Filhos Do Barro

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Proposta: Levantamento e desenvolvimento de questões de “Os Filhos do Barro” de Octavio Paz. Octavio Paz, nos faz refletir sobre a noção de história e as interpretações sobre a história da literatura em “Os Filhos do Barro”, ao abordar a tradição moderna da poesia. A expressão não só significa que há uma poesia moderna, como que o moderno é uma tradição. Um tradição feita por interrupções, em que cada ruptura é um recomeço, de mostrar como a história da poética romântica se constitui a partir do conflito incessante entre a noção de história concebida como “progresso” pela ilustração e a história concebida como repetição cíclica pelas poéticas do romantismo. Uma tradição feita de interrupções, em que cada ruptura é um começo. Entende-se por tradição a transmissão, de uma geração a outra, de notícias, lendas, histórias, crenças, costumes, formas literárias e artísticas, idéias, estilos; por conseguinte, qualquer interrupção na transmissão equivale a quebrantar a tradição. Se a ruptura é destruição do vínculo que nos une ao passado, negação da continuidade entre uma geração e outra, pode chamar-se de tradição àquilo que rompe o vínculo e interrompe a continuidade? Surge um paradoxo entre a tradição e o novo, se a tradição é agora o que rompe com o passado, tudo o que o passado nega será aceito, inclusive o próprio futuro. Na história da poesia do Ocidente, o culto ao novo, o amor pelas novidades, surge com uma regularidade, que Paz explica como: “O sentido singular deste culto pelo presente nos escapará se não observarmos que é fundado numa curiosa concepção do tempo. Curiosa porque antes da Idade Moderna aparece somente isolada e d e maneira excepcional: para os antigos o agora repete o ontem, para os modernos é a sua negação. Em u m caso o tempo é visto com o um a coisa regular, como um processo no qual as variações e as exceções constituem realmente variações e exceções da regra ; em outro processo é uma teia de irregularidades,

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Levantamento e desenvolvimento de questões de “Os Filhos do Barro” de Octavio Paz.

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Proposta: Levantamento e desenvolvimento de questões de “Os Filhos do Barro” de Octavio Paz.

Octavio Paz, nos faz refletir sobre a noção de história e as interpretações sobre a história da literatura em “Os Filhos do Barro”, ao abordar a tradição moderna da poesia.

A expressão não só significa que há uma poesia moderna, como que o moderno é uma tradição. Um tradição feita por interrupções, em que cada ruptura é um recomeço, de mostrar como a história da poética romântica se constitui a partir do conflito incessante entre a noção de história concebida como “progresso” pela ilustração e a história concebida como repetição cíclica pelas poéticas do romantismo.

Uma tradição feita de interrupções, em que cada ruptura é um começo. Entende-se por tradição a transmissão, de uma geração a outra, de notícias, lendas, histórias, crenças, costumes, formas literárias e artísticas, idéias, estilos; por conseguinte, qualquer interrupção na transmissão equivale a quebrantar a tradição. Se a ruptura é destruição do vínculo que nos une ao passado, negação da continuidade entre uma geração e outra, pode chamar-se de tradição àquilo que rompe o vínculo e interrompe a continuidade?

Surge um paradoxo entre a tradição e o novo, se a tradição é agora o que rompe com o passado, tudo o que o passado nega será aceito, inclusive o próprio futuro. Na história da poesia do Ocidente, o culto ao novo, o amor pelas novidades, surge com uma regularidade, que Paz explica como:

“O sentido singular deste culto pelo presente nos escapará se não observarmos que é fundado numa curiosa concepção do tempo. Curiosa porque antes da Idade Moderna aparece somente isolada e d e maneira excepcional: para os antigos o agora repete o ontem, para os modernos é a sua negação. Em u m caso o tempo é visto com o um a coisa regular, como um processo no qual as variações e as exceções constituem realmente variações e exceções da regra ; em outro processo é uma teia de irregularidades, pois a variação e a exceção constituem a regra . Par a nós, o tempo não é a repetição de instantes ou séculos idênticos: cada século e cada instante é único, distinto , outro.”

Na virada do século XIX para o XX, a Europa vivia intensamente o clima de rompimento com todo o passado artístico e cultural. O clima político era tenso às vésperas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e com a Revolução Russa, em 1917. Por essa razão, a tensão emocional dos artistas falava alto e determinava o tipo de criação artística e literária. Eles viviam intensamente a glorificação do mundo moderno e a criação, totalmente livre, de cada modo de expressão, de cada estilo e temática, de cada pintura ou escultura antiacadêmica.

A busca pela inovação artística origina as vanguardas. Do francês avant-garde, a palavra vanguarda significa “o que marcha na frente”. As correntes de vanguarda, embora apresentassem propostas específicas, pregavam um mesmo ideal: era preciso derrubar a tradição por meio de práticas inovadoras, capazes de subverter o senso comum e captar as

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tendências do futuro. Essas propostas, incompreendidas à época em virtude, principalmente, do contexto conservador no qual estavam inseridas, adquiriram importância histórica e influenciaram o trabalho de vários artistas no mundo.