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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009

26 com todas as letrasNão TRANSFoRmE ACoNTECER Em CURINgA

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 chicoCASo mARCELo - zêUS

Uma história real

14 capaFLAmmARIoN: AqUELE qUE LEvA A LUz

12 mediunidadeDIRETRIzES DE SEgURANçA

Questões sobre mediunidade

7 ensinamentoRESIgNAção NA ADvERSIDADE

O sofrimento é uma lei do nosso mundo

edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Depto. EditorialJornalista responsável Renata Levantesi (mtb 28.765)projeto Gráfico Fernanda Berquó Spinarevisão zilda Nascimentoadministração e comércio Elizabeth Cristina S. Silvaapoio cultural Braga Produtos Adesivosimpressão Citygráfica

o Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

17 mensaGemSEjA AmIgo DE SI mESmo

Agir com discernimento

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19 lançamentovERSáTIL vÍDEo SPIRITE LANçA CURSo SoBRE

DoUTRINA ESPÍRITA

DVDs ministrados por Therezinha Oliveira

18 reFlexãoPARTINDo ALgEmAS

Amai os vossos inimigos

sumário

21 estudovISão ESPÍRITA DA CRIAção

O elo perdido

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA

o problema de agradar

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso. Ed. FEB.

editorial

Os sinceros discípulos do Evangelho devem estar muito preocupados com os deveres próprios e com a aprovação isolada e tranqüila da consciência, nos trabalhos que foram chamados a executar, cada dia, aprendendo a prescindir das opiniões desarrazoadas do mundo.

A multidão não saberá dispensar carinho e admiração senão àqueles que lhe satisfazem as exigências e caprichos; nos conflitos que lhe assinalam a marcha, o aprendiz fiel de Jesus será um trabalhador diferente que, em seus impulsos instintivos, ela não poderá compreender.

Muita inexperiência e invigilância revelará o mensageiro da Boa-Nova que manifeste inquietude, com relação aos pareceres do mundo a seu respeito; quando se encontre na prosperidade material, em que o Mestre lhe confere mais rigorosa mordomia, muitos vizinhos lhe perguntarão, maliciosos, pela causa dos êxitos sucessivos em que se envolve, e, quando penetra o campo da pobreza e da dificuldade, o povo lhe atribui as experiências difíceis a supostas defecções ante as sublimes idéias esposadas.

É indispensável trabalhar para os homens, como quem sabe que a obra integral pertence a Jesus-Cristo. O mundo compreenderá o esforço de ser-vidor sincero, mas, em outra oportunidade, quando lho permita a ascensão evolutiva.

Em muitas ocasiões, os pareceres populares equivalem à gritaria das assem-bléias infantis, que não toleram os educadores mais altamente inspirados, nas linhas de ordem e elevação, trabalho e aproveitamento.

Que o sincero trabalhador do Cristo, portanto, saiba operar sem a preo-cupação com os juízos errôneos das criaturas. Jesus o conhece e isto basta.

Emmanuel

“Se tivesse ainda agradando aos homens, não seria servo do Cristo.” – Paulo. (Gálatas, 1:10).

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Caso marcelo-zêus

por Suely Caldas Schubert

7 - 4 - 1947

“(...) Fiquei satisfeito sabendo que o Ismael chegou bem à Àrgentina. Espero nos traga de volta muito ma-terial de informação construtiva para os nossos círculos.

(...) Recebeste meu telegrama? O original está de acordo com o livro. O texto foi absolutamente respeitado. Espero igualmente que meu bilhete datilografado, do dia 2, tenha chegado a tuas mãos. (...)

Nosso irmão Isidoro, de Lisboa, escreveu-me uma carta, convidando-me a mandar um livro para a Editora recém-fundada na revista “Estudos Psíquicos”. Já respondi dizendo-lhe da minha impossibilidade presente e dar-te-ei ciência dessa troca de no-ticias por estes dias. Já procurei hoje os documentos para mandar-te e não os encontrei.

(...) Muito te agradeço as notícias do Zêus. Espero que ele, em breve tempo, esteja traduzindo os autores espiritualistas do estrangeiro para nós. Peço sempre a Deus conceda a ele muita felicidade, saúde e paz, a fim

de que seja um forte cooperador de teu apostolado. Prevejo para ele um futuro brilhante ao teu lado, seguindo-te os passos nas grandes realizações espiri-tuais. O Iésus quando aqui esteve, em companhia da jovem esposa, me fez sentir quão bela tem sido a tua missão de pai junto dos filhos, pela delicadeza e bondade de seu trato pessoal. Espero assim, meu caro Wantuil, que todos os teus filhinhos sejam encaminhados por teu coração nas lutas da vida.

Quando psicografei o caso de Marcelo, também muito me comovi. Observei como é estimado de André Luiz, pelos comentários carinhosos do amigo espiritual. Marcelo bem merece essa estima pela sua elevação e grande-za dalma. Quando recebi as páginas a que nos reportamos, tive grande desejo de escrever-te, mas achei melhor espe-rar que as lesses para que descobrisses o assunto. Trata-se de observação que ficou inteiramente comigo. És a única pessoa com a qual troquei idéias. É melhor guardarmos os apontamentos na intimidade do coração. (...)”

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA chico

Como é admirável o esforço de Marcelo na tentativa de superar a si mesmo

Chico confirma a Wantuil, por telegrama e por um bilhete, que o original de “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” foi “absolutamente respeitado” pela FEB no texto que fala em Rous-taing.

Chico faz carinhosas referências aos filhos de Wantuil de Freitas.

Destaca-se, porém, a parte final da carta. Chico menciona o caso de Marcelo, que está no livro de André Luis “No Mundo Maior”, cap. VIII: “No Santuário da Alma”, para o qual remetemos o leitor a fim de que se inteire da narrativa, para melhor compreensão do assunto.

Ao psicografar esse capítulo, Chico percebe que Marcelo é Zeus, filho de Wantuil de Freitas. Que o lar descrito por André Luis é exata-mente o lar de Wantuil.

Aqui abrimos um parêntese: a percepção de Chico Xavier, neste caso, é uma evidência a mais para corroborar o nosso ponto de vista de que o médium tem muito mais conhecimentós a respeito da tarefa de André Luiz do que pode ou deve revelar. O médium se mantém numa prudente e louvável reserva.

Chico se comove enquanto escreve o caso de Marcelo / Zêus, ditado por André Luiz, como mé-dium ele participa das cenas, dos clichês mentais criados pelo autor, o que lhe permite captar a identidade dos personagens.

Quem lê o capítulo citado, per-cebe o quanto é edificante a narra-tiva. Como é admirável o esforço de Marcelo na tentativa de superar a si mesmo. Particularmente, sempre achamos esse caso um dos mais bo-

nitos contados por André Luis, pelo exemplo e pela mensagem positiva que transmite.

O caso de Marcelo leva-nos também a três conclusões da maior importância.

A primeira é a de saber que o fato é verídico e que uma pessoa pode, realmente, conseguir suplantar um problema daquela ordem. Marcelo não é um personagem de ficção, não foi inventado e nem o seu es-forço de vontade é utópico. Marcelo existe. Está entre nós, convivendo conosco. Isso representa incentivo muito grande para quantos tenham problemas semelhantes. Em última

análise, é um estimulo para todos nós, que carregamos interiormente fantasmas do passado.

Marcelo vem de um lar espírita. O conhecimento da Doutrina, a dedicação e o carinho dos pais, o seu próprio esforço para vencer e os méritos que em decorrência vai adquirindo, tudo isto, somado, pos-sibilita a superação do problema.

A segunda conclusão é que

a obra de André Luiz ganha um dado novo e de grande significação. Cresce a autenticidade. Não poucas vezes ouvimos alguém comentar: “— Amparo espiritual, programação espiritual, só nos livros de André Luiz. Com a gente não acontece isso.” Agora, entretanto, haverá reformulação de conceitos, André não inventa. Seus personagens não são fictícios. Existem. São pessoas como nós. O fato de sabermos isto, de alguma forma, nos felicita a todos.

A terceira conclusão relaciona-se com Wantuil de Freitas. Encontra-mos neste capítulo a extraordinária comprovação da vivência espírita do então Presidente da Federação Espírita Brasileira.

Vejamos como André Luis des-creve o lar de Wantuil, no instante em que este se reúne para orar, em companhia de sua esposa, D. Zilfa, e do filho, Zêus:

“Após atravessar o pórtico, diri-gimo-nos, devidamente autorizados, ao interior, onde agradavelmente me surpreendeu encantadora cena de piedade doméstica: um cavalheiro, uma senhora e um rapaz achavam-se imersos nas divinas vibrações da prece, cercados de grande número de amigos do nosso plano.

Fomos recebidos amorosamente. Convidou-nos o orientador a cola-

borar nos trabalhos em curso, de vez que, com a valiosa cooperação daque-les três companheiros encarnados, se prestavam a irmãos recém-libertos da Crosta reais auxilios, de modalidades várias.

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Digna de registro era a respeitável beleza daquela reduzida assembléia, consagrada ao bem e à iluminação do espírito.

Admirando a harmonia daqueles três corações unidos nos mesmos no-bres pensamentos e propósitos, e que mírificos fios de luz entrelaçavam, o Assistente amigo comentou com oportunidade: “A família é uma reu-nião espiritual no tempo, e, por isso mesmo, o lar é um santuário”.”

Como se observa, pela ma-nutenção do ambiente espiritual elevado, o lar de Wantuil de Freitas se transforma em posto de socor-ro espiritual da Espiritualidade Maior, atendendo a irmãos recém-desencarnados.

Todo o capítulo é, pois, um exemplo edificante de vivência espiritista, levando-nos a conhecer mais de perto a Wantuil de Frei-tas, Por outro lado, encontramos em Marcelo / Zêus o testemunho eloqüente do quanto pode conse-

guir aquele que se empenha com fé e perseverança no trabalho da própria redenção.

*

Quando Wantuil lê os originais de “No Mundo Maior” reconhece

a si próprio, a esposa e o filho nos personagens do capítulo VIII, e

Fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 136 - 140. Feb. 1998.

escreve ao médium comentando o fato. Até então ninguém sabia a verdade. Só o Chico estava cien-te desta, mas o que fez ele? Não correu a contar ao amigo, não comentou com pessoa alguma. Espera que Wantuil identifique os personagens e, quando este o faz, recomenda-lhe: “É melhor guardarmos os apontamentos na intimidade do coração.” Ele sabe que a hora não é propícia para uma revelação. Qualquer comentário àquela altura seria prematuro, inadequado.

Hoje, os fatos estão vindo a público. Por certo, assim à distân-cia, ganham uma força inusitada, exatamente porque ficaram enco-bertos, o tempo se encarregou de ratificar as esperanças que André Luis depositou em Marcelo / Zêus. E mostra-nos agora, igualmente, que o coração devotado ao Bem consegue vencer as mais difíceis provas, ressurgindo feliz para uma vida melhor.

o lar de Wantuil de Freitas se transforma em posto de socorro espiritual da Espiritualidade Maior

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA ensinamento

O sofrimento é uma lei do nosso mundo. Em todas as condições, em

todas as idades, sob todos os climas, o homem tem sofrido, o homem tem chorado. Apesar dos progressos sociais, milhões de seres curvam-se ainda sob o peso da dor. As classes superiores não estão isentas de males. Nos espíritos cultivados, a sensibilidade, mais desperta, mais delicada, causa impressões mais vivas. O rico, como o pobre, sofre na carne e no coração. De todos os pontos do globo, o lamento huma-no sobe ao espaço.

Mesmo no meio da abundância, um sentimento de abatimento, uma vaga tristeza apodera-se, às vezes, das

Resignação na Adversidade

por Léon Denis

almas delicadas. Elas sentem que a felicidade é irrealizável aqui, que só aparece em fugitivos lampejos. O espírito aspira a vidas, a mundos melhores; uma espécie de intuição lhe diz que a Terra não é tudo. Para o homem alimentado pela

filosofia dos espíritos, essa intuição vaga transforma-se em certeza. Sabe para onde vai, conhece o porquê dos seus males, a razão de ser do sofrimento. Além das sombras e das angústias da Terra, entrevê a aurora de uma nova vida.

Para apreciar os bens e os males da existência, para saber o que são a felicidade e a infelicidade verda-deiras, é preciso elevar-se acima do círculo estreito da vida terrestre. O conhecimento da vida futura, da sorte que aí nos espera, permite-nos medir as conseqüências dos nossos atos e sua influência sobre nosso futuro.

Encarada sob esse ponto de vis-ta, a infelicidade para o ser humano não será mais o sofrimento, a perda dos seus, as privações, a miséria; não, será tudo o que o enlameia, amesquinha-o ou causa obstáculo ao seu adiantamento. A infelicida-de, para aquele que considera ape-nas o presente pode ser a pobreza, as enfermidades, a doença. Para o espírito que plana nas alturas, será a paixão pelo prazer, o orgulho, a vida inútil e culpada. Não se pode julgar uma coisa sem ver tudo o que daí decorre, e é por isso que ninguém compreenderá a vida, se não conhecer-lhe nem o objetivo, nem as leis.

De todos os pontos do globo, o lamento humano sobe ao espaço

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009ensinamento

As provas, purificando a alma, preparam sua elevação e sua felici-dade, enquanto que as alegrias desse mundo, as riquezas, as paixões de-bilitam-na, preparam-na para uma outra vida de amargas decepções. Assim, aquele que sofre em sua alma e em seu corpo, aquele que a adversidade oprime pode esperar e levantar seu olhar confiante para o céu; paga sua dívida ao destino e conquista a liberdade; mas aquele que se compraz na sensualidade, forja suas próprias correntes, acu-mula novas responsabilidades que pesarão maciçamente sobre seus dias futuros.

A dor, sob suas formas múlti-plas, é o remédio supremo para as imperfeições, para as enfermidades da alma. Sem ela, não há cura possível. Assim como as doenças orgânicas são, com freqüência, o resultado dos nossos excessos, as provações morais que nos atingem são a resultante das nossas faltas passadas. Cedo ou tarde, essas faltas recaem sobre nós, com suas conse-qüências lógicas. É a lei de justiça, do equilíbrio moral. Saibamos acei-tar-lhes os efeitos, como aceitamos os remédios amargos, as operações dolorosas que devem restabelecer a saúde, a agilidade ao nosso corpo. Quando os desgostos, as humilha-ções e a ruína nos oprimem supor-temo-los com paciência. O lavrador rasga o seio da terra para dela fazer jorrar a colheita dourada. Assim, da nossa alma dilacerada surgirá uma abundante colheita moral.

A ação da dor retira de nós o que é impuro e mau, os apetites grossei-ros os vícios, os desejos, tudo o que vem da Terra e deve retornar à Ter-ra. A adversidade é a grande escola,

o campo fértil das transformações. Graças aos seus ensinos, as paixões transformam-se pouco a pouco em paixões generosas, em amor ao bem. Nada está perdido. Mas essa transformação é lenta e difícil. O sofrimento, a luta constante con-tra o mal, o sacrifício de si mesmo podem sozinhos realizá-la. Através deles a alma adquire a experiência e a sabedoria. O fruto verde e ácido, que era a alma, transforma-se, sob as ondas regeneradoras da prova, sob os raios do sol divino, em um fruto doce, perfumado, maduro para os mundos superiores.

Só a ignorância das leis uni-versais nos faz considerar nossos males como desgostos. Se compre-endêssemos quanto esses males são necessários ao nosso adiantamento, se soubéssemos apreciar-lhes o amargor, não nos pareceriam mais um fardo. Todos nós odiamos a dor, mas só lhes sentimos a utilidade quando deixamos o mundo onde ela exerce seu império. Entretanto, sua obra é fecunda. Faz eclodir em nós tesouros de piedade, de ternura, de afeição. Aqueles que nunca a

conheceram têm pouco mérito. Sua alma foi esclarecida apenas superfi-cialmente. Nada neles é profundo, nem o sentimento, nem a razão. Não tendo suportado o sofrimento, permanecem indiferentes, insensí-veis ao dos outros.

Na nossa cegueira, maldizemos nossas existências obscuras, mo-nótonas, dolorosas; mas, quando elevarmos nossos olhares acima dos horizontes limitados da Terra; quan-do tivermos discernido o verdadeiro motivo da vida, compreenderemos que essas vidas são preciosas, indis-pensáveis para domar os espíritos orgulhosos, para nos submeter a essa disciplina moral sem a qual não há progresso.

Livres das nossas ações, isentos de males, de cuidados, deixamo-nos levar pelo ardor das nossas paixões, pela sedução do nosso caráter. Longe de trabalhar pelo nosso melhoramento, não fazíamos senão juntarmos às nossas faltas pas-sadas, faltas novas, enquanto que, comprimidos pelo sofrimento, em existências humildes, habituamo-nos à paciência, à reflexão, adqui-rimos essa calma do pensamento que, sozinha, permite ouvir a voz do alto, a voz da razão.

É no cadinho da dor que se formam as grandes almas. Às vezes, sob nossos olhos, anjos de bondade vêm esvaziar o cálice de amargor, a fim de dar exemplo àqueles que carregam a tormenta das paixões. A provação é a reparação necessá-ria, aceita com conhecimento de causa por muitos dentre nós. Que esse pensamento nos inspire nos momentos de fraqueza; que esse espetáculo dos males suportados com uma resignação comovente nos

A dor, sob suas formas múltiplas, é o remédio supremo para as imperfeições...

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dê a força para permanecer fiéis aos nossos próprios compromissos, às resoluções viris tomadas antes do retorno à carne.

A fé nova resolveu o problema da depuração pela dor. A voz dos espíritos nos encoraja nas horas difíceis. Aqueles mesmos que supor-taram todas as agonias da existência terrestre nos dizem hoje:

“Sofri e só fui feliz pelos meus sofrimentos. Eles resgataram mui-tos anos de luxo e de fraqueza. O sofrimento ensinou-me a pensar, a rezar; em meio à embriaguez do prazer, nunca havia penetrado no meu coração a reflexão salutar, nunca a prece havia roçado meus lábios. Benditas sejam minhas pro-vações, já que abriram-me, enfim, o caminho que conduz à sabedoria e à verdade!”

Eis a obra do sofrimento! Não é a maior de todas as que se realizam na humanidade? Ela prossegue em silêncio, secretamente, mas os resultados são incalculáveis. Desli-gando a alma de tudo o que é baixo, transitório, ela eleva, desvia-a para o futuro, para os mundos superiores. Fala-lhe de Deus e das leis eternas. Certamente, é belo ter um fim glo-

rioso, morrer jovem, combatendo pelo seu país. A História registra o nome dos heróis, e as gerações rendem um justo tributo de ad-miração à sua memória. Porém, uma longa vida de dores, de males pacientemente suportados é ainda mais fecunda para o adiantamento do espírito. A História nada dirá, sem dúvida. Todas essas vidas obs-

curas e mudas, vidas de luta silen-ciosa e de recolhimento, caem no esquecimento, mas aqueles que as viveram encontram na luz espiritual

sua recompensa. Só a dor abranda nosso coração, aviva os ardores da nossa alma.

É a tesoura que lhe dá suas proporções harmônicas afina seus contornos, fá-la resplandecer com sua mais perfeita beleza. Uma obra de sacrifício, lenta, contínua, pro-duz maiores efeitos do que um ato sublime, mas isolado.

Consolem-se, pois, todos vocês, ignorados que sofrem na sombra de males cruéis, e vocês que são des-prezados pela sua ignorância e suas faculdades restritas. Aprendam que entre vocês encontram-se grandes espíritos, que quiseram renascer ignorantes para humilharem-se, abandonando por um tempo suas faculdades brilhantes, suas atitudes, seus talentos. Muitas inteligências são veladas pela expiação; mas, com a morte, esses véus caem, e aqueles que desdenhávamos pelo seu pouco saber, eclipsarão os orgulhosos que os repudiavam. É preciso não des-prezar a ninguém. Sob aparências humildes e medíocres e até entre os idiotas e os loucos, grandes espí-ritos ocultos na carne expiam um passado terrível.

Oh! vidas humildes e dolorosas,

A fé nova resolveu o problema da depuração pela dor. A voz dos espíritos nos encoraja nas horas difíceis

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009ensinamento

temperadas com lágrimas, santifica-das pelo dever, vidas de lutas e de renúncia, existências de sacrifício pela família, pelos fracos, os peque-nos; devotamentos desconhecidos abnegações ignoradas mais meritó-rias que os devotamentos célebres, vocês são outras tantas escadas que conduzem a alma à felicidade! É a vocês, é aos obstáculos, às humilha-ções das quais estão semeadas que ela deve sua pureza, sua força, sua grandeza. Com efeito, somente as angústias de cada dia, nas imolações impostas ensinam-lhe a paciência, a resolução, a constância, toda a sublimidade da virtude, e ela de-verá a vocês a auréola esplêndida prometida no espaço para a fronte daqueles que sofreram, lutaram e venceram .

* * *

Se há uma prova cruel, é a perda dos seres amados; é quando um após outro, vemo-los desapa-recer, levados pela morte, e que a solicitude se faz pouco a pouco ao redor de nós, cheia de silêncio e de escuridão.

Essas partidas sucessivas de to-dos aqueles que nos foram caros são outras tantas advertências solenes; arrancam-nos do nosso egoísmo; mostram-nos a puerilidade das nossas preocupações materiais, das nossas ambições terrestres e convi-dam-nos a nos preparar para essa grande viagem.

A perda de uma mãe é irrepará-vel. Que vazio em nós, em torno de nós, quando essa amiga, a melhor, a mais antiga e a mais segura de todas, desce ao túmulo; quando seus olhos que nos contemplavam com amor

se fecham para sempre; quando seus lábios que tantas vezes pousaram sobre nossa fronte se resfriam! O amor de uma mãe, não é o que há de mais puro, de mais desinteres-sado? Não é como um reflexo da bondade de Deus?

A morte dos nossos filhos é tam-bém uma fonte de amargos pesares. Um pai, uma mãe não saberiam ver desaparecer, sem dilaceração, o objeto de sua afeição. É nessas horas desoladas que a filosofia

dos espíritos é para nós o grande socorro. Às nossas queixas, à nossa dor de ver existências cheias de pro-messas logo partidas, ela responde que uma morte prematura é, com freqüência, um bem para o espírito que se vai e encontra-se livre dos perigos e das seduções da Terra. Essa vida tão curta - inexplicável mistério para nós — tinha sua razão de ser. A alma confiada aos nossos cuidados, às nossas ternuras, aí vinha aperfeiçoar o que tinha sido insuficiente para ela numa encarna-ção precedente. Nós apenas vemos as coisas do ponto de vista humano, e daí vêm nossos erros. A estada dessas crianças na Terra ter-nos-á

sido útil. Terá feito nascer no nosso coração as santas emoções da pater-nidade, sentimentos delicados, até então por nós desconhecidos, que enternecem e tornam-se melhores. Terá formado entre nós e eles laços bastante poderosos para nos pren-der a esse mundo invisível que nos reunirá a todos. Pois aí está a beleza da doutrina dos espíritos. Com ela, esses seres não estão perdidos para nós. Deixam-nos por um instante, mas estamos destinados a reunirmo-nos de novo.

Que digo? Nossa separação é apenas aparente. Essas almas, essas crianças, essa mãe bem-amada estão perto de nós.

Seus fluidos, seus pensamentos envolvem-nos; seu amor proteje-nos. Podemos mesmo, às vezes, co-municarmos com eles, receber seus encorajamentos seus conselhos. Seu afeto por nós não se dissipou. A morte tomou-o mais profundo e mais esclarecido. Eles nos exortam a expulsar para longe de nós essa tristeza vã, esses desgostos estéreis, cujo espetáculo torna-os infelizes. Suplicam-nos para trabalhar com coragem e perseverança pelo nosso adiantamento, a fim de reencon-trá-los, de reunirmo-nos na vida espiritual.

* * *

Lutar contra a adversidade é um dever; abandonar-se, deixar-se levar pela preguiça, suportar sem reagir aos males da vida seria uma covar-dia. As dificuldades que temos a vencer exercem e desenvolvem nossa inteligência. Todavia, quando nos-sos esforços tornam-se supérfluos, quando o inevitável ergue-se, chega

As dificuldades que temos a vencer exercem e desenvolvem nossa inteligência

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA ensinamento

a hora de apelar para a resignação. Nenhuma força poderia desviar de nós as conseqüências do passado. Revoltar-se contra a lei moral seria tão insensato quanto querer resistir às leis da distância e da gravidade. Um louco pode procurar lutar con-tra a natureza imutável das coisas, enquanto que o espírito sensato encontra na provação um meio de retemperar-se, de fortalecer suas qualidades viris. A alma intrépida aceita os males do destino; mas, através do pensamento, eleva-se aci-ma deles e transforma-os em degrau para atingir a virtude.

As aflições mais cruéis, as mais profundas, quando aceitas com submissão que é o consentimento da razão e do coração, indicam, geralmente, o término de nossos males, a quitação da última pres-tação da nossa dívida. É o instante decisivo onde importa permanecer firme, apelar para toda nossa reso-lução, para nossa energia moral a fim de sair vitorioso da prova e dela recolher as vantagens.

Com freqüência, nas horas difí-ceis, o pensamento da morte vem visitar-nos. Não é repreensível pedir a morte, mas só é verdadeiramente desejável quando após ter triunfado sobre todas nossas paixões. De que adianta desejar a morte se, não estando curado dos nossos vícios, tivermos que voltar ainda para nos purificar através de penosas encar-nações? Nossas faltas são como a túnica do centauro colada ao nosso ser, e cujo arrependimento e expia-ção só podem nos desvencilhar.

A dor reina sempre soberana sobre o mundo, e, entretanto, um exame atento mostrar-no-ia com que sabedoria e previdência a von-

tade divina graduou os efeitos. De etapa em etapa, a natureza encami-nha-se para uma ordem de coisas menos selvagem, menos violenta. Nas primeiras idades do nosso planeta, a dor era a única escola, o único aguilhão para os seres. Mas, pouco a pouco, o sofrimento ate-nua-se: males medonhos, a peste, a lepra, a fome, outrora permanentes, quase desapareceram. O homem adotou os elementos, aproximou as distâncias, conquistou a Terra. A escravidão não existe mais. Tudo evolui e progride. Lentamente, mas seguramente, apesar dos recuos inerentes à liberdade, a humanida-de melhora. Tenhamos confiança na potência diretora do Universo. Nosso espírito limitado não poderia julgar o conjunto pelos seus meios. Só Deus tem a noção exata dessa cadência ritmada, dessa alternância necessária da vida e da morte, da noite e do dia, da alegria e da dor, de onde desligam-se, finalmente, a felicidade e a elevação dos seres. Deixemos a ele então, o cuidado de fixar a hora da nossa partida e atendamo-la, sem desejá-la, nem temê-la.

* * *

Enfim, o caminho das provações foi percorrido; o justo sente que o fim está próximo. As coisas da Terra enfraquecem-se dia a dia a seus olhos. O Sol parece-lhe páli-do, as flores incolores, o caminho pedregoso. Cheio de confiança, vê aproximar-se a morte. Não será a calmaria após a tempestade, o porto depois da travessia tempestuosa?

Como é grande, o espetáculo oferecido pela alma resignada,

aprontando-se para deixar a Terra após uma vida dolorosa! Lança um último olhar sobre seu passado; revê, numa espécie de penumbra, os desprezos sofridos, as lágrimas reprimidas, os gemidos abafados, os sofrimentos bravamente supor-tados. Suavemente, sente desligar-se dos entraves que a acorrentam a esse mundo. Vai abandonar seu corpo de lama, deixar bem distante de si todas as servidões materiais. O que poderia temer? Não provou a abnegação, sacrificou seus interesses à verdade, ao dever? Não sorveu até a última gota o cálice purificador?

Vê também o que a aguarda. As imagens fluídicas de seus atos de sacrifício e de renúncia, seus pen-samentos generosos precederam-na, balizas brilhantes que marcam o caminho de sua ascensão. São os tesouros de sua nova vida.

Distingue tudo isso, e seu olhar eleva-se ainda mais alto, lá onde só se chega com a luz na fronte, o amor e a fé no coração.

Nesse espetáculo, uma alegria celeste penetra-a; lamenta não ter sofrido bastante. Uma última prece, como um grito de contentamento escapa das profundezas de seu ser e sobe na direção de seu pai, na dire-ção de seu mestre bem-amado. Os ecos do espaço repetem esse grito de libertação, ao qual se associam as vozes dos espíritos felizes que se apressam, em multidão, para recebê-la.

Fonte:

DENIS, Léon. Depois da Morte. Págs. 305

– 313. LD. 2008.

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009mediunidade

Diretrizes de Segurança

por Divaldo Franco e Raul Teixeira

95. Qual a diferença entre animismo e mistifi-cação?

raul - Encontramos em o Livro dos médiuns, mais exatamente no capítulo 19º, item 223 (1ª a 5ª, Allan Kardec discutindo e apresentando uma questão muito importante e muito grave, que é a circunstância em que o espírito do próprio percipiente, do próprio médium, no estado de excitação de variada ordem, transmite a sua mensagem.

Nos processos de regressões, de múltiplas proce-dências, a alma do encarnado se expressa, chora suas angústias, deplora suas mágoas guardadas na intimidade, ou apresenta suas virtudes e conquistas, suas grandezas, também guardadas no íntimo. Esse fenômeno em que o próprio espírito do médium se expressa, com qualquer tipo de bagagem, nós o chamaremos de “anímico”, con-forme Allan Kardec, em o Livro dos médiuns. E aqueles outros fenômenos através dos quais entidades espirituais se manifestem por meio de médiuns, e dizem ser perso-nalidades que verdadeiramente não foram na Terra, esses denominaremos de “mistificação”.

Allan Kardec teve a oportunidade de estudar em o Livro dos médiuns, na parte em que apresenta as disser-tações mediúnicas (capítulo 31º), diversas mensagens, das quais ele, depois de tê-las analisado, anota que jamais pode-

riam proceder de vicente de Paula, de maria de Nazaré e de outros tantos espíritos respeitados e considerados pela Humanidade. É o caso em que certas entidades banais dão nomes de vultos que gozam ou que gozaram no mundo de respeitosa projeção.

mas, temos ainda um outro tipo de mistificação, que é a mistificação do indivíduo, do “médium”, quando, por motivos diversos, não sendo portador de faculdades mediúnicas, ou ainda que seja, mas não sendo dotado da capacidade de comunicar, de permitir a comunicação de tal e qual espírito ele a forja, com interesses os mais estranhos. Aí encontramos a mistificação por parte do suposto médium.

É importante, porém, que nos lembremos de que todas as nossas ações, como se reporta o Livro dos Espíritos, são conduzidas pelos espíritos. Normalmente são eles que nos dirigem, conforme o item 459, da citada obra. Logo, quando se começa a fraudar, a mistificar por quaisquer interesses, no início é o próprio indivíduo com a sua mente doente, mas, a partir daí, passa a atrelar-se a entidades mistificadoras, submetido, então, à influência espiritual. A princípio, a criatura é mistificadora sem ser propriamente médium. Depois advém a “sociedade” de forças, surgindo o engodo. No primeiro impulso era fruto do encarnado, depois os espíritos complementam.

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mediunidade

Fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J.

Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.

Foi perguntado a Chico Xavier, e publicado no livro No mundo de Chico Xavier, se alguma vez ele teria sido alvo de mistificação da parte de espíritos. Ele disse que sim. E quando foi inquirido sobre qual a razão porque Emmanuel lhe permitira essa vivência de algum espírito comunicar-se e dizer-se quem não era, ele afirmou que aquilo se destinava a que ele visse que não estava invulnerável à insuflação negativa.

jesus Cristo teve ensejo de dizer que, se possível fosse, essas entidades, os falsos profetas, enganariam aos próprios eleitos. costumamos nos indagar: “E nós que ainda somos apenas candidatos?”

96. dentro dos quadros da psiquiatria, como psicopatia, esquizofrenia, etc., quais as carac-terísticas que poderiam se enquadrar dentro das obsessões?

raul - Reconhecemos com os ensinamentos da Dou-trina Espírita, que todos aqueles portadores das esquizo-frenia, psicopatologias variadas, dentro de um processo cármico, são entidades normalmente vinculadas a graves débitos, a dívidas de delitos sociais, e, conforme nos achamos dentro desse quadro de compromissos essas psicopatologias de multiplicada denominação assumem intensidade maior ou menor.

Conforme orienta o instrutor Calderaro ao Espírito André Luiz, no livro No mundo maior, de edição febiana, ao estudar a problemática do cérebro, esses companheiros esquizofrênicos entram em “crises” quando, no processo natural e inconsciente de rememoração, se vinculam ao seu passado, quando delinqüiram, através de um processo de associação, de assimilação fluídica.

Nos casos de epilepsias, tudo nos leva a crer que as entidades credoras em se aproximando do devedor, direta-mente, ou por meio de seu pensamento, promovem como que um acordamento da culpa, e ele mergulha, então, no chamado transe epiléptico. Nesse particular do transe, por ação de espíritos, encontramos correspondentes com o processo mediúnico, porque não deixam de ser, esses indivíduos, médiuns enfermos, desequilibrados, apresen-tando, por isso, uma expressão mediúnica atormentada, doente. Convenhamos que o exame da Doutrina Espírita, com relação a esses diversos casos, nos dará gradativa-

mente as dimensões para que saibamos avaliar, analisar os problemas de enfermidades psicopatológicas, tais como as que acompanham a esquizofrenia, que é esse conjunto de tormentos, de perturbações, de doenças que verdadeira-mente não têm uma etiologia definida.

Nos casos de patologia psicológica ou psiquiátrica, deveremos nos valer dos conhecimentos específicos na área médica, para que não coloquemos pessoas doentes nas atividades mediúnicas, o que seria um desastre. muitas pessoas se mostram com diversas síndromes e sintomas de problemas, psíquicos, quando a invigilância e o desconheci-mento espírita de alguns podem afirmar que é mediunidade e levar a criatura para o exercício mediúnico. Esses graves equívocos determinarão graves ocorrências.

o nosso Divaldo, oportunamente, narrou-nos um episódio por ele conhecido, a respeito de um cidadão que sofrendo de intensas e continuadas cefaléias foi “orientado” por alguém irresponsável a “desenvolver-se”, porque era médium, e que nisso encontraria a cura esperada.

Buscados núcleos de mediunismo sem orientação cristã, feitos os “trabalhos”, etc., o problema não cedeu, ao contrário, agravou-se. Após frustradas tentativas lá e cá, o moço foi levado a uma instituição séria, onde o servidor da mediunidade que o atendeu constatou, pela informação dos Benfeitores Espirituais, que a família deveria providenciar atendimento médico para o rapaz. Feito o eletroencefalograma, verificou-se uma tumoração cerebral já sem possibilidade de cura, devido ao estado adiantado do problema.

muitas vezes estamos atrelados a enfermidades espiri-tuais que oferecem respostas somáticas, que estão ligadas a dramas profundos e graves, que não podem ser atendidos como se fossem mediunidade, numa leviandade que não se permite, em se tratando de Entidade Espírita. Noutros campos, registramos nos hospitais psiquiátricos diversos médiuns em aturdimento, obsidiados que poderiam ser devidamente tratados com a terapia evangélico-espírita, para depois abraçarem a tarefa mediúnica.

Então, é necessário que estudemos e incorporemos os conceitos e lições da Doutrina Espírita, conhecendo a prática do bom senso, para que saibamos distinguir aquilo que é mediunidade, precisando de educação, daquilo que seja en-fermidade psicopatológica, a exigir tratamento médico.

1. XAvIER, F.C. No mundo de Chico Xavier, Elias Barbosa, itens 35, 36 e 37, 5ª edição, IDE, Araras - SP, 1983.

2. XAvIER, F.C. No mundo maior André Luiz, 12ª edição, FEB, Brasília - DF, 1984.

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009

Flammarion: aquele que leva a luz

capa

por Nelson Travnik

Nascido em Montigni-le-Roi, região leste da Fran-ça a 01 hora da manhã de 1842 e desencarnou no Observatório de Juvisy, arredores de Paris, em 03 de junho de 1925 às 16 horas. Flammarion foi um ho-mem que encheu de luzes os séculos XIX e XX. Filho de Etienne Jules Flammarion (1810-1891) e Françoise Lomon (1819-1905). Foi o primogênito de quatro ir-mãos, Berthe Martin, Ernest e Marie Vaillant. Desde o nascimento seus pais lhe reservaram um ‘destino in-telectual’ e por isso puseram-no, aos 9 anos, a apren-der latim para que seguisse a carreira eclesiástica. Foi nessa época que o padre Mirbel falando da beleza da ciência, e em particular da astronomia, mal sabia que um de seus alunos lhe sorvia as palavras. Esse aluno era Camille Flammarion, aquele que iria ilustrar a letra e a significação galoromana do seu sobrenome: “aquele que leva a luz”. Em 1853, com a idade de 11 anos, tem início à paixão pela observação do céu ao ver um belo cometa. Com apenas 16 anos escreveu um livro de 500 páginas “Cosmogonia Universal”, que mais tarde modificou para “O Mundo antes do Aparecimento do Homem”. Com o livro em mãos ganha coragem e apresenta-se às 10 horas do dia 24 de

O mundo está celebrando o “Ano Internacional da Astronomia” e nada mais oportuno do que se lembrar de um dos maiores divulgadores da astronomia de todos os tempos, o francês Camille Flammarion.

Flammarion na Biblioteca do observatório de juvisy.

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA capa

A publicação do livro provoca contudo a admiração de Victor Hugo

junho de 1858 no Observatório de Paris dirigido por Urban Le Verrier, o célebre descobridor do planeta Netuno. Após ser entrevistado e ava-liado por Le Verrier é aceito como aluno astrônomo lotado no Depar-tamento das Longitudes, encarrega-do do cálculo das posições da Lua para o ‘conhecimento do tempo’. É nesta época que escreve o livro “Pluralidade dos Mundos Habita-dos”, provocando um verdadeiro impacto no meio científico e filo-sófico. Contudo o livro publicado em 1862 provoca a ira de Le Verrier que com a frase “o senhor não é um astrônomo, é um poeta!” demite o jovem Flammarion. A acusação não era infundada. Realmente aquele jovem era um autêntico poeta do céu, mas também um homem de ci-ência como iria provar mais tarde. A publicação do livro provoca contudo a admiração de Victor Hugo, do im-perador Napoleão III e Flammarion é então convidado a colaborar em vários jornais. Em 1870 escreveu e publicou um tratado sobre a rotação dos corpos celestes, através do qual demonstrou que o movimento deles é uma aplicação da gravidade às suas respectivas densidades. Em agosto de 1874, então com 32 anos, casa-se com Sylvie Pétraux-Hugo, viúva do médico Mathieu, que durante mui-tos anos foi uma incansável , assídua e devotada colaboradora.

Ela contudo, contaminada pela gripe espanhola, desencarna em 23 de fevereiro de 1919 e é sepultada no belo parque do Observatório de Juvisy. Em 1876 a convite do próprio Le Verrier retorna ao Observatório de Paris, e em 1878 publica um ca-tálogo de estrelas duplas que foi por muitos anos o melhor do mundo.

A Academia Francesa lhe confere então em 1880 o ‘Prêmio Montyon’ por seu livro “Astronomia Popular”, traduzido em vários idiomas. Em 1882 funda a revista “L’Astronomie” que é editada até hoje e em 1887 a Sociedade Astronômica da França. D. Pedro II é então um dos primei-ros membros fundadores ( de nº 85) bem como o “Pai da Aviação”, Al-berto Santos Dumont. Milhares de pessoas de todo o mundo voltadas aos mesmos ideais de contemplar, observar e estudar o céu ingressam na Sociedade. Minha inscrição

como membro titular em maio de 1959 já era a de nº 21.080! Em 1896 descobriu o chamado ‘Ciclo de Flammarion’, período de 54 anos no qual se repetem nas mesmas regiões os eclipses do Sol. Devido a ele surge o Boletim Astronômico do Observatório de Paris. Graças a seu irmão Ernest, que se tornou editor, seus livros repletos de ci-ência, filosofia e poesia granjeiam admiração em todo o mundo. Em dezembro de 1882 recebe a doação do senhor Méret, rico proprietário e admirador de suas obras e idéias, uma bela e extensa propriedade em Juvisy-sur-Orge, arredores de Paris,

onde após dois anos de obras ins-tala o seu Observatório de Juvisy. Uma das primeiras personalidades a visitá-lo foi o imperador do Brasil, D. Pedro II, que em 29 de julho de 1887, inaugura, com uma observa-ção de Vênus, a grande luneta de 24 centímetros de diâmetro. Nesta ocasião nosso Imperador plantou um pinheiro nos jardins de Juvisy e concedeu a Flammarion a ‘Ordem da Rosa’. Mais tarde foi inaugura-do um monumento alusivo a essa visita. Outros títulos e honrarias lhe são concedidos pelos governos da Espanha e Romênia. Foi amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido convidado pelo Comitê Central da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, com o endosso da Sra. Allan Kardec, a fazer um discur-so junto ao túmulo do Codificador, a quem denominou “o bom senso encarnado”. Dos colaboradores de A. Kardec, Flammarion foi o que mais valorizou a construção do conhecimento espírita a partir da metodologia empírica e positivista. Como conseqüência dessa postura ele passou muitos anos pesquisan-do fatos sobre os quais construiu a convicção na imortalidade da alma e na comunicação dos espíritos. No Brasil suas obras filosóficas viram-se publicadas pela Federação Espírita Brasileira, FEB, e foram justamente elas que provocaram a maior eclosão de mentalidades voltadas ao estudo do céu. Ao todo Flammarion escre-veu 12 obras filosóficas, 8 dedicadas ao ensino, 8 de ciências gerais, 6 de assuntos diversos, 8 de astronomia prática, confeccionou uma grande carta celeste, um planisfério móvil, um globo da Lua e um de Marte. Sua maior obra de divulgação ‘As-

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009capa

Flammarion, o ‘poeta do céu’ como denominou Michelet

tronomia Popular’ é editada e revi-sada até hoje. Em 09 de setembro de 1919, com a idade de 77 anos, Flammarion contrai núpcias com sua jovem e devotada secretária Gabrielle Renaudot. É ela que daria continuidade a obra do ‘Mestre de Juvisy’ até desencarnar em 27 de outubro de 1962. Já famoso, conta-se que ele apreciava comer cerejas com a esposa nos cafés de Paris e muitas vezes, ao ser reconhecido, as pessoas iam à sua mesa pegar os caroços para guardar como lembran-ça. Flammarion, o ‘poeta do céu’, como denominou Michelet, partiu da vida para a história na tarde de 03 de junho de 1925, aos 83 anos, três meses e oito dias, nos braços da esposa Gabrielle em seu gabinete de trabalho, sem agonia e sofrimento. Na manhã ensolarada desse dia, ao visitar com a esposa os jardins do Observatório, onde a vida irradiava nas flores e nos cantos dos pássaros, disse: ‘que mistério é a vida, que mistério é a morte’. Flammarion foi enterrado em 06 de junho às 15

horas nos jardins do Observatório de Juvisy. Compareceram as figuras mais expressivas do governo francês, cientistas, astrônomos, educadores, admiradores, bem como milhares de mensagens de condolências foram recebidas. Todos os anos, na data do seu desenlace, membros da Sociedade Astronômica da França e admiradores reúnem-se à volta do seu túmulo para reverenciar sua

memória e os ensinamentos legados a toda humanidade. Flammarion é o astrônomo que mais despertou mentes voltadas à astronomia. Trabalhador incansável, irradiava

bondade e simpatia, sábio desin-teressado, pesquisador infatigável, este homem extraordinário viveu realmente para o prazer de estudar e divulgar a todas as pessoas o amor à ciência do céu. No Brasil três observatórios homenagearam com seu nome : o Observatório Popular Flammarion de Fortaleza, Ceará, fundado por Rubens de Azevedo em 1947, o Observatório Astronômico Flammarion de Matias Barbosa, MG, fundado por mim em 1954 e o Observatório Camille Flammarion de Vitória, ES, fundado por Walace F. Neves. Como não poderia deixar de ser, mais tarde Flammarion teve seu nome perpetuado em uma cratera lunar. De lá ou de onde seu espírito estiver certamente contem-pla o imenso universo que ele tanto amou.

• o autor, Nelson Travnik, é as-

trônomo fundador dos observatórios astronômicos de Americana e Pira-cicaba-SP. Durante 20 anos atuou no observatório muncipal de Campinas “jean Nicolini”.

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

Seja amigo de si mesmopor orson Peter Carrara

Ser amigo de si mesmo é medida inteligente. Para isso é preciso agir com

discernimento. Isso significa não corromper-se, em toda a abrangên-cia que a palavra permite. Criar problemas que gerem remorsos para o futuro, note-se, é atitude contra nós mesmos.

Uma boa medida para essa recei-ta é envolver-se com as boas causas; é também ler bons livros, assistir bons filmes, ouvir boa música e para os que apreciam também o envolvi-mento com as artes e os esportes. Tudo isso faz bem à alma, produz bem-estar e saúde, além dos efeitos nos relacionamentos.

Muita gente reclama da vida, mas continua com pessimismo, per-mite-se mau humor e nada faz para facilitar a vida. Onde está, afinal, a boa vontade que facilite o andamen-to das providências diárias? Onde está a alegria de viver e a vontade que movimenta iniciativas?

Muita gente diz que nada lhe dá certo no cotidiano, mas continua com ciúme, inveja e ainda alimenta revolta ou vive às voltas com críticas aos outros.

Muitos reclamam da saúde, mas nada fazem para abandonar os vícios ou os pensamentos de inconformação e azedume.

Que autoridade tenho eu para

dizer ou questionar isso? Nenhuma! Sou também uma criatura em lutas comigo mesmo, carregando lutas imensas a vencer. Mas o que tenho visto é que é preciso ser amigo de nós mesmos. Afinal, bons pensa-mentos geram saúde. Igualmente bons sentimentos, boas atitudes, boas palavras também geral saúde.

Gostar de si mesmo é vital. Acei-

tar-nos como somos apesar da luta contínua por melhorar-se. Isso não é vaidade, é necessário. Desde que não se torne egoísmo...

Abastecer-se de otimismo, sair da acomodação, focar o belo, mo-vimentar-se em favor de alguém, en-volver-se com causas humanitárias, renunciar ao medo e à timidez, mas também munir-se amplamente de boa vontade. Eis algumas providên-cias diárias. Levantar-se com alegria, agradecer à vida e a Deus por tudo

que nos envolve, eis um segredo simples de saúde e felicidade.

Mas há também um detalhe fundamental: perdoe-se!

Para que alimentar tanta culpa por aquilo que fizemos ou deixamos de fazer?

Qualquer erro pode ser repara-do, hoje ou mais tarde. Errar ou equivocar-se não pode ser motivo que nos paralise!

Portanto, amigo ou amiga, mãos à obra. Podemos sim conquistar a felicidade, ainda que relativa. Somos seres muito amados. Por que esquecemos esse detalhe fun-damental e nos entregamos tanto a abatimentos sem fim?

Procuremos agir com bondade e confiança em Deus, mas também em nós mesmos. Antes de agir, procuremos raciocinar se o que va-mos fazer não vai gerar remorsos e arrependimentos no futuro. O que é que pode gerar remorsos ou arre-pendimentos? Tudo o que prejudi-que o próximo ou a nós mesmos. Então, fica fácil analisar cada coisa, apesar dos desafios diários.

Agindo assim, em respeito a nós e aos outros, estaremos sendo amigos de nós mesmos!

Podemos sim conquistar a felicidade, ainda que relativa. Somos seres muito amados

Fonte:

Artigo originalmente publicado no site do au-

tor: http://www.orsonpcarrara.k6.com.br

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009reFlexão

O homem que se julga invulnerável à obsessão, está a caminho dela

Para aqueles que recolhem o triste atestado da sobrevi-vência da alma no cadinho

ebuliente da obsessão, semelhante afirmativa não induz ao endeusa-mento do irmão que se lhe considera adversário e que se acoberta por trás da fronteira de cinzas, mas expressa anseio renovador de quem despe a armadura sufocante do egoísmo e se desfaz da máscara do orgulho.

O homem que se julga invulnerá-vel à obsessão, está a caminho dela e, nela, ambos, cordeiro e carrasco, sofrem muito, pois não há rancor feliz. Por isso mesmo a duração da influência perniciosa é sempre limitada, de vez que duas forças iguais em conflito lutam, por algum tempo, entre si, para se anularem, mutuamcnte, depois. Um par de dores idênticas se entende.

A paz íntima é comprada a suor.

Amar os desafetos, sem opor ódio ao ódio, é o antídoto sublime de toda influenciação nociva, no reino do espírito.

Em razão disso, visando sobre-tudo àqueles irmãos que padecem enceguecidos temporàriamente por lágrimas dolorosas, nas alge-mas emocionais do sofrimento, indicamos algumas das atitudes

preciosas da criatura que, além de evidenciarem vontade manifesta e interesse espontâneo de acertar, ante as leis do destino, refazem-nos, com segurança, a existência, e descerram novos roteiros de alegria e concórdia para a nossa vida, inevitavelmente conjugada à vida dos outros:

Não pensar mal de ninguém, em particular do desafeto desencar-nado;

Evitar toda discussão, perdoan-do incondicionalmente a todos os companheiros de nossa convivência, dos quais tenhamos recebido esse ou aquele motivo de revolta ou de mágoa;

Ajudar a quem sofre, princi-palmente aos irmãos que ainda se encontram na carne, categorizados à conta de parentes, amigos e afeições,

incluindo os adversários gratuitos de qualquer procedência;

Fazer, no campo da fraternida-de entre os homens, o bem que desejamos venha a ser feito pelo companheiro ainda doente na Espi-ritualidade inferior;

Controlar as próprias reações, convicto de que apenas a nossa men-te consegue dirigir os mecanismos do corpo físico;

Usar os recursos da prece since-ra, do passe reconfortante, da água magnetizada e do culto doméstico do Evangelho, por energias superiores de sustentação moral e mental;

Ver o lado melhor de todos os seres e de todas as coisas, sem ali-mentar ideias de tristeza ou irritação, queixa ou desânimo;

Esforçar-se por ser humilde, reco-nhecendo os erros pessoais, quando eles existam, sem cultivar remorsos destrutivos, de modo a não reduzir a nossa capacidade de entender e servir, porquanto apenas no trabalho do bem acharemos caminho à pró-pria libertação, seguindo nas pegadas do Senhor.

Partindo Algemaspor Cairbar Schutel / Waldo vieira

Fonte:

VIEIRA, Waldo. Seareiros de Volta. Págs. 64

– 65. Feb. 1966.

— “Amai os vossos inimigos” — ensinou-nos o Excelso Mestre.

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA lançamento

No próximo dia 11 de dezembro, a partir das 19 horas, na Livraria Cultu-ra do Shopping Iguatemi, em Campinas (SP), a Versátil Vídeo spirite, um selo da versátil Home vídeo, pro-move o lançamento de Iniciação ao Espiritismo, curso completo sobre Filosofia, Ciência e Religião ministrado por Therezinha oliveira, brilhante educadora, escritora e oradora radi-cada em Campinas (SP), com mais de 50 anos de atividades ininterruptas no movimento Espírita brasileiro.

são 12 dVds com mais de 32 horas distribuídas em 36 aulas, além de mais de duas horas de vídeos extras, incluindo o filme biográfico Na Luz de Therezinha oliveira, dirigido pelo pesquisador e documentarista espírita oceano Vieira de melo, o mesmo diretor de Eurípedes Barsanulfo – Educador e Médium Espírita, Chico Xavier – O Grande Médium Espírita, Divaldo Fran-co – Humanista e Médium Espírita e A Grande Síntese de Pietro Ubaldi, este último, selecionado e exibido durante a 33ª. mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Iniciação ao Espiritismo é um

lançamento histórico, rico em conhecimentos e servirá como fonte de estudos e pesquisas para muitas gerações de estudiosos e pessoas interessadas em aprimorar seus conhecimentos na Doutrina Espírita codificada pelo educador e filósofo francês Allan Kardec.

Versátil VÍdeo spirite lançacurso soBre a doutrina espÍrita

ministrado por thereZinha oliVeiraem caixa especial com 12 dVds

o lançamentodata: 11/12/2009local: Livraria Cultura do Shopping Center IguatemiAvenda Iguatemi, 777 - vila Brandina, Campinas

proGramação19h00 – Exibição do filme biográfico Na Luz de Therezinha oliveira (28 minutos)20h00 – Coquetel de lançamento e noite de autógrafos com Therezinha oliveira

Entrada livre, estacionamento no local

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assine: (19) 3233-559620 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009lançamento

o curso iniciação ao espiritismo

PRINCIPAIS TEmAS ABoRDADoS NoS DvDS

Radiações e vibrações • Deus • A criação • os espíritos • Classificação dos espíritos e dos mundos • Amor a Deus e ao próximo • Perispírito • Ação dos espíritos sobre os fluidos • o Evangelho no lar • milagre ou fenômeno? • Lei de causa e efeito • Livre-arbítrio e progresso • os espíritas e o casamento • Confissão e comunhão dos cristãos • Re-encarnação • Argumentando sobre a reencarnação • Pais e filhos à luz da reencarnação • A família à luz da reencarnação • Bem aventurados os aflitos • Desencarnação • Provas e expiações • Desigualdade das riquezas • Um estudo sobre o batismo • Sono e sonhos • Fora da caridade, não há salvação • A prece • oração dominical • Allan Kardec, o Codificador • As três revelações • A Doutrina Espírita e suas práticas • mediu-nidade e seu desenvolvimento • mediunidade e Espiritismo • De graça recebestes, de graça dai • vigilância cristã • A pará-bola do semeador e a parábola da candeia • A parábola dos trabalhadores da última hora.

a autora

Com mais de 50 anos de atividades ininterruptas na educação espírita, Therezinha Oliveira já presidiu o Centro Espírita Allan Kardec de Cam-pinas/SP.

Oradora brilhante, proferiu mais de duas mil palestras em todo o Brasil e até nos EUA.

É autora das sete obras (uma em co-autoria) da Coleção Es-tudos e Cursos, adotada com sucesso em diversas Casas Espí-ritas espalhadas pelo país e por aqueles que desejam sistematizar o estudo da Doutrina. Destacam-se ainda na sua produção: Ante os que Partiram, Deixem-me Viver, Reencarnação é Assim..., Suicídio?, Um Doloroso Engano, Chegando à Casa Espírita, Espiritismo – a Dou-trina e o Movimento, Na Luz do Espiritismo, Na Luz do Evangelho, Na Luz da Mediunidade, Na Luz da Reencarnação, Parábolas que Jesus Contou e Valem para Sempre e Jesus, O Cristo.

Suas obras já ultrapassaram a marca de 600 mil exemplares publicados, sendo 200 mil de livros e 400 mil de livretos.

Por sua experiência, conhe-cimento, ativa dedicação e fide-lidade aos postulados espíritas, Therezinha Oliveira continua a contribuir de forma inestimável para a causa do Espiritismo.

Para maiores informações,favor entrar em contato comFernando Brito, pelo telefone

11 3670 1954 ou e-mail:[email protected]

inFormaçÕes tÉcnicas

digipack com 12 dVdsGênero: Documentárioduração: 2060 minutos.ano de produção: 2006-2009áudio: Português Dolby Digital 2.0Formato de tela: Fullscreen 1.33:1Faixa etária: LivreColorido

VÍdeos extras

Apresentação do curso (Disco 6, 7 minutos.)Therezinha Oliveira fala sobre os objetivos do curso.

Filme biográfico Na Luz de There-zinha Oliveira (Disco 1, 28 min.)Amigos e colaboradores relembram a trajetória de Therezinha Oliveira e seu admirável trabalho de mais de 50 anos na seara Espírita. Direção de Oceano Vieira de Melo.

Therezinha declama poesias (Disco 4, 25 min.)Therezinha Oliveira declama, com muita emoção, poesias recebidas por inspiração. Perguntas e respostas (Disco 12, 120 min.)A educadora e escritora responde a uma série de questões sobre os mais variados assuntos.

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA estudo

Uma visão Espírita da Criação

por Eliseu F. da motta júnior

A Doutrina Espírita ad-mite que existem no Universo dois elemen-

tos, que são a matéria e o espírito, e acima de tudo está Deus, inteli-gência suprema, causa primária de todas as coisas.

Tudo se encadeia no Universo material e espiritual, desde o áto-mo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo, sendo que estes dois princípios (material e espiritual) evoluem sob o império das leis divinas, divididas em leis físicas e leis morais. Entre as leis físicas pode ser mencionada a lei da gravidade, segundo a qual os corpos se atraem na razão dire-tamente proporcional a suas massas e inversamente proporcional ao quadrado de suas distâncias, além de outras dezenas de constantes físicas, que mantêm o equilíbrio material do Universo. O estudo das leis do princípio material do Universo pertence ao domínio da Ciência.

Já o objeto especial do Espiritis-mo é o conhecimento e o estudo das leis que regem o princípio espiritual do Universo, chamadas leis morais, que regulam as relações do homem

para com Deus, para consigo pró-prio e para com seus semelhantes, contendo as regras da vida do corpo e da alma. Para melhor estudá-las, o Espiritismo as classificou em dez, denominadas lei de adoração, lei do trabalho, lei de reprodução, lei de conservação, lei de destruição, lei de sociedade, lei do progresso, lei de igualdade, lei de liberdade, lei de justiça, de amor e de caridade.

Isto não significa que o Espiri-tismo fique alheio às conquistas da Ciência. Muito pelo contrário, pois na verdade o “Espiritismo e a Ciên-

cia se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciên-cia, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo”. E mais ainda, “caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar ele a aceitará.” Será portanto sob esse prisma que agora iremos analisar a criação e a evolução da alma.

A EvoLUção ANÍmICA — É verdade que mesmo no meio

espírita reinam algumas divergên-cias de pontos de vista acerca da evolução anímica, sobretudo no que concerne à elaboração do prin-cípio inteligente no reino mineral, conforme argutamente observou o

1. A EvoLUção ANÍmICA.2. o “ELo PERDIDo”.

Tudo se encadeia no Universo material e espiritual, desde o átomo primitivo até o arcanjo

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009estudo

...se o fluido universal fosse positivamente matéria, não haveria razão para que o espírito também não o fosse

solerte pesquisador Durval Ciam-poni. Entretanto, os Espíritos ensinam que existem no Universo dois elementos, a matéria e o espí-rito, e acima de tudo está Deus. Ao elemento material do Universo deve juntar-se ainda o fluido universal, o qual desempenha o papel de inter-mediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, porque ela é demasiadamente grosseira para que possa sofrer sobre si a ação direta do espírito. Muito embora de certo ponto de vista seja lícito classificar o fluido universal com o elemento material, dele se distingue por propriedades especiais. Aliás, se o fluido universal fosse positivamente matéria, não haveria razão para que o espírito também não o fosse. Ele está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conhecemos uma parte

mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divi-são e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

Assim, já vimos que o átomo é regulado pela força de acoplagem eletromagnética, que permite a cir-

culação dos elétrons de um átomo a outro, circulação que, por sua vez, permite as combinações químicas, valendo relembrar que se essa for-ça de acoplagem eletromagnética fosse apenas de um bilionésimo mais elevado, os elétrons seriam prisioneiros dos núcleos, não ha-veria mais trocas, de modo que nem os corpos químicos e nem o próprio Universo jamais poderiam ser formados. Percebemos então no átomo a matéria, consubstanciada nas partículas atômicas, e o espírito, que é exatamente a força de acopla-gem eletromagnética, unidos pelo fluido universal, o qual é suscetível de inúmeras combinações.

É desse modo que em a Natu-reza tudo tende para a unidade. E o Espiritismo não tem motivos para recusar a já mencionada tese de Ilya Prigogine, Prêmio Nobel de Química, no sentido de que a desordem não é um estado natural da matéria, mas um estado que precede a emergência ou a eclosão

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA estudo

Se alguma coisa há de humilhante para o homem, é a sua inferioridade perante Deus

de uma ordem mais elaborada, idéia que na repousa “experiência de Benard”, mostrando como um líquido, água por exemplo, a uma temperatura determinada se estru-tura e então o movimento das mo-léculas agitadas pelo calor já não se dará mais ao sabor do acaso, porém de modo extremamente ordenado para produzir células hexagonais. A princípio, Benard e Prigogine cons-tataram que a matéria é capaz de se auto-estruturar, sob a influência de uma transmissão energética que ordenou o caos. Depois Prigogine concluiu que aquilo que era possí-vel na dinâmica dos líquidos devia sê-lo igualmente na química e na biologia, demonstrando a existência de uma espécie de trama contínua que une o inerte, o preexistente e o vivo, ou seja, a matéria tendendo a se estruturar para eclodir na vida.

Pois a tese espírita da evolução anímica não contraria as descober-tas científicas. Com efeito, o Espi-ritismo admite que, através de um trabalho preparatório, como o da germinação, o princípio inteligente sofre uma transformação, vai sen-do elaborado nos seres inferiores, cuja totalidade estamos longe de conhecer, vai-se individualizando pouco a pouco e se ensaiando para a vida, até quando se torna Espíri-to, para então penetrar no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capaci-dade de distinguir o bem do mal e responsabilidade pelos seus atos.

Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois as etapas da juventude e da madu-reza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Porventura sentir-se-ão humilhados

os grandes gênios por que um dia foram fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há de humilhante para o homem, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo.

Em suma, a Doutrina Espírita

entende que a estrutura integral do homem é a seguinte:

1º — possui um corpo material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;

2°— na sua essência, é uma alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação e que simultaneamente lhe serve como instrumento de trabalho para o seu progresso inexorável; e,

3º — finalmente, tem um prin-cípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo enquanto vive, e será o seu corpo intangível depois da morte.

O estudo científico desse perispí-rito é uma das chaves para o conhe-cimento da Doutrina Espírita e irá

proporcionar à Ciência descobertas fundamentais para a medicina física e psíquica. Ele é extraído pelo Es-pírito do fluido universal de cada planeta e submete-se às mesmas leis e condições estabelecidas para a evolução do corpo e da alma.

o “ELo PERDIDo” —Vimos que a evolução do princí-

pio material do Universo ocorre a partir do átomo até o belo e mara-vilhoso corpo físico de que se vale o homem da atualidade, seguindo os princípios demonstrados pela Ciência. Mas não se pode olvidar que, evoluindo passo a passo com a matéria, está o princípio inteligente universal, ambos ligados pelo flui-do universal modificado para cada situação, até chegar ao homem. O maior problema estaria no chamado elo perdido, expressão que se refere à dúvida sobre qual seria o último animal antes do primeiro homem, considerada aqui a teoria da evolu-ção das espécies.

Vejamos algumas ponderações de Allan Kardec sobre esse assun-to:

“Do ponto de vista corpóreo e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais unicamente difere por alguns matizes na forma exterior. Quanto ao mais, a mesma com-posição de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e o mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de repro-dução. Ele nasce, vive e morre nas mesmas condições e, quando mor-re, seu corpo se decompõe, como tudo o que vive.

“Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do

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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2009estudo

“Lentamente, a vida liberta-se dos liames da matéria; o instinto cego dá lugar à inteligência e à razão

homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dig-nidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servi-do de vestidura aos primeiros Espí-ritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólu-cro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.

“Ainda que isso lhe fira o orgu-lho, tem o homem que se resignar a não ver no seu corpo material mais do que o último anel da animali-dade na Terra. Aí está o inexorável argumento dos fatos, contra o qual seria inútil protestar.

“Todavia, quanto mais o corpo diminui de valor aos seus olhos, tanto mais cresce de importância o princípio espiritual. Se o primeiro o nivela ao bruto, o segundo o eleva a incomensurável altura. Vemos o li-mite extremo do animal: não vemos

o limite a que chegará o Espírito do homem.

“O materialismo pode ver aí que o Espiritismo, longe de temer

as descobertas da Ciência e o seu positivismo, lhe vai ao encontro e os provoca, por possuir a certeza de que o princípio espiritual, que tem existência própria, em nada pode com elas sofrer.

“O Espiritismo e o materialis-mo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, diz um: ‘Não posso ir mais longe.’ O outro prossegue e descobre um mundo novo.”

Sobre o mesmo assunto Léon Denis escreveu o seguinte:

“Lentamente, a vida liberta-se dos liames da matéria; o instinto cego dá lugar à inteligência e à razão. Teria cada alma percorrido esse caminho medonho, essa es-cala de evolução progressiva, cujos primeiros degraus afundam-se num abismo tenebroso? Antes de adqui-rir a consciência e a liberdade, antes de se possuir na plenitude de sua vontade, teria ela animado os orga-nismos rudimentares, revestido as formas inferiores da vida? Em uma palavra: teria passado pela animali-dade? O estudo do caráter humano, ainda com o cunho da bestialidade, leva-nos a supor isso.

“O sentimento de justiça abso-luta diz-nos também que o animal, tanto quanto o homem, não deve viver e sofrer para o nada. Uma cadeia ascendente e contínua liga todas as criações, o mineral ao ve-getal, o vegetal ao animal, e este ao ente humano. Liga-os duplamente, ao material como ao espiritual. Não sendo a vida mais que uma mani-festação do espírito, traduzida pelo movimento, essas duas formas de evolução são paralelas e solidárias.

“A alma elabora-se no seio dos

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Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA estudo

Fonte:

MOTA JÚNIOR, Eliseu F. da. Que é Deus?

Págs. 80 – 89. O Clarim. 2007.

organismos rudimentares. No animal está apenas em estado embrionário; no homem, adquire o conhecimento, e não mais pode retrogradar. Porém, em todos os graus ela se prepara e conforma o seu invólucro. As formas sucessivas que reveste são a expressão do seu valor próprio. A situação que ocupa na escala dos seres está em relação direta com o seu estado de adian-tamento.”

Tempos depois dessas notáveis considerações de Allan Kardec e de Léon Denis, o Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Francis-co Cândido Xavier, explicou que, sob o império da lei de seleção, o reino animal experimentou as mais estranhas transições no período terciário, mas o nosso raciocínio ansioso investiga os antepassados legítimos do homem, na vastidão imensa da evolução anímica.

E logo após ele mostra que, no planeta Terra, a grande transição do reino animal para o hominal ocorreu da seguinte maneira:

“Os antropóides das cavernas espalharam-se, então, aos grupos, pela superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio e formando os pródromos das raças futuras

em seus tipos diversificados; a rea-lidade, porém, é que as entidades espirituais auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhe novas expres-sões biológicas.

Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da Ciência sobre o tipo de Neander-thal, reconhecendo nele uma espé-cie de homem bestializado, e outras descobertas interessantes da Paleon-tologia, quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no ‘primata’ os característicos aproxi-mados do homem futuro.

“Os séculos correram o seu ve-lário de experiências penosas sobre

a fronte dessas criaturas de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações.

“Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, ten-dendo à elegância dos tempos do porvir.

“Uma transformação visceral verificara-se na estrutura dos ante-passados das raças humanas.

“Como poderia operar-se seme-lhante transição? perguntará o vosso critério científico.

“Muito naturalmente. “Também as crianças têm os

defeitos da infância corrigidos pelos pais, que as preparam em face da vida, sem que, na maioridade, elas se lembrem disso.”

E quanto a Adão e Eva e sua expulsão do paraíso?

O mesmo Emmanuel respon-de:

“Debalde nossos olhos procu-ram, aflitos, essas figuras legendá-rias, com o propósito de localizá-las no Espaço e no Tempo. Compre-endemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança dos Espíritos degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos para a per-sonalidade das criaturas.”

Uma transformação visceral verificara-se na estrutura dos antepassados das raças humanas

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FidelidadESPÍRITA |Dezembro 2009

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

68. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo martins

com todas as letras

Não transformeacontecer em curinga

Uma prática que se deve evitar no correto uso da língua portuguesa é o recurso às palavras - curinga, que

terminam por assumir a função que caberia a outros vocábulos. Uma dessas distorções é a que se verifica com acontecer.

O verbo deve ser empregado somente no seu significado mais específico, o de suceder de re-pente. Acontecer dá sempre idéia de inesperado, desconhecido, imponderável. É dessa forma que aparece em exemplos como:

Caso acontecesse o desabamento, muitas mortes poderiam ocorrer / O fato aconteceu há cem anos. / Se algum mal lhe acontecer ninguém será culpado. /Aconteceu o inevitável.

No sentido de ser, haver, realizar-se, ocorrer, suceder, existir, verificar-se, dar-se e estar marcado para, estas opções são mais corretas que acontecer. Veja, pois, como proceder (entre parênteses, está a forma recomendável): O show “acontece” (realiza-se) hoje à noite. / A manifestação “aconteceu” (foi, rea-lizou-se, ocorreu) ontem. / Raramente “acontecem” (ocorrem, sucedem) casos como esses. / O treino “acontecerá” (está marcado para as) às 9 horas. / A saída do funcionário “aconteceu” (sucedeu) na semana passada. / O pênalti não “aconteceu” (existiu). / O festival deve “acontecer” (realizar-se, começar) sem o

maestro. / A crise já “acontece” (existe, chegou). / Os recursos não vêm “acontecendo” (surgindo, sendo fornecidos).

Como se vê, o verbo aparece nas mais variadas situações e, em grande parte delas, sem o menor amparo nas normas do idioma. Ele pode até ter traços dos verbos em cujo lugar foi empregado, mas não o significado completo deles. Por isso o seu uso se torna impróprio nos casos mencionados.

Finalmente, lembre-se: por tudo o que já foi dito, nada com data ou horário marcado acon-tece.

Se preciso, mude a frase

Uma boa saída no caso é mudar a frase e empregar o agente como sujeito, em vez do ato por ele praticado. Assim: O time treinará às 9 horas (e não: O treino “acontecerá” às 9 horas). / Milton Nascimento canta à tarde no Ibirapuera (e não: O show de Milton Nasci-mento “acontecerá” à tarde no Ibirapuera). / O jogador deverá renovar o contrato na próxima semana (e não: A renovação do contrato deverá “acontecer” na próxima semana).

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Oração do Natal

Vinícius

Nas Pegadas do Mestre

Dezembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

Nosso Mestre e Senhor: mais uma vez o mundo

acaba de comemorar o aniversário de teu natáli-

cio. Mas, de que modo? Envolto em brumas de

hostilidades recíprocas, de desconfianças mútuas,

mantendo essa atmosfera de dúvidas, receios e

apreensões. O homem continua sendo o maior

inimigo do homem.

As nações entreolham-se como feras que, de

quando em vez, lambem as comissuras dos lábios

impregnados de sangue. Protestam amizade, desfa-

zem-se em hipócritas expressões de fementido afe-

to, animando no interior fome e sede de cruentos

repastos. A louca ambição, o desmedido orgulho,

a avidez de sensuais prazeres campeiam infrenes

embotando os sentimentos, embrutecendo e en-

fermando a mente.

Em tais condições, Senhor, é que a Humani-

dade atual acaba de honrar a época que assinala a

tua passagem pela Terra. Festas, músicas, pagodes

e regabofes, profanos e religiosos, tiveram lugar nos

templos de pedra, nas casas de pasto e nos lares.

Em tua honra, Senhor, hinos e cânticos foram en-

toados em profusão; luzes multicores reverberaram

embelezando as naves onde centenares, milhares

mesmo de pessoas genuflexas te renderam louvo-

res. O bimbalhar do bronze saudou a aurora do teu

dia com desusado garbo e garridice. Mas, Senhor,

aceitarás tu essas ovações e honrarias? Serás acaso

semelhante aos homens que abafam o interior

deixando-se arrastar por influências rumorosas do

exterior? Tu te comprazerás nesses festejos que te

dedicam aqueles que vivem divorciados do ideal de

paz, de fraternidade e de justiça, pelo qual te sacri-

ficaste? Dar-se-á, Senhor, que os homens ignorem

a súmula de teus preceitos, a base de tua moral?

Se esta geração nunca te viu, e assim desdenha tua

moral, porque te homenageia tanto? Onde os men-

tores do povo? os rabinos das modernas sinagogas

para instruírem as gentes sobre aquelas tuas santas

e sugestivas palavras: “Se estiveres apresentando tua

oferta no altar, e ai lembrares que há alguém que

tem contra ti alguma coisa, deixa ali tua oferta no

altar, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, e

depois vem apresentar a tua oferenda.”

Mestre e Senhor! tem piedade das loucuras, das

fraquezas e da hipocrisia da Humanidade.

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aberto ao público:Necessário Inscrição:3386-9019 / 3233-5596

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cursos GratuitosatiVidades para 2009cursos dias horários início 1º ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 09/02/2009

1º ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. sábado 14h00 - 15h00 14/02/2009

1º ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. domingo 10h00 - 11h00 15/02/2009

2º ano 3ª Feira 20h00 - 22h00 03/02/2009 Restrito

2º ano Sábado 16h00 – 18h00 07/02/2009 Restrito

2º ano Domingo 09h00 – 11h00 01/02/2009 Restrito

3º ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 04/02/2009 Restrito

3º ano Sábado 16h00 – 18h00 07/02/2009 Restrito

evangelização da infância Sábado 14h00 – 15h00 Fev / Nov Aberto ao público

evangelização da infância Sábado 16h00 – 18h00 Fev / Nov Aberto ao público

evangelização da infância Domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público

mocidade espírita Domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público

atendimento ao público

Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes Domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao Público

Palestras Públicas Domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao Público

Centro de Estudos Espíritas“nosso lar”

R. Prof. Luís Silvério, 120vl. marieta - Campinas/SP

(19) 3386-9019 / 3233-5596

aberto ao público:Necessário Inscrição:3386-9019 / 3233-5596

Ônibus:vila marieta nr. 348* Ponto da Benjamim Constant em frente à biblioteca municipal.

www.nossolarcampinas.org.br

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