanas, Letras e Artes, da qual fazemos parte. Boa leitura!
Walmer Faroni
Magnus Luiz Emmendoerfer
Organizadores
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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SOBRE OS ORGANIZADORES
Walmer Faroni
Doutor em Administração pela Universitat de Valencia (1992). Graduado em Admi-
nistração pela Universidade Federal de Viçosa. É atualmente professor associado IV
e pesquisador no Departamento de Administração e Contabilidade da Universidade
Federal de Viçosa (UFV) com atuação no Programa de Pós-Graduação em Adminis-
tração - Mestrado com concentração em Administração Pública, atuando principal-
mente nos temas relacionados com municípios, tributos, administração pública, fi-
nanças públicas e administração. Tem experiência na área de administração por ter
ocupado vários cargos administrativos na UFV, entre eles, o de Coordenador de
Curso, Chefe de Departamento, Pró-Reitor, Membro do Conselho de Administração
da Funarbe. Atualmente exerce o cargo de Diretor do Centro de Ciências Humanas,
Letras e Artes - CCH na Universidade Federal de Viçosa e de Editor da Revista de Ci-
ências Humanas do CCH/UFV.
Magnus Luiz Emmendoerfer
Doutor em Ciências Humanas: Sociologia e Política. Administrador e Mestre em Ad-
ministração. Professor no Departamento de Administração da Universidade Federal
de Viçosa (UFV), com atuação no Programa de Pós-Graduação em Administração -
Mestrado com concentração em Administração Pública. Editor da Revista Adminis-
tração Pública e Gestão Social (APGS). Bolsista de Excelência de Qualidade em Pes-
quisa da Fundação Arthur Bernardes - Funarbe (2011-2013). Membro do Comitê da
Divisão Acadêmica de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade da Asso-
ciação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Administração - Anpad (2011-
2012). Líder do Núcleo de Pesquisa em Gestão e Desenvolvimento de Territórios
Criativos e membro efetivo do grupo de Administração Pública e Gestão Social na
UFV. Membro da Anptur - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Tu-
rismo. Coordenador do Curso de Gestão Municipal (PNAP/UAB), modalidade EaD.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
A CONSTITUIÇÃO DE UM FÓRUM DE PESQUISA COMO ESPAÇO DE DIÁLOGOS
CIENTÍFICOS E INTERDISCIPLINARES NO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS,
LETRAS E ARTES NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Magnus Luiz Emmendoerfer e Walmer Faroni ..................................................... 10
PARTE I
INTERDISCIPLINARIDADE NAS PESQUISAS EM CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS, HUMANAS, LETRAS E ARTES NA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
HIERARQUIZAÇÃO E GÊNERO NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DE AGENTES
COMUNITÁRIAS/OS DE SAÚDE DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Dyjane dos Passos, Natália Hosana Nunes Rocha,
Paula Dias Bevilacqua, Jaqueline Cardoso Zeferino e Marisa Barletto ................. 19
CAPITAL SOCIAL E PARTICIPAÇÃO CÍVICA: ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES DO
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO
MUNICÍPIO DE VIÇOSA-MG
Rafael Ferraz do Nascimento, Edson Arlindo Silva, Bruno de Jesus Lopes,
Jader Fernandes Cirino, Bruno Tavares e Marcela Marques de Oliveira .............. 24
ICONOGRAFIA E IMAGENS: PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS NO ENSINO DE
CIÊNCIAS SOCIAIS PARA SURDOS
Isabelle Araújo Lima e Souza, Arthur Fontgaland Gomes e Ana Luisa Gediel ....... 28
A BUSCA DE UMA IDENTIDADE UNIVERSITÁRIA NO TERRENO DA ORGANIZA-
ÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
Heleno Szerwinsk de Mendonça Rocha ................................................................ 33
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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O INDIVÍDUO E A CIDADE: ENTRE MODERNIDADE E TRADIÇÃO – UM ESTUDO
DE CASO NA CIDADE DE TEIXEIRAS – MG
Tamyres Virgínia Lopes Silveira e Josélia Godoy Portugal .................................... 35
ESPAÇO, ARTE E SOCIEDADE
Joelma Santana Siqueira, Elaine Cavalcante Gomes e Josélia Godoy Portugal .... 40
ROMEU E JULIETA: INTERFACES ENTRE LITERATURA E DANÇA
Michelle Aparecida Gabrielli e Sirlei Santos Dudalski ........................................... 43
PARTE II
DETERMINANTES DAS PESQUISAS NOS DEPARTAMENTOS DO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE – DAD/UFV:
DETERMINANTES E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Suely de Fatima Ramos Silveira, Afonso Augusto
Teixeira de Freitas de Carvalho Lima e Rodrigo Gava ........................................... 49
DEPARTAMENTO DE ARTES E HUMANIDADES – DAH/UFV: DETERMINANTES
E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Andrea Bergallo Snizek, Evanize Kelli Siviero Romarco, Fátima
Wachowicz, Juliana Carvalho Franco da Silveira, Kátia Imaculada
Moreira, Laura Pronsato, Michelle Gabrielli e Solange Pimentel Caldeira ............... 65
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – DCS/UFV: DETERMINANTES
E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Daniela Alves de Alves e Marcelo José Oliveira .................................................... 72
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – DCM/UFV: DETERMINANTES
E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Soraya Maria Ferreira Vieira ................................................................................. 83
DEPARTAMENTO DE DIREITO – DPD/UFV: DETERMINANTES E PERSPECTIVAS
DE SUAS PESQUISAS
Guilherme Nacif de Faria ...................................................................................... 90
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA – DEE/UFV: DETERMINANTES
E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Francisco Carlos da Cunha Cassuce e Orlando Monteiro da Silva ......................... 98
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA – DED/UFV: DETERMINANTES
E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Rita de Cássia Pereira Farias ................................................................................. 108
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DPE/UFV: DETERMINANTES
E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Alvanize Valente Fernandes Ferenc, Marisa Barletto
e Ana Claudia Lopes Chequer Saraiva ................................................................... 116
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – DGE/UFV: DETERMINANTES
E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Lídia Lúcia Antongiovanni, Maria Isabel de
Jesus Chrysostomo e Nilo Américo Lima ............................................................... 129
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA – DHI/UFV: DETERMINANTES E PERSPECTIVAS
DE SUAS PESQUISAS
Fábio Adriano Hering ............................................................................................ 138
DEPARTAMENTO DE LETRAS – DLA/UFV: DETERMINANTES E PERSPECTIVAS
DE SUAS PESQUISAS
Maria Carmen Aires Gomes e Gerson Luiz Roani ................................................. 148
CONCLUSÃO
AVANÇOS E DESAFIOS DA PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS,
HUMANAS, LETRAS E ARTES NA UFV
Marco Aurélio Marques Ferreira, Denilson Santos
de Azevedo e Carlos Frederico de Brito d’Andréa ................................................ 160
SOBRE OS AUTORES ............................................................................................ 174
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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INTRODUÇÃO
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
10
A CONSTITUIÇÃO DE UM FÓRUM DE PESQUISA COMO ESPAÇO DE
DIÁLOGOS CIENTÍFICOS E INTERDISCIPLINARES NO CENTRO DE CIÊNCIAS
HUMANAS, LETRAS E ARTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Magnus Luiz Emmendoerfer
Walmer Faroni
1. PANORAMA INICIAL
O Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) da Universidade Federal
de Viçosa, atualmente, está estruturado administrativamente em onze
departamentos: Administração e Contabilidade, Artes e Humanidades, Ciências
Sociais, Comunicação Social, Direito, Economia, Economia Doméstica, Educação,
Geografia, História e Letras.
Na área acadêmica, atualmente, o CCH administra quatorze cursos de
graduação: Administração, Ciências Contábeis, Ciências Sociais, Comunicação Social,
Dança, Direito, Economia, Economia Doméstica, Educação Infantil, Geografia,
História, Letras, Pedagogia e Secretariado Executivo, além do recém-criado curso de
Licenciatura em História (a distância); cinco programas stricto sensu nas áreas de
Administração, Economia, Economia Doméstica, Educação e Letras; e, ainda, nove
programas lato sensu nas áreas de Controladoria e Finanças, Educação, Gestão
Escolar, Gestão e Diagnóstico Empresarial, Gestão Estratégica, Gestão Empresarial e
Ambiental, Linguística e Literatura Comparada e Novos Direitos.
Entre as metas constantes do Centro, podemos destacar o esforço em manter
a qualidade dos cursos de graduação pioneiros, a consolidação dos recém-criados, a
busca pela implantação de novos cursos de pós-graduação e, ainda, consolidar os
Programas de Pós-Graduação existentes, buscando sua projeção e expansão na pes-
quisa científica.
Os departamentos vinculados ao CCH desenvolvem vários projetos de pesqui-
sa na graduação, coordenados pelas respectivas Comissões de Pesquisas, que têm
grande contribuição para concatenar as sinergias entre os pesquisadores de áreas
afins, visando a buscar uma relação interdisciplinar com outros departamentos e
várias Instituições.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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Os Programas de Pós-Graduação e os Núcleos de Pesquisa vinculados ao
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes têm procurado enfatizar em suas
abordagens temáticas a questão do desenvolvimento socioeconômico sustentável,
bem como as políticas públicas requeridas para viabilizar trajetórias de
desenvolvimento sustentáveis, principalmente em regiões subdesenvolvidas. A
superação de desafios e problemas socioeconômicos, ambientais, educacionais, de
violência urbana e rural etc. requer, necessariamente, uma abordagem
interdisciplinar, que só pode se consolidar como prática na Universidade se houver
um espaço de discussão comum apropriado.
Assim, a constituição de um Fórum com periodicidade é adequado para
reflexões sobre o desenvolvimento da Pesquisa e fundamental para a interação
entre os pesquisadores das diversas áreas de humanas e ciências sociais, que se
dedicam a temas amplos como a Democracia e Desigualdade Social. Embora já
venha ocorrendo alguma cooperação informal entre os pesquisadores das áreas de
humanas, ela ocorre ainda em níveis insuficientes. Para isso, será necessário contar
com espaço adequado, com pesquisadores, estudantes dos programas de iniciação
cientifica e de pós-graduação. As interfaces potenciais entre os programas de pós-
graduação são evidentes, mas ainda longe de atingir no CCH e na UFV a sinergia
que o elevado grau de qualificação do pessoal existente nas diversas áreas permite
almejar: um obstáculo reconhecido pelos pesquisadores dessas áreas à ampliação
de suas atividades e à intensificação de uma abordagem verdadeiramente
interdisciplinar no campo de estudos. Embora o CCH conte com vários
pesquisadores, a maior parte de seus integrantes se concentra em seus
departamentos de origem, deixando de estabelecer contatos em bases mais
contínuas com os pesquisadores de outras áreas de conhecimento. Os programas de
pós-graduação, desenvolvendo suas pesquisas num espaço comum, afora dar
condições de trabalho aos pesquisadores, que no momento se encontram instalados
em áreas bem restritas, permitem adicionalmente corrigir esta deficiência de
comunicação, deixando aberta também a possibilidade de criação de novos
programas e núcleos adicionais, que, naturalmente, surgirão em decorrência dessa
sinergia.
Dentro de uma perspectiva de expansão, surge a necessidade de realização do
primeiro e do segundo fórum de pesquisa do Centro, o que aconteceu nos anos de
2009 e 2011, respectivamente, visando a promover a interação entre pesquisadores
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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e estudantes com o intuito de conhecer os resultados de pesquisas e os trabalhos
interdisciplinares existentes, para identificar a sinergia, facilitar a formação de
grupos de trabalho, principalmente, a produção científica, consolidando linhas de
pesquisa no âmbito do CCH e da UFV. Somando a isso, procurou-se discutir formas
de financiamentos para a pesquisa e caminhos para publicação dos resultados, bem
como sinalizar diretrizes para uma política de pesquisa na UFV.
A constituição de um Fórum de pesquisa vinculado ao CCH tem como propos-
ta principal estudar temas relacionados às Políticas Públicas, Desenvolvimento Soci-
al, Macroeconomia e Desigualdades Regionais, Política Governamental e Desenvol-
vimento e Ecossistema Familiar, abordando, entre outras temáticas, a questão do
desenvolvimento socioeconômico sustentável, através das políticas públicas, visan-
do a viabilizar trajetórias de sustentabilidade, principalmente em regiões subdesen-
volvidas, bem como alavancar as pesquisas nos programas de pós-graduação.
Os grupos de pesquisa do CCH estão vinculados aos vários programas de pós-
graduação que já trabalham com os seguintes temas: Gestão e Políticas Públicas,
Administração Pública e Gestão Social, Economia de Recursos Naturais e
Ambientais, Macroeconomia e Desigualdades Regionais, Política Governamental e
Desenvolvimento, Família, Políticas Públicas e Avaliação de Programas e Projetos
Sociais, Economia do Consumo Familiar, Bem-Estar Social e Qualidade de Vida,
Estudos em Linguística e Linguística Aplicada: linguagem, sociedade e cognição,
Crenças sobre ensino e aprendizagem de línguas.
Complementando as informações relacionadas, diversos pesquisadores
vinculados ao CCH desenvolvem pesquisas em alguns núcleos, destacando-se o
Núcleo de Políticas Públicas (NUPP), Núcleo lnterdisciplinar de Pesquisas sobre
Disparidades Regionais (Niped), Núcleo Interdisciplinar de Estudos do Gênero (Nieg)
e Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão do Agronegócio (Nepeagro) e outros.
Observa-se que, apesar de o Centro de Ciências da UFV se chamar Centro de
Ciências Humanas, Letras e Artes – CCH, ele congrega pesquisadores e cursos que
desenvolvem estudos em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes. E
com essa interdisciplinaridade de áreas, um encontro de vários pesquisadores em
torno dos mais diversos temas pode elaborar e discutir políticas de aplicação e
desenvolvimento de inúmeras linhas de pesquisas, tais como: Avaliação de políticas
públicas; Elaboração de diagnóstico e construção de indicadores regionais de
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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desenvolvimento socioeconômico; análises de impacto social de projetos de
investimento; estudos sobre o impacto social da modernização econômica,
principalmente no que se refere aos impactos sobre a organização e a manutenção
das famílias e os efeitos sabre as relações de gênero e sabre minorias; inclusão da
dimensão política à discussão técnica e econômica, normalmente enfatizada nos
trabalhos relacionados ao desenvolvimento socioeconômico sustentável em níveis
local, regional e nacional; proposição, com base nos estudos realizados, de políticas
públicas para a agricultura, educação, meio ambiente, desigualdade, pobreza etc.,
principalmente no âmbito da Zona da Mata de Minas Gerais; oferecimento de
cursos de extensão que contribuam com a formação de gestores públicos de
Prefeituras, Secretarias municipais e estaduais, órgãos e autarquias municipais e
estaduais etc.
Assim, compartilhamos da noção de interdisciplinaridade de Weil, D’Ambrosio
e Crema (1993) como a síntese de duas ou mais disciplinas, instaurando um novo
nível de discurso, caracterizado por uma nova linguagem descritiva e novas relações
estruturais. Numa perspectiva mais abrangente, concordamos com Lück (1999) que
a interdisciplinaridade é um processo que envolve a integração e o engajamento de
pesquisadores, num trabalho conjunto e de interação, de modo a superar a frag-
mentação do conhecimento a fim de possibilitar o exercício da cidadania mediante
uma visão mais ampla de mundo para enfrentar problemas complexos, amplos e
globais da realidade atual.
Neste sentido, outra vantagem na constituição de um fórum de pesquisa é a
possibilidade de promover interação entre os vários grupos de pesquisa, no mesmo
espaço físico, por meio de diálogos científicos e interdisciplinares, bem como maior
convivência, uma vez que os grupos de pesquisa existentes estão espalhados em
diversos órgãos do campus, o que dificulta a comunicação/interação. Estando todos
no mesmo recinto, embora esporadicamente, haverá interação intelectual entre
pesquisadores, estudantes de iniciação científica e de mestrado. O ambiente terá
também espaço para discussão de realização de vários eventos científicos, com
objetivo de alavancar a pesquisa e o propósito de favorecer e proporcionar
condições para o desenvolvimento dos estudos e projetos de caráter
multidisciplinar, envolvendo questões da pobreza, desigualdade social e, ainda, o
alto índice de analfabetismo da Zona da Mata Mineira. Para superar todas essas
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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dificuldades, ou seja, trabalhar para melhoria desses problemas, é necessário um
trabalho conjunto, envolvendo vários departamentos e áreas.
A UFV já vem investindo na área de Ciências Humanas e Ciências Sociais
Aplicadas, mais especificamente no campo das Políticas Públicas, desempenhando
um papel preponderante nas atividades de extensão solidária, ou seja, relacionadas
à responsabilidade social, buscando melhorar a qualidade de vida da comunidade
carente local ou regional. Um exemplo é o programa semipresencial de formação de
professores do Ensino Fundamental Projeto Veredas, que graduou vários
professores da rede pública estadual. Esses professores, de 66 municípios da Zona
da Mata, após três anos e meio, receberam os certificados de conclusão de Curso
Normal Superior. Destacam, também a atuação do Nead (Núcleo de Educação de
Adultos) na alfabetização de jovens e adultos em programas como Brasil
Alfabetizado e Pronera - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, no
treinamento de alfabetizadores e na preparação de adultos para exames supletivos
de Ensino Médio. Os Encontros de Prefeitos e Seminários Estratégicos de
Desenvolvimento, com a criação da Casa dos Prefeitos, são exemplos adicionais de
atividades extensionistas resultantes de várias pesquisas desenvolvidas no campo
das Políticas Públicas que auxiliam administradores e gestores públicos na
elaboração de programas de inclusão social, principalmente no campo da Educação.
Vale ressaltar que todos esses projetos estão vinculados ao Centro de Ciências
Humanas, Letras e Artes.
Dentro dessa perspectiva, temos também o Nieg, que desenvolve o projeto
Segurança Pública e Organização Comunitária: construindo direitos e exercitando
cidadania. O Nieg tem como finalidade priorizar a metodologia participativa e
instrumental teórico da Antropologia, propondo uma Agenda de Intervenção Direta
para formar multiplicadores no trabalho de Informação, Educação e Comunicação,
problematizando temas como justiça, segurança e violência, trabalhando em bairros
periféricos e entre população pobre no interior mineiro e investigando a experiência
e discurso local sobre violência e acesso aos serviços e recursos de segurança
pública.
Uma vez que o tema políticas públicas transcende o campo das Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas, a constituição de um fórum permitirá a interação
entre diferentes grupos de pesquisa das áreas de Ciências Agrárias, Biológicas e da
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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Saúde e Exatas e Tecnológicas, com isso, melhorando o padrão de excelência do
CCH e o equilíbrio entre especialistas das Ciências Sociais e das Humanidades em
geral.
Dessa forma, o II Fórum de Pesquisa do CCH surgiu como uma forma de
continuar e expandir nobres objetivos iniciados na sua primeira edição em 2009,
que foram: identificar sinergias entre pesquisadores; facilitar a formação de grupos
de trabalho; consolidar as linhas de pesquisa; discutir financiamento de pesquisa e
caminhos para a publicação dos resultados; conhecer os resultados de pesquisas e
os trabalhos interdisciplinares dos pesquisadores; e apontar premissas e diretrizes
norteadoras para uma política de pesquisa.
A comissão organizadora desta segunda edição do Fórum foi composta, além
dos professores organizadores deste livro, por pesquisadores, representantes dos
seus departamentos vinculados ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da
UFV. Entre eles: Alba Pedreira Vieira (DAH), Alvenize Valente Fernandes Ferenc
(DPE), Daniela Alves de Alves (DCS), Fábio Adriano Hering (DHI), Francisco Carlos da
Cunha Cassuce (DEE), Guilherme Nacif de Faria (DPD), Lídia Lúcia Antongiovanni
(DGE), Maria Carmen Aires Gomes (DLA) Rita de Cássia Pereira Farias (DED), Rodrigo
Gava (DAD) e Soraya Maria Ferreira Vieira (DCM).
Assim, após o II Fórum de Pesquisa do CCH, nas instalações da Biblioteca
Central, nos dias de 3 e 4 de outubro de 2011, surgiu a ideia da produção de um
livro visando a reunir e retratar os principais fatos e discussões ocorridos no evento.
Desta forma, essa ideia se consumou na confecção do presente livro, que está
estruturado em duas partes centrais, além desta introdução e das conclusões, com
intuito de apresentar uma visão sistêmica dos assuntos abordados no evento, que
são estudados e praticados no CCH.
Neste sentido, esta introdução tem também o objetivo de expor uma síntese
da programação realizada, com destaque para os principais assuntos abordados pe-
los palestrantes convidados, bem como situar os trabalhos interdisciplinares e a
pesquisa nos departamentos do CCH e na UFV.
O evento foi composto por três palestras de pesquisadores convidados, ex-
ternos à UFV, organizadas em três mesas redondas, cujas abordagens principais gi-
raram em torno da produção do conhecimento, parcerias e interdisciplinaridade nas
pesquisas em ciências sociais aplicadas, humanas, letras e artes.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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A primeira palestra contou com a participação da professora Maria Alice Re-
zende de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – RIO),
que discorreu sobre o tema Produção do Conhecimento na Contemporaneidade,
que contou com a moderação do Prof. Cézar Luis de Mari, do Departamento de
Educação da UFV, ambos provocando reflexões sobre o efetivo resultado de novas
pesquisas como retorno para a sociedade.
A segunda palestra com o tema Homo Academicus Oeconomicus: Como In-
centivar Uma Produção De Qualidade Nas Ciências Humanas?, proferida pelo Prof.
Yurij Castelfranchi, da Fafich, da Universidade Federal de Minas Gerais, contou com
a moderação da professora Marisa Barletto, do Departamento de Educação da UFV.
Essa palestra proporcionou aos participantes a oportunidade de expandir seus co-
nhecimentos acerca do desenvolvimento da ciência na área das humanidades no
Brasil e no mundo.
A terceira palestra teve como tema Fomento e Parcerias na Pesquisa em Ci-
ências Humanas, Letras e Artes, proferida pelo Prof. Hercílio Marteli Júnior, Diretor
Adjunto de Ciência da Fapemig, com a moderação da profa. Marisa Barletto (DPE),
da UFV, que ofereceu aos participantes a oportunidade conhecer e discutir os tipos
de financiamento da pesquisa, bem como os projetos desenvolvidos no âmbito das
áreas das Ciências Humanas.
Para enriquecer as discussões e o aprimoramento dos temas abordados no
evento, foram formadas diversas mesas redondas.
A primeira mesa redonda, intitulada Pesquisa e Interdisciplinaridade nos de-
partamentos vinculados ao CCH, teve como expositores os autores dos trabalhos
selecionados da Chamada de Relatos e Experiências, sendo o moderador dos traba-
lhos o Prof. Jader Fernandes Cirino, do Departamento de Economia da UFV. As dis-
cussões do presente tema foram de alta relevância para o evento, considerando o
elevado índice de participação do público docente e discente. Os resumos expandi-
dos dos trabalhos interdisciplinares selecionados no II Fórum de Pesquisa do CCH
compuseram a primeira parte deste livro, que trata da interdisciplinaridade nas pes-
quisas em ciências sociais aplicadas, humanas, letras e artes na UFV.
A segunda mesa redonda, intitulada Panorama da Pesquisa nos Departamen-
tos do CCH: Perspectivas para uma Política de Pesquisa na UFV, teve como exposi-
tores os coordenadores dos programas de pós-graduação e das comissões de pes-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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quisa/CCH. A moderação esteve a cargo da Professora Suely de Fátima Ramos Silvei-
ra, do Departamento de Administração da UFV. Com essa apresentação, todos os
participantes tiveram a oportunidade de conhecer as diversas linhas de pesquisa
com seus respectivos projetos e resultados de trabalhos desenvolvidos em todos os
programas de pós-graduação e nas demais áreas do conhecimento dos departamen-
tos. Os conteúdos apresentados durante esta mesa redonda compuseram a segunda
parte deste livro, sintetizando os determinantes das pesquisas desenvolvidas por
pesquisadores do CCH.
Ao final do livro, foram expostas as conclusões, por meio da relatoria de pro-
fessores de diferentes departamentos dos CCH, sobre as atividades desenvolvidas
durante o II Fórum de Pesquisa do CCH, fazendo uma análise com base na sua pri-
meira edição, sendo mostrados avanços e desafios para a pesquisa em Ciências So-
ciais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes.
Portanto, em nossa opinião, esta obra é uma contribuição para o registro his-
tórico de conteúdos sobre atividades de pesquisas tratadas em eventos científicos
na UFV, servindo de memória e ao mesmo tempo de referência para novas realiza-
ções que possam trabalhar com temas semelhantes, bem como com novos temas,
valorizando a interdisciplinaridade e a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão em ciências sociais aplicadas, humanas, letras e artes.
REFERÊNCIAS
LÜCK, H. Pedagogia interdisciplinar. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
WEIL, P., D’AMBROSIO, U.; CREMA, R. Rumo à nova transdisciplinaridade. São Paulo: Summus,
1993.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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PARTE I
INTERDISCIPLINARIDADE NAS PESQUISAS EM CIÊNCIAS SOCI-
AIS APLICADAS, HUMANAS, LETRAS E ARTES NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE VIÇOSA
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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HIERARQUIZAÇÃO E GÊNERO NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DE
AGENTES COMUNITÁRIAS/OS DE SAÚDE DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA
FAMÍLIA1
Dyjane dos Passos
Natália Hosana Nunes Rocha
Paula Dias Bevilacqua
Jaqueline Cardoso Zeferino
Marisa Barletto
1. INTRODUÇÃO
O Ministério da Saúde definiu a Saúde da Família como estratégia prioritária
para a organização do SUS no Brasil, focada na Atenção Básica à Saúde. A operacio-
nalização dessa estratégia é feita por equipe articulada de profissionais de diferen-
tes categorias, compondo uma equipe multidisciplinar, sendo essa equipe composta
por médico/a, enfermeiro/a, técnico/a de enfermagem e agentes comunitários/as
de saúde (ACS) (BRASIL, 1997).
Entre esses profissionais, o/a agente comunitário/a de saúde (ACS) tem situa-
ção singular, pois deve, obrigatoriamente, residir na área de atuação, funcionando
como elo entre equipe e comunidade. Por trabalhar na própria comunidade, supõe-
se que conheça as formas cotidianas de viver e se comportar das famílias locais, di-
ferentemente dos outros membros da equipe de saúde.
O objetivo desse trabalho é apresentar as observações feitas pela vivência,
como estudantes e pesquisadoras, de um programa de educação permanente para
ACS desenvolvido pelo NIEG em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de
Viçosa-MG. As atividades envolvendo educação permanente em saúde vêm sendo
1 As autoras agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pela con-cessão de bolsas e financiamento do projeto, e à Secretaria Municipal de Saúde de Viçosa-MG e aos/às profissionais das equipes da ESF do município, pela parceria.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
20
realizadas pelo Nieg desde 2000, e o relato desse trabalho se refere especificamente
às experiências dos anos 2010 e 2011. Problematizaremos a discussão, que permeia
a profissão e a execução do trabalho no cotidiano e que pode estar diretamente re-
lacionada à feminilinização do trabalho de ACS e à ordenação das relações hierár-
quicas do trabalho na equipe de saúde. É importante também assinalar que duas
integrantes da equipe são ex-agentes de saúde, sendo assim, a reflexão sobre a prá-
tica profissional desse grupo pode ser particularmente enriquecida pela própria ex-
periência pessoal.
Dadas as especificidades dos trabalhos de reflexão e extensão produzidos pe-
lo NIEG, a conformação de uma equipe multidisciplinar é condição obrigatória. No
percurso desse trabalho, procuramos configurar múltiplos olhares sobre o trabalho
profissional de ACS, suas vinculações com os demais profissionais da equipe, com a
comunidade e com o corpo de conhecimento que acionam em sua prática profissio-
nal. Para tanto, as trocas entre os/as especialistas envolvidos e o grau de interação
entre as disciplinas que permeiam as construções (dados) e reflexões produzidas
caracterizaram a interdisciplinaridade experimentada e, por que não, alcançada.
2. MÉTODOS
Como parte do trabalho desenvolvido pela equipe do projeto de extensão-
pesquisa Educação Permanente e a Estratégia Saúde da Família: instrumentalização
para a pratica reflexiva, foram promovidas oficinas utilizando metodologias ativas,
observação participante, caminhadas transversais com os/as ACS, experiências vi-
venciadas na condição de agentes de saúde, bem como análises de relatorias cons-
truídas a partir das oficinas e das caminhadas transversais.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) são multidisciplinares e os/as
ACS são os/as atores/as que potencializam o trabalho educativo junto à população,
fazendo a ponte entre o saber científico e o popular. Embora diferentes discursos
imprimam a importância do papel do ACS dentro da ESF, valorizando sua atuação na
interação entre a equipe e a comunidade, é perceptível a fragilidade desse profissi-
onal frente aos demais integrantes da equipe de saúde (profissionais de nível supe-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
21
rior), por não dominar um discurso biotécnico, não ter uma formação específica ou
mesmo não precisar da formação técnica para atuar como agente de saúde. Afinal,
como mediador/a do saber científico e popular, o perfil profissional que o agente
assume é diferente dos demais integrantes da equipe, isso acaba por hierarquizar as
relações dentro das unidades de saúde, ficando o/a ACS subordinado às outras ca-
tegorias profissionais.
A profissão de ACS é marcada por fortes relações de gênero. O conceito de
gênero não se refere a homens ou mulheres, mas a relação entre os sexos. Se por
um lado a biologia explica e determina diferenças entre os sexos, explicitadas no
corpo de homens e mulheres, a sociedade também age na construção e definição
dos sexos de homens e de mulheres. O conceito de gênero é, assim, utilizado para
compreender como o meio social determina as diferenças construídas, ressaltando
que as características atribuídas a um e a outro sexo se caracterizam como relações
de poder, designando às mulheres posições subalternas (LAURETIS, 1994). Quando
estas diferenças se refletem nas políticas públicas de saúde e em suas diretrizes,
identificam-se nas entrelinhas padrões culturais, o que acaba reforçando papéis es-
tereotipados. Pode-se perceber a imagem da mulher, associada ao ato de cuidar,
orientar, zelar pelo bem estar físico e social de toda família.
Mesmo na contemporaneidade, as mulheres ainda são quem assumem os
trabalhos (formais ou não) associados ao cuidado. No âmbito da ESF, a profissão de
ACS é eminentemente desempenhada por mulheres. Especulando razões para a
atuação massificada das mulheres nessas áreas, podemos sugerir a possibilidade de
reinserção no mercado de trabalho e a conquista da independência financeira. Ou-
tro aspecto interessante nessa reflexão é a facilidade do acesso ao espaço privado
(domicílio). Pela associação da mulher ao ambiente doméstico, o trânsito dessa pro-
fissional no interior das residências é facilitado, permitindo-lhe adentrar o espaço
privado e tratar de assuntos da ordem da intimidade das famílias.
Durante o percurso das caminhadas transversais, pudemos observar que a ro-
tina de trabalho que as ACS exercem hoje não é diferente da experiência vivenciada
pelas autoras como ex-agentes, ou seja, papéis assumidos vão sendo reproduzidos e
reificados. No exercício do seu ofício, as ACS assumem diversos papéis da condição
‘feminina’, talvez pela operacionalização do seu trabalho que se dá em trânsito pelo
bairro, permitindo-lhes serem mães, amigas, ouvintes, cunhadas, esposas. É no es-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
22
paço doméstico que elas vão construindo suas redes sociais, assumindo os diversos
papéis, nos quais, ao mesmo tempo em que se apresentam como conhecidas, há um
distanciamento para que possam executar o trabalho como agentes de saúde.
É por meio das visitas domiciliares que os/as ACS fazem a negociação do saber
científico com o saber popular. Utilizam estratégias de aproximação em que acio-
nam aspectos do cotidiano das pessoas e da organização social do espaço (área de
abrangência) ou do círculo de conhecimento pessoal, estabelecendo uma ‘intimida-
de de comadres’, ao mesmo tempo em que estabelecem orientações profissionais
da importância do cuidado para com a saúde, orientando atividades de diferentes
naturezas que visam à promoção da saúde e prevenção da doença. Isso tudo consi-
derando a família como unidade de cuidado, mas sem caracterizar uma ‘invasão’ de
privacidade, já que os/as usuários/as estão dialogando com alguém que faz parte de
suas relações pessoais.
Por meio das relatorias das oficinas e das caminhadas, pode-se perceber que
os conteúdos abordados nos espaços de formação e reflexão, através das metodo-
logias ativas, resultaram impacto positivo no que se refere ao empoderamento das
agentes ao se apropriarem das reflexões das temáticas trabalhadas, sobre sua con-
dição profissional, seu papel dentro da ESF, entre outros. Tais fatos foram evidenci-
ados pelo discurso das agentes durante as visitas domiciliares, mostrando aos/às
usuários/as a importância do papel de ACS na equipe de saúde.
O reconhecimento do papel de ACS afirma sua identidade profissional. Obser-
vamos também a valoração da autoestima e o reconhecimento do papel dos/as ACS
como ‘agentes’ de práticas sociais, capazes de interferir e até mesmo alterar a reali-
dade local, ao passo que os agentes, quando se mobilizam para empreender ações
de promoção da saúde da população, estão interferindo no cotidiano dessas famí-
lias.
Contudo, ainda que haja positivação da profissão de ACS, resíduos tais como a
associação do/a profissional ao ato de cuidar e, naturalmente, a uma prática femini-
na, além das hierarquias construídas no âmbito das relações entre os/as profissio-
nais da equipe, precisam ser superados.
Percebemos por meio de relatos dos/das agentes de saúde que a opção pela
profissão não está na ‘liberdade’ de escolha ou na identificação com ela. Muitas ve-
zes, o que aproxima o indivíduo dessa profissão é exatamente o contrário: a ausên-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
23
cia de opções como forma de inserção no mercado de trabalho, somada à falta de
uma formação profissional, já que para exercer a profissão de agente de saúde o
ensino médio é suficiente.
É no espaço familiar, doméstico, remetendo ao privado, que as agentes de sa-
úde vão construindo suas redes sociais e assumindo os diversos papéis, e ao mesmo
tempo em que se apresentam como conhecidas, há um distanciamento para que
possam executar o trabalho como agentes de saúde. É no bairro onde moram que
suas relações se estabelecem e se fortalecem, pois é onde se localizam seus vínculos
afetivos e até mesmo suas desavenças. Esse espaço, que é ao mesmo tempo públi-
co, por se tratar do bairro, da rua, da sua comunidade, é também privado por ser
uma área de reconhecimento de seu cotidiano, o que possibilita o livre trânsito du-
rante o horário do ofício.
Fica a pergunta: Até que ponto as políticas públicas de saúde contribuem para a in-
serção das mulheres no mercado de trabalho, possibilitando realmente modificarem
sua condição sócio-histórica, ou reificam uma condição historicamente construída
de desigualdade de gênero associando a mulher aos cuidados familiares?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. 1997. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Saúde da Família: uma es-
tratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília: Secretaria de Assistência à Saúde,
Ministério da Saúde.
LAURETIS, T. A Tecnologia do gênero. In: HOLANDA; H.B. (Org.). Tendências e impasses: O femi-
nismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. P.206-242.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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CAPITAL SOCIAL E PARTICIPAÇÃO CÍVICA: ANÁLISE DAS
INTERVENÇÕES DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRI-
ANÇA E DO ADOLESCENTE NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA-MG
Rafael Ferraz do Nascimento
Edson Arlindo Silva
Bruno de Jesus Lopes
Bruno Tavares
Marcela Marques de Oliveira
1. INTRODUÇÃO
Os recentes estudos sobre Administração Pública no Brasil, vinculados às teo-
rias do Capital Social e do Institucionalismo, enfatizam que a função dos conselhos
gestores municipais se tornaram de fundamental importância no processo de resga-
te da cidadania, consolidação dos princípios e valores democráticos, engajamento
cívico e no combate às mazelas oriundas das injustiças sociais.
Nesse contexto, o estudo oferece pontuais análises sobre a atuação do CMD-
CA no município de Viçosa, Estado de Minas Gerais, procurando apresentar as prin-
cipais contribuições deste conselho gestor para a formação de capital social no âm-
bito local. Buscou-se ainda analisar as ações coletivas implementadas no decurso da
última década (2001 a 2010) que possam expressar a promoção de participações
cívicas e o resgate da cidadania, envolvendo não somente a atuação institucional do
CMDCA, mas, principalmente, os vínculos estabelecidos entre este conselho e os
beneficiários de suas intervenções no município de Viçosa.
Os desafios encontrados pelo CMDCA nos municípios brasileiros vão ao en-
contro de diversas situações problemáticas como a centralização política de suas
gestões, a falta de recursos financeiros, o baixo envolvimento por parte da popula-
ção, a sobreposição de papéis em comparação com a atuação de outros conselhos
gestores, a morosidade legal e a falta de apoio político.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
25
Assim, torna-se necessário que o Estado, por meio de políticas públicas, consi-
ga exercer os papéis de fiscalizador, disseminador, regulador e organizador da rela-
ção entre a sociedade e os conselhos gestores e, ainda, que se promovam ações que
possam facilitar a celebração de parcerias e acordos legais entre os conselhos gesto-
res e as instituições públicas e privadas.
Com base nessa perspectiva, três questões se tornaram primordiais para a
compreensão dos objetivos da pesquisa ora apresentada, quais sejam: Como o
CMDCA vem atuando nos últimos dez anos (2001 a 2010) no município de Viçosa?
Como a população local avalia as intervenções feitas pelo CMDCA? Quais os princi-
pais vínculos estabelecidos entre o CMDCA e a população beneficiária de suas
ações?
Diante do exposto, o CMDCA, na qualidade de mecanismo de gestão de políti-
cas públicas nas áreas da infância e da adolescência, surge como garantidor de direi-
tos básicos previstos na Constituição Federal. O objetivo do projeto foi, então, anali-
sar a atuação do CMDCA no município de Viçosa, Estado de Minas Gerais, conside-
rando os papéis desempenhados nos últimos anos (2001 a 2010) para gerar capital
social.
Ao estudar capital social, é importante levar em consideração dimensões e ca-
tegorias ligadas a este termo que facilitam a compreensão da dinâmica social na
atualidade. Deve permitir ainda analisar as relações de consensos e conflitos exis-
tentes entre atores sociais e instituições.
2. MÉTODOS
O universo da pesquisa compreendeu a análise das intervenções realizadas
pelo CMDCA, na última década (2001 a 2010), no município de Viçosa, Estado de
Minas Gerais. Tratou-se de investigar como a população local analisa a atuação do
CMDCA em Viçosa, no período delimitado. Nesse sentido, foram realizadas pesqui-
sas bibliográficas, análise documental, seleção de atores sociais e entrevistas semi-
estruturadas.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
26
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os objetivos propostos neste projeto se baseavam na premissa de que o
CMDCA seria um órgão executor, ou seja, que estivesse sempre em contato com a
população e que, a partir desse fato, pudesse ser um potencial gerador de capital
social. Porém, iniciada a pesquisa, foi constatado que o CMDCA não exerce contato
direto com a sociedade, isto porque sua função é cuidar para o cumprimento do Es-
tatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em nível municipal, propondo, formulando
e acompanhando as políticas públicas de atenção a crianças e adolescentes. Deve
também articular as ações em todos os níveis (entidades filantrópicas e secretarias
que atuam com crianças e adolescentes, prefeitura, Conselho Tutelar, Juizado da
Infância e Juventude, entre tantos outros), para que essas políticas funcionem, me-
lhorando e cobrando a qualidade dos serviços prestados.
Na busca pela reformulação dos objetivos do projeto, percebeu-se que o
CMDCA poderia gerar capital social em um nível mais restrito, não contemplando a
população como um todo, mas sim todos os agentes do município que atuam direta
ou indiretamente na atenção e proteção de crianças e adolescentes. E são muitos
esses órgãos: prefeitura municipal e suas diversas secretarias, Conselho Tutelar, Po-
der Judiciário, Polícia Militar, Polícia Civil, Conselho Antidrogas, entidades da socie-
dade civil, entre outros.
Com isso, o objetivo central da pesquisa passou a ser primeiramente entender
a forma de atuação do CMDCA no município de Viçosa, posteriormente, analisá-la e,
por fim, tentar identificar se este Conselho gera ou não capital social entre os agen-
tes do município envolvidos com crianças e adolescentes.
Quanto à estrutura organizacional, o CMDCA é um órgão público e paritário,
garantida a participação popular. Metade de seus membros é da prefeitura (gover-
namentais) e a outra metade são os representantes da sociedade civil organizada
(não governamentais). A participação popular é garantida por esses representantes
da sociedade civil. Essas entidades filantrópicas (civis, sociais, sem fins lucrativos)
representam a população. Quanto aos principais desafios enfrentados pelo CMDCA,
podem ser destacados os principais:
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
27
Vontade política: a prefeitura deve melhorar as condições para a execução
das políticas públicas para crianças e adolescentes. Além disso, a prefeitura é
muito mal estruturada, muito burocratizada, o que impede a resolução de
problemas simples a tempo.
Próprio Conselho: Alguns conselheiros ocupam esta função por serem indica-
dos, mas não assumem suas responsabilidades. O resultado é que algumas
pessoas ficam sobrecarregadas, enquanto outras pouco ou nada participam.
Estrutura física: O CMDCA não conta com sede própria, veículo próprio ou à
sua disposição, entre outros. Isso dificulta sua atuação, com barreiras que não
estão sob seu controle para solucioná-las.
Com o objetivo de articular as ações entre os diversos órgãos e programas
atuantes com crianças e adolescentes em Viçosa, permitindo a atuação coor-
denada de todos esses segmentos envolvidos no processo, o CMDCA criou a
Rede de Atendimento do Sistema de Garantia de Direitos (Rede SGD). Como
exemplos de órgãos pertencentes a esta rede podem-se citar as secretárias do
poder executivo, Polícia Militar, Polícia Civil, Poder Judiciário, Conselho Tute-
lar, entidades da sociedade civil que prestam serviços de atenção às crianças e
adolescentes, entre tantos outros.
Diante do exposto, percebe-se que o CMDCA pode ser um potencial gerador
de capital social, isso porque é sua função articular toda uma rede envolvida no
atendimento a crianças e adolescentes, chamada Rede SGD. O CMDCA deve incenti-
var a participação de cada órgão ou programa pertencente à rede.
Pelos resultados obtidos, percebe-se que o CMDCA não consegue gerar capital soci-
al na relação entre esses diversos órgãos e programas. A principal causa disso é o
baixo envolvimento das pessoas que trabalham com crianças e adolescentes e das
pessoas que deveriam elaborar e implementar as políticas públicas, a saber, a pre-
feitura. Conclui-se que o CMDCA é um potencial gerador de capital social, porém só
irá gerá-lo quando todos tiverem conhecimento da legislação.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
28
ICONOGRAFIA E IMAGENS: PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS NO
ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS PARA SURDOS
Isabelle Araújo Lima e Souza
Arthur Fontgaland Gomes
Ana Luisa Gediel
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho se propõe relatar as experiências da disciplina “Ciências
Sociais e Interpretação” desenvolvida no projeto Ensino-aprendizagem e Metodolo-
gias de Ensino para Surdos – EAMES, do Departamento de Letras, em parceria com
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/Capes subárea de
Sociologia, do Departamento de Ciências Sociais. Tais projetos, cada qual com suas
especificidades, têm como objetivo comum a criação e aplicação de metodologias
pedagógicas alternativas que facilitem o processo de ensino-aprendizagem de jo-
vens.
O PIBID cumpre, além da capacitação de licenciandos, o papel de desenvolver
pesquisas no âmbito educacional referentes ao ensino e criação de novos recursos
didáticos e metodológicos. É também esse um dos objetivos do Eames, pesquisar
diferentes estratégias de ensino que priorizem um aprendizado significativo do su-
jeito surdo, porém, visando à inclusão e inserção deste no ensino superior. Em con-
traposição à ideia do surdo na condição de portador de uma patologia, as Ciências
Humanas e Sociais, bem como a própria comunidade surda, percebem a surdez co-
mo uma identidade cultural específica, principalmente, alicerçada pelo uso da Lín-
gua de Sinais.
Essa reflexão do sujeito surdo, na condição de membro de uma comunidade,
é também sistematizada por meio dos avanços no campo da antropologia linguísti-
ca, que o define como indivíduo que compartilha de linguagem e comunicação pró-
pria. A interação social dos surdos ocorrida nos espaços que eles frequentam afirma
a construção de uma identidade e aponta para uma especificidade de percepção e
ressignificação de mundo.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
29
Por isso, as formas tradicionais de ensino que submetem os surdos à oraliza-
ção não se mostram eficazes para a construção da aprendizagem e a afirmação da
cultura surda. Percebe-se então que o ensino hegemônico, presente na maioria das
escolas brasileiras, faz com que a formação obtida pelo surdo chegue de forma fra-
gmentada, propiciando uma precariedade linguística e um desenvolvimento cogniti-
vo insatisfatório.
Tendo em vista a habilidade dos surdos de compreender o mundo através de
um raciocínio visual e corporal, torna-se necessário a pesquisa de novos recursos
metodológicos e metodologias de ensino voltadas para a sua inclusão. O Eames tem
dois eixos metodológicos: um geral e outro específico para cada disciplina.
2. MÉTODOS
O primeiro envolve uma prática interdisciplinar entre os acadêmicos das li-
cenciaturas da Universidade Federal de Viçosa, o que se configura como um labora-
tório de pesquisa qualitativa para a fomentação e o aperfeiçoamento das práticas
pedagógicas, com o intuito de capacitá-los para a pesquisa voltada ao ensino-
aprendizagem de pessoas surdas. Este espaço conta com grupos de discussões entre
as diferentes áreas para contribuir para a construção de estratégias de ensino e suas
aplicações. Esse laboratório desenvolve ainda, como parte da pesquisa bibliográfica,
a leitura de textos para entender o mundo surdo, bem como seu processo de
aprendizagem.
O segundo eixo se dá a partir da metodologia específica utilizada em cada dis-
ciplina. No que se refere às Ciências Sociais e Interpretação, foi necessária a realiza-
ção de observação participante nas aulas de outras disciplinas, o que facilitou a
compreensão de como estas aulas deveriam ser estruturadas e a especificidade na
educação de surdos. Além disso, houve uma busca teórica e conceitual, bem como
levantamento de dados e de pesquisa exploratória dos diversos materiais visuais e
iconográficos já existentes para, posteriormente, criar formas de abordagens que
mobilizassem as habilidades específicas das Ciências Sociais. Nesse sentido, o traba-
lho configurou-se como uma pesquisa-ação, ou seja, quando as metodologias cons-
truídas eram aplicadas diretamente aos alunos surdos proporcionando a reflexão
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
30
dos pesquisadores e dos sujeitos a respeito da eficácia dessas práticas. Essa metodo-
logia não se fez apenas por meio das etapas de um método, mas se organizou pelas
situações relevantes que emergiram do processo de sua aplicação.
A experiência no Pibid possibilitou a busca e a confecção de materiais visuais
alternativos para o ensino de Sociologia na educação básica, tais como: elaboração
de jogos de tabuleiro, confecção de painéis ilustrados e dinâmicas e brincadeiras.
Esses materiais deram subsídio para criação e adaptação de recursos próprios para o
ensino e aprendizagem do estudante surdo na disciplina de Ciências Sociais e Inter-
pretação do Eames.
Dessa forma, os recursos metodológicos utilizados no ensino regular foram
ressignificados para atender o caráter do curso preparatório de ingresso ao ensino
superior. As experiências de campo possibilitaram resultado interdisciplinar em duas
dimensões. Vale destacar como primeira a flexibilização das fronteiras entre as di-
versas disciplinas que integram o projeto, proporcionando o entendimento e a dis-
cussão da cultura surda a partir dos diferentes campos do saber. Foi, ainda, uma
conquista conjunta a realização de estratégias para despertar a atenção e o envol-
vimento do sujeito surdo em relação aos conteúdos abordados em sala.
Na segunda dimensão, com recorte para a disciplina de Ciências Sociais e In-
terpretação, foi possível produzir materiais concretos e visuais para explicar concei-
tos abstratos dessa ciência. Vale ressaltar duas experiências promovidas por meio
do trabalho iconográfico e imagético: o Mapa da Diversidade Brasileira e a Teia So-
cial. Esse trabalho teve a finalidade de explicar as diferentes manifestações culturais
no país. Foi confeccionado em isopor e divido em regiões, onde o estudante deveria
alocar imagens, levadas em separado, para serem afixadas no mapa. As imagens re-
tratavam diversos aspectos culturais, atentando para a miscigenação, movimentos
migratórios e regionalismos, percebendo, assim, a fluidez característica do conceito
de cultura. No outro recurso visual, fez-se uma representação do tecido social e de
sua complexidade a partir de um jogo cooperativo, intitulado Teia Social. Nessa ati-
vidade lúdica, os estudantes deveriam identificar as diferentes instituições e atores
sociais que compõem a sociedade complexa, se perguntando: “Com o que as figuras
se relacionavam?”, “O que elas representavam?”, “Por que a imagem integrava a
sociedade?”.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
31
Essa atividade objetivou introduzir o conceito de sociedade, além de demons-
trar as interações sociais existentes e como elas se configuram na qualidade de ob-
jeto das Ciências Sociais. Todas as atividades se mostraram um exercício de inter-
pretação da vida cotidiana, considerando sempre a realidade do estudante surdo.
Dessa forma, foi possível perceber que o ensino através do uso de imagens, ícones e
artes visuais facilita a assimilação de conceitos sociológicos sem a necessidade de
uma linguagem infantilizada e facilitada. Os recursos se mostraram eficazes, visto
que a carga lúdica, imagética e artística estava vinculada à preocupação em corres-
ponder à etapa em que os estudantes se encontravam no processo de ensino-
aprendizagem.
A aplicação dessas estratégias de ensino para comunidade surda corrobora
os estudos linguísticos, antropológicos e pedagógicos acerca da educação de surdos
de maneira diferenciada. Tal constatação foi possível uma vez que os estudantes
viam e construíam os conceitos em uma aula a partir do uso desse material e, na
outra, traziam e debatiam de forma segura os mesmos conceitos aprendidos. Ainda
como contribuição das atividades desenvolvidas através da pesquisa de novos re-
cursos e suas aplicações, notou-se a interdisciplinaridade entre Ciências Sociais e
Língua Portuguesa, haja vista a função interpretativa realizada durante as aulas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultados da pesquisa-ação foi identificado, primeiramente, que os es-
tudantes tinham conhecimento prévio de determinados conceitos, porém essas pa-
lavras não eram significantes para os surdos. Essa característica dos estudantes sur-
dos, devido a um processo de alfabetização equivocado, impedia a compreensão do
real significado de alguns códigos utilizados na Língua Portuguesa. Portanto, a expe-
riência do contato com materiais concretos e imagéticos possibilitou aos educandos
um entendimento pleno das informações e dos signos da Língua Portuguesa. Apenas
através da informação não fragmentada, obtida pelos recursos visuais utilizados, o
estudante surdo conseguiu transpor as barreiras impostas pela linguagem oral por-
tuguesa e, assim, compreender os conceitos caros às Ciências Sociais. Na condição
de pesquisadores na área da educação em Ciências Sociais, foi possível experienciar
e contribuir com um novo eixo temático que insurge na área de Ciências Sociais: o
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
32
ensino de Sociologia na educação básica. Com a recente obrigatoriedade da Sociolo-
gia no Ensino Médio e a inclusão de temas específicos das Ciências Sociais no ENEM
e demais avaliações de ingressos no ensino superior, essa iniciativa é de extrema
valia. Assim, o desafio de incluir pessoas surdas propicia a formação de profissionais
preparados para lidar com as diferenças. Como experiência relativa ao objeto de
estudo, ou seja, a aprendizagem significativa dos alunos beneficiados pelo projeto
Eames, acredita-se que a ação interdisciplinar entre diferentes áreas do conheci-
mento tenha sido substantiva para a consolidação do elo entre a comunidade surda
e a ouvinte, através da linguagem visual.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
33
A BUSCA DE UMA IDENTIDADE UNIVERSITÁRIA NO TERRENO DA
ORGANIZAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
Heleno Szerwinsk de Mendonça Rocha
1. INTRODUÇÃO
A forma como os estudantes de graduação vêm organizando e sistematizando
as informações recebidas no processo educacional tem sido um componente da re-
lação ensino-aprendizagem que pouco a Educação tem pensado na realidade do en-
sino universitário atual. No entanto, a partir de constatações simples do próprio co-
tidiano com as várias disciplinas que são cursadas na matriz curricular dos cursos de
graduação, observa-se que a maioria dos estudantes tem tomado estratégias de es-
tudo muito distintas entre si. Tendo em vista esse fato, quanto mais dúvidas se têm,
menos certezas se constroem. Como os estudantes têm buscado no terreno da or-
ganização e sistematização de informações sua identidade universitária? Como essa
trajetória vem sendo construída ao longo do conjunto das disciplinas da graduação?
Estas e muitas outras questões que envolvem a problemática, por si só, preci-
sam ser refletidas no âmbito da formação dos estudantes. A compreensão dessa
grave lacuna que o ensino universitário tem deixado de lado pode estar se refletindo
no futuro incerto e impreciso de muitos estudantes que encontram grandes dificul-
dades em absorver tantas informações cursadas nas mais de 50/60 disciplinas obri-
gatórias do currículo de sua formação. A problemática está nas estratégias de estu-
do adotadas pelos estudantes, que são a via principal expressão de identidade uni-
versitária, pois são elas que definem os limites e potencialidades que os estudantes
podem ampliar ou mesmo retroceder durante a organização e sistematização das
informações.
Esta pesquisa teve como objetivo central refletir como a falta de estratégias
de estudo tem dificultado o cotidiano com tantas informações adquiridas nas disci-
plinas da graduação e também como esse aspecto tem se refletido no desinteresse
na condução de pesquisas.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
34
2. MÉTODOS
Grupos focais de estudantes foram submetidos a entrevistas com a intenção
de identificar sua percepção sobre a forma como vêm conduzido suas estratégias de
estudo. E foi identificado que a organização de informações para esses estudantes
ocorre à medida que ele se exercita, analisa e avalia seus avanços em cada atividade
de estudo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O que mais os estudantes afirmaram nas entrevistas é que a relação deles
com a própria forma de conduzir os estudos se tornou enfadonha, e o que mais os
motivou a organizar os próprios materiais de estudo foi o seu grau de interesse pe-
las disciplinas, que, diga-se de passagem, para os alunos do 9° período, é baixíssi-
mo. Já os estudantes do 3° período entrevistados apontaram que ainda esperam
organizar seus materiais de estudo com mais dedicação, pois estão se adaptando ao
cotidiano de estudos.
O conhecimento não é plenamente construído se temos tantas informações e
não mais que isso. Os educadores não estão preparando os estudantes para filtrar
tantas informações, como também os próprios estudantes não sabem como siste-
matizar e organizar o que lhes é oferecido nas disciplinas. No entanto, observa-se
que o graduando passa a atuar nas disciplinas que cursa ao longo de sua trajetória,
como um sistematizador e organizador de informações. Mesmo que a grade curricu-
lar não privilegie ao graduando ter esta visão, com o passar dos semestres letivos,
este importante componente do processo ensino-aprendizagem, que é o da organi-
zação e sistematização de informações, se desenvolve quase que intuitivamente.
A falta de planejamento dos estudantes diante dos próprios conhecimentos
absorvidos nas disciplinas se reflete no desinteresse no desempenho de ações e pro-
jetos de pesquisa. Sendo assim, é importante a formulação de um problema precisa
vir de conteúdos sistematizados dos quais o estudante cria as hipóteses para o estu-
do dos diversos temas. Não havendo cuidados, diariamente, com a organização de
informações, o estudante deixa de responder a muitas das questões que surgem a
partir de conhecimentos adquiridos. O que prejudica a relação ensino-aprendizagem
no contexto acadêmico. Deixar as dúvidas para trás significa desperdiçar a chance
de pesquisar os conhecimentos.
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35
O INDIVÍDUO E A CIDADE: ENTRE MODERNIDADE E TRADIÇÃO – UM
ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE TEIXEIRAS – MG2
Tamyres Virgínia Lopes Silveira
Josélia Godoy Portugal
1. INTRODUÇÃO
A modernidade, intensificada a partir do século XIX, imprimiu um novo ritmo,
alterando a sensibilidade do indivíduo, segundo Berman (1986). Este momento foi
marcado por uma ausência de referenciais, pelo medo do novo, pelo não conhecido
que invadiu a vida das pessoas, oferecendo-lhes novos caminhos e abalando
certezas consolidadas pela cultura e pela tradição. As grandes cidades
experimentaram uma mudança em sua dinâmica, uma nova organização que as
transformou em uma complexa teia, e hoje, são, segundo Barki (2006), um
“universo turbo acelerado do ciberespaço e da economia globalizada”.
A dinâmica da cidade é reflexo dos processos modernizadores que incidem
sobre ela, e isso se faz através da ação humana. Em nossa contemporaneidade,
perante a evolução dos meios de comunicação e transportes, das novas tecnologias,
a velocidade de circulação nas cidades aumenta gradativamente, segundo observa
Rolnik (1995), promovendo a supressão do espaço com o passar do tempo.
Todavia, sabe-se que este processo de modernização não é homogêneo. Nas
cidades de pequeno porte poderia, então, se apresentar de forma mais residual,
segundo argumenta Damiani (2006). Verifica-se, então, a possibilidade de estas
cidades apresentarem, de forma mais nítida, as camadas temporais distintas que as
compõem, reflexo dos diferentes tempos que incidiram sobre elas.
Este trabalho se propôs averiguar de que forma o processo de globalização
modificou ou ainda modifica as pequenas cidades, através de discussões acerca de
tradição, cultura e modernidade. Assim, com o objetivo de investigar a dinâmica
2 Trabalho resultante de pesquisa monográfica realizada como exigência da disciplina ARQ 398 – Trabalho de Curso – Fundamentação, do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal de Viçosa.
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36
atual das cidades de pequeno porte, elegeu-se a cidade de Teixeiras – MG, objeto de
estudo de caso, por apresentar uma vivência do cotidiano urbano bastante
característico para a discussão que se propõe. Localizada na Zona da Mata Mineira,
a cidade tem, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
11346 habitantes.
O estudo acerca das cidades de pequeno porte se faz bastante pertinente no
caso do Brasil, uma vez que esta é a realidade da maioria de nossas cidades. Por
outro lado, as pesquisas a respeito da dinâmica urbana em cidades menores têm
começado a ganhar espaços para discussão recentemente, ao contrário do que se
observa em relação às regiões metropolitanas.
2. MÉTODOS
Por meio de levantamentos bibliográficos e fotográficos, pesquisas de
levantamento in loco e entrevistas semiestruturadas, procurou-se averiguar então
os processos de modernidade na cidade de Teixeiras, suas relações com as tradições
locais, e suas consequências para a dinâmica urbana.
Os levantamentos e entrevistas permitiram a compreensão do objeto de
estudo, permitindo uma aproximação com ele, num entendimento que perpassou
pela sociedade, política, economia, tradições, cultura, urbanismo e arquitetura. Uma
análise profunda que revelou uma grande potencialidade do objeto de estudo, que
antes não havia sido completamente vislumbrada.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através do fenômeno da globalização, a pós-modernidade tem promovido
uma tendência à homogeneização cultural, em nome de uma cultura mundial que
suprime os regionalismos e abala certezas consolidadas pela cultura e tradição.
Criam-se “identidades partilhadas”, de acordo com Hall (2005), como clientes para
os mesmos bens, espectadores para as mesmas imagens. De qualquer lugar do
mundo as pessoas podem compartilhar as mesmas experiências, as mesmas
mensagens, o que provoca um abandono da experiência da cidade, uma vez que o
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
37
universo oferecido pelos meios de comunicação atuais tende, cada vez mais, a
substituir o convívio físico. Promove-se a cultura do não-lugar, segundo observa
Canclini (2002), da não permanência, a cidade torna-se ponto de passagem para o
sujeito e não de pertencimento, a dinâmica urbana se modifica, se acelera. Tal
condição se aplica também ao objeto de estudo, conforme foi verificado.
Perante esta situação, o indivíduo tende a não mais se reconhecer em seu
espaço, e, simultaneamente, ocorre o esvaziamento do sujeito, num momento de
perda de referenciais, causando uma crise de identidade entre o sujeito e o espaço
físico em que vive, ou seja, a cidade. Uma vez que não há reconhecimento, não há
pertencimento, tampouco cuidado, pelo contrário, há um descaso, abandono.
Nas metrópoles, em razão da multiplicidade na vida econômica e social,
observada por Simmel (1902), a carência de aspectos tradicionais é mais nítida. O
espaço urbano, composto por grande simultaneidade, um amplo convívio de
funções e formas, caminha para um universo de marcas e símbolos do qual trata
Arantes (2008), da submissão do concreto à imagem. O centro urbano “supõe e
propõe a concentração de tudo o que existe no mundo, na natureza, no cosmos:
frutos da terra, produtos da indústria, obras humanas, objetos e instrumentos, atos
e situações, signos e símbolos.” (LEFEBVRE, 1999: 46)
As pequenas cidades, no entanto, não gozam de tamanha velocidade de
acontecimentos, a elas, é própria a ocorrência habitual das coisas. Todavia, há que
se reconhecer que a inserção de novas tecnologias provocou nestas localidades
uma mudança em sua dinâmica, promovendo o abandono de experiência da cidade
como dito anteriormente. Uma vez que a modernidade aparece nestas pequenas
cidades muitas vezes apenas como objeto de consumo, como o “espetáculo da
modernidade” (CANCLINI, 2002: 54), a dinâmica das cidades não se modifica ao
ponto de se tornar tão complexa quanto à da metrópole, ocorrendo um
afastamento cada vez maior da experiência da cidade, no sentido de se evidenciar
uma modernidade de imagens, que apenas tangenciam a realidade do sujeito das
cidades pequenas, promovendo lentas transformações.
A cidade de Teixeiras, objeto deste estudo, apresenta hoje um
desenvolvimento lento, se comparada às cidades de maior porte ao seu redor. Em
razão de sua proximidade com núcleos mais desenvolvidos, como as cidades
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
38
vizinhas de Viçosa e Ponte Nova, Teixeiras foi se desenvolvendo lentamente, sendo
subsidiada em diversas áreas pelos municípios vizinhos.
Verifica-se uma falta de identificação da população local com o espaço da
cidade em que mora, promovendo um abandono do espaço público, onde o coletivo
acontece. Soma-se a isso a carência de políticas culturais, segundo se constatou nas
entrevistas. Este cenário impõe uma ausência de dinâmicas urbanas, e as atividades
que poderiam conferir complexidade e vitalidade à dinâmica da cidade são, em
grande, parte transferidas para Viçosa. Atividades educacionais, trabalho, serviços
do setor terciário, atividades amplamente procuradas e vividas fora da cidade de
Teixeiras, implicando uso da cidade como “cidade dormitório”, condição que
confere certa tranquilidade à cidade, fator apontado como ponto forte do
município, demonstrando que a dinâmica lenta pode se refletir em aspectos
positivos. No entanto, a vivência do urbano é enfraquecida, o fulgor das
manifestações populares se abrandou.
A cidade foi ao longo dos anos perdendo a memória coletiva das tradições
locais. As festas religiosas, os desfiles em comemoração à Independência do Brasil, o
7 de setembro, a Banda local foram aos poucos sendo esquecidos, e o uso do
espaço público foi se enfraquecendo, e, simultaneamente, perderam-se as
referências da história local, da cultura e da tradição da cidade, instaurando uma
crise de identidade entre o sujeito e o espaço coletivo das vivências urbanas.
Observa-se ainda que a cidade nutre fortes relações de pessoalidade, pelo
ritmo de vida tranquilo, as pessoas guardam relações próximas, que, se bem
trabalhadas, podem vir a resgatar aspectos tradicionais da história local, capazes de
superar a condição atual. O sujeito, identificando-se com o seu espaço, através da
relação pessoal com sua historia urbana, volta-se ao sentimento do pertencimento,
que leva automaticamente à postura do cuidado.
Perante estas condições, entende-se que a cidade carece de um espaço que
possa promover um preenchimento do vazio no qual ela vive, um vazio de
referenciais e valores. Através de um espaço para reviver o coletivo, um espaço de
concentração, de comunicação, de interação, promotor do resgate cultural, da
valorização da história local em comunhão com a adoção da modernidade.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
39
Faz-se necessário, neste momento, promover um retorno, não ao passado,
como tempo já superado, mas ao significado de uma época de dinamismo na
cidade, de forma a alterar a conduta da população para que ela deixe de apenas
viver na cidade, para, de fato, viver a cidade, participar, compartilhar, movimentar.
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ROLNIK, Raquel. O que é cidade. São Paulo: Editora Brasiliense S.A., 1995.
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40
ESPAÇO, ARTE E SOCIEDADE
Joelma Santana Siqueira
Elaine Cavalcante Gomes
Josélia Godoy Portugal
1. INTRODUÇÃO
No ano de 2010, iniciamos um grupo de estudo sobre o espaço nos estudos li-
terários e em outras áreas de conhecimento. Trata-se de um grupo vinculado ao
grupo de pesquisa “Arqmnese – percepção e memória do espaço construído”, ca-
dastrado no CNPq também em 2010. Nosso objetivo é pesquisar as relações do es-
paço nas artes com o urbanismo, a história cultural, a história da arte, a antropolo-
gia, a sociologia, a economia, tendo como princípio a observação do historiador da
arte Pierre Francastel de que o espaço não é uma realidade em si, mas a própria ex-
periência do homem.
Os membros do grupo são professores e alunos do Departamento de Arquite-
tura e Urbanismo (DAU) e do Departamento de Letras (DLA). O quadro teórico de
referência com o qual trabalhamos é vasto, pois a palavra espaço recobre um amplo
leque de significações, permitindo-nos abordagens diversas que se complementam.
2. MÉTODOS
Antes de compartilhamos as leituras com os membros do grupo, percebíamos
mais vagamente inter-relações entre nossas áreas de conhecimentos. Ao iniciarmos
os encontros do grupo de estudo, as aproximações se tornaram mais evidentes e as
contribuições específicas de cada área de conhecimento mais relevantes para as
demais. Por exemplo, questões relacionadas aos estudos sobre a segregação do es-
paço urbano, antes pouco percebidas por nós nas leituras dos textos literários, pas-
saram a ser assunto de interesse de nossas discussões e análises. Do mesmo modo,
a leitura de textos literários passou a ter uma relevância maior para os estudiosos
do urbanismo.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
41
Porém, considerando as especificidades de cada área, o grupo não impõe des-
locamentos para os membros. Não se espera que todos, por exemplo, leiam os
mesmo textos. Reunimo-nos para sugerir leituras em comum, mas, principalmente,
para compartilharmos estudos, bibliografias e pesquisas específicas, a fim de que
possamos trocar sugestões, experiências e, assim, estabelecer parcerias.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Passamos a trabalhar em conjunto na produção de conhecimentos, que resul-
taram, em 2010, na realização de uma oficina com o tema “O espaço moderno”, mi-
nistrada pelos alunos Gislene Pereira (DLA) e Ricardo Azevedo (DLA) na apresenta-
ção dos resultados da pesquisa de mestrado da professora Josélia Godoy Portugal
(DAU) sobre a sociabilidade em condomínios fechados; na publicação de um artigo
intitulado “Reflexão sobre espaço e romance”, das professoras Joelma Santana Si-
queira (DLA) e Elaine Cavalcante Gomes (DAU); na orientação de um trabalho de f i-
nal de curso do graduando Rodolpho Monteiro de Oliveira (DLA), intitulado “Estudos
sobre o espaço na literatura brasileira: A estrela sobe (1939), de Marques Rebelo”,
pela professora Joelma Siqueira (DLA) com co-orientação da professora Patrícia Var-
gas Lopes de Araújo (DHI), contando, na banca de defesa, com a participação da pro-
fessora Josélia Godoy Portugal (DAU); e na orientação de um projeto de mestrado
em andamento intitulado “Arquitetura ou engenharia sustentável: considerações
estéticas”, da mestranda Stella de Oliveira Cândido (DAU), pela professora Elaine
Cavalcante Gomes (DAU), com coorientação do professor Túlio Márcio Salles Tibúr-
cio (DAU) e da professora Joelma Siqueira (DLA).
De 2011 até o presente momento, fizemos a conclusão de um projeto de pes-
quisa Pibic/CNPq intitulado “Estudo do espaço na literatura brasileira: Laços de
família (1960), de Clarice Lispector”, com a bolsista Louise Rochebois Quintão (DAU),
sob orientação da professora Joelma Siqueira (DLA) e coorientação da professora
Elaine Gomes (DAU); e a conclusão de um trabalho de final de curso da graduanda
Gislene Pereira (DLA), intitulado “Considerações sobre o espaço em O amanuense
Belmiro, de Cyro dos Anjos” (1937), sob orientação da professora Joelma Siqueira
(DLA). Em andamento, temos a orientação de um projeto de pesquisa Pibic/CNPq
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
42
intitulado “Estudo do espaço na literatura brasileira: O cortiço (1890) e a ocupação
dos espaços urbanos no Rio de Janeiro no final do século XIX”, da bolsista Mariana
Lenir Moura de Jesus (DLA); a orientação de um projeto de pesquisa Pibic/Fapemig
intitulado “Espaços íntimos e espaços públicos na narrativa, de Joaquim Manuel de
Macedo”, da bolsista Maikely Teixeira Colombini (DLA); a orientação de um trabalho
de final de curso intitulado “Cidade arlequinal: São Paulo na Pauliceia desvairada”,
da graduanda Bruna Araújo Cunha (DLA), coorientada pela professora Márcia Regina
Jaschke Machado (DLA); a orientação de dois trabalhos de pesquisa para apresenta-
ção oral no Sia-UFV-2011, intitulados “Violência espacializada em Kill Bill I e II”, de
Amanda Guimarães (DLA), e “Espaço e memória na poesia de Manuel Bandeira”, de
Nathália Lima (DLA); um capítulo de livro intitulado “Espaço e linguagem na arte
moderna”, de Joelma Siqueira (DLA); e o cadastro de um projeto de pesquisa autô-
nomo, “Estudo do espaço urbano na narrativa oitocentista brasileira”, de Joelma
Siqueira (DLA), vinculado ao Programa de Pós-gradação em Letras da UFV.
Como se pode observar, o grupo de estudo é bastante recente e boa parte de
sua produção decorre do interesse dos estudantes de graduação pelos estudos so-
bre espaço, arte e sociedade.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
43
ROMEU E JULIETA: INTERFACES ENTRE LITERATURA E DANÇA
Michelle Aparecida Gabrielli
Sirlei Santos Dudalski
1. INTRODUÇÃO
No mundo pós-moderno, a cada dia se observam variadas possibilidades de
hibridizações. Consequentemente, esta energia híbrida corrobora a criação de novas
obras e de novas formas artísticas. Contudo, o processo de hibridização não se limita
apenas à junção de determinado elemento em outros, mas à sua costura. Para clari-
ficar, utiliza-se o exemplo da confecção de uma colcha de retalhos.
Para confeccionar uma colcha de retalhos, não basta cortar em quadrados os
mais variados tecidos – das mais variadas cores – e organizá-los lado a lado, pois,
desta maneira, têm-se recortes de tecidos organizados lado a lado e não uma col-
cha. Para fazer uma colcha, é necessário que se costure um retalho no outro. Toda-
via, em determinados momentos, apenas se alinhava e, em outros, uma costura
mais forte faz-se necessária. Após todo este trabalho, tem-se uma colcha de reta-
lhos, que mostra a intensa relação entre os tecidos, entre tecido e linha, entre as
cores e, indo além, a intenção de quem a compôs.
O despertar para um estudo e, consequente, compreensão do processo de
transposição de linguagens entre as áreas de conhecimento da Literatura e da Dança
surge por meio da metáfora da colcha de retalhos é perpassada de uma natureza
híbrida.
Sabe-se que tanto a Literatura quanto a Dança podem propiciar o contato
com outras realidades, de conhecer e vivenciar outras épocas, outros povos, outros
sentimentos, pois elas permitem que se sonhe, imagine e veja o mundo por outros
ângulos, desenhos, cores e formas. Igualmente, há, ainda, o estímulo à fantasia, que
envolve combinações entre imaginação, criatividade e vivências pessoais que nos
transportam para contextos diversos (GABRIELLI; PRONSATO, 2007).
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
44
Logo, entende-se a relação estabelecida entre Literatura e Dança como uma
nova possibilidade discursiva (SOUZA, 2001). Neste ínterim, escolheu-se analisar o
processo de transposição de linguagem da peça teatral Romeu e Julieta, de William
Shakespeare, para a da dança, por meio do balé clássico Romeu e Julieta, da compa-
nhia The Royal Ballet, com coreografia de Kenneth Macmillan.
Percebe-se que o diálogo proposto entre a peça Romeu e Julieta, de Shakes-
peare, e a obra coreográfica homônima, de Macmillan, pode propiciar o entendi-
mento de uma linguagem híbrida. Consequentemente, observa-se a apreensão de
novas possibilidades de leituras, discussões e reflexões sobre as obras em questão,
oferecendo maior subsídio parasua compreensão na pós-modernidade.
Relacionada à ideia de pós-modernidade, Literatura e Dança podem abranger
e expressar este estado do mundo, e neste estado, o artista cria baseado em suas
referências pessoais, culturais e sociais. Estas linguagens artísticas atuam sobre o
indivíduo, não apenas despertando o imaginário e mediando o processo criativo em
dança, mas também propiciando uma consciência diferenciada de sua existência,
ampliando sua visão de mundo.
Comumente vê-se a transposição de textos literários (principalmente os con-
tos de fadas) para a dança, especialmente para o balé clássico (CANTON, 1994). Por
este viés, constata-se que “quando a gente dança, as personagens ganham vida e o
palco outras dimensões; o mesmo acontece quando lemos, nossas emoções ultra-
passam palavras, frases, e ganham espaço na imaginação” (BOGÉA, 2007, p. 10).
Do mesmo modo, o artista, nas duas linguagens, tem a liberdade de (re)criar e
(re)contar o mundo à sua volta, recriando e recontando também os conflitos pre-
sentes na sociedade, uma vez que não há narrativas sem conflitos, sejam elas na Li-
teratura ou na Dança. Estas narrativas expressam por meio do imaginário do escri-
tor/coreógrafo-bailarino suas relações com o mundo e a sociedade em que vive,
tornando-se fonte de conhecimento (BERNARDO, 2003). Para tanto “há que se notar
a existência, na história da cultura, de momentos de aproximação entre a palavra e
o gesto, entre a linguagem e o movimento, momentos em que a literatura registrou
a dança e momentos em que a dança incluiu a literatura” (SOUZA, 2001, p. 164).
A peça Romeu e Julieta pode ser considerada a maior história de amor de to-
dos os tempos, tendo sido transposta para diversas linguagens artísticas. Na área da
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
45
dança, Romeu e Julieta foi traduzida principalmente para a linguagem do balé clássi-
co, embora outros estilos de dança também a tenham tido como cerne. A versão
mais conhecida no balé é a que foi produzida pela The Royal Ballet, com coreografia
de Kenneth Macmillan, tendo como trilha sonora as composições de Serge Prokofi-
ev. Os amantes de Verona são interpretados pelos bailarinos Rudolf Nureyev e Mar-
got Fonteyn. Logo, o intento em escolher trabalhar com a transposição desta peça
para este balé se deu não apenas pela temática do amor jovial, mas por ser popular
em todo o mundo – independentemente de se fazer parte ou não do meio artístico.
2. MÉTODOS
Com efeito, escolheu-se a teoria semiótica de Charles Sanders Peirce como
base para a análise da transposição, na qual, visa-se a compreender os aspectos e as
transformações da peça teatral para a obra coreográfica a partir de elementos como
figurino, cenário, objetos de cena, personagens e o movimento em si.
Este trabalho se encontra em estado avançado de realização, fruto de uma
pesquisa de mestrado, sendo desenvolvido por meio da Pesquisa Qualitativa. Os
métodos utilizados são a Investigação Bibliográfica e o Estudo de Caso, que contri-
buíram para melhor entendimento da peça teatral e da obra coreográfica, além de
possibilitarem o contato com estudiosos que colaboraram para o aprofundamento
deste trabalho. Assim, alguns dos referenciais teóricos são: Harold Bloom, Frank
Kermode, Jay Halio, Paul Boucier, Patrice Pavis, Stuart Hall, Charles SandersPeirce,
Umberto Eco, entre outros.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o entendimento do processo de transposição de linguagem entre litera-
tura e dança (de uma peça teatral para um balé), fez-se necessário recortar outros
tecidos que não apenas as Letras e as Artes, Literatura e Dança. Percebeu-se que,
como dito anteriormente, não bastaria colocar os retalhos da peça teatral e os do
balé lado a lado, era preciso uma linha firme e consistente para costurá-los. Encon-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
46
trou-se esta linha na Semiótica e, por meio dela e do olhar atento e sensível da cos-
tureira [pesquisadora], consegue-se, por fim, confeccionar uma colcha de retalhos.
A colcha de retalhos confeccionada apresenta-se como uma forma artística
híbrida e que, tanto em seu processo de criação quanto de sua apresentação, propi-
cia e desenvolve toda a sensibilidade dos sujeitos envolvidos. Neste processo, des-
cobrem-se, percebem-se e se criam novas possibilidades de leitura, visualização,
aprendizagem e apreensão do mundo que nos circunda por meio da linguagem ver-
bal e da não verbal, permitindo, deste modo, “um diálogo entre literatura e dança, a
poesia da palavra e a sensibilidade do movimento ou a sensibilidade da palavra e a
poesia do movimento” (BERNARDO, 2003, p. 18).
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Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
48
PARTE II
DETERMINANTES DAS PESQUISAS NOS DEPARTAMENTOS DO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
49
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE – DAD/UFV:
DETERMINANTES E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Suely de Fátima Ramos Silveira
Afonso Augusto Teixeira de Freitas de Carvalho Lima
Rodrigo Gava.
1. INTRODUÇÃO
O atual Departamento de Administração e Contabilidade (DAD) da UFV teve
sua origem em 1976, num período em que as Ciências Sociais Aplicadas tiveram for-
te expansão na UFV. Existia então o Departamento de Administração e Economia
(DAE), que abrigava os cursos de Bacharelado em Administração e em Ciências Eco-
nômicas. Com o natural desenvolvimento e ampliação dos cursos e das especificida-
des de cada área, em 1988, surgiu o DAD.
Neste mesmo ano, foi criado o Programa de Educação Tutorial (PET ADM),
cujo objetivo é potencializar a formação em estudos avançados para alunos aprova-
dos em processo seletivo, iniciando-os nas atividades de pesquisa e preparando-os
para a pós-graduação. Esse programa é muito bem avaliado pela Capes, e seus re-
sultados são perceptíveis pelo elevado desempenho dos alunos que dele participam.
O número de professores, disciplinas e atividades em aumento constante re-
sultou que, em 1992, o DAD saísse de sua localização no térreo do Edifício Reinaldo
de Jesus Araújo (Engenharia Florestal) e ocupasse todo o segundo andar do chama-
do prédio do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH). As instalações do
DAD contemplam gabinetes de professores, sala da Chefia, secretarias, biblioteca
setorial, sala de conferências, sala de reuniões, laboratório, sala de estudos para os
alunos do Programa de Pós-Graduação stricto sensu, sala do PET e para uso conco-
mitante de alunos envolvidos com atividades de iniciação científica (IC). Há um pro-
jeto de expansão física do prédio do CCH já em andamento, financiado pela Fi-
nep/CT-Infra, que contempla a construção de um anexo ao prédio atual, com adição
de espaço também ao DAD, que deverá ser dedicado prioritariamente a atividades
de pesquisa.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
50
Atendendo a uma demanda antiga, em 2000 foi criado o Curso de Ciências
Contábeis, que se desenvolveu e é oferecido pelo corpo docente do DAD. Em 2006,
por meio de convênio celebrado entre a UFV e a UAB – Universidade Aberta do Bra-
sil, foi iniciada uma turma do Curso de Administração a Distância (EaD), que encer-
rou suas atividades em 2011, tendo sido considerada uma experiência muito bem-
sucedida que resultou em novos projetos nessa área.
No que se refere aos egressos dos cursos de graduação, até janeiro de 2012
foram computados 1636 graduados, sendo 1386 Bacharéis em Administração (inclu-
indo 215 do EaD) e 250 Bacharéis em Ciências Contábeis.
No âmbito da pós-graduação, as atividades foram iniciadas em 1999, com o
Curso Lato Sensu em Gestão Estratégica e logo depois o de Gestão e Diagnóstico,
cujo oferecimento se estendeu até 2009, sendo substituídos pelos Cursos de Contro-
ladoria e Finanças e de Gestão Empresarial e Ambiental, ambos em pleno e bem-
sucedido funcionamento.
Como um reflexo do amadurecimento acadêmico de seu corpo docente e da
política de expansão da pós-graduação por parte da UFV, em 2005, teve início as
atividades do Programa de Pós-Graduação em Administração da UFV (PPG-ADM),
em nível de Mestrado, alocado no DAD, cuja área de concentração contempla a
Administração Pública e áreas correlatas. Até junho de 2012, foram entregues à so-
ciedade 69 novos mestres em Administração, boa parte deles atuando como pesqui-
sadores e professores em instituições públicas e privadas de prestígio.
Atualmente o DAD conta com um quadro permanente de 26 professores, to-
dos titulados, sendo 17 doutores formados em prestigiosas universidades brasileiras
e estrangeiras. Ressalta-se que os 9 mestres ou estão cursando ou constam em pla-
nilha para fazerem seu doutoramento nos próximos anos. Os professores do DAD
são, em ordem alfabética: Adriel Rodrigues de Oliveira, Afonso A. T. F. C. Lima, Alan
Ferreira de Freitas, Alcindo Cipriano Argolo Mendes, Antônio de Figueiredo Vieira,
Bruno Tavares, Djair Cesário de Araújo, Edson Arlindo Silva, Fernanda Maria de Al-
meida, Gislaine Aparecida da Silva Santana, Jorge Alberto dos Santos, José Roberto
Reis, Luiz Antônio Abrantes, Magnus Luiz Emmendoerfer, Marco Aurélio M. Ferreira,
Nálbia de Araújo Santos, Nina Rosa da Silveira Cunha, Robson Zuccolotto, Rodrigo
Gava, Simone Martins, Suely de Fátima Ramos Silveira, Tainá R. Gomide Souza Pin-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
51
to, Telma Regina C. G. Barbosa, Thiago de Melo T. da Costa, Walmer Faroni e
Wender Fraga Miranda.
Desde 1993, constam aproximadamente cinco centenas de projetos de pes-
quisa registrados na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, dos quais derivaram
inúmeras publicações em periódicos de prestígio, nacionais e internacionais, e parti-
cipações e apresentações em congressos, encontros, workshops etc.
Destaca-se também a criação da Revista de Administração Pública e Gestão
Social – APGS, que tem por objetivo a publicação de trabalhos científicos nas áreas
de Administração Pública, Gestão Social e Terceiro Setor, classificada pelo sistema
Qualis/Capes como B3.
O planejamento estratégico do DAD contempla para o futuro, além do aper-
feiçoamento constante de seus já muito bem avaliados e conceituados cursos de
graduação, o desenvolvimento do ensino a distância, por meio de cursos regulares
de graduação e pós-graduação, bem como a consolidação da pós-graduação stricto
sensu, ampliando a oferta de vagas no mestrado e a viabilização de um projeto para
a criação do Doutorado em Administração.
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE
Retrocedendo ao ano de 1995, pode-se identificar que, norteados pela tríade
indissociável Ensino-Pesquisa-Extensão, os docentes do DAD têm envidado esforços
para o desenvolvimento e o fortalecimento das atividades de pesquisa. Já no ano de
1993, desde quando os registros de pesquisa estão disponíveis eletronicamente de
forma sistematizada, identificam-se cinco registros de projetos nas linhas de pesqui-
sa Marketing Contemporâneo, Gestão Estratégica e Informações e Empreendedo-
rismo e Pequenas e Médias Empresas. Foram criadas 17 linhas de pesquisa no perí-
odo 1993-2012, algumas já extintas. A partir do ano de 1995 até o período atual,
abril de 2012, sete linhas de pesquisa se firmaram como aquelas que mais concen-
tram os interesses de pesquisa dos docentes e discentes do DAD, sendo elas: Gestão
Pública Contemporânea, Organizações, Gestão e Políticas Públicas, Finanças e Con-
tabilidade Públicas, Organização, Trabalho e Novas Tecnologias Gerenciais, Marke-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
52
ting Contemporâneo, Gestão Estratégica e Informações, Empreendedorismo e Pe-
quenas e Médias Empresas e Finanças Corporativas. No total são 499 projetos regis-
trados no sistema denominado sisPPG3, concluídos ou em andamento. A evolução
do número de registros de projetos pode ser constatada por meio das Figuras 1 a 7.
As atividades de pesquisa voltadas para a área pública, mesmo estando con-
templadas pela denominação Gestão Pública Contemporânea, com registro de pro-
jetos desde 1995, se ampliaram e se fortaleceram a partir da criação do curso de
Mestrado Acadêmico em Administração, com área de concentração em Administra-
ção Pública, a partir de 2005, o que pode ser constatado pelas informações apresen-
tadas nas Figuras 1 a 3.
Figura 1 – Número de projetos de pesquisa registrados na linha de pesquisa Gestão Pública
Contemporânea, período 1995-abril/2012.
3 https://phpsistemas.cpd.ufv.br/sisppg/scripts/projetos/consultarProjeto.php
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
53
0
5
10
15
20
25
19
95
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19
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00
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01
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07
20
08
20
09
20
10
20
11
abr/
12
Projetos/Ano
Figura 2 – Número de projetos de pesquisa registrados na linha de pesquisa Organizações,
Gestão e Políticas Públicas, período 1995-abril/2012.
Figura 3 – Número de projetos de pesquisa registrados na linha de pesquisa Finanças e
Contabilidade Públicas, período 1995-abril/2012.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
54
Figura 4 – Número de projetos de pesquisa registrados na linha de pesquisa Organização,
Trabalho e Novas Tecnologias Gerenciais, período 1995-abril/2012.
0
2
4
6
8
10
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19
95
19
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abr/
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Projetos/Ano
Figura 5 – Número de projetos de pesquisa registrados na linha de pesquisa Marketing
Contemporâneo, Gestão Estratégica e Informações, período 1995-abril/2012.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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1
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3
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abr/
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Projetos/Ano
Figura 6 – Número de projetos de pesquisa registrados na linha de pesquisa Empreendedorismo
e Pequenas e Médias Empresas, período 1995-abril/2012.
Figura 7 – Número de projetos de pesquisa registrados na linha de pesquisa Finanças
Corporativas, período 1995-abril/2012.
Diferentemente do que poderia parecer à primeira vista, o surgimento das
novas linhas de pesquisa associadas à criação do mestrado não implicou redução
dos projetos voltados para as outras quatro linhas de pesquisa não diretamente as-
sociadas ao novo curso, entre as sete linhas de pesquisa que se destacam no DAD.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
56
Conforme se pode verificar na Tabela 1, apenas a linha de pesquisa Organizações,
Gestão e Políticas Públicas apresentou maior concentração de projetos registrados
no período 2005-2011, com uma média de 17 projetos registrados.
No cômputo dos registros feitos a partir de 1993 até o mês de abril 2012, há 471
projetos de pesquisa nas diferentes linhas de pesquisa existentes no DAD. O maior
número de projetos registrados se concentra nas sete linhas de pesquisa já mencio-
nadas. No período 2005-2011, houve 271 projetos de pesquisa registrados nas li-
nhas apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 – Média e total de projetos de pesquisa registrados, por li-
nha de pesquisa, no período 2005-2011
Linhas de Pesquisa Média de registros
Total de registros
Gestão Pública Contemporânea 3 19
Finanças e Contabilidade Públicas 5 32
Organização, Trabalho e Novas Tec-nologias Gerenciais
5 34
Marketing Contemporâneo, Gestão Estratégica e Informações
4 27
Finanças Corporativas 4 29
Empreendedorismo e Pequenas e Médias Empresas
2 14
Organizações, Gestão e Políticas Públicas
17 116
Total 39 271
Um importante aspecto para o desenvolvimento de atividades de pesquisa é o
seu financiamento. As instituições de fomento, que constituem as fontes de financi-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
57
amento para as pesquisas realizadas pelo corpo docente do DAD, são, no âmbito
estadual, a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig, e no âmbito
federal, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
As principais modalidades de busca de financiamento são os editais universais ou
setoriais (chamadas específicas), ou aqueles relacionados especificamente à obten-
ção de bolsas de iniciação científica. Adicionalmente, identifica-se também a capta-
ção de recursos de outras fontes como a Caixa Econômica Federal – CEF, Secretaria
de Ensino Superior do Ministério de Educação - Sesu/MEC, Fundação Artur Bernan-
des – Funarbe, Programa de Educação Tutorial de Nutrição da UFV - PET/NUT, Mi-
nistério do Esporte – ME e Banco do Nordeste do Brasil - BNB, entre outros.
Na Figura 8 pode-se constatar o resultado do empenho dos pesquisadores do
DAD em relação ao financiamento das atividades de pesquisa, foram 155 projetos
contemplados entre 1995 a 2011, com um expressivo crescimento a partir de 2006,
apenas um ano após o início das atividades do programa de pós-graduação (mestra-
do acadêmico).
Figura 8 – Número anual de projetos de pesquisa registrados que obtiveram financiamento,
período 1995-2011.
Dos projetos de pesquisa registrados no período analisado (1995-2011), 323
foram liderados por 13 docentes doutores que, a partir de 2005, além de atuar nos
cursos de graduação do DAD, passaram a atuar no mestrado em Administração, con-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
58
forme apresentado na Tabela 2. Em média houve 25 projetos por docente no perío-
do. Pode-se verificar que 119 projetos de pesquisa foram contemplados com finan-
ciamento para desenvolvimento das atividades. É importante destacar o esforço de
pesquisa desses docentes, que desenvolveram 204 projetos sem contar com finan-
ciamento, conforme evidenciado pelos dados da Tabela 2. Deve-se ressaltar que dos
13 docentes considerados na análise, 1 (um) já não pertence aos quadros da UFV.
Outro importante fato a ser destacado é que os docentes que ainda não atu-
am na pós-graduação também envidaram esforços para o desenvolvimento das ati-
vidades de pesquisa no DAD, conforme os dados apresentados na Tabela 3. Foram
132 projetos de pesquisa com algum tipo de financiamento liderados por 20 docen-
tes no período analisado, e 98 outros projetos que não contaram com nenhum tipo
de financiamento. Deve-se destacar que 8 desses docentes ingressaram na UFV
apenas a partir de 2007. Outra informação é que no conjunto desses 20 docentes
estão incluídos 13 que compõem o quadro atual, e outros 7 que já se desvincularam
da UFV.
Tabela 2 – Projetos financiados e não-financiados registrados por docentes que atuam nos
cursos de graduação e no curso de Mestrado em Administração no período (1995-2011)
Docente Projetos
Financiados Projetos não Financiados Total
1 14 28 42
2 16 17 33
3 1 2 3
4 3 7 10
5 6 15 21
6 9 25 34
7 14 6 20
8 5 16 21
9 7 22 29
10 2 3 5
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
59
11 26 14 40
12 7 32 39
13 9 17 26
Total 119 204 323
Tabela 3 – Projetos financiados e não-financiados registrados por docentes que atuam nos
cursos de graduação, exceto os que atuam no mestrado
Docente Projetos
Financiados Projetos não Financiados Total
1 1 7 8
2 2 9 11
3 4 3 7
4 5 16 21
5 1 0 1
6 2 0 2
7 0 2 2
8 1 16 17
9 4 4 8
10 2 9 11
11 6 6 12
12 0 5 5
13 0 3 3
14 0 9 9
15 0 1 1
16 1 3 4
17 1 0 1
18 1 0 1
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
60
19 2 3 5
20 1 2 3
Total 34 98 132
Os esforços de pesquisa do DAD refletiram visivelmente em aumento da pro-
dução científica dos seus docentes e discentes. No período 2005-2011, foram publi-
cados 247 artigos em periódicos com liderança ou participação dos docentes que
atuam no Mestrado Acadêmico em Administração, conforme apresentado na Figura
9.
Figura 9 – Produção em periódicos por docentes que atuam na
Pós-Graduação – Mestrado
Em 2010, três livros foram publicados por docentes que atuam no mestrado
em Administração e outros dois livros, em 2011. No período 2005-2011, foram pu-
blicados 36 capítulos de livros pelos docentes que atuam no mestrado, reflexo da
intensificação das suas atividades de pesquisa (Figura 10).
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
61
Figura 10 - Capítulos de Livros publicados por docentes que atuam na Pós-Graduação/Mestrado.
Figura 11 - Produção em periódicos por docentes que atuam exclusivamente na Graduação no
período 2005-2011
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
62
Na Figura 11, o estímulo ao desenvolvimento de atividades de pesquisa refle-
te-se também na produção dos docentes que atuam exclusivamente nos cursos de
graduação, tendo sido publicados 35 artigos em periódicos no período 2005-2011.
Os docentes do DAD têm obtido êxito em suas atividades de pesquisa e de
publicação, haja vista premiações e menções obtidas. Na Figura 12, podem-se visua-
lizar as premiações obtidas pelos trabalhos de docentes que atuam no mestrado em
Administração que, no período 2005-2011, lograram 44 prêmios. Também os docen-
tes que não atuam no mestrado obtiveram 4 prêmios no mesmo período. Esses re-
conhecimentos são importantes pela visibilidade que trazem para as atividades de
pesquisa desenvolvidas no DAD bem como pela oportunidade apresentar à comuni-
dade científica e à sociedade os resultados dos estudos realizados no departamento.
Figura 12 - Premiações de docentes que atuam na
Pós-Graduação – Mestrado no período 2005-2011
O DAD conta com sete grupos de pesquisa, conforme registrado nos Diretó-
rios de grupos de pesquisa CNPq em 2012, que são apresentados na Tabela 4, com
seus respectivos líderes.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
63
Tabela 4 – Grupos de pesquisa, número de pesquisadores e de estudantes
Grupo Líder do Grupo Pesquisadores Estudantes
Administração Pública e Gestão
Social Marco Aurélio M. Ferreira 18 33
Gestão e Políticas Públicas Adriel Rodrigues de Oliveira 12 21
Contabilidade e Finanças Thiago de Melo Teixeira da
Costa 14 06
Organizações e Empreendedo-
rismo
Telma Regina da Costa Guima-
rães Barbosa 11 03
Conselhos de Gestores e Ac-
countability Adriel Rodrigues de Oliveira 04 03
Gestão e Desenvolvimento de
Territórios Criativos Magnus Luiz Emmendoerfer 10 08
Ensino e Pesquisa em Adminis-
tração e Contabilidade Nálbia de Araújo Santos 11 01
Aspectos positivos das atividades de pesquisa desenvolvidas no DAD são:
• Expansão e evolução da qualidade da pesquisa no DAD;
• Viabilização dos esforços para consolidar a pós-graduação stricto sensu;
• Consolidação das atividades de pós-graduação lato sensu;
• Reflexos positivos para o ensino de graduação;
• Melhoria constante do uso de habilidades e técnicas de pesquisa;
• Aumento da publicação em periódicos qualificados;
• Desenvolvimento de expertise para a prospecção de recursos para financiar
novos projetos; e
• Forte incremento nas atividades de iniciação Científica (Pibic/Probic/Pibex).
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
64
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
Com a preocupação de avançar na consolidação do PPGADM e das atividades de
pesquisa do DAD de uma maneira geral, alguns desafios estão postos e deverão re-
ceber atenção qualificada nos próximos períodos. São eles:
• Reestruturação das linhas de pesquisa, contemplando os avanços temáticos
das áreas de estudo;
• Estímulo perene para a pesquisa e a publicação;
• Aprofundamento das relações e ampliação das fontes de financiamento;
• Incrementar os laços acadêmicos entre os pesquisadores do DAD e de outros
departamentos do CCH e da UFV; e
• Ampliar as redes de relacionamento com pesquisadores de outras universida-
des, instituições de pesquisa, brasileiras e estrangeiras.
O corpo de pesquisadores do DAD está envolvido e empenhado no crescimento
e no desenvolvimento das atividades relacionadas à pesquisa no âmbito do DAD e
fora dele, buscando o reconhecimento no cenário nacional, o que se refletirá em um
programa de pós-graduação forte e um departamento consolidado e significativo
para a comunidade universitária da UFV.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
65
DEPARTAMENTO DE ARTES E HUMANIDADES - DAH/UFV:
DETERMINANTES E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Andrea Bergallo Snizek
Evanize Kelli Siviero Romarco
Fátima Wachowicz
Juliana Carvalho Franco da Silveira
Kátia Imaculada Moreira
Laura Pronsato
Michelle Gabrielli
Solange Pimentel Caldeira4
1. INTRODUÇÃO
O Curso de Dança foi criado em 2002 e veio formar com os cursos de
Comunicação Social, Geografia e História o Departamento de Artes e Humanidades
(DAH), que, posteriormente, foi desmembrado em 3 departamentos.
Antes da implantação do Curso de Dança, o Departamento de Educação Física
(DES) já desenvolvia projetos na área com programas de extensão, iniciação
científica, apresentações periódicas de festivais realizados por alunos das disciplinas
Dança I e II, obrigatórias da grade curricular do curso.
Como sequência lógica, a proposta da implantação do Curso de Dança parte
da iniciativa de professoras do Departamento de Educação Física da UFV –
professoras Maristela Moura Silva Lima e Alba Pedreira Vieira – juntamente com
outros profissionais das áreas de Dança e de Educação.
A proposta do Curso de Dança teve como justificativa o fato de que poderia
compensar a necessidade emergente do mercado de trabalho, seguindo a formação
profissional sugerida pelo MEC/Sesu (1999), que propunha oferecer educadores
capacitados para suprir as necessidades e demandas das organizações e instituições
locais, regionais e nacionais em níveis socioculturais, artísticos e educacionais. A UFV
4 Professora aposentada pela UFV.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
66
foi pioneira na área da Dança no Estado de Minas Gerais, primeiro curso superior na
área e décimo terceiro do Brasil.
Embora tenha significado um esforço extraordinário, o reduzido número de
professores efetivos no início do curso (três a quatro docentes) não impediu o
rápido amadurecimento na relação com a administração superior, com os pares,
com o corpo discente e com a estrutura administrativa da UFV.
Com oito professoras efetivas (Alba Pedreira Vieira, Andrea Bergallo Snizek,
Evanize Kelli Siviero Romarco, Fátima Wachowicz, Juliana Carvalho Franco da
Silveira, Laura Pronsato, Maristela Moura Silva Lima, Solange Pimentel Caldeira) e
duas professoras substitutas (Michelle Aparecida Gabrielli e Katia Imaculada
Moreira), o Curso de Dança mantém seus laboratórios, oferece disciplinas
obrigatórias e optativas, orienta trabalhos de conclusão de curso, participa de
congressos e seminários, além de promover incansavelmente espetáculos e mostras
públicas.
Apesar da separação dos departamentos, o edifício sede do DAH compartilha
as salas com os três departamentos citados e também com Ciências Sociais. Tem o
prédio do Curso de Dança, com duas salas de aula, secretaria, pequenos laboratórios
de figurinos e instrumentos, a midiateca e os gabinetes de professores.
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE ARTES E HUMANIDADES
Através de vários projetos, o Curso de Dança vem buscando ampliar e
aproximar a comunidade das modalidades artísticas através de seus cursos de
extensão e projetos de pesquisa, além das apresentações artísticas que são levadas
às escolas, ou dos estudantes trazidos à Universidade, oportunidades oferecidas na
sede do Curso de Dança ou no Espaço Cultural Fernando Sabino. A reflexão sobre
procedimentos de criação e poéticas da dança, princípios de estrutura estética,
jogos performáticos, interdisciplinaridade e modalidades de dança embasam
pesquisas voltadas para a contemporaneidade, o imaginário e a teatralidade.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
67
2.1. Grupos e linhas de pesquisa
O DAH tem dois grupos de pesquisa registrados no CNPq: Grupo de Pesquisa
Transdisciplinar em Dança, que tem como líderes as professoras Alba Pedreira Vieira
e Maristela Moura silva Lima, e o Grupo de Estudos Integrados de Dança, Teatro,
Dança Teatro e Tecnologia em Dança, liderado pela professora Solange Caldeira.
O Grupo de Pesquisa Transdisciplinar em Dança é constituído por Professores
Assistentes e Adjuntos de Graduação e Pós- Graduação da UFV, UFBA, Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais/MG e da Unesp/SP. Participam também
estudantes da graduação da Universidade Federal de Viçosa. O referido grupo vem
desenvolvendo trabalhos em articulação com outros grupos de pesquisa atuantes
em universidades do Brasil, entre eles o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e
Extensão em Contemporaneidade, Imaginário e Teatralidade (Gipe-CIT), buscando
estimular o debate e a consequente troca de informações entre pessoas das mais
diversas áreas do conhecimento a exemplo da Dança, Educação, Educação Física,
Ciências Sociais, Comunicação e demais áreas das Ciências Humanas e Sociais.
O Grupo de Estudos Integrados de Dança, Teatro, Dança-Teatro e Tecnologia
em Dança abriga pesquisadores e discentes da UFV (sede do Grupo), UFBA, UFSC,
Unirio, UFU, PURDUE. Resulta de equipe constituída por artistas/professores/
pesquisadores, que desenvolvem pesquisas de caráter teórico e teórico-prático na
área teatral, de dança, fotografia, instalação e tecnologia, orientando projetos de
iniciação científica e trabalhos dos cursos de graduação, qualificando pesquisadores
junto ao Pibic-CNPq, Pibic-Fapemig, Pibex-UFV. Além de projeto discente
desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Dança (mestrado) da UFBA e
projeto internacional Visual and Performing Arts, com a Purdue University, USA.
Os resultados das investigações em curso apontam caminhos teóricos,
práticos e metodológicos para o campo acadêmico e artístico da pesquisa em dança,
teatro, dança-teatro, instalação-performance, dança-tecnologia digitais, software,
bem como o desenvolvimento de novos projetos também de extensão com os
espaços formais e informais de ensino da dança, da fotografia e do teatro em
interfaces. Os membros do grupo também participam de outros núcleos e projetos
de pesquisa, tecendo, assim, relações de contínuo intercâmbio. Os dois grupos têm
sido contemplados com bolsas e auxílios de diferentes agências (CNPQ, Fapemig,
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
68
UFV, Capes). A área predominante é Linguística, Letras e Artes e tem como linhas
de pesquisa:
I - Dança e educação
Abarca as pesquisas que estudam a relação entre Dança e Educação,
envolvendo aspectos como o processo ensino-aprendizagem, permeado por
princípios pedagógicos inseridos tanto em instituições de ensino formal como não-
formal. Enfoca a Dança como uma linguagem artística, resultado de uma construção
cultural humana, portadora de um duplo aspecto educativo. Ou seja, a Dança é
objeto e meio educacional, influenciando e sendo influenciada pelo contexto
histórico.
II - Dança e sociedade
Essa linha de investigação compreende as pesquisas fundamentadas nas
Ciências Humanas e Sociais em suas interfaces com a Dança. Envolvem os estudos
das manifestações artísticas e culturais dos diferentes grupos sociais, pontuando
aspectos da Ciência Política, Sociologia, Antropologia, História, Psicologia e demais
afins, dando atenção prioritária à temática da Dança. São consideradas as
especificidades de cada um desses campos, mas privilegiadas suas inter-relações
com a Dança.
III - Fruição em dança
Essa temática compreende as pesquisas que exploram as possibilidades de
ampliar o acesso ao conhecimento sensível, imagético e criativo da população,
propiciando uma educação, não somente para um novo olhar, mas para os diversos
olhares que a arte difunde. Inclui a construção e o desenvolvimento de processos de
educação, de formação da sensibilidade estética do público.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
69
IV - Poéticas da cena: transposição de linguagens e tecnologias
Compreende estudos comparados analítico-crítico-conceituais desenvolvidos
a partir dos diversos sentidos contidos no conceito de dramaturgia, desde seu
entendimento como arte de construção formal e ideológica da obra até a arte de
constituição da especificidade do texto cênico, abordando não só questões relativas
a múltiplas práticas de autoria, como também a processos de transposição de
discursos de linguagens não-teatrais, inclusive processos de interfaces multimídia
digitais, para o discurso teatral, linguagens teatrais e literárias para o discurso
corporal.
V - Práticas e processos em artes
Pesquisas ligadas à visualidade, à plástica, ao corpo, à atuação, ao texto e à
música, articulando reflexão, processos de criação, ensino e aprendizagem.
VI - Processos criativos em dança
Investiga a criação e produção de trabalhos artísticos e, mais especificamente,
obras coreográficas em solo e grupo. Essas investigações tratam dos procedimentos
únicos e diferenciados tanto na criação como na montagem de concepções
coreográficas, bem como dos elementos pilares da criação em Dança como o corpo
e a geração, interpretação, exploração, seleção, avaliação e estruturação de
movimentos, do impulso criativo e de aspectos cênicos.
VII - Processos formativos e atuação cênica
Esta linha integra pesquisadores que investigam diferentes concepções,
procedimentos e metodologias relacionados à atuação e à formação do intérprete
cênico, ator-bailarino, concernentes aos diversos aspectos de seu aprendizado, com
enfoque especial na prática laboratorial como lugar privilegiado de investigação.
Estes trabalhos estão voltados tanto para as concepções já consolidadas do
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
70
bailarino-ator quanto para as questões relativas à contemporaneidade cênica da
dança, do teatro e da dança-teatro.
Abaixo, uma síntese das linhas de pesquisa em que as docentes do DAH
atuam:
PROFESSORAS LINHAS DE PESQUISA
Alba Pedreira Vieira I, II, III
Andréa Bergallo Snizek V,VI, VII
Evanize Kelli Siviero Romarco I, V, VII
Fátima Wachowicz III, V, VI, VII
Juliana C. Franco da Silveira IV, V, VI, VII
Kátia Imaculada Moreira V, VII
Laura Pronsato V, VII
Maristela Moura Silva Lima I, III, V, VI
Michelle Aparecida Gabrielli III, IV, VI
Solange Pimentel Caldeira IV, V, VII
Até 2011, o DAH tinha uma média de quinze bolsistas de IC, bolsas divididas
entre Fapemig, CNPq, Capes e Pibex. Além das bolsas, tem recebido prêmios, como
a Menção Honrosa no XVIII Simpósio de Iniciação Científica - UFV, em 2008, e
Prêmio Arthur Bernades de Iniciação Científica, Funarbe, em 2008, coordenadas
pela professora Evanize Siviero Romarco. Ainda em 2008, o Corpo Brinca,
coordenado pela professora Laura Pronsato, também recebe Menção Honrosa como
projeto de extensão.
Em 2010, recebeu menção honrosa o projeto ‘Sarau Cultural’ e, em 2011, a
pesquisa ‘Alfabetizar em Dança’, ambas coordenadas pela professora Alba Pedreira
Vieira. Além do projeto ‘Forró Pé de Serra’, merecedor de prêmio em 2010,
coordenado pela professora Maristela Moura Silva Lima.
Também fazem parte do calendário anual do Departamento dois Seminários:
‘Seminário e Mostra Nacional de Dança Teatro’ e o ‘Seminário Argumentos do
Corpo’, coordenados, respectivamente, pelas professoras Solange Caldeira e Andrea
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
71
Bergallo Snizek, que têm recebido pesquisadores e artistas importantíssimos da área
da Dança e do Teatro, projetos que contam com apoio Fapemig e Pibic/CNPq.
O trabalho de interdisciplinaridade permeia toda a produção de pesquisa do
Curso de Dança/DAH, com estreitos laços com a literatura, comunicação social e
formação de docentes.
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
Em construção, há o Espaço Cultural Fluxo, que deverá ser inaugurado em
2012, resultado do projeto das professoras Alba Pedreira Vieira e Carla Cristina
Oliveira de Ávila, com o intuito de ampliar e possibilitar ambiente para novas
práticas artísticas não só para os alunos, mas também para a comunidade de Viçosa.
Em prédio anexo ao Curso de Dança, estão previstos, em sua estrutura, um
auditório, laboratórios de iluminação, sonoplastia e salas de aula, onde poderão
acontecer cursos de arte e espetáculos de diversas linguagens artísticas.
O Espaço Fluxo criará oportunidades para a fruição, usufruição e divulgação
de conhecimento cultural das mais diversas áreas e o diálogo entre o saber
acadêmico e o saber local e regional.
A ideia da criação do Mestrado em Dança está presente como principal e
urgente meta do DAH, pois no Brasil existe apenas um Mestrado em Dança, na
Universidade Federal da Bahia. Por enquanto, o DAH tem a professora Alba Pedreira
Vieira como colaboradora do mestrado em Artes da Unesp do Curso de
Especialização Lato Sensu Pedagogias da Dança e a professora Solange Pimentel
Caldeira também como colaboradora do Mestrado em Letras da UFV, sinalizando
uma interdisciplinaridade em nível de pós-graduação.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
72
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DCS/UFV:
DETERMINANTES E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Daniela Alves de Alves
Marcelo José Oliveira
1. INTRODUÇÃO
O Departamento de Ciências Sociais - DCS e o Curso de Ciências Sociais foram
criados, simultaneamente em 2008, conforme Projeto Político-Pedagógico do Curso
de Ciências Sociais, envolvendo formação em Licenciatura e Bacharelado, atenden-
do o que determina o Decreto N. 6.096, de 24 de abril de 2007, que institui o Pro-
grama de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
– Reuni. A proposta de criação do Departamento de Ciências Sociais na Universidade
Federal de Viçosa atende à demanda de formação profissional para atuar em ativi-
dades nos setores público, não governamental e privado, e também no magistério
do ensino médio e superior. Observa-se crescente demanda social pela ampliação
do número de profissionais nesta área, tanto em função da obrigatoriedade de in-
serção da disciplina Sociologia nos currículos dos cursos de Ensino Médio, desde o
ano de 2008, quanto pela necessidade de profissionais para atuar em projetos de
investigação para compreensão, análise e intervenção em diferentes realidades, ou
para atuar em consultorias e assessorias que envolvam questões de ordem social,
cultural e política.
As ciências sociais no Brasil têm se profissionalizado nos últimos anos, acres-
centando à sua vocação humanista um crescente investimento em programas e pro-
jetos de pesquisa voltados para a compreensão da realidade brasileira. O objetivo
de formar bacharéis se insere neste esforço de contribuir com a ampliação e a quali-
ficação das ciências sociais no Brasil. Da mesma forma, é crescente o número de
mestres e doutores nas três áreas que compõem as Ciências Sociais: Sociologia, An-
tropologia e Ciência Política.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
73
Em 2012, o Departamento contava com doze professores efetivos56, além de
um professor visitante e dois professores substitutos, divididos, equilibradamente,
por formação acadêmica, entre as três grandes áreas: Sociologia, Ciência Política e
Antropologia. A diversidade das instituições de origem e de formação destes profes-
sores é mérito do corpo docente, formando um grupo ao mesmo tempo heterogê-
neo em trajetórias, articulado nas suas propostas de trabalho.
Além do bacharelado e da licenciatura em Ciências Sociais, o DCS ofertou um
curso de pós-graduação lato sensu em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Ra-
ça, cujo objetivo foi capacitar profissionais para atuar na elaboração, monitoramen-
to e avaliação de programas e ações relacionadas às temáticas de gênero e raça. Es-
ta especialização, coordenada pela professora Maria de Fátima Lopes, pesquisadora
em antropologia social, surgiu como consolidação de pesquisas nas temáticas da
desigualdade de gênero, objetivando o retorno social do conhecimento produzido
em ciências sociais para a melhoria da gestão pública.
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
O Departamento é composto por um quadro de professores que, pelas traje-
tórias de formação, representam influências de IES com boa referência de Progra-
mas de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no Brasil e exterior, como a
UFMG, USP, Unicamp, UFRJ/Museu Nacional/IFCS, UERJ/Iesp/(Iuperj), UFRGS e
UFSC. Há professores com experiência de formação na pós-graduação em institui-
ções renomadas internacionalmente: um mestrado na Michigan State University;
dois estágios doutorais na França, na École des Hautes Études en Sciences Sociales
(Paris) e Université de Toulouse le Mirail; um estágio doutoral no Centro de Investi-
gação em Sociologia Económica e das Organizações, na Universidade Técnica de Lis-
5 Professores efetivos: Prof. Marcelo José Oliveira, Profa. Daniela Alves de Alves, Prof. Douglas Mansur da Silva (coordenador do Curso de Ciências Sociais); Profa. Nádia Dutra de Sousa (Chefe do Departamento); Profa. Maria de Fátima Lopes; Prof. Paulo Shikazu Toma; Prof. Jeferson Boechat Soares; Prof. Vera Lúcia Travençolo Muniz (aposentada); Prof. Diogo Tourino de Sousa; Profa. Daniela Leandro Rezende; Profa. Débora Cristina Goularte e Prof. Marcelo Ottoni Durante. Visitante: Profa. Ana Paula da Silva. Substitutos: Prof. Luciano Rodrigues Costa e Prof. Ricardo Luiz Cruz. 6 Agradecemos a todos os colegas do DCS pelo fornecimento dos dados para a confecção deste artigo.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
74
boa; e três pós-doutoramentos envolvendo USP, Instituto de Ciências Sociais da Uni-
versidade de Lisboa e Universidad Complutense de Madrid.
A pesquisa no Departamento de Ciências Sociais da UFV segue prioritariamen-
te os campos científicos da Sociologia, Ciência Política e Antropologia, classicamente
definidos como pilares nas Ciências Sociais. O que faz a especificidade de cada uma
destas áreas é a forma como são elaboradas suas abordagens a partir do recorte
epistemológico e do foco teórico-metodológico dado ao objeto de estudo7. Os tra-
balhos de investigação científica e produção no DCS ocorrem em consonância com
estas áreas mestras, sob influência das subáreas de concentração de formação do
corpo docente, das demandas institucional e regional. O DCS optou pela estratégia
de criar, a partir do perfil de pesquisa dos seus professores efetivos, um grupo de
pesquisa no CNPq, intitulado Ciências Sociais e Transformações da Sociedade Con-
temporânea. As linhas de pesquisa do grupo agregam os temas de investigação dos
professores. As linhas são: Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente; Conflitos e Políticas
da Diferença; Desigualdade, Inclusão e Minorias; Gestão Pública; Instituições e
Comportamento Político; Teoria Política; e Teoria Social e Mudanças no Capitalismo.
O grupo reúne uma parte significativa dos professores do DCS e objetiva con-
solidar um perfil interno de pesquisa, dando organicidade aos trabalhos de investi-
gação e de publicação dos professores, envolvendo os seguintes temas: gestão pú-
blica, políticas de Estado, pensamento político brasileiro, ações afirmativas, movi-
mentos sociais, política e juventude, sociologia do trabalho, segurança pública, soci-
edade e inovações tecnológicas, tecnologia e produção de subjetividade, ensino a
distância, sociedade e meio ambiente, gênero/raça e relações de poder, saúde e di-
reito sexual-reprodutivo, estudo da família, cultura e poder, identidades e políticas
da diferença, migrações internacionais, memória social e patrimônio cultural, cultu-
ra urbana, entre outros.
Alguns docentes fazem parte de Grupos de Pesquisa de outros órgãos inter-
nos, mantendo relações interdepartamentais com os seguintes Grupos: Núcleo In-
terdisciplinar de Estudos de Gênero (CCH – UFV); Famílias, Políticas Públicas, Desen-
7 GIDDENS, A.; TURNER, J. Teoria Social Hoje. São Paulo: UNESP, 2002. PIERSON, D. Teoria e Pesquisa em Sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1981.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
75
volvimento Humano e Social (Departamento de Economia Doméstica – UFV); Insti-
tuições, Política e Cultura (Departamento de História - UFV); Instituições, Recursos
Comuns e Desenvolvimento Sustentável (Departamento de Economia Rural – UFV).
Também contamos com a participação dos professores em orientações e coorienta-
ções de monografias e dissertações em outros Cursos e Programas de Pós-
Graduação, entre eles o de Economia Doméstica, Engenharia Florestal, História, Le-
tras, Extensão Rural e Educação. Abaixo, a participação dos professores do DCS em
grupos de pesquisa institucionais.
Professor(a) Grupo de Pesquisa na UFV
Maria de Fátima Lopes
Famílias, Políticas Públicas, Desenvolvimento Humano e So-cial
GEMAPP: Grupo de Elaboração, Monitoramento e Avaliação de Projetos Sociais
Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero
Marcelo Ottoni Durante
Ciências Sociais e Transformações da Sociedade Contempo-rânea
Teoria Social e transformações do capitalismo contemporâ-neo
Daniela Alves de Alves
Ciências Sociais e Transformações da Sociedade Contempo-rânea
Instituições, Recursos Comuns e Desenvolvimento Sustentá-vel
Teoria Social e transformações do capitalismo contemporâ-neo
Marcelo José Oliveira
Débora Cristina Goulart
Diogo Tourino de Sousa
Ciências Sociais e Transformações da Sociedade Contempo-rânea
Daniela Leandro Rezende
Ciências Sociais e Transformações da Sociedade Contempo-rânea
Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero – UFV Teoria Social e transformações do capitalismo contemporâneo
Vera Lúcia Travençolo
Muniz
Instituições, Recursos Comuns e Desenvolvimento Sustentá-vel
Douglas Mansur da Silva
Ciências Sociais e Transformações da Sociedade Contempo-rânea
GERAR: Grupo de Estudos Rurais - Agriculturas e Ruralidades
Instituições, política e cultura
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
76
A colaboração dos professores do DCS com outros grupos de pesquisa forma-
dos por pesquisadores de outras instituições também é significativa, conforme ve-
remos a seguir.
Professor(a) Grupo de Pesquisa em outras instituições
Marcelo Ottoni Durante Segurança Pública, Violência e Cidade – Unifacs
Violência e Cidadania - UFRGS
Marcelo José Oliveira
Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades - UFSC
Débora Cristina Goulart
Cultura e Política do Mundo do Trabalho – Unesp
Douglas Mansur da Silva
Núcleo de Estudos e Pesquisa Social - NEPS
Centro de Estudos de Migrações Internacionais - Unicamp
Possibilidades futuras podem ser vislumbradas no que se refere à interdisci-
plinaridade, em primeiro lugar porque as ciências sociais produzem um conheci-
mento que, embora sui generis, dialoga diretamente com a filosofia, o direito, a
economia e a história; em segundo lugar, porque uma parte dos professores que
hoje compõem o DCS vieram de outros departamentos da UFV e alguns deles culti-
vam laços de pesquisa nestes departamentos de origem.
Mesmo com a recente criação, o Departamento de Ciências Sociais conta com
treze projetos de pesquisa divididos entre fomentos CNPq, Capes, Pibic, Fapemig e
Funarbe, envolvendo ao todo em torno de trinta e dois estudantes (bolsistas e vo-
luntários). Seguem os títulos dos projetos e respectivos resumos das propostas de
investigação por professor coordenador no DCS:
Pesquisas coordenadas por Maria de Fátima Lopes
“Academia e Construção do Conhecimento: ´Desnaturalizando´ as relações de
gênero a partir do Curso de Economia Doméstica na Universidade Federal de Viço-
sa” tem como objetivo analisar a institucionalização da Economia Doméstica como
um campo disciplinar que elege o universo doméstico como instância dos temas a
serem estudados cientificamente, como a economia familiar, vestuário e têxtil, habi-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
77
tação e decoração, nutrição e saúde, entre outros. O desenvolvimento humano no
currículo de um curso demarca a condição de gênero e ressalta o sistema de classifi-
cação que guarda homologia com a divisão social do trabalho, recorrente ainda nos
dias atuais na sociedade brasileira (Área: Antropologia - Período de vigência: 2010-
2013).
“Academia e Construção do Conhecimento: As Mediações de Gênero nos Cur-
sos de Economia Doméstica na Universidade Federal de Viçosa” objetiva analisar a
relação entre Mulher e Academia, problematizando impactos, produções, reprodu-
ções e ressignificações do conhecimento a partir do lugar ocupado pelas mulheres
em três campos disciplinares: Economia Doméstica, Pedagogia e Medicina Veteriná-
ria na Universidade Federal de Viçosa. Neste projeto, a construção e a análise da
pesquisa se dão em estreito diálogo com a Teoria Feminista, considerando, além do
gênero, outros marcadores sociais, como classe, geração, raça e localidade geopolí-
tica (Área: Antropologia - Período de vigência: 2008-2011).
Pesquisas coordenadas por Daniela Alves de Alves
“O Ensino a distância nas Ciências Sociais: recursos e materiais didáticos” ob-
jetiva pesquisar metodologias específicas de ensino a distância de Ciências Sociais
no contexto de expansão do ensino a distância no Brasil e da crescente expansão do
uso das tecnologias de informação e comunicação na vida cotidiana. A investigação
se justifica na medida em que toda pesquisa voltada para o incremento na qualida-
de do ensino de ciências sociais na modalidade a distância tende a reverter para o
incremento da qualidade do ensino presencial (Área: Sociologia - Período de vigên-
cia: 2010-2011).
"Inovações sociotécnicas e desigualdades sociais: a inclusão digital de jovens
na Microrregião de Viçosa" tem como objetivo mapear quantitativamente e qualita-
tivamente as políticas para o uso do computador e da internet pelos estudantes de
escolas públicas de ensino médio da microrregião de Viçosa, buscando avaliar as
condições de implantação política e de estrutura nas escolas, os principais avanços e
as principais dificuldades e a experiência subjetiva dos jovens com relação às TICs,
dentro e fora da escola. (Área: Sociologia - Período de vigência: 2009-2011).
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
78
“Disciplinamento e controle: uma análise da rede de monitoramento visual
Olho Vivo” é um projeto que parte das discussões sobre as políticas e as práticas
que compõem a denominada biopolítica, no sentido dado por Michel Foucault, e
objetiva um mapeamento das implicações subjetivas e políticas da implantação das
câmeras do Projeto “Olho Vivo” na cidade de Viçosa. O termo biopolítica é utilizado
atualmente para designar e compreender as atuais práticas governamentais que,
dotadas de um caráter de controle, são investidas na resolução de problemas “mas-
sificados” da população, em prol de seu governo mais eficiente e produtivo. Através
das práticas discursivas e não discursivas dos agentes e dos discursos presentes nas
políticas, são mapeadas as modalidades de poder mobilizadas no projeto “Olho V i-
vo”. O projeto também objetiva identificar as representações da população a respei-
to das câmaras de segurança e da implantação deste projeto. Na investigação, são
utilizadas: a) pesquisa documental, análise dos documentos relativos as leis munici-
pais de segurança pública; b) entrevistas com os agentes públicos do Estado envol-
vidos no Projeto; c) entrevistas com transeuntes que circulem diariamente pelas ru-
as em que as câmeras estão instaladas ou tenham pontos comerciais e residenciais
ao alcance das câmeras. (Área: Sociologia – Período de vigência 2012-2013).
Pesquisas coordenadas por Douglas Mansur da Silva
“Cultura cosmopolita versus identidade local? Tensões, divergências e cone-
xões entre moradores de uma cidade da Zona da Mata Mineira” objetiva fazer
etnografia das imagens recíprocas e das relações, tensões, conexões e assimetrias
de poder entre moradores de Viçosa/MG, nativos e migrantes. Entre os objetivos
específicos estão: refletir sobre as relações entre cosmopolitismo e identidade local;
compreender as percepções dos diferentes moradores acerca da cidade e de suas
assimetrias; discutir sobre as formas de mobilidade humana contemporânea e suas
relações com a temática das fronteiras (materiais, espaciais, políticas, simbólicas) e
seu entrecruzamento; e identificar formas de segregação, sociabilidade, territoriali-
dades e configurações do espaço público na cidade, apreendidas tanto em suas for-
mas discursivas e performáticas, quanto imagéticas (Área: Antropologia - Período de
vigência: 2010-2012).
“Um novo interior? Migração na microrregião da Zona da Mata, de Viçosa pa-
ra outras cidades nas décadas de 1960 e 1970 e seus efeitos locais”, objetiva estudar
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
79
a percepção de moradores e migrantes de cidades da microrregião de Viçosa acerca
das mudanças econômicas, políticas e socioculturais ocorridas em seus municípios,
decorrentes do significativo êxodo de parte da população desta região nas décadas
de 1960 e 1970. Outro objetivo consiste em identificar possíveis redes sociais - de
remessa de dinheiro (capitais), mas também de signos, que mantiveram os migran-
tes em contato com as localidades de origem, produzindo efeitos locais (Área: An-
tropologia - Período de vigência: 2010-2011).
Pesquisa coordenada por Marcelo José de Oliveira
“Memória Social e Patrimônio Cultural Imaterial: tradição afrodescendente
como conhecimento praticável na atualização de um presente em mudanças na Zo-
na da Mata Mineira” tem como objetivo compreender os processos de elaboração e
reafirmação do conhecimento popular de moradores afrodescendentes de dois mu-
nicípios da região da Zona da Mata Mineira, Paula Cândido e Viçosa, que se constitui
como “memória social”, delimitando-o como bem que compõe o “Patrimônio Cultu-
ral Imaterial”. A proposta ampara-se nos artigos de Lei para avaliação deste patri-
mônio que se consolida em conhecimentos como “histórias de vida”, “manifesta-
ções religiosas”, “versos”, “cantigas”, “ditos populares” e “causos”, que se fazem
como formas de viver e de identidade de grupo em características étnicas dinâmicas
(Área: Antropologia - Período de vigência: 2012-2013).
Pesquisa coordenadas por Marcelo Ottoni Durante
“Qualidade de Vida dos Alunos da UFV” tem como meta aplicação de survey
pela Empresa Júnior de Ciências Sociais junto aos alunos de graduação da UFV, vi-
sando a monitorar a qualidade de vida dos alunos e sua percepção sobre o que é
necessário para ter qualidade de vida e produzir subsídios para o desenvolvimento
de políticas públicas. (Área: Sociologia – Período de vigência 2010-2011).
“Perfil dos Acidentes de Trânsito em Viçosa” objetiva produzir um diagnósti-
co dos acidentes de trânsito em Viçosa em termos da sua incidência e fatores de-
terminantes, visando a subsidiar a execução de uma campanha educativa junto à
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
80
população de Viçosa para promover a paz no trânsito. (Área: Sociologia – Período
de vigência 2010-2011).=
“Avaliação da Polícia Comunitária no Brasil” é um projeto desenvolvido em
parceria com o Grupo de Pesquisa de Violência e Cidadania / UFRGS e tem como
meta uma avaliação nacional dos programas de polícia comunitária empreendidos
pelos órgãos de segurança pública em âmbito estadual e municipal, visando a iden-
tificar a consolidação cultural e institucional da estratégia da polícia comunitária.
(Área: Sociologia – Período de vigência 2011-2012).
“Vitimização em Viçosa” (2012) trata da realização de survey, em parceria
com o Instituto de Pesquisa Census, visando a traçar o perfil da vitimização da po-
pulação de Viçosa e a qualidade do atendimento prestado pelos órgãos de segu-
rança pública às vítimas da violência e criminalidade. (Área: Sociologia – Período de
vigência 2012).
“Exclusão Social das Mulheres Negras” (2012) envolve a realização de survey
representativo da população de Viçosa, visando a identificar a situação de exclusão
social das mulheres negras, tendo como eixos de análise o acesso a serviços públi-
cos, a atividades profissionais, a atividades de lazer e à informação. (Área: Sociolo-
gia e Antropologia – Período de vigência 2012).
Além dessas pesquisas, aquelas desenvolvidas no âmbito da antropologia têm
como objeto a temática das mudanças sociais e culturais frente ao impacto das mu-
danças econômicas em diferentes contextos de produção de conhecimento popular
regional e científico. Os temas migração, conflito e diferença, identidade étnica, gê-
nero e raça, se articulam em diferentes projetos.
Um dos projetos em andamento, coordenado pela Profa. Maria de Fátima Lo-
pes, trata dos "acordos bilaterais" entre o Brasil e a América do Norte nos anos 50,
nos estudos do mundo doméstico. Neste projeto, são analisadas as relações entre
mulheres e a ciência através do estudo de caso da criação da Economia Doméstica
no Brasil. A clara preocupação com a temática de gênero também se repete em
pesquisa conduzida pela mesma pesquisadora sobre a trajetória científica de mulhe-
res na década de 50. Com tais investigações, objetiva-se fornecer dados para a críti-
ca feminista à teoria do conhecimento, uma vez que levanta problemas teóricos so-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
81
bre a assimetria de poder nos domínios científicos e da maneira como o conheci-
mento é socialmente construído. O tema do gênero é também objeto das investiga-
ções na ciência política, nos estudos que versam sobre a relação entre gênero e le-
gislativo, e na sociologia, nos estudos de gênero, raça e cidadania, como o projeto
sobre inclusão social de mulheres negras na Zona da Mata Mineira.
A pesquisa sobre gênero e legislativo na América Latina, investigação de dou-
toramento da professora Daniela Leandro Rezende, objetiva analisar a efetiva inclu-
são de mulheres no legislativo, atentando não apenas para motivações individuais
para a atuação parlamentar, mas também para as regras que organizam o processo
decisório e normas informais que interagem com aquelas. Nesse sentido, a pesquisa
em desenvolvimento pode ser entendida como uma espécie de releitura das análi-
ses desenvolvidas no campo dos estudos de gênero, à luz de pesquisas sobre insti-
tuições políticas e processo decisório. O foco, portanto, refere-se às regras e proce-
dimentos que afetam o comportamento dos atores políticos, considerando secundá-
rio, mas não menos importante, o debate sobre representação substantiva, repre-
sentação de perspectivas ou política da presença.
A inclusão social e a diferença permeiam vários dos trabalhos de investigação:
tecnológica, de gênero, de raça, cultural. No que se refere ao tema do conhecimen-
to científico ou acadêmico, ele também é objeto de investigação da sociologia, a-
través da análise das políticas públicas de ciência e tecnologia no Brasil8, e também
nas pesquisas sobre o impacto das ciências sociais no ensino médio, nas escolas pú-
blicas brasileiras9. A estes projetos de pesquisa em desenvolvimento somam-se os
trabalhos de pesquisa na área de pensamento político brasileiro, expressos na pes-
quisa de doutoramento do professor Diogo de Sousa Tourino, que versa sobre as
aproximações entre o pensamento conservador brasileiro e parte da tradição repu-
blicana, no século XIX.
Além disto, o Departamento de Ciências sociais tem produzido pesquisas cujo
objetivo é recolher subsídios para avaliação de políticas institucionais, tais como a
avaliação do Pibid (Programa de Iniciação a Docência da UFV).
8 Projeto coordenado pela Profa. Daniela Alves de Alves. 9 Pesquisa coordenada pelo Prof. Diogo Tourino de Sousa.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
82
Atualmente há oito bolsistas de iniciação científica no departamento, uma
bolsa BAT/Fapemig e duas bolsas de pós-doutorado. Dos 12 pesquisadores do corpo
docente integrantes dos Grupos de Pesquisa do Departamento, temos a seguinte
quantificação de produção entre os anos 2008 e 2011:10
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
O DCS, com três anos de existência, vem consolidando redes internas e exter-
nas de pesquisa sob influência das especificidades de formação de seu corpo docen-
te, que tem no seu quadro professores de origens institucionais diversas e de alta
qualidade na área de ciências sociais11. O movimento para criar um programa de
mestrado num futuro breve conduz ao desafio dos trabalhos interdisciplinares e in-
terinstitucionais.
O empreendimento atual dos professores é de consolidar a pesquisa, em con-
sonância com o ensino e a extensão, valorizando a experiência da trajetória indivi-
dual de cada pesquisador, a complementação entre metodologias qualitativas e
quantitativas e as abordagens reflexivas das ciências sociais.
Espera-se expandir os estudos clássicos em ciências sociais, voltados à com-
preensão das relações sociais, das organizações e instituições sociais, do impacto
que a vida coletiva exerce sobre o indivíduo e dos tipos e formas de associação hu-
mana, tendo como parâmetro os processos de mudanças sociais, contribuindo para
a compreensão das realidades local e global.
10 Fonte: ‹http://www.cnpq.br/gpesq/apresentacao.htm› (Acesso em 13/12/2011). 11 Dos 12 professores efetivos, 4 deles cursaram ou cursam (1 professor) doutorado com nota 7, atribuída pela Capes na avaliação 2010. Um doutorado em curso nota 6 e dois em curso nota 5.
2008 2009 2010 2011 Total
Produção Biblio-
gráfica 18 23 41 29 111
Orientação Con-
cluída 21 6 15 3 45
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
83
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - DCM/UFV:
DETERMINANTES E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Soraya Maria Ferreira Vieira12
1. INTRODUÇÃO
O curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de
Viçosa, em funcionamento desde 2001, foi implementado com o intuito de conciliar
demanda locais e regionais com as especificidades do campo de atuação profissional
do jornalismo. O curso foi aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão –
Cepe/UFV, Ata n 360 de 12 de julho de 2000, reconhecimento pela Portaria MEC
n.555 de 25 de fevereiro de 2005. Composto por nove docentes efetivos, dois
docentes afastados em capacitação e dois substitutos. A parte administrativa conta
com um assistente em administração e um funcionário contratado. Em 14 de
outubro de 2009 foi criado o Departamento de Comunicação Social (DCM),
Resolução 18/2009/Consu. Neste mesmo ano, ele recebeu o título de melhor curso
de jornalismo do Brasil (Enade) e vem mantendo 4 estrelas no Guia do Estudante
desde 2009.
No período de 2008 a 2011, o curso foi ganhador no Expocom – regional
maior evento na área de comunicação realizado anualmente, de 16 projetos nas
áreas de jornalismo visual, radiojornalismo, fotografia artística, jornal-laboratório,
blog, website, produção multimídia. Em âmbito nacional, no mesmo período, foi
vencedor nas áreas de jornalismo visual, radiojornalismo, fotografia jornalística,
website, produção multimídia e programa laboratorial de radiojornalismo.
Espera-se que o egresso deste curso esteja preparado para atuar nos mais
diferentes contextos profissionais do campo de trabalho. Em termos gerais, o
jornalista formado no curso deverá ser um profissional com qualificação técnica
para produção, tratamento e gerenciamento dos fluxos de informação e
comunicação de natureza jornalística nos meios de comunicação convencionais
12 Na época do II Fórum do CCH era Professora Adjunta 3 do Departamento de Comunicação Social da UFV. Hoje é Professora Adjunta 4 da FACOM - Faculdade de Comunicação do Departamento de Comunicação e Artes da UFJF. É Mestre e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
84
(rádio, televisão, cinema, revista e jornal); nas novas mídias, como os canais de TV a
cabo, multimídia e internet; nos departamentos de comunicação de instituições
governamentais, de autarquias e de empresas comerciais, industriais e de serviços;
e nas assessorias de imprensa e de comunicação. Neste contexto de atuação, o
egresso deve estar apto a compreender as especificidades de linguagem de cada
suporte, visando a produzir informações de caráter jornalísticas de acordo com os
formatos e processos de produção consolidados e emergentes.
De forma complementar, a partir de um embasamento de caráter
humanístico e conceitual, o egresso deve estar apto a interpretar o complexo
contexto de atuação do “mediador” jornalista na sociedade contemporânea, tendo
em vista principalmente os aspectos éticos da atuação profissional e social. A partir
de uma leitura crítica da realidade social e do campo da comunicação, espera-se que
atue priorizando a informação de interesse público e a construção de uma
sociedade mais justa e democrática. A capacidade de inovar e experimentar novas
linguagens do jornalismo assim uma compreensão das rápidas mudanças
tecnológicas e conceituais da área são também habilidades e competências
esperadas dos alunos após o ingresso no mercado de trabalho.
Neste contexto, o curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFV busca
fornecer aos discentes uma formação universitária que combine o domínio das
habilidades técnicas inerentes à profissão com uma forte visão humanista e ética da
realidade social, econômica e cultural em que sua atuação está situada. O fato de
estar sediado em uma cidade do interior de Minas Gerais, na região da Zona da
Mata Mineira, foi também fator decisivo para a concepção e implementação do
curso. As especificidades da prática do jornalismo em cidades de pequeno e médio
porte, por exemplo, são preocupações que norteiam as atividades de ensino,
pesquisa e extensão executadas pelo curso.
Uma carga horária significativa do curso é composta por disciplinas de caráter
teórico/conceitual do campo da Comunicação Social e de Ciências Humanas em
geral. Disciplinas como Teorias da Comunicação, Estática da Comunicação e
Comunicação Comparada procuram abordar temas históricos e contemporâneos
sobre o fenômeno da comunicação, situando seu papel central na sociedade atual.
Disciplinas oferecidas por outros departamentos da UFV, como Letras, História,
Economia Rural, Economia e Direito, compõem a matriz curricular obrigatória do
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
85
curso e permitem aos alunos um contato não apenas com teorias e autores clássicos
das Ciências Humanas, mas ainda com docentes e discentes de outras áreas de
formação, ampliando uma visão de mundo esperada de um bom jornalista. Neste
sentido, aliada às especificidades do campo da Comunicação Social/Jornalismo, a
diversidade acadêmica e cultural surge no campus de Viçosa como uma das facetas
que influenciam positivamente o ensino-aprendizagem do jornalismo.
Além do ensino, o curso vem procurando oferecer atividades de pesquisa e
extensão que explorem ao máximo as vocações institucionais, regionais e do corpo
docente e discente. Projetos elaborados por professores do curso e registrados
junto à Universidade possibilitam aos alunos a participação em discussões, trabalhos
de campo, pesquisas e outras atividades realizadas dentro e fora da UFV.
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Deve-se assinalar que a pesquisa em si no Departamento de Comunicação –
DCM é intrinsecamente interdisciplinar, pois seu campo já vem marcado por essa
característica, ou seja, as teorias da comunicação importam para dar
fundamentações teóricas ao seu campo de referências, de metodologias
decorrentes, sejam elas das Ciências Sociais, da Literatura, da Economia Política,
das Artes/Estética, da Cibercultura e, mais atualmente, das Ciências Cognitivas.
Entretanto, em termos de pesquisas oficialmente efetuada e proposta de maneira
interdepartamental dentro da própria UFV ou externamente a ela, o departamento
ainda não apresenta resultados que possam servir de exemplo a esta prática.
Cabe mencionar que as monografias de conclusão de curso dos alunos
apresentam relações que apontam para o exercício da interdisciplinaridade, já que o
departamento não conta com curso seja de pós-graduação, stricto ou lato sensu. No
primeiro gráfico abaixo, temos o total de monografias defendidas, fruto do trabalho
de pesquisa de alunos orientados pelos professores.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
86
No segundo gráfico, já se vislumbra a diversidade de áreas dentro do campo
da comunicação, sendo que no tocante a área jornalismo, com 47% do total, são
apresentadas pesquisas na área de telejornalismo e práticas jornalísticas advindas
de outras áreas como jornalismo impresso, jornalismo literário, meio ambiente, que
ainda não se encontram catalogadas de maneira adequada dentro do campo da
comunicação.
O gráfico a seguir mostra algumas palavras-chave mais utilizadas, no entanto
a palavra Comunicação apresenta um total de 48% de citações. Mas cabe ressaltar
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC
POR ANO - CURSO DE JORNALISMO
2004 A 2010
13 4
42
4837
35
332004 2005
2006
20072008
2009
2010
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC
POR ÁREA - 2004 A 2010
29%
7%
47%
4%4%
6% 3%
Comunicação
Documentário
Jornalismo
Radiojornalismo
Cinema
Fotojornalismo
Multimídia
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
87
que a palavra ganha uma amplitude grande, pois sua compreensão no campo tem
ido bem além da compreensão no âmbito do estudo dos meios de comunicação,
entrelaçando as pesquisas para além do campo disciplinar, indo ao encontro dos
estudos da cultura popular, da história oral, da literatura e da informática.
Entretanto, estes cruzamentos ainda não foram devidamente sistematizados.
O Departamento conta com a seguinte linha de pesquisa registrada junto à
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV: Comunicação, Sociedade e
Cultura. Entretanto, esta linha respondia aos anseios de englobar a maior parte dos
professores que antes estavam lotados no antigo DAH-Departamento de Artes e
Humanidades, que hoje não condiz mais com a realidade do DCM, precisando assim
ser revista e ampliada.
Existem três grupos de pesquisa vinculados ao CNPq: ”Comunicação,
Linguagem e Tecnologia”, “Assessoria de Imprensa” e “Jornalismo Impresso”. Em
2011, contava com 15 projetos de pesquisa registrados na UFV, sendo sete em
andamento, com quatro bolsas de pesquisa. O foco tem sido para jornalismo,
telejornalismo, multimídia, meio ambiente, jornalismo científico, linguagem popular,
crônica esportiva, grupos religiosos, jornalismo comunitário, gênero, tecnologia e
práticas colaborativas.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC - ÁREA DE COMUNICAÇÃO
PALAVRAS CHAVES MAIS UTILIZADAS
2004 A 2010
Comunicação
48%
Assessoria de Imprensa
19%
Comunicação Empresarial
14%
Comunicação Organizacional
11%
Indústria Cultural
8%
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
88
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
Retornando à área de conhecimento em que a Comunicação se inscreve, a
das Ciências Sociais Aplicadas, frisa-se que a Comunicação não visa apenas ao
objetivo fundamental de pensar os processos de comunicação, mas também ao
objetivo de pensar a sua epistemologia, pensar a produção de sentido dado às
mídias. Aliás, trata-se de um campo que tem produção estrondosa não apenas
nacional, mas internacionalmente, com suas associações e periódicos próprios
recomendados pela Qualis.
Portanto, a parte mais popularizada e divulgada como sendo ofício da
Comunicação é a formação prática, que recebe ênfase na graduação,
completamente contemplada no Curso. Além deste fato, devemos lembrar que a
pesquisa em comunicação tem tentado transformar a realidade midiática em seu
próprio objeto do conhecimento, tamanha e explosiva tem sido o fenômeno da
comunicação. Vale citar todas as diferentes formas de linguagem possíveis com a
convergência das mídias, que com muita força tem se lançado na pesquisa e ensino.
A questão da pertinência da pesquisa em Comunicação deve ser uma
preocupação constante da UFV. É sabido que os estudos de comunicação têm
procurado desenvolver metodologias para a compreensão de objetos e linguagens
novas que surgem, como, por exemplo, a pesquisa em multimeios, sons, imagens,
representação cultural, cultura das mídias e cibercultura.
Após esses quase três anos de existência, o DCM já vem projetando a
possibilidade de em um futuro próximo expandir seu campo de ação para outras
habilitações de acordo com as demandas já verificadas do nosso corpo discente, que
vem das regiões vizinhas de Ubá, Coronel Pacheco, Visconde do Rio Branco, Juiz de
Fora e até mesmo de outros Estados. Além disto, tem mostrado condições de em
breve oferecer curso lato sensu em áreas afins ao Jornalismo em razão da
contratação de novos professores e a partir da concretização do Plano de
Capacitação dos Docentes, que começa a entrar em vigor. Boa parte de nossos
egressos e outros alunos já formados em outros Cursos poderiam ter essa
oportunidade de retornar à Instituição, refletindo a política institucional de pesquisa
que dá sustentação aos cursos da UFV.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
89
A questão da pertinência da pesquisa em Comunicação deve ser uma
preocupação constante da UFV. A partir das pesquisas até agora realizadas e muitas
sem registro, começa-se a delinear as linhas de pesquisa, bem como os objetos de
estudos possíveis dentro do DCM. É sabido que os estudos de comunicação têm
procurado desenvolver metodologias para a compreensão de objetos e linguagens
novas que surgem. O aprofundamento e a expansão da área vêm exigindo novos
desafios do campo da comunicação. Exemplo disto é que, desde sua criação, o curso
de Comunicação Social esteve presente entre os de maior procura na UFV.
Com o evento II Fórum de Pesquisa do CCH: Interdisciplinaridade,
ficaram claros alguns desafios para o DCM como a necessidade de aprofundar as
reais especificidades da área de comunicação do DCM, organização das áreas no
próprio departamento, reflexão sobre o campo da comunicação, e de sistematizar
conhecimentos e metodologias que mostrem a interdisciplinaridade com outras
áreas como antropologia, ciências sociais, letras, história, arquitetura, a partir de
pesquisas que vêm sendo realizadas, procurando construir e sistematizar saberes
compartilhados com outros departamentos, delinear as linhas de pesquisa, bem
como os objetos de estudos no Departamento e sobretudo construir os grupos de
pesquisa de maneira a propiciar o hábito de pesquisa junto aos alunos, nossos
futuros pesquisadores.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
90
DEPARTAMENTO DE DIREITO - DPD/UFV: DETERMINANTES E
PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Guilherme Nacif de Faria
1. INTRODUÇÃO
O projeto inicial da UFV para o curso de Direito era o de um curso voltado pa-
ra a pesquisa e desenvolvimento do direito agrário. Os moldes pensados eram pró-
ximos daqueles existentes na Universidade Federal de Goiás. O início do seu funcio-
namento, em 1992, se deu com essa expectativa, que se pudesse estabelecer aqui
toda uma massa crítica que pensasse, desenvolvesse e propusesse novas diretrizes
ao direito agrário e ambiental (ainda incipiente) para o Brasil. Entretanto, a proposta
visionária não resistiu aos primeiros anos de funcionamento do curso. Os primeiros
anos do vestibular mostraram uma demanda excepcional para o curso, com uma
relação candidato/vaga média de 32 nos primeiros 10 anos. A maioria desses alunos
era proveniente do meio urbano, sem qualquer vínculo pessoal ou interesse direto
pelas questões agrárias e/ou ambientais. Some-se a isso o fato de que as disciplinas
de direito agrário e ambiental ficaram no final da grade curricular do curso e, assim,
houve demora na contratação de professores para essas áreas e na largada pela dis-
puta de corações e mentes estudantis.
Com a força de uma doutrina mais vibrante e cotidiana, os alunos e professo-
res se viram logo envoltos nas questões da filosofia e dos direitos civil e penal, para
onde vieram os primeiros professores contratados. Naquela época, o direito agrário
sofria de importante anquilose doutrinária. Arcaico e sem imaginação, o direito
agrário estava quase relegado ao limbo doutrinário. Poucas universidades no Brasil
se arriscavam a contar com essa disciplina nos seus currículos. Já o direito ambiental
e as importantes questões que o envolvem ainda não haviam despertado as aten-
ções.
A ideia tinha sua lógica. A UFV foi primeiramente reconhecida pela sua exce-
lência nas ciências agrárias, da economia rural à zootecnia, passando pelas engenha-
rias florestal, ambiental, agrícola e de alimentos, agronomia, cooperativismo e ou-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
91
tros. Um curso de Direito dentro do campus de Viçosa teria na mão todo um arsenal
pronto de conhecimentos técnicos, de inovações tecnológicas e de soluções criati-
vas para ser transformado em novos estudos jurídicos. Para os projetistas do curso,
só a demanda por conhecimento de regulamentação normativa por parte dos seto-
res técnicos da UFV já seria suficiente para deixar ocupados os pesquisadores do
Direito que aqui se estabelecessem. Mas não foi o que aconteceu. Ao se estabelece-
rem, os professores de direito agrário e ambiental já encontraram no Departamento
de Direito (DPD) os grupos de pesquisa que atuavam em áreas tão díspares como
filosofia do Direito ou propriedade intelectual de novas tecnologias.
Um segundo fator, dessa vez estrutural, contribuiu para o fracasso do projeto
inicial. Como era regra na época, os mestrados e doutorados em Direito eram feitos
não em linhas de pesquisa, mas em ramos do direito. Dessa forma, aos poucos fo-
ram sendo incorporados professores com treinamento na sua área específica de en-
sino, seja direito civil, comercial, constitucional e administrativo, sem uma interse-
ção de pesquisa e sem um objetivo coletivo. Além desses professores, houve outros
com treinamento no nível de mestrado em extensão rural, feitos na própria UFV. À
exceção destes últimos, que tinham um núcleo comum de pesquisa voltada à temá-
tica da extensão rural, todos os outros trabalharam temas que em nada contribuíam
para o estabelecimento da pesquisa em direito agrário e ambiental. Esta fragmenta-
ção foi decisiva para o atraso no desenvolvimento da pesquisa no Departamento de
Direito.
2. A PESQUISA DO DEPARTAMENTO DE DIREITO
O entrosamento inicial e a unificação dos objetivos esperados acabaram não
acontecendo e o Departamento teve que buscar seu próprio caminho de desenvol-
vimento acadêmico. Os primeiros projetos de pesquisa foram iniciados de forma
individual e, por isso, fragmentada, tendo faltado uma nuclearização das ideias que
pudessem frutificar em duas consequências: um núcleo de pesquisa que se sobres-
saísse e servisse como meio amalgamador dos objetivos científicos e/ou em um
programa de mestrado acadêmico com sólida qualidade e concentração temática de
publicações.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
92
Mas aquele escopo inicial para o curso de Direito não foi de todo perdido. A
UFV tem o condão de mesclar os alunos dos vários matizes científicos. A universida-
de, em que pesem seus quase 15 mil alunos, os aproxima em um campus agradável
e em uma convivência fraternal. Nesse ambiente, os alunos de Direito se aproxima-
ram e conheceram outras ciências, grande parte delas agrárias, e se embrenharam
em novos desafios intelectuais. Foram vários aqueles que fizeram a sua iniciação
científica em outros departamentos e institutos, bem como mestrado e doutorado
em áreas como a ciência florestal, extensão rural, administração e nas economias
rural e doméstica. O aluno do Direito se reconheceu como pertencente a um mundo
fático e real. Nada lhe era estranho. Percebeu que o mundo das outras ciências era
também o dos fatos jurídicos e, por mais estranha que lhe parecesse aquele outro
ramo do conhecimento, ele tratava dos fatos da vida e dos fatos sociais. Portanto,
havia que ser percebida, analisada, decifrada e, talvez, regulamentada pelo Direito.
A essa nova circunstância se uniu aquela anterior, a dos professores treinados
nos seus respectivos ramos de ensino do Direito. A fragmentação da formação inte-
lectual do grupo de professores mestres e doutores permitiu que a orientação de
novos trabalhos se desse de forma interdisciplinar, qual seja, com professores de
outros departamentos mesclando áreas de conhecimento em uma novidade de as-
pectos atuais, com valor empírico e aplicabilidade.
Com uma convivência cada vez maior, foi natural a aproximação dos temas ju-
rídicos com os centros de ciências agrárias, biológicas e exatas, pela própria quali-
dade da massa crítica já existente nesses centros, pela projeção nacional em pesqui-
sa, pela metodologia mais apurada e pelo know-how burocrático.
O resultado foi que, aos poucos e por vias transversas e tortuosas, o destino
da pesquisa no Departamento de Direito se aproximou daquele traçado pelos seus
idealizadores.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
93
As primeiras publicações
As primeiras produções do Departamento foram fruto dos mestrados dos professo-
res Fernando A. Galvão da Rocha13 e Carlos Roberto Ramos14, nas áreas de direito
penal e constitucional, respectivamente.
Seguiu-se a esses trabalhos, o trabalho da professora Fabiana de Menezes So-
ares15, na área de direito administrativo. Nenhuma dessas publicações tinha qual-
quer envolvimento com a área agrária e ambiental, com alguma área de pesquisa da
UFV ou qualquer interseção entre si.
O primeiro livro, fruto das vicissitudes do Departamento de Direito e da UFV,
foi publicado por um aluno, Marcelo Dias Varella, ultimanista do curso e bolsista do
Bioagro, onde atuou orientado pelo professor Evaldo Vilela. O trabalho refletia as
possibilidades de sinergia científica entre o Departamento de Direito e os demais
órgãos da UFV, representando uma novidade jurídica em termos nacionais16. A par-
tir desse primeiro caminho, outras possibilidades interdisciplinares começaram a ser
exploradas nas áreas de direito cooperativo pelo professor Renato Lopes Becho, que
resultaram em trabalhos posteriores17, e pela professora Patrícia Aurélia Del Nero18.
Outras publicações desses mesmos autores também foram fomentadas pelo ambi-
ente científico da UFV e levaram a marca da nossa interdisciplinaridade19.
13 ROCHA, Fernando Antônio N. Galvão da. Noções elementares sobre a teoria do crime. Viçosa, MG: Im-
prensa Universitária da Universidade Federal de Viçosa, 1993. 14 RAMOS, Carlos Roberto. Da medida provisória. Belo Horizonte: Del Rey, 1994. 15 SOARES, Fabiana de Menezes. Direito administrativo de participação – cidadania, Estado, Direito e muni-cípio. Belo Horizonte: Del Rey, 1997. 16 VARELLA, Marcelo Dias. Propriedade intelectual de setores emergentes. Biotecnologia, fármacos e in-formática. São Paulo: Atlas, 1996. 17 BECHO, Renato Lopes. Elementos de direito cooperativo. v. 1, São Paulo, Dialética, 2002. e BECHO, Rena-to Lopes. Problemas atuais do direito cooperativo. São Paulo, Dialética, 2002. 18 DEL NERO, Patrícia Aurélia. Propriedade intelectual: a tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo, RT, 1998 e 2004, bem como outras obras publicadas nesse mesmo tema. 19 Dentre outros citamos VARELLA, Marcelo Dias. Introdução ao direito à reforma agrária. Editora de Di-reito, 1998; O direito agrário em debate. Livraria do advogado, 1998; o novo em direito ambiental, Del Rey, 1998. Biossegurança e biodiversidade, Del Rey, 1999. Esse último em conjunto com Fernando Galvão da Rocha e Eliana Fontes, dois egressos dos quadros docente e discente da UFV.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
94
As pesquisas interdisciplinares
Durante esses anos, o curso de Direito forneceu alunos pesquisadores para
outros cursos de pós-graduação da UFV, estabelecendo uma saudável cooperação
entre os programas de mestrado e doutorado já consolidados e de reconhecimento
nacional. A cooperação rendeu frutos, pois aproximou os professores do Direito das
outras áreas, onde coorientaram diversas dissertações e teses. A variedade de te-
mas estudados foi da Extensão Rural20 à Engenharia Florestal21, passando pela Eco-
nomia Doméstica22, Ciência da Computação23 e Administração24.
Os grupos de pesquisas
Aos poucos, a convivência com outros núcleos de pesquisa e o amadureci-
mento intelectual e metodológico do grupo foi resultando no aparecimento de gru-
pos de pesquisa registrados. Os principais foram aqueles ligados à pesquisa da pro-
20 Como exemplos: VIANA, Luciana Maroca de Avelar. Eficácia e legitimidade da lei de crimes ambientais. Dissertação, 2008. COLLI, Luciane Rinaldi. O MST e garantias constitucionais: uma abordagem jurídico-social dos conflitos agrários, 2001. GOUVEIA, José Geraldo Campos. A conciliação na justiça do trabalho como restrição dos direitos do empregado rural, 2001. TAFURI, Silvana Amanda Amaral. Participação po-pular na implementação de políticas públicas municipais, 2001. REZENDE, Leonardo Pereira. Participação e estruturas de oportunidades políticas no licenciamento ambiental de barragens hidrelétricas. 2003. FARIA, Jacinta de Lourdes de. Conflitos e participação da sociedade civil na instalação do comitê da bacia hidrográfica do rio doce. 2004. CHAGAS, Ediney Neto. Apreensão, implementação e gestão da proprieda-de intelectual nas instituições públicas de ensino superior. 2004. BRANDÃO, Cândice Lisboa. Assentamen-tos rurais e licenciamento ambiental em Minas Gerais. 2006. TEIXEIRA, Daniele Rodrigues Marota. As or-ganizações patronais rurais e a política de reforma agrária na nova república. OLIVEIRA, Douglas Luis de. Uma visão do licenciamento ambiental sob a perspectiva da teoria da administração consensual. 2008. LELIS, Davi Augusto Santana de. Entre o discurso e a norma: uma análise sobre o procedimento legiferan-te em torno do novo código florestal. 2011. 21 VIANA, Eder Cristiano. Tese: O processo de positivação do direito ambiental e o ideal de desenvolvi-mento sustentável. Mestrado e doutorado em Ciências Florestais, 2004 e 2009. ROCHA, Renata Rodrigues de Castro. Tese: A revisão do tratado de Itaipu e a necessidade de um novo marco regulatório para a compensação financeira pelo uso dos recursos hídricos. Um desafio para o Brasil de 2023. Mestrado e doutorado em Ciências Florestais, 2007 e 2012. 22 Como exemplos: RABELO, Iglesias, Fernanda de Azevedo. Importância das transferências e trocas no contexto familiar. 2006. LEAL, Sônia Maria Rigueira Andrade. Separação e divórcio: conflitos conjugais e qualidade de vida. 2008. FARIA, Carla Beatriz de. União afetiva e conjugalidade. 2008. 23 QUIRÓZ BATRES, Eduardo Jaime. Ferramenta de apoio à interpretação e classificação de textos jurídicos. 2003, UFMG em conjunto com o Departamento de Ciência da Computação da UFV. 24 MARTINO JÚNIOR, Randolpho. Gestão administrativa e eficiência dos gastos públicos com saúde. 2011.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
95
priedade intelectual e à transferência de tecnologia e ao desenvolvimento de cadei-
as produtivas, com estudo de seus aspectos jurídicos, econômicos e comerciais.
Essa última linha de pesquisa resultou num convênio e envio de estudantes para
períodos de estudo e pesquisa na Facultá di Giurisprudenza Dell’Università di Bari e
no Instituto di Diritto Agrário Internazionale e Comparato, em Florença, Itália.
Na área do direito privado, em que envolvem as questões de direito civil, em-
presarial e internacional privado, há destaque para o grupo de pesquisa da Conven-
ção de Viena sobre os contratos internacionais de compra e venda de mercadorias
e sua aplicação no Brasil25. Essa pesquisa, além de proporcionar o treinamento de
professores do DPD, permitiu o estabelecimento de vínculos com a com a Université
Robert Schuman, de Strasbourg, onde atualmente mais um professor está pronto
para defender sua tese na área de direito das cooperativas26, ramo de estudo ainda
pouco desenvolvido no Brasil e que teve algumas de suas primeiras publicações co-
mo fruto da integração do DPD à UFV27.
Além disso, várias pesquisas e publicações têm sido desenvolvidas por pro-
fessores do DPD, como consequência dos seus trabalhos de pós-graduação, como
exemplificam as publicações dos professores da área28.
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISAS E POSSIBILIDADES FUTURAS
Para o novo milênio, a Capes mudou sua orientação sobre a pesquisa de pós-
graduação no Brasil. Para o Direito, deixarão de existir os mestrados acadêmicos e
doutorados em áreas como os ramos do Direito. Os pesquisadores se agruparão em
25 Grupo orientado pela profª. Iacyr de Aguilar Vieira, que conta com duas publicações no exterior sobre o assunto: VIEIRA, Iacyr de Aguilar. L’applicabilité et l’impact de la Convention des Nations Unies sur le con-trats de vente internationale de merchandises au Brésil. Strasbourg: Presses Universitaires de Strsabourg, 2010. VIEIRA, Iacyr de Aguilar. La Convention des Nations Unies sur le contrats de vente internationale et son applicabilité au Brésil. Lille: ANRT – Université de Lille, 2005. 26 FERRAZZA, Regel Antônio. 27 Vide acima, as publicações de BECHO, Renato Lopes. 28 OLIVEIRA NETO, Geraldo Honório de. Manual de direito das marcas: aquisição da propriedade, posse, direito de precedência ao registro e proteção contra a fraude e a concorrência desleal. São Paulo: Pillares, 2007. PEREIRA, Alexandre Pimenta Batista. Negócio jurídico inoficioso: contributo à teoria da redução do negócio jurídico. São Paulo: Pillares, 2010. PEREIRA, Alexandre Pimenta Batista. Bens acessórios: acessões, partes integrantes e pertenças. Curitiba: Juruá, 2010.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
96
torno de linhas de pesquisa que deverão congregar ideias e criar sinergias de desen-
volvimento intelectual dos grupos, quase uma perspectiva beneditina de desenvol-
vimento da pesquisa na era da informação. Entretanto, ainda falta muito do instru-
mental metodológico e cultural para esse passo.
O trabalho em torno de linhas e grupos de pesquisas pressupõe uma tecnolo-
gia de trabalho interdisciplinar, com metodologia apropriada e diálogo qualificado.
Esses requisitos são difíceis de encontrar em faculdades de Direito que, tradicional-
mente, são refratárias a investidas interdisciplinares e fechadas em si mesmas, qua-
se como guardiãs do hermetismo jurídico.
Entretanto, ao contrário da maioria das outras faculdades e universidades de
Direito do país, o curso da UFV aprendeu a lidar com essas diversidades, soube se
inserir e tirar proveito das áreas de destaque na pesquisa já existentes e desenvol-
veu seu corpo docente no diálogo interdisciplinar.
Falta-nos o grande passo, a consolidação de um programa de pós-graduação
stricto sensu. Para isso, o DPD busca parceria com departamentos de Direito de ou-
tras universidades, bem como avença a possibilidade de constituir uma pós-
graduação em conjunto com outros órgãos da UFV.
Desde 2007, o conjunto dos professores do DPD tem trabalhado num projeto
de mestrado acadêmico. Após esses anos de discussão, concluímos por desenvolver
um programa na área de concentração do Direito, desenvolvimento e cooperação
internacional.
A proposta atende aos requisitos daquilo que se pensa na atualidade sobre o
que deva ser um programa de pesquisa na área das Ciências Sociais Aplicadas, espe-
cificamente, o Direito, e de um programa de pós-graduação, visando à formação de
professores e ao estímulo de pesquisas que conjuguem a Ciência Jurídica à aplicação
prática das necessidades nacionais e internacionais de desenvolvimento. A proposta
do programa e da área de concentração denota evidente interesse pela interdisci-
plinaridade, já que exigirá uma compreensão aprofundada nas questões pertinentes
ao meio ambiente, ao meio urbano, à cidadania e aos direitos fundamentais, às
questões internacionais e à globalização, conjugados aos aspectos do desenvolvi-
mento econômico, social e humano.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
97
Nota-se, pela proposta, que não se pretende mais retornar ao antigo padrão
de pós-graduação e pesquisa baseada nos ramos do Direito, mas, sim, inserir o pes-
quisador nos fatos da vida, dando importância à percepção empírica, ao conheci-
mento da dinâmica dos fatos sociais e econômicos e à aplicabilidade dos resultados.
A proposta é nova e ousada. Longe de praticar a pesquisa como fim, o espírito da
proposta é conhecer a fundamentação e a regulação das ações jurídicas, compre-
endendo seus fenômenos e implicações dentro e fora do campo do Direito e confe-
rindo senso crítico às pesquisas desenvolvidas no seu âmbito. Em uma palavra: in-
terdisciplinaridade, com intenso envolvimento com as outras atividades científicas
desenvolvidas na UFV.
Nesse desiderato, duas linhas de pesquisas estão sendo trabalhadas: 1) meio
ambiente, meio urbano e cidadania. Essa linha pretende estudar as relações jurídi-
cas envolvidas nas questões ambientais e urbanísticas, dentro de um Estado Demo-
crático de Direito, com destaque para a facilitação de ações públicas e privadas no
sentido do desenvolvimento brasileiro e internacional. Seu objetivo é conjugar a
formação da cidadania e a necessidade humana do ambiente saudável com as polí-
ticas e legislações ambientais e urbanísticas, questionando e situando os institutos
jurídicos públicos e privados na consecução das políticas públicas nessas áreas. 2)
Globalização, geopolítica e atores internacionais. Essa linha visa a compreender os
aspectos fundamentais relacionados com a globalização e com o estágio atual de
aproximação e envolvimento dos múltiplos atores globais, públicos e privados bem
como com as relações jurídicas estabelecidas por essas circunstâncias. A globaliza-
ção é um fenômeno ainda não inteiramente esclarecido em suas consequências e
cabe à pesquisa jurídica acompanhar de perto as transformações políticas, sociais e
econômicas por ela provocadas, contemplando os fundamentos jurídicos e os im-
pactos de desenvolvimento gerados por esse fenômeno.
Por fim, acredita-se que o futuro de nossa pesquisa seja a interdisciplinarida-
de, isso porque o Direito diz respeito a tudo, da matemática à educação física, o Di-
reito regula os fatos da vida e não prescinde dos instrumentos de desenvolvimento
do raciocínio como a lógica, a filosofia, a sociologia e a antropologia. Cremos que o
ponto de Arquimedes da nossa pesquisa está, então, em nos envolvermos cada vez
mais com os outros ramos do conhecimento.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
98
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA - DEE/UFV: DETERMINANTES E
PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Francisco Carlos da Cunha Cassuce
Orlando Monteiro da Silva
1. INTRODUÇÃO
O Departamento de Economia (DEE) da Universidade Federal de Viçosa (UFV)
foi criado em 1975 e, segundo Dias (2000), foi oficialmente reconhecido no ano de
1980. Atualmente, o DEE oferece anualmente, aproximadamente, 115 vagas, sendo
50 para o curso de Graduação em Ciências Econômicas, 50 para o curso de Gradua-
ção em Ciências Econômicas, com ênfase em Agronegócio, e 15 para o Programa de
Mestrado Strito Sensu em Economia.
De acordo com Dias (2000), no ano de 2000, o DEE contava com 20 docentes.
No ano de 2008, alguns professores do Departamento de Economia criaram e migra-
ram para o curso de Ciências Sociais da UFV. Esse fato contribuiu para a redução do
número de docentes do DEE, que conta, atualmente, com 16 professores.
Desde sua criação, o Departamento de Economia teve como objetivo o de-
senvolvimento da pesquisa, extensão e de um ensino de qualidade. Desde que fo-
ram instituídas as avaliações dos cursos superiores, o curso de Graduação em Ciên-
cias Econômicas se orgulha de sempre alcançar a pontuação máxima nas avaliações
realizadas pelo governo, indicando a excelência do departamento na atividade de
ensino.
O DEE também promove diversas atividades ligadas à extensão. Nesse campo,
pode-se destacar o projeto do IPC-Viçosa, que, desde 1985, elabora índices de pre-
ços e custo de vida para a cidade de Viçosa-MG.
Com a mesma dedicação, os docentes do departamento de economia reali-
zam pesquisas importantes para o desenvolvimento da região e do país. Conside-
rando o período de 1992 a 2011, as pesquisas desenvolvidas no DEE foram direcio-
nadas para as áreas de microeconomia, macroeconomia e políticas públicas. Nos
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
99
anos iniciais do período analisado, a pesquisa se mostrava mais concentrada nas
áreas de economia rural e de desenvolvimento econômico, além de alguns trabalhos
desenvolvidos no campo das ciências sociais. Entretanto, a partir de 2006, as áreas
de economia rural e ciências sociais perderam espaço, pois as pesquisas foram dire-
cionadas, especificamente, para análise de eficiência, comércio internacional, eco-
nomia institucional, desenvolvimento econômico e políticas públicas.
Para Ohira (1998), a atividade de pesquisa no Brasil é fundamentalmente rea-
lizada dentro das universidades, e seus resultados têm contribuído para o desenvol-
vimento do país. Além da importância das pesquisas na geração de novas tecnologi-
as e teorias, o desenvolvimento desta na universidade brasileira contribui para o
enriquecimento e aperfeiçoamento dos docentes, o que se refletiria, posteriormen-
te, em um ensino de melhor qualidade.
Diante da importância da pesquisa para o desenvolvimento socioeconômico e
para a qualidade do ensino nas universidades brasileiras, é fundamental analisar
como essa atividade evolui no Departamento de Economia assim como os principais
determinantes para sua evolução.
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
A pesquisa realizada no Departamento de Economia teve seu início com o tra-
balho desenvolvido pelo IPC-Viçosa em 1985. Esse trabalho exigiu, desde o início,
pesquisa de campo e coleta de dados, consideradas fundamentais para seu desen-
volvimento, seja iniciando alunos na atividade de pesquisa, seja gerando dados que
possibilitaram a elaboração de monografias, projetos e artigos publicados.
Os resultados da pesquisa desenvolvida no DEE podem ser observados pelos
inúmeros artigos publicados em periódicos, além dos estudos apresentados e publi-
cados em anais de congressos e de inúmeras monografias concluídas.
Contudo, para uma análise adequada da pesquisa no Departamento de Eco-
nomia, é fundamental conhecer os fatores que afetariam a pesquisa científica nas
universidades. Dessa forma, à medida que esses fatores são expostos, pode-se fazer
um paralelo com a evolução ocorrida no departamento.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
100
Segundo Ohira (1998), a pesquisa científica realizada dentro das universidades
estaria diretamente relacionada a quatro fatores: condição de recursos humanos,
recursos materiais, condições gerais de trabalho e recursos financeiros.
A condição de recursos humanos diz respeito a treinamento, especialização,
idade, nível acadêmico e tempo de serviço dos profissionais docentes. Um corpo
docente experiente e bem preparado reuniria melhores condições para o desenvol-
vimento da pesquisa científica. No DEE, dos dezesseis professores efetivos, três têm
pós-doutorado e dez já contam com o título de doutor. Além disso, a maioria desses
profissionais apresenta mais de quinze anos de vida acadêmica.
O treinamento dos docentes no DEE foi feito, principalmente, ao longo das úl-
timas duas décadas e atualmente é mantido um plano de capacitação permanente,
possibilitado que os professores tenham contato com as melhores universidades do
mundo. Esse treinamento na forma de pós-doutorado permite que os professores se
mantenham atualizados.
Os recursos materiais estariam positivamente correlacionados com o desen-
volvimento da pesquisa. Nessa categoria, podem-se destacar: bibliotecas bem estru-
turadas; laboratórios de informática modernos e atualizados; salas para a realização
de seminários, possibilitando o intercâmbio com pesquisadores de outras institui-
ções; e local adequado para estudo e pesquisa do corpo discente. No período anali-
sado, destaca-se que o DEE criou e mantém um laboratório de informática, exclusi-
vo, além de outro laboratório cujos alunos do curso de Ciências Econômicas fazem
uso juntamente com os demais discentes pertencentes ao CCH.
Outro ponto a ser destacado se refere à construção da sala de seminários, de-
vidamente equipada, e das salas para o corpo discente, também devidamente apa-
relhadas com computadores, mesas e quadro para estudo em grupo. Quanto à bi-
blioteca, atualmente o departamento conta com mais de 400 títulos, embora ainda
careça de local adequado e catalogação dos livros por um profissional capacitado.
É fundamental destacar que esses avanços foram possíveis devido à implanta-
ção do programa de Mestrado em Economia, no ano de 2006, que, segundo Ohira
(1998), são programas fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa nas uni-
versidades.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
101
Quanto às condições gerais de trabalho, podem-se citar as relações entre os
docentes e, por que não, dos docentes com os discentes. Nesse ponto, destaca-se o
desenvolvimento de pesquisas em conjunto pelos docentes do DEE, intensificada
após a implantação do Programa de Mestrado.
Colaborando para a evolução das condições de trabalho, um fator importante
foi a alteração no horário de funcionamento do curso de Ciências Econômicas. A
partir de 1998, deixou de ser noturno e passou a funcionar em tempo integral. Isso
teve como consequência a mudança no perfil dos discentes do curso. Os novos alu-
nos deveriam, a princípio, se dedicar em tempo integral ao curso, o que teria incen-
tivado os docentes a fortalecer seus investimentos em pesquisa.
O impacto sobre a pesquisa no DEE da mudança no horário do curso de Ciên-
cias Econômicas para integral e da implantação do Programa de Mestrado, em 2006,
pode ser verificado pela evolução no número de projetos registrados na Pró-Reitoria
de Pesquisa e Pós-Graduação. No ano de 1992, foram registrados 10 projetos de
pesquisa, enquanto que nos anos de 2009, 2010 e 2011, foram registrados, respec-
tivamente, 39, 32 e 24.
Atualmente, entre os vários projetos em andamento, podem-se citar dois. O
primeiro faz parte do Programa Cátedras para o Desenvolvimento, um projeto coor-
denado e financiado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), visando a
revitalizar as discussões sobre o desenvolvimento econômico brasileiro. Como resul-
tado, foram elaborados oito trabalhos, cinco já concluídos: dois artigos submetidos
à publicação, um artigo no prelo e um livro publicado.
Outro importante projeto em andamento está relacionado à área de econo-
mia internacional. Esse projeto tem como objetivo estudar os efeitos das medidas
não tarifárias no comércio internacional. Com financiamento do CNPq, Fapemig e
parcerias com outras instituições nacionais (Inmetro e Mapa) e internacionais (Unc-
tad - Nações Unidas), esse projeto permitiu a criação de um grupo de pesquisa em
políticas comerciais, que envolve professores de diferentes departamentos da UFV e
de outras Universidades. O projeto permitiu o lançamento de um livro inédito sobre
o tema, a elaboração de diversas dissertações, teses, monografias, artigos técnicos e
científicos e a premiação da estudante Carolina Correia com o Prêmio Arthur Ber-
nardes de melhor trabalho de Iniciação Científica em 2010.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
102
Um rápido exercício econométrico pode ser desenvolvido para verificar como
a alteração no horário do curso de graduação de economia e a implantação do pro-
grama de mestrado influenciaram a pesquisa do departamento.
Analisando o período de 1992 a 2011, nota-se que o número de projetos29 re-
grediu em função de duas variáveis dummies. A primeira representaria a mudança
de horário do curso, sendo que, até o ano de 1997, essa variável assumiu valor zero
e valor um de 1998 em diante. A segunda dummy capta o efeito da implantação do
curso de mestrado, assumindo valor zero até o ano de 2005 e valor um de 2006 a
201130. A Tabela 1 apresenta o resultado do modelo estimado para explicar o au-
mento dos projetos de pesquisa do DEE.
Tabela 1: Análise da evolução dos projetos de pesquisa do DEE, no período de 1992 a 2011.
Variável dependente: logaritmo do número de projetos registrados pelo DEE
Coeficiente estimado Erro padrão
Constante 2,2248*** 0,0534
Mudança no horário
do curso 0,9822*** 0,0753
Implantação do Pro-
grama de Mestrado 0,1999*** 0,0658
Fonte: Elaborado própria.*** - Significativo a 1%.
Os resultados da Tabela 1 mostram que a alteração do horário do curso de
Economia de noturno para integral foi o que mais teria afetado a quantidade de pro-
jetos registrados pelo Departamento de Economia. A simples mudança no horário
29 Os dados referentes ao número de projetos registrados pelo DEE foram obtidos no PPG. Além disso, a variável número de projetos foi utilizada na forma de logaritmo para que se possa analisar a variação em termos de pontos percentuais. 30 Foi utilizado na estimação da regressão o método de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). A variável número de projetos em logaritmo pode ser considerada estacionária a um nível de 5%. Diante da presença de autocorrelação, o modelo foi estimado utilizando o método de Newey-West, que gera erros padrão robustos para autocorrelação. Para mais detalhes, ver Wooldridge (2006).
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
103
de funcionamento teria contribuído para que o número de projetos registrados au-
mentasse, em média, 2231 projetos por ano.
A implantação do curso de mestrado também afetou significativamente a
média de projetos registrados. A média de projetos se elevou em, aproximadamen-
te, 4,48 projetos por ano. Uma provável explicação para a simples alteração do ho-
rário do curso ter apresentado resultados tão significativos é o fato de que em um
curso diurno há a exigência de que o estudante se dedique totalmente aos estudos,
criando o que se poderia chamar de “estudante profissional”, ao passo que o perfil
do estudante noturno seria diferenciado, preocupando-se mais com questões práti-
cas do que com a prática da pesquisa. Tal mudança no perfil dos estudantes teria
sido benéfica em dois sentidos: primeiro, pelo próprio aumento de interesse dos
estudantes de graduação em realizar pesquisa; segundo, pelo aumento de interesse
dos professores, que agora trabalhariam com alunos dedicados exclusivamente aos
estudos.
A mesma análise pode ser feita, utilizando como proxi para a pesquisa do DEE
o número de artigos publicados em periódicos32 com corpo editorial. As variáveis
explicativas permaneceriam sendo a alteração no funcionamento do horário do cur-
so de Ciências Econômicas e a implantação do Programa de Mestrado. Os resultados
são apresentados na Tabela 233.
31 O cálculo do efeito marginal, segundo Gujarati (2000), para uma forma funcional log-linear, é de ___________
projetoEMg idummyi 32 Foram utilizados como fonte para o número de artigos publicados em revista com corpo editorial o Bole-tim de Circulação Interna “Um novo Eco”, para o período de 1992 a 1998, e o currículo Lattes dos professo-res efetivos em exercício, para o período de 1999 a 2011. 33 Para estimar o modelo da Tabela 2, foi utilizado o método de MQO. A variável dependente artigos publi-cados em logaritmo pode ser considerada estacionária a um nível de 5%. Os erros do modelo se mostra-ram não autocorrelacionados e homocedásticos.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
104
Tabela 2: Análise da evolução dos artigos publicados pelo DEE, no período de 1992 a 2011.
Variável dependente: logaritmo do número de artigos publicados em re-
vista com corpo editorial
Coeficiente estimado Erro padrão
Constante 1,6776*** 0,1534
Mudança no horário
do curso 0,4127* 0,2029
Implantação do Pro-
grama de Mestrado 0,4109* 0,2029
Fonte: Elaboração própria.*** - Significativo a 1%; * - significativo a 10%
Assim como no caso dos projetos, o número de artigos publicados em periódi-
cos foi significativamente afetado pela alteração do horário de funcionamento do
curso de Ciências Econômicas, aumentando em 3,71 a média de artigos publicados
por ano, enquanto a implantação do Mestrado teria elevado a média de artigos
publicados em 3,70.
Observa-se que a criação do mestrado teve uma influência relativamente me-
nor em termos quantitativos, em ambos os casos analisados, se comparado com a
alteração no horário do curso. Entretanto, pode-se supor que sua implantação teria
potencializado o crescimento e a qualidade da pesquisa no DEE, visto que possibili-
tou a atualização da Biblioteca e dos laboratórios de informática, além da troca de
experiência com profissionais de outras instituições.
Segundo Novaes (2008), uma das medidas para avaliar a qualidade da pesqui-
sa em economia seria o número de publicações internacionais. Entretanto, Novaes
(2008) salienta que tal medida não está livre de restrições. O autor também cita a
avaliação dos periódicos feitos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes) como indicador para a qualidade da pesquisa.
Nesse sentido, valendo-se da classificação dos periódicos disponibilizada pela
Capes, pode-se fazer inferência da evolução na qualidade da pesquisa desenvolvida
pelo departamento de economia. No ano de 1992, o DEE teria publicado quatro ar-
tigos. Utilizando a classificação da Capes em economia, no primeiro semestre de
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
105
2012, desses quatro, um seria classificado como B2 e outro, como B5. Já no ano de
2011, o DEE publicou 19 artigos com avaliação da Capes em economia.
A Tabela 3 apresenta a evolução dessas publicações, ficando visível o aumento da
pesquisa, tanto em termos quantitativos, quanto em termos qualitativos, com a im-
plantação do Programa de Mestrado. A melhora na qualidade pode ser notada pelo
aumento do número de artigos publicados em periódicos B2 e B334. Além disso,
ocorreu um aumento da produtividade dos docentes do departamento, pois, como
dito anteriormente, houve nesse período uma redução do número de professores,
elevando assim a quantidade de artigos publicados por professor.
Tabela 3 – Evolução das publicações em periódico do DEE, no período de 2006 a 2011.
Classificação
Capes (em
Economia)
do periódico
Ano
2006 2007 2008 2009 2010 2011
B2 2 4 1 3 3 4
B3 1 1 0 3 5 6
B4 4 1 2 3 6 5
B5 2 3 3 2 2 4
Total 9 10 6 11 16 19
Fonte: Coleta (2006 a 2011).
Outro indicador da melhoria na qualidade da pesquisa é a elaboração de traba-
lhos de conclusão de curso premiados. Como exemplo, pode-se citar o trabalho de
Dissertação de Mestrado premiado pelo Banco de Desenvolvimento do Nordeste no
ano de 2009, desenvolvido pelo estudante Sandro Pereira Silva, sob a orientação do
Professor Eloy Alves Filho, intitulado “Políticas públicas e agricultura familiar: uma
abordagem territorial do Pronaf no médio Jequitinhonha”. Esse prêmio indicaria
que, já no seu início, o Programa de Mestrado do DEE geraria produtos de qualida-
34 É importante ressaltar que, atualmente, segundo a Capes, nenhum periódico nacional apresenta classifi-cação em economia superior a B2.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
106
de. Outro exemplo é o Prêmio Arthur Bernardes de melhor trabalho de Iniciação Ci-
entífica em 2010 concedido à estudante Carolina Correia.
Para finalizar, resta abordar os recursos financeiros. Novamente a criação do
Programa de Mestrado foi fundamental, uma vez que aumentou as verbas de incen-
tivo à pesquisa do departamento, além da concessão de bolsas de pesquisas para
mestrandos. Contudo, os recursos financeiros disponibilizados ainda seriam insufici-
entes. Isso fica nítido quando há necessidade de obter, por exemplo, financiamento
para a participação em congressos ou em grupos de pesquisas. Entretanto, os do-
centes do Departamento de Economia vêm conseguindo contornar os problemas de
financiamento com a aprovação de projetos de pesquisas financiados pela Capes,
Fapemig e CNPq, entre outros órgão de fomento.
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
A análise da evolução da pesquisa no DEE indicaria melhoras quantitativas,
mas principalmente, qualitativas nos resultados alcançados pela pesquisa do depar-
tamento. Essa perspectiva positiva ganha força quando é inserida na análise a cria-
ção do Instituto de Políticas Públicas, coordenado pelos programas de pós-
graduação dos departamentos de Administração, Economia, Economia Aplicada e
Economia Doméstica, que tem como um de seus objetivos atrair recursos para o
desenvolvimento de pesquisas em políticas públicas, além de dar origem à formação
de grupos de pesquisas com os profissionais de diversas áreas do conhecimento.
Isso levanta a questão da presença da interdisciplinaridade nas pesquisas de-
senvolvidas pelo DEE. Diversos docentes do departamento já desenvolvem pesqui-
sas juntamente com pesquisadores da área de educação, administração, contabili-
dade, entre outras áreas. Contudo, espera-se que com o funcionamento do Instituto
de Políticas Públicas essa troca de conhecimento se aprofunde, melhorando os re-
sultados da pesquisa do departamento, assim como seu alcance.
De modo geral, pode-se concluir que a importância da pesquisa dentro da
universidade brasileira se estende desde a contribuição para a melhora e aprimora-
mento da atividade de ensino até a criação e o aperfeiçoamento de modelos e resul-
tados aplicados em projetos de extensão. As externalidades positivas geradas pela
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
107
atividade de pesquisa fizeram com que o Departamento de Economia da Universi-
dade Federal de Viçosa buscasse seu aperfeiçoamento.
Um dos fatores responsáveis pela evolução positiva da pesquisa no DEE seria
a alteração no horário de funcionamento do curso de Ciências Econômicas no ano
de 1998. Nesse ano, o curso passou a funcionar em tempo integral, o que teria atra-
ído discentes dispostos a se dedicar integralmente aos estudos e à pesquisa.
Conclui-se também que outro fator importante para o desenvolvimento da
pesquisa no DEE foi a implantação do curso de Mestrado Stricto Sensu no ano de
2006. Os resultados indicaram que o mestrado contribuiu para o aumento da pes-
quisa e para a melhora na sua qualidade. Isso se deve ao aumento de recursos dire-
cionados à pesquisa provenientes da existência de um programa de pós-graduação,
sejam esses recursos financeiros ou em pessoal.
Para finalizar, pode-se esperar que tal evolução continue, principalmente
quando é levada em consideração a criação do Instituto de Políticas Públicas, que,
além de aumentar os recursos destinados à pesquisa, irá incentivar a criação de
grupos interdisciplinares de pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, Roberto Serpa. Departamento de Economia. In: BORGES, José Marcondes; SABIONI, Gustavo
Soares; MAGALHÃES, Gilson Faria Potsch (eds.). A Universidade Federal de Viçosa no século XX. Ed
UFV. 2000. p.287-289.
GUJARATI, Damodar. 2000. Econometria Básica. 3 ed. São Paulo: Saraiva. 846 p.
NOVAES, Walter. A pesquisa em economia no Brasil. Revista Brasileira de Economia. v.62, n.4,
p.467-495. Rio de Janeiro. 2008.
OHIRA, Maria de Lourdes Blatt. Por que fazer pesquisa na universidade? Revista ACB: Biblioteco-
nomia em Santa Cataria. v.3, n.3, p.65-76 Florianópolis. 1998.
Um Novo Eco. Boletim de publicação interna do Departamento de Economia da Universidade Fe-
deral de Viçosa. 1992 a 1998.
WOOLDRIDGE, J. M. Introdução à Econometria. Editora Thomson Learning. São Paulo. 2006.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
108
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA - DED/UFV:
DETERMINANTES E PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS 35
Rita de Cássia Pereira Farias
1. INTRODUÇÃO
O curso de graduação em Economia Doméstica, autorizado pela Lei Estadual
272 de 31/11/1848, com início em 1952, está entre os três mais tradicionais da Uni-
versidade Federal de Viçosa-UFV, sendo anterior à constituição do Centro de Ciên-
cias Humanas Letras de Artes-CCH. Criado para formar profissionais para trabalhar
no emergente programa de extensão rural, o curso teve um investimento tardio em
pesquisa, considerando a própria trajetória da pesquisa no Brasil, que somente se
consolidou a partir da década de 1960, após a criação do Conselho Nacional de Pes-
quisa-CNPq (1951), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Supe-
rior-Capes (1951) e da Financiadora de Estudos e Projetos-Finep (1969). Antes disso,
havia apenas algumas iniciativas isoladas, inclusive na Universidade Rural do Estado
de Minas Gerais-UREMG.
Um fator importante para a Economia Doméstica foram os Congressos que
aconteceram a partir de 1962. Além de reflexões históricas sobre a profissão, as te-
máticas têm abordado a inter-relação entre família bem-estar e qualidade de vida;
transformações sociais, desenvolvimento social e políticas públicas; meio ambiente
e desenvolvimento sustentável; sistema econômico, reorganização do trabalho e
responsabilidade social; e relação entre família, trabalho, consumo e gênero. As te-
máticas demonstram a relevância dos assuntos que direcionam a atuação dos eco-
nomistas domésticas ao longo dos anos. A partir de 1995, juntamente com o Con-
gresso Brasileiro de Economia Doméstica, passou a acontecer o Encontro Latino-
Americano de Economia Doméstica e, em 2009, o Encontro Intercontinental de Eco-
nomia Doméstica (ABED, 2009).
35 Agradeço às professoras do DED, Neuza Maria da Silva, Elza Vidigal Guimarães e Cristiane Natalício de Souza, pela leitura cuidadosa e pertinentes sugestões que enriqueceram o presente texto.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
109
As discussões realizadas nos congressos e encontros de classe apontaram a
necessidade da criação de uma revista científica que divulgasse as pesquisas em
Economia Doméstica e integrasse os cursos do país. Os esforços culminaram no lan-
çamento da OIKOS - Revista Brasileira de Economia Doméstica - em 1981, durante o
VI Congresso Brasileiro de Economia Doméstica, realizado em Fortaleza-CE. Em
1982, a Revista OIKOS foi normatizada pelo CNPq, de acordo com a NB-52, Norma
Brasileira para apresentação de publicações periódicas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT, e recebeu o número internacional normatizado para pu-
blicação seriadas – ISSN 0101-5273.
A revista Oikos agrega publicações dos cursos de Economia Doméstica do país,
como também as publicações advindas de cursos afins, como Nutrição, Letras, Ciên-
cias Sociais e Pedagogia. A implantação da Oikos contribuiu para alavancar as pes-
quisas no Departamento. Nesta época, várias professoras haviam cursado mestrado
e doutorado no Brasil e exterior e puderam se dedicar a pesquisas, motivadas pela
condição política favorável, já que a reforma universitária de 1968 possibilitou arti-
cular pesquisa e ensino de graduação, impulsionando a formação de novos pesqui-
sadores, com a implantação dos Programas de Iniciação Científica (MARTINS, 2009,
p.17).
Fator de destaque para o curso foi a criação do mestrado em Economia Do-
méstica, em 1992. O objetivo do curso centra-se em análises dos “processos de pro-
dução, distribuição e consumo de bens e serviços pertencentes e disponíveis à famí-
lia, das necessidades básicas das famílias, das funções que desempenha e das rela-
ções da família com a sociedade em geral e seu meio ambiente” (UFV, 1991).
Com a pós-graduação, propunha-se aprofundar os conhecimentos quanto aos
processos socioeconômicos, culturais e políticos que afetam o cotidiano das famílias
brasileiras, buscando desenvolver metodologias e teorias para analisar os fatores
que interferem na produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Buscava-se
ainda consolidar os cursos de Economia Doméstica no país, por meio da investiga-
ção e retroalimentação, que fortalecessem a pesquisa, o ensino e a extensão rural e
urbana.
As pesquisas realizadas têm contribuído para a reflexão sobre o entendimento
e contestação dos processos históricos que afetam as mulheres e outras minorias
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
110
historicamente oprimidas, fornecendo subsídios para ações que visem à transfor-
mação social. O acesso ao saber possibilita inventar novas estratégias e respostas
para velhos problemas que acometem indivíduos, famílias e grupos, principalmente
aqueles que se encontram em situação de pobreza e enfrentam dificuldades eco-
nômicas e discriminações sociais.
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA
A pesquisa no DED recebeu maior impulso com a implantação, em 1992, da
Pós-Graduação em Economia Doméstica, na modalidade stricto sensu, com concen-
tração em Economia Familiar.
Na ocasião da implantação do mestrado, o curso de Economia Doméstica con-
tava com uma docente com título de PhD, uma com doutorado e oito com mestra-
do. Havia duas docentes cursando o doutorado e três, o mestrado. Para iniciar o
curso, houve colaboração de duas professoras visitantes com título de PhD, Flora
Leona Willians, da Universidade de Purdue, e Eleonora Cebotarev, da universidade
de Guelf, no Canadá.
Em função das especificidades do campo de atuação da Economia Doméstica
e , considerando a formação dos professores que atuariam no programa, foram de-
finidas quatro linhas de pesquisa para o Programa: Bem-estar social e qualidade de
vida, Economia de consumo familiar, Avaliação de projetos sociais e Estudo da fa-
mília.
O curso buscava formar pesquisadores capazes de produzir, difundir e aplicar
conhecimentos relacionados às áreas temáticas da Economia Doméstica. Envolvia
reflexões sobre fatores que afetam o cotidiano das famílias em contextos históricos,
socioeconômicos e culturais, além de estudos sobre os processos socioeconômicos e
estratégias de administração dos recursos por famílias e indivíduos.
Atualmente, as professoras que compõem o corpo de orientadores coorde-
nam sete grupos de pesquisa do CNPq: Ecossistema Familiar, Políticas Públicas, De-
senvolvimento Humano e Social; Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero; Edu-
cação do Campo, Alternância e Reforma Agrária; Famílias, Políticas e Gênero; Plane-
jamento Ergonômico do Trabalho; Vestuário no Contexto Sócio-econômico e Cultu-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
111
ral; e Núcleo Interdisciplinar de Estudos Agrários e Soberania Alimentar. Duas pro-
fessoras têm bolsa produtividade em pesquisa pelo CNPq.
Até dezembro de 2011, foram defendidas no programa 176 dissertações: 56
na linha Família, Bem- Estar Social e Qualidade de Vida; 59 na linha Estudo da Famí-
lia e Economia do Consumo Familiar; e 35 na linha Família, Políticas Públicas e Ava-
liação de Programas e Projetos Sociais. O tempo médio de titulação nos últimos 5
anos tem sido 28 meses, algo visto como positivo para a Área de Serviço Soci-
al/Economia Doméstica, à qual o curso está vinculado na Capes. Atualmente, o
mestrado em Economia Doméstica conta com 18 bolsas: duas concedidas pelo
CNPq, três pela Fapemig, 12 pela Capes/Proap e uma pela Capes/Reuni.
Ao longo dos anos, o Programa de Pós-Graduação em Economia Doméstica
vem sofrendo alterações em função da especialização dos seus docentes e das re-
comendações vindas da Capes. Em seus primeiros anos, o programa recebeu concei-
to 3 da Capes, e, em 2003, o conceito 4, que permanece até o presente. Em 2012, o
programa completou 20 anos e se prepara para novos desafios, principalmente a
criação do Doutorado, que está em processo de estruturação.
Como campo interdisciplinar, a formação do economista doméstico envolve
conhecimentos oriundos de diversos campos do saber, como Sociologia, Antropolo-
gia, Filosofia, Psicologia, Educação, Letras, Economia, Administração, Nutrição, Bio-
logia e Química. Assim, o departamento de Economia Doméstica tem feito parcerias
com pesquisadores de diversas áreas para publicações, bem como orientações nos
projetos de iniciação científica e de dissertação.
Em 1994, a Economia Doméstica deu novo passo em seu processo de consoli-
dação, quando foi aprovado o Programa Especial de Treinamento – PET, oferecido
pela Capes. Vinculado à Pró- Reitoria de Ensino, o Programa atende a um grupo de
12 estudantes bolsistas, orientados por um professor-tutor que também recebe bol-
sa da Capes.
O PET Economia Doméstica foi o quarto a ser implantado na UFV, que conta
com 8 Grupos vinculados aos cursos de Administração, Bioquímica, Ciências Biológi-
cas, Economia Doméstica, Educação, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia
de Produção e Nutrição. Em agosto de 2011, o PET/ED completou 17 anos de traba-
lhos efetivos e contou, ao longo de sua história, com 57 bolsistas e três tutoras.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
112
O PET é o único programa acadêmico que articula a pesquisa, o ensino e a ex-
tensão, dando condições para que o aluno desenvolva um caráter crítico e atuante,
conforme as exigências do mercado de trabalho.
Além do PET, o DED tem realizado diversas pesquisas financiadas, que ofere-
cem bolsas aos estudantes. O financiamento desse tipo foi conquistado no final da
década de 1980, com a pesquisa intitulada Análise de diversas formas utilizadas na
indução do consumidor a adquirir artigos de vestuário. Realizada no período de 1990
a 1991 e financiada pelo CNPq.
A partir daí, o departamento teve diversos projetos de iniciação científica fi-
nanciados pela Fapemig, Capes E CNPq, Funarbe, Caixa Econômica Federal e UFV-
Cred. Em janeiro de 2012, havia 379 projetos de pesquisa registrados na Pró-Reitoria
de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV. Alguns autônomos, outros financiados.
No período de 01/04/1990 a 01/03/2012, o departamento teve 152 bolsistas
de iniciação científica e extensão do tipo BIC/Júnior (9) CEF (2) CNPq – Institucional
(77) Fapemig – Institucional (33), Funarbe (2), Pibex/UFV (28), UFV-CREDI (1).
Os projetos desenvolvidos perpassam por temáticas como Construções de
gênero, masculinidade e feminilidade; Maternidade, paternidade e saúde reproduti-
va; classe, raça e relações de poder; Trabalho doméstico e uso de tecnologias no es-
paço doméstico; Trabalho, renda, desemprego e pobreza; Trabalho feminino no
contexto rural e urbano; Desenvolvimento humano, ciclos de vida familiar e relações
geracionais; Violência doméstica e vulnerabilidade social; Espaço, território, redes
sociais e identidade; Sustentabilidade Desenvolvimento social e empoderamento; e
Agricultura familiar e seus efeitos na infraestrutura social e econômica das famílias.
O desenvolvimento de um corpo de conhecimento e conceitos próprios da
Economia Doméstica - que focalizam “questões relevantes à geração de conheci-
mentos pertinentes à família e à realidade brasileira” (Marques, 1982) - tem contri-
buído para uma atuação profissional próxima das necessidades cotidianas.
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
O amadurecimento científico e profissional da Economia Doméstica possibili-
tou o reconhecimento de que nos primórdios do curso, ao serem transmitidos sa-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
113
beres técnicos relativos às atividades domésticas e padrões de consumo, calcados
em um modelo de modernização, não foram considerados os saberes tradicionais
dessas famílias, suas crenças e valores. Ao contrário, considerava-se a família como
uma categoria passiva e naturalizada e não analítica.
As pesquisas forneceram fundamentação teórica e possibilidades de mudança
da prática profissional. A recorrência à literatura antropológica e sociológica possibi-
litou análises crítica sobre a diversidade de formas de vivenciar a família, possibili-
tando contestar modelos idealizados e preestabelecidos. Conforme Lopes (1995), a
família passou a ser pensada não como uma formação natural, mas como uma cate-
goria analítica, construída de forma diferenciada em contextos culturais específicos.
Com isso, houve reformulações no ensino, na prática extensionista e na atuação dos
economistas domésticos.
Embora o recinto doméstico corresponda ao lugar oculto da economia invisí-
vel e o termo doméstico seja marcado pela estigmatização social, a economia do-
méstica tem tematizado o ambiente doméstico como lugar de produção e reprodu-
ção social de cultura, valores e saberes. Como menciona Marques (1993), em uma
sociedade ainda marcada pelo analfabetismo, pobreza e desemprego, os economis-
tas domésticos têm buscado dar visibilidade à economia desenvolvida no lar, que
garante o sustento de muitas famílias.
As pesquisas sobre modos e condições de vida, cultura, saberes, valores bem
como as representações que direcionam as práticas sociais das famílias têm de-
monstrado a relevância econômica, social, política, afetiva e emocional do universo
doméstico para a sociedade, dando visibilidade e atribuindo valor àquilo que era
oculto e gratuito. As informações contextualizadas, analisadas conjuntamente com
os marcadores de gênero, classe, raça, etnia e geração têm permitido tematizar a
pobreza, a desigualdade e a fome, possibilitando refletir sobre políticas públicas que
direcionam programas e projetos de desenvolvimento social.
Se em seus primórdios, a Economia Doméstica privilegiou o trabalho das mu-
lheres apenas no âmbito doméstico, excluindo-as de outros espaços produtivos, o
amadurecimento da profissão ocasionou a ampliação do leque de atuação em servi-
ços comunitários e em programas de desenvolvimento rural e urbano. Considerando
que a família pertence a um ecossistema, no exame da interdependência entre fa-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
114
mília, casa, comunidade e meio ambiente, o economista doméstico tem buscado
compreender os sistemas sociais com os quais indivíduos e famílias interagem em
seu cotidiano bem como o significado das redes de apoio e solidariedade que acio-
nam como estratégias de sobrevivência (MARQUES, 1982).
O levantamento dos meandros em que se dão as relações sociais, acrescidos
da adoção de metodologias participativas, favorece o acesso pelas famílias a infor-
mações, tecnologias e formas alternativas de geração de trabalho e renda. Ações
como essas têm contribuído para o empoderamento de indivíduos, grupos e famí-
lias, instrumentalizando-os politicamente para que sejam sujeitos da história e agen-
tes de mudanças.
As transformações pelas quais a sociedade tem passado têm sido vistas como
oportunidades para a troca de saberes e renovação da profissão. Exemplo disso é o
Congresso Mundial da Federação Internacional de Economia Doméstica (IFHE), que
aconteceu em julho de 2012, em Melbourne, na Austrália. Neste evento, quando se
comemora o centenário da Economia doméstica como profissão, foi lançado o livro
The Next 100 Years – Creating Home Economics futures, editado pelas professoras
Donna Pendergast, da Australia, Sue McGregor, do Canada e Kaija Turki, da Finlân-
dia. Os capítulos do livro foram escritos por economistas domésticos de instituições
de todo o mundo, inclusive, por uma professora do DED/UFV. A temática do con-
gresso pautou-se em estudos feitos pelo Instituto de Estudos Futuros de Copenha-
gen36, que apontou dez megatendências que direcionam a atuação profissional dos
economistas domésticos nos próximos 100 anos: envelhecimento; globalização e
desenvolvimento tecnológico; prosperidade; individualização; comercialização, saú-
de e meio ambiente; aceleração; e rede de organização e urbanização. 37
A amplitude das megatendências exige a formação de equipes multidisciplina-
res para que cada profissional, com sua formação e visão, contribua com seus co-
nhecimentos para atender às famílias, grupos e indivíduos em suas demandas e ne-
cessidade. Sob esse prisma, a pesquisa deve ser assumida como diálogo crítico com
36 Cf.http://www.cifs.dk/scripts/artikel.asp?id=1469. 37 O primeiro capítulo do livro, que direcionou os autores dos demais capítulos pode ser encontrado no endereço eletrônico: <http://www.ohea.on.ca/uploads/files/DOC/Chapter_Example.pdf>
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
115
a realidade para que forneça subsídios para a intervenção, possibilitando um pro-
cesso emancipatório que empodera indivíduos, famílias e grupos.
REFERÊNCIAS
ABED - Associação Brasileira de Economistas Domésticos. Um pouco de história. In: XX Congresso
Brasileiro de Economia Doméstica. 14 a 19 de setembro de 2009, Fortaleza, CE. Disponível em:
<http://www.xxcbed.ufc.br/arqs/historia.pdf>.
LOPES, Maria de Fátima. O sorriso da paineira. Construção de gênero em universidade rural.
Tese. Rio de Janeiro. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1995.
MARQUES, Nerina Aires C. Pesquisa em Economia Doméstica: Enfoques e linhas de pesquisa. In:
Abeas. II Encontro de diretores e/ou coordenadores de cursos e representantes de classe de
Economia Doméstica. Viçosa-MG, 1982, p.29-33.
MARQUES, Nerina Aires C. Reflexões sobre economia doméstica: origens e caminhos. In: OIKOS -
Revista Brasileira de Economia Doméstica. v. 8(1) p. 46-53, 1993.
MARTINS, Carlos Benedito. A reforma universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior
privado no Brasil. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 30, n. 106, p. 15-35. 2009. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/es/v30n106/ v30n106a02>.
OIKOS. Revista Brasileira de Economia Doméstica. Disponível em
<http://www.ufv.br/ded/files/fra/oikos/intro.htm> Acesso em 31/08/2011.
Universidade Federal de Viçosa – UFV. Projeto de implantação do curso de Economia Familiar.
Outubro de 1991. Viçosa-MG.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
116
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DPE/UFV: DETERMINANTES E
PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Alvanize Valente Fernandes Ferenc
Marisa Barletto
Ana Claudia Lopes Chequer Saraiva
1. INTRODUÇÃO
A história do Departamento de Educação e do curso de Pedagogia da UFV tem
seu marco inicial na Escola Superior de Economia Doméstica (ESCD), que, em sua
criação, em 1954, era composta pelos Departamentos de Nutrição, Vestuário, Deco-
ração, Puericultura, Arte e Recreação, Educação, Psicologia e Sociologia (BARLETTO,
2006).
A criação do Departamento de Educação na ESCD se fez voltado para a forma-
ção de mulheres como extensionistas das práticas domésticas modernas. Orientado
pelo ensino agrícola, a lógica se sustentava pelo ideário de formação de modernas
boas mães de família e das novas profissionais para o espaço doméstico e escolar.
As atividades educativas se aproximavam dos conteúdos de formação que eram de-
senvolvidos para o ensino regular, portanto, distintos do caráter educativo da ex-
tensão.
O curso de Pedagogia, criado no Departamento de Educação, começou a fun-
cionar em 1972 como um curso noturno. Ele surge tanto com objetivo de oferecer a
formação no ensino superior, quanto de atender à necessidade de complementação
pedagógica de professores em exercício, por exigência da Lei nº. 5692/71. A opção
pelo período noturno se deve a uma preocupação de possibilitar a frequência dos
profissionais de ensino, principalmente de Viçosa e microrregião.
Em 1978, o Departamento de Educação passou a ter nova institucionalidade,
vinculando-se ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, criado também nesse
mesmo ano. O período entre 1978 e 1981 é decisivo para a consolidação do espaço
do Departamento de Educação dentro da UFV, por meio da renovação do seu qua-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
117
dro docente. A vinda de novos professores e o investimento em sua capacitação
promoveram o crescimento do DPE e do Curso de Pedagogia, no sentido de rever e
ampliar concepções e posicionamentos teóricos sobre educação, problematizando o
tecnicismo educacional e trazendo novos temas ao debate acadêmico.
Nesse período, com a ampliação do quadro docente se identifica uma nova
fase que simboliza a inauguração do discurso marxista no espaço da universidade e
a militância docente, práticas até então negadas, principalmente, pelo regime da
ditadura militar. Muitos desses professores tiveram grande visibilidade e expressão
no movimento sindical docente, e por isso também na UFV, na conjuntura da cha-
mada “abertura política”.
A grande maioria dos professores que construiu a história do Departamento
de Educação na década de 1980 adere à aposentadoria no início da década de 1990.
Dessa forma, o quadro de docentes foi praticamente renovado, mais uma vez, até o
ano de 1995. Diferentemente do processo de 1978, em que o DPE foi ampliado, na
década de 1990 houve um esvaziamento do quadro de docentes.
De acordo com os documentos consultados, até meados da década de 1990, o
Departamento de Educação tinha lotado 24 professores e 22 professoras, que se
subdividiam em cinco áreas de ensino: Fundamentos, Didática, Estrutura, Economia
e Letras.
A trajetória do DPE tem sido orientada pela ampliação dos espaços de ativi-
dade de ensino - aumento de cursos e vagas na UFV, principalmente no campo das
Licenciaturas - das atividades de extensão e de pesquisa por meio da consolidação
dos Grupos de Pesquisa nas áreas de Formação de Professores, da Educação do
Campo, de Políticas Públicas e Educação e da Educação e Gênero.
A experiência mais recente de reformulação do Curso de Pedagogia da UFV,
no ano de 1999, foi orientada pela atual LDB, tendo como referência básica a pro-
posta de Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN para o Curso de Pedagogia. Seu Pro-
jeto Pedagógico foi norteado por um perfil do profissional da educação que pudesse
atuar “no ensino, na organização e gestão de sistemas, unidades e projetos educac i-
onais e na produção e difusão do conhecimento em diversas áreas da educação.”
Tem-se “a docência como base obrigatória de sua formação e identidade profissio-
nal” (DPE, 1999, p.2). A interdisciplinaridade é a categoria que orienta a estrutura
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
118
dos eixos curriculares: Estudos Pedagógicos Integrados – EPIs, Estudos Independen-
tes, Estágios e Prática Pedagógica.
A proposta de um novo Projeto Político Pedagógico para o Curso de Pedago-
gia da UFV, conforme os dispositivos constantes nos documentos oficiais, aprovados
pelo CNE e Ministério da Educação – MEC (Parecer CNE/CP 05/2005; Parecer
CNE/CP 03/2006 e Resolução CNE/CP 01/2006) é focada na formação inicial para o
exercício da docência na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamen-
tal, com ênfase em Pesquisa e Gestão Pedagógica. Assim, em 2007, foi elaborada
uma nova proposição curricular para o Curso de Pedagogia, que procurou se ade-
quar melhor às orientações das DCN.
Ao longo desse percurso histórico, foi instituído o Curso de Especialização la-
to sensu, em Educação, em 1997. Destacam-se, ainda, a participação do DPE no
Projeto Veredas - Formação Superior de Professores – em parceria com outras uni-
versidades do estado de MG; e o oferecimento dos Cursos de Especialização lato
sensu a distância, em Gestão Escolar e Gestão de Políticas Públicas em Gênero e
Raça, este último em parceria com o Departamento de Ciências Sociais, em 2009.
A criação em 2008 do Programa de Pós-Graduação em Educação foi um mo-
mento de reconhecimento e destaque de uma década de investimento acadêmico
consolidando um marco importante na história do DPE.
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
Fazendo uma retrospectiva histórica, tem-se que as primeiras pesquisas de-
senvolvidas no Departamento de Educação e registradas na Pró-Reitoria de Pesquisa
e Pós-Graduação datam dos anos de 1990. Por meio de relatos de antigos professo-
res e informações obtidas em consulta ao site da referida pró-reitoria, foi possível
visualizar, nos últimos trinta anos, um aumento considerável no número de pesqui-
sas desenvolvidas por esse departamento.
Cabe destacar que uma importante ação potencializadora do incremento da
pesquisa foi a criação do Programa de Pós-Graduação em Educação em 2008, que
representa importante iniciativa no âmbito do estado de Minas Gerais, responden-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
119
do a uma demanda regional pela pós-graduação nessa área. Esse programa tem
como objetivo estudar a educação por meio de investigações que problematizem as
relações entre Estado e sociedade no Brasil e que aprofundem o conhecimento so-
bre a formação e as práticas de professores em diferentes contextos educativos.
Este programa está estruturado em duas linhas de pesquisa: Formação de Professo-
res e Práticas Educativas e Educação, Estado e Sociedade. Desde a sua criação, em
2008, são contabilizados quatro processos seletivos, com a presença em média de
100 candidatos inscritos por seleção. No período de 2008 a 2012, registramos a pre-
sença de 48 estudantes de pós-graduação, tendo o ocorrido 14 defesas de disserta-
ção.
No campo da pesquisa, no âmbito interinstitucional, foi possível realizar par-
cerias importantes, entre as quais, destacamos a desenvolvida com a Fundação
Carlos Chagas e o Centro Internacional de Educação – Representações Sociais. Men-
cionamos ainda a participação de pesquisadores do Programa no trabalho do Ob-
servatório da Educação do Campo, que envolve várias universidades do Estado de
Minas Gerais. Outro empreendimento importante do Programa foi a criação da Re-
vista Educação em Perspectiva, no ano de 2010, tendo sido avaliada pelo Qua-
lis/Capes, no último triênio, como B2. Essa tem como finalidade instigar a produção
e a socialização do conhecimento produzido no campo educacional de pesquisado-
res do contexto nacional e internacional.
Para fins desse artigo, vamos nos deter na síntese quantitativa e qualitativa
das produções científicas do DPE e PPGE, relativas aos últimos 10 anos, ou seja, o
período de 2002-2012. Neste período, são contabilizados 213 projetos de pesquisa
registrados.
No tocante às pesquisas desenvolvidas pelo Departamento de Educação, con-
siderando as respectivas palavras chave identificadas nestes respectivos projetos e
seus objetivos propostos, podem ser evidenciados quatorze eixos temáticos de es-
tudos a considerar: políticas públicas, práticas pedagógicas, ciência e tecnologia, his-
tória da educação, educação do campo, gestão escolar, movimentos sociais, educa-
ção de jovens e adultos, formação discente, formação docente, currículo, relação
família e escola e diversidade.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
120
O Gráfico 1 mostra a produção científica dos docentes vinculados aos grupos
de pesquisa.
GRÁFICO 1- Grupos de pesquisa cadastrados no CNPq e (%) de projetos a eles vinculados.
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011.
Pode-se perceber ao analisar o Gráfico 1 que o Grupo de pesquisa com maior
número de projetos a eles vinculados é o de Formação de Professores e Práticas
Educativas. Na sequência, temos dois grupos com porcentagens muito próximas:
Políticas Públicas e Educação Pública Brasileira. Há um número expressivo de grupos
de pesquisa, percebendo-se temáticas afins.
Quanto às linhas de Pesquisa que agregam os projetos de pesquisa do Depar-
tamento de Educação, podemos perceber, de acordo com o Gráfico 2, que em duas
linhas de pesquisas se concentra o maior número de projetos registrados: Educa-
ção, Estado e Sociedade e Formação de Professores. Cabe destacar que até a criação
do programa de Pós-graduação em Educação, em 2008, os projetos que se voltavam
para a problematização do campo de formação de professores eram registrados na
linha de mesmo nome. Atualmente, os projetos começam a ser registrados na linha
formação de professores e práticas educativas.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
121
GRÁFICO 2- Linhas de pesquisa do DPE e (%) de projetos a ela vinculados.
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011
No que se refere às fontes de financiamentos das pesquisas, há preponde-
rância de projetos não financiados (Gráfico 3).
GRÁFICO 3- Fontes de financiamento das pesquisas e sua porcentagem Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
122
O Gráfico 4 mostra as modalidades de bolsas dos projetos desenvolvidos.
GRÁFICO 4- Modalidades de bolsa de pesquisa e sua porcentagem
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011.
Cabe destacar, ao observar o Gráfico 4, que temos uma variedade de bolsas,
mas há uma maior concentração nas modalidades de bolsas da Fapemig e CNPq.
Entretanto, pode-se, também, destacar a presença de um número expressivo de
projetos sem bolsa e sem financiamento.
Atualmente o Departamento de Educação, no contexto da graduação, segun-
do dados disponibilizados pela PPG-UFV, conta com 23 três bolsas de Iniciação cien-
tífica, institucionais: nove bolsas da Fapemig, oito bolsas do CNPq, nove bolsas do
BIC Júnior e duas bolsas Funarbic.
No que se refere ao Programa de Educação Tutorial - PET Educação/Viçosa,
temos 15 estudantes a ele vinculados, 12 com bolsa da Capes.
Com a criação do Programa de Pós-Graduação, novas modalidades de bolsa se
apresentam: Capes-Reuni, Capes-Demanda Social, Observatório do Campo e Fape-
mig, essa última com locação é bianual, totalizando 24 bolsas.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
123
A Produção Científica no Contexto do Programa de Pós-Graduação em Educação
O primeiro aspecto destacado na produção científica refere-se à percentagem
de artigos publicados pelos estudantes do mestrado, considerando as temáticas en-
volvidas, bem como o tipo de publicação. Além disso, foram incluídas também as
dissertações defendidas pela turma egressa do Programa.
Do total de 18 alunos, 12 deles apresentaram trabalhos em eventos na moda-
lidade oral, totalizando 15 trabalhos. Com relação à apresentação de pôsteres em
eventos, contabilizamos 21 produções de 14 estudantes. A percentagem de estu-
dantes que publicaram trabalhos científicos em eventos está relacionada nos Gráfi-
cos 5 e 6.
GRÁFICO 5- Apresentação de trabalhos em eventos na modalidade oral.
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
124
GRÁFICO 6- Apresentação de trabalhos em eventos na modalidade pôster.
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011.
GRÁFICO 7- Tipos de produções científicas dos discentes do PPGE/UFV
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011.
Os Gráficos 5, 6 e 7 mostram um total de 38 produções dos discentes do
PPGE: 15 apresentadas na modalidade oral, 21 na modalidade pôster e 2 publica-
ções em revistas.
Temos um total de 36 trabalhos científicos publicados em eventos, a maior
participação se concentrando em eventos nacionais. Os dados também nos indicam
tendência à participação dos estudantes em eventos internacionais (Gráfico 8).
GRÁFICO 8- Tipos de evento em que ocorreram as publicações científicas dos discentes.
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
125
Na análise da produção científica discente, foram incluídas as dissertações já
defendidas no Programa. Para essa amostra contabilizamos apenas a turma de
2009. Dos 12 alunos regularmente matriculados, tivemos 100% de defesas concluí-
das (Gráfico 9).
GRÁFICO 9- Dissertações defendidas pela primeira turma (2009) e o tempo de defesa.
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011
Outro indicador da produção discente consiste na participação e atuação em
eventos. Foram considerados, para análise, eventos como palestras, seminários,
congressos, fóruns, encontros e oficinas. Destacamos a forma de participação nas
seguintes modalidades: ouvintes, a organização ou participação de comissões orga-
nizadoras e cursos ministrados. A maior participação se deu na modalidade ouvinte,
totalizando o número de 35 eventos (Gráfico 10). Entre os eventos de que os dis-
centes do PPGE participaram, aquele promovido pela Pró-reitoria de Ensino, como
parte do Programa de Formação Continuada da UFV, composto de palestras aos es-
tudantes da pós-graduação dessa instituição, foi o que mais contabilizou participa-
ções (57%).
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
126
GRÁFICO 10- Participação dos discentes em eventos como ouvintes. Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011
Em relação às publicações qualificadas dos docentes do PPGE no período de
2010-2011, tendo como fonte os currículos LATTES/CNPq dos docentes permanen-
tes, foram publicados 11 artigos em periódicos, nove capítulos de livros, dois ver-
betes e 39 trabalhos em anais de eventos (Gráfico 11).
GRÁFICO 11- Produção do corpo docente do PPGE.
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011.
Analisando estes dados, identificamos que a quantidade de publicações de ar-
tigos e de capítulos de livros é muito próxima. Entretanto, há uma discrepância em
relação ao número de publicações em anais de congresso. No que se refere às publi-
cações em periódicos utilizando a classificação da Capes, identificamos que, do con-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
127
junto de 11 artigos publicados no período de 2010-2011, oito foram publicados em
periódicos qualificados (Gráfico 12).
GRÁFICO 12- Publicação do corpo docente do PPGE - Em periódicos Capes/QUALIS.
Fonte: Documento de Avaliação do PPGE/UFV-Triênio 2008-2011.
Os dados apresentados sobre a produção acadêmica e científica de discentes
e docentes do PPGE evidenciam um investimento em eixos temáticos de estudos
diferenciados, porém articulados, refletindo um comprometimento com os objeti-
vos do Programa e com o acúmulo de conhecimentos no campo educacional.
Cabe destacar no contexto da graduação e da pós-graduação a presença de traba-
lhos premiados em eventos locais e nacionais: Licenciaturas da Universidade Federal
de Viçosa em debate: relações entre campos de formação e atuação profissional
(Martins, C. de A; Braúna, R. de C. de A (orientadora); Giardini, B. L.; Miranda, E. da
S.; Ferenc, A. V. F.; Saraiva, A. C. L. C.) Simpósio de Iniciação Científica-Menção Hon-
rosa/Apresentação oral; Breves considerações sobre o estado do conhecimento na
área de Formação de Professores acerca da Educação para as relações étnico raciais
-2005-2009 (Mendonça, A. P. F. de); A educação de jovens e adultos em áreas de
reforma agrária: desafios da formação de educadores do campo (Silva, L. H. da);
Concurso Nacional de artigos científicos e ensaios teóricos sobre educação para a
diversidade e enfrentamento às desigualdades no contexto brasileiro, Anped/2010.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
128
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
Em relação às perspectivas de pesquisa e possibilidades futuras, destacamos
que elas já vêm sendo desenvolvidas. Portanto, o que nos cabe mencionar é a pos-
sibilidade de continuidade de práticas gestadas no contexto de experiências inter-
disciplinares em ação. Essas produções científicas interdisciplinares têm sido cons-
truídas por meio de parcerias com outros programas, cujos diálogos têm permitido
novos horizontes de investigação, caso das pesquisas em Representações Sociais
sobre o trabalho docente, num grande projeto orquestrado pela Fundação Carlos
Chagas/Centro de Investigações em Educação – Representações Sociais; da Pesquisa
intitulada A formação, o trabalho dos docentes, que atuam no ensino fundamental,
e a avaliação sistêmica das escolas mineiras: um estudo comparado, que envolveu 6
Instituições públicas de Minas Gerais (UFJF – Instituição Sede da pesquisa-, UFMG,
UFSJ, UFV, UFOP, UEMG) e deu origem ao livro Campos e Vertentes: formação, tra-
balho docente e avaliação sistêmica, organizado por Calderano, Pereira e Marques
(2010); e o Observatório da Educação do Campo, que integra pesquisas de progra-
mas de Pós-Graduação da Universidade Federal de São João Del Rei, Universidade
Federal de Viçosa e Universidade Estadual de Minas Gerais. Ainda nessa perspectiva,
a produção de diálogos entre os próprios docentes/pesquisadores tem permitido
interlocuções entre diferentes perspectivas teóricas sobre objetos de estudo em
comum.
Outra perspectiva sobre as possibilidades interdisciplinares está situada na
prática extensionista dos docentes, que agrega diferentes atores sociais, remete a
práticas sociais relevantes, caso da Educação do Campo, da Agroecologia, dos Estu-
dos de Gênero e do Grupo Pet Conexões de Saberes/Educação. Refletindo a tradição
do DPE, a extensão tem sido uma forte fonte de interlocução com as pesquisas, nu-
trindo as reflexões e problematizações dos objetos de pesquisa.
REFERÊNCIAS
BARLETTO, M. Uma experiência de curso de formação de pedagogas – diálogos entre diferentes trajetórias. 2006. 267 p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universi-dade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 2006.
FERENC, A., V. F.; SARAIVA, A.C. L. C.; BARLETTO, M.; DE MARI, D.L. ; AZEVEDO, S. S.; SILVA, L. H. ; LEAL, E.; ALVARENGA, F.; MELLO, P. das G. Documento para subsidiar o processo de avaliação do Programa de Pós-Graduação em Educação- PPGE/UFV, no triênio 2008-2011. Viçosa, 2011. 52p.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
129
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA - DGE/UFV: DETERMINANTES E
PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Lídia Lúcia Antongiovanni
Maria Isabel de Jesus Chrysostomo
Nilo Américo Lima
1. INTRODUÇÃO
O curso de Geografia, criado em 2000 e com início no ano de 2001 na UFV,
correspondeu a um momento particular na história institucional atendendo a uma
demanda local por cursos noturnos vinculados às áreas de humanas, principalmente
de licenciatura. Simultaneamente, foram criados os cursos de História, Dança e
Comunicação Social.
A primeira coordenação foi conduzida pela professora Cristine Carole Mugler,
que atua no Departamento de Solos, tendo permanecido no cargo até o ano de
2003, quando então assumiu o professor Leonardo Civale, da área de Geografia
Humana.
Para a implementação do curso, a professora Cristine Carole Mugler
coordenou uma equipe que elaborou a primeira matriz curricular e a primeira
versão do projeto político-pedagógico, que foi posteriormente modificado,
resultando numa nova matriz curricular implementada a partir do ano de 2008.
Quando da sua criação, o curso de Geografia estava inserido no
Departamento de Artes e Humanidades – DAH, que abrigava também os professores
dos cursos de História, Dança e Comunicação social, que somavam cerca de 20
professores, e teve como chefe, durante os anos de 2002-2004, o professor Paulo
Shikazu Toma, atuando à época no Departamento de Economia. Mas foi com a
criação do Departamento de Geografia - DGE, no ano de 2008, que houve uma
intensificação da pesquisa a partir de suas especificidades.
O início da instalação do curso de geografia exigiu esforços tanto dos
primeiros professores de outras áreas quanto daqueles da área de geografia, até
que passasse a construir uma identidade maior a partir da geografia do que
somente a partir de outras disciplinas.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
130
Inicialmente, as disciplinas da área de Geografia foram conduzidas por dois
professores substitutos e por dois efetivos de outros departamentos. No segundo
semestre de 2002, foram feitos os primeiros concursos públicos visando à
contratação de professores efetivos. Entre os anos de 2002 e 2010, foram
contratados os atuais professores do DGE: Leonardo Civale (2002), Maria Isabel de
Jesus Chrysóstomo (2003), André Luis Lopes de Faria (2004), Eduardo José Pereira
Maia (2005), Edson Soares Fialho (2006), Ulysses da Cunha Baggio (2006), Janete
Regina de Oliveira (2009), Lídia Lúcia Antongiovanni (2009) e Nilo Américo Lima
(2011).
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
A pesquisa no Departamento de Geografia - DGE foi se consolidando com a
chegada de novos professores das áreas específicas da geografia. Houve e há um
processo de formação dos docentes, que puderam contar com licença para
doutorado e, mais recentemente, para pós-doutorado, o que permite amadurecer e
solidificar linhas e temáticas de pesquisa.
Inicialmente, mesmo poucas, as publicações nos congressos da área tiveram o
papel de impulsionar o debate na instituição sobre a necessidade de incentivar a
pesquisa. Tal processo culminou na promoção de vários cursos, seminários e
conferências, eventos que contaram com a participação de professores de outras
instituições e com a presença marcante dos estudantes de geografia e do seu corpo
docente.
Como um dos resultados, podemos citar a realização da 1ª Semana
Acadêmica do curso de Geografia, no ano de 2003. Neste mesmo ano, na busca de
incrementar a pesquisa, foi inaugurado, nas dependências da biblioteca, o
Laboratório de Pesquisas Geográficas. É neste contexto, apesar de incipiente, que a
pesquisa de Geografia na Universidade Federal de Viçosa dá os seus primeiros
passos.
Outro momento emblemático ocorreu em 2004, quando os professores e
alunos se mobilizaram para participar do Encontro Nacional de Geógrafos ocorrido
em Goiânia, organizado pela Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB. O
resultado desse esforço levou a uma participação massiva dos estudantes de
Geografia, assim como a presença de três dos quatro docentes do curso. Contudo,
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
131
antes mesmo da participação nesse evento, e, após o seu término, professores e
estudantes começaram a discutir, com os representantes da AGB/Belo Horizonte e
AGB/ Nacional, a possibilidade de criar uma sede da AGB em Viçosa. Os debates
para viabilizar esta criação foram muitos, sendo convidados professores e
estudantes de outras AGBs locais.
O resultado dessas propostas também culminou na realização de encontros e
debates com representantes de outras instituições. Este intercâmbio estimula e
permite a inserção dos estudantes e dos professores do curso num contexto mais
amplo, com representação regional e nacional. Esta inserção é responsável,
inclusive, pelo expressivo número de publicações de pesquisas da iniciação científica
ao doutorado e pós-doutorado nos anais deste importante evento da geografia
nacional.
Em 2006, a contratação de mais três professores coincidiu com a defesa de
doutorado de dois docentes que já faziam parte do curso. Neste novo cenário, o
Departamento passou a dispor de três professores com doutorado e quatro com
mestrado, sendo dois destes em treinamento. Com isso, apesar de os professores
continuarem inseridos em grupos de pesquisa de outras universidades, iniciaram
projetos na Instituição, ingressando a Geografia em uma outra etapa em termos de
produção acadêmica a partir da UFV.
Atualmente, o Departamento de Geografia conta com nove professores,
sendo sete adjuntos e dois assistentes. Ressalta-se que dos dois professores
assistentes, um se encontra no terceiro ano de licença de doutorado e o outro tem
previsão de iniciar seu treinamento em 2014. Em breve, portanto, contaremos com
oito professores doutores.
O início dos debates acadêmicos e o alvorecer das pesquisas no curso de Geografia
No ano de 2003, ocorreu a primeira visita do Ministério da Educação (MEC),
sendo reelaborado o projeto político pedagógico do curso, com o reconhecimento
do curso em 2005. Durante a visita, foram sugeridas algumas alterações na matriz
curricular do curso, que foi reestruturada em de 2008.
O curso de Geografia adquiriu maior autonomia política e administrativa com
a criação do departamento de Geografia em dezembro de 2008, que teve como
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
132
primeira chefa a professora Maria Isabel de Jesus Chrysóstomo, sucedida pelo atual
chefe do DGE, Professor Edson Soares Fialho. A partir deste momento, a pesquisa
toma novo impulso.
De 2002 a 2012, houve cinco gestões na coordenação do curso de Geografia,
que vivenciaram múltiplos desafios na área de ensino, pesquisa, extensão e
administração. Inserido de forma crítica nas demandas institucionais e acadêmicas,
o curso foi responsável pela formação de mais de 600 alunos. Atualmente
encontram-se vinculados 816 estudantes ao DGE.
A maior parte dos egressos está mercado de trabalho atuando em diferentes
áreas da Geografia. E há muitos que ainda estão complementando sua formação nos
cursos de mestrado e doutorado, oferecidos por diferentes universidades brasileiras
tais como UFRJ, UFF, Unesp, UFMG, a própria UFV, entre outras.
Pode-se dizer que a partir de 2006, quando o curso passa a ter mais recursos
de áreas próprias da geografia, e com novos reforços nos anos seguintes, a pesquisa
tem maior expressão, tanto com a elaboração de projetos de pesquisa como na
maior incorporação de bolsistas de iniciação científica ao departamento - bolsas BIC
Júnior, Pibic (CNPQ, Fapemig, Caixa).
Também merece destaque a maior participação em projetos de extensão e
ensino, através dos programas de ensino financiados pela Capes, tais como o Pibid
e os de extensão (Proext), que, indiretamente, têm impulsionando a pesquisa do
Departamento.
Este é um momento em que é possível perceber a constituição de linhas de
pesquisa estruturadas a partir de projetos em complementaridade com o ensino e a
extensão.
Configuração de Áreas Temáticas de Pesquisa no DGE
A pesquisa no Departamento de Geografia organiza-se a partir das
possibilidades trazidas com as entradas de novos professores para suprir a demanda
da matriz curricular básica do curso.
Assim, como mencionado anteriormente, poderemos perceber que nestes
onze anos de existência houve uma significativa ampliação tanto do número de
pesquisas bem como nas suas temáticas, acompanhadas da busca da estruturação
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
133
de laboratórios, publicações, orientações de pesquisa e de monografias, além da
participação em grupos interinstitucionais e ainda a participação em cursos de pós-
graduação em outros departamentos da UFV.
A geografia, ao abordar a questão da produção do espaço, o faz a partir de
duas vertentes complementares, tradicionalmente consagradas: a produção do
espaço considerando as relações sociedade natureza e a produção do espaço com
ênfase nas relações políticas, culturais, econômicas. Estas vertentes muitas vezes se
cruzam no processo da pesquisa, havendo muitos elementos de interseção entre
elas.
Também é preciso destacar que há uma crescente preocupação em tratar as
temáticas a partir da produção do espaço regional e da noção de Zona da Mata
Mineira, mas buscando compreender sua diversidade interna e a fluidez de suas
fronteiras.
A questão climática vem sendo desenvolvida pelos projetos de pesquisa
organizados pelo Laboratório de Estudos Climáticos – O Bioclima – que abriga
bolsistas de iniciação científica e de extensão, que abordam diversos assuntos,
principalmente o clima urbano.
O espaço geográfico é abordado através da noção de paisagem e abrange
projetos de percepção da paisagem e toponímia, tratando, também, da questão
étnica e da inserção do negro na produção do espaço na Zona da Mata Mineira.
Com uma abordagem a partir dos estudos de geografia urbana, são
desenvolvidas pesquisas sobre a produção do espaço urbano, buscando novos
elementos teóricos e a construção de conceitos que permitam compreender novas
práticas espaciais.
Dentro desta vertente da questão urbana, há também estudos com uma
abordagem da geografia histórica, analisando a formação das cidades e suas
implicações em processos atuais. Além disso, associada a esta temática, ocorre a
realização de pesquisa sobre patrimônio histórico em parceria com prefeituras da
região. Temos também pesquisas em monografias resultando em vários estudos
sobre a dinâmica espacial da constituição de cidades e de processos na Zona da
Mata Mineira para preencher uma lacuna de produção de conhecimentos sobre a
região. Associa-se a esta linha um debate sobre geografia cultural.
O curso também desenvolve uma linha de pesquisa que aborda processos da
natureza através da área de conhecimento denominada geomorfologia. De forma
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
134
associada há pesquisa na área de geoprocessamento, que está se constituindo a
partir do Laboratório de Geografia Física.
A área de ensino de geografia vem se estruturando pela formação de
professores, com a realização de pesquisa de doutorado, e também pela
organização do Laboratório de Ensino de Geografia. Nesta área, a condução do
projeto Pibid tem papel essencial no subsídio ao conhecimento das escolas da
região, suas demandas e possíveis conexões com a pesquisa e também com a
extensão.
Estão em andamento pesquisas, com base na abordagem da geografia
econômica, que procuram compreender processos de desenvolvimento territorial
tanto na área rural como na área urbana e suas possíveis conexões. As pesquisas
visam a compreender as implicações para o desenvolvimento territorial da
integração da agricultura familiar em circuitos produtivos de caráter nacional e até
internacional na Zona da Mata Mineira. Outra pesquisa associada é a constituição
do Observatório dos Desenvolvimentos Territoriais na Zona da Mata Mineira.
Alguns dos projetos são desenvolvidos no Laboratório de Pesquisas
Geográficas, espaço onde ocorrem diversas atividades dos grupos de pesquisa dos
professores do DGE, além de ser um espaço para pequenos seminários e de defesas
de monografias.
Outra temática de pesquisa que se organiza diz respeito a conflitos
ambientais, analisando questões como a da água na linha de pesquisa Estudos
Territoriais e Representações do Espaço Geográfico na análise socioambiental e a
questão dos conflitos ambientais gerados pelo turismo e pela mineração na linha de
pesquisa Governança de Recursos Comuns e Desenvolvimento Sustentável.
Assim, temos cerca de 300 monografias feitas e distribuídas entre estas
temáticas, havendo predominância de estudos sobre Viçosa e municípios vizinhos.
Outrossim, uma outra frente de pesquisa vem se constituindo com a busca
por uma organização da mapoteca, visando a potencializar o uso deste rico acervo.
Destacamos participação dos estudantes de geografia em projetos de
pesquisa em outros departamentos tais como no Departamento de Solos, pela
participação no Laboratório de Geoprocessamento, e no Museu de Ciências da
Terra.
Em outros departamentos, destaca-se a participação de nossos egressos nos
programas de pós-graduação da Extensão Rural, Educação, Solos e Arquitetura,
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
135
indicando o potencial de pesquisa possibilitado pelo curso. Apresentamos abaixo
uma lista das temáticas de pesquisa atualmente desenvolvidas no DGE.
Lista geral dos projetos de pesquisa registrados em desenvolvimento no
Departamento de Geografia da UFV:
Solos Submersos Solos
Geomorfologia da Antártica
Desenvolvimento Urbano
Organossolos do Parque Nacional do Caparaó
Uso e ocupação dos solos de Guaraciaba
Moderno, Modernidade, Modernização: a educação nos projetos de Brasil – séc. XIX e XX.
História da Geografia escolar no Brasil
Geografia, Educação e Modernidade: a pesquisa em Ensino de Geografia e a geografia na
pesquisa em Educação
Qual(ais)_Memória e História Urbana do Rio de Janeiro – NEURB - Universidade Federal
Fluminense
Formação das Periferias Urbanas de Viçosa-MG: os casos de Nova Viçosa e Amoras
Imigração estrangeira nos Confins da Zona da Mata Mineira (1850-1870): entre civilização
do sertão e controle do território
Os Territórios da Espera nas Américas (convênio com instituição de pesquisa francesa)
Territórios agrários e circuitos espaciais do agronegócio na Zona da Mata Mineira: uma
problematização das noções de desenvolvimento territorial
Laboratório de Climatologia - Bioclima
Observatório dos desenvolvimentos territoriais da Zona da Mata Mineira
Compreendendo as impressões e repercussões das
atividades humanas sobre as paisagens.
O Processo de Urbanização e sua Repercussão no Campo Térmico sobre a área urbana de
Viçosa-MG.
A importância do sítio no caráter climático nas cidades localizadas na Zona da Mata Mineira
Paisagem e Memória: reconstruindo a geo-história do município de Teixeiras-MG.
Impacto pluvial e organização do território: Compreendendo o percurso dos recursos de
reconstrução para os municípios mineiros atingidos pelas enchentes/secas entre 2006 e
2009 e suas repercussões socioeconômicas na paisagem.
Em relação às publicações, o DGE vem aumentando sua produção conforme
aumenta o número de professores. Enquanto em 2003 está registrada apenas uma
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
136
publicação no DGE, em 2010 temos 97 trabalhos publicados, considerando as
publicações junto com os estudantes em congressos e as monografias.
Estas possibilidades que vêm se configurando de ampliação da produção
tendem a se firmar cada vez mais conforme as condições previstas no projeto
político pedagógico do Curso e também de acordo com a experiência que os
professores vão adquirindo com seu tempo de instituição.
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
Uma reflexão que se proponha a pontuar questões sobre perspectivas e
possibilidade de pesquisa deve procurar tatear os indícios de uma nova ciência,
refletindo sobre o contexto de seu surgimento e, ao mesmo tempo, firmando-se no
estado da arte de suas temáticas de pesquisa.
A trilha do conhecimento depende de uma construção histórica como
também é tributária das demandas provocadas pelos fenômenos sociais e da
natureza frequentemente apropriada. Nisto poderia residir a estrutura deste roteiro
pautado nos indícios, no contexto e no estado da arte.
Os debates que se propõem à expansão das concepções de mundo pautadas
na complexidade, na visão da totalidade em combate às fragmentações, no
reconhecimento das muitas dimensões do espaço geográfico constituem indícios do
novo na ciência. É a dinâmica de transformações de paradigmas, mudança que não
se realiza sem o paradoxo das resistências já fincadas.
De um modo geral, estas experiências já são uma realidade contextualizada
na geografia brasileira, isto é, a experiência de uma nova ciência se faz vivida pela
comunidade geográfica do Brasil. Do ponto de vista de métodos e metodologias,
deve se considerar, hoje, que o corpo docente dos Departamentos de Geografia em
nosso país, em algum momento, se defrontou, na individualidade e coletividade de
seus pesquisadores, com o movimento de renovação experimentado por esta
disciplina. Nesse sentido, o corpo docente do Departamento de Geografia/CCH/UFV
(DGE) igualmente não ficou imune a estas transformações, tanto no que diz
respeito aos Sistemas de Natureza como também aos fundamentos socioespaciais.
A participação dos professores deste Departamento em eventos científicos, tais
como os Simpósios de Geografia Física, nos Encontros da Anpege (Associação
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
137
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia) e demais eventos temáticos
em Geografia, reflete esta dinâmica
Assim, no que se refere ao estado da arte em relação a indícios e contextos
voltados para perspectivas e futuro da pesquisa, o DGE, instrumentalizado por sua
Comissão de Pesquisa, vem apresentando e amadurecendo propostas de instalação
de um Programa de Pós-Graduação em Geografia, proposta que já faz parte do
Plano de Gestão. Em uma primeira aproximação, já se discutiu em Colegiado a
formatação de duas linhas de pesquisa: uma voltada para questões do “território,
ambiente e sociedade” e outra, para as “dinâmicas da paisagem”.
O diverso temário de pesquisa sinalizado pelo corpo docente do DGE e de
certo modo reverberado pelo corpo discente em suas monografias de conclusão de
curso e de iniciação científica aponta também para novos caminhos. Assim,
enfrenta-se o desafio de desnudar a noção e processos reais de Zona da Mata
Mineira, como também, além deste recorte regional, nas perspectivas das
populações no mundo agrário, da geografia histórica, nas problemáticas de
modernidade, educação e geografia, nas dinâmicas de paisagem, solos, relevo e
clima, nos conflitos ambientais, nos temas de formação do urbano e das cidades.
Experimenta-se práxis metodológicas nos campos da cartografia histórica,
cartografias sociais, geoprocessamento, na abordagem das modalidades de
desenvolvimentos e envolvimentos, traçando-se grafias de perspectivas de pesquisa
em geografia.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
138
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA - DHI/UFV: DETERMINANTES E
PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Fábio Adriano Hering
1. INTRODUÇÃO
O curso de História da UFV foi criado no ano 2000 como parte do Centro de
Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) e como resultado do esforço da Universida-
de Federal de Viçosa de, a um só tempo, completar o ciclo das licenciaturas por ela
oferecidas, contribuir de modo mais ativo na formação dos professores da região e
criar um centro de excelência em ensino e pesquisa em História em níveis de gradu-
ação e pós-graduação. A primeira turma ingressou no ano de 2001, oferecendo um
total de 50 vagas no turno noturno. O curso obteve reconhecimento do MEC pela
Portaria no. 553, de 25/02/2005. Inicialmente, vinculado ao Departamento de Eco-
nomia, em 2002, foi incorporado, junto com os cursos de Comunicação Social, Dan-
ça e Geografia, ao recém-fundado Departamento de Artes e Humanidades (DAH).
Em 30 de Outubro de 2008 (resolução n. 16/2008 UFV), como resultado da articula-
ção de seus docentes e em reconhecimento à trajetória até então consolidada, foi
criado o Departamento de História (DHI), que agrupa hoje os cursos de Licenciatura
e Bacharelado em História, onde são desenvolvidas diversas pesquisas.
Alocado atualmente no prédio do DAH, também é responsável pelo Arquivo
Central e Histórico, situado na Vila Gianetti, e pelo laboratório de pesquisa e de re-
ferência documental (LAMPEH), no prédio da Biblioteca Central. O curso de História,
particularmente, avançou no sentido de formar, ao longo desse período, um corpo
docente de titulação completa (ou em processo de doutoramento) e de elevada
qualificação, desenvolvendo inúmeros projetos de pesquisa, ensino e extensão. No
atual currículo, o curso de História oferece internamente a maioria das disciplinas
que compõem o currículo das modalidades licenciatura e bacharelado. Há um po-
tencial de oferta de disciplinas optativas para outros cursos, intensificando os servi-
ços prestados pelo curso de História aos demais cursos da universidade, tanto do
CCH quanto de outros centros.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
139
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
O Departamento de História, além de coordenar o Arquivo Central e Histórico
da UFV, o Museu Histórico da UFV, o Laboratório de Ensino de História e Laboratório
Multimídia de Pesquisa Histórica (LAMPEH), tem seus professores do curso de Histó-
ria participando e coordenando vários projetos de pesquisa. As atividades do curso
já superaram os limites da própria instituição, com o estabelecimento de parcerias
com o IPHAN, através da Casa Setecentista de Mariana, com o Ministério Público do
Estado de Minas Gerais, através da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de
Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Turístico de Minas Gerais, e com a Câma-
ra Municipal de Viçosa. Internamente, o curso desenvolve vários projetos de exten-
são em pareceria com outros departamentos, como Economia Doméstica e Enge-
nharia Agrícola e Ambiental, destinados à organização de acervos documentais e à
preservação da memória histórica.
A elaboração e execução de projetos de pesquisa e extensão bem como o de-
senvolvimento de outras atividades além daquelas voltadas especificamente para
os alunos de graduação contribuem, entre outras coisas, para a definição da identi-
dade do curso. Desde sua criação, vem se dedicando ao trabalho de preservação,
estudo e divulgação da memória histórica da instituição e da região de Viçosa. Vá-
rias iniciativas já foram tomadas nesse sentido. A primeira delas ocorreu em 2002,
quando o Arquivo Central e Histórico da UFV foi transferido para o DAH. O local reú-
ne acervo de valor inestimável para a memória da UFV, pois ali estão depositados
documentos históricos que remontam à época de criação da ESAV, os quais vêm
sendo organizados por estagiários (alunos de graduação de História).
Além do Arquivo Central e Histórico da UFV, a Casa Arthur Bernardes – subor-
dinada diretamente à Reitoria, mas administrada pela Divisão de Assuntos Culturais
– esteve até 2010, sob a coordenação do DHI, que ali realizou trabalho de preserva-
ção e catalogação do acervo, com o auxílio de bolsistas e estagiários do curso. Outra
iniciativa importante do Curso de História foi a organização e digitalização do rico
acervo de Inventários, Testamentos e Documentos Cartoriais dos séculos XVIII e XIX
da Casa Setecentista de Mariana, que ainda estão em continuidade e sob a coorde-
nação de professores do departamento.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
140
O primeiro destes projetos teve início em fins de 2005 e um segundo, em fins
de 2006, ambos com financiamento da Fapemig, somando cerca de R$ 150 mil reais,
aproximadamente. Além de contribuírem para a conservação e organização do
acervo da Casa Setecentista, estes projetos preveem a digitalização e disponibiliza-
ção de documentos cartoriais produzidos entre os séculos XVIII e XX, cobrindo quase
toda a região da Zona da Mata. A digitalização do acervo contribuirá tanto para a
preservação dos originais e para a ampliação do acesso dos pesquisadores. Para is-
so, está sendo preparada uma página na rede mundial de computadores do Labora-
tório Multimídia de Pesquisa Histórica (LAMPEH), que estará no ar nos próximos
meses, colocando à disposição dos pesquisadores cerca de 1.200 inventários e tes-
tamentos do século XVIII, dentro dos padrões internacionais de qualidade de ima-
gem. Os arquivos do Fórum de Viçosa, da ESAV, do Fórum da Comarca de Piranga e
do Arquivo Central e Histórico estão hoje sob o mesmo processo de recuperação e
digitalização, configurando o laço do DHI com a pesquisa local e com a História da
UFV. O convênio firmado com a Coordenadoria das Promotorias de Defesa do Pa-
trimônio Histórico, Cultural e Turístico de Minas Gerais também prevê o tratamento
da documentação judiciária de Viçosa e outras localidades da Zona da Mata. Outros
projetos têm sido desenvolvidos por professores do curso de História na cidade de
Viçosa e também no âmbito da UFV, os quais se voltam para a preservação, estudo,
composição de acervos e divulgação da memória histórica.
O corpo docente do curso, composto majoritariamente de doutores, contan-
do inclusive com dois pós-doutores, é formado atualmente por nove professores
efetivos, um visitante e um pós-doutorando. Os professores têm reconhecida expe-
riência na área de ensino de graduação e pós-graduação e interação constante com
a área de ensino de História no Colégio de Aplicação da Universidade (Coluni) e com
as escolas da rede de ensino público da cidade. Os docentes têm também significati-
va produção acadêmica no que se refere à publicação de livros, capítulos de livros e
artigos científicos, bem como participação em bancas de tese e projetos individuais
e coletivos de pesquisa. Esses professores coordenam projetos independentes e fi-
nanciados e vêm mantendo significativa produção acadêmica e científica, com o ob-
jetivo de, num horizonte próximo, implantar um curso de pós-graduação stricto sen-
su. No momento, o corpo docente do curso trabalha na elaboração de uma proposta
de criação de um curso de mestrado, com o horizonte de início, com o apoio institu-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
141
cional da Universidade e com a chegada de mais professores efetivos, dentro de no
máximo 4 anos.
Segue abaixo a listagem de professores efetivos e colaboradores do curso de
história, com suas respectivas formações acadêmicas e áreas de atuação, referentes
ao primeiro semestre de 2012.
Professores Efetivos38:
ÂNGELO ADRIANO FARIA
DE ASSIS
(Bacharel e Licenciado em História, UFF; Mestre em História Social,
UFF; Doutor em História Social, UFF) [Área de Atuação: Ensino de
História/História da Religião]
FÁBIO ADRIANO HERING
Bacharel e Licenciado em História, UFSC; Mestre em História Soci-
al, Unicamp; Doutor em História Cultural, Unicamp; Pós-doutor em
História Moderna e Contemporânea, UFMG) [Área de Atuação:
Teoria da História/Historiografia/História das Ciências]
FÁBIO FARIA MENDES
Bacharel em História, UFMG; Mestre em Ciência Política, Iuperj;
Doutor em Ciência Política, Iuperj). [Área de Atuação: História do
Brasil/História das Ideias]
FRANCISCO CARLOS
CARDOSO COSENTINO
Licenciado em História, UFMG; Mestre em Ciência Política, UFMG;
Doutor em História da Cultura, UFF). [Área de Atuação: História do
Brasil/História Ibérica] (recentemente transferido para o Campus
de Florestal da UFV)
JONAS MARÇAL DE
QUEIROZ
Bacharel e Licenciado em História, Unicamp; Mestre em História
Social, Unicamp; Doutor em História Social, USP). [Área de Atua-
ção: História do Brasil/Teoria e Metodologia da História]
KARLA DENISE MARTINS
Bacharel e Licenciada em História, UFPA; Mestre em História Soci-
al, Unicamp; Doutora em História Cultural, Unicamp) [Área de Atu-
ação: História Antiga e Medieval/História da Igreja]
MARIA DA CONCEIÇÃO
FRANCISCA PIRES
Graduação em História, UFPE; Mestre em História, UFPE; Doutora
em História, UFF; Pós-doutora em História, FCRB) [Áreas de Atua-
ção: História do Brasil (Império e República), Historiografia Brasi-
leira, História Social dos Intelectuais, História Social da Imagem,
Cultura Política e Sociabilidades]
38 Já foram professores do DHI: Ronaldo Pereira de Jesus (UFOP), Cláudia Maria das Graças Chaves (UFOP), Maria do Carmo Pires (UFOP), Stela Maris Scatena Viladarga (Unifesp), Álvaro de Araújo Antunes (UFOP) e Patrícia Souza de Faria (UFRRJ).
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
142
PATRÍCIA VARGAS LOPES
DE ARAÚJO
Bacharel e Licenciada em História, UFOP; Mestre em História,
UFMG; Doutora em História Cultural, Unicamp) [Área de Atuação:
História Moderna e Contemporânea/ Cidades e Vilas/ Minas Ge-
rais/ Politica Urbana]
RUBENS LEONARDO
PANEGASSI
Graduação em História, USP; Mestre em História, USP; Doutoran-
do em História, USP) [Áreas de atuação: História Moderna/ socie-
dade, contatos culturais e império português]
Professor Visitante:
LUIZ LIMA VAILATI
Graduação em História, USP; Doutorado em História, USP) [Áreas de Atu-
ação: História e Patrimônio/ história da infância, história da morte, cotidi-
ano, morte (rituais) e práticas fúnebres]
Estagiária de Pós-doutorado:
PRISCILA RIBEIRO
DORELLA
Graduação em História, UFMG; Mestre em História, UFMG; Doutora em História,
UFMG) [História da América, com ênfase em História Intelectual Latino-
americana e História e Mídia]
Este corpo docente do Curso de História da Universidade Federal de Viçosa
tem promovido um número significativo de atividades de pesquisa, ensino e exten-
são, o que tem fortalecido significativamente a qualidade de ensino, captando re-
cursos para a pesquisa e preparando o caminho para a instalação de cursos de pós-
graduação em um futuro breve. Estas atividades podem ser atestadas pelos projetos
de pesquisa e extensão registrados nas respectivas pró-reitorias, pelos Relatórios de
Atividades Docentes e pelos Currículos Lattes dos professores.
Algumas das atividades desenvolvidas e os dados mais relevantes que consi-
deramos representativos do potencial para a pesquisa do DHI podem ser divididos
nos seguintes itens: Projetos, Publicações e Formandos na Pós-Graduação.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
143
Projetos 1:
Professor(a) Grupo de Pesquisa na UFV
Ângelo Adriano Faria de
Assis
As Metamorfoses da Fé: Mulheres e Criptojudaísmo no Mundo Português du-
rante a Modernidade (financiado pela Fapemig)
Francisco Carlos
Cardoso Cosentino
A comunicação política na monarquia pluricontinental portuguesa (1580-
1808): Reino, Atlântico e Brasil (financiado pela Fundação de Ciência e Tecno-
logia)
Fábio Faria Mendes Família e Demografia em Minas Gerais: Séculos XVIII, XIX e XX
Fábio Adriano Hering Os Viajantes Ingleses e a Mineração do Ouro em Minas Gerais no século XIX
Patrícia Vargas Lopes de
Araújo
Entre intervenções e melhoramentos: civilidade, modernidade e progresso em
Campanha/MG (1890-1930) (financiado pelo CNPq)
Patrícia Vargas Lopes de
Araújo
Patrimônio Documental e Memória da Zona da Mata Mineira: Conservação
Preventiva, Digitalização e Acesso Virtual dos Acervos da ESAV e do Fórum de
Viçosa, projeto do PROEXT 2012 (financiado pela Capes)
Ângelo Adriano Faria de
Assis
Programa Institucional de Estímulo à Docência (financiado pela Capes)
Karla Denise Martins D. Viçoso no Santuário do Caraça: um percurso sobre a vida do prelado de
Mariana
Jonas Marçal de Queiroz Acervos de Minas Gerais: Mapeamento, Conservação Preventiva e Acesso por
Meio Digital
Rubens Leonardo
Panegassi
João de Barros e as Décadas da Ásia: contexto de produção e horizonte histó-
rico
Projetos
Diversos outros projetos de pesquisa, com Participação de Docentes do Curso
de História, com ou sem financiamento e já finalizados, foram desenvolvidos ao lon-
go desses mais de dez anos do DHI. Entre eles, poderíamos enumerar: Organização
e Digitalização dos Acervos dos Cartórios do 1o. e 2o. Ofícios do Arquivo Histórico da
Casa Setecentista de Mariana, projeto de pesquisa financiado pela Fapemig (edital
009/2005) e em convênio com o IPHAN, sob coordenação do prof. Fábio Faria Men-
des. [2005-2007]; Organização e Digitalização dos Acervos dos Cartórios do 1º. E 2º.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
144
Ofícios do Arquivo Histórico da Casa Setecentista de Mariana, projeto de pesquisa
financiado pela Fapemig (edital 015/2006) em convênio com o IPHAN, sob coorde-
nação do prof. Jonas Marçal de Queiroz [2006-2008]; Arquivo Histórico da UFV: Pes-
quisa e Memória, projeto selecionado pela Lei de Incentivo à Cultura do Estado de
Minas Gerais, sob coordenação da profa. Maria do Carmo Pires [2006- 2009 ]; A Eli-
te Eclesiástica e a Civilização Católica do Brasil (1872-1891), projeto de pesquisa fi-
nanciado pelo CNPq (edital MCT/CNPq 61/2005 - Ciências Humanas, Sociais e Sociais
Aplicadas), sob coordenação da profa. Karla Denise Martins [2006-2008]; D. Viçoso e
a Romanização da Diocese de Mariana [2008-2010], projeto financiado pela Fape-
mig/ Edital Universal APQ-00101-08; Questão Indígena, Política de Terras e de Mão-
de-Obra no Pará (1845-1889), projeto de pesquisa financiado pelo CNPq, sob coor-
denação do prof. Jonas Marçal de Queiroz [2006-2008]; A Casa de Arthur Bernardes:
História, Memória e Educação Patrimonial, projeto de pesquisa financiado pelo Edi-
tal Universal Fapemig, sob coordenação do prof. Jonas Marçal de Queiroz [2007-
2008]; Passaportes Internos: Documentação Pessoal, Identificação e Construção do
Estado no Brasil Imperial (1808-1850), projeto de pesquisa financiado pelo Edital de
Ciências Humanas do CNPq, sob coordenação do prof. Fábio Faria Mendes [2007-
2009]; Beyond Conservation Agriculture: A Science Program on the Transition to
Promise to Practice, programa de pesquisa comparativo de práticas de conservação
de solo, envolvendo pesquisadores de vários departamentos da UFV, Unicamp, UEL,
Wageningen University (Holanda), Fort Hare University (África do Sul) e Free State
University (África do Sul), coordenado pelos professores Lijbert Brussaard e Paul
Hebinck (WU), financiado pelo INREF (International Research and Educational Fund)
e pelo edital Capes-Wageningen 2007, com a participação do prof. Fábio Faria Men-
des como pesquisador [2007-2010]; Atlas Histórico de Viçosa, projeto de pesquisa
financiado pelo Edital ... da Fapemig, sob coordenação do prof. Ângelo Adriano Faria
de Assis. [2007-2009]; O Governo Geral do Estado do Brasil na segunda metade do
século XVII: carreiras, trajetórias sociais e procedimentos de governação, projeto de
esquisa financiado pelo Edital Universal do CNPq, sob coordenação do Prof. Francis-
co Carlos Cosentino. [2008-2009]; Poderes e Procedimentos de Governação: O Go-
verno Geral do Estado do Brasil, 2ª. metade do século XVII, projeto de pesquisa fi-
nanciado pelo Edital de Ciências Humanas e Sociais do CNPq, sob coordenação do
Prof. Francisco Carlos Cosentino [2007-2008]; As Paróquias Rurais do Termo de Vila
Rica: Um Estudo sobre a Formação Social das Primeiras Freguesias do Século XVIII,
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
145
projeto de pesquisa financiado pelo Edital de Ciências Humanas e Sociais do CNPq,
sob coordenação da Profa. Maria do Carmo Pires [2007-2009]; Câmara Municipal de
Mariana: Três Séculos de História, projeto de pesquisa financiado pela Câmara Mu-
nicipal de Mariana, sob a Coordenação da Profa. Maria do Carmo Pires [2007-2008];
Cultura e Política nas Américas: Circulação de Ideias e Configuração de Identidades
(Séculos XIX e XX), projeto temático Fapesp, coordenado pela Prof.ª Maria Lígia Pra-
do, com a participação como pesquisadora da Profa. Stella Maris Scatena Franco Vi-
ladarga [2007-2009].
Publicações
Nesse período de doze anos, os professores do DHI publicaram mais de 60 ar-
tigos completos em periódicos nacionais e internacionais, mais de 40 capítulos de
livros e 20 livros autorais ou organizados. Entre os títulos mais relevantes, destaca-
mos aqui os livros publicados e artigos mais recentes dos docentes que apresentam
um espectro de sua produção intelectual.
Docente Publicação
ARAUJO, P. V. L. De.
(Org.)
Folganças Populares: Festejos de Entrudo e de Carnaval em Minas
Gerais no século XIX. SP: Annablume, 2008;
Anais da Semana Acadêmica de História - História: definições, méto-
dos e ensino. 1.ª. ed. Viçosa: Editora Arka, 2011. v. 01. 301 p.
ASSIS, A. A. F. (Org.) ;
FARIA, A. L. L. de (Org.)
O onde e o quando: espaço e memória na construção da História e da
Geografia. 1. ed. Viçosa: Geographica Editora, 2012. v. 500. 289 p
ASSIS, A. A. F. Um rabi escatológico na Nova Lusitânia: sociedade colonial e inquisi-
ção no nordeste quinhentista. 1. ed. São Paulo: Alameda, 2011. 304 p.
ASSIS, A. A. F. (Org.)
SANTOS, J. H. dos (Org.)
ALVES, R. S. P.(Org.)
Tessituras da Memória: Ensaios acerca da construção e uso de Meto-
dologias na Produção da História. Niterói: Vício de Leitura, 2011. v.
500. 397 p.
MENDES, F. F. . Recrutamento Militar e Construção do Estado no Brasil Imperial. 1.
ed. Belo Horizonte: Argumentum Editora, 2010. v. 01. 175 p.
COSENTINO, F. C.
Governadores Gerais do Estado do Brasil (séculos XVI-XVII): ofício,
regimentos, governação e trajetórias. 1. ed. São Paulo: Annablume
Editora, 2009. v. 1. 366 p.
FRANCO, S. M. S San Martin: Libertador da América Latina. São Paulo: Memorial da
América Latina; Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 2007.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
146
HERING, F. A.
Mineração e Civilização no Brasil do Século XIX - os ingleses e o ouro
de Minas Gerais. In: Ângelo Adriano Faria de Assis; João Henrique dos
Santos; Ronaldo Sávio Paes Alves. (Org.). Tessituras da Memória: En-
saios Acerca da Construção e Uso de Metodologias na Produção da
História. Niterói: Vício de Leitura, 2011, v. , p. 267-290.
Os viajantes ingleses e a representação do Brasil: a cartografia do ou-
ro das Minas Gerais (1809-1867). História e-História, v. Maio, p. 1-20,
2010.
MARTINS, K. D
Culturas popular e erudita, breve revisão. Revista de Ciências Huma-
nas (Viçosa), v. 11, p. 235-244, 2011.
O Ultramontanismo em Minas Gerais e em outras regiões do Brasil.
Revista de Ciências Humanas (Viçosa), v. 11, p. 259-269.
PANEGASSI, R. L.
O saber medicinal, a salubridade e a produção de significados nas
crônicas do século XVI. Histórica (São Paulo. On-line), v. 44, p. 01-10,
2010.
POSSI, M. de A. ;
OLIVEIRA, A. de P. ;
MOREIRA, A. ;
MENDES, F. F. ;
QUEIRÓZ, J. M. de
Ambiente para busca e visualização de documentos históricos na web.
Perspectivas em Ciência da Informação (Impresso), v. 16, p. 168-180,
2011.
PIRES, M. do C.
Juízes e Infratores: O Tribunal Eclesiástico do Bispado de Mariana
(1748-1800). São Paulo: Annablume/FAPEMIG, 2008.
PIRES, M. da C .F. Cultura e Política entre Fradins, Zeferinos, Graúnas e Orelanas. São
Paulo: Annablume, 2010. v. 1000. 280 p.
QUEIROZ, J. M. . Escravidão, crime e poder: a rebeldia negra e o processo político da
Abolição. Revista de História Regional, v. 13, p. 7-45, 2008.
QUEIRÓZ, J. M. de et al.
(orgs.).
Meandros da História: Trabalho e poder no Pará e Maranhão, séculos
XVIII e XIX. Belém: UNAMAZ, 2005.
VAILATI, L. L. . A morte menina: infância e morte infantil no Brasil dos oitocentos (Rio
de Janeiro e São Paulo). 1. ed. São Paulo: Alameda, 2010. v. 1. 360 p.
3. PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
Nos primeiros dez anos de funcionamento, o curso formou cerca de 280 estu-
dantes, nas modalidades de licenciatura e bacharelado, o que significa ressaltar que
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
147
o departamento já finalizou mais de 300 orientações, entre trabalhos de conclusão
de curso, projetos de iniciação científica (com financiamento e independentes), de
estágio de licenciatura e inclusive de mestrado.
Vários ex-alunos já foram aprovados em programas de mestrado em História
nas mais prestigiosas universidades do país, como UFMG, UFU, UFJF, UFOP, UFSJ,
UFF, UFES, UFRRGS, USP, UEP, Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro,
UFRJ, Unicamp e FGV, chegando ao total de 75 alunos, o que representa 27% do to-
tal de alunos formados. Alguns destes, tendo já concluído seu mestrado, ingressa-
ram em programas de doutoramento. Estudantes do curso também foram aprova-
dos e se destacaram em Concursos Públicos para professores das Redes Públicas
Estaduais de Ensino de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e
Espírito Santo, assim como para a carreira do ensino superior em instituições fede-
rais de ensino. São números significativos, principalmente se tivermos em conta a
juventude do DHI e o fato de que, por questões estruturais, há apenas um turno de
funcionamento do curso presencial39 e, por consequência, apenas uma entrada de
alunos regulares por ano.
Finalizando esse breve sumário das atividades do DHI da UFV, é bom lembrar
que o departamento tem mantido uma boa regularidade na organização de eventos,
com a vinda de especialistas na área de História dos principais centros de produção
no país e no exterior (inclusive com a Semana Acadêmica de História da UFV, levada
adiante pelos alunos com apoio dos professores, ocorrida em 2010, e programada
para acontecer novamente em Setembro de 2012). 40 Como esboçado aqui, o envol-
vimento dos professores do DHI com a pesquisa, fruto de uma concepção de conhe-
cimento e prática de pesquisa que orienta a área de História desde sua instituciona-
lização moderna, tem frutificado nas bem-sucedidas trajetórias acadêmicas de seus
egressos na pós-graduação. Por isso, o DHI hoje é um espaço de desenvolvimento
do pensamento crítico, além de um lugar onde se professa e pratica o engajamento
necessário entre as esferas inter-relacionadas da Pesquisa, do Ensino e da Extensão.
39 Desde de o ano de 2011, o DHI coordena também o curso de Licenciatura em História, modalidade a distância, com 300 alunos distribuídos entre os polos de Bicas, Jaboticatuba, Lagoa Santa e Ipanema. 40 Ressalte-se, nesse cenário, a dinâmica de colaboração com universidades e centros de ensino no exterior, como representados pela cooperação entre o DHI e a Universidade de Guelph, pela iniciativa do Prof. Fábio Faria Mendes, e da colaboração com a Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto Benveniste" da Universidade de Lisboa, levada adiante pelo Prof. Angelo Adriano Faria de Assis.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
148
DEPARTAMENTO DE LETRAS - DLA/UFV: DETERMINANTES E
PERSPECTIVAS DE SUAS PESQUISAS
Maria Carmen Aires Gomes
Gerson Luiz Roani
1. INTRODUÇÃO
O Departamento de Letras (DLA), incorporado à estrutura acadêmica da Uni-
versidade Federal de Viçosa (UFV) a partir de 1976, teve como objetivo propiciar a
consolidação do recém-criado curso de Letras (1975), então vinculado à extinta Es-
cola Superior de Economia Doméstica do Centro de Ciências Humanas, Letras e Ar-
tes (1978).
Nessa época, a Licenciatura em Letras foi implantada com duas habilitações,
Português-Francês e Português-Inglês, abrigando na primeira turma 40 alunos. Em-
bora com sensíveis e repetidas modificações no currículo do curso e no elenco de
professores, sempre em maior número e mais especializados, a licenciatura funcio-
nou com essas habilitações até 1990. Em 1991, o DLA passou a oferecer mais duas
habilitações - Português e Literaturas de Língua Portuguesa (Licenciatura) e Secre-
tário-Executivo Português-Inglês (Bacharelado) - que, a partir de 1998, foi trans-
formado em Curso de Secretariado Executivo Trilíngue Português-Francês-Inglês.
Em 2007, foi aprovada a habilitação em Português-Espanhol. Dessa forma, a
Licenciatura em Letras compreende hoje as habilitações Português-Francês, Portu-
guês-Inglês, Português e Literaturas de Língua Portuguesa e Português-Espanhol.
Atualmente, as atividades do Departamento abrangem as quatro habilitações
do curso de Licenciatura em Letras - Português-Literatura, Português-Inglês, Portu-
guês-Espanhol e Português-Francês - e o curso de Secretariado Executivo Trilíngue.
Além disso, atende a vários outros cursos da UFV, oferecendo um total de 164 disci-
plinas, para tanto o Departamento conta com 40 docentes: professores efetivos,
substitutos e visitantes.
Registra-se ainda que a par dessas atividades de ensino, o DLA desenvolve
programas de pesquisa e extensão universitária. O projeto de extensão em ensino
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
149
de línguas - Prelin é um espaço educativo e científico, vinculado ao ensino e à pes-
quisa nele realizados, visando ao treinamento de futuros professores de línguas do
DLA. Este programa compreende os Projetos de Extensão em Línguas Inglesa (Celin),
Francesa (Celif), Espanhola (Celes) e Libras (Celib). Um dos objetivos do Prelin é (i)
oferecer cursos regulares (permanentes e/ou eventuais) de línguas estrangeiras em
níveis básico, intermediário e avançado; (ii) Oferecer campo de estágio aos alunos
dos cursos de graduação do DLA; (iii) servir como laboratório de experimentação de
pesquisas referentes ao ensino de línguas sugeridas pelos professores do DLA; e (iV)
servir de campo de pesquisa para os professores do DLA e para os alunos dos cursos
de graduação em projetos de iniciação científica.
Para desenvolver seus trabalhos de pesquisa, o DLA tem contado com o apoio
decisivo da Fapemig, do CNPq e da Capes. E, nesse contexto, considerando a tradi-
ção da Universidade Federal de Viçosa em perseguir a tríade ensino, pesquisa e ex-
tensão e com o incentivo da administração superior em efetivar o crescimento ver-
tical da instituição, o Departamento, no momento, oferece o Programa de Pós-
Graduação em Letras.
Atualmente o DLA conta com um quadro permanente de 28 professores, to-
dos titulados: 22 doutores e seis mestres. Ressalta-se que, dos seis mestres, dois
estão fazendo o doutoramento, e os outros quatro já constam da planilha para o
referido treinamento.
2. A PESQUISA NO DEPARTAMENTO DE LETRAS
O Departamento de Letras vem procurando incentivar e apoiar a Pesquisa en-
tre os docentes e discentes, visando aos seguintes objetivos: (i) possibilitar aos pro-
fessores e alunos condições para elaboração e desenvolvimento de Projetos de
Pesquisa, avaliando e incentivando a produção científica, visando à excelência aca-
dêmica no DLA; (ii) promover a formação de grupos de pesquisa, envolvendo pro-
fessores e alunos do DLA e de outros departamentos; (iii) incentivar os Programas
de Pesquisa de Iniciação Científica da UFV, orientando os alunos na pesquisa direci-
onada para estudos de pós-graduação e apoiando as solicitações junto aos órgãos
de fomento à pesquisa; (iv) promover o intercâmbio, a difusão e a publicação dos
resultados das pesquisas, através da organização de eventos acadêmicos no
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
150
DLA/UFV e do incentivo à participação em eventos em nível nacional e internacio-
nal, incentivando as publicações; e (v) promover a publicação de resultados das
pesquisas em periódicos especializados e em Anais de eventos realizados no DLA.
Linhas de pesquisa do DLA
DLA-007 – Gestão Secretarial
DLA-009 – Gênero discursivo, Mídia e Identidade.
DLA-010 – Linguística Aplicada: ensino-aprendizagem em línguas estrangeiras e
materna
DLA-011 – Gramática e Cognição
DLA-012 – Literatura, Cultura e Sociedade
DLA-013 – Estudos comparativos em Literatura e Linguagem
DLA-014 – Gestão Empresarial
DLA-015 – Gestão Estratégica e de Pessoas
O DLA tem desenvolvido também um programa de pesquisa com projetos vol-
tados para estudos nas áreas de Literatura Nacional e Estrangeira, Língua Portugue-
sa, Línguas Estrangeiras, Linguística e Secretariado Executivo. Parte desses projetos
tem o apoio de instituições de fomento à pesquisa, como o PIBIC/CNPq. Os docentes
envolvidos em programas de pesquisa do DLA têm incentivado a participação de es-
tudantes em programas de Iniciação Científica, como forma de integrar discentes
dos cursos de graduação nas atividades de pesquisa. Essa prática tem se mostrado
altamente eficaz para desenvolver a capacidade e a criatividade nos jovens pesqui-
sadores.
Buscando promover uma maior integração acadêmica com a comunidade ci-
entífica, nacional e internacional, o DLA tem incentivado seus alunos e professores à
participação, apresentando trabalhos, em Congressos, Simpósios e outros eventos
acadêmicos, no Brasil e no exterior. O corpo docente do DLA tem também se empe-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
151
nhado na divulgação e publicação de trabalhos de pesquisa em anais, periódicos,
revistas, capítulos de livros e livros.
Em 1996, o Departamento lançou o primeiro número da GLÄUKS – Revista de
Letras e Artes, para divulgação dos trabalhos de seu corpo docente e também para
promover maior interação entre professores de instituições nacionais e estrangei-
ras. A Revista GLÁUKS (ISSN 1415-9015) é hoje uma publicação do Programa de Pós-
Graduação em Letras da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Encontra-se disponí-
vel on-line ao público (http://www.revistaglauks.ufv.br) e tem Qualis B2.
2.1. A Pós-Graduação em Letras
No âmbito da pós-graduação, as atividades foram iniciadas em 1983, com o
Curso de Especialização Lato Sensu de Linguística e Teoria da Literatura (1983-
1984), posteriormente, vieram os cursos de Linguística (1986-1987), Língua Portu-
guesa (1992-1994) Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Linguística e Literatura
Comparada (2004-2008).
A criação do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal
de Viçosa PGLET-UFV foi recomendada pela Capes, na sessão plenária do CGT, de 27
de julho de 2008, sendo atribuído conceito 04 ao novo stricto sensu, instalado, em
nível de mestrado, com duas áreas de concentração, Estudos Linguísticos e Estudos
Literários, tendo as atividades acadêmicas se iniciado em março de 2009.
Os seguintes fundamentos orientaram a criação do PGLET. O rigoroso enqua-
dramento às diretrizes da Capes para a área de Letras e Linguística, segundo as quais
um Programa Misto pode abrigar duas áreas de concentração: uma área de Lín-
gua/Linguística e outra de Literatura/Cultura. Além disso, o equilíbrio desejável e
necessário entre a formação do pesquisador e a ampliação dos Estudos Linguísticos
e Literários através da leitura, discussão, investigação e divulgação do conhecimento
produzido. E, ainda a realização de uma proposta que privilegiasse a prática inter-
disciplinar no que concerne à abordagem metodológica nos Estudos Linguísticos e
Literários, através do indispensável diálogo com outros campos de conhecimento.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
152
Em dezembro de 2010, as duas primeiras dissertações de mestrado foram
concluídas com um tempo médio de 22 meses para obtenção da titulação. Entre ja-
neiro e abril de 2011, ocorreram 16 conclusões de dissertações, caracterizando um
tempo médio de titulação de 24 meses, índice excelente para um programa novís-
simo, que procura evitar a evasão e a retenção dos seus estudantes além do tempo
de titulação recomendado pela Capes. Estes primeiros resultados atestam a serie-
dade com que o programa segue as diretrizes da Capes para a construção da exce-
lência dos programas de pós-graduação, bem como a inegável consolidação do
PPGLET nos seus três primeiros anos de existência.
Está previsto o ingresso anual de 18 estudantes, sendo nove mestrandos para
cada uma das áreas de concentração. Conforme preceitua o Regimento Interno, não
há a obrigatoriedade do preenchimento total desse número de vagas. Em 2011, a
terceira turma de mestrandos ingressou na Pós-Graduação em Letras, perfazendo,
com os matriculados de 2010, um total de 36 pós-graduandos.
No que concerne às perspectivas de evolução e tendências, frisa-se que o
Programa almeja a excelência acadêmica, pelo aprimoramento das suas linhas e
projetos de pesquisa, da qualificação do seu quadro docente, do aumento quantita-
tivo e qualitativo da produção intelectual de discentes e professores, do cumpri-
mento do tempo médio para titulação e da consonância com os avanços teóricos
que fundamentam a proposição de cada uma das áreas de concentração do nosso
stricto sensu.
O Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Viçosa
objetiva:
formar profissionais qualificados para as atividades de ensino e pesquisa nas
áreas dos Estudos Linguísticos e dos Estudos Literários, buscando, como prio-
ridade, o avanço do conhecimento científico nesses campos de estudo;
desenvolver pesquisas avançadas de Linguística e Literatura em diálogo com
áreas de conhecimento com que têm interfaces com o âmbito da linguagem;
difundir conhecimentos linguísticos e literários, integrando ensino e pesquisa;
formar profissionais para o ensino universitário em Letras;
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
153
possibilitar o aperfeiçoamento do quadro de professores do ensino funda-
mental e médio; e
colaborar e estabelecer intercâmbios e convênios com centros de pesquisa
nacionais e estrangeiros que atuem no âmbito da investigação linguística e li-
terária.
2.1.1 Áreas de Concentração
O PPGLET tem duas áreas de concentração: A) Estudos Linguísticos e B) Estu-
dos Literários, ambas com o nível de mestrado acadêmico. Essas duas áreas consti-
tuem o seu eixo central e organizador, caracterizando-o como Programa Misto. A
organização das áreas de concentração com suas respectivas linhas de pesquisa con-
ta com grades curriculares específicas, cada uma composta por disciplinas da área
de concentração e outras de domínio conexo e com projetos de pesquisa que orga-
nicamente integram docentes, pós-graduandos e graduandos. A partir da constitui-
ção das áreas de concentração e das linhas de pesquisa, foi desenvolvida a arquite-
tura curricular, que apresenta uma coerente articulação com o âmbito temático
descortinado por cada uma das linhas investigativas.
A estrutura do PPGLET demonstra coerência e organicidade ao propor duas
áreas de concentração, Estudos Literários e Estudos Linguísticos, destacando uma
linha de pesquisa para a primeira área, Literatura, Cultura e Sociedade, e duas pa-
ra a segunda, Linguística Aplicada: ensino e aprendizagem de língua materna e es-
trangeira e Estudos Discursivos. Enquanto a única linha de Estudos Literários se abre
numa perspectiva inter e multidisciplinar, as duas de Estudos Linguísticos contem-
plam, avançando a vocação da graduação para o ensino e a questão dos gêneros do
discurso e, ipso facto, da leitura: sua análise, suas estratégias e efeitos de sentido.
Estudos Linguísticos
A área de concentração em Estudos Linguísticos abarca pesquisas que investi-
gam os mais diversos aspectos socioculturais e cognitivos relacionados à língua ma-
terna e às línguas estrangeiras, tendo como foco os pressupostos teórico-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
154
metodológicos advindos dos estudos nas áreas de Análise do Discurso e em Linguís-
tica Aplicada. Os projetos de pesquisa, assim como as orientações, estão vinculados
às seguintes linhas de pesquisa: Linguística Aplicada: ensino e aprendizagem de lín-
gua materna e estrangeira e Estudos Discursivos. Essas abordagens se voltam para a
reflexão teórica no campo do conhecimento da linguagem, suas práticas sociocultu-
rais, seu funcionamento e suas aplicações.
Estudos Literários
A área de concentração em Estudos Literários articula o estudo da Literatura
às demandas culturais da contemporaneidade em suas diversas manifestações, pois
se observa, sobretudo, a partir das últimas décadas do século passado, tendência à
investigação e à reavaliação dos pressupostos teóricos, críticos e metodológicos so-
bre os quais eles fundamentam. Articulada em torno da linha de pesquisa Literatu-
ra, Cultura e Sociedade, a área oferece a possibilidade de uma reflexão contempo-
rânea sobre questões teóricas atuais no campo dos Estudos Literários e Culturais.
Assim sendo, nos Estudos Literários contemporâneos chamam a atenção para as
novas relações e estratégias interdisciplinares como procedimento indispensável. As
modificações ocorridas no campo da Literatura e da Cultura exigem do investigador
literário uma especial capacidade de refletir sobre a nova interdisciplinaridade, es-
treitando os vínculos com outras áreas de conhecimento, o que gera um surpreen-
dente e criativo espaço de indagações, ampliando o campo do que, há décadas, foi
instituído como estritamente literário. É nesse sentido abrangente e plural, envol-
vendo pesquisas que se abrem a outras áreas do conhecimento humano, que com-
preendemos essa área de concentração.
Linhas de Pesquisa
As linhas de pesquisa são concebidas como domínios ou núcleos temáticos
das atividades desenvolvidas no stricto sensu, caracterizados pelo desenvolvimento
de trabalhos com objetos ou com metodologias comuns de pesquisa. Com base nes-
sa perspectiva, as duas áreas de concentração do PPGLET estão estruturadas a partir
das suas respectivas linhas de pesquisa, conforme a descrição apresentada na se-
quência.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
155
Quanto à vinculação entre os projetos dos docentes e as linhas de pesquisa,
constata-se que há equilíbrio e harmonia na distribuição dos projetos pelas três li-
nhas. Ressalta-se também que a relação entre as linhas e os projetos é coerente e
abrangente, pois os temas das pesquisas são adequados às áreas, às linhas de pes-
quisa, às disciplinas oferecidas e às dissertações orientadas, buscando atender aos
objetivos e metas propostos pela nossa pós-graduação. Há projetos que mantêm
vínculos com instituições nacionais e internacionais e financiamento por agências de
fomento nacionais como Capes, CNPq e Fapemig.
Na sequência, descrevemos as linhas de pesquisa e os projetos a elas vinculados.
a) Literatura, Cultura e Sociedade
A linha de pesquisa dá sustentação e organização investigativa e programática à
área de concentração em Estudos Literários. Essa linha de pesquisa se volta para o
estudo das relações entre a Literatura e a Cultura e se abre para um processo teóri-
co-crítico de estudo do literário a partir da interlocução com outros sistemas artísti-
cos e de conhecimento humano como Antropologia, Psicanálise, Ensino, Religião,
História, Política, Sociologia, Direito e Artes. Investe-se, assim, na possibilidade de
estudar o fenômeno literário pela construção das identidades, da memória e dos
espaços simbólicos, buscando o entendimento das interações entre práticas sociais,
artísticas e culturais. Com isso, procura-se acompanhar e refletir as dimensões do
debate em torno de temas tradicionais e contemporâneos da Literatura e da Cultu-
ra, na perspectiva da produção de conhecimentos sobre a Literatura pelas manifes-
tações observáveis no contexto brasileiro e internacional.
Docente responsável Projetos desenvolvidos
Ângelo Adriano Faria de
Assis
Literatura, história e (re)construção da memória.
Biografismo literário: formas de interpretar o período moderno e suas
personagens
Elisa Cristina Lopes
A literatura no imaginário do leitor: entre práticas e teorias.
As teorias contemporâneas da literatura e suas relações com o currí-
culo do Curso de Letras: Pela construção de um Sujeito/Leitor.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
156
Gerson Luiz Roani
Entre tomos de convento e foro: Eça de Queirós e o discurso da histó-
ria.
O romance português pós-império: história, memória e construção do
sujeito nacional.
Gracia Regina Gonçalves
Sob o foco da ecocrítica: uma abordagem de “Surfacing” de Margaret
Atwood e sua poética da natureza.
Meias verdades: A constituição do sujeito em Anita Desai e Salman
Rushdie.
Maria Cristina Pimentel
Campos
A linguagem de Flannery O’Connor: expressão de identidade nas rela-
ções sociais, econômicas e culturais.
Incursões pelo discurso dialógico: o desvelar do sentido no inter-
relacionamento das vozes sociais.
Nilson Adauto Guima-
rães da Silva
A narrativa francesa do século XX: discurso da autonomia e do diálo-
go.
Sirlei Santos Dudalski
Dialogando com Shakespeare: múltiplas perspectivas.
Adaptações, transcrições: trilhas do teatro contemporâneo.
Solange Pimentel
Caldeira
Escritas cênicas: textualidade, recepção, interpretação.
b) Linguística Aplicada: ensino e aprendizagem de língua materna e estrangeira
Essa linha de pesquisa está vinculada à área de concentração em Estudos Linguísti-
cos. Assim sendo, tem como objetivo o estudo de questões teóricas e empíricas so-
bre ensino e aprendizagem de língua materna e estrangeira desde uma perspectiva
discursiva e sociocultural com foco nos seguintes aspectos comuns nos diferentes
projetos que integram a linha: formação de professores, crenças/representações
sociais de professores e alunos a respeito da aprendizagem de língua materna e es-
trangeira, aquisição e desenvolvimento de línguas, identidade, mídia, ensino e dis-
curso.
Docente responsável Projetos desenvolvidos
Adriana da Silva
Retextualização e ensino de língua materna;
Multimodalidade e leitura: a relação verbal e não verbal na
leitura e compreensão de textos; e
Concepções de leitura e escrita.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
157
Ana Maria Ferreira Barcelos
Narrativas de alunos e professores de línguas: crenças, experi-
ências e emoções;
Crenças, motivação, narrativas e experiências de alunos uni-
versitários a respeito de ensino e aprendizagem de inglês; e
Ensino de Inglês como Língua Estrangeira, vivenciada por pro-
fessores Pré-Serviço e Em-Serviço.
Wânia Terezinha Ladeira Análise de fala em interação em uma escola pública da perife-
ria de Viçosa-MG.
c) Estudos Discursivos
Essa linha de pesquisa está vinculada à área de concentração em Estudos Linguísti-
cos e reúne diferentes abordagens do discurso, refletindo a natureza diversificada
desse objeto e os múltiplos interesses que nele são projetados, assim como a varie-
dade de pressupostos teórico-metodológicos adotados para o seu tratamento. Nela
é dada uma especial ênfase a pesquisas em torno do estudo dos gêneros discursi-
vos, tais como o publicitário, o político, o jornalístico, o de divulgação científica, en-
tre outros, da argumentação e da persuasão, levando-se em conta dimensões psi-
cossociais, críticas e sociocognitivas. São enfatizadas, igualmente, pesquisas que re-
flitam sobre as relações entre discurso e ensino.
Docente responsável Projetos desenvolvidos
Cristiane Cataldi dos Santos Paes
Análise do discurso da divulgação científica;
O conhecimento sobre a planta transgênica na mídia impres-
sa brasileira: análise discursiva das estratégias divulgativas; e
A divulgação científica na mídia impressa e on-line: o proces-
so de recontextualização como prática discursiva.
Maria Carmen Aires Gomes
Discurso e gênero discursivo midiático: questões de pesquisa
e ensino;
Análise crítica do discurso: gêneros discursivos, mídia e iden-
tidade; e
Corpo na mídia impressa e televisiva: representações de vul-
nerabilidade social e diferença na sociedade contemporânea.
Mônica Santos de Souza Melo
Argumentação, emoção e ethos: um olhar discursivo;
Estratégias discursivas na mídia televisiva: as representações
feminina e masculina em publicidades de televisão; e
Mídia, discurso e representações.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
158
Grupos de pesquisa
O PPGLET tem cinco Grupos de Pesquisa institucionalizados e inscritos no Diretório
dos Grupos de Pesquisa do CNPq, que agregam docentes, pesquisadores externos e
estudantes de graduação e pós-graduação:
1) Estudos em Linguística e Linguística Aplicada; linguagem, sociedade e
cognição;
2) Crenças sobre ensino e aprendizagem de línguas (CEALI);
3) Estudos Literários e Culturais;
4) Núcleo de Estudos Portugueses – NEP; e
5) Núcleo de Estudos Discursivos – NED.
3.PERSPECTIVAS DE PESQUISA E POSSIBILIDADES FUTURAS
O DLA proporciona também a participação de estudantes e professores em
programas de intercâmbio com várias instituições do exterior, como, por exemplo, o
convênio Caes/FIPSE , University of Montevallo, Gadsden State Community College e
outras.
Na esteira da internacionalização, o DLA participa do PLI, Programa de Licen-
ciaturas Internacionais, em parceria com a Universidade de Coimbra e a Universi-
dade do Porto, em Portugal.
É meta constante dos docentes manter a qualidade dos cursos de graduação,
consolidar a pesquisa e elevar o conceito da pós-graduação para a nota máxima 7.
Importante ressaltar que o desenvolvimento da pesquisa em Linguística Aplicada ao
ensino de língua materna e estrangeira no DLA está relacionado, sobretudo, às ati-
vidades desenvolvidas no âmbito do Prelin.
Em síntese, o corpo docente está empenhado em formar profissionais qualifi-
cados para as atividades de ensino, pesquisa e extensão, buscando sua inserção no
mercado de trabalho.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
159
CONCLUSÃO
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
160
AVANÇOS E DESAFIOS DA PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
APLICADAS, HUMANAS, LETRAS E ARTES NA UFV
Marco Aurélio Marques Ferreira
Denilson Santos de Azevedo
Carlos Frederico de Brito d’Andréa
1. INTRODUÇÃO
Aprendemos, na teoria, que toda agenda de pesquisa para obter sucesso deve
ter, além de bons pesquisadores, um limite claro de propósitos e uma questão de
pesquisa passível de ser respondida ou interpretada à luz da teoria existente ou da-
quela que emerge da manifestação massiva do conhecimento acumulado.
Entretanto, foi na prática que aprendemos e aqui registramos os créditos à
educadora UFV, cuja agenda real de pesquisa necessita de muito mais do que pre-
gam os manuais de filosofia da ciência ou de introdução à metodologia de pesquisa.
Em geral, carece de alguns ingredientes adicionais que vamos assimilando durante
nossa trajetória de trabalho, dos quais gostaríamos de registrar alguns, e como pre-
lúdio reflexivo, a missão que nos foi dada de relatar o II Fórum de Pesquisa do CCH.
Primeiramente, precisamos de organização e infraestrutura de trabalho nas
dimensões, humana, tecnológica e de capital. E claro isso tudo tem um custo.
Quem não se lembra, embora vagamente, de uma aula de introdução ao di-
reito, em que o professor eloquentemente disse que um pedido de habeas corpus
poderia ser escrito em um pedaço de papel de pão e à caneta de pena, pois o con-
teúdo é que de fato importa. A questão, diante do direito de ir e vir da pesquisa em
Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes, em geral, passa por quebrar cer-
tos tabus e questionar o que de fato é importante como ciência? Qual a essência
do conteúdo de nossas pesquisas?
Ainda nessa direção, acrescentaríamos que, na pesquisa, não é comum ver-
mos formulários de coleta de dados em papel de pão, tampouco escritos à mão. Não
é comum também nos defrontarmos com um artigo que, na sua essência, não foi
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
161
resultado prático da leitura de diversos outros, que de certo influenciaram os cami-
nhos adotados e, por fim, cuja versão final não fosse impressa em qualidade neces-
sária para a leitura, que apenas o papel possibilita tomar como real e concreta.
Para não esquecer a parte burocrática processual, que vem, em geral, de uma
resma de A4, que passou pela secretária do departamento, pelo órgão de compras,
pelo pregoeiro, pelo fornecedor e transportador e pelo setor de materiais, só para
pular algumas etapas. E acrescentamos que esse esforço não teria conteúdo algum
na ausência do pesquisador e do objeto de pesquisa, qual seja, a sociedade. Portan-
to, a sociedade, com seus múltiplos aspectos, é de fato o conteúdo de nossas pes-
quisas.
Essa pesquisa requer o contato entre pesquisador e objeto pesquisado, que,
via de regra, se encontram geograficamente à parte. Portanto, o contato exige tec-
nologia e, por vezes e vezes, locomoção.
Aprendemos na prática coisas pouco práticas. Como exemplo, em se tratando
de Viçosa, os pesquisadores têm que acordar, com certa frequência, às 04:00 horas
para pegar o “ônibus de linha” para B.H. e, uma vez convidados para interagir com
colegas de outras universidades, em bancas e congressos, terão que migrar como
bons aventureiros para o santuário conectivo de Confins ou para outros confins que
os levem a seu destino.
Foi no dia a dia que aprendemos que aprender é uma necessidade essencial à
existência do pesquisador, não complementar, para cumprir, tão somente, o papel
de dar-nos rótulos que caracterizam nossa existência burocrática no serviço público.
Aprendemos que para tudo acima mencionado precisamos de um orçamento
e que ele exige um esforço imenso, em geral coletivo, para garantir a existência das
ciências sociais aplicadas, humanas, letras e artes no mundo competitivo das “Ciên-
cias”.
Aprendemos também que, diferentemente da tese que defendemos, em tese,
sozinhos, todo trabalho científico é fruto de uma complexidade de elementos hu-
manos, tecnológicos, materiais, dos quais o grupo de pesquisa é a aglutinação atô-
mica visível voltada à interação necessária à existência da pesquisa. Aprendemos
que, em pesquisa, liderança é tema prático e não teórico.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
162
Por fim, aprendemos que as ciências são recortadas (e não agrupadas) em
clusters temáticos, anatomicamente pouco ajustáveis para atender a uma das op-
ções seguintes: a) preencher um formulário que solicite o encaixe em uma das
“áreas de pesquisa do CNPq”; b) reproduzir o status quo existente na organização
ou nos órgão de financiamento ou de “regulação do conhecimento”; e c) repartir o
bolo orçamentário.
Ainda acreditamos que possam vir, sob condições positivas, a contribuir para
a otimização e a qualidade da prática científica, também.
Por fim, aprendemos que o pesquisador, além de investigador, é um idealista
que trilha os caminhos do conhecimento, da interatividade, da burocracia, tentando
driblar a vaidade acadêmica para fazer valer seus anseios. Aprendemos que temos
necessidades, dificuldades, frustrações, sonhos e ideais e tudo isso toma sentido e
nos torna mais fortes se construirmos ambientes e práticas de partilhas de nossos
anseios, conquistas e frustrações na vida acadêmica.
Aprendemos boa parte dessas coisas na vivência da Pesquisa na UFV, em es-
pecial no CCH, onde em 2009 criamos o primeiro Fórum para propiciar essas parti-
lhas e esse contínuo ambiente de aprendizado.
Após duas rodadas, sentimos que já podemos sumarizar algumas conquistas e reno-
var nossas esperanças e nossas agendas de pesquisa para superar os desafios exis-
tentes e lançar olhares mais ambiciosos sobre nosso futuro papel na UFV.
Dessa forma, pretendemos, eu, Marco Aurélio Marques Ferreira (Administra-
ção), junto com os colegas professores Denilson Santos de Azevedo (Educação) e
Carlos Frederico de Brito d’Andréa (Comunicação Social), sumarizar algumas das dis-
cussões e manifestações ocorridas ao longo do II Fórum de Pesquisa do CCH, que
serão feitas na forma de breves relatos do evento, sob nossa perspectiva. Espera-
mos que aceitem o texto a seguir como pequena manifestação de nossa visão do I e,
especialmente, do II Fórum de Pesquisa no CCH.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
163
2. RELATORIA DO II FÓRUM DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Relator I – Professor Marco Aurélio Marques Ferreira
Departamento de Administração e Contabilidade – UFV
Inicio meu relato parabenizando os coordenadores do evento, bem como a
equipe de apoio e a todos direta ou indiretamente envolvidos na realização do II Fó-
rum de Pesquisa do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) da Universi-
dade Federal de Viçosa (UFV). Registro também meus agradecimentos pelo convite
para participar e relatar esse evento que enobrece a pesquisa no nosso centro.
Minha missão no relato foi fazer um resgate entre o primeiro e o segundo
evento, o que de fato foi nostálgico e ao mesmo tempo motivador. Começo por
lembrar que a polêmica inicial do primeiro evento foi que nome dar ao encontro
que teria o propósito de materializar o estado da arte e propor uma agenda de pes-
quisa interdisciplinar para o CCH.
Ao fim da primeira reunião, o evento já tinha objetivo geral e data marcada,
01/10/2009 a 02/10/2009, mas foi apenas na segunda reunião de organização que
os presentes se convenceram de que o nome “Fórum” materializaria a necessidade
existente, ou seja, um ambiente de discussão não apenas pontual, mas permanente.
Nesse aspecto, cabe ressaltar que o termo remete à antiga Roma, designando o lo-
cal destinado à discussão pública, fato esse que nos parecia justo e adequado para o
momento, confirmando nossa escolha.
A questão central colocada foi “Como integrar a pesquisa no CCH?”, mas se
pudesse escolher um slogan para definir a discussão que dominou o evento, à épo-
ca, seria “Como romper com o ciclo de pobreza do fomento à pesquisa em Huma-
nas, Sociais Aplicadas, Letras e Artes no CCH”.
Após dois dias de discussões, algumas sugestões operacionalizadoras emergi-
ram, das quais me recordo das que apresentarei em seguida:
Identificar as sinergias entre os pesquisadores do centro;
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
164
Facilitar a formação de grupos de trabalhos (interdepartamentais), com
viés na interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, transversalidade ou
qualquer adjetivo que defina a interação interdepartamental, setorial
ou institucional para a promoção do conhecimento;
Consolidar as linhas de pesquisa do CCH;
Discutir alternativas de financiamento de pesquisa e caminhos para a
melhoria da produção no centro; e
Investir administrativamente e politicamente na melhor representação
interna e externa do CCH junto aos órgãos de fomento e às arenas insti-
tucionais.
Entre o primeiro e o segundo Fórum, cabe registrar algumas conquistas e limi-
tações nessas temáticas. As sinergias foram, pontualmente, identificadas. Entretan-
to, pouco foi feito para o avanço do trabalho comum. Como ponto positivo, vale
registrar que o pouco que foi feito rendeu bons frutos, a exemplo da bem-sucedida
aglutinação de vários programas em torno de projetos maiores, em curso ou já exis-
tentes, como os projetos CT-Infra e a constituição do Instituto de Políticas Públicas e
Desenvolvimento Sustentável. Somam-se a isso, a proposição de séries temáticas
para a Editora da UFV, a submissão de algumas propostas interdepartamentais de
pesquisa, a aproximação de outros centros, a elevação da produção e a conquista
de mais bolsas de produtividade, como fatores encorajadores para a manutenção do
centro na arena institucional executora e decisória.
Qual a fórmula do sucesso do primeiro encontro, em parte reproduzida e em
grande parte ignorada no segundo evento?
A criação e manutenção de seções de discussão temática interdiscipli-
nar para estimular os grupos interdepartamentais a trocar ideias. A
ideia de discussão permanente não logrou êxito e os coordenadores do
segundo evento se voltaram ao desenho tradicional de palestra-
plateia. O que de fato me parece um retrocesso.
Formação de grupos de trabalhos como forma de promoção da inter-
disciplinaridade e da multidisciplinaridade. Já estamos parcialmente
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
165
convencidos de que não sobreviveremos agindo provincianamente na
pesquisa. Temos que crescer em atitudes e parcerias.
Descobrimos que primeiro temos que arrumar a casa, para depois rece-
ber a visita. A questão da organização dos grupos de trabalho ainda es-
tá incipiente no nível departamental. No segundo evento, ainda ouvi-
mos expressões como “Grupos não registrados”, “Grupos inativos”,
“Assimetria de ação dos grupos”, “Falta de infraestrutura física e huma-
na” etc.
No que concerne à consolidação das linhas de pesquisa, cabe citar que em
ambos os eventos foram discutidos os principais pontos fracos e as ameaças ao
crescimento da pesquisa no CCH e, resumidamente, nos convencemos de que nos
faltam recursos de fomento a pesquisa no centro.
Ouvimos a manifestação de dificuldades de acesso ao financiamento via inici-
ativa privada. Foi apresentada a falta de maior interação e qualificação docente para
favorecer a formulação de propostas e aumentar a competitividade dos pesquisado-
res do CCH, mas, sobretudo, um grande limitante parece ser a existência de poucos
editais em nossa área.
Lamentamos os reflexos dos recursos escassos, principalmente os advindos
das agências financiadoras, em descompasso com a pressão que sofremos para pro-
duzir, que nos induz a uma prática seletiva predatória bem definida pela expressão
de raciocínio circular “para publicar, tem que ter recursos, mas para receber os re-
cursos, tem que publicar”. Inclusive, internamente, os recursos de pesquisa da uni-
versidade são amplamente influenciados pela produção.
A excelente participação da representante do CNPq/Cosae, Doutora Sandra
Rodrigues Braga, no evento, nos posicionou claramente sobre o vasto ambiente de
oportunidades para os nossos pesquisadores, encorajando-nos à submissão de pro-
jetos e solicitações de bolsa na agência. Em números aproximados, tínhamos, à épo-
ca, na UFV, pouco mais de 20% dos professores com bolsa de produtividade: mais
de 50% deles eram das ciências agrárias, maior parte da agronomia; e professores
vinculados ao CCH somavam apenas 2% do total de bolsas da instituição.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
166
Esses números demonstram a missão que temos pela frente para colocar as
Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Letras e Artes em igual condição de competiti-
vidade na arena da excelência em pesquisa.
Quanto às limitações, temos que enfrentar a realidade. Estamos em concor-
rência global com impacto em nível local. Muitas das vezes estamos competindo
com nós mesmos e isso é predatório. Comparativamente, o CCH tem, historicamen-
te, acessado uma fatia menor dos recursos de pesquisa na UFV. Para mudar essa
conjuntura, temos que pensar na causa e não apenas na consequência.
Minha metáfora foi a seguinte: acordamos de manhã na selva “esfomeados”e
antes do findar do dia temos que voltar com a caça. Como recurso de suporte, te-
mos um canivete cego e um estilingue. Os colegas de outras áreas têm rifle de caça,
GPS e imobilizador “geoplasmático” em vias de patenteamento. Essa parte final foi
brincadeira.
De acordo com a Professora Maria Alice Rezende de Carvalho da PUC – Rio,
palestrante do evento, estamos enfrentando uma era de grandes desafios cogniti-
vos, boa parte deles em razão da competitividade do mundo globalizado. Nas pala-
vras da pesquisadora, é a comunidade cientifica que determina não só o plano cien-
tífico, mas o sistema regulatório de mérito e premiação. A sociedade é que cria as
áreas de consagração e sombra. Acho que essas palavras são suficientes para nos
posicionar reflexivamente.
Em uma das seções do evento, fomos atualizados sobre o crescimento expo-
nencial das Ciências Sociais e Humanas. É a área que mais cresce nos País, princi-
palmente, em ensino e ciência. Portanto, o desafio é a formação de jovens pesqui-
sadores com qualidade para manter a competitividade da UFV nessa temática. Isso
nos leva novamente a refletir sobre a estrutura que temos. Os números apresenta-
dos pelos colegas presidentes das comissões de pesquisa no evento foram, de certa
forma, desencorajadores no curto prazo, uma vez que vários departamentos ainda
têm uma concentração grande de professores mestres e uma estrutura de pesquisa
precária. Como pesquisar, inovar, produzir e socializar conhecimentos sem estrutu-
ra de trabalho? Ainda mais em condições em que a produção se tornou compulsó-
ria.
Nessa direção, o Professor Yuri Castelfranchi, da Universidade Federal de
Minas Gerais, em sua palestra, apresentou os fatores positivos e as disfuncionalida-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
167
des geradas pelo sistema “Publicar ou Perecer”. O crescimento exponencial nos ofe-
rece insumos, mas nos impõe metas cada vez mais desafiadoras e humanamente
desgastantes. De acordo com professor, talvez seja essa a razão para a elevação dos
escândalos com plágios na academia.
Ao fim do evento, tivemos a sensação de termos avançado, mas a consciência
de que há muito mais por trilhar e de que o fórum deve permanecer instituído para
um debate constante a respeito de nossos desafios e avanços.
Relator II – Professor Denilson Santos de Azevedo
Departamento de Educação- UFV
Primeiramente, gostaria de agradecer aos Coordenadores do evento pelo
convite de atuar como relator no II Fórum de Pesquisa do Centro de Ciências Huma-
nas, Letras e Artes (CCH) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e enaltecer a im-
portância da temática central sobre Interdisciplinaridade, o alto nível das palestras
proferidas e a continuidade dessa iniciativa, que rompe isolamentos e cria possibili-
dades de socialização de conhecimentos, de maior interação e composição de do-
centes e discentes de diferentes Departamentos, no âmbito do CCH, em atividades
de ensino, pesquisa e extensão, na graduação e na pós-graduação.
Não obstante a excelência do Fórum, chamou atenção a baixa frequência de
participação do corpo docente do CCH neste evento, fato este que pode, em parte,
ser atribuído à concentração de atividades dessa natureza no segundo semestre. Tal
assertiva pode ser corroborada no exemplo que darei sobre a programação do De-
partamento de Educação nos meses de agosto e setembro do corrente ano, no qual
identificamos a realização de seis eventos: o VI Congresso de Pesquisa e Ensino de
História da Educação no Estado de Minas Gerais, o XIX Fórum Regional de Educação
de Jovens e Adultos - Sudeste de Minas Gerais, o II Encontro Internúcleos do Obser-
vatório da Educação do Campo, Seminário sobre o Ensino Médio, Diálogos entre
Gramsci e Paulo Freire: questões contemporâneas da Educação e o XIV ciclo de Es-
tudos Pedagógicos.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
168
Estavam programados ainda para o final do segundo semestre eventos dire-
tamente promovidos pelo DPE, como os relacionados à avaliação do Programa de
Pós-Graduação em Educação e do Curso de Licenciatura em Pedagogia e em parce-
ria com outros órgãos da UFV e instituições como o Fórum de Educadores de Viçosa
e o II Encontro do Pibid (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência).
Soma-se a esses a realização do Simpósio de Integração Acadêmica (SIA/2011), que
envolve todos os Departamentos do CCH e da UFV.
Se, em termos de organizacionais e operacionais, for difícil a mudança da data
do Fórum para o primeiro semestre, outra opção pode ser a criação de um fórum
permanente, composto pelos presidentes ou representantes das Comissões de Pes-
quisa e/ou Extensão dos Departamentos vinculados ao CCH, com o intuito de orga-
nizar eventos preparatórios, atividades conjuntas de linhas ou grupos de pesquisas
com temáticas próximas ou mesmo para tratar de aspectos conceituais mais teóri-
cos para discutir com maior profundidade, por exemplo, o que é interdisciplinarida-
de, transdisciplinaridade, transversalidade, entre outras questões que podem ser
afetas a diferentes áreas de conhecimento das Ciências Humanas, das Ciências Soci-
ais Aplicadas, Letras e Artes.
Com base nessas considerações iniciais, passarei a fazer um breve relato com
críticas e sugestões atinentes ao Fórum, que procurei ouvir e apreender com os su-
jeitos que estão participando durante esses dois dias de evento. Assim, procurarei
fazer, de certo modo, o papel do “advogado do diabo”, com o intuito de contribuir e
melhor qualificar os ulteriores Fóruns. Nesse sentido, vale ainda ressaltar que essas
críticas não têm nenhum caráter pessoal, seja da minha parte, seja para aqueles que
podem, de algum modo, se sentir atingidos pela minha explanação.
Feita essa ressalva, inicio ressaltando como ponto positivo o formato de apre-
sentação do trabalho feito por acadêmicos de diferentes cursos, sob a orientação de
docentes de vários Departamentos do CCH. Entretanto, houve queixas sobre o crité-
rio de avaliação dos trabalhos enviados para apresentação no Fórum, a falta de
feedback e de comunicação por e-mail e/ou no site do evento a respeito desse que-
sito.
Outra crítica dirigida a essa seção se refere ao caráter mais interdepartamen-
tal que interdisciplinar dos trabalhos apresentados pelos acadêmicos, o que indica
que essa transversalidade temática, que demanda de fato uma interdisciplinaridade,
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
169
ainda não está plenamente alcançada nas pesquisas desenvolvidas ou ao menos não
ficaram evidenciadas nesta exposição oral.
A seção relativa à apresentação de trabalhos sobre as pesquisas desenvolvi-
das nos Departamentos do CCH é digna de menções elogiosas, tendo em vista que
possibilitou uma visão de conjunto das atividades desenvolvidas, das linhas ou gru-
pos de pesquisas constituídos pelos Departamentos e vislumbrar possíveis campos
de confluência ou eixos temáticos para pesquisadores de diferentes áreas de conhe-
cimento no campo das ciências humanas, sociais aplicadas, letras e artes.
As potencialidades apresentadas para o conhecimento do trabalho dos pares
e para a articulação entre pesquisadores de diferentes áreas de atuação e de Depar-
tamentos, dados o elevado número de explanadores (11) e a falta de uma padroni-
zação mínima para nortear a apresentação de cada um, fizeram com que algumas
exposições fossem sido muito alongadas, com pouca objetividade, o que contribuiu
para a dispersão do público e o esvaziamento do auditório.
Neste sentido, para tornar mais visível os projetos e trabalhos de pesquisa e
extensão realizados no âmbito do CCH, talvez seja interessante que se crie um espa-
ço destinado à exposição de banners com as atividades desenvolvidas por pesquisa-
dores, extensionistas ou grupos de cada Departamento. Também foi sugerido, em-
bora se tratando de um Fórum de Pesquisa, que seja feita uma exposição sobre os
trabalhos de extensão desenvolvidos em alguns departamentos – sobretudo daque-
les que, pela natureza epistêmica do conhecimento que abarca, não desenvolvem
pesquisa de modo substantivo – mormente daqueles que potencialmente apresen-
tem maior interface com a pesquisa.
Outra questão relevante apontada no Fórum se refere à importância estraté-
gica de os Departamentos do CCH/UFV poderem contar com uma representação
legítima na Câmara de Ciências Humanas da Fapemig, no intuito de conferir maior
visibilidade e credibilidade acadêmica à produção científica que estamos desenvol-
vendo, sobretudo no âmbito dos Programas de Pós-Graduação.
Daí a importância da realização de eventos como esse, que possibilitam, por
meio de debates, a interação entre docentes e acadêmicos do CCH, uma maior soci-
alização dos conhecimentos produzidos, destacar o papel do CCH em nossos proje-
tos e os problemas e as necessidades comuns que temos que superar. Dito isto, en-
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
170
cerro meu relato, agradecendo mais uma vez ao convite dos coordenadores do
evento, professores Magnus e Walmer, e à audiência.
Relator III – Professor Carlos Frederico de Brito d’Andréa
Departamento de Comunicação Social - UFV
Terminado o II Fórum de Pesquisa do CCH, é importante pensarmos os próxi-
mos passos para que, de forma permanente, a pesquisa nos campos das Ciências
Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Letras e Artes esteja em pauta na Universidade
Federal de Viçosa. A despeito do significativo avanço quanti e qualitativo do CCH nos
últimos anos, parece-nos necessária uma atenção institucional especial e constante
para que a pesquisa científica desse Centro se aproxime da excelência atingida pe-
las áreas do conhecimento historicamente consolidadas na UFV.
O fortalecimento de grupos de pesquisa, dos Programas de Pós-Graduação e
dos periódicos científicos vinculados ao CCH são algumas das demandas mais rele-
vantes nesse cenário, conforme ações propostas abaixo. De forma complementar, é
preciso considerar a significativa diferença entre os departamentos vinculados ao
CCH. Alguns já têm uma cultura de pesquisa mais adiantada, o que é perceptível pe-
la própria existência de Programas de Pós-Graduação e da pela percentagem de do-
centes com doutorado e pós-doutorado, entre outros fatores. Por outro lado, outros
departamentos ainda estão se iniciando nos caminhos da pesquisa e enfrentam
inúmeras dificuldades, merecendo, portanto, uma atenção especial.
Nesta perspectiva, registramos algumas sugestões de ações concretas que
podem ser empreendidas nos próximos anos.
Elaboração de “políticas afirmativas” de pesquisa: elaboração de edi-
tais, treinamentos etc., que visem, em última instância, a facilitar a im-
plementação de processos de pesquisa científica em setores menos es-
truturados do CCH. Inspirados pelas políticas afirmativas em implemen-
tação nos últimos anos nos diferentes setores da sociedade inclusive no
acesso ao ensino superior, com relativa adesão da UFV, consideramos
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
171
necessário um tratamento diferenciado para os cursos e departamen-
tos da UFV que, historicamente, foram negligenciados. Um exemplo:
um edital interno cujo critério de aprovação se baseie unicamente na
“demanda induzida” de projetos (Probic/Fapemig 2012/2013, por
exemplo) desconsidera o baixo número de professores vinculados aos
departamentos menores e não contribui para diminuir a desigualdade
de oportunidades de setores que já enfrentam inúmeras outras dificul-
dades para inserir a pesquisa no cotidiano de trabalho na UFV.
Aceleração da qualificação do corpo docente: considerando um dos
grandes empecilhos para a realização da pesquisa científica, em especi-
al nos departamentos em consolidação, o baixo número de docentes
com doutorado completo, sugere-se a implementação de ações institu-
cionais que visem a apoiar e aceleração da titulação do corpo docente.
Maior apoio a professores contratados durante o treinamento e a reali-
zação de convênios para cursos de doutorados interinstitucionais com
universidades de referência são alguns dos caminhos possíveis para es-
ta ação. Além disso, é fundamental que sejam aperfeiçoadas as condi-
ções institucionais para que os docentes façam pós-doutorados, uma
vez que, entre outros benefícios, esta é um das ações mais importantes
para a internacionalização dos Programas de Pós-Graduação.
Adequação das revistas científicas: realização de um levantamento de-
talhado das revistas científicas vinculadas ao CCH e posterior incentivo
para que elas se adaptem aos processos editoriais e técnicos das publi-
cações de ponta no país. Algumas questões a serem identificadas e
aperfeiçoadas são a formação de comissão editorial com participação
de pesquisadores externos, o fortalecimento do processo de revisão
por pares, a inclusão e/ou melhor colocação no sistema Qualis das
áreas pertinentes, o cumprimento da periodicidade etc. É fundamental
ainda que os periódicos estejam disponíveis para consulta, na íntegra,
via internet, e que sejam gerenciados pelo software “Sistema Eletrôni-
co de Editoração de Revistas (SEER)”, adotado atualmente como padrão
para as revistas científicas no Brasil. A gestão das revistas através do
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
172
SEER, entre outros fatores, facilita a futura inclusão dos periódicos em
bases de dados nacionais e internacionais.
Realização de eventos interdisciplinares temáticos: sugere-se a elabora-
ção de editais internos incentivando a realização de eventos científicos
(simpósios, seminários etc.) organizados por dois ou mais departamen-
tos e/ou Programas de Pós-Graduação vinculados ao CCH. Os eventos
interdepartamentais devem ter um orçamento inicial pre-definido (me-
diante apoio da Funarbe e do próprio CCH) e poderão ser complemen-
tados com verbas adicionais solicitados a agências externas de fomen-
to, como a Fapemig. Neste edital, sugere-se a vinculação das atividades
do evento (conferências, por exemplo) a uma publicação posterior no
formato de livro (se possível, pela editora da UFV), o que certamente
motivará a presença de importantes pesquisadores externos vinculados
ao(s) tema(s) do evento.
3. PERPESCTIVAS PARA OS PRÓXIMOS FÓRUNS DE PESQUISA EM CIÊN-
CIAS SOCIAIS APLICADAS, HUMANAS, LETRAS E ARTES NA UFV
A partir da avaliação do público participante do II Fórum de Pesquisa do CCH,
foi possível captar sugestões de temas para debates futuros em Fóruns de Pesquisa
sobre Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes na UFV. São eles:
Pesquisa sobre conflitos existentes entre professores e alunos nas redes pú-
blicas de ensino.
Produção científica e quantidade e/ou qualidade?
A importância do curso de graduação e pós-graduação no ambiente da pes-
quisa.
Ciências humanas em outras Universidades Públicas: da organização dos cen-
tros (quais cursos comporta) até as vocações, prioridades e realidades locais;
A importância de se praticar extensão juntamente com a realização de pes-
quisa;
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
173
Oferta e qualidade da educação a distância na UFV;
Produção de conhecimento em regiões carentes de Minas Gerais;
Redes de pesquisa - debate sobre as ciências humanas e sociais no Brasil e no
exterior.
“Os rumos da ciência” – para onde caminhamos? Como avançamos? Revendo
nossos caminhos, o que podemos esperar e buscar para a ciência atual?
Critérios de avaliação para a área de ciências humanas e sociais aplicadas.
A prática da pesquisa, ou melhor, a pesquisa na prática, como a sociedade se
tem beneficiado? Relação Universidade e Comunidade a partir de resultado
de pesquisas
Formas de captação de recursos em ciências humanas.
O que a UFV e o CCH desejam das Agências Financiadoras? O que se pretende
em termos de continuidade nesta área? É viável e desejável? O que temos e o
que nos falta?
Por fim, as sugestões apresentadas mostram que, a despeito dos avanços
conquistados com as pesquisas, temos vários desafios para lidar e dialogar em novos
fóruns de pesquisa em ciências sociais aplicadas, humanas, letras e artes na UFV e,
possivelmente, em parceria com outras Universidades de Minas Gerais e do Brasil.
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
174
SOBRE OS AUTORES
AFONSO AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS DE CARVALHO LIMA
Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2001); Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina
(1998); Especialista em Gerência de Empresas pela FACCO (1995). Atualmente é Pro-
fessor Associado da Universidade Federal de Viçosa, atuando principalmente nas
áreas de Marketing, Estratégia, Administração Pública e Administração Geral. Pare-
cerista das revistas RAC e RAUSP, entre outras. Ex-Presidente do Conselho Editorial
da Editora UFV. Revisor técnico dos livros Marketing do Setor Público, de Philip
Kotler e Nancy Lee, lançado em 2008, e Marketing Social, lançado em 2011 pela Edi-
tora Bookman/Artmed.
Email: [email protected]
ALVANIZE VALENTE FERNANDES FERENC
Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Viçosa (1992), mestrado em
Educação pela Universidade Federal de São Carlos (1995), doutorado em Educação
pela Universidade Federal de São Carlos (2005), com estágio de Doutoramento na
Universidade do Porto, Portugal. Professora adjunta da Universidade Federal de Vi-
çosa. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em metodologia de ensino,
atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, aprendiza-
gem da docência, prática pedagógica, ensino e aprendizagem e avaliação da apren-
dizagem.
Email: [email protected]
ANA CLÁUDIA LOPES CHEQUER SARAIVA
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (1986), especia-
lização em Psicologia Educacional pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Ge-
rais(1996) e doutorado em Educação pela Universidade Federal de Minas Ge-
rais(2005). Professora Adjunta II na UFV, atuando principalmente nos seguintes te-
mas: Aprendizagem Docente, Professores Universitários, Representações Sociais.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
175
ANA LUISA GEDIEL
Graduada em Educação Especial - Hab Def. da Audiocomunicação pela Universidade
Federal de Santa Maria - UFSM (2002); Especialização em Educação Especial pela
UFSM (2003); Mestrado em Extensão Rural pela UFSM (2006); Doutorado em An-
tropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010). Professora
Adjunta I do Departamento de Letras (DLA) da Universidade Federal de Viçosa, atu-
ando na área de Libras desde 2010. Coordena o Centro de Extensão em Língua Brasi-
leira de Sinais, pertencente ao Programa de Línguas Prelin, do DLA/UFV, é pesquisa-
dora no Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero, UFV e ao Grupo de Pesquisa:
Crenças sobre Ensino e Aprendizagem de Línguas (CEALI).
Email: [email protected]
ANDRÉA BERGALLO SNIZEK
Doutora em Dança pela Universidade Técnica de Lisboa, Portugal. Graduada em
Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (1986), especialista em
Educação Psicomotora e mestre em Educação Física pela Universidade Gama Filho
(2004). Professora Universitária de dança desde 1996. Lecionou na Faculdade Angel
Vianna. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Dança, atuando nos se-
guintes temas: dança contemporânea, dança clássica, composição coreográfica, po-
líticas públicas e educação. Criou e dirigiu o NECC em 2008, (Núcleo de Estudos Con-
temporâneos do Corpo). É Professora efetiva da Universidade Federal de Viçosa
desde fevereiro de 2010, onde criou e Coordena o PARC, Programa Argumentos do
Corpo, que integra os projetos Seminário Argumentos do Corpo e Neparc, Núcleo
de Estudos e Práticas Artístico-Corporais.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
176
ARTHUR FONTGALAND GOMES
Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa. Tem experiên-
cia em Ensino de Ciências Sociais com ênfase em desenvolvimento de metodologias
e recursos didáticos tanto para educação regular, quanto para o ensino de sujeitos
surdos.
Email: [email protected]
BRUNO DE JESUS LOPES
Graduado em Administração pela Faculdade de Viçosa, FDV. Mestrado em anda-
mento em Administração na Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é estagiá-
rio da Universidade Federal de Viçosa.
Email: [email protected]
BRUNO TAVARES
Graduado em Administração pela Universidade Federal de Viçosa (1997), mestrado
em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa (2000) e doutorado em Ad-
ministração pela Universidade Federal de Lavras (2011). Atualmente é Professor Ad-
junto (DR) nível I da Universidade Federal de Viçosa e membro de corpo editorial do
Administração Pública e Gestão Social. Tem experiência na área de Administração,
com ênfase em Administração de Empresas. Vem atuando principalmente nos se-
guintes temas: Arranjo produtivo local, Desenvolvimento empresarial, Pequena em-
presa, estratégia.
Email: [email protected]
CARLOS FREDERICO DE BRITO D’ANDRÉA
Jornalista graduado pela UFMG, doutor em Linguística Aplicada pelo PosLin/UFMG,
mestre em Ciência da Informação pela ECI/UFMG e especialista em Gestão Estraté-
gica da Informação. Entre 2008 e 2012, foi professor do Departamento de Comuni-
cação Social da Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é professor da Univer-
sidade Federal de Minas Gerais.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
177
DANIELA ALVES DE ALVES
Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(1997), mestrado em Sociologia (2000) e doutorado em Sociologia pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (2008). Atualmente é professora Adjunta II do depar-
tamento de ciências sociais da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Tem experiên-
cia na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Trabalho e Sociologia da Ino-
vação, atuando principalmente nos seguintes temas: mudanças sociotécnicas e tra-
balho, inovações tecnológicas, inclusão digital, educação à distância.
Email: [email protected]
DENILSON SANTOS DE AZEVEDO
Graduado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), mestrado
em Educação pela Universidade Federal Fluminense (1993) e doutorado em Educa-
ção pela Universidade de São Paulo (2005). É professor Adjunto IV da Universidade
Federal de Viçosa, atuando no Programa de Pós-Graduação em Educação
(PPGE/UFV), nível de mestrado e em cursos de graduação. Atualmente, é avaliador
de curso de graduação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.
Tem experiência na área de Educação, com ênfase em História da Educação, atuan-
do principalmente nos seguintes temas: educação, história da educação, política e
educação contemporânea e ensino de história.
Email: [email protected]
DYJANE DOS PASSOS
Graduanda em Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa. Integra o
Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero-Nieg.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
178
EDSON ARLINDO SILVA
Doutor em Administração pela Universidade Federal de Lavras, mestrado em Exten-
são Rural pela Universidade Federal de Viçosa-UFV. Especialização em Filosofia pela
Universidade Federal de Ouro Preto. Graduado em Administração pela UFV. Profes-
sor do Departamento de Administração e Contabilidade vinculado ao Centro de Ci-
ências Humanas, Letras e Artes da UFV. Leciona em cursos de graduação e pós-
graduação. Atua no Programa de Pós-Graduação em Administração, com ênfase em
Administração Pública.
Email: [email protected]
ELAINE CAVALCANTE GOMES
Graduação em Bacharelado em Escultura pela Universidade Federal do Rio de Janei-
ro (1974), mestrado em Master In Fine Arts pela George Washington University
(1982) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo
(1997). Atualmente é professor Associado I da Universidade Federal de Viçosa. Tem
experiência na área de Artes, com ênfase em Escultura, atuando principalmente nos
seguintes temas: percepção, planejamento urbano, planejamento municipal, parti-
cipação social e meio ambiente.
Email: [email protected]
EVANIZE KELLI SIVIERO ROMARCO
Graduação em Dança - Bacharelado pela Universidade Estadual de Campinas (1997),
graduação em Dança - Licenciatura pela Universidade Estadual de Campinas (1998)
e mestrado em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista -Rio Cla-
ro (2004). Atualmente é efetiva da Universidade Federal de Viçosa. Tem experiência
na área de Artes com ênfase em Artes Corporais, atuando principalmente nos se-
guintes temas: qualidade de vida, práticas corporais somática, arte-educação, cons-
ciência corporal, composição coreográfica, dança contemporânea, metodologia da
pesquisa em dança e dança para pessoas com necessidades especiais.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
179
FÁBIO ADRIANO HERING
Graduação em Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade Federal de
Santa Catarina (1998), mestrado em História Social pela Universidade Estadual de
Campinas (2001), doutorado em História Cultural pela Universidade Estadual de
Campinas (2006), estágio de doutoramento no Depto. de Arqueologia da Universi-
dade de Durham, Inglaterra (2004), e pós-doutorado em História Moderna e Con-
temporânea pela UFMG. Tem experiência na área de História, com ênfase em Teoria
da História, História da Ciência e Historiografia Moderna, áreas em que tem atuado
e publicado. Atualmente é professor de História do quadro efetivo do Departamen-
to de História da UFV.
Email: [email protected]
FATIMA WACHOWICZ
Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Fede-
ral da Bahia, bolsista Capes. Concluiu estágio doutorado-sanduíche por um ano na
University of Western Sydney-UWS, Austrália, onde fez pesquisa na área de dança
e psicologia cognitiva. Participou do grupo de pesquisa Music, Sound and Action, na
MARCS Auditory Laboratories - UWS, Austrália. Trabalhou no Museu de Arte Mo-
derna do Rio de Janeiro - MAM-RJ. Graduada em Licenciatura Plena em Dança pelo
Centro Universitário da Cidade-UniverCidade/RJ, Especialização em Dança Cênica
pela Universidade do Estado de Santa Catarina e Mestrado em Artes Cênicas pela
Universidade Federal da Bahia. Foi Professora Colaboradora na Universidade do Es-
tado de Santa Catarina, Bacharelado em Teatro e Professora Adjunta na Universida-
de Federal de Viçosa. É membro do World Dance Alliance, Dance Program-University
of Wisconsin. Professora Adjunta na Escola de Dança da Universidade Federal da
Bahia.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
180
FRANCISCO CARLOS DA CUNHA CASSUCE
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Viçosa – UFV
(2002), mestrado em Economia Aplicada pela UFV (2004) e doutorado em Economia
Aplicada pela UFV (2008). Atualmente é professor adjunto da UFV.
Email: [email protected]
GERSON LUIZ ROANI
Graduado em Letras, Português, e Literaturas da Língua Portuguesa pela Universi-
dade Federal de Santa Maria, mestrado em Letras (Literatura Comparada) pela Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Letras (Literatura Compa-
rada) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com estágio de pesquisa dou-
toral (Doutorado Sanduíche) na Universidade de Coimbra. Atuou como pesquisador
convidado na Biblioteca Nacional de Portugal (BN), investigando na Seção de Reser-
vados e Fundos Raros, o Espólio de José Saramago. Atualmente é Professor Adjunto
III de Literatura Portuguesa da Universidade Federal de Viçosa (UFV), atuando na
Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Letras, do qual é o coordenador.
Coordena também na UFV o Programa de Licenciaturas Internacionais Ca-
pes/Universidade de Coimbra - Letras/UFV-U.
Email: [email protected]
GUILHERME NACIF DE FARIA
Professor Adjunto II do DPD-UFV, onde está desde 1998. Bacharel em Fisioterapia
pela FCMMG (1985). Bacharel em Direito pela UFV (1997). M.S. em Direito Privado
pela PUC-MG (2005). Especialista em Direito Registral Imobiliário pela PUC-MG
(2006). D.S em Direito Privado pela PUC-MG (2010) com a tese Teoria Jurídica da
Informação. Ministra as disciplinas de Direito Civil VII, VIII e IX e Medicina Legal.
Pesquisa na área de Análise Econômica do Direito, particularmente nos direitos civil
e ambiental, com algumas publicações e apresentações em congressos. Coordena os
trabalhos para a criação do mestrado em Direito da UFV, na linha de pesquisa do
Direito, Desenvolvimento e Cooperação Internacional.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
181
HELENO SZERWINSK DE MENDONÇA ROCHA
Graduado em Geografia, licenciado (2011) e bacharel (2012) pela Universidade Fe-
deral de Viçosa. Tem trabalhos nas áreas da Geografia Agrária, Agroecologia e De-
senvolvimento Rural. Foi bolsista de iniciação científica pela Furnabe/UFV. Tem ex-
periência na área de Educação, com ênfase nas Novas Tecnologias da Informação e
Comunicação aplicadas ao Ensino. Atualmente é professor de Geografia do ensino
fundamental na rede particular de Viçosa-MG.
Email: [email protected]
ISABELLE ARAÚJO LIMA E SOUZA
Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa. Bolsista de Ini-
ciação Científica do CNPq.
Email: [email protected]
JADER FERNANDES CIRINO
Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Professor Ad-
junto do Departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa.
Email: [email protected]
JAQUELINE CARDOSO ZEFERINO
Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa (2005). Especiali-
zação em Estudos Afro-brasileiros pela PUC Minas (2008). Mestrado em Educação
Física pela UFV (2010), na linha aspectos Socioculturais do Movimento Humano.
Atualmente é professora do Departamento de Educação Física da UFV e integra o
Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero (Nieg/UFV). Tem experiência na área
de Educação, Cultura afro-brasileira e Gênero.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
182
JOELMA SANTANA SIQUEIRA
Graduada em Letras pela Universidade Federal de Viçosa (1999), mestrado em teo-
ria da literatura pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002) e
doutorado em literatura brasileira pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da USP (2008). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em literatu-
ra brasileira, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Romance brasileiro,
Narrativa moderna, Estudos interartes na arte moderna e Espaço ficcional. Profes-
sora adjunta da Universidade Federal de Viçosa.
Email: [email protected]
JOSÉLIA GODOY PORTUGAL
Professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
de Viçosa - UFV, atuando nas áreas de História e Teoria da Arquitetura. Tem gradu-
ação em Arquitetura e Urbanismo/UFV (2005). Mestrado em Economia Domésti-
ca/UFV (2009), com estudo sobre Segregação Urbana e Sociabilidade Urbana. De-
senvolve trabalhos na área de documentação arquitetônica e urbana
Email: [email protected]
JULIANA CARVALHO FRANCO DA SILVEIRA
Professora do Departamento de Artes e Humanidades da Universidade Federal de
Viçosa, desde 2010. Bailarina e pesquisadora, Mestre em Artes pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2009). Licenciada (2007) e Bacharel (1992) em Filosofia
pela UFMG. Coordenou o Curso de Graduação em Dança da UFV. Membro do Grupo
de Pesquisa Transdisciplinar em Dança. Formada em dança clássica e contemporâ-
nea. Integrou o Baleteatro Minas (1988) e o Grupo de Dança Primeiro Ato (de 1989
a 2005), como bailarina-criadora, participando das montagens e apresentações de
espetáculos no Brasil e em vários países. A partir de 2006, passou a atuar como bai-
larina independente. Coordena o Grupo Rascunho, criado em 2011.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
183
KÁTIA IMACULADA MOREIRA DE OLIVEIRA
Bacharelado e Licenciatura em Dança pela Universidade Federal de Viçosa - UFV e
Especialização em Aspectos Metodológicos da Pesquisa Científica pela Universidade
Federal de Juiz de Fora. Professora do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Dan-
ça da UFV, atuando nas disciplinas de Dança para Pessoas com Deficiência Física,
Dança para pessoas com Deficiência Sensorial , Desenvolvimento Humano e Dança e
Didática de Ensino da Dança.
Email: [email protected]
LAURA PRONSATO
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp na área de
concentração "Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte" e do grupo de pesquisa
Laborarte (Laboratório de Estudo sobre o Ensino de Arte) com orientação da profa.
Márcia Strazzacappa. É professora do Curso de Dança da Universidade Federal de
Viçosa (UFV). Tem mestrado em Artes pela Universidade Estadual de Campinas
(2003) e graduação em Artes Corporais nas modalidades Bacharelado (1999) e Li-
cenciatura (2000). Como bailarina, atua nas áreas de dança contemporânea e dan-
ças brasileiras. Também atuou como artista-docente, com ênfase na área de dança,
em diversos projetos de cunho educacional e social com crianças e adolescentes.
Email: [email protected]
LÍDIA LÚCIA ANTONGIOVANNI
Graduada em Geografia pela Universidade de São Paulo (1994), Mestrado em Geo-
grafia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (2000) e Doutorado em
Programa de Pós-Graduação em Geografia pela Universidade Federal Fluminense
(2006). Atuou como pesquisadora de pós-doutorado na Universidade Federal do Es-
pírito Santo (2008 e 2009), onde ministrou cursos de graduação e orientou projetos
de pesquisa de estudantes. Atualmente é Professora Adjunta I do Departamento de
Geografia da Universidade Federal de Viçosa.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
184
MAGNUS LUIZ EMMENDOERFER
Doutor em Ciências Humanas: Sociologia e Política. Administrador e Mestre em Ad-
ministração. Professor e Pesquisador no Departamento de Administração da Univer-
sidade Federal de Viçosa (UFV). Desde 1998, sua contribuição científica e tecnologi-
ca tem se concentrado em áreas relacionadas ao Trabalho Gerencial, Empreendedo-
rismo e Turismo na Esfera Pública, nas quais conquistou prêmios nacionais. Tem
interesse em: a) Gestão e Políticas Públicas no Turismo; b) Economia e Organizações
Criativas. c) Empreendedorismo Interno nas organizações; d) Gestão de Pessoas e
Relações de Trabalho; e) Inovação e Esporte Alternativo: Footbag.
Email: [email protected]
MARCELA MARQUES DE OLIVEIRA
Graduanda do 9º período do curso de Administração do Departamento de Adminis-
tração e Contabilidade da Universidade Federal de Viçosa.
Email: [email protected]
MARCELO JOSÉ OLIVEIRA
Bacharelado em Ciências Sociais (1994), Mestrado (1997) e Doutorado (2008) em
Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina, com estágio dou-
toral (Bolsa Capes) na EHESS - Paris. Pós-doutorado (Bolsa Capes) pelo PPGAS-UFSC
e Universidad Complutense de Madrid. Professor Adjunto I da Universidade Federal
de Viçosa. Experiência na área de Antropologia, atuando principalmente nos seguin-
tes temas: sociedades complexas e cultura urbana, cultura popular, migrações, pa-
trimônio cultural imaterial e memória social, meio ambiente, gênero.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
185
MARCO AURÉLIO MARQUES FERREIRA
Pós-Doutor em Administração Pública pela Rutgers University - The State University
of New Jersey USA (2011). Tem graduação em Administração (2000) e Doutorado
em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (2005). Coordena-
dor do Programa de Pós-Graduação em Administração. Tem diversos artigos publi-
cados em periódicos indexados e capítulos de livros nacionais e internacionais. Idea-
lizador e atual membro do corpo editorial da Revista Administração Pública e Gestão
Social (APGS), lidera o grupo de pesquisa em Administração Pública e Gestão Social
e coordena Projetos sociais junto a comunidades locais. Seus trabalhos científicos
têm se concentrado nas seguintes áreas temáticas: Administração Pública e Gestão
Social; Políticas Inclusivas e Gênero, Eficiência e Desempenho Organizacional; Finan-
ças e Microfinanças; e Cooperativismo, Associativismo e Terceiro Setor.
Email: [email protected]
MARIA CARMEN AIRES GOMES
Formada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade Federal de Ouro Preto
(1993), Mestrado em Estudos Linguísticos/Análise do Discurso pela Universidade
Federal de Minas Gerais (1996). Também, na UFMG, fiz meu Doutorado em Estudos
Linguísticos/Análise do Discurso, em 2003. Fiz o Estágio de Pós-Doutorado sob a
supervisão da Profa. Dra. Leila Barbara (PUCSP), 2011. Sou professora efetiva - Asso-
ciada I na Universidade Federal de Viçosa e tenho experiência na área de Linguística,
com ênfase em Análise do Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas:
Análise de Discurso Crítica, Análise de Gêneros, Linguística Sistêmico-Funcional e
Representação dos Atores Sociais e Multimodalidade, Ensino de Língua Materna.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
186
MARIA ISABEL DE JESUS CHRYSÓSTOMO
Bacharel em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1993) e licen-
ciada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é mestre (1999) e doutora (2006)
em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Pesquisa em Planejamento
Urbano e Regional/UFRJ. Atualmente é pesquisadora da Universidade Federal de
Viçosa e da Universidade Federal do Rio de Janeiro e professora adjunta da Univer-
sidade Federal de Viçosa. Fez durante o ano de 2010 pesquisa de pós-doutorado na
École des Hautes Études en Sciences Sociales - França, com financiamento da Capes.
Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia histórica, atuando
principalmente nos seguintes temas: geografia histórica, geografia urbana, política
ambiental, planejamento urbano, políticas públicas e meio ambiente.
Email: [email protected]
MARISA BARLETTO
Graduada em Psicologia pela Universidade Gama Filho (1984), mestrado em Educa-
ção pela Universidade Federal Fluminense (1993) e doutorado em Educação pela
Universidade Federal Fluminense (2006). Atualmente é professora adjunta do De-
partamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa e Coordenadora do Nú-
cleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero – Nieg, da UFV. Presidente do Conselho
Municipal dos Direitos da Mulher na cidade de Viçosa, MG, gestão 2009-2010 e
2011-2012. Coordenadora do Curso de Pós-Graduação Mestrado em Educação do
Departamento de Educação da UFV desde junho de 2011. Tem experiência na área
de Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: educação perma-
nente, subjetividade, gênero e movimentos sociais.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
187
MICHELLE APARECIDA GABRIELLI
Mestre em Letras - na área de Estudos Literários - pela Universidade Federal de Vi-
çosa (UFV). Especialista em Artes pelas Faculdades Integradas Jacarepaguá (FIJ).
Graduada em Dança, com habilitação em Bacharelado e Licenciatura Plena, pela
UFV. Foi professora substituta do Curso de Graduação em Dança da UFV no período
de 2010 a 2012, professora pesquisadora da Capes/Parfor, ministrando a disciplina
Movimentos Corporais para o Curso de Primeira Licenciatura em Artes, da Universi-
dade do Estado da Bahia (UNEB), Campus X - Teixeira de Freitas, no ano de 2011, e
professora concursada da área de Artes para o Ensino Fundamental II pela Prefeitu-
ra de Ponte Nova-MG, entre os anos de 2008 e 2010.
Email: [email protected]
NATÁLIA HOSANA NUNES ROCHA
Graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Viçosa e integrante do Núcleo
Interdisciplinar de Estudos de Gênero Nieg/UFV, foi bolsista do projeto de pesquisa
intitulado Educação permanente em saúde e a Estratégia Saúde da Família: instru-
mentalização para a prática reflexiva , aprovado no Edital Fapemig 09/2010 e atual-
mente é bolsista do "Programa de Formação e capacitação sobre gênero e direitos
humanos no enfrentamento da violência contra a mulher", sendo este programa
também vinculado ao Nieg. Participa do grupo de pesquisa na linha de Corpo, Saúde
e Reprodução desde 2010, atuando também nas áreas de gênero, educação, educa-
ção permanente em saúde e metodologias participativas.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
188
NILO AMÉRICO RODRIGUES LIMA DE ALMEIDA
Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo, com mestrado e doutorado
em Geografia Humana também pela Universidade de São Paulo. Atualmente profes-
sor adjunto (DE) no Departamento de Ciências Geográficas/CFHC/UFPE, Área Epis-
temologia da Geografia. Participei, durante o doutorado do Grupo, de Pesquisa do
Diretório de Pesquisa do CNPq, denominado Geografia Política e Meio Ambiente
(2004-2008). Desenvolvi, na tese, análise socioambiental e mapeamentos demons-
trando a relação entre questões sobre meio ambiente e a teoria da Formação Terri-
torial. Desenvolvo frentes de pesquisa em Epistemologia da Geografia; Desenvolvi-
mento Territorial, Estado e Meio Ambiente; e Cartografias Populares e Território em
plataformas não-proprietárias.
Email: [email protected]
ORLANDO MONTEIRO DA SILVA
Graduação em Agronomia e mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal
de Viçosa. PhD em Economia pela North Carolina State University, onde também fez
pós-doutorado. Tem especialização em Integração Econômica pelo El Colégio de
México. É Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa, na área de Economia
Internacional, atuando como orientador nos cursos de pós-graduação em Economia
Aplicada, Administração e Economia. Foi Coordenador do Curso de Ciências Econô-
micas, Chefe do Depto. de Economia, Diretor Substituto do CCH e Membro do Con-
selho de Pesquisa e Universitário da UFV. Foi membro da Câmara de Ciências Hu-
manas da Fapemig e Presidente da Funarbe. Suas publicações têm sido nas áreas de
Economia, com ênfase nas Relações do Comércio, Política Comercial e Integração
Econômica.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
189
PAULA DIAS BEVILACQUA
Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa (1988), es-
pecialização em Epidemiologia Aplicada aos Serviços de Saúde (UFMG - 1997), mes-
trado em Medicina Veterinária pela UFMG (1993) e doutorado em Ciência Animal
pela UFMG (1999). Atualmente é professora da Universidade Federal de Viçosa e
integra o Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero (Nieg/UFV), coordenando a
área Corpo, Saúde e Reprodução. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com
ênfase em Epidemiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: educação
permanente em saúde, gênero, movimentos sociais, vigilância em saúde e determi-
nantes sociais da saúde.
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RAFAEL FERRAZ DO NASCIMENTO
Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), trabalhou
na Cace Consultoria Jr (Empresa Júnior do Curso de Administração da UFV). Tem
curso Técnico/profissionalizante em Agroindústria pelo IFET SEMG RP.
Email: [email protected]
RITA DE CÁSSIA PEREIRA FARIAS
Doutora em Antropologia pela Unicamp. Tem graduação e mestrado em Economia
Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é professora adjunta
da Universidade Federal de Viçosa e atua principalmente com os seguintes temas:
vestuário, têxteis, modelagem, moda, corpo, identidade, antropologia e consumo.
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Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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RODRIGO GAVA
Professor adjunto da UFV; Doutor em Administração pela Escola Brasileira de Admi-
nistração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas; Mestre em Extensão
Rural pela UFV; Especialista em Gestão Estratégica de Marketing pela Pontifícia Uni-
versidade Católica de Minas Gerais; e Graduado em Administração pela UFV. Presi-
de a Comissão Permanente de Propriedade Intelectual da UFV. Coordena a Rede
Mineira de Propriedade Intelectual. Membro Nato do Conselho de Tecnologia e Ino-
vação da Fiemg. Atua como Colaborador do Grupo de Pesquisa Observatório da Rea-
lidade Organizacional (RJ) e Pesquisador do Grupo de Pesquisa Ensino e Pesquisa em
Administração e Contabilidade e do Grupo de Pesquisa Organizações e Empreende-
dorismo. Conselheiro Técnico e Revisor do periódico Administração Pública e Gestão
Social e Revisor do periódico Cadernos EBAPE.BR.
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SIRLEI SANTOS DUDALSKI
Graduada em Letras com habilitação em Português e Inglês pela Universidade Fede-
ral de Minas Gerais (1993), mestrado em Estudos Literários pela Universidade Fede-
ral de Minas Gerais (2000) e doutorado em Estudos Linguísticos e Literários em In-
glês pela Universidade de São Paulo (2007). Atualmente é Professora Adjunta III da
Universidade Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais, atuando na Graduação e no
Programa de Pós-Graduação em Letras. Tem experiência na área de Letras, com ên-
fase em Literaturas de Expressão Inglesa, interessando-se, principalmente, pelos se-
guintes temas: literatura pós-colonial, alteridade, dramaturgia shakespeariana,
dramaturgia comparada e literatura e outras artes.
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Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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SOLANGE PIMENTEL CALDEIRA
Graduada em Português e Literatura pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Me-
dianeira, Bacharelado Em Direito - Faculdades Integradas Bennett, Licenciatura em
Educação Artística, Bacharelado em Artes Cênicas, Mestrado e Doutorado em Teatro
pela Unirio. Cursos de Especialização em Educação Estética; Especialização em Dra-
maturgia da Dança e Teorias da Cultura, Capacitação em Informática Educativa,
Formação de Docentes Universitários, Reforma do Ensino, Especialização em Classi-
cal Dance (The Royal Academy Of Dancing, Inglaterra). Professora Aposentada da
UFV onde foi Coordenadora do Curso de Dança e Chefe do Departamento de Artes e
Humanidades. Líder do Grupo de Pesquisa Estudos Integrados em Dança, Teatro,
Dança-Teatro e Tecnologia em Dança e docente colaborador do Programa de Pós-
Graduação em Letras da UFV.
Email: [email protected]
SORAYA MARIA FERREIRA VIEIRA
Graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF
(1985), mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (1992) e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Uni-
versidade Católica de São Paulo (1997). Atualmente é professora na UFJF. Tem expe-
riência na área de Comunicação, com ênfase em Assessoria de Imprensa e Estudos
de Propaganda, atuando principalmente nos seguintes temas: linguagem, televisão,
comunicação, semiótica e publicidade.
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Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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SUELY DE FATIMA RAMOS SILVEIRA
Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Viçosa (1984), mes-
trado em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (1993) e doutora-
do em Ciências (Economia Aplicada) pela ESALq / Universidade de São Paulo (2000).
Atualmente é professora associada da Universidade Federal de Viçosa. Tem experi-
ência na área de Administração, atuando, principalmente, nas linhas de pesquisa
Desenvolvimento e Gestão Social e Planejamento e Políticas Públicas.
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TAMYRES VIRGÍNIA LOPES SILVEIRA
Estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa.
Email: [email protected]
WALMER FARONI
Doutor em Administração pela Universitat de Valência (1992). Graduado em Admi-
nistração pela Universidade Federal de Viçosa. É atualmente professor Associado IV
e pesquisador no Departamento de Administração da Universidade Federal de Viço-
sa (UFV) com atuação no Programa de Pós-graduação em Administração - Mestrado
com concentração em Administração Pública, bem como Diretor do Centro de Ciên-
cias Humanas, Letras e Artes (CCH) na UFV. Editor da Revista de Ciências Humanas
do CCH/UFV. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Adminis-
tração Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: municípios, tributos,
administração pública, finanças públicas e administração.
Email: [email protected]
Pesquisa e Interdisciplinaridade em Ciências Sociais Aplicadas, Humanas, Letras e Artes
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