FILOSOFIA 11ºANO

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FilosofiaQuantificador: Qualquer dispositivo lingustico usado para dizer quantos particulares ( ou proprietrios ) exemplificam uma dada propriedade, por exemplo, podemos dizer que alguns filsofos so gregos, estamos nesse caso a dizer que um numero indeterminado de particulares tm uma certa propriedade ( so gregos ).

Quantificador existencial: Expresses como alguns, pelo menos , por exemplo, so quantificadores existenciais. A negao de um quantificador existencial um quantificador universal, porque negar que alguns filsofos so imortais o mesmo que afirmar que todos os filsofos so imortais.

Quantificador universal: Expresses como todos, nenhum,por exemplo, so quantificadores universais. A negao de um quantificador universal um quantificador existencial, porque negar que todos os filsofos so gregos o mesmo que afirmar que alguns filsofos no so gregos. Argumento Dedutivo um argumento dedutivo valido quando impossvel ter premissas verdadeiras e concluso falsa No dedutivo um argumento no dedutivo valido quando improvvel, mas possvel, ter premissas verdadeiras e concluso falsa

Silogismo: um argumento dedutivo com 2 permissas e uma concluso e que tem as seguintes caractersticas: Usa apenas proposies do tipo A, E, I, ou O; Tem necessariamente 3 termos e no mais do que isso: o termo menor o termo sujeito da concluso e tem de ocorrer numa das premissas ( e s numa delas ), a que se chama por isso permissa menor; o termo mdio no ocorre na concluso mas ocorre nas 2 premissas; e o termo maior, que o termo predicado da concluso e que tem de ocorrer numa das premissas ( e s numa ), a que se chama por isso premissa maior.

Exemplo: Todos os homens so mortais. Termo Mdio Termo Menor Todos os mortais so infelizes. Termo Maior Termo Logo, todos os homens so infelizes. Termo Maior Termo Menor Figuras do silogismo: 1 Figura T --------- TM TM ------ T TM TM = Termo Mdio 2 Figura T -------- TM T -------- TM 3 Figura TM --------T TM-------- T 4 Figura TM --------T T ---------

Tabela de distribuio :

Termo sujeito

A

E

Ambos

Nenhum predicado

I

O Termo

Converso: Na lgica aristotlica, converte-se uma proposio trocando a ordem dos termos predicado e sujeito. Por exemplo, Alguns filsofos so sbios convertido em Alguns sbios so filsofos Obverso: Na lgica aristotlica, obverte-se uma proposio mudando na concluso a qualidade da premissa, usando como termo predicado o complemento do termo predicado da premissa. Por exemplo, Todos os seres humanos so mortais obvertida em Nenhum ser humano imortal

Regras do silogismo

1

O termo mdio tem de estar distribudo pelo menos uma vez Violao: falcia do mdio no distribudo

2

Qualquer termo distribudo na concluso tem de estar distribudo na premissa Violao: ilcita maior ou ilcita menor

3

Pelo menos uma premissa tem que ser afirmativa Violao: falcia das premissas afirmativas

4 5

Se uma premissa for negativa a concluso tem que ser negativa Se as premissas forem ambas universais, a concluso tem que ser universal Violao: falcia existencial

Falcia Formal = Falcia Informal: Numa falcia formal a forma lgica do argumento que invlida, apesar de parecer vlida, o caso da falcia da afirmao da consequente. Numa falcia informal o problema no ocorre na forma do argumento que pode ser valido; O problema resulta ao invs, ou do argumento no ter premissas verdadeiras mas parecer que as tem, ou de no ter premissas mais plausveis do que a concluso mas parecer que as tem.

Falcias informais: Petio de Principio Falso Dilema Apelo ignorncia Ad hominem Bola de neve Boneco de Palha

Petio de Principio: um argumento cuja concluso esteja explicita ou implicitamente contida nas premissas. Os casos mais evidentes so aqueles em que a concluso se limita a repetir a premissa: Deus existe porque diz na bblia e a bblia a palavra de Deus Falso Dilema: Falcia que consiste na suposio de que, sobre um determinado assunto, s h duas alternativas quando de facto h mais. Ex: Estas com a Amrica ou contra a Amrica Apelo ignorncia: Argumento em que, confessada a ignorncia sobre a verdade de uma afirmao, se conclui que uma afirmao falsa. Ex: Ningum provou que Deus existe ; Logo, Deus no existe. Boneco de Palha: Consiste em trocar as ideias das pessoas apresentandoas numa verso deficiente ou distorcida. Ad Hominem (Ataque pessoa): Falcia pela qual se pretende refutar uma afirmao, atacando ou desvalorizar de alguma maneira a pessoa que a defendeu. Bola de Neve: Para mostrar que uma proposio (P) inaceitvel extraemse as consequncias de (P) e consequncias das consequncias.

Tipos de conhecimento: Conhecimento proposicional: Saber que Paris uma cidade. Saber-fazer: Saber andar de bicicleta. Conhecimento por contacto: Conhecer Paris.

Teoria de conhecimento CVJ: De acordo com esta teoria, para haver conhecimento tero de estar reunidas trs condies: crena, verdade e justificao. Isoladamente, estas 3 condies so encaradas como necessrias. Isto quer dizer que se uma proposio no satisfazer apenas uma dessas condies,

no ser um caso de conhecimento. Em conjunto, so encaradas como suficientes. Isto quer dizer que se todas forem satisfeitas, isso basta para que uma proposio seja um caso de conhecimento. Refutao da teoria: possvel ter crenas verdadeiras justificadas que no so conhecimento. Uma crena pode ser verdadeira por mera sorte, e esta no pode ser conhecimento. (Gettier) Teoria causal: Segundo esta teoria, uma crena verdadeira s pode constituir conhecimento se, alm de estar justificada, tiver sido adquirida de tal modo que haja uma relao causal entre o sujeito que conhece e aqueles aspectos da realidade que tornam a sua crena verdadeira. (Goldman) Criticas teoria causal: Mesmo que consigamos apelar a relaes causais para explicar alguns tipos de conhecimento, h vrios casos em que no possvel faz-lo. Ex: 2+2 = 4 Conhecimento a priori: Conhecer algo pelo pensamento apenas ou independentemente da experiencia. Conhecimento a posteriori: Conhecer algo atravs da experiencia. Conhecimento primitivo: Quando sabemos que um carro branco olhando para ele. Conhecimento derivado: Para o obtermos temos de raciocinar. Argumento a posteriori: Pelo menos uma das premissas tem que ser a posteriori. Argumento a priori: Todas as premissas tm que ser a priori. Racionalismo: Posio filosfica segundo a qual a razo tem um papel preponderante na aquisio de conhecimento. a doutrina que considera que o nico instrumento adequado ao conhecimento verdadeiro a razo: ela que fornece as ideias normativas e os princpios por meio dos quais conhecemos. O racionalismo assim o oposto do empirismo. (Descartes) Empirismo: Perspectiva filosfica de acordo com a qual todo o nosso conhecimento substancial deriva da experiencia e das impresses recolhidas pelos 5 sentidos. O empirismo divide-se em geral, em 2 posies: Empirismo radical: Posio segundo a qual todo o nosso conhecimento deriva da experiencia, no havendo espao para o conhecimento a priori. Empirismo moderado: Posio segundo a qual, apesar de todo o conhecimento substancial derivar da experiencia, existe conhecimento

a priori s que este no nos diz nada a cerca do mundo, exprimindo meras relaes entre conceitos. (Hume) Cepticismo: a posio segundo a qual o conhecimento no possvel. Argumento dos cepticismos: Por mais forte que sejam as nossas crenas e por melhores que nos paream as suas justificaes, estas sero sempre falveis ou insuficientes. Mas se nenhuma das nossas crenas estiver suficientemente justificada, no h conhecimento. Hume e dvida radical: Hume defende que a duvida radical universal, recomendada por Descartes, no permite reconstruir o edifcio do conhecimento depois de o destruirmos. Isto porque uma vez adoptado nunca mais podemos ver-nos livre dela. Duvida metdica: Consiste em tomar como se fossem falsas todas as nossas crenas acerca das quais se possa levantar a mais pequena dvida. Crena indubitvel: uma crena que no se pode duvidar dela.

Descartes O Discurso do Mtodo Para Bem Conduzir a Razo e Procurar a Verdade nas Cincias

Logo pelo ttulo fica claro que Descartes no era ceptico, pois se um mtodo para procurar a verdade prossupe que ela exista.

Bom senso o mesmo que razo para Descartes, ou seja, o poder de bem julgar e destinguir o verdadeiro do falso e igual em todos os Homens.

Relacionar bom-senso, verdade e mtodo O bom senso naturalmente igual em todos os Homens, isto , todos os humanos possuiem razo. O facto de haverem opinies diferente no , assim, devido a haverem pessoas com mais bom senso, sim devido a essas pessoas seguirem caminhos de pensamento diferentes ou no considerarem as mesma coisas. Para chegar verdade preciso seguir um mtodo e Descartes mostra qual foi o que ele usou.

Objectivo do livro (Discurso do Mtodo) : Mostrar qual o mtodo que usou para chegar verdade.

Opinio sobre o conhecimento do seu tempo Todos os conhecimentos filosficos e todas as coisas ensinadas na escola so dvidosas.

Descartes conclui assim que, se ele quiser chegar verdade, tem de procurar em si prprio.

Objectivo da reforma cartesiana : Reformar os seus pensamentos* a partir dum fundamento todo seu; reconstruir a partir das exigncias da razo. *Os seus pensamentos so o objecto da reforma cartesiana.

A dvida cartesiana universal e radical (porque dvida de tudo, no inicio), provisria (porque s vai duvidar at encontrar algo indubitavel e evidente), metodica (porque o ponto de partida do mtodo), no prtica (porque no se aplica s aces. Para isso Descartes criou a moral provisria [ver parte 3] ). A dvida cartesiana diferente da dvida ceptica, pois os cepticos acreditam que impossivel conhecer, logo a sua dvida sistematicamente radical. A duvida o ponto de partida do mtodo porque Descartes duvida at encontrar algo indubitavel e evidente.

A Matemtica muito importante para o mtodo porque ele est a seguir o mtodo matemtico, ou seja, parte de principios claros e distintos e procede a dedues e demonstraes para o resultado ser o mais objectivo possvel.

No mtodo cartesiano, a razo tem 2 poderes fundamentais:

1. Intuio intelectual (racional) apreenso imediata de um objecto ou ser, que presente imediatamente razo existncia de ideias inatas (ideias exclusivamente racionais) 2. Poder de raciocinar construir cadeias de dedues/demonstraes Regras do mtodo 1. Regra da evidncia S considerar o verdadeiro/evidente (claro e distinto) 2. Regra da diviso dividir o mais difcil em parcelas pequenas para se tornar mais fcil de conhecer. 3. Regra da sntese Comear por conhecer as coisas mais simples e fceis e ir gradualmente at conhecer as mais difceis. 4. Regra da enumerao Fazer reviso geral para ter a certeza que nada foi omitido. Descartes duvida das suas crenas porque: 1. Os sentidos enganam-nos s vezes. 2. Os homens enganam-se a raciocinar por vezes. 3. Quando sonhamos, pensamos e os nossos pensamentos so falsos. Ningum nos pode garantir que no estamos a sonhar agora mesmo. Mas ao duvidar de tudo, Descartes percebeu que ele, aquilo que duvidava de tudo, tinha de existir para pensar. Eu penso logo existo 1 Principio da Filosofia Cartesiana

O Cogito uma substncia pensante, pois uma unidade autnoma (independente do corpo) que pensa, ou seja, cuja essncia pensar.

Para Descartes algo verdadeiro algo evidente (claro e distinto).

Pensar Duvidar Ser imperfeito Ser imperfeito Tem ideia de perfeio A ideia de perfeio no pode derivar de um ser imperfeito, logo existe um ser perfeito que d essa ideia de perfeio Deus

Criar Perfeio = Criar ideia de perfeio ou seja Ideia de Perfeio = Existncia de Perfeio

Descartes distingue 3 tipos de ideias: 1. Ideias Inatas (ver acima) 2. Ideias Adventcias no so claras e distintas porque se baseiam na esperincia sensvel (Empirismo) 3. Ideias Factcias ou Ficticias dependem da livre associao dos dados sensveis recolhidos ( Imaginao)

Crculo cartesiano: O cogito s por si, dificilmente podia constituir um fundamento slido para o conhecimento. De facto, a existncia de Deus que garante a Descartes que quando pensa clara e distintamente. Mas por outro lado, parece que Descartes s pode saber que Deus existe porque compreende clara e distintamente a sua existncia, a existncia de um ser perfeito. Se este o argumento de Descartes, como pensam alguns crticos, falacioso, pois trata-se de um argumento circular: Para saber que as ideias claras e distintas so verdadeiras tenho primeiro de saber que Deus existe; Mas para saber que Deus existe, tenho primeiro de saber que as ideias claras e distintas so verdadeiras. David Hume

Principal diferena entre impresses e ideias nvel de intensidade e vivacidade

Impresses estimulao dos sentidos (experincia) Ideias Junta a experincia com a razo David Hume no admite ideias inatas.

Ideias Generalizao mais abstracta capacidade racional de estabelecer relaes. Contedo Em ultima anlise, dependem das impresses (sensaes, experincia, sentidos)

Para David Hume, existem dois tipos de conhecimento: 1. Relaes de ideias simples operao de pensamento 2. Conhecimento de factos Conhecimento daquilo que existe implica as impresses (experincia sensvel) Para David Hume, existem dois tipos de cincias: 1. Aquelas de se baseiam apenas na relao de ideias Matemticas (e Lgica Formal) Certas (intuitiva e demonstrativa mente) dependem exclusivamente das operaes da razo (conceptualizao, capacidade de julgar, o grande fundamento da certeza o principio da no contrariedade; no nos do a conhecer o existente) 2. Aquelas que se baseiam nos conhecimento de factos Todas menos as matemticas e a Lgica formal (exemplo: Biologia) O seu objectivo conhecer o existente (a realidade) Provas vindas da experincia. O seu fundamento a relao causa-efeito. O fundamento da relao causa-efeito o hbito. Logo, estas cincias no so certas (ou seja, logicamente necessrias, o valor das suas relaes relativo, contingente, provvel) Impresses: Imagens ou sentidos que derivam da realidade. So mais intensas e mais vividas do que as ideias. Ideias: So representaes ou imagens enfraquecidas das impresses depois de ficarem guardadas no pensamento.

Sexto Emprico: Divergncias de opinio: 1. Seja qual for o assunto, h sempre divergncia irreconcilivel de opinies, mesmo entre os entendidos nesse assunto. 2. Se h divergncia irreconcilivel de opinies, mesmo entre os entendidos nesse assunto, ento nenhuma delas esta suficientemente justificada 3. Logo, nenhuma opinio (ou crena) est justificada.

Iluses e erros de perceptivos: a falsa imagem da realidade, criada pelos nossos sentidos. Regresso infinita da justificao: Sempre que se inicia um processo de recuo sem fim.

Definio de LgicaA lgica a disciplina filosfica que estuda a distino entre argumentos vlidos e invlidos, tendo em conta um conjunto de regras j existentes. Um argumento o modo de exteriorizao do raciocnio, que uma operao mental bastante complexa e consiste em relacionar juzos entre si, extraindo concluses. Como j foi abordado no ano anterior, o juzo uma operao mental pouco complexa que nos permite relacionar conceitos, estabelecendo relaes de convenincia ou de no convenincia.

A importncia da lgica . Avaliar a validade dos argumentos que nos so apresentados; . Proporciona-nos meios que possibilitam a organizao coerente dos pensamentos. . Permite-nos analisar diversos tipos de discurso, avaliando a sua validade formal. . Oferece-nos a capacidade de deliberar sobre todo o tipo de situaes.

A estrutura do argumento

O argumento constitudo por trs proposies: duas premissas e uma concluso. Ex: Todos os alunos responsveis so pontuais

O Joo um aluno responsvel + O Joo pontual O raciocnio relaciona proposies, que, por sua vez, relacionam conceitos. Deste modo, pode-se afirmar ento o conceito o elemento bsico do discurso.

Conceito . Ideia geral, mentalmente constituda a partir da comparao entre um conjunto de objectos com caractersticas semelhantes e um objecto que possua essas caractersticas; deste modo, temos de nos abstrair das caractersticas no comuns. Ex: Vejo um objecto com as seguintes caractersticas: pequeno; serve para ver as horas, vermelho. Comparando as caractersticas deste objecto, com as caractersticas de um conjunto de objectos com caractersticas semelhantes, pode-se dizer que esse objecto um relgio. Para dizer isto, baseei-me no conceito que tenho de relgio, abstraindo-me das caractersticas no comuns desse objecto, em relao ao conjunto de objectos (neste caso, o facto do relgio ser vermelho e metlico. Como lgico, nem todos os relgios so vermelhos e/ou metlicos; porm, todos eles servem para ver as horas). Algumas caractersticas do conceito: . Geral; . Universal; . Abstracto; . Mental. Um conceito pode ser objectivo, caso o seu termo se refira a um objecto material. Caso o termo se refira, por exemplo, ao amor, como imaterial, ditase que so conceitos espirituais. Existem ainda os conceitos funcionais, isto , aqueles que estabelecem relaes entre outros conceitos (ex: verbos, pronomes, conjunes, etc.)

Distino entre extenso e compreenso A extenso de um conceito o conjunto de seres, coisas e membros a que esse conceito se aplica. A extenso poder ser formada, por exemplo, por todos os Homens. A compreenso de um conceito o conjunto de qualidades, propriedades e caractersticas que definem esse conceito. Assim, a compreenso refere-se a caractersticas como: alto, magro, bonito, feio, grande, pequeno, etc. A extenso e a compreenso variam na razo inversa; deste modo, medida que aumenta a extenso, diminui a compreenso, e vice-versa.

Processo de Conceptualizao do conceito 1-Observao 2-Comparao das caractersticas semelhantes 3-Abstraco das caractersticas no comuns 4-Generalizao aplicao a todos os objectos da mesma espcie.

Juzo Operao mental que permite estabelecer relaes de convenincia ou de no convenincia entre conceito, formando proposies, que podem ser classificado segundo a sua veracidade. Uma proposio constituda por: . Sujeito: o ser a quem se atribui o predicado. O termo relativamente ao qual se afirma ou nega algo. . Predicado: aquilo que se diz do sujeito, podendo ser afirmado ou negado . Cpula de ligao: o elemento que relaciona o sujeito com o predicado. a cpula de ligao que estabelece se a relao de convenincia ou de no convenincia. Nota: nem todas as frases so proposies. Apenas os enunciados que atribuem, declaram ou constatam alguma coisa, sendo portanto, passveis de ser considerados verdadeiros ou falsos, que se enquadram na categoria das proposies. As proposies podem ser: . Categricas aquelas que afirmam ou negam algo, sem restries nem condies. Ex: A lgica uma disciplina.

. Hipotticas aquelas que afirmam ou negam sob determinadas condies. Ex: Se estiver sol, vou praia. . Disjuntivas aquelas que afirmam ou negam em forma de alternativas que se excluem. Ex: Ou canto ou estou calado. Dentro das proposies categricas, Aristteles estabeleceu quatro diferentes tipos, tendo em conta a sua qualidade e quantidade. A qualidade refere-se ao carcter afirmativo ou negativo, enquanto que a quantidade se refere extenso do sujeito da proposio. Se combinarmos a quantidade com a qualidade, pode-se distinguir quatro tipos de proposies: Tipo A Universal afirmativa (Todo o S P) Tipo E Universal negativa (Nenhum S P) Tipo I Particular afirmativa (Algum S P) Tipo O Particular negativa (Algum S no P)

Quadrado lgico da oposio:

Lei das Inferncias por Oposio Regra das (Sub)Contrrias Duas proposies contrrias no podem ser ambas verdadeiras; Regra das Contraditrias Duas proposies contraditrias no podem ser nem verdadeiras nem falsas ao mesmo tempo;

Regra das Subalternas Duas proposies subalternas podem ser simultaneamente verdadeiras e simultaneamente falsas, bem como uma verdadeira e outra falsa. Qualquer enunciado pode ser transformado em proposies categricas na sua forma cannica. Ex1: Ser filsofo ser honesto = Todos os Filsofos so honesto (Tipo A) Ex2: Todos os animais no so agressivos = Nenhum animal agressivo (Tipo E) Ex3: Existem arquitectos que so turcos = Alguns arquitectos so turcos (Tipo I) Ex4: Nem todos os sbios so tolerantes = Alguns sbio no so tolerantes (Tipo O)

A verdade e a validadeA verdade e a validade no se aplicam aos termos, visto que estes apenas se referem ao campo do possvel. Por outro lado, as proposies podem ser classificadas segundo a sua veracidade, porque consistem na predicao de um sujeito. Deste modo, quando a atribuio de uma determinada caracterstica a um determinado sujeito corroborar a realidade, a proposio dita-se verdadeira. Do mesmo modo, quando a caracterstica atribuda ao sujeito no estiver segundo a realidade, a proposio dita-se falsa. Assim podemos concluir que a veracidade aplica-se unicamente ao contedo das proposies. A validade e a invalidade esto inerentes aos argumentos e dizem respeito sua forma, isto , pela maneira como est organizado. Deste modo desprezado o seu contedo.

Tipos de Raciocnio . Analogia a concluso tira-se atravs da comparao entre coisas distintas que apresentam caractersticas semelhantes. Ex: Considerando as semelhanas anatmicas entre os homens e certos animais, inferimos que a reaco a certos medicamentos idntica em ambos. Da serem usados animais como cobaias para experimentar medicamentos destinados aos seres humanos. Nota: As concluses a que chegamos a partir deste tipo de raciocnio podem ser mais ou menos provveis, no nos oferecendo um grande grau de certeza.

. Indutivo neste tipo de raciocnio so tiradas concluses universais a partir do conhecimento de casos particulares. A maioria das cincias experimentais recorre induo. Ex: A borracha corpo e cai, a caneta corpo e cai, o lpis corpo e cai () Logo, todo o corpo cai. Nota: As concluses chegadas a partir da induo, tal como as chegadas a partir da analogia, no nos oferecem um grande grau de certeza, podendo ser mais ou menos provveis. . Dedutivo Aplica-se num caso particular o conhecimento que geral. Deste modo, aceitando a verdade das premissas de que partimos, somos logicamente obrigados a aceitar a verdade da concluso. Ex: Todos os Homens so mortais. Scrates Homem. Logo, Scrates mortal.

A argumentao SilogsticaO silogismo categrico regular Este silogismo formado por trs proposies, de tal maneira que, sendo dadas as duas primeiras (as premissas), se segue necessariamente a terceira (a concluso). Deste modo, existe uma necessidade lgica entre as premissas e a concluso, o que significa que, aceitando as premissas, somos obrigados a aceitar a concluso.

Silogismo regular e vlido forma constitudo por trs e s trs proposies, designadas por: . Premissa maior: contm o termo maior P (o termo maior sempre predicado na concluso); . Premissa menor: contm o termo menor S (o termo menor sempre sujeito na concluso); . Concluso: faz a ligao entre o termo maior e o menor. Existi ainda o termo Mdio (M) que o termo que estabelece o nexo lgico entre as premissas. Este termo nunca aparece na concluso. Ex:

M

P

Premissa Maior

Todos os Homens so mortais Premissas S M Premissa Menor

Scrates Homem Concluso S P Concluso

Scrates mortal

A distribuio dos termos nas proposies Tipo A E I O Sujeito Distribudo Distribudo Predicado No Distribudo Distribudo

No Distribudo No Distribudo No Distribudo Distribudo

Validade do silogismo: as regras(Todos os exemplos abaixo enunciados correspondem a raciocnios invlidos)

Cada silogismo apenas pode ter trs termo: o maior, o menor e o mdio Ex: As margaridas so flores. Algumas mulheres so Margaridas. Logo, algumas mulheres so flores. Este silogismo tem quatro termos. Na primeira premissa existe o termo margarida inerente planta, enquanto no segundo existe o termo Margarida que corresponde a um nome prprio.

O termo mdio nunca pode entrar na concluso Ex: Picasso era pintor. Picasso era pequeno. Logo, Picasso era um pequeno pintor.

Como na concluso o objectivo obter a relao entre os termos extremos, o termo mdio no pode aparecer.

O termo mdio deve ser tomado pelo menos uma vez em toda a sua extenso Ex: Alguns homens so ricos. Alguns homens so artistas. Logo, alguns artistas so ricos. Neste caso a concluso tirada invlida. No temos como saber se entre os homens ricos existem ou no artistas.

Nenhum termo pode ter maior extenso na concluso do que na premissa Ex: Os espanhis so inteligentes. Os portugueses no so espanhis. Logo, os portugueses no so inteligentes. Na concluso o termo inteligentes est tomado universalmente enquanto que na premissa no. Deste modo o raciocnio invlido.

A concluso segue sempre a parte mais fraca Ex: Todos os homens so felizes. Alguns homens so espertos. Logo, todos os espertos so felizes. A parte mais fraca negativa e particular. Se a concluso segue sempre a parte mais fraca, ento isso quer dizer que se alguma das premissas for particular, a concluso tem que ser particular; que se alguma das premissas for negativa, a concluso ter de ser negativa; e que se uma premissa for particular e a outra negativa, a concluso ter que ser particular negativa.

De duas premissas negativas nada se pode concluir Ex: Nenhum palhao chins

Nenhum chins holands. Logo (nada se pode concluir)

De duas premissas particulares, nada se pode concluir. Ex: Alguns italianos no so vencedores. Alguns italianos so pobres. Logo (nada se pode concluir)

De duas premissas afirmativas no se pode tirar uma concluso negativa Ex: Todos os mortais so desconfiados. Alguns seres so mortais. Logo, alguns seres no so desconfiados. Neste caso a concluso ilegtima. Se as premissas so afirmativas a concluso nunca pode ser negativa. Se for esse o caso, o raciocnio dita-se invlido.

A forma do silogismo: o modo e a figura 1 Figura MP SM SP 2 Figura PM SM SP 3 Figura MP MS SP 4 Figura PM MS SP

O modo de um silogismo indicado pelo tipo de proposies que o constituem (A, E, I, O). Existem 64 combinaes possveis, porm, nem todas so vlidas; sendo algumas, apenas vlidas em determinada figura.

1 Figura AAA EAE AII EIO

2 Figura EAE AEE EIO AOO

3 Figura AAI IAI AII EAO OAO EIO

4 Figura AAI AEE IAI EAO EIO

Silogismo Hipottico ou Condicional Um silogismo hipottico aquele silogismo cuja premissa maior uma proposio hipottica, sendo assim, constituda por: . Uma condio . Um condicionado Ex: Se chover, fico em casa

Est a chover, Fico em casa No exemplo mencionado, a premissa maior uma proposio hipottica. Deste modo, constituda por uma condio se chover e por um condicionado fico em casa. Este exemplo esta no modo afirmativo ou Modus Ponens, j que a segunda premissa afirma a condio, para que o condicionado seja afirmado na concluso. Ex2: Se chover, fico em casa

No fico em casa , No est a chover Neste exemplo, tal como no anterior, a premissa maior uma proposio hipottica, sendo a sua condio se chover e seu condicionado fico em casa. Por outro lado, este exemplo est no modo negativo ou Modus Tollens, j que na segunda premissa o condicionado negado, para que seja negada a condio na concluso.

Silogismo Disjuntivo Um silogismo disjuntivo aquele cuja premissa maior uma proposio disjuntiva. Tal como o silogismo hipottico, este tipo de silogismo tambm apresenta dois modos. Ex: Ou te calas ou vais para a rua

Calas-te,

No vais para a rua O exemplo apresentado consiste num silogismo disjuntivo j que a premissa maior uma proposio disjuntiva. O modo que apresenta o Modus Ponendotollens, porque um dos membros afirmado na segunda premissa, enquanto que o outro negado na concluso. Ex2: Ou chove ou faz sol

No chove, Faz sol Tal como o anterior, este silogismo disjuntivo, porm apresenta-se noutro modo, o Modus Tollendo-ponens, visto que um dos membros da premissa maior negado na segunda premissa enquanto que o outro afirmado na concluso.

Falcias formais Designa-se por falcia todo o raciocnio ou inferncia que se apresenta invlido. Nas falcias distinguimos aquelas que so cometidas involuntariamente (paralogismos), das que so cometidas intencionalmente (sofismas). Podem distinguir-se quatro principais tipos de falcias formais: . Falcia dos quatro termos . Falcia do termo mdio no distribudo . Falcia da ilcita maior . Falcia da ilcita menor Todas estas falcias apresentadas esto relacionadas com a invalidade dos raciocnios mediantes as regras dos silogismos j referidas anteriormente.

Argumentao e RetricaA argumentao como processo comunicativo O nosso quotidiano marcado por inmeras situaes em que necessitamos de recorrer s nossas capacidades argumentativas: . J fomos certamente confrontados com a necessidade de nos justificarmos junto dos nossos pais, ou de outras pessoas, por algumas aces; . J tivemos de defender acusaes dirigidas por colegas e demais pessoas;

. J nos foi pedida a nossa opinio sobre um determinado assunto; . etc. Todos estes exemplos tm um aspecto em comum; o facto de em todos eles, o orador estar a tentar convencer a pessoa com que est falar, na medida em que esta adira opinio apresentada pelo mesmo.

Argumentao A argumentao, consiste, fundamentalmente, numa tentativa de persuadir o auditrio em relao a uma determinada tese apresentada, atravs da apresentao de motivos/razes que satisfaam as regras da razo e que estejam adaptados especificidade do auditrio a que essa tese est a ser dirigida. Deste modo, podem distinguir-se duas dimenses da argumentao, uma centrada no raciocnio, e a outra na relao de convencimento, sendo estas, indissociveis. Toda a argumentao constituda por quatro variveis essenciais, so elas: . O orador pessoa que argumenta; . O auditrio pessoa ou grupo de pessoas a quem est a ser dirigido o discurso; . A tese ideia que o orador permite transmitir para o auditrio, criando o mximo de adeso por parte do mesmo; . O contexto ou meio em que est inserido o processo argumentativo;

Caractersticas das variveis essncias Ethos o tipo de prova centrado no carcter do orador. Este deve ser virtuoso moralmente e credvel para conseguir a confiana do seu auditrio; Pathos o tipo de prova centrado no auditrio. Este deve ser emocionalmente impressionado e seduzido; para tal, no se deve apresentar arrogante, ou seja, deve estar disposto a aderir a uma determinada tese que lhe seja apresentada e devidamente fundamentada; Logos o tipo de prova centrado nos argumentos, no discurso. O discurso deve estar bem estruturado do ponto de vista lgico-argumentativo, e deve ser adaptado especificidade do auditrio para que a tese se imponha com verdadeira.

Argumentao e Retrica

Quando se trata de avanar argumentos para defender teses meramente provveis, encontramo-nos do domnio da retrica e da argumentao. Pode entender-se por retrica a arte de argumentar, a arte de bem falar, cujo objectivo persuadir e convencer um auditrio a respeito de determinado assunto que apenas passvel de ser aceite. Deste modo, a argumentao e retrica encontram-se ligados j que na argumentao o objectivo obter o mximo de adeso do auditrio, e para tal, o orador deve possuir a arte de bem argumentar (retrica).

Demonstrao e Argumentao Podem distinguir-se dois grandes domnios a lgica formal e a retrica que implicam procedimentos distintos, embora no totalmente separveis: . Para conduzir algum a uma concluso necessria e universal, precisamos apenas de o demonstrar seguindo os critrios da lgica formal; . Por outro lado, para conduzir algum a uma concluso que apenas verosmil, plausvel, prefervel e razovel, teremos de argumentar seguindo os critrios da retrica.

Argumentao fornecer argumentos a favor ou contra uma determinada tese passvel de ser aceite ou no por parte do auditrio, logo, o orador deve adaptar-se ao seu auditrio para obter o mximo de adeso pessoal O orador para ser eficaz necessita de estabelecer um contacto com o auditrio necessrio que o auditrio no seja arrogante, ou seja, que esteja disposto a aderir a uma determinada tese que lhe seja apresentada contextualizada do domnio do verosmil, do plausvel, do prefervel, do provvel independente da matria ou

Demonstrao demonstrar uma concluso, tendo em conta a relao que esta estabelece com as premissas O auditrio obrigado a aceitar a concluso, logo, a aceitao da tese no depende em nada da opinio

impessoal O orador no necessita de estabelecer um contacto com o auditrio No necessrio que o auditrio esteja disposto a aderir porque o mesmo obrigado a aceitar a verdade da concluso de aceitar as premissas como verdadeiras descontextualizada do domnio da evidncia, da necessidade, do constringente dependente da matria ou contedo

contedo Caracteriza-se pela equivocidade prpria da linguagem natural Caracteriza-se pela univocidade prpria da lgica e das suas regras

Concluindo Argumentar fornecer razes a favor ou contra uma determinada tese ou concluso, tendo por finalidade provocar a adeso das pessoas a essa tese, pelo que necessrio que lhes parea razovel Demonstrar fornecer provas lgicas irrecusveis, encadeando proposies de tal como que, a partir das duas primeiras, se racionalmente constrangido a aceitar a que se segue, a concluso

Discurso publicitrio caractersticas essenciais . dirigido a um auditrio especfico; . Tenta responder a necessidades, mas tambm as cria; . Prope de forma condensada uma viso do mundo; . sedutor, pois dirige um apelo especfico sensibilidade/emoo; . Faz promessas veladas; . Opta por mensagens curtas, com pouca informao; . Actua a um nvel implcito e inconsciente.

Propaganda poltica caractersticas essenciais . Dirige-se a vrios auditrios particulares; . sedutor; . muitas vezes manipulador e demaggico; . Utiliza como tcnicas discursivas as interrogaes retricas, as expresses ambguas e as repeties; . Refora opinies prvias; . Forma e formado pela opinio pblica. (Opinio pblica o conjunto de pensamentos, conceitos e representaes gerais dos cidados sobre as questes de interesse colectivo)

Tipos de ArgumentosEntimema (argumento dedutivo)

um silogismo ao qual falta uma das premissas; trata-se portanto, de um argumento incompleto: parte dele fica subentendida, muitas vezes porque se admite que essas proposies so do conhecimento do auditrio. Exemplos: . Sou homem, logo sou mortal, (falta a premissa maior: todo o homem mortal); . Todos os homens voam. Joo homem. (neste caso falta a concluso: Joo voa); Como a premissa implcita se pode tornar explcita, formando-se, deste modo, um silogismo completo, a validade deste tipo de argumentos entimemas est dependente da sua forma lgica, ou seja, est dependente do cumprimento das regras formais do silogismo vlido.

Argumentos Indutivos (indues) So passveis de ser evidenciados dois diferentes tipos de raciocnios indutivos: os pela generalizao e os pela previso. A induo como generalizao consiste num argumento cuja concluso mais geral do que as premissas. Neste tipo de argumento, a validade no est inerente sua forma lgica, mas sim ao seu contedo. Deste modo, para que uma generalizao seja vlida necessita de cumprir dois requisitos: . Partir de casos particulares representativos; . No podem existir contra-exemplos. Exemplo: . Algumas galinhas tm penas, logo, todas as galinhas tm penas. Este argumento indutivo por generalizao vlido porque parte de casos particulares representativos (as galinhas tm penas), e porque no existem contra-exemplos (nunca antes se viu uma galinha sem penas, em condies normais claro). A induo como previso consiste num argumento que se baseia em acontecimentos passados, para prever acontecimentos no observados presentemente. Deste modo, a sua validade est dependente da probabilidade de a concluso corresponder, ou no, realidade. Exemplo:

. Todos os corpos observados at hoje precisam de gua, logo, a cadela que vai nascer vai precisar de gua. Trata-se de uma previso vlida, na medida em que provvel que a concluso corresponda realidade.

Argumento por Analogia Este tipo de argumento consiste, partindo de certas semelhanas ou relaes entre duas realidades, em encontrar novas semelhanas. Exemplo: . O presidente americano George Bush argumentou uma vez que o papel do vice-presidente o de apoiar as polticas do presidente, concordando ou no com elas, porque ningum quer meter golos na prpria baliza. Bush est a sugerir que fazer parte da administrao como fazer parte de uma equipa de futebol. Quando algum entra para uma equipa de futebol, est ciente de que, a partir desse momento, est sujeito s ordens do seu treinador, devendo respeit-las, para que a equipa tenha sucesso. Do mesmo modo, o vice-presidente, ao fazer parte da administrao deve obedecer e respeitar s ordens do presidente, porque o sucesso da administrao depende disso. Este argumento baseia-se na comparao que se estabelece entre as realidades, supondo semelhanas novas a partir das j conhecidas. Neste exemplo, a relao estabelecida foi: Assim como um treinador est para uma equipa de futebol, um presidente est para a administrao americana importante mencionar que a administrao americana, apesar de ter certos aspectos em comum com uma equipa de futebol, tambm tem outros aspectos diferentes. A analogia apenas faz uso das caractersticas semelhantes para justificar outras caractersticas. Deste modo, as semelhanas entre as realidades devem ser mais relevantes do que as diferenas; se isto no se evidenciar, o argumento dita-se invlido.

Argumento por autoridade o argumento que se apoia na opinio de um especialista para fazer valer a sua concluso. Deste modo, para que o argumento seja vlido, este deve cumprir quatro requisitos: . O especialista usado deve ser um perito no tema em questo;

. No pode existir contraverso entre os especialistas do tema em questo; . O especialista invocado no pode ter interesses pessoais no tema em causa; . O argumento no pode ser mais fraco do que o argumento contrrio. Exemplo: Newton disse que um corpo mantm o seu estado de repouso ou de movimento rectilneo e uniforme, quando a resultante das foras que nele actua nula. Logo, todos os corpos mantm o seu estado de repouso ou de movimento rectilneo e uniforme quando a resultante das foras que neles actua nula.

Falcias InformaisSo argumentos invlidos, aparentemente vlidos, cuja sua invalidade no resulta de uma deficincia lgica mas sim do contedo do argumento, da sua matria. Deste modo, pode-se concluir que a invalidade destes argumentos inerente linguagem natural comum Podem distinguir-se vrias falcias informais, so elas: a) Falcia da causa falsa surge sempre que se toma como causa de algo, aquilo que apenas um antecedente, ou uma qualquer circunstncia acidental. Ex: Fico triste quando est a chover. Por isso, a chuva a causa da minha tristeza. b) Falcia da petio de princpio consiste em assumir como verdadeiro aquilo que se pretende provar. Neste tipo de argumento falacioso, a concluso usada, de uma forma implcita, como premissa. Ex: O ser humano livre porque possui liberdade c) Falcia ad hominem o tipo de argumento dirigido contra o homem. Em vez de se atacar ou refutar a tese de algum, ataca-se a pessoa que a defende. Ex: A tua tese no tem qualquer valor porque s comunista e ateu. d) Falcia do apelo fora consiste em obrigar algum a admitir uma opinio recorrendo fora ou ameaa. Ex: Convm admitires que esta a melhor poltica que a empresa pode seguir, se pretenderes manter o emprego. e) Falcia do apelo ignorncia sempre que uma proposio tida com verdadeira s porque no se provou a sua falsidade ou vice-versa. Ex: Os fantasmas existem porque ainda ningum provou que eles no existem.

f) Falcia do apelo misericrdia quando se apela ao sentimento de piedade ou de compaixo para se conseguir que uma determinada concluso seja aceite. Ex: certo que tive negativas em todos os testes e que mereo chumbar. Mas esforcei-me tanto e estou to cansado. Trabalhar e estudar no nada fcil! Tente compreender que preciso de passar de ano! Por favor, seja bonzinho comigo g) Falcia do falso dilema consiste em reduzir as opes possveis a apenas duas, desprezando as restantes alternativas. A expresso falso dilema, deste modo, est inerente a premissas disjuntivas. Ex: Ou s meu amigo, ou s meu inimigo. No s meu amigo, logo, s meu inimigo. Embora seja vlido em termo dedutivos, este argumento contem uma falcia, j que a primeira premissa constitui um falso dilema: a relao entre as pessoas no tem de ser, necessariamente, de amizade ou de inimizade.

Retrica e FilosofiaA filosofia e a retrica nem sempre se entenderam. Os sofistas (sophia sabedoria) so aqueles que proliferam a retrica, como arte de convencer e persuadir. Estes foram criticados por diversos filsofos, como Scrates, Plato e Aristteles. A crtica que estes apontaram foi o facto dos sofistas, pelo facto de apenas se preocuparem em ensinar jovens atenienses a defender uma determinada tese perante uma assembleia, desprezam a sua correco/validade. Segundo os filsofos, isso no passava de uma falcia intencional sofisma. Contudo, os sofistas consideravam que do uso da palavra, tendo em vista convencer e seduzir os ouvintes, mais eficaz do que o contedo do prprio discurso. Para alm disto, e que ainda piora mais a relao entre os filsofos e os sofistas, que estes ltimos, ao contrrio dos primeiros, acreditavam na relatividade da verdade. Desde ento, o termo sofista que originariamente significava sbio, passa a estar associado ao falso saber. O sofista aquele que detm uma sabedoria aparente, que faz uso do raciocnio falacioso.

Retrica A retrica a arte de bem falar ou tcnica de persuadir um determinado auditrio acerca uma determinada tese, o que proporciona uma maior adeso. Segundo Reboul, a retrica tem a finalidade de educar os jovens e homens a

praticar a poltica atravs do ensinamento de um conjunto de tcnicas que tornam o discurso eloquente e eficaz. Os sofistas so quem prolifera esta arte, funcionando portanto, como professores itinerantes, e foram muitas as suas contribuies para a retrica. Estes professores foram os que idealizaram, pela primeira vez, uma prosa ornada e erudita; foram ainda os responsveis pela idealizao de que a verdade no passa de um acordo entre interlocutores, e que resultado de um processo argumentativo e comunicativo. Como a retrica como que um conjunto de estratgias que visam tornar o discurso mais eloquente e apelativo, estas contribuies dos sofistas demonstram-se eficazes j que cooperam com a retrica, na medida em que tm um objectivo em comum; o de ornamentar o discurso de modo a que este seja tomado por correcto e vlido independentemente da forma que assume. Antes de referirmos as crticas apontas pelos filsofos, pertinente estudar aquilo em que os mesmos acreditavam. A filosofia platnica baseava-se em trs dualismos: . Dualismo cosmolgico (cosmo universo); (1) . Dualismo antropolgico (antro homem); (2) . Dualismo gnosiolgico (gnosio conhecimento). (3) (1) Mundo sensvel e mundo inteligvel O mundo sensvel foi construdo semelhana do que se observava no mundo inteligvel. Tal como em todas as cpias, esta ficou imperfeita. (2) Corpo e alma A alma encontra-se presa ao corpo enquanto este vivo. Quando a morte fsica ocorre, a alma libertada para o mundo inteligvel. (3) Doxa e epistme Doxa corresponde opinio, ou seja, aquilo que subjectivo, enquanto epistme corresponde cincia, quilo que obejctivo e universal.

Criticas retrica sofstica Estas crticas encontram-se numa obra platnica intitulada Grgias, onde Scrates conversa com Polo e, atravs da Ironia, que o primeiro processo do mtodo socrtico, atravs do qual se leva o interlocutor contradio com o uso de perguntas habilmente formuladas, livrando-o ento, da falsa sabedoria. Posteriormente, e correspondente ao segundo processo socrtico, Scrates, sob

a frmula de dilogo conjunto, conduz o seu interlocutor descoberta da verdade que existe na alma maiutica. A primeira critica apontada quando Scrates afirma que se Polo fizer longos discursos em vez de responder objectivamente s questes que lhe so colocadas, que tem o direito de se ir embora sem o escutar. De seguida, o filsofo crtica o facto de a retrica ser uma actividade emprica que passvel de ser praticvel como a culinria segundo uma aplicao de critrios/medidas especficas, que podem gerar tanto o agrado como desagrado, pelo que podem ser usadas, tanto para o bem como para o mal. Inerente s caractersticas que Scrates apontou dos sofistas (dotados de imaginao, ousados, etc.), est uma critica ao facto de a retrica dar mais relevncia aos aspectos estticos em relao aos morais, sendo portanto, uma tcnica arrojada e subjectiva. Por tpicos (crticas retrica) . Associa-se falsa sabedoria; . Podem defender-se teorias no verdadeiras; . Preocupam-se apenas com o tipo de discurso para que este brilhe perante uma assembleia, sendo portanto, apenas aparentemente verdadeiro; . As pessoas eram convencidas pela palavra e no pela razo; . uma actividade emprica porque transmite sentimentos alma (apela s emoes) . Est inerente ao conhecimento aparente.

Reabilitao da Retrica A reabilitao ou renovao da retrica ocorreu no sculo XX e foi alterar a sua relao com a filosofia. A nova retrica, proposta por Perelman, deixou de ser associada ao falso saber e a discursos esteticamente trabalhados e passou a ser considerada importante em alguns locais. Segundo Michel Meyer, a chave do problema da retrica e da filosofia podia ser encontrado na relao dos conceitos de ethos, pathos e logos. Consideram-se os exemplos: . Plato ter realado o pathos e por isso viu a retrica como uma actividade manipuladora; . Aristteles, embora se aperceba dos trs conceitos, ter destacado o papel do logos, uma vez que reala a importncia do raciocnio argumentativo;

. Ccero ter sobrevalorizado o ethos, porque deu sobretudo importncia eloquncia do orador. Meyer defendia que a chave do problema da relao entre a retrica e filosofia passava por ter em conta todos estes conceitos de igual modo (pathos, ethos e logos).

Retrica e Democracia Na medida em que a Democracia corresponde a um governo no qual a soberania exercida pelo povo, ento todas as pessoas tm a necessidade de recorrer a tcnicas de persuaso perante um determinado auditrio, acerca de uma dada questo. Deste modo, este v o seu trabalho facilitado se fizer uso das tcnicas retricas uma vez que estas proporcionam uma maior adeso por parte do auditrio. No h democracia sem retrica!

Os dois usos da retrica O bom uso da retrica corresponde persuaso, ou retrica branca. Esta tem como finalidade a livre adeso do auditrio a uma determinada tese; deste modo, o auditrio possui o livre arbtrio, pelo que ningum obrigado a aderir a uma dada tese que lhe apresentada. Assim conclui-se que esta retrica bem utilizada porque no implica a imposio. O mau uso da retrica corresponde manipulao, ou retrica negra. Neste tipo de retrica o orador obriga o auditrio a aderir a uma determinada mensagem, atravs da privao da sua liberdade de escolha, mediante um constrangimento especfico; deste modo, o auditrio no possui livre arbtrio, ou seja, a sua capacidade de julgar encontra-se paralisada, visto que se vm obrigados a aderir tese que lhes apresentada. Assim, dita-se que neste caso particular da manipulao, a retrica que lhe est inerente est a ser mal utilizada porque uma prtica abusiva do discurso. Dentro da manipulao podem distinguir-se dois tipos; a manipulao dos afectos, que aquela que apela s emoes e aos sentimentos, e a manipulao cognitiva, que, por outro lado, consiste na alterao do contedo do discurso.

Persuaso e Manipulao, aspectos negativos . Algumas tcnicas de persuaso utilizadas, tanto na publicidade como na poltica, por vezes, atingem o limite daquilo que legtimo, originando

portanto, aquilo que se chama, abuso de persuaso, que se aproxima bastante da manipulao . A manipulao, associada tambm publicidade e poltica, constitui um perigo real para a sociedade, uma vez que a sua utilizao pe em causa os princpios da democracia e compromete a autonomia e a identidade da populao. Alguns autores consideram a retrica branca uma arma para lutar com a retrica negra, ou seja, se tivermos competncias retrico-argumentativas (inerente persuaso) podemos prevenir os maus usos da retrica. Trata-se de, entrando no domnio da tica, de impor limites prpria persuaso, o que fundamental para o exerccio da liberdade.

Os princpios ticos do discurso racional/argumentativo . Respeitar e ouvir atentamente as pessoas que discordam de ns . Estar disponvel para mudar de ideias se os nossos argumentos no resistirem discusso . No mudar de assunto sem antes discutir adequadamente o que estava em discusso . Distinguir o central e relevante do perifrico e acessrio . No usar ataques pessoais de qualquer espcie . Dominar aspectos elementares da lgica formal/informal . Conhecer bibliografia relevante . Ter reflectido de forma razoavelmente sistemtica no tema em causa

Argumentao, verdade e ser Conceito de verdade: . Verdade absoluta e imutvel (objectiva) este conceito de verdade foi proposto e defendido por filsofos clssicos como Plato, Kepler e Newton. . Verdade biodegradvel (subjectiva) corresponde ao conceito mais contemporneo e diz que a verdade mutvel, ou seja, pode sofrer alteraes, de acordo com determinadas condies e limites. Conceito de Realidade: . Realidade objectiva o que existe e no isso no pode ser posto em causa;

. Realidade subjectiva corresponde ao valor que dado ao que existe. Ora, estes conceitos so passveis de ser relacionados entre si; tendo em conta que, ao longo da histria da filosofia, estes conceitos sofreram diversas interpretaes, podem distinguir-se duas concepes: A concepo clssica, onde o ser se identifica com tudo o que existe e independente do modo como o dizemos/conhecemos, e onde a verdade unvoca e corresponde ao conhecimento absoluto do ser. A concepo contempornea, onde o ser diz-se de diferentes maneiras ( plural) e s pode ser dito/conhecido por intermdio da linguagem, e onde a verdade no unvoca nem absoluta, plurvoca e renovvel. Deste modo, dita-se que a concepo clssica defende o conceito de realidade objectiva e de verdade absoluta enquanto a concepo contempornea defende o conceito de realidade subjectiva e de verdade subjectiva.

A razo Antigamente pensava-se que a razo proporcionava ao Homem a aquisio de conhecimentos, e que todos eram capazes de o fazer, enquanto seres racionais. O filsofo francs Descartes afirmou que a razo era a coisa mais bem distribuda pelos Homens! Porm, actualmente defende-se um outro conceito de razo. Agora a razo j no vista como uma faculdade humana detentora de conhecimentos verdadeiros e unvocos, como algo que se impe ou como uma ordem eterna, mas sim como uma faculdade humana plural, portadora de conhecimentos plurvocos o mais prximo possvel da verdade. Este novo conceito defende ainda que a razo no pode ser descontextualizada, nem desumanizada nem despersonalizada. Segundo este conceito, a argumentao racional tem de ser compreendida como um discurso que se dirige a um auditrio universal, que visa obter o acordo de todos os homens e como algo que deve ser reconhecido universalmente, no por imposio, mas sim pelo facto de serem promovidas tcnicas de persuaso convincentes que devem fazer com que haja uma maior adeso s teses propostas, e ainda, pelo facto das teses apresentadas serem as mais plausveis numa determinada situao, (as teses mais plausveis so as que melhor explicam a realidade). Este conceito de razo est relacionado com um novo conceito de verdade, que diz que esta se encontra na comunicao, uma vez que, qualquer tese que

apresentada a um auditrio universal contribui para uma aproximao da verdade acerca de uma determinada realidade. Deste modo, e tendo em conta que a tese mais universal, ou seja, a que mais se aproxima da verdade, a tese que obtm maior adeso, ento, conclui-se que no h universalidade da verdade mas sim a plausibilidade das teses; por outro lado, dita-se que a verdade no pode ser imposta e que se insere no contexto da discusso e da comunicao. Como j foi mencionado, a tese que provoca mais adeso no auditrio universal constitui a tese mais prxima da verdade; deste modo, e na medida em que as tcnicas retricas proporcionam uma maior adeso a uma determinada tese apresentada, ento dita-se que a utilizao deste tipo de tcnicas permite uma maior aproximao verdade, pelo que a relao entre a filosofia e a retrica deixa de ser incompatvel, uma vez que a filosofia se associa crena na verdade. H quem afirme que nesta relao que se pode encontrar o mtodo da filosofia, que, segundo Perelman, a argumentao.