Ficha técnica - escamoes.pt · e que levou consigo tudo o que trouxe para me dar ... transforma-se...
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Ficha técnica
Organização Lídia Teixeira
Teresa Saborida
Autoria Helena Fonseca – 12º B; Maria Beatriz Lopes da Piedade – 12º A ; Maria Beatriz Rodrigues – 12º L; Bhavini Vassaramo – 12 º N; Catarina Nunes – 12º A; Luís Miguel Santos e Silva – 10º H; Noa Brighenti – 10º J; Rita Carvão – 12º D
Edição Escola Secundária de Camões
13 ª edição maio 2018
Disponível em http://www.escamoes.pt/ebook/#%21/page_SOLUTIONS
Copyright Escola Secundária de Camões
Capa Lino Neves
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Índice
Ficha técnica ....................................................................................................... i
Índice ................................................................................................................... ii
Índice de Autores ............................................................................................... iii
Nota Introdutória ................................................................................................. 1
1º Prémio ............................................................................................................ 2
2º Prémio ............................................................................................................ 4
3º prémio ............................................................................................................ 6
O sonho não tem asas ....................................................................................... 8
Isto ..................................................................................................................... 9
Encantamento noturno ..................................................................................... 10
O sonho que nasceu em mim ........................................................................... 12
Sonhos: as flores que tenho em mim ............................................................... 14
Tenho em mim todos os sonhos do mundo...................................................... 15
Vi-o chegar ....................................................................................................... 17
Foges-me por entre os dedos .......................................................................... 18
iii
Índice de Autores
Helena Fonseca – 12º B ..................................................................................... 2
Maria Beatriz Lopes da Piedade – 12º A ........................................................... 4
Maria Beatriz Rodrigues - 12º L.......................................................................... 6
Bhavini Vassaramo - 12º N ................................................................................ 8
Catarina Nunes – 12º A ...................................................................................... 9
Helena Fonseca - 12º B ................................................................................... 10
Luís Miguel Santos e Silva – 10º H .................................................................. 12
Luís Miguel Santos e Silva – 10º H .................................................................. 14
Maria Beatriz Lopes da Piedade – 12º A .......................................................... 15
Noa Brighenti – 10º J ....................................................................................... 17
Rita Carvão - 12º D .......................................................................................... 18
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Nota Introdutória
Ao envolver toda a comunidade escolar pondo à prova a capacidade criativa
dos nossos alunos, esta 13º edição do Concurso Literário Camões atinge de
forma inequívoca os seus objetivos, o que muito nos apraz registar.
Cientes de que o desafio não era fácil – Tenho em mim todos os sonhos do
mundo – podemos orgulhar-nos da qualidade dos trabalhos apresentados, cujo
resultado final surge materializado em formato analógico e digital.
A todos os seus autores, por igual, a nossa gratidão. Sentimento que tornamos
extensivo a quantos, formal ou informalmente, colaboraram e tornaram possível
esta iniciativa.
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Lídia Teixeira
Teresa Saborida
A comissão organizadora
(maio 2018)
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Nesta coletânea são reproduzidos todos os textos apresentados a concurso e considerados válidos pelos júris – em primeiro lugar, os textos premiados e, em seguida, os restantes, ordenados por ordem alfabética do nome dos seus autores.
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1º Prémio
Poema do ser tudo
Helena Fonseca – 12º B
«Imagina um luar que cresce e aquece
e faz da tua carne flor de loiça,
orquídea branca que o calor não cresta.
Imagina, imagina.
Mas, sobretudo, dorme.»
(António Gedeão, inPoema do ser inóspito)
Enquanto não te chega o sono,
deixa que te entre no coração a música
inaudível, invisível, intocável.
Que entre e prenda
A beleza intangível das coisas.
Sê uno com elas, sê um só,
mas sê em ti muitos, inúmeros,
tantos quanto puderes ser.
Somos unos, somos quanto podemos
e assim deve ser o mundo.
Não deixemos que se apodere de nós
a igualdade da planície!
Que venham as ondas, a rebentação!
Entremos na ressaca do sonho
e por lá fiquemos a apreciar
a espuma.
Vejamos passar o rio,
mas, num bocejo involuntário
de querermos mais,
vivamos a vida sem receio.
Que mais pode ela dar-nos que a morte certa?
Imagina, imagina…
Vê que lindos são os pássaros,
as pessoas, os sons, as flores!
Deixa que te invadam as cores,
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o sol, a noite, a madrugada!
Permite em ti uma trovoada
de pensamentos belos, que o belo,
por si, cria outros…
Coroa-te a ti próprio de louros
e vive: vive e cria vida,
não fiques para trás na corrente
ainda que belo seja o mar.
Ele um dia leva-te,
mas por agora preza o amanhecer
que para a morte caminha o sol
e sempre torna a acordar.
Imagina, imagina…
Mas, sobretudo, dorme!
E, enquanto te faltar o sono
(mesmo de olhos abertos!),
Sonha!
Deixa que vá a noite
devolver o dia ao luar!
Imagina, imagina…
Mas, acima de tudo, sonha!
E agarra em ti
todos os sonhos do mundo,
para que mais tarde,
quando regressares,
tenhas vidas para partilhar!
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2º Prémio
Maria Beatriz Lopes da Piedade – 12º A
Tenho em mim todos os sonhos do mundo
Sinto todos os sonhos
Que passam por mim
Sinto os sonhos das pessoas
Cujos olhos se encontram com os meus
E nesse escasso tempo
De tão rápido
Faz com que não me lembre das caras
A quem leio os sonhos
Esses sonhos que eu leio
São sonhos que desfilam nos olhos
Destas personagens da realidade
Os sonhos de que mais gosto
E que por mim mais são lidos
São as lembranças dançantes
Nos olhos tristes de velhos
Cujo amor foi perdido
E como é triste o seu olhar
E como é lindo
E como é melancólico
E como é apaixonado
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E como todas aquelas memórias lhes dançam
No seu olhar pesaroso e cansado
Quando jovens apaixonados passam
E como se inundam de águas passadas os seus olhos
São lindos estes sonhos
São lindos todos os sonhos
E nós
Humanos
Estamos cheios de sonhos
Sejam estes sonhos recordações
Sejam estes sonhos aspirações
Somos todos sonhos
Somos do tamanho dos nossos sonhos
Pois estão em cada um de nós todos os sonhos do mundo
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3º prémio
És rio
Maria Beatriz Rodrigues - 12º L
“Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho,
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
(…)”
(Fernando Pessoa, Poesias)
vais embora
porque é só isso que sabes fazer
e é só isso que queres fazer
és rio que corre sem fim
que passou por mim
sem parar
e que levou consigo tudo o que trouxe para me dar
sonhas com o mundo e com o que está lá fora
enquanto eu sonho contigo e com o que está dentro de nós
sonhar contigo
sonhar com uma realidade em que fiquemos inseparavelmente juntos
inegavelmente juntos
mas o sono espera-me ao adormecer
e o sonho transforma-te em pesadelo negro
transforma-se na realidade negra de vivermos separados
transforma-se no teu desejo de ir
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e partir
sem mim
ver tudo
sem mim
viajar com esse rio que corre sem fim
que te leva para longe de mim
tens contigo todos os sonhos que poderiam ser sonhos
menos o de ficares.
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O sonho não tem asas
Bhavini Vassaramo - 12º N
O sonho não tem asas,
As asas não têm sonho, no entanto,
O homem pode dar asas a todos os seus sonhos.
A velha do terceiro andar,
Infeliz, melancólica,
A viver a vida sem contentamento.
Já a gorda da esquina,
Em cada canto,
Passeando,
Como se só a vida dos outros a despertasse.
Já o betinho do lote 78
Preocupado com o seu trabalho,
Preparado para ser o melhor,
Como se do centésimo neto do Einstein se tratasse.
Para não falar do bêbedo da rua traseira,
Para quem o dia nasce à noite,
E o sol põe-se de manhã,
Como se já da vida tivesse desistido.
Cada qual com o seu sonho.
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Isto
Catarina Nunes – 12º A
Isto. Conclusão disto,
O que é isto? O isto é relativo,
O que é tudo? O isto é criativo,
O que é nada? O isto é cansativo, É o que fizermos dele.
É no isto que tudo começa,
É no isto que nada acaba. Isto é sonho.
É com isto que fico inspirada Sonho é tudo.
É com isto que me sinto inacabada. É o que me leva a ter nada,
O que é isto? E a ter em mim armazenado
O nada a que o mundo me condena.
Isto que sinto,
É algo que em todos existe. Isto não tem limites,
É a motivação que leva a que conquiste Isto é o que quisermos.
O sonho que em mim persiste. E é assim,
O que é isto? Que os sonhos do mundo tenho em mim.
Isto que se sonha
É algo inato,
Algo que não acaba com contrato
Nem com o fim de mais um ato,
É isto.
É o sonho que sonhamos,
É o sonho que criamos
É o sonho que realizamos.
São os pensamentos do mundo.
Isto, é tudo isto.
Isto não é nada disso.
Isto não passa disto.
Nada define o isto,
Porque o isto, também é nada
E é com isto que fico encantada.
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Encantamento noturno
Helena Fonseca - 12º B
Olho o teu sorriso
Marmóreo, petrificado
de flor branca, quente e pura
que sorri o meu nome ao vento,
saboreando a ondulação triste do som.
Em mim, tudo é imagem…
Mas não será teu sorriso paisagem,
luz que brilha na passagem,
colina agreste que não quero subir?
Sinto que me esqueço;
Ao longe as flores são azuis
como o céu e o mar
E nada importa senão tu!
Bem tento, mas não vejo,
bem quero, mas não sinto…
Perde-se o sono neste vão desejo
vai-se o sonho, já extinto!
Assim me retorna a voz
do teu sorriso que me dói!
Até nos vasos secam as rosas
(oh flores secas, desgostosas,
devolvam o que foi meu e larguei!)
Sei que não esqueço,
sei que não tento
só por palmos me meço,
como aos poucos me leva o vento!
E ainda que valha a pena
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o simples facto de o ouvir passar
se tudo ele leva,
se tudo ele seca,
como posso não chorar?
Mas vê que se me abrem as rosas!
Vê que se esconde o luar!
Num instante se vai o sono:
nesse instante já estou a pensar!
Quero regressar ao sonho,
(há um fogo em mim a arder!)
perdida neste cansaço,
acabei também por perdê-lo…
Olho este meu sonho
escuro e indignado,
a rosa seca, murcha e pálida
que me confessou o amor ao vento
e que voou na cor triste do som.
Em mim se foi a imagem,
o sonho virou paisagem,
num quadro que a luz rasgou!
Peço que não voltes
mas que devolvas o que te dei:
todos os sonhos que numa noite
ao acordar sonhei!
Porque enquanto os guardares
nesse cofre já não meu:
um pouco de mim sofre
e já um pouco de mim morreu!
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O sonho que nasceu em mim
Luís Miguel Santos e Silva – 10º H
Quando nasci,
simultaneamente nasceu a minha relação com o mundo,
e dessa relação apareceram os meus sonhos,
um dos quais é poder ver um mundo melhor.
Não nasceu o sonho de ver o súbdito governado,
Não o sonho de ver o homem desalojado,
Não o sonho de ver o patrão esclavagista,
Não o sonho de ver o brama classicista,
Não o sonho de ver o rapaz previamente na guerra embutido
Não o sonho de o ver descalço e subnutrido,
Não o sonho de ver a mulher autodestruidamente consumista
Nem o sonho de ver a jovem empresária imperialista,
Não o sonho de ver a filha ibérica instável.
Nasceu o sonho de ver um homem hospitaleiro,
Nasceu o sonho de ver uma mulher honesta e capacitada a ganhar o seu
próprio dinheiro,
Nasceu o sonho de ver um menino com tempo para crescer,
Nasceu o sonho de ver uma rapariga livre para aprender.
Este é o meu sonho e
o sonho do meu mundo.
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Se o nosso sonho se concretizar,
Por mais que contra mim vaticinem o vento e o tempo,
Aqui, para vê-lo, eu vou estar.
Então verei de Norte a Sul,
De Este a Oeste,
Um mundo melhor,
Porque a minha vontade de vê-lo,
Dentro de mim, é eternamente maior.
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Sonhos: as flores que tenho em mim
Luís Miguel Santos e Silva – 10º H
Todos os sonhos do mundo
são como uma flamejante chama ardente,
que incendeia e não se sente,
que brama num grito profundo:
«Mundo de todos os sonhos!»,
a mesma chama viva e escura
que dá ao sonho a beleza mais pura,
e o torna mais risonho,
porém, já risonho é o jardim de flores,
que pela verdade mais dura
ou pela mentira mais crua,
é o jardim dos meus sonhos, lindos senhores,
e lindas as flores do jardim,
tal como o filio é o bonito narciso de seu patre,
tal como a filia é a bonita rosa de sua matre,
belas são as flores que tenho em mim.
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Tenho em mim todos os sonhos do mundo
Maria Beatriz Lopes da Piedade – 12º A
Tenho em mim todos os sonhos do mundo
Tudo vive em mim
Eu sou sonhos
Eu sou aspirações
Eu sou tudo
Eu não sou nada
Sou tudo e sou nada
Sou os meus melhores sonhos
As minhas maiores aspirações
Onde se escondem
Todos os resquícios da realidade
Que me assustam
Mas
Apesar de todos os sonhos
Esperanças e expectativas
Sobre mim
Preciso de arranjar coragem
Em lugares impensáveis
No mais fundo dos poços da minha mente
Para me conseguir mover
Não me movo
Pois todos os pesadelos
Todos os medos
Todas as inseguranças
São correntes do mais forte dos metais
E essas correntes tão pesadas e fortes
Lutam por me deixar
Imóvel
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Só que elas também não sabem
Que luto todos os dias
Por me mover
Por pegar no escopro e romper
Uma por uma
Todas as correntes
Deixadas por pessoas
Com o único propósito
De atrasar-me porque
Tenho sonhos demasiado grandes
Para elas
Porque posso fazer o que sonhar
O que quiser
E todas aquelas correntes
Não me vão abrandar para sempre
Porque sou
Maior que todas as correntes
Que qualquer pessoa alguma vez
Me tenha posto
Por muito que me
Enclausurem o corpo
Nunca poderão aprisionar a minha mente
O meu espírito
E nunca irão destruir os meus sonhos
Nunca me irão destruir a mim
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Vi-o chegar
Noa Brighenti – 10º J
Vi-o chegar.
Senti-o no meu corpo.
O seu peito subia e descia,
Numa respiração ansiosa e acelerada.
Segredou algo que não ouvi
Tal como o vento segreda ao prado.
Envolveu-me nas suas doces palavras
E esse foi o dia em que cedi ao desejo da carne.
Apoderei-me do seu amor,
Tornei as suas certezas banalidades,
Mas ele não desejava esta paixão
E o seu corpo ficou gelado.
“Estamos demasiado cheios dos outros.”
Murmurei,
“Ou os outros pertencem-nos demasiado”
Foi assim que guardei os seus sonhos.
Sonhos que foram o meu pecado.
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Foges-me por entre os dedos
Rita Carvão - 12º D
Foges-me, por entre os dedos,
Nas memórias que se desvanecem.
Tento palpar-te, mas sinto os medos
Que nossos corações conhecem.
Lábios que já só se tocam na aurora,
Olhares que nunca mais se cruzam -
Fechamos os olhos, quando chega a hora,
Não mais deixamos que reluzam.
Foste porto que não deixou naufragar,
Mas, hoje, afundo
Nos momentos em que gostaste de me amar,
Nos dias em que conquistámos o mundo.
A tua pele ainda tem cheiro,
Mas já não o conheço.
Ficou naquela tarde de verão, no Terreiro,
Ficou no nosso último começo.
A noite cai e, com ela, o teu silêncio,
Esse barulho ensurdecedor
Que me deixaste,
Dando-me a conhecer a frequência da dor
De sonhar sozinha o que juntos sonhámos,
Tudo o que, antes de criar, criámos
De olhos fechados, ardendo de paixão,
Sempre dando a mão
No passeio que tínhamos a certeza
Que seria para sempre.
E dando ao momento a sua beleza,
Sinto que, naquele dia, me entregaste os nossos sonhos,
Chorando o rio em que os afogaste,
Docemente, em mim.
Os sonhos eram nossos,
Mas, hoje, sonho-os sozinha.