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Educação na Antiguidade: Egito, Roma e Grécia Trabalho realizado sob orientação

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Educação na Antiguidade: Egito, Roma e Grécia

Trabalho realizado

sob orientação

da professora

Edivaneide.

José Firmino de Melo Júnior

Cajazeiras, 08 de Abril de 2011

Introdução

Egito

O Egito Antigo não era uma sociedade alfabetizada – poucas pessoas sabiam ler ou escrever. Mas rituais e feitiços eram essenciais para a religião e eram gravados pelos escreventes; tumbas, monumentos e esquifes eram fabricados por artesãos com a misteriosa escrita hieroglífica.

Até a decodificação empreendida por Champollion, acreditava-se que hieróglifos eram meras representações ilustrativas de palavras. Mas Champollion provou que eles constituíam uma mistura complexa de ilustrações, sons fonéticos e letras alfabéticas, e que o Egito Antigo era ligada ao copta, ainda falado nos ritos da Igreja Cristã Copta. O papiro foi usado pela primeira vez em 4000 a.C. e se transformou no maior artigo de exportação do Egito. Foi produzido sob monopólio do estado e seu processo de produção era secreto. Diferentemente do papel, que é feito de fibras de plantas esmagadas, o papiro é feito de pequenos e finos pedaços do talo da cana do papiro, umedecido por três dias até clarear. Os pedaços são colocados em toalhas de linho, primeiro horizontalmente e então verticalmente. Depois são empilhados e colocados para secar ao sol. Quando o papel foi inventado na China em 105 d.C., a produção de papiro foi interrompida. Em 1965, um cientista egípcio redescobriu o segredo de sua fabricação.

Grécia

      A educação na Grécia teve formas diferentes. No decorrer deste trabalho, veremos essas diferenças. Em Esparta ela assume um papel de preparação para a guerra. Entretanto, em Atenas assume um papel mais intelectual.

      Na Grécia  foi o local onde fluiu a sofística, mesmo que, não tenha sido a Grécia o local de origem da sofística. Os sofistas tiveram grande importância na profissionalização da educação. Além disso, a Grécia é considerada como o berço da pedagogia.

      No decorrer deste trabalho veremos todos esses aspectos da educação grega e as contribuições que ela trouxe até os dias de hoje.

Roma

Posicionada na região central da Península Itálica, a cidade de Roma deu origem a uma das mais importantes civilizações e influenciaram os valores do mundo ocidental contemporâneo. De sua longa trajetória histórica e dos valores de sua cultura, herdamos várias línguas, concepções estéticas, instituições e formas de governo que tornaram se grandes referenciais na contemporaneidade.

Em Roma, o pensamento dos romanos tendia para o prático, enquanto que os gregos se preocupavam com a racionalidade, harmonia e preparação. A sua instrução escolar no sentido técnico, especialmente das letras, é quase totalmente grego, pois os romanos julgavam tudo pelo critério da utilidade ou da eficácia.

Educação na Antiguidade

Egito

A sociedade egípcia é considerada uma das mais ricas em termos de concepções educacionais. Os próprios gregos – educadores dos romanos – reconhecem o "pioneirismo" desta civilização.

Platão , expressa imensa admiração pelo saber do povo egípcio referindo-se ao deus Thort ( deus egípcio ) : "o inventor dos números, do cálculo, da geometria e da astronomia, sem falar do jogo do tabuleiro e dos dados e, enfim, das letras do alfabeto". No Egito os saberes que se desenvolveram foram a geometria, a astronomia e a matemática. Estas ciências eram úteis para as atividades necessárias ao povo que encontrava-se próximo a um grande rio e dotada de avançada agricultura. Nota-se também que no Egito já existia a hierarquização do trabalho e para isso, eram necessárias as escolas "intelectuais" onde eram desenvolvidos os estudos de matemática de geometria e astronomia, as escolas "práticas" para a formação de artesãos e treinamento de guerreiros, e as escolas de ciências esotéricas e sagradas para a formação de sacerdotes. Estas escolas eram utilizadas pelas classes dominantes para fortalece-las assegurando-as o poder.

 O Antigo Império ( 3200 – 2200 a .C )

 Um breve relato histórico

A partir do IV milênio a. C formaram-se no Egito os nomos, ( clãs reunidos em torno de um sacerdote ), e da unificação destes nomos surgiram dois reinos distintos, um ao norte e o outro ao sul do país. O reino do sul, vencendo o reino do norte unificou os dois reinados. Por volta de 2850 a. C, o Faraó Djoser fundou a terceira dinastia. Nesta época fez-se necessária a contratação de um arquiteto para responsabilizar-se pelos controles da inundação do rio Nilo.

 Educação

Quanto ao processo educativo, tem-se registros sobre a Literatura Sapiencial, (estudos morais e comportamentais ),também comum as outras culturas do Oriente Próximo, e que era restrita às classes dominantes.

Estes ensinamentos eram transmitidos sob forma de "conselhos de pai para filho ou de escriba para discípulo". A educação estava voltada para o desenvolvimento da fala, da obediência e da moral. A fala não deve ser entendida apenas no sentido estético, o falar bem em especial, mas também os outros ensinamentos, eram as "bases" para a conquista e a garantia do poder político. A obediência liga-se intimamente ao comando e, necessariamente um governante deve saber comandar. Num reino autocrático a subordinação é constante e para isso faz-se necessário o uso do castigo .

Assim percebe-se que a educação era transmitida rigidamente com aplicações de penas aos que não aprendem corretamente.

" Pune duramente e educa duramente ! " ( Br. 43 ); ( Manacorda, 15 ).

A cultura restringe-se apenas "aos filhos do rei" e aos nobres como forma de garantir a continuidade do poder à nobreza. Encontramos então, a existência de uma definição de classes sociais com relação entre "domínio – produção" e "cultura – trabalho" ( classe dominante – classe dominada ). A classe dominante possuidora das técnicas de dominação e a classe dominada possuidora das técnicas de produção.

  A Educação no Egito, apesar das poucas informações dadas, ela se dá em uma casa ou mesmo templos com aproximadamente 20 alunos. O aprendizado no Egito é através de memorização e ainda é utilizado de castigo.

      Os alunos recebem tais informações sentados em esteiras. O ensino é direcionado à pratica com exercícios e com aplicações de artes da arquitetura da época do comércio e da administração. Ainda existe o acompanhamento através de livros sagrados, onde aplica-se " Exortações Morais" e "Coerções Físicas ", que seriam os recursos de castigos. Lembra-se bem que essas casas onde se pronuncia o ensino também chamada de "Casa da Vida", dando o acolhimento ao saber superior, que serve com um teto para os saberes da Educação Egípcia.

      O ensinamento no Egito há uma particularidade com aquele aluno aplicado; é dada então a oportunidade de escolher o professor que melhor lhe convier. Podemos dizer que o ensino Egípcio é muito aproveitável na questão do interesse ao cultivarem a Ciência . Mesmo assim há críticas com relação ao ensinamento por ele usar o monopólio cultural que vem dos sacerdotes e também pelo abandono da Educação feminina.

      Apesar da ciência fazer parte da Educação, é bom lembrar que não se tem teoria na questão de muitas informações obtidas em tal conhecimento. Assim podemos afirmar uma boa caminhada para o pensamento grego.

      A educação Egípcia tendo um peso muito forte da religião, ainda há o uso da aritmética na sua prática. Sendo feito uma análise na quantidade de tijolos que serão usados por exemplo, em um construção, usando problemas de geometria destinados a agrimensura.

      Ressaltemos ainda que bem no início da História do Egito, os Egípcios usavam figuras chamadas Hieróglifos para se comunicarem. Pois cada figura possuia seu significado único. Chegou uma época que misturou letra com figuras. Acreditamos que seja os Fenícios que tenham usado as letras em primeiro com inspiração nos Egípcios.

      Sabemos através dessa informação que asa primeiras letras do alfabeto deles são: "aleph" e "beth". Tendo seus significados respectivamente com "boi" e "casa". Quando os Gregos copiaram as letras dos Fenícios, as mesmas tornaram-se ALFA e BETA. Se adaptarmos essas descobertas, teremos o nosso "alfabeto" atual. E assim os Gregos foram tomando formas nas letras, dando chances a grandes descobertas em caracteres. Não podemos deixar de comentar sobre a nossa Língua Mãe, que por obviedade vem do latim, passando ser a Mãe de todas as línguas.

 

Grécia

      A Grécia está localizada a leste do mar Mediterrâneo, na Península Balcânica, apresentando relevo acidentado e um litoral recortado por golfos e bóias, banhado pelo mar Egeu e pelo mar Jônio.

Em Atenas dava-se uma grande importância à educação, de tal forma que era a Eclésia ou Assembléia do povo que, por voto, elegia os encarregados da educação dos jovens entre os dezoito e os vinte anos, chamados efebos. Na época Arcaica, a educação dos jovens centrou-se sobre tudo na vertente militar, completada com a ginástica, uma vez que era premente a necessidade de defender as cidades e a ginástica preparava os competidores para Jogos Olímpicos. Contudo, foram-se agregando cada vez mais componentes de forma a atingir o ideal da kalocagathia (síntese do belo e do bom, representados pela perfeição do corpo e do espírito) e a completar e diversificar a formação dos cidadãos, únicos a poderem ascender a cargos como os de arconte e de estratego e fazer parte da Eclésia e da Bulé. Assim, a educação não era acessível aos metecos e todos os que não fossem filhos de pais naturais da polis, e vai-se progressivamente complexificando a partir do século VI a. C. As ilustrações presentes na cerâmica grega mostram, por exemplo, o kitharistes ou professor de cítara a ensinar os seus alunos a acompanharem-se no canto de obras e o paidotribes ou professor de ginástica ensinando na palestra ou ginásio com uma vara bifurcada. A partir do século V a. C. surge o gramatistes, professor de escrita e leitura. Além do ensino ser ministrado nas escolas era também comum a apreensão de conhecimentos em atos sociais, como banquetes, palestras e o convívio na Ágora. Na época Clássica, os sofistas (entre os quais se destacaram Protágoras, Antifonte de Atenas, Górgias e Pródico) desempenharam um papel de relevância, uma vez que revolucionaram o ensino, tornando-o itinerante e pago, algo que nunca tinha acontecido até esta altura. Os sofistas preferiam grandes aglomerados de pessoas como auditório e discorriam sobre todas as áreas do saber, além do processo educativo se ter alargado, acompanhando a criança até à idade adulta e dando origem ao conceito de paideia. Surgiram deste modo novos compartimentos do saber, como a prosa artística em ático, a crítica literária, a gramática, o ensino teórico, a retórica, a dialética e a matemática, além da astronomia, da aritmética e da geometria, visando esta universalidade criar um

homem mais competitivo, ideal, apto a responder a todos os desafios. A paideia passou então a designar a cultura que qualquer homem deveria idealmente possuir para se tornar completo, e ganhou tal importância na época Helenística que se elaborou um conjunto de leis destinadas a regular a educação. Compartimentou-se o ensino a ministrar aos alunos entre os sete e os dezanove anos em três níveis, sendo estes instruídos em matérias como a ginástica, que continuou a ocupar um lugar muito relevante, a leitura e escrita, a música (com menos incidência que anteriormente), a astronomia, a geometria, a aritmética, os estudos literários (estes sim, basilares), a retórica, a dialética e a efebia. Esta última, que se incluía no último grau, compreendia a aprendizagem militar, religiosa, moral, científica e filosófica. A especialização última dava-se com tudo nos âmbitos da filosofia (que abrangia a física, a lógica e a ética e em que se destacaram as escolas epicurista e estoicista), da ciência (centrada no Templo das Musas de Alexandria, onde se estudava a física, a matemática, a astronomia, a medicina, a engenharia e a geografia), dos estudos literários (que iniciaram a pontuação e acentuação de palavras, assim como a crítica textual, e cujos mais importantes núcleos foram as bibliotecas de Alexandria e do Serapeion) e da retórica (baseada na obra de Aristóteles e dividida em invenção, disposição, elocução, mnemotecnia e ação).

  FORMAÇÃO DO POVO GREGO

        O período anterior à formação do povo grego é denominado pré-Homérico, ou da Grécia Primitiva na região ocupada pela população autóctone - isto é, originária da própria região -, desenvolveu-se a civilização creto-Micênica, cujos principais centros eram a cidade de Micenas e a Ilha de Creta.

      Os cretenses foram fundadores do primeiro império marítimo de que se tem notícia, e os mesmos cultivavam vinhas, cereais e oliveiras que utilizavam para seu próprio consumo ou para exportar para outras regiões. Ensinados por outros povos tornaram-se hábeis artesãs, trabalhando principalmente com metais e cerâmica.

      Utilizando as madeiras , construíram navios de até vinte metros de comprimento. São famosos seus edifícios públicos, embora não tenham ficado vestígios dessas construções.

      O surgimento da filosofia na Grécia não é na verdade, um salto realizado por um povo privilegiado, mas a culminância de um processo que se fez através de milênios e para o qual concorreram diversas transformações.

A escrita gera uma nova idade mental fixando a palavra, e consequentemente, o mundo para além daquele que o profere.

E o advento da lei escrita ? Drácon, Sólon e Clístenes são os primeiros legisladores que marcam uma nova era.

A invenção da Moeda desempenha um papel revolucionário. Muito mais do que um metal precioso que se troca por qualquer mercadoria, a moeda é um artifício racional, uma convenção humana, uma noção abstrata de valor.

A filosofia, "filha da cidade": a filosofia surge como problematização e dicursão de uma realidade antes não questionada pelo mito.

A EDUCAÇÃO ESPARTANA

        Grécia achava-se dividida em Cidades-Estado, das quais as mais conhecidas são as antagônicas Esparta e Atenas. Esparta ocupava o fértil vale do rio Eurotas, na região da Lacônia, ao sudeste da península do Peloponeso.

      "Por volta do século IX, o legislador Licurgo organiza o Estado e a educação. De início os costumes não são tão rudes, e a formação militar é entremeada com a esportiva e a musical. Com o tempo e, sobretudo no século IV a.C. quando Esparta derrota Atenas - o rigor da educação se assemelha à vida de caserna".

      "A visão que os gregos tinham do mundo os distinguia de todos os demais povos do mundo antigo, ao contrário destes, os gregos em vez de colocarem a razão humana a serviço dos deuses ou dos deuses monarcas, enalteceram a razão como instrumento a serviço do próprio homem (...) Recusavam qualquer submissão aos sacerdotes e tampouco se humilhavam diante dos seus deuses. Glorificavam o homem como o ser mais importante do universo (...) O primeiro povo a enfrentar explicitamente o problema da natureza, as idéias, as tarefas e objetivos do processo educativo foi o povo grego. Os alicerces institucionais dessa atitude encontram-se na realidade sócio-poética da Grécia, processo que se realiza entre 1200 e 800 a.C. Trata-se do período pré-Homérico. Esse período recebeu esse nome, devido ao conhecimento baseado na interpretação da lendas contidas nos poemas épicos: A ILÍADA e A ODISSÉIA, que a tradição atribui ao poeta grego Homero.

EDUCAÇÃO ATENIENSE

      Atenas passou pelas mesmas fases de desenvolvimento de Esparta; mas enquanto Esparta se deteve na fase guerreira e autoritária, Atenas priorizava a formação intelectual sem deixar de lado a educação física que não se reduzia apenas a uma simples destreza corporal mas que vinha acompanhada por uma preocupação moral e estética.

      A primeira parte de sua cultura aparecem formas simples de escolas e a educação deixa de ficar restrita à família e a partir dos 7 anos começava a educação propriamente dita, que compreendia a educação física, a música e a alfabetização. O pedotriba era o responsável em orientar a educação física na palestra onde os exercícios físicos eram praticados.

      Além da educação física, a educação musical era extremamente valorizada não se limitando apenas à música mas também a poesia, canto e a dança. Os locais que eram praticados eram geralmente as palestras ou, então, em lugares especiais. O ensino elementar como a leitura e a escrita durante muito tempo não teve a sua devida atenção como teve as práticas esportivas e musicais tanto que os mestres eram geralmente pessoas humildes e mal pagas e não tinham tanto prestigio quanto o instrutor físico.

      Com o passar do tempo foi se exigindo uma melhor formação intelectual delineando-se três níveis de educação: elementar, secundária e superior. O didáscalo era o responsável em ensinar a leitura e a escrita em locais não definidos e com métodos que dificultam a aprendizagem e por volta dos 13 anos completava-se a educação elementar.

      Aqueles que tinham maiores condições de continuar os seus estudos entravam para a educação secundária ou ginásio onde, inicialmente, eram praticados os exercícios físicos e musicais, mas com o tempo deu-se lugar as discussões literárias abrindo espaço para o estudo de assuntos gerais como a matemática, geometria e astronomia principalmente a partir das influências dos professores. O termo secundário chegou mais próximo do seu conceito atual quando foram criadas as bibliotecas e salas de estudos.

      Dos 16 aos 18 anos, a educação superior só se dá com os sofistas, que mediante retribuições elevadas se encarregavam de preparar a juventude para a oratória. Sócrates, Platão e Aristóteles também ministravam a educação superior.

      Neste contexto não havia uma preocupação com o ensino profissional, pois estes eram aprendidos no próprio mundo do trabalho com exceção da medicina que era uma profissão altamente valorizada entre os gregos e que tomavam como parte integrante da cultura grega.  

A EDUCAÇÃO NO PERÍODO HELENÍSTICO  

      No final do século IV a. C., inicia-se a decadência das cidades-estados gregos assim como a sua autonomia e a força da cultura helênica se funde à das civilizações que a dominam se universaliza e converte-se em helenísticas; nesse período a antiga Paidéia, torna-se enciclopédia ou seja, educação geral" consistindo na ampla gama de conhecimentos exigidos na formação do homem culto diminuindo ainda mais o aspecto físico e estético.

      Nesse período eleva-se o papel do pedagogo com a criação do ensino privado e o desenvolvimento da escrita, leitura e o cálculo. O conteúdo abrangente das disciplinas humanistas (gramática, retórica e dialética) e quatro científicas (aritimética, música, geometria e astronomia). Além do aperfeiçoamento do estudo da filosofia e, posteriormente, o de teologia na era cristã. Inúmeras escolas se espalham e da junção de algumas delas (Academia e Liceu) é formada a Universidade de Atenas, foco importante de fermentação intelectual, que perdura inclusive no período de dominação romana.

PERÍODO CLÁSSICO  

      Atenas havia se tornado o centro da vida social, política e cultural da Grécia, em virtude do crescimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares. Atenas viva seu momento de maior florescimento da democracia. "A democracia grega possuía duas características de grande importância para o futuro da filosofia. Em primeiro lugar, a democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis. Em segundo lugar, e como conseqüência, a democracia, sendo direta e não por eleição de representantes no governo, garantia a todos a participação no governo e os que dele participavam tinham direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia assim, a figura do cidadão".

  Contudo, é bom lembrarmos que as opiniões, não eram simplesmente jogadas às assembléias e aceitas por elas, era necessário que o cidadão além de opinar, falar, deveria também buscar persuadir a assembléia, daí o surgimento de profundas mudanças na educação grega, pois antes da democracia as famílias aristocratas eram donas não só da terra como também do poder. A educação possuía um padrão criado por essas famílias que era baseado nos dois poetas gregos Homero e Hesíodo que afirmava que o hom em ideal era o guerreiro belo e bom.

      Entretanto, com a chegada da democracia, o poder sai das mãos da aristocracia e, "esse ideal educativo vai sendo substituído por outro. O ideal de educação do Século de Péricles é a formação do cidadão." O cidadão somente se faz cidadão a partir do momento em que exerce seus direitos de opinar, discutir, deliberar e votar nas assembléias. Dessa forma, o novo ideal de educação é a formação do bom orador, ou seja, aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política. Para suprir a necessidade de dar esse tipo de educação aos jovens em substituição a educação antiga, surgem os sofistas que foram os primeiros filósofos do Período Clássico. Em síntese, os sofistas surgem por razões políticas e filosóficas, entretanto, mais por funções políticas.

      Os sofistas foram filósofos que surgiram de várias partes do mundo e não tinham portanto, uma origem bem definida. "Sofista significa (...) "sábio" - "professor de sabedoria". (...)[Em] um sentido pejorativo, passa a significar "homem que emprega sofismas", ou seja, homem que usa de raciocínio capcioso, de má-fé com intenção de enganar.

      Os sofistas contribuíram bastante para a sistematização da educação. Eles se julgavam sábios, possuidores da sabedoria e como Atenas passava por uma fase de crescimento cultural e econômico e paralelo a isto, o surgimento da democracia, os sofistas ensinavam principalmente a retórica, que é a arte da persuasão, instrumento principal para o cidadão que vivia a democracia. Contudo, é bom ressaltar que não ensinavam de graça, mas cobravam, e bem, por seus ensinamentos. Isso teve grande contribuição na profissionalização da educação.

      Entretanto, por cobrarem e se julgarem sábios e possuidores da sabedoria, foram bastante criticados por Sócrates e seus seguidores, haja vista que para Sócrates o verdadeiro sábio é aquele que reconhece sua própria ignorância. Para combater os sofistas, Sócrates desenvolve dois métodos que são bastantes conhecidos até os dias de hoje: a ironia e a maiêutica. O primeiro consiste em conduzir, através de questionamentos, o ouvinte que até o momento está convencido de que domina completamente determinado conteúdo, de que este não sabe realmente tudo. A partir do momento em que este se convence disto, Sócrates passa a utilizar o segundo método que é a maiêutica, que significa dar luz às idéias. Nesse momento o ouvinte consciente de que não sabe tudo busca saber mais buscando respostas por si próprio.  

A PEDAGOGIA GREGA 

      O termo pedagogia é de origem grega e deriva da palavra paidagogos, nome dado aos escravos que conduziam as crianças à escola. Somente com o tempo, esse termo passa a ser utilizado para designar as reflexões feitas em torno da educação. Assim, a Grécia clássica pode ser considerada o berço da pedagogia, até porque é justamente na Grécia que tem início as primeiras reflexões acerca da ação pedagógica, reflexões que vão influenciar por séculos a educação e a cultura ocidental.

      Os povos orientais acreditavam que a origem da educação era divina. O conhecimento que circulava na comunidade resumia-se aos seus próprios costumes e crenças. Essa realidade impedia uma reflexão sobre a educação, uma vez que esta era rígida e estática, fruto de uma organização social teocrática. A divindade, portanto, era autoridade máxima, logo, sua vontade não poderia ser contestada.

      Na Grécia Clássica, pelo contrário, a razão autônoma se sobrepõe às explicações puramente religiosas e místicas. A inteligência crítica, o homem livre para pensar e formar os juízos a cerca da sua realidade, preparado não para submeter-se ao destino, mas para influenciar e ser agente de transformação como cidadão, eis no que resume-se a revolucionária concepção grega da educação e seus fins.

      Dentro dessa nova mentalidade, surgem várias questões cuja reflexão visa enriquecer os fins da educação. Como por exemplo:

- O que é melhor ensinar ?

- Como é melhor ensinar ?

      Essas questões enriquecem as reflexões de vários filósofos e dão origem à dimensões tendenciosas. Para entendermos melhor é necessário fazermos a divisão clássica da filosofia grega, não esquecendo que o eixo central é Sócrates:

Período pré-socrático (Século VII e VII a.C.); os filósofos das colônias gregas que iniciam o processo de separação entre a filosofia e o pensamento mítico.

Período socrático (Séculos V e IV a.C.) Sócrates, Platão e Aristóteles. Os sofistas são contemporâneos de Sócrates e alvos de suas críticas. Isócrates também é desse período.

Período pós-socrático (Séculos III e II a.C.) época helenística, após a morte de Alexandre. Fazem parte ainda as correntes filosóficas mais famosas: o estoicismo e o epicurismo.  

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO  

      O período pré-socrático inicia-se por volta do século VI a.C., quando aparecem os primeiros filósofos nas colônias gregas da Jônia e na Magna Grécia. Podemos dividi-los em várias escolas:

Escola Jônica: fazem parte os seguintes filósofos: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Empídoeles;

Escola Itálica: Pitágoras;

Escola Eleática: Xenófones, Parmênides, Zenão;

Escola Atomista: Gencipo e Demócrito.

      Esse período caracteriza-se como uma nova forma de analisar e ver a realidade. Antes esta era analisada e entendida, apenas do ponto de vista mítico, agora é proposto o uso da razão, o que não significa dizer que a filosofia vem para romper radicalmente com o mito, mas sim para suscitar o uso da razão no esclarecimento, sobretudo da origem do mundo.

      Os antigos relatos míticos da origem, inicialmente transmitidos oralmente e depois transformados em poemas por Homero e Hesíodo, são questionados pelos pré-socráticos, cujo objetivo principal é explicar a origem do mundo a partir do "arché" ou seja, o elemento originário e constitutivo de todas as coisas.

      Nessa busca de desvendar racionalmente a origem, cada um surge com uma explicação diferente, como por exemplo:

- Tales: a origem é a água;

- Anaxímenes: a origem é o ar;

- Anaximandro: a origem está no movimento eterno que resulta na separação dos contrários (quente e frio, seco e úmido, etc.)

- Heráclito: tudo muda, tudo flui. A origem reside num constante ‘devir".

- Parmênides: A origem está na essência: o que é, é e não pode ser ao mesmo tempo.

      Outra diferença que podemos notar entre a filosofia nascente e as concepções míticas é que esta era estática, ou seja, não admitia reflexões ou discordância. A filosofia nascente por sua vez, deixa o espaço livre para reflexão, daí cada filósofo surgir com uma explicação diferente para o "arché", ou seja, a origem.

      Apesar dessas diferenças, vale ressaltar que não há uma ruptura radical com o pensamento mítico, permanecendo este, presente em algumas explicações desses filósofos frente às divindades, uma vez que este não aceita a interferência dessas nas explicações. Assim, a "phisys" (natureza)é dessacralizada e todas as afirmações passam a exigir fatos que justifiquem as idéias expostas.

      Toda essa mudança de pensamento é de fundamental importância para o enriquecimento das reflexões pedagógicas em busca de uma educação ideal que faça do homem grego senhor de si mesmo, combatendo assim, as velhas idéias de submissão às explicações puramente mitológicas.  

O PENSAMENTO DE PLATÃO 

      Se Sócrates foi o primeiro grande educador da história, Platão foi o fundador da teoria da educação, da pedagogia, e seu pensamento foi baseado na reflexão pedagógica, associada à política.

      Platão nasceu em Atenas (428 -347 a.C.) de família nobre. Foi discípulo de Sócrates, que induziu ao estudo da filosofia. O vigor de seu pensamento nos faz questionar sempre o que de fato é socrático e que já é sua criação original.

      Para que possamos compreender a proposta de Platão, não podemos dissociá-la do projeto inicial que é, antes de tudo, político: vejamos algumas características do pensamento filosófico de Platão.

      Platão se preocupou a vida inteira com os problemas políticos. A situação de seu país, saído de uma tirania, o impede de participar ativamente da vida política, em compensação, de dica a esta, grande parte de seus escritos entre eles as obras mestras, A República e as leis.

      No livro VII de A República, Platão relata o mito da caverna. A análise deste mito pode ser feita pelo menos sob dois pontos de vista:

1. Epistemológico (relativo ao conhecimento): compara o acorrentado ao homem comum que permanece dominado pelos sentidos e só atinge um conhecimento imperfeito da realidade.

2. Político: quando o homem se liberta dos grilhões é o filósofo, ultrapassa o mundo sensível e atinge o mudo das idéias, passando da opinião à essência,

deve se dirigir aos homens para orientá-los. Cabe ao sábio dirigir, sendo-lhe reservada a elevada função da ação política.  

A UTOPIA PLATÔNICA  

      Platão propõe uma utopia, onde são eliminadas a propriedade e a família, e todas as crianças são criadas pelo estado, pois para Platão, as pessoas não são iguais, e por isso devem ocupar posições diferentes e serem educadas de acordo com essas diferenças.

      Até os 20 anos, todos merecem a mesma educação. Ocorre o primeiro corte e definem-se quem tem "alma de bronze", são os grosseiros, devem se dedicar a agricultura, comércio e ao artesanato.

      Mais dez anos de estudo, se dá o segundo corte. Aqueles que tem "alma de prata". É a virtude da coragem. Serão guerreiros que cuidarão da defesa da cidade, e a guarda do rei.

      Os que sobrarem desses cortes por terem "alma de ouro" serão instruídos na arte de dialogar e preparados para governar.

      Quando analisamos o postulado platônico voltado para sua época, é visível uma dicotomia na relação corpo e espírito.

      Na Grécia Antiga, o cuidado com o aspecto físico do corpo merecia uma atenção muito especial. No entanto, Platão apesar de reconhecer a importância atribuída aos exercícios físicos, acreditava que uma outra educação merecia relevante atenção ao ponto de ser superior às questões corporais. Trata-se da educação espiritual. No desenvolvimento de seus argumentos, ao tratar da superioridade da alma sobre o corpo, Platão explicita que a alma ao ter que possuir um corpo, torna-se degradante. Para Platão o corpo possui uma alma de natureza inferior que dividida em duas partes: uma que age irrefletidamente, de maneira impulsiva e outra voltada para os desejos e bens materiais. Argumenta ainda que todo problema humano está centrado na tentativa de superar a alma inferior através da alma superior. Se esta não controlar a alma inferior, o homem será incapaz de possuir um comportamento moral.

      Nesta concatenação está explícito o ideal pedagógico na concepção platônica. O conhecimento para ele é resultado do lembrar do que a alma contemplou no mundo das idéias. Nesse sentido a educação consiste no despertar no indivíduo do que ele já sabe e não no apropriar de um conhecimento que está fora. Ele enfatiza ainda a necessidade da educação física no sentido de que esta proporcione ao corpo uma saúde perfeita, evitando que a fraqueza torne-se um impecílio à vida superior do espírito.

      Outro aspecto na pedagogia platônica é a crítica que se faz aos poetas. Na época, a educação das crianças eram baseadas em poemas heróicos da época, contudo, ele diz que a poesia deveria ser restrito ao gozo artístico e não ser usada na educação. Argumenta que ao ser trabalhado uma

imitação, como as dos textos das epopéias, o conhecimento verdadeiro torna-se cada vez mais distante: "o poeta cria um mundo de mera aparência".

      Em Aristóteles (384-332 a.C.) podemos perceber um outro aspecto da pedagogia grega. Apesar deste ser discípulo de Platão, conseguiu ao longo do tempo, através de influências, inclusive a do seu pai, superar o que herdou de seu mestre. Aristóteles desenvolveu, ao contrário de Platão, uma teoria voltada para o real, onde procurava explicar o movimento das coisas e a imutabilidade dos conceitos. Trabalho totalmente divergente à superioridade do mundo das Idéias desenvolvida por Platão.

      Em seu raciocínio, ao explicar a imutabilidade dos conceitos, Aristóteles afirmava que todo ser possui um "suporte aos atributos variáveis", ou melhor, esse ser ou substância possui variáveis e que essas variáveis são, em síntese, características que geralmente damos a ele e ressalta que algumas dessas características assumem valores essenciais no sentido de que se estas faltarem o ser não será o que é. Por outro lado, existem outros que são acidentais, uma vez que sua variação necessariamente não irá alterar a essência do ser. Ex.: velho, novo.

      Outros conceitos também são usados por Aristóteles para a explicação do ser. Conceitos intimamente ligados como forma e matéria são em seu postulado ricos e, tal explicação, uma vez que ele considera a forma como princípio inteligível. Uma essência que determina a todos que são o que são. "Numa estátua por exemplo, a matéria é o mármore; a forma é a idéia que o escultor realiza". Assim como os pré-socráticos Heráclito e Parmênides, Aristóteles, também se preocupou com o devir, com o movimento e conseqüentemente às suas causas. Ainda se utilizando dos conceitos de forma e matéria, ele argumenta que tudo tende a atingir a sua forma perfeita, assim uma semente de uma árvore, tende a se desenvolver e se transformar em uma árvore novamente. Dessa maneira tudo para Aristóteles tem um devir, um movimento, uma passagem do que ele chama de potência para o ato.

      Aristóteles ao fazer tal abordagem, comenta ainda que o movimento assume algumas características: movimento qualitativo onde uma dada qualidade é alternada; movimento quantitativo em que se percebe a variação da matéria e por fim o movimento substancial onde o que se tem um existência ou inexistência, o que nasce ou que se destrói.

Roma

No século II a.c., o pater familias concede à mãe, a matrona

romana, os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira

infância, gozando aquela de uma autoridade desconhecida na Civilização

Grega. Mas, por volta dos 7 anos de idade, a educação da criança passa a

estar a cargo de seu pai ou, na ausência deste, de um tio. Caberá ao pai a

responsabilidade de proporcionar ao filho a educação moral e cívica. Esta

passa pela aprendizagem mnemónica de prescrições jurídicas concisas e de

conceitos, constantes nas Leis das XII Tábuas, símbolo da tradição Romana.

Esta forma de educação tem por base a preocupação natural de

associar os valores culturais e o ideal colectivo. Exalta a piedade, no sentido

romano do termo pietas que traduz respeito pelos antepassados. Nas

tradicionais famílias patrícias, os antepassados representam orgulhosamente

os modelos do comportamento, repetidos geração após geração.

Quando o adolescente, por volta dos dezesseis anos de idade,

finalmente se liberta da toga praetexta da infância para vestir a toga viril, tem

início a aprendizagem da vida pública, o tirocinium fori.  O jovem acompanhará

o pai ou, se necessário, um outro homem influente, amigo da família e melhor

posicionado para o iniciar na sociedade. Durante cerca de um ano, e

anteriormente ao cumprimento do serviço militar, o jovem adquire

conhecimentos de Direito, de prática pública e da arte do dizer, concepção

romana da eloquência.

Roma adopta a Educação Grega

Sabemos que Roma foi incapaz de permanecer imune ao

contágio pelo Helenismo. Na constituição do Império Romano, da baía

ocidental do Mediterrâneo até ao mar oriental, ficarão integradas diversas

cidades Gregas. Mas, muito antes do Império, já os etruscos, haviam sido

influenciados pelos Gregos a quem foram buscar o alfabeto, bem como

técnicas com vista à aprendizagem da leitura e da escrita.

A influência Helénica não mais cessará de crescer, em particular

com a invasão e posterior anexação da Grécia e da Macedónia  no século II

a.c.. A partir de então, alguns preceptores gregos (se não de nascimento, pelo

menos de formação) apoiam a educação familiar dos jovens romanos. Na

verdade, afugentados pelas agitações do Oriente ou atraídos pela rica clientela

romana, muitos gramáticos, retóricos e filósofos atenienses dirigem-se a Roma.

Serão estes os Mestres responsáveis pelo ensino de jovens e de adultos. 

Cedo os Políticos de Roma haviam compreendido que o

conhecimento da Retórica ateniense seria um factor decisivo com vista a

melhorar a eloquência dos seus discursos junto das multidões. Com a Retórica

e a formação literária que lhe servia de base, Roma descortinou a pouco e

pouco todos os aspectos encobertos da cultura Grega. Mas o helenismo não é

apenas apanágio de alguns. Ele impregna toda a Roma, surgindo também na

vida religiosa e nas artes, como seja nos teatros que adoptam os modelos,

temas e padrões helenísticos. Não obstante se reconhecer que os tentáculos

da Civilização Helenística se estenderam a todos os domínios, em nenhum é

esta influência tão notória como na cultura do espírito, e, por conseguinte, na

Educação. A original contribuição da sensibilidade, do carácter, e das tradições

de Roma, aparecerá somente sob a forma de retoques de detalhe e pequenas

inflexões, favorecendo ou reprimindo alguns aspectos do modelo  educativo da 

Paideia grega.

Nesse sentido, a aristocracia romana   recorre, numa primeira

fase, a escravos alforriados que a conquista lhes havia proporcionado e,

posteriormente, a Mestres de Grego especializados.

Paralelamente a esta preceptoria particular no seio das grandes

famílias surge o ensino público do grego, ministrado em verdadeiras escolas,

umas vezes por escravos gregos que assumem o papel de Mestres, outras, 

por Mestres Gregos qualificados. Não satisfeitos com este tipo de educação,

muitos jovens romanos deslocar-se-ão à Grécia para aí completarem os seus

estudos.

Um indício marcante sublinha o êxito da influência grega na

Educação e em particular no desenvolvimento da escola. Roma vai buscar ao

Helenismo o termo Paedagougos para designar o escravo incumbido de

acompanhar a criança à escola.

O Ensino em Roma

No entanto, o ensino em Roma apresenta algumas diferenças

significativas face ao modelo educativo dos gregos e algumas novidades

importantes na institucionalização de um sistema de ensino. 

O ensino da música, do canto e da dança, peças chave da

educação grega, tornaram-se objecto de contestação por parte de alguns

sectores mais tradicionais, que apelidaram estas formas de arte como

impúdicas e malsãs, toleráveis apenas para fins recreativos.

A mesma reacção de oposição surge contra o atletismo, tão

essencial à Paideia. Jamais fazendo parte dos costumes latinos, as

competições atléticas só penetram em Roma por volta do século II a.c., sob a

forma de espectáculos, e sendo a sua prática reservada a profissionais. Os

romanos chocam-se com a nudez do atleta e condenam a pederastia, de que o

ginásio é o meio natural. Optam assim pelas termas em detrimento do ginásio,

que consideram exclusivamente um jardim de recreio ou um parque de cultura.

O Programa educativo romano privilegia assim uma aprendizagem sobretudo

literária, em detrimento da Ciência, da Educação Musical e do

Atletismo. Porém, é aos romanos que se deve o primeiro sistema de ensino de

que há conhecimento: um organismo centralizado que coordena uma série de

instituições escolares espalhadas por todas as províncias do Império. O

carácter oficial das escolas e a sua estrita dependência relativamente ao

estado constituem, não apenas uma diferença acentuada relativamente ao

modelo de ensino na Grécia, como também uma novidade importante. É claro

que um tal sistema tende a privilegiar uma minoria que, graças aos estudos

superiores, ascende àquilo que os romanos consideram ser a vida adulta

simultaneamente activa e digna ou seja, uma elite, com uma elevada formação

literária e retórica. O que não impede que, entre a imensidão de escravos que

os romanos abastados do Império possuíam como resultando das suas

conquistas, houvesse a preocupação de lhes fornecer, em particular aos mais

jovens, os ensinamentos necessários à prática dos seus serviços. Para tal

eram reunidos, nas casas de seus amos,  em escolas as paedagogium - ae

entregues a um ou mais pedagogos que lhes inculcavam as boas maneiras e,

em alguns casos, os iniciavam nas coisas do espírito, designadamente na

leitura, na escrita e na aritmética. É sabido que as casas dos grandes senhores

de Roma dispunham de um ou mais escravos letrados que desempenhavam

funções como secretários ou como leitores. 

De qualquer forma, na Roma imperial, os Mestres Gregos são

protegidos por Augusto, à semelhança do que César havia já feito. Também a

criação de bibliotecas, como a do Templo de Apolo, no Palatino, e a do Pórtico

de Octávio, é ilustrativa de uma política imperial de cultura. Esta política,

inspirada nas tradições gregas, vai no entanto inflectir algumas práticas

anteriores, delineando no estado romano um conjunto de políticas escolares

inovadoras. Uma primeira iniciativa é da autoria de Vespasiano, que intervém

directamente a favor dos professores, ao reconhecer-lhes uma utilidade social.

Com ele se iniciam uma extensa série de retribuições e de imunidades fiscais,

atribuídas a gramáticos e retóricos. Segue-se a criação de cátedras de Retórica

nas grandes cidades, bem como o favorecimento e promoção da instituição de

escolas municipais de gramática e de retórica nas províncias.

O nascimento das Escolas Latinas

As primeiras escolas latinas são inteiramente, na sua

origem, de inspiração grega. Limitam-se a imitá-las, tanto no que concerne ao

programa, como aos métodos de ensino. 

Porém, os romanos vão pouco a pouco organizá-las em

três graus distintos e sucessivos: a instrução primária, o ensino secundário e o

ensino superior, aos quais correspondem três tipos de escolas, confiadas a três

tipos de Mestres especializados. As escolas primárias datam provavelmente

dos séculos VII e VI a.c., as secundárias surgem no século III a.c. e das

superiores somente há conhecimento da sua existência a partir do século I a.c..

A data em que surgiram as primeiras escolas primárias permanece

controversa. Pensa-se que o ensino elementar das letras terá surgido em

Roma muito antes do século IV a.c., provavelmente remontando ao período

etrusco da Roma dos Reis. Data do ano 600 a.c. a tabuleta de marfim de

Marsigliana d`Albegna que possui gravada na faixa superior do seu quadro um

alfabeto arcaico muito completo, destinado a servir de modelo de escrita

incipiente que se exercitava escrevendo na cera da tabuleta.

As escolas secundárias terão surgido por volta do século III a.c..

Este atraso relativamente às escolas secundárias gregas não é merecedor de

espanto, se reflectirmos sobre a inexistência de uma literatura romana

propriamente dita, e sabendo-se à partida que o ensino secundário clássico na

Grécia se baseava na explicação das obras de grandes poetas, em particular

de Homero. No entanto, é somente no tempo de Augusto (século I a.c.), que o

ensino secundário latino assume a sua forma definitiva, rivalizando em valor

educativo com o grego, quando Cecílio Epirota, um alforriado de Ático, toma a

ousada iniciativa de incluir o estudo de Virgílio e de outros poetas novos nos

programas do Ensino Secundário. Um romano culto será doravante aquele que

conhecer a obra de Virgílio, da mesma forma que um grego conhece na íntegra

e recita os versos de Homero sempre que tenha necessidade de exprimir,

ressaltar ou afiançar um sentimento ou uma ideia. 

O ensino superior, predominantemente retórico, surge em Roma

por volta do século I a.c.. A primeira escola de retórica latina foi aberta no ano

de 93 a.c. por L. Plócio Galo, e pouco tempo depois encerrada em virtude da

censura levada a cabo por alguns sectores da aristocracia romana que se

inquietavam perante o novo espírito que a animava e que consideravam

contrário ao costume e à tradição dos antepassados. 

Instrução Primária

Se é certo que a iniciação da criança nos estudos fica a cargo de

um preceptor particular (em especial nas famílias aristocráticas), por volta dos

sete anos a criança é confiada a um Mestre Primário o litterator, aquele que

ensina as letras, também designado por primus magister, magister ludi,

magister ludi literarii, ou, como viria a ser designado no século IV a.c., o

institutor. O primus magister é, em Roma, mal remunerado e pouco

conceituado na hierarquia social.

Tal como na Grécia, também as crianças romanas se faziam

acompanhar à escola por um escravo, designado segundo a terminologia grega

por Paedagogus. Este poderia, em determinadas circunstâncias, ascender ao

papel de explicador ou até mesmo de mentor, arcando assim com a educação

moral da criança. O Paedagogus conduzia o seu pequeno senhor à escola,

designada por ludus litterarius, e aí permanecia até ao final da lição. O ensino é

colectivo, as meninas também frequentavam a escola primária, embora para

elas o preceptorado privado pareça ter sido a nota dominante. Cabe ao Mestre

providenciar as instalações. Este resguarda os seus alunos debaixo de um

pequeno alpendre protegido por um toldo pérgula -  nas proximidades de um

pórtico ou na varanda de alguma mansão aberta e acessível a todos. Há

conhecimento de ter existido em Roma  uma escola abrigada na esquina do

Fórum de César. As aulas são portanto essencialmente ministradas ao ar livre,

em local isolado dos barulhos e das curiosidades da rua por meio de um

tabique o velum. As crianças agrupam-se em torno do Mestre que pontifica da

sua cadeira a cathedra - colocada sobre um estrado. O mestre é muitas vezes

assistido por um ajudante, o hypodidascales. Sentadas em escabelos sem

encosto, as crianças escrevem sobre os joelhos.

A jornada escolar da criança romana tinha início muito cedo e

durava até ao pôr-do-sol. As aulas apenas eram suspensas durante as festas

religiosas, nas férias de Verão (dos finais de Julho a meados de Outubro) e

também durante as nundinae que semanalmente se repetiam no mercado. 

Além da leitura, o programa compreende a escrita em duas

línguas (latim e grego) e um pouco de cálculo no qual se inclui a aprendizagem

do ábaco e do complexo sistema romano de pesos e medidas. Para a

aprendizagem do cálculo recorria-se vulgarmente à utilização de pequenas

pedras - calculi - bem como à mímica simbólica dos dedos.

Números simbolizados pelos dedos

A técnica aprofundada do cálculo escapa no entanto à

competência do primus magister, sendo ensinada mais tarde por um

especialista, o calculator. Este distingue-se do primus magister na medida em

que o seu papel está mais próximo do de um especialista, como os calígrafos

ou os estenógrafos.

Na aprendizagem da escrita começava-se por se aprender o

alfabeto e o nome das letras, de A a X, antes mesmo de lhes conhecer a forma.

O nome das letras era seguidamente ensinado ao contrário, de X a A e

posteriormente aos pares, primeiro agrupados segundo uma dada ordem e

logo após agrupados de forma aleatória. Seguia-se a aprendizagem das

sílabas, em todas as combinações possíveis e, por fim, dos nomes isolados.

Estes três tipos de aprendizagem constituem as categorias sucessivas do

abecedarii, syllabarii e nomirarri. Antes de passar à redacção de textos era

ensaiada a escrita de pequenas frases bem como máximas morais de um ou

dois versos. O ensino da escrita é simultâneo ao da leitura. A criança escreve

em sua tabuleta as letras, palavras ou textos cuja leitura deverá posteriormente

efectuar. Empregam-se a princípio dois métodos alternados: um que remonta

às origens da escola grega e que consiste em guiar a mão da criança para lhe

ensinar o ductus, e outro mais moderno, talvez originário da escola latina, em

que se utilizam letras gravadas em concavidades na tabuleta que a criança

retraça usando o estilete de ferro e seguindo o sulco através da cera. Esta é

alisada com o polegar logo que tenha terminado a tarefa, para que assim possa

reproduzir as letras na tabuleta. 

  Quando surgem o pergaminho e o papiro a criança passa a

escrever com uma cana talhada e molhada em tinta. Os livros são feitos com

folhas coladas lateralmente e enroladas à volta de uma varinha. Para ler, a

varinha é mantida na mão direita e com a outra mão desenrola-se a folha

única. Associada à leitura e à escrita encontra-se a declamação. A criança é

incentivada a memorizar pequenos textos à semelhança do que ocorria na

Grécia. Recorre-se frequentemente à emulação e mais ainda à coerção, às

reprimendas e aos castigos. O primus magister apoia a sua autoridade na

férula, instrumento a que recorre para infringir os castigos nas crianças.

Estender a mão à palmatória, manum ferulae subducere, é na verdade para os

Romanos sinónimo de estudar.

Os alunos são agrupados em classes, de acordo com o seu

rendimento escolar. O autor (desconhecido) dos Hermeneumata

Pseudodositheana salienta a necessidade de ...levar em conta, para um e para

todos, as forças, o adiantamento, as circunstâncias, a idade, os temperamentos

vários e o desigual zelo dos diversos alunos. Esboça-se uma modalidade de

ensino mútuo, em que os melhores alunos colaboram com o primus magister

ensinando aos colegas as letras e as sílabas. O titulos (designação latina para

quadro preto) é também uma invenção romana. Consiste num rectângulo de

cartão preto em torno do qual os alunos se agrupam de pé, ordeiramente..

  Estes métodos  começam a ser questionados por volta do século

I da nossa era, tendo-se registado desde então uma evolução no sentido de um

abrandamento da disciplina em favor de uma indulgência crescente para com

as crianças.A rotina pedagógica foi a aligeirada com a introdução de novas

práticas de ensino que  ficam a dever-se a Marco Fábio Quintiliano,

reconhecido Professor de Eloquência que viveu no século I da nossa era. 

Quintiliano foi o primeiro professor pago pelo estado, no Império

de Vespasiano, e teve como alunos Plínio o Môço e o próprio Imperador

Adriano. Quintiliano alerta para a necessidade de se identificarem os talentos

das crianças e chama a atenção para a necessidade de reconhecer as

diferenças individuais e de adoptar diferentes formas de procedimento  perante

elas. Recomendava que se ensinassem simultaneamente os nomes das letras

e as suas formas, devendo a eventual imperícia do aluno ser corrigida

obrigando-o a reproduzir as letras com o seu estilete na placa dos modelos,

previamente gravada pelo professor. É contrário aos castigos físicos, e portanto

ao uso da férula. Recomenda a emulação como incentivo para o estudo e

sugere que o tempo escolar  seja periodicamente interrompido por recreios, já

que o descanso é, na sua opinião, favorável à aprendizagem.   

Ensino Secundário 

O ensino secundário é  bastante menos difundido que a instrução

primária. A maioria das crianças de fraca condição social abandonam a escola

no final da Instrução Primária, passando então a frequentar a casa de um

Mestre de ensino técnico, por exemplo de Geometria, que os preparará para o

exercício de profissões como a carpintaria.

As restantes crianças iniciam por volta dos doze anos de idade

um segundo ciclo de estudos, continuando rapazes e raparigas a estudar lado

a lado. No caso geral de estudos com a duração de três anos, verifica-se a

intervenção do grammaticus, correspondente latino do grammatikus grego, que

ensina Gramática e Retórica. Cecílio Epirota empreende, em finais do século I

a.c., o estudo de poetas latinos seus contemporâneos, assim se estabelecendo

uma formação nas duas línguas que implicará portanto a participação de dois

grammaticus: o grammaticus graecus e o grammaticus latinus. Existiam

portanto duas Instituições paralelas: uma para o estudo da língua e da literatura

grega, a outra para o estudo da língua e literatura romana. A primeira é uma

réplica exacta das escolas gregas, a segunda representava o esforço para

salvaguardar as tradições romanas.

À semelhança do que se observava na Grécia, o grammaticus é

bastante mais conceituado socialmente que o primus magister. Também ele 

instala geralmente os alunos numa pérgula ou numa residência existindo em

Roma, no século IV da nossa era, cerca de vinte estabelecimentos deste tipo.

Requer cerca de seis horas diárias para o ensino da correcção da linguagem,

assim como para a explicação dos poetas. Adopta os princípios da metodologia

grega, insistindo na ortografia e na pronúncia, multiplicando os exercícios de

morfologia e preparando com a escrita de redacções a iniciação à Retórica. O

essencial consiste porém no estudo dos clássicos, e sobretudo dos poetas

Virgílio, Terêncio e Horácio.

Os alunos aprendem também algumas noções básicas de

Geografia, necessárias para a compreensão da Ilíada e da Eneida. Estudam

também Astronomia, ...desde que se levanta ou põe uma estrela até à

cadência de um verso.

Ensino Superior 

O ensino superior, também designado por ensino retórico, tinha

início por volta dos quinze anos de idade, altura em que o jovem recebe a toga

viril, sinónimo da sua entrada na vida adulta. Estes estudos superiores

duravam até cerca dos vinte anos, podendo no entanto prolongar-se por mais

tempo. Tinham como finalidade formar Oradores, já que a carreira política

representava o ideal supremo.

Roma transformou-se num centro excepcional de estudos para

os Mestres de Retórica Gregos. É o caso de Dionísio de Halicarnaso, que viveu

em Roma mais de vinte anos (de 30 a 8 a.c.), ali compondo uma monumental

História Romana. No século II surgem os representantes da segunda sofística,

os quais cultivam um discurso preciosamente elaborado, bem como a

improvisação, perante uma vasta audiência de romanos. As retóricas latina e

grega assemelham-se ainda mais quando o triunfo dos Césares desvia a

eloquência latina da vida política e a confina à arte do conferencista ou do

advogado. Os retóricos do Ocidente latinizam os assuntos que propõem a seus

discípulos, ao mesmo tempo que os obrigam a estudar os clássicos romanos,

sobretudo Cícero.

Séneca foi juntamente com Quintiliano, um dos grandes

representantes da nova etapa educativa. Esta deixa de ser assunto particular e

adquire um carácter mais técnico que filosófico, passando a aplicar-se de

preferência a problemas práticos. Nas suasoriae, o aluno é obrigado a

pronunciar-se sobre casos morais; nas controversiae, o futuro orador terá de

pleitear um caso em função de textos legais. Para lá do aperfeiçoamento da

eloquência e da retórica, o ensino da Filosofia e da Medicina é essencialmente

feito por Mestres Gregos itenerantes, que espalham o seu saber de cidade em

cidade. Com muita frequência, os estudantes latinos vão completar os seus

estudos superiores noutras cidades, nomeadamente em Alexandria e

sobretudo em Atenas. Sob o império de Vespasiano é estabelecido em Roma

um Ateneum semelhante ao Mouseîon de Alexandria, para estudos

aprofundados de Retórica. Criam-se cátedras de Retórica que concederam

privilégios aos Mestres, dando assim aos romanos a possibilidade de

prosseguirem os estudos na própria pátria. No âmbito do Direito, Roma

desempenha um papel inovador oferecendo aos jovens estudantes uma

aprendizagem prática pasra além de  um ensino sistemático. A complexidade

crescente da produção jurídica romana está  na origem da fundação de duas

escolas superiores de direito em Roma no século II a de Labeu e a de Cássio. 

As Escolas Cristãs

Paralelamente às escolas pagãs, a partir dos séculos II e III da

nossa era, surgem escolas cristãs, criadas inicialmente com o intuito de formar

os futuros  homens da Igreja dos conhecimentos necessários à compreensão

da mundividência Biblica.

É o caso da escola cristã fundada em Alexandria, escola de ensino

superior para a inteligência da fé e das escrituras, onde, entre outras,  se

estudavam a filosofia, a geometria, a aritmética com a finalidade de melhorar  o

conhecimento das Escrituras Sagradas. Com  legitimação político-religiosa do

cristianiosmo sob o Império de Constantino, os cristãos começam a deprecir a

retórica e a cultura pagã e a acusar as escolas que dizem transmitir uma

literatura contrária ao espírito cristão, orientadas para valores diferentes dos do

evangelho.

Quando cai o Império Romano, só a estrutura religiosa se 

mantém de pé e, apenas no seu seio, o frágil brilho da ideia de escola vai

apesar de tudo encontra alguma continuidade. Desaparecidas as escolas

públicas pagãs, caberá agora aos monges, hábeis defensores de todo um

património cultural, a tarefa de ensinar e conservar acesa na noite barbárica a

chama da cultura clássica.