Fieb 65 anos

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A INDÚSTRIA NA BAHIA Salvador, Bahia, Sexta-feira, 31/05/2013 Este caderno é parte integrante do Jornal A TARDE. Não pode ser vendido separadamente. Capa/ Marca: Edu Argolo

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Caderno Especial de 65 anos Fieb - Produzido pelo Jornal A Tarde - Anúncio do Sindpacel e entrevista com diretor do Sindpacel

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A INDÚSTRIA NA BAHIASalvador, Bahia, Sexta-feira, 31/05/2013

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65 anos da FIEB. Uma data muito querida para quem quer ver a indústria baiana crescer.A construção, em Maragojipe, de um dos maiores estaleiros do Brasil conta com o apoio da FIEB, que tem tido uma atuação decisiva na atração de fornecedores de soluções para a indústria naval, na oferta de cursos de capacitação focados nessa área e no desenvolvimento de carreiras, através de parceria com o SENAI. Juntos, estamos criando um mar de talentos e oportunidades no Recôncavo Baiano.

O Estaleiro Enseada do Paraguaçuestá começando a se tornar realidade.

E a FIEB tambémacreditou nesse sonho.

www.eepsa.com.br

José de Freitas Mascarenhas “A inovação é uma das principais ferramentas para a competição”

Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB)

A TARDE- Como o senhor avalia o papel da FIEB no apoio à indústria da Bahia ao longo dos 65 anos da Federação?

JOSÉ MASCARENHAS- A FIEB tem estado presente nos momentos mais marcantes da industrialização baiana. Seja atuando por canais político-institucionais seja ofere-cendo suporte ao parque industrial instalado e às empresas que aqui se instalam, a exemplo de apoio em serviços técnicos/tecnológicos, qualificação de mão de obra, saú-de, treinamento de executivos e defesa de interesses da indústria. É possível afirmar que o conjunto dessas ações torna a FIEB um fator de suporte na expansão da base in-dustrial e na atração de novos inves-timentos para a Bahia.

AT- Quais são as expectativas de crescimento da indústria baiana e quais as tendências de atuação da FIEB?

JM- A indústria baiana tem crescido a uma média superior à da indús-tria nacional. No período de 2003 a 2012, a indústria de transformação acumulou um crescimento de 26% no Estado e de 24% no país. Hoje, a participação da indústria no PIB da Bahia alcança 30% e chega a 76% do total das exportações estaduais.

José de Freitas Mascarenhas faz parte de uma seleta linhagem de homens que conhecem profundamente os mean-dros da economia baiana e sabem transitar, com desenvoltura e competência, pelos gabinetes governamentais de todos os níveis. Não por acaso, ele está no comando da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) pela segunda vez. É o 11º presidente da história de uma instituição rica em realizações e com papel importante na decisão dos rumos a seguir para que o empresariado baiano seja bem-sucedido e o Estado ocupe lugar de destaque no cená-rio nacional. Nesta entrevista, concedida ao repórter Sérgio Toniello, Mascarenhas fala sobre os objetivos da FIEB, que completa 65 anos com muitos desafios que estão a exigir rápida solução.

São números que demonstram a sua importância, não obstante os desafios que enfrenta. Há uma tendência de forte crescimento em segmentos como o da energia eóli-ca, automotivo, construção civil, mi-neração e mecânica. O Sistema FIEB está atento a essas transformações e apoia, nas esferas técnica e insti-tucional, tanto as empresas existen-tes quanto as que planejam aqui se implantar.

AT- Então, o potencial de cresci-mento é grande...

JM - Há um grande espaço para o crescimento, especialmente nos segmentos já citados e em várias regiões do Estado. Entretanto, para que as potencialidades dessas re-giões sejam bem aproveitadas é necessário investir em infraestrutu-ra, incluindo a construção da Fiol e do Porto Sul, com a integração daquela ferrovia à Norte-Sul; a modernização do Porto de Aratu, a recuperação e duplicação da malha rodoviária, além de melhorar a qua-lidade na oferta de energia. Sem fa-lar nos investimentos na área social, especialmente em Educação e Saú-de de qualidade.

AT- Quais os principais gargalos que retardam seu desenvolvimen-to?

JM- Sem considerar os problemas macroeconômicos, como tributação em excesso e as questões do câm-bio diria que temos na Bahia um mercado consumidor ainda restrito, mas com potencial de crescimen-to. Esse crescimento será maior ou menor a depender de fatores que influenciam na competitividade e na criação de empregos, especial-mente os relativos à infraestrutura de transportes, à universalização de oferta de energia e de teleco-municações; maior qualificação dos trabalhadores e oferta de serviços sociais como saneamento, educa-ção e saúde. Além disso, a melhoria da competitividade é o foco central da ação da FIEB. A melhoria do de-sempenho dos fatores assinalados, aliados à política ativa na área de inovação e desenvolvimento de tec-nologia pelas empresas significará baixar nossos custos de produção.

AT- A concentração industrial na Região Metropolitana de Salvador é benéfica ou é essencial industria-lizar o interior?

JM- Quando assumi a FIEB, em 2010, coloquei como uma priorida-de estratégica o apoio à interioriza-ção da indústria. E é o que a FIEB vem fazendo, reforçando a oferta de serviços em regiões importantes da Bahia. Nesse sentido, desenvolve-

mos o Programa de Interiorização, já lançado no Oeste (Barreiras e Luís Eduardo Magalhães), no Sul (Ilhéus e Itabuna), em Feira de Santana e na região Sudoeste (Vitória da Conquista), que são bases de onde partirá o atendimento à região no seu entorno. São regiões com grande potencial de crescimento e de atração de novos investimentos. Partimos do pressuposto de que a desconcentração dos investimentos industriais é fator estratégico para a economia baiana; que contribuirá, inclusive para aliviar a pressão so-bre a cidade de Salvador.

AT- Qual é a importância da ino-vação para nossa indústria? O que está bem e o que precisa ser me-lhorado?

JM - A inovação é uma das principais ferramentas para a competição. Por essa razão, uma prioridade do Siste-ma FIEB é o apoio às empresas nes-sa área. Elas têm que ser inovadoras para manter ou conquistar merca-dos. E quem inova são as pessoas. Por essa razão, IEL e SENAI, este por meio dos seus centros – Cimatec, Cetind e Dendezeiros –, estão sendo cada vez mais equipados, seja no apoio à modernização da gestão, na qualificação de mão de obra ou na oferta de soluções tecnológicas.

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3Salvador, Bahia

Sexta-feira, 31/05/2013Projeto especial de Marketing

Arquivo Sistema FIEB

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Rômulo Almeida, protagonista do desenvolvimento regional no Brasil

Por mais de 40 anos, de 1946 a 1988 (ano do seu falecimento), o econo-mista e professor Rômulo de Almei-da – baiano de Salvador – participou como protagonista dos principais acontecimentos políticos e econômi-cos do país. Ele foi autor de inovações na gestão pública que impulsiona-ram, e continuam impulsionando, o desenvolvimento do Brasil, e, particu-larmente, o desenvolvimento do Esta-do da Bahia. Homem de larga visão política, econômica e social, foi con-siderado por muitos um sonhador, um visionário, pois seu objetivo era pensar o Brasil a partir da Bahia sem depender da visão sulista, nem ceder à burocratização do planejamento que se instalou a partir dos anos 70.

Segundo historiadores e econo-mistas brasileiros, os rumos das polí-ticas de desenvolvimento regional no país passaram, ao longo da segunda metade do século XX, pela visão de Rômulo Almeida. Um dos marcos de sua carreira foi a luta pela inserção da região Nordeste na dinâmica econô-mica nacional, nas perspectivas polí-tica e da industrialização.

Sua atuação foi tão marcante que dirigentes da Comissão Econômi-ca da América Latina (Cepal) o elege-ram um dos sete sábios da América Latina. Quando migrou para o Rio de Janeiro e se tornou colaborador da Cepal, destacando-se pela ampla visão da vida dos países latino-ameri-canos, o economista tornou-se figura notável no plano nacional e interna-cional. Defendeu a integração dos países do continente, debruçando-se, especialmente em torno de um gran-de projeto da Bacia do Prata.

Segundo o professor Fernando Cardoso Pedrão, doutor e docente livre pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), também presidente do Instituto de Pesquisas Sociais, que por muito tempo trabalhou com Rômulo Almeida, o que o mestre teve de mais especial foi a sua tenacidade. “Contra os que viam nele apenas um sonha-dor, digo que ele foi um estadista, al-guém que sempre colocou o interesse público antes do privado, realizando coisas extraordinárias. A geração de Rômulo se caracterizou por pensar o Brasil”.

Uma das grandes formulações de Rômulo Almeida foi o Banco do Nordeste que ele criou e do qual foi o primeiro presidente. O BNB foi a pri-meira instituição na América Latina que combinou, de maneira bem-su-cedida, a avaliação de projetos com pesquisas básicas. O banco priorizou inicialmente a concessão de crédito rural e os projetos de redescontos ru-rais, consolidando a base econômica de financiamentos para o desenvolvi-mento da agricultura.

“O BNB incentivou o desenvol-vimento dos setores de produtos minerais, florestais e agropecuários da região; incentivou também as indústrias de alimentação que in-dustrializavam produtos regionais e contribuíam para melhorar o padrão alimentar do Nordeste e a indústria artesanal e doméstica, levando sem-pre em conta o fator humano”, des-taca Pedrão.

CONCEBEU O POLO- Na Bahia, Rômu-lo inovou ao criar subcomissões por temas, articulando as esferas pública e privada. Partiu dele a proposta de

No próximo dia 29 de junho, o maior complexo industrial integra-do do Hemisfério Sul, o Complexo Industrial de Camaçari, comple-tará 35 anos. Anteriormente co-nhecido como Polo Petroquímico, a mudança no nome anunciou o novo ciclo de expansão e diversi-ficação dos negócios na região, localizada a 50 km de Salvador. Entre os mais recentes investimen-tos estão o Complexo Acrílico da BASF, em parceria com a Braskem, que já está sendo implantado; a montadora JAC Motors e a fábrica de cosméticos d’O Boticário, que, juntos, devem gerar, nos próximos cinco anos, cerca de 17 mil postos de trabalho.

O Complexo Industrial de Camaçari, hoje, reúne mais de 90 empresas de diversos setores como celulose, automotivo, ener-gia eólica, fertilizantes, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas, além, é

Complexo Industrial de Camaçari completa 35 anos

claro, das indústrias química e pe-troquímica. De acordo com Mauro Pereira, superintendente-geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), o polo tem muitas conquistas a comemorar. “A principal delas é o reconheci-mento nacional e internacional de uma área organizada e preparada para receber grandes projetos in-dustriais, o que tem sido o diferen-cial nas decisões dos empresários, quando comparada a outras áreas ao redor do mundo”, destaca. Já entre os desafios, o maior deles continua sendo a infraestrutura, a exemplo das deficiências portuá-rias e do modal ferroviário.

Para se ter uma ideia da sua dimensão e representatividade, além de empregar diretamente cerca de 15 mil pessoas, o Com-plexo Industrial de Camaçari pos-sui um faturamento de US$ 16 bilhões/ano, sendo responsável

por 90% do Produto Interno Bruto (PIB) de Camaçari e 20% do PIB da Bahia. A presença de grandes empresas do porte de Braskem, Monsanto e Ford foi fundamen-tal para o seu fortalecimento – a instalação desta última, em 2001, foi, sem dúvida, o marco desse novo momento de diversificação do polo, impulsionando a indús-tria automotiva junto com as pro-dutoras de pneus Bridgestone e Continental.

Onze anos depois, outra mon-tadora anuncia a sua instalação no local, a chinesa JAC Motors, que prevê a construção de uma fábrica, um centro de distribuição e um polo de autopeças no local, investimento estimado em R$ 1 bilhão, criação de três mil empre-gos diretos e produção de 100 mil veículos/ano, a partir de 2014. A quantidade corresponderá a um terço do volume da Ford, que pre-

tende aumentar a produção anual de 250 mil para 300 mil automó-veis e construir uma nova fábrica de motores, a primeira do Nordes-te. Para completar o setor auto-motivo, conforme anunciado pelo governo no início do ano, a mon-tadora chinesa Foton assinou um protocolo de intenções para fabri-car 30 mil vans e micro-ônibus por ano em Camaçari até 2017.

Esses recentes anúncios vêm reforçar um dos grandes anseios do Complexo Industrial, que é continuar atraindo empresas transformadoras para fortalecer a sua cadeia produtiva. “Vemos isso como uma grande oportunidade a ser trabalhada pelo governo e por empresários. O ponto fundamen-tal é eliminar o chamado turismo molecular, que é o envio da ma-téria-prima, agregando custos de logística/transporte na ida, e na volta, quando o produto acabado

chega para ser comercializado. É uma grande oportunidade de gerar investimentos e empregos para o nosso Estado e de interio-rizar o desenvolvimento”, destaca Mauro.

SaúdE, SEgUraNça E MEiO aMBiENtE- Uns dos grandes dife-renciais do Complexo Industrial de Camaçari são os programas de Saúde, Segurança e Meio Am-biente (SSMA). Entre eles está a Análise Preliminar de Perigo do Polo, um dos mais completos es-tudos de risco do mundo, com um programa de gerenciamento de riscos em todas as empresas. “Os grandes grupos citam os progra-mas nas áreas de Segurança, Saú-de e Meio Ambiente como fatores decisivos na escolha de Camaçari, para projetos que já estão operan-do ou em vias de iniciarem suas operações”, destaca Mauro.

Hoje, o Polo dispõe de um Centro de Treinamento para Con-trole de Emergências, com capaci-dade para treinar 3 mil profissio-nais por ano, e conta com o Plano de Auxílio Mútuo, através do qual uma empresa pode recorrer à ajuda das demais para o controle rápido de emergências. Pioneiro no país, esse sistema demonstra a existência de uma consciência co-letiva de segurança, indispensável a um complexo industrial de tal dimensão.

Com a premissa de garantir a segurança em todo o complexo, mensalmente são promovidos encontros e reuniões com grupos específicos, como profissionais das áreas de Saúde, Segurança, Responsabilidade Social e Recur-sos Humanos, visando intensificar treinamentos e o aperfeiçoamen-to de modelos e rotinas operacio-nais.

O Complexo Industrial de Camaçari reúne mais de 90 empresas de diversos setores como celulose, automotivo, energia eólica, fertilizantes, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas e indústrias química e petroquímica

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4Salvador, BahiaSexta-feira, 31/05/2013

Projeto especial de Marketing

Por Sérgio Toniello

Por Marília raMoS

“Contra os que viam nele apenas um sonhador, digo que ele foi um estadista, alguém que sempre colocou o interesse público antes do priva-do, realizando coisas extraordinárias” Fernando Cardoso Pedrão,doutor e docente livre pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

criação do Fundo de Desenvolvimen-to Agroindustrial (Fundagro), que ajudou a modernizar a economia ru-ral. Sob sua orientação, os projetos para o setor agrícola eram elaborados com base em um estudo técnico da geografia de cada região, de forma a desenvolver as potencialidades e corrigir as deficiências das atividades agrícolas.

Pedrão lembra, ainda, que Rô-mulo teve papel preponderante na concepção do Plano Diretor do polo de desenvolvimento de Salvador e Re-gião Metropolitana – o Centro Indus-trial de Aratu (CIA) – e na concepção do Polo Petroquímico de Camaçari. “Ele concebeu nosso Centro Indus-trial e depois o Polo Petroquímico. Da mesma forma, como líder da assesso-ria econômica informal do segundo governo de Getúlio Vargas, foi prota-gonista na criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BN-DES), da Petrobras e da Eletrobras. E, em sua participação na Associação do Livre Comércio da América Latina (ALALC), ele foi importante promotor da integração latino-americana”.

De acordo com o economista Cleber Borges, Rômulo teve também uma destacada atividade acadêmica, atuando como professor da Faculda-de de Ciências Econômicas da UFBA, Escola Brasileira de Administração Pública e da Fundação Getúlio Vargas. Foi a partir dessa experiência que ele idealizou a Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Ensino Su-perior (CAPES), ainda hoje atuante na esfera federal.

Rômulo foi o primeiro homem público a introduzir o planejamento no Estado brasileiro. Na verdade, o significado estratégico do Planeja-mento veio à luz para todo o país em 1955, quando Rômulo Almeida, en-tão secretário da Fazenda do Estado da Bahia, criou e presidiu a primeira Comissão de Planejamento Econômi-co (CPE) do Estado. A visão estratégica do planejamento estava associada a uma perspectiva nacionalista e regio-nal. Para ele, explica Cleber Borges, “planejar era o meio de alcançar a diminuição das desigualdades regio-nais, tomando como elemento dinâ-mico a industrialização”.

Carlos Casaes/ Ag. A TARDE

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Rômulo Almeida, protagonista do desenvolvimento regional no Brasil

Por mais de 40 anos, de 1946 a 1988 (ano do seu falecimento), o econo-mista e professor Rômulo de Almei-da – baiano de Salvador – participou como protagonista dos principais acontecimentos políticos e econômi-cos do país. Ele foi autor de inovações na gestão pública que impulsiona-ram, e continuam impulsionando, o desenvolvimento do Brasil, e, particu-larmente, o desenvolvimento do Esta-do da Bahia. Homem de larga visão política, econômica e social, foi con-siderado por muitos um sonhador, um visionário, pois seu objetivo era pensar o Brasil a partir da Bahia sem depender da visão sulista, nem ceder à burocratização do planejamento que se instalou a partir dos anos 70.

Segundo historiadores e econo-mistas brasileiros, os rumos das polí-ticas de desenvolvimento regional no país passaram, ao longo da segunda metade do século XX, pela visão de Rômulo Almeida. Um dos marcos de sua carreira foi a luta pela inserção da região Nordeste na dinâmica econô-mica nacional, nas perspectivas polí-tica e da industrialização.

Sua atuação foi tão marcante que dirigentes da Comissão Econômi-ca da América Latina (Cepal) o elege-ram um dos sete sábios da América Latina. Quando migrou para o Rio de Janeiro e se tornou colaborador da Cepal, destacando-se pela ampla visão da vida dos países latino-ameri-canos, o economista tornou-se figura notável no plano nacional e interna-cional. Defendeu a integração dos países do continente, debruçando-se, especialmente em torno de um gran-de projeto da Bacia do Prata.

Segundo o professor Fernando Cardoso Pedrão, doutor e docente livre pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), também presidente do Instituto de Pesquisas Sociais, que por muito tempo trabalhou com Rômulo Almeida, o que o mestre teve de mais especial foi a sua tenacidade. “Contra os que viam nele apenas um sonha-dor, digo que ele foi um estadista, al-guém que sempre colocou o interesse público antes do privado, realizando coisas extraordinárias. A geração de Rômulo se caracterizou por pensar o Brasil”.

Uma das grandes formulações de Rômulo Almeida foi o Banco do Nordeste que ele criou e do qual foi o primeiro presidente. O BNB foi a pri-meira instituição na América Latina que combinou, de maneira bem-su-cedida, a avaliação de projetos com pesquisas básicas. O banco priorizou inicialmente a concessão de crédito rural e os projetos de redescontos ru-rais, consolidando a base econômica de financiamentos para o desenvolvi-mento da agricultura.

“O BNB incentivou o desenvol-vimento dos setores de produtos minerais, florestais e agropecuários da região; incentivou também as indústrias de alimentação que in-dustrializavam produtos regionais e contribuíam para melhorar o padrão alimentar do Nordeste e a indústria artesanal e doméstica, levando sem-pre em conta o fator humano”, des-taca Pedrão.

CONCEBEU O POLO- Na Bahia, Rômu-lo inovou ao criar subcomissões por temas, articulando as esferas pública e privada. Partiu dele a proposta de

No próximo dia 29 de junho, o maior complexo industrial integra-do do Hemisfério Sul, o Complexo Industrial de Camaçari, comple-tará 35 anos. Anteriormente co-nhecido como Polo Petroquímico, a mudança no nome anunciou o novo ciclo de expansão e diversi-ficação dos negócios na região, localizada a 50 km de Salvador. Entre os mais recentes investimen-tos estão o Complexo Acrílico da BASF, em parceria com a Braskem, que já está sendo implantado; a montadora JAC Motors e a fábrica de cosméticos d’O Boticário, que, juntos, devem gerar, nos próximos cinco anos, cerca de 17 mil postos de trabalho.

O Complexo Industrial de Camaçari, hoje, reúne mais de 90 empresas de diversos setores como celulose, automotivo, ener-gia eólica, fertilizantes, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas, além, é

Complexo Industrial de Camaçari completa 35 anos

claro, das indústrias química e pe-troquímica. De acordo com Mauro Pereira, superintendente-geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), o polo tem muitas conquistas a comemorar. “A principal delas é o reconheci-mento nacional e internacional de uma área organizada e preparada para receber grandes projetos in-dustriais, o que tem sido o diferen-cial nas decisões dos empresários, quando comparada a outras áreas ao redor do mundo”, destaca. Já entre os desafios, o maior deles continua sendo a infraestrutura, a exemplo das deficiências portuá-rias e do modal ferroviário.

Para se ter uma ideia da sua dimensão e representatividade, além de empregar diretamente cerca de 15 mil pessoas, o Com-plexo Industrial de Camaçari pos-sui um faturamento de US$ 16 bilhões/ano, sendo responsável

por 90% do Produto Interno Bruto (PIB) de Camaçari e 20% do PIB da Bahia. A presença de grandes empresas do porte de Braskem, Monsanto e Ford foi fundamen-tal para o seu fortalecimento – a instalação desta última, em 2001, foi, sem dúvida, o marco desse novo momento de diversificação do polo, impulsionando a indús-tria automotiva junto com as pro-dutoras de pneus Bridgestone e Continental.

Onze anos depois, outra mon-tadora anuncia a sua instalação no local, a chinesa JAC Motors, que prevê a construção de uma fábrica, um centro de distribuição e um polo de autopeças no local, investimento estimado em R$ 1 bilhão, criação de três mil empre-gos diretos e produção de 100 mil veículos/ano, a partir de 2014. A quantidade corresponderá a um terço do volume da Ford, que pre-

tende aumentar a produção anual de 250 mil para 300 mil automó-veis e construir uma nova fábrica de motores, a primeira do Nordes-te. Para completar o setor auto-motivo, conforme anunciado pelo governo no início do ano, a mon-tadora chinesa Foton assinou um protocolo de intenções para fabri-car 30 mil vans e micro-ônibus por ano em Camaçari até 2017.

Esses recentes anúncios vêm reforçar um dos grandes anseios do Complexo Industrial, que é continuar atraindo empresas transformadoras para fortalecer a sua cadeia produtiva. “Vemos isso como uma grande oportunidade a ser trabalhada pelo governo e por empresários. O ponto fundamen-tal é eliminar o chamado turismo molecular, que é o envio da ma-téria-prima, agregando custos de logística/transporte na ida, e na volta, quando o produto acabado

chega para ser comercializado. É uma grande oportunidade de gerar investimentos e empregos para o nosso Estado e de interio-rizar o desenvolvimento”, destaca Mauro.

SaúdE, SEgUraNça E MEiO aMBiENtE- Uns dos grandes dife-renciais do Complexo Industrial de Camaçari são os programas de Saúde, Segurança e Meio Am-biente (SSMA). Entre eles está a Análise Preliminar de Perigo do Polo, um dos mais completos es-tudos de risco do mundo, com um programa de gerenciamento de riscos em todas as empresas. “Os grandes grupos citam os progra-mas nas áreas de Segurança, Saú-de e Meio Ambiente como fatores decisivos na escolha de Camaçari, para projetos que já estão operan-do ou em vias de iniciarem suas operações”, destaca Mauro.

Hoje, o Polo dispõe de um Centro de Treinamento para Con-trole de Emergências, com capaci-dade para treinar 3 mil profissio-nais por ano, e conta com o Plano de Auxílio Mútuo, através do qual uma empresa pode recorrer à ajuda das demais para o controle rápido de emergências. Pioneiro no país, esse sistema demonstra a existência de uma consciência co-letiva de segurança, indispensável a um complexo industrial de tal dimensão.

Com a premissa de garantir a segurança em todo o complexo, mensalmente são promovidos encontros e reuniões com grupos específicos, como profissionais das áreas de Saúde, Segurança, Responsabilidade Social e Recur-sos Humanos, visando intensificar treinamentos e o aperfeiçoamen-to de modelos e rotinas operacio-nais.

O Complexo Industrial de Camaçari reúne mais de 90 empresas de diversos setores como celulose, automotivo, energia eólica, fertilizantes, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas e indústrias química e petroquímica

ESPEC IA L

4Salvador, BahiaSexta-feira, 31/05/2013

Projeto especial de Marketing

Por Sérgio Toniello

Por Marília raMoS

“Contra os que viam nele apenas um sonhador, digo que ele foi um estadista, alguém que sempre colocou o interesse público antes do priva-do, realizando coisas extraordinárias” Fernando Cardoso Pedrão,doutor e docente livre pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

criação do Fundo de Desenvolvimen-to Agroindustrial (Fundagro), que ajudou a modernizar a economia ru-ral. Sob sua orientação, os projetos para o setor agrícola eram elaborados com base em um estudo técnico da geografia de cada região, de forma a desenvolver as potencialidades e corrigir as deficiências das atividades agrícolas.

Pedrão lembra, ainda, que Rô-mulo teve papel preponderante na concepção do Plano Diretor do polo de desenvolvimento de Salvador e Re-gião Metropolitana – o Centro Indus-trial de Aratu (CIA) – e na concepção do Polo Petroquímico de Camaçari. “Ele concebeu nosso Centro Indus-trial e depois o Polo Petroquímico. Da mesma forma, como líder da assesso-ria econômica informal do segundo governo de Getúlio Vargas, foi prota-gonista na criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BN-DES), da Petrobras e da Eletrobras. E, em sua participação na Associação do Livre Comércio da América Latina (ALALC), ele foi importante promotor da integração latino-americana”.

De acordo com o economista Cleber Borges, Rômulo teve também uma destacada atividade acadêmica, atuando como professor da Faculda-de de Ciências Econômicas da UFBA, Escola Brasileira de Administração Pública e da Fundação Getúlio Vargas. Foi a partir dessa experiência que ele idealizou a Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Ensino Su-perior (CAPES), ainda hoje atuante na esfera federal.

Rômulo foi o primeiro homem público a introduzir o planejamento no Estado brasileiro. Na verdade, o significado estratégico do Planeja-mento veio à luz para todo o país em 1955, quando Rômulo Almeida, en-tão secretário da Fazenda do Estado da Bahia, criou e presidiu a primeira Comissão de Planejamento Econômi-co (CPE) do Estado. A visão estratégica do planejamento estava associada a uma perspectiva nacionalista e regio-nal. Para ele, explica Cleber Borges, “planejar era o meio de alcançar a diminuição das desigualdades regio-nais, tomando como elemento dinâ-mico a industrialização”.

Carlos Casaes/ Ag. A TARDE

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas parabeniza a Federação das

Indústrias do Estado da Bahia pelos seus 65 anos dedicados ao desenvolvimento

econômico do nosso Estado.

Parabéns, FIEB, por ajudar a mover, nesses 65 anos de existência,

as engrenagens do Desenvolvimento Industrial da Bahia.

Aos poucos, indústrias seguem em direção ao interior baiano

Embora ainda esteja concentrada em municípios da Região Metropolitana de Salvador, como Camaçari e Si-mões Filho, e no Recôncavo Baiano, a produção industrial na Bahia está caminhando em direção ao interior. São empresas das áreas: automotiva, de bebidas, celulose, calçados, mine-ração, entre outras que contribuem para aumentar, gradativamente, a competitividade da indústria baiana, atraindo novos investimentos para o Estado, além de criar oportunidades de trabalho.

Recente exemplo disso é o com-plexo eólico que será instalado na Bahia, já considerado o maior do Bra-sil. Com investimentos previstos em R$ 6,5 bilhões, serão mais de 50 projetos de usinas elétricas movidas pela força dos ventos, e cinco fábricas de com-ponentes para os geradores eólicos, segundo a Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (SICM). O com-plexo abrangerá 11 municípios, crian-do 1,9 mil vagas de emprego para a população do Semiárido baiano.

Consolidando-se como o polo de bebidas da Bahia, a cidade de Alagoi-nhas vem atraindo grandes empresas nos últimos anos. Com investimentos de R$ 1 bilhão, a cervejaria Itaipava contará com uma unidade no local, além das já existentes Schin e Lata-pack, que produz latas de alumínio. Mais recentemente, foi a vez da Indús-tria São Miguel inaugurar no municí-pio sua primeira fábrica de bebidas no Brasil; com investimentos de R$ 50 milhões e capacidade de produção de 15 milhões de litros de refrigerante por mês, a empresa emprega diretamen-te 500 pessoas.

Outra indústria que também vem se destacando fora da RMS é a de madeira, papel e celulose. Para se

ter uma ideia, o setor florestal ocu-pa 16% do PIB estadual, superando o de Soja e Derivados (14%) e bem próximo ao da Petroquímica (18%). “A Bahia tem uma enorme vocação para a produção de papel e celulose por ter um ambiente propício para a cultura do eucalipto, principal matéria-prima para a fabricação produtiva e ambientalmente correta de produtos derivados dessa madeira”, avalia o presidente do Sindicato de Papel e Ce-lulose do Estado da Bahia (Sindpacel), Jorge Cajazeira.

Por conta do solo e do clima fa-voráveis, o Extremo Sul baiano atraiu grandes empresas da área de papel e celulose, como a Suzano (Mucuri), a Fibria (Nova Viçosa) e a Veracel (Euná-polis). Para isso, é preciso, no entanto, utilizar os recursos de forma conscien-te, exigindo certificação com base em rigorosos padrões socioambientais.

“A sustentabilidade está se transfor-mando em um parâmetro e referen-cial de excelência para o mundo dos negócios. Conciliar o ganho econômi-co, com o social e o ambiental é um caminho que requer disposição estra-tégica”, destaca.

Segundo Cajazeira, além dos ganhos econômicos, a presença de investimentos florestal e agroindus-trial tem gerado um impacto positivo na região. “A cidade de Mucuri, por exemplo, aumentou sua renda per capita em R$ 70 entre os anos de 1991 e 2000. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Mu-curi também cresceu 31,43%, supe-rando a média do Estado da Bahia e do Brasil”, pontua.

qualificação- A interiorização das in-dústrias na Bahia é, portanto, um pro-cesso fundamental para promover o

crescimento econômico. Se, por um lado, o Estado é beneficiado com in-vestimentos e desenvolvimento re-gional, por outro, as empresas têm acesso a novos mercados e oportu-nidades de qualificação, conforme explica Evandro Mazo, gerente geral do Centro das Indústrias do Estado da Bahia (CIEB). “A interiorização é o que pode garantir um ambiente propício para assegurar a competitividade em-presarial e atrair investimentos. É isso que vai garantir a sustentabilidade do crescimento e, consequentemente, o desenvolvimento regional”, pontua.

Em 2011, foi lançado o Programa de Interiorização do Sistema FIEB, que tem como objetivo auxiliar as empre-sas interessadas em buscar qualifica-ção para ingressar na cadeia produti-va. Esse auxílio é feito através do IEL, do SENAI e SESI, e conta com a par-ceria de instituições como o Sebrae,

bancos de fomento ao crédito, se-cretarias estaduais e associações in-dustriais locais. “A orientação é ali-nhar a demanda local com a oferta de produtos e serviços do sistema, contando com a parceria com as-sociações industriais e instituições de representação do interior, cons-truindo o processo de ordenamento dos pleitos locais”, explica Evandro.

Hoje, o Programa de Interio-rização do Sistema FIEB abrange as regiões Oeste, Sul, e Sudoeste e Central (Feira de Santana). Até o final do ano será estendido à região Norte (Juazeiro). Com o 4º maior PIB do Estado, o município de Feira de Santana possui uma localização estratégica, que interliga as princi-pais vias rodoviárias do Sul/Sudes-te e do Norte/Nordeste do país. A região reúne empresas do porte da Nestlé, Belgo Bekaert Arames, Standard Tyres, maior fabricante de pneus especiais da América Latina, e a Pirelli Pneus, que anunciou a ampliação da fábrica.

Outra localidade considerada estratégica pelo programa é Ilhéus. Com 184 mil habitantes e PIB de R$ 1,6 bilhão, a economia de Ilhéus é baseada em serviços e na indústria, em especial, aquelas ligadas ao se-tor de informática e eletrônicos, óp-ticos e telecomunicações. É lá que está situado o Polo de Informática de Ilhéus. Esse polo sofreu com a crise de 2008 e, hoje, necessita de um processo de revitalização para atrair novas empresas do ramo de informática, o que deve ocorrer nos próximos anos com o complexo por-tuário Porto Sul.

escoamento da produção- Para atrair novas empresas e fortalecer

a cadeia produtiva é preciso, além de oferecer benefícios e isenções, investir em infraestrutura para ga-rantir o transporte e o escoamento da produção. A FIOL, o Porto Sul e novas rodovias sinalizam a abertura de caminhos para que grandes em-presas possam aproveitar o poten-cial de cada região.

Além desses, outro atrativo pro-mete ser a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em Ilhéus. O projeto prevê a construção de um distrito industrial, com suspensão fiscal de tributos federais, voltado à exportação da produção, com acesso ao Complexo Industrial de Ilhéus e também ao Porto Sul. “No momento, a indústria deve expor-tar 80% do valor produzido, poden-do vender no mercado interno até 20%. Tramita no Congresso um pro-jeto de lei reduzindo o percentual mínimo de exportação para 60% e a venda no mercado interno de até 40%, já em fase final de apro-vação”, pontua Isaías Mascarenhas, diretor da ZPE Bahia.

Conforme explica Isaías, uma ZPE depende fundamentalmente da logística portuária para escoar a sua produção. Em Ilhéus, a adequa-ção do Porto do Malhado será com-plementada com a implantação do Porto Sul, integrando assim o com-plexo logístico intermodal. “Este é um diferencial competitivo da ZPE de Ilhéus, que poderá contar com dois portos. Com dois portos com-petitivos, juntamente com a FIOL e com o aeroporto, a ZPE de Ilhéus será o polo catalizador do desenvol-vimento, não apenas do Sul da Bah-ia, mas também de largas porções do Brasil Central”, destaca.

ESPEC IA L

5Salvador, Bahia

Sexta-feira, 31/05/2013Projeto especial de Marketing

Por Marília raMos

“A Bahia tem uma enorme vocação para a produção de papel e celulose por ter um ambiente propício para a cultura do eucalipto”Jorge Cajazeira,presidente do sindicato de Papel e Celulose do Estado da Bahia (Sindpacel)

Divulgação

Page 6: Fieb 65 anos

Um dos entraves à competitividade da indústria brasileira é a escassez de mão de obra qualificada para atender as demandas do mercado de trabalho. Entre os profissionais mais requisitados estão os das áreas de Mecânica, Elétrica, Meca-trônica, Eletromecânica, Química, Automação e Controle, Construção Civil, Mineração, Petróleo e Gás e Construção Naval. Na Bahia, alguns cursos têm o objetivo de capacitar os profissionais e atender, princi-palmente, empresas localizadas no Polo Industrial de Camaçari e no Centro Industrial de Aratu, que con-tam atualmente com um déficit nas áreas técnicas, principalmente nas Engenharias e Ciências Exatas.

Sílvia Cavalcanti, psicóloga e orientadora profissional e de car-reira, conta que hoje o mercado considera que a taxa de desem-prego para boa parte dos profis-sionais está negativa, ou seja, há mais vagas do que profissionais qualificados para atender a essa demanda. Muitas vezes, a falta de qualificação é confundida com a fal-ta de oportunidade. “A sensação é que as empresas estão em uma rua, buscando desesperadamente gente qualificada, e as pessoas estão em outra rua, paralela à da empresa, se debatendo por uma oportuni-dade. Desse jeito, sem olhar para o mesmo lado, pessoas e empresas jamais se encontrarão”, pontua.

VISÃO TRANSVERSAL- Atualmente, a indústria tem demandado cursos de várias áreas e profissionais com um perfil diferenciado, priorizando profissionais com domínio técnico e com uma visão mais transversal e interdisciplinar. Luis Alberto Brê-da, gerente do Núcleo Estratégico do Senai-Bahia, acredita que não

‘‘A sensação é que as empresas estão em uma rua, buscando desespe-

radamente gente qualificada e, as pessoas estão em outra rua, paralela

à da empresa, se debatendo por uma oportunidade. Desse jeito, sem olhar

para o mesmo lado, pessoas e empre-sas jamais se encontrarão“

Cresce demanda por mão de obra qualificada na indústria

Sílvia Cavalcanti, psicóloga

Cursos capacitam profissionais para atender déficit no setor Luiz Alberto Brêda, gerente do núcleoEstratégico do Senai-BA

é apenas a formação que contribui para a inserção no mercado de tra-balho, mas um perfil profissional alinhado a alguns requisitos como o relacionamento interpessoal e o empreendedorismo individual, que são essenciais para se conseguir bom posicionamento no mercado, faz toda a diferença. “Não basta ser um bom técnico, tecnólogo, enge-nheiro, é importante que se tenha uma visão sistêmica, empreende-dora e com a capacidade de lidar com as pessoas. As profissões do fu-turo estarão voltadas às áreas que se inter-relacionem com a informá-

tica, software, mecatrônica, auto-mação, comunicação, mobilidade, desenvolvimento de produtos, ges-tão, entretenimento, entre outras”, afirma.

As formações específicas em vários campos de interesse da in-dústria facilitam a inserção dos pro-fissionais no mercado de trabalho. Louise Mota, formada no curso de Aprendizagem Industrial Técnica, atua hoje em uma empresa do Polo Industrial de Camaçari e, desde que se formou, viu a sua vida profissio-nal evoluir de maneira significati-va. “Já tinha interesse em atuar na área, e quando procurei o Senai soube das vagas na área e logo fiz a minha inscrição no curso. Quan-do terminei o curso, já tinha o meu emprego garantido”, conta. Mota diz ainda que no curso realizado conseguiu desenvolver atividades práticas e projetos de conclusão de curso com atividades de solução de problemas industriais reais.

Além de uma boa formação, é necessário que os profissionais façam investimentos em suas car-reiras, para se adequarem ao uso das tecnologias de cada empresa. “Além do aspecto técnico, a indús-tria precisa de profissionais com visão sistêmica, pró-atividade, dina-mismo e facilidade de trabalhar em grupo”, assegura Sílvia Cavalcanti.

Nos cursos, são realizadas ativi-dades de iniciação científica, inter-câmbio científico e tecnológico fora do Estado e do país, além de proje-tos integradores, visitação a fábri-cas, palestras técnicas e atividades de solução de problemas industriais reais. “É feita uma análise da de-manda do mercado, e com isso apli-camos metodologias inovadoras e tecnologias aderentes às necessida-des industriais”, conclui Brêda.

ESPEC IA L

6Salvador, BahiaSexta-feira, 31/05/2013

Projeto especial de Marketing

Por Livia montenegro

Fotos Sistema FIEB

Qualificação é fundamental para a sobrevivência de micro e pequenas empresasResponsáveis por 99% dos em-preendimentos formais no Brasil, hoje as micro e pequenas em-presas (MPEs) empregam mais da metade dos profissionais com carteira assinada no país. Somen-te na Bahia, segundo dados do Dieese/Sebrae, elas foram res-ponsáveis pela criação de 330 mil empregos entre os anos 2000 e 2011, o que corresponde a 76,8% da mão de obra, principalmente nos setores de comércio, serviços, indústria e construção civil. Por estarem inseridos em um merca-do cada vez mais acirrado, micro e pequenos empresários devem buscar o aprimoramento contí-nuo em gestão e inovação, entre outras qualificações, para garan-tirem a sua competitividade e a sobrevivência do negócio.

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae, em 2011, mostrou que três em cada 10 empresas fecham até os dois primeiros anos de atividade. Entre os motivos está a má administração do negócio, tanto por problemas de qualifica-ção como de capital. Além destas, questões como carga fiscal-tribu-tária elevada e logística insufi-ciente também são entraves vivi-dos pelas MPEs na Bahia. “Com frequência, atendemos pequenos empresários que possuem bons produtos, mas seus negócios não são lucrativos, o que acaba in-fluenciando na sua desistência e contribuindo para o alto índice de mortalidade empresarial”, afirma Armando Costa Neto, superinten-dente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Ele cita, ainda, a falta de articulação, de mobilização e a baixa capacitação gerencial dos micro e pequenos empresários como fatores que dificultam a sobrevivência das empresas no mercado.

Para ajudar a transformar esta realidade vivenciada pelas MPEs, instituições como o IEL e o Sebrae vêm desenvolvendo programas e serviços destinados a orientar e qualificar os empresários, estimu-lando o associativismo e a criação de redes empresariais, fundamen-tais para o sucesso da pequena empresa. “De maneira geral, as ações lideradas pelo IEL represen-tam uma oportunidade para que eles exercitem a identificação e a solução de problemas gerenciais, com o propósito de fortalecer o negócio, tornando-o mais compe-titivo”, pontua Armando.

Os profissionais mais atentos, que sabem que o desenvolvimen-to empresarial não acontece da noite para o dia, já estão buscan-do a qualificação necessária para atender à maior demanda nos próximos anos, especialmente em virtude da economia favorável do país e também dos grandes eventos esportivos. “As empresas têm utilizado nossos serviços para atenderem às exigências do mer-

cado comprador e de oportuni-dades recentes para a geração de negócios, como é o caso da Copa do Mundo”, pontua Armando Costa. A recomendação, portan-to, é antecipar-se às demandas e encarar a qualificação como um investimento, não um custo. “Es-perar a oportunidade aparecer para buscar auxílio pode ser mui-to tarde”, alerta.

Ou seja, é preciso muito mais do que ter um bom produto para empreender. “É necessário ante-cipar-se às demandas da clientela e garantir excelência na gestão, afinal, em tempos de concorrên-cia acirrada, leva vantagem quem exercita corretamente funções como: planejamento, precifica-ção, finanças, promoção, gestão de talentos, vendas e controles e, principalmente, inovação”, lista o superintendente do IEL.

FOCO EM INOVAÇÃO- É em ino-vação que o IEL tem focado para estimular as empresas ligadas à indústria, setor que hoje res-

Armando Costa Neto, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL)

‘‘Com frequência atendemos pe-quenos empresários que possuem bons produtos, mas seus negócios não são lucrativos, o que acaba influenciando na sua desistência e contribuindo para o índice de mortalidade empresarial“

De cada

ponde por quase 8% das MPEs na Bahia. “É difícil imaginar a in-dústria baiana competitiva sem o componente da inovação em seu DNA. Sabemos que esse é um pro-cesso gradual e que tão importan-te quanto prepará-las para inovar é fortalecê-las, no sentido de que elas ocupem posições de destaque em seus respectivos mercados”, explica o superintendente.

Para isso, o IEL oferece diversos programas e serviços focados no setor. Entre os principais projetos estão o Indústria Ecoeficiente, que procura apoiar a inovação susten-tável; o Jogo da Inovação, cujo ob-jetivo é levar a prática da inovação para o cotidiano empresarial; o Programa de Qualificação de For-necedores, com foco no aprimo-ramento da gestão das empresas prestadoras de serviços e ofertan-tes de produtos para as empresas-âncora locais; além de serviços de consultoria tecnológica e apoio à captação de recursos. “Sabemos que o caminho é longo, mas temos comemorado o avanço”, finaliza.

PESQUISA

Taxa de Sobrevivência Micro e PequenaS eMPreSaS (2011)

10073 Nordeste

micro e pequenas empre-sas abertas no Brasil,

os profissionais que estão identificando oportunidades de mercado e desejam abrir a sua própria empresa ou querem se informar melhor sobre o assunto, podem recorrer a instituições de apoio como o Sebrae, que lhes auxiliam no aumento da potencialidade empreendedora e criativa.

permanecem em atividade após os primeiros dois anos de existência número cai

para 69,1%.

a mesma pesquisa mostra que as indústrias são as que obtêm mais sucesso:

permanecem ativas nos dois anos seguintes.

em seguida, vem o:

COMÉRCIO SERVIÇOS CONSTRuÇÃO CIVIL

75,1% 74,1% 71,7% 66,2%

Por maríLia ramoS

João Alvarez/ Sistema Fieb

Page 7: Fieb 65 anos

ESPEC IA L

UMA HOMENAGEM DO SINDIBRITA - SINDICATO DA INDÚSTRIA DE MINERAÇÃO DE PEDRA BRITADA DO ESTADO DA BAHIA.

PARABÉNS FIEB, PELOSSEUS 65 ANOS.

A Bahia se tornou uma das maiores economias do país, é o quinto maior produtor de bens minerais, tem um dos seus principais complexos automotivos e um dos mais proeminentes mercados da construção civil e nada disso seria possível sem o seu apoio. Por isso, hoje, antes de mais nada, a gente faz questão de dizer: Muito Obrigado.

SINDIBRITASindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia

HOJE É DIADE PARABÉNS.

7Salvador, Bahia

Sexta-feira, 31/05/2013Projeto especial de Marketing

Inovação tecnológica como cultura organizacional

Elemento crucial no apoio à compe-titividade da indústria, a inovação tecnológica tornou-se um investi-mento essencial para a sustenta-bilidade das empresas e, portanto, para o crescimento econômico do Estado. Dentro desse contexto, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti) e o Instituto Euvaldo Lodi – Núcleo Regional na Bahia (IEL/BA) vêm se debruçando em ações e programas voltados ao estímulo do processo de inovação tecnológica.

Colocar o Estado como pri-meiro centro de convergência da inovação tecnológica do Norte/Nordeste, segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Paulo Câmara, é uma estratégia essencial do Governo, cujo obje-tivo é imprimir um novo ritmo de desenvolvimento sustentável na Bahia. “A articulação com a comu-nidade científica é a base da nossa administração, que está voltada, em especial, para o incremento de tecnologias de ponta”, afirma. A implementação do Parque Tecno-lógico da Bahia, completa, é parte desse investimento que busca, jun-tamente com o empresariado, com o Poder Público e com a sociedade em geral, impulsionar o desenvol-vimento socioeconômico.

Conforme o secretário Paulo Câmara, a inauguração do Parque Tecnológico (Paralela), em 2012, foi um grande marco e trouxe para a Bahia novas perspectivas para o conhecimento, para a pesquisa e

para a inovação. “O Parque Tecno-lógico tem a missão de contribuir para o desenvolvimento do Esta-do, com a criação de um centro de excelência em pesquisa aplicada, agrupando entidades públicas e privadas para avançarem na pro-moção e no empreendedorismo tecnológico como instrumento de transformação social e cultural”.

Competitividade- O Instituto Eu-valdo Lodi – Núcleo Regional da Bahia (IEL/BA), por sua vez, vem contribuindo para o processo de capacitação e modernização tec-nológica empresarial, ao difundir a cultura da inovação e proporcionar maior competitividade às indús-trias do Estado. O objetivo, como explica o superintendente do IEL, Armando Neto, é buscar soluções criativas que garantam a competi-tividade.

Criado, em 1969, pela Fede-ração das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), o IEL atua, desde 1994, em projetos de tecnologia e inovação em empresas privadas ou instituições governamentais de apoio ao desenvolvimento indus-trial, tecnológico e de inovação, difundindo a cultura da inovação e proporcionando maior competitivi-dade às indústrias do Estado.

Segundo o superintendente do IEL, a inovação tem sido trata-da como fator determinante para a permanência das empresas em mercados cada vez mais competi-

tivos. “O tema inovação segue uma tendência nacional, seja por meio do apoio de agências de financia-mento para projetos inovadores ou pela necessidade de incorporar a temática em sua cultura organiza-cional. A empresa que inova, busca novos conhecimentos, estimula sua equipe e está atenta às novidades tecnológicas, obtém novos produ-tos, novos modelos de negociação, novos mercados”, fundamenta.

No Fórum de Inovação Tecnoló-gica, coordenado pelo IEL, entidade do Sistema FIEB, um dos focos de discussão é sobre a importância de investimento em capacitação de pessoal. “Sentimos que a Bahia não está bem posicionada no campo da inovação, mas está melhorando. As empresas estão percebendo, cada vez mais, a importância de se inserir nessa temática porque, do contrá-rio, podem não sobreviver”, afirma o superintendente do IEL.

Junto ao ambiente de confian-ça, a autonomia individual da equi-pe é um componente chave da ino-vação, segundo especialistas. “Se o funcionário recebe metas claras e tem a liberdade para criar, a empre-sa proporcionará um terreno fértil para a inovação. Mas se um gestor quer controlar tudo, gerenciando to-dos os movimentos do funcionário, acaba por sufocar a criatividade e o pensamento individual, necessários para a inovação”, enfatiza Jeffrey Baumgartner, no livro The Way of the Innovation Master.

Paulo Câmara , secretário de Ciência e Tecnologia e Inovação Tecnológica

‘‘O Parque Tecnológico tem a missão de contri-buir para o desenvolvimento do Estado, com a

criação de um centro de excelência em pesquisa aplicada, agrupando entidades públicas e pri-vadas para avançarem na promoção e no em-

preendedorismo tecnológico como instrumento de transformação social e cultural“

O Parque Tecnológico trouxe para a Bahia novas perspectivas para a pesquisa e para a inovação

Por Claudia lessa

Eduardo Moody/ Divulgação

Divulgação

Page 8: Fieb 65 anos

ASSOCIADOS

3.000Trabalhos

Diretos

12.500TrabalhosIndiretos

Da produçãode celulose

do Brasil

5%

Maior produtor de celulose solúvel com 91%;4º maior produtor brasileiro de papel;17% da produção brasileira de celulose;658 mil hectares de florestas plantadas;Associados preservam 306 mil hectares de mata nativa.

A BAHIA:

É MUITO BOM SER REPRESENTADO

POR QUEM PENSACOMO A GENTE.

Transformar a Bahia, com um planejamento alinhado e ordenado das nossasações tem sido a contribuição da FIEB nestes 65 anos. Pensar e defendera sustentabilidade, competitividade, geração de renda, qualificaçãoprofissional e inovação. Uma Instituição que apoia, fomenta a interiorização e o crescimentosustentável da indústria. Uma federação que nos representa nestas quase 6décadas de fundação do SINDPACEL, por meio de planejamento, parceria,inovação, qualificação profissional, modernização e sustentabilidade nasações desenvolvidas.

UMA HOMENAGEM DO SINDPACELAOS 65 ANOS DA FIEB.

SUSTENTABILIDADE REFLETIDA NOS NOSSOS NÚMEROS:

71 3450.1126 | [email protected]