FILOSOFIA completa

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Filosofia Filosofia e Auguste Rodin, representação clássica de um homem imerso em pensamentos. Origem do nome , Grego Origem Grécia, Séc VII a.C., Tales de Mileto, Pitágoras; Índia, por volta do Séc X - VII e , Vedas Influências Mitologia Influenciados Ciência, Política, Ética, Teologia Principais nomes Platão, Aristóteles, René Descartes entre outros Definição É o estudo de problemas fundamentais relacionados àexistência, ao conhecimento, àverdade, orais eestéticos, à mente e à linguagem. Conhecida por estimular o pensamento lógico e crítico Pretende Construir concepções abrangentes de mundo Divide-se em Filosofia ocidental, Filosofia oriental Ramificações Epistemologia, Ontologia, Ética,Metafísica, Filosofia social,Filosofia politica, Estética, Lógica Filosofia (do grego , literalmente «amor à sabedoria») é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. [1] Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das  pesquisas científicaspor geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, aanálise conceptual, as experiências de pensamento e outros métodos a priori.A filosofia ocidental surgiu na Grécia antiga no século VI a.C. A partir de então, uma sucessão de pensadores originais -

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Filosofia

Filosofia 

e Auguste Rodin, representação clássica de um homem imerso em pensamentos.

 

Origem do nome , Grego

 

Origem Grécia, Séc VII a.C., Tales de Mileto, Pitágoras; Índia, por volta do Séc X - VII

e

 

, Vedas

Influências Mitologia

 

Influenciados Ciência, Política, Ética, Teologia

 

Principais nomes Platão, Aristóteles, René Descartes entre outros

Definição É o estudo de problemas fundamentais relacionados àexistência, ao conhecimento, àverdade,

orais eestéticos, à mente e à linguagem.

 

Conhecida por estimular o pensamento lógico e crítico

Pretende Construir concepções abrangentes de mundo

 

Divide-se em Filosofia ocidental, Filosofia oriental

Ramificações Epistemologia, Ontologia, Ética,Metafísica, Filosofia social,Filosofia politica, Estética, Lógica

 

Filosofia (do grego , literalmente «amor à sabedoria») é o estudo de problemas fundamentais relacionados

 

à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.[1] Ao abordar esses problemas, a

 

filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das

 

 pesquisas científicaspor geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a

argumentação lógica, aanálise conceptual, as experiências de pensamento e outros métodos a priori.A filosofia ocidental surgiu

 

na Grécia antiga no século VI a.C. A partir de então, uma sucessão de pensadores originais -

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como Tales,Xenófanes, Pitágoras, Heráclito e Protágoras - empenhou-se em responder, racionalmente, questões acerca da realidade

 

última das coisas, das origens e características do verdadeiro conhecimento, da objetividade dos valores morais, da existência e

natureza deDeus (ou dos deuses). Muitas das questões levantadas por esses antigos pensadores são ainda temas importantes

da filosofia contemporânea.[2]Durante as Idades Antiga e Medieval, a filosofia compreendia praticamente todas as áreas de

 

investigação teórica. Em seu escopo figuravam desde disciplinas altamente abstratas - em que se estudavam o "ser enquanto ser" e os princípios gerais do raciocínio - até pesquisas sobre fenômenos mais específicos - como a queda dos corpos e a classificação dos seres

 

vivos. A partir do século XVII, vários ramos do conhecimento se desvencilharam da filosofia e se constituíram em ciências

independentes com técnicas e métodos próprios (geralmente priorizando a observação e a experimentação). Apesar disso, a filosofia

atual ainda pode ser vista como uma disciplina que trata de questões gerais e abstratas que sejam relevantes para a fundamentação das

demais ciências particulares ou demais atividades culturais. A princípio, tais questões não poderiam ser convenientemente tratadas por

métodos científicos.Por razões de conveniência e especialização, os problemas filosóficos são agrupados em subáreas temáticas: entre

elas as mais tradicionais são a metafísica, a epistemologia, a lógica, a ética, a estética e a filosofia política.

 

Introdução:As inúmeras atividades a que nos dedicamos cotidianamente pressupõem a aceitação de diversas crenças e valores de

que nem sempre estamos cientes. Acreditamos habitar um mundo constituído de diferentes objetos, de diversos tamanhos e diversascores. Acreditamos que esse mundo organiza-se num espaço tridimensional e que o tempo segue a sua marcha inexorável numa única

 

direção. Acreditamos que as pessoas ao redor são em tudo semelhantes a nós, veem as mesmas coisas, têm os mesmos sentimentos e

sensações e as mesmas necessidades. Buscamos interagir com outras pessoas, e encontrar alguém com quem compartilhar a vida e,

talvez, constituir família, pois tudo nos leva a crer que essa é uma das condições para a nossa felicidade. Periodicamente reclamamos

de abusos na televisão, em propagandas e noticiários, na crença de que há certos valores que estão sendo transgredidos por 

 puro sensacionalismo. Em todos esses casos, nossas crenças e valores determinam nossas ações e atitudes sem que eles sequer nos

 passem pela cabeça. Mas eles estão lá, profundamente arraigados e extremamente influentes. Enquanto estamos ocupados em

trabalhar, pagar as contas ou divertir-nos, não vemos necessidade de questionar essas crenças e valores. Mas nada impede que, em

determinado momento, façamos uma reflexão profunda sobre o significado desses valores e crenças fundamentais e sobre a suaconsistência. É nesse estado de espírito que formularemos perguntas como: ³O que é a realidade em si mesma?´, ³O que há por trás

daquilo que vejo, ouço e toco?´, ³O que é o espaço? E o que é o tempo?´, ³Se o que aconteceu há um centésimo de segundo atrás já é

 passado, será que o presente não é uma ficção?´, ³Será que tudo o que acontece é sempre antecedido por causas?´, ³O que é a

felicidade? E como alcançá-la?´, ³O que é o certo e o errado?´, ³O que é a liberdade?´.

Paul Gauguin,  De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?(1897/98).

 

Essas perguntas são tipicamente filosóficas e refletem algo que poderíamos chamar de atitude filosófica perante o mundo e perante

nós mesmos. É a atitude de nos voltarmos para as nossas crenças mais fundamentais e esforçar-nos por compreendê-las, avaliá-las e

 justificá-las. Muitas delas parecem ser tão óbvias que ninguém em sã consciência tentaria sinceramente questioná-las. Poucos

colocariam em questão máximas como ³Matar é errado´, ³A democracia é melhor que a ditadura´, ³A liberdade de expressão e de

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opi    i¡  

o é um valor i   

¢   i £    pensável¤ ¥   Mas, a atitude f ilosóf i ¦   a não reconhece domínios fechados à investi §   ação. Mesmo em relação a

crenças e valores que consideramos absolutamente inegociáveis, a proposta da f ilosof ia é a de submet¨ © 

los ao exame cr ítico, racional 

e argumentativo, de modo que a nossa adesão se ja restabelecida em novo patamar. Em outras palavras, a proposta f ilosóf ica é a de

que, se é para sustentarmos cer tas crenças e valores, que se jam sustentados de maneira cr ítica e ref letida.Muitos autores ide ntif icam

essa atitude f ilosóf ica com uma espécie de habilidade ou capacidade de se admirar com as coisas, por mais prosaicas que se jam. Na

 base da f ilosof ia, estar ia a cur iosidade tí pica das cr ianças ou dos que não se contentam com respostas prontas. Platão, um dos pais

fundadores da f ilosof ia ocidental, af irmava que o sentimento de assombro ou admiração está na or igem do pensamento f ilosóf ico: 

"    admiração é a verdadeira caracter ística do f ilósofo. Não tem outralosof ia." 

 ² Platão, T     t    t    .[3] 

 

 Na mesma linha, af irmava Ar istóteles: 

"   

s homens começam e sempre começaram a f ilosofar movidosação." 

 ² Ar istóteles, M    t    fí    ic    , I 2. [4] 

 

Embora essa capacidade de admirar-se com a realidade possa estar na or igem do pensamento f ilosóf ico, isso não signif ica que tal admiração provoque apenas e tão somente f ilosof ia. O sentimento religioso, por exemplo, pode igualmente surgir dessa disposição: a

aparente perfeição da natureza, as sincronias dos processos naturais, a complexidade dos seres vivospodem causar profunda impressão

no indivíduo e levá-lo a indagar se o responsável por tudo isso não ser ia uma Inteligência Super ior. Uma paisagem que a todos

 parecesse comum e sem atrativos poder ia atrair de modo singular o olho do ar tista e fazê -lo cr iar uma obra de ar te que revelasse

nuances que escaparam ao olhar comum. Analogamente, embora a queda de ob jetos se ja um fenômeno corr iqueiro, se nenhum

cientista tivesse considerado esse fenômeno surpreendente ou digno de nota, não saber íamos nada a respeito da gravidade. Esses

 

exemplos sugerem que, além de cer ta atitude em relação à nossa exper iência da realidade, há um modo de interpelar a realidade e

nossas crenças a seu respeito que diferenciar iam essa investigação da religião, da ar te e da ciência.Ao contrár io da religião, que se

 

estabelece entre outras coisas sobre textos sagrados e sobre a tradição, a f ilosof ia recorre apenas à razão para estabelecer cer tas teses erefutar outras. Como já mencionado acima a f ilosof ia não admite dogmas. Não há, em pr incí pio, crenças que não este jam su jeitas ao

 

exame cr ítico da f ilosof ia. Disso não decorre um conf lito irreconciliável entre a f ilosof ia e a religião. Há f ilósofos que ar gumentam

em favor de teses caras às religi    es, como, por exemplo, a existência de Deus e a imor talidade da alma. Mas um argumento

 propr iamente f ilosóf ico em favor da imor talidade da alma apresentará como garantias apenas as suas própr ias razões: ele apelará

somente ao assentimento racional, jamais à fé ou à obediência.[5]

 

Os ar tistas assemelham-se aos f ilósofos em sua tentativa de

desbanalizar a nossa exper iência do mundo e alcançar assim uma compreensão mais profunda de nós mesmos e das coisas que nos

cercam. Mas a forma em que apresentam seus resultados é bastante diferente. Os ar tistas recorrem à percepção direta e

 

à intuição;[5] enquanto a f ilosof ia ti picamente apresenta seus resultados de maneira argumentativa, lógica e abstrata.Mas, se essa

 

insistência na razão diferencia a f ilosof ia da religião e da ar te, o que a diferenciar ia das ciências, uma vez que também ess a pr ivilegiauma abordagem metódica e racional dos fenômenos? A diferença é que os problemas ti picamente f ilosóf icos não podem ser 

resolvidos por observação e exper imentação.[5] Não há exper imentos e observações empír icas que possam decidir qual ser ia a noção

 

de ³direitos humanos´ mais adequada do ponto de vista da razão. O mesmo vale para outras noções, tais como ³li berdade´, ³ justiça´

ou ³falta moral´. Não há como resolver em laboratór io questões como: ³quando tem início o ser humano?´, ³os animais podem ser 

su jeitos de direitos?´, ³em que medida o Estado pode interfer ir na vida dos cidadãos?´, ³As entidades microscópicas postuladas pelas

ciências têm o mesmo grau de realidade que os ob jetos da nossa exper iência cotidiana (pessoas, animais, mesas, cadeiras, etc.)?´. Em

resumo, quando um tópico é defendido ou cr iticado com argumentos racionais, e essa defesa ou ataque não pode contar com

observações e exper imentos para a sua solução, estamos diante de um debate f ilosóf ico.

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A def ini    de f il    f i ! "  Etim   l #   i !    

 Filó$ %   f %  &  

'    M &  

(  

it )  

çã%   , deR embrandt (detalhe).A palavra "f ilosof ia" (do grego

 

) é uma composição de duas palavras:  phil 0  

1   (2 3  

)

e 1  

0   phi

4  (

5  ). A pr imeira é uma der ivação de phili

4  (

2  

5  ) que signif ica amizade, amor fraterno e respeito entre os iguais; a

segunda signif ica sabedor ia ou simplesmente saber. Filosof ia signif ica, por tanto, amizade pela sabedor ia, amor e respeito pel o saber ; e

o f ilósofo, por sua vez, ser ia aquele que ama e busca a sabedor ia, tem amizade pelo saber, dese ja saber.[6]

A tradição atr i bui ao

 

f ilósofo Pitágoras de Samos (que viveu no século V a.C.

 

) a cr iação da palavra. Conforme essa tradição, Pitágoras ter ia cunhado o

termo para modestamente ressaltar que a sabedor ia plena e perfeita ser ia atr i buto apenas dos deuses; os homens, no entanto, poder iam

venerá-la e amá-la na qualidade de f ilósofos.[6]A palavra phil 0   1  

0    phí 4   não é simplesmente uma invenção moderna a par tir de termos

 

gregos,[7] mas, sim, um empréstimo tomado da própr ia língua grega. Os termos 2   ( phil 0  

1  

0   phos) e 2   ( phil osophei

6   )

 

 já ter iam sido empregados por alguns pré-socráticos[8] (Heráclito,Pitágoras e Górgias

 

) e pelos histor iadores Heródoto e Tucídides.

Em Sócrates e Platão, é acentuada a oposição entre 5  

e 2  

5  , em que o último termo expr ime cer ta modéstia e

cer to ceticismo em relação ao conhecimento humano.

O conceito de f ilosof i 7 8  O conceito de "f ilosof ia" sofreu, no transcorrer da histór ia, vár ias alterações e restr ições em sua abrangência.

As concepções do que se ja a f ilosof ia e quais são os seus ob jetos de estudo também se alteram conforme a escola ou movimento

f ilosóf ico. Essa var iedade presente na histór ia da f ilosof ia e nas escolas e correntes f ilosóf icas torna praticamente impossível elaborar 

uma def inição universalmente válida de f ilosof ia. Def inir a f ilosof ia é realizar uma tarefa metaf ilosóf ica. Em outras palavras, é fazer 

uma f ilosof ia da f ilosof ia. O sociólogo e f ilósofo alemão Georg Simmel ressaltou esse ponto ao dizer que um dos pr imeiros problemas

 

da f ilosof ia é o de investigar e estabelecer a sua própr ia natureza. Talvez a f ilosof ia se ja a única disci plina que se volte para si mesma

dessa maneira. O ob jeto da f ísica não é, cer tamente, a própr ia ciência da f ísica, mas os fenômenos ópticos e elétr icos, entre outros.

 

A f ilologia ocupa-se de registros textuais antigos e da evolução das línguas, mas não se ocupa de si mesma. A f ilosof ia, no entanto,

 

move-se neste cur ioso círculo: ela determina os pressupostos de seu método de pensar e os seus propósitos através de seus própr ios

métodos de pensar e propósitos. Não há como apreender o conceito de f ilosof ia fora da f ilosof ia; pois somente a f ilosof ia pode

determinar o que é a f ilosof ia.[9]Platão e Ar istóteles concordam em caracter izar a f ilosof ia como uma atividade racional estimulada

 

 pelo assombro ou admiração. Mas, para Platão, o assombro é provocado pela instabilidade e contradições dos seres que percebemos

 pelos sentidos. A f ilosof ia, no quadro platônico, ser ia a tentativa de superar esse mundo de coisas efêmeras e mutáveis e apreender 

racionalmente a realidade última, composta por formas eternas e imutáveis que, segundo Platão, só podem ser captadas pela razão.

Para Ar istóteles, ao contrár io, não há separação entre, de um lado, um mundo apreendido pelos sentidos e, de outro lado, um mundo

exclusivamente captado pela razão. A f ilosof ia ser ia uma investigação das causas e pr incí pios fundamentais de uma única e mesma

realidade. O f ilósofo, segundo Ar istóteles, ³conhece, na medida do possível, todas as coisas, embora não possua a ciência de cada

uma delas por si´.[10] A f ilosof ia alme jar ia o conhecimento universal, não no sentido de um acúmulo enciclopédico de todos os fatos e

 

 processos que se possam investigar, mas no sentido de uma compreensão dos pr incí pios mais fundamentais, dos quais depender iam os

ob jetos par ticulares a que se dedicam as demais ciências, ar tes e of ícios. Ar istóteles considera que a f ilosof ia, como ciênci a das causas

e pr incí pios pr imordiais, acabar ia por identif icar-se com a teologia, pois Deus ser ia o pr incí pio dos pr incí pios.[11]As def inições de

 

f ilosof ia elaboradas depois de Platão e Ar istóteles separaram a f ilosof ia em duas par tes: uma f ilosof ia teór ica e uma f ilosof ia prática.

Como ref lexo da busca por salvação ou redenção pessoal, a f ilosof ia prática foi gradativamente se tornando um sucedâneo da fé

religiosa e acabou por ganhar precedência em relação à par te teór ica da f ilosof ia. A f ilosof ia passa a ser concebida como uma ar te de

viver, que fornecer ia aos homens regras e prescr ições sobre como agir e como se por tar diante das inconstâncias do mundo. Essa

concepção é muito clara em diversas correntes da f ilosof ia helenística, como, por exemplo, no estoicismo e no neoplatonismo.[11]As

 

def inições de f ilosof ia formuladas na Antiguidade persistiram na época de disseminação e consolidação do cr istianismo, mas isso não

impediu que as concepções cr istãs exercessem inf luência e moldassem novas maneiras de se entender a f ilosof ia. As def inições de

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f ilosof ia elaboradas durante a Idade Média foram coordenadas aos serviços que o pensamento f ilosóf ico poder ia prestar à

compreensão e sistematização da fé religiosa; e, desse modo, a f ilosof ia passa a ser concebida como ³serva da teologia´

(ancill at heol og iae).[11]Segundo São Tomás de Aquino, por exemplo, a f ilosof ia pode auxiliar a teologia em três frentes: (1) ela pode

 

demonstrar verdades que a fé já toma como estabelecidas, tais como a existência de Deus e a imor talidade da alma; (2) pode

esclarecer cer tas verdades da fé ao traçar analogias com as verdades naturais; e (3) pode ser empregada para refutar ideias que se

oponham à doutr ina sagrada.[12]

 

Os medievais também mantiveram a acepção de f ilosof ia como saber prático, como uma busca de

normas ou recomendações para se alcançar a plenitude da vida. Santo Isidoro de Sevilha, ainda no século VII, def inia a f ilosof ia como

³o conhecimento das coisas humanas e divinas combinado com uma busca pela vida moralmente boa´ [13] 

 

Frontispício da I n st auratio M a g na, de Francis Bacon, 1620. Na par te infer ior está

escr ito:  M ulti per t ran sibunt et au gebit ur  scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará). As colunas representam as limitações

da f ilosof ia antiga e medieval.Tanto na Idade Média como em qualquer outra época da histór ia ocidental, a compreensão do que é a

f ilosof ia ref lete uma preocupação com questões essenciais para a vida humana em seus múlti plos aspectos. As concepções de f ilosof ia

do R enascimento e da Idade Moderna não são exceções. Também aí as noções do que se ja a f ilosof ia sintetizam as tentativas de

oferecer respostas substantivas aos problemas mais inquietantes da época. O advento da era moderna fez ruir as própr ias bases da

sabedor ia tradicional; e impôs aos intelectuais a tarefa de encontrar novas formas de conhecimento que pudessem restabelecer a

conf iança no intelecto e na razão. Para Francis Bacon - um dos pr imeiros f ilósofos modernos - a f ilosof ia não dever ia se contentar 

com uma atitude meramente contemplativa, como quer iam os antigos e medievais; ao contrár io, dever ia buscar o conhecimento das

essências das coisas a f im de obter o controle sobre os fenômenos naturais e, por tanto, submeter a natureza aos desígnios

humanos.[14] Para Descar tes, a f ilosof ia, na qualidade de metaf ísica, é a investigação das causas pr imeiras, dos pr incí pios

fundamentais. Esses pr incí pios devem ser claros e evidentes, e devem formar uma base segura a par tir da qual se possam der ivar as

outras formas de conhecimento. É nesse sentido, entendendo-se a f ilosof ia como o con junto de todos os saberes e a metaf ísica como a

investigação das pr imeiras causas, que se deve ler a famosa metáfora de Descar tes: ³Assim, a Filosof ia é uma árvore, cu jas ra ízes são

a Metaf ísica, o tronco a Física, e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências´. [15]Após Descar tes, a f ilosof ia assume uma

 

 postura cr ítica em relação a suas própr ias aspirações e conteúdos. Os empir istas br itânicos, inf luenciados pelas novas aquisições da

 

ciência moderna, dedicaram-se a situar a investigação f ilosóf ica nos limites do que pode ser avaliado pela exper iência. Segundo a

or ientação empir ista, argumentos tradicionais da f ilosof ia, como as demonstrações da existência de Deus, da imor talidade da alma e

de essências imutáveis ser iam inválidos, uma vez que as ideias com que operam não são adequadamente der ivadas da exper iência. De

maneira análoga, Kant, ao elaborar sua doutr ina da f ilosof ia transcendental, re jeita a possi bilidade de tratamento científ ico de muitos

dos problemas da f ilosof ia tradicional, uma vez que a adequada solução deles demandar ia recursos que ultrapassam as capacidades do

intelecto humano.O empir ismo br itâncio e o idealismo de Kant acentuam uma caracter ística frequentemente destacada na f ilosof ia: a

de ser um " pensar sobre o pensamento"[16] ou um "conhecer o conhecimento".[17] Esse concepção ref lexiva da f ilosof ia, do

 

 pensamento que se volta para si mesmo, inf luenciará vár ios autores e escolas f ilosóf icas, tanto do século XIX como do século XX.

A fenomenologia, por exemplo, considerará a f ilosof ia como um empreendimento eminentemente ref lexivo. Segundo Edmund

 

Husser l - o fundador da fenomenologia - a f ilosof ia é uma ciência r igorosa dos fenômenos tal como nos aparecem, ou se ja, tal como é

a nossa consciência deles. Para descrevê-los, o f ilósofo deve pôr entre parênteses todas as suas pressuposições e preconceitos (até

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mesmo a cer teza de que os ob jetos existem) e restr ingir-se apenas aos conteúdos da consciência.Com a virada linguística do início do

 

século XX, muitos f ilósofos passam a considerar a f ilosof ia como uma análise de conceitos. Para Wittgenstein, os problemas

 

f ilosóf icos tradicionais são todos resultantes de confusões linguísticas; e a tarefa do f ilósofo ser ia a de esclarecer o modo como os

conceitos são empregados a f im de explicitar tais confusões. Numa abordagem mais positiva sobre a atividade

f ilosóf ica, Strawson considera que a f ilosof ia é análoga à gramática: assim como os estudiosos da gramática explicitam as regras que

os falantes inconscientemente empregam, a f ilosof ia explicitar ia conceitos-chave que, na construção de nossas concepções e

argumentos, adotamos sem ter plena consciência de suas implicações e relações.[18]A lista de concepções da f ilosof ia propostas ao

 

longo de sua histór ia pode ser estendida indef inidamente. Sua var iedade é tão grande que dif icilmente se pode encontrar um elemento

que perpasse todas as concepções em todas as épocas. Mas não se pode esquecer que as antigas concepções de f ilosof ia tornaram-se

algo obsoletas frente ao avanço de outras disci plinas que antes se abr igavam à sombra, excessivamente vasta, da f ilosof ia. As

concepções de autores antigos e medievais, e mesmo de alguns modernos, consideravam indiscr iminadamente como f ilosóf icas

investigações que ho je denominamos simplesmente de científ icas. Assuntos como as leis do movimento, a estrutura da matér ia e o

funcionamento dos processos psicológicos ± que ho je consideramos como temas da f ísica, da química e da psicologia,

respectivamente ± eram todos reunidos na noção de f ilosof ia natural. Após arevolução científ ica do século XVII, as investigações da

 

f ilosof ia natural foram gradualmente se desvencilhando da f ilosof ia e se constituíram em domínios específ icos e independentes de

 pesquisa. De cer ta forma, os problemas clássicos da f ilosof ia formam ho je um con junto de assuntos elusivos que não se dobraram à

metodologia indutiva e exper imental das ciências.[19] Mas isso não implica dizer que a f ilosof ia atual se ja mero resíduo do processo de

crescimento e consolidação da ciência moderna. Dizer isso ser ia esquecer o aspecto profundamente dinâmico e ref lexivo da f ilosof ia.

A ref lexão f ilosóf ica não é algo que ocorra num limbo intelectual: ela acompanha de per to a evolução das ciências, da política, da

religião e das ar tes.[11] Essa evolução tende a apresentar novos problemas e desaf ios que, por escaparem ao estr ito domínio da

 

disci plina em que surgiram, podem ser chamados de "f ilosóf icos".Talvez não ha ja uma resposta categór ica à pergunta ³O que é

f ilosof ia?´.[11] Os f ilósofos divergem entre si sobre o que fazem, os problemas f ilosóf icos ramif icam-se indef inidamente e os métodos

 

var iam conforme a concepção do que se ja o trabalho f ilosóf ico. Talvez a af irmação de Simmel de que só é possível entender a

f ilosof ia no âmbito da f ilosof ia possa ser tomada como uma adver tência quando contrastada com o amplo espectro de conceitos sobre

a sua natureza: ao adotar uma das diferentes or ientações f ilosóf icas, tratamos de d et erminad os problemas e

adotamos d et erminad os métodos para tentar esclarecê-los; mas, dado que há out ra s concepções, conforme outros métodos e conforme

outras f inalidades, devemos modestamente reconhecer que essas concepções alternativas têm o mesmo direito de ostentar o título de

³f ilosof ia´ que a nossa concepção.

Os métodos da f ilosof ia 

 Di scu ssão noit e ad ent r o, de William Blades: o debate franco de ideias, conforme os padrões da argumentação lógica, é uma das

caracter ísticas centrais da atividade f ilosóf ica.Os trabalhos f ilosóf icos são realizados mediante técnicas e procedimentos que integram

os cânones do pensamento racional. Tradicionalmente, a f ilosof ia destaca e pr ivilegia a argumentação lógica, em linguagem natural 

ou em linguagem simbólica, como a ferramenta por excelência da apresentação e discussão de teor ias f ilosóf icas. A argumentação

lógica está associada a dois elementos impor tantes: a ar ticulação r igorosa dos conceitos e a correta concatenação

das premissas e conclusões, de modo que essas últimas se jam der ivações incontestáveis das pr imeiras. Toda a ideia f ilosóf ica

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relevante é inevitavelmente submetida a escrutínio cr ítico; e a presença de falhas na argumentação é frequentemente o pr imeiro alvo

das cr íticas. Desse modo, o destino de uma tese qualquer que não este ja amparada por argumentos sólidos e convincentes será,

frequentemente, a severa re jeição por par te da comunidade f ilosóf ica. Embora a ref lexão sobre os pr incí pios e métodos da lógica só

tenha sido realizada pela pr imeira vez por Ar istóteles, a ênfase na argumentação lógica e na cr ítica à solidez dos argumentos é uma

caracter ística que acompanha a f ilosof ia desde os seus pr imórdios. A própr ia ruptura entre o pensamento mítico-religioso e o

 pensamento racional é assinalada pela adoção de uma postura argumentativa e cr ítica em relação às explicações tradicionais.

Quando Anaximandro re jeitou as explicações de seu mestre ± Tales de Mileto ± e propôs concepções alternativas sobre a natureza e

estrutura do cosmos, o pensamento humano dava seus pr imeiro passos em direção ao debate franco, público e aber to de ideias,

or ientado apenas por cr itér ios racionais de correção, como forma destacada de se aperfeiçoar o conhecimento; e abandonava, assim, as

narrativas tradicionais sobre a or igem e composição do universo, apoiadas na autor idade inquestionável da tradição ou em

ensinamentos esotér icos.[20]Mas não se podem restr ingir os métodos da f ilosof ia apenas à ênfase geral na argumentação lógica e na

cr ítica sistemática às teor ias apresentadas. Nas grandes tradições da histór ia da f ilosof ia, podem ser identif icadas duas or i entações

 bem abrangentes, cu jos ob jetivos e técnicas tendem a difer ir radicalmente: existem as escolas que pr ivilegiam uma

abordagemanalítica dos problemas f ilosóf icos e aquelas que optam por uma abordagem

 predominantemente sintética ou sinó ptica.[1]A or ientação analítica é exemplif icada nos trabalhos f ilosóf icos que se dedicam à

 

decomposição de um conceito em suas par tes constituintes e ao exame cr iter ioso das relações lógicas e conceptuais explicitadas pela

análise. O exemplo clássico é a análise do conceito de conheciment o. A ref lexão sobre a natureza do conhecimento levou os f ilósofos

a decompor a noção de conhecimento em três noções associadas: crença, verdade e justif icação. Para que algo se ja conhecimento é

 

imprescindível que se ja antes uma crença ± em outras palavras, o conhecimento é uma espécie diferenciada do gênero mais

 

abrangente da crença. A pergunta óbvia que essa pr imeira constatação sugere é: o que diferencia, então, o conhecimento das demais

formas de crença? Nesse ponto, o exame do conceito conduz a duas noções distintas. Em pr imeiro lugar, à noção de verdade.

Intuitivamente separamos as crenças falsas das verdadeiras. É por isso que mantemos a crença de que Papel Noel existe num patamar 

diferente da crença de que a Lua gira em torno da Terra ± quem sustenta a pr imeira, tem apenas uma crença; quem sustenta a última,

 provavelmente sabe algo sobre o sistema solar, pois expr ime uma crença verdadeira. Mas, para que se ja promovida à condição de

conhecimento, a crença precisa de algo mais: ela precisa ser apoiada por alguma espécie de justif icação. Além de sustentar umacrença verdadeira, o su jeito deve ser capaz de apresentar os meios ou as fontes, consideradas universalmente legítimas, que lhe

 propiciaram chegar à crença em questão. Feito esse exame, a conclusão é a célebre fórmula: o conheciment o é cr ença verdad eira 

 ju stificada.[21] Nesse e em muitos outros casos envolvendo noções f ilosof icamente relevantes, o trabalho de análise é capaz de

 

explicitar pressupostos impor tantes implicitamente presentes no uso dos conceitos.A outra or ientação ± a sintética ± percorre o

caminho oposto ao da análise. Os adeptos dessa or ientação buscam elaborar uma síntese de vár ias noções relevantes e apresentá-las

como um todo harmônico.[1] Às vezes chamada de ³f ilosof ia especulativa´, essa or ientação f ilosóf ica pretende revelar pr incí pios

 

universais que possam reunir organicamente vár io elementos díspares, que aparentemente não guardam relações relevantes entre

si.[22] Um caso paradigmático dessa or ientação é a f ilosof ia hegeliana, cu jo f ito é integrar numa dinâmica panteísta a evolução das

 

mais diversas formas de manifestação da cultura humana ± ar tes, leis, governos, religiões, ciências e f ilosof ias.Desde o surgimento da

ciência moderna, vár ios f ilósofos buscaram separar a investigação f ilosóf ica da investigação científ ica por meio de uma caracter ização

dos métodos peculiares à f ilosof ia. Como as ciências especiais pr ivilegiam a investigação empír ica, especialmente por adoção de

métodos exper imentais, defendeu-se que a adoção de métodos a pr ior i (isto é, de métodos que ant eced em a investigação empír ica ou

são dela ind epend ent es) ser ia o traço def inidor do trabalho f ilosóf ico. Nos casos da argumentação lógica, da análise conceptual e da

síntese compreensiva não há necessidade de observação dos fenômenos para que se decida se uma conclusão é ou não é logicamente

correta, se um conceito está sendo ou não corretamente empregado ou se uma visão sinóptica é ou não é incoerente. Isso não implica

um divórcio entre a ciência e a f ilosof ia. Ao contrár io, implica que os f ilósofos estão aptos a analisar os conceitos e argumentos das

ciências especiais, e, nesse domínio, podem prestar um serviço relevante ao aperfeiçoamento das teor ias científ icas.Além das

or ientações metodológicas acima explicadas, há outras duas estratégias que podem ser caracter izados como métodos a pr ior i. Os

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exper imentos mentais e os argumentos transcendentais. Um exper imento mental (às vezes também chamado de "exper iência de

 

 pensamento") é a elaboração de uma situação puramente hi potética ± geralmente impossível de ser construída na prática ± por meio da

qual o f ilósofo testa os limites de determinados pressupostos ou conceitos. O exper imento mental mais famoso da histór ia da f ilosof ia

é a hi pótese do Gênio Maligno concebida por Descar tes: ao imaginar um deus oni potente que se dedica a ludi br iá-lo, Descar tes leva

o ceticismo ao seu extremo a f im de identif icar uma cer teza inabalável capaz de superar até mesmo a hi pótese do Gênio Maligno.

(Essa hi pótese recebeu uma roupagem moderna na elaboração de outro exper imento mental ± o cérebro numa cuba).O outro método ± 

o dos argumentos transcendentais ± foi concebido por Kant, e consiste em tomar como dados os fatos da exper iência, e deduzir coisas

que não são passíveis de ser exper ienciadas, mas que constituem a própr ia condição de possi bilidade daqueles fatos. Com essa espécie

de argumento, Kant concluiu, por exemplo, que a forma pura do espaço é uma das condições necessár ias pressupostas pela

exper iência dos ob jetos externos, pois sem ela tal exper iência ser ia impossível.Embora o emprego da lógica formal, da análise

conceptual e dos exper imentos mentais se jam constantes na f ilosof ia contemporânea, predomina ho je, sobretudo na tradição analítica,

a or ientação que se convencionou chamar de naturalismo f ilosóf ico. Essa or ientação tem suas or igens nos trabalhos do f ilósofo

amer icano Willard Van Orman Quine (1908-2000) que cr iticam a distinção entre questões conceptuais e empír icas. Os adeptos do

 

naturalismo re jeitam a suposição de que a f ilosof ia se diferencie das ciências por um con junto de métodos própr ios: os problemas

f ilosóf icos e os científ icos per tencem a uma única e mesma esfera e, por tanto, os métodos científ icos, histo r icamente bem-sucedidos,

devem também ser aplicados à problemática f ilosóf ica.

Disciplinas f ilosóf icas: A f ilosof ia é geralmente dividida em áreas de investigação específ ica. Em cada área, a pesquisa f ilosóf ica

dedica-se à elucidação de problemas própr ios, embora se jam muito comuns as interconexões. As áreas tradicionais da f ilosof ia são as

seguintes:Metafísica: ocupa-se da elaboração de teor ias sobre a realidade e sobre natureza fundamental de todas as coisas. O ob jetivo

da metaf ísica é fornecer uma visão abrangente do mundo ± uma visão sinóptica que reúna em si os diversos aspectos da realidade.

Uma das subáreas da metaf ísica é a ontologia (literalmente, a ciência do "ser "), cu jo tema pr inci pal é a elaboração de escalas de

 

realidade. Nesse sentido, a ontologia buscar ia identif icar as entidades básicas ou elementares da realidade e mostrar como essas se

relacionam com os demais ob jetos ou indivíduos - de existência dependente ou der ivada. Epistemologia ou teoria do conhecimento: 

 

é a área da f ilosof ia que estuda a natureza do conhecimento, sua or igem e seus limites. Dessa forma, entre as questões tí picas da

epistemologia estão: ³O que diferencia o conhecimento de outras formas de crença?´, ³O que podemos conhecer?´, ³Como chegamos

a ter conhecimento de algo?´.Lógica: é a área que trata das estruturas formais do raciocínio perfeito ± ou se ja, daqueles raciocínios

 

cu ja conclusão preserva a verdade das premissas. Na lógica são estudados, por tanto, os métodos e pr incí pios que permitem distinguir 

os raciocínios corretos dos raciocínios incorretosÉtica ou f ilosof ia moral: é a área da f ilosof ia que trata das distinções entre o cer to e

o errado, entre o bem e o mal. Procura identif icar os meios mais adequados para apr imorar a vida moral e para alcançar uma vi da

moralmente boa. Também no campo da ética dão-se as discussões a respeito dos pr incí pios e das regras morais que nor teiam a vida

em sociedade, e sobre quais ser iam as justif icativas racionais para adotar essas regras e pr incí pios. 9   ilosof ia política: é o ramo da

 

f ilosof ia que investiga os fundamentos da organização sociopolítica e do Estado. São tradicionais nessa área, as hi póteses sobre

o contrato or iginalque ter ia dado início à vida em sociedade, instituído o governo, os deveres e os direitos dos cidadãos. Muitas dessas

 

situações hi potéticas são elaboradas no intuito de recomendar mudanças ou reformas políticas aptas a aproximar as sociedades

concretas de um determinado ideal político.Estética ou f ilosof ia da arte: entre as investigações dessa área, encontram-se aquelas

sobre a natureza da ar te e da exper iência estética, sobre como a exper iência estética se diferencia de outras formas de exper iência, e

sobre o própr io conceito de belo.

Evol@ A B  

o histórica:Pensamento mítico e pensamento f ilosóf ico:Como em muitas outras sociedades antigas, as narrativas

míticas desempenhavam uma função central na sociedade grega. Além de estabelecer marcos impor tantes na vida social, os mitos

gregos promoviam uma concepção de mundo de natureza religiosa que propiciava respostas às pr inci pais indagações existenciais que

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desde sempre inquietaram o espír ito humano. Os eventos histór icos, os fenômenos naturais e os pr inci pais eventos da vida humana

(nascimento, casamento, doença e mor te) eram entrelaçados às histór ias tradicionais sobre conf litos entre deuses, intercâmbios entre

deuses e homens e feitos memoráveis de semideuses.Or iginalmente, a palavra grega myt hos signif icava simplesmente palavra ou

fala;[27] mas o termo remetia também à noção de uma palavra profer ida com autor idade.[28] As histór ias épicas de Homero, permeadas

 

de intervenções sobrenaturais, ou a teogonia de Hesíodo eram myt hos no sentido de serem anúncios revestidos de autor idade, dignos

de crédito e reverência. Gradualmente, o termo foi assumindo outro sentido e já à época de Platão e Ar istóteles o myt hos era

empregado para caracter izar histór ias f ictícias ou absurdas que se afastar iam do l ogos - isto é, do discurso racional.[29] Ar istóteles, por 

 

exemplo, considerava a f ilosof ia como um empreendimento intelectual completamente distinto das elaborações mitológicas.

 Na M et a fí  sica, ao tratar do problema da incorrupti bilidade, Ar istóteles menciona Hesíodo e, logo em seguida, descar ta

 peremptor iamente suas opiniões, pois, segundo ele, ³não precisamos perder tempo investigando ser iamente as sutilezas dos cr iadores

de mitos.´Pode-se dizer que a f ilosof ia surge como uma espécie de rompimento com a visão mítica do mundo. Enquanto os mitos se

organizavam em narrações, imagens e seres par ticulares, a f ilosof ia inaugurava o discurso argumentativo, abstrato e universal . Além

disso, ao contrár io dos autores de mitos, os f ilósofos gregos tentaram com af inco elaborar concepções de mundo que fossem isentas

de contradições e imperfeições lógicas.Desse modo, não é sem razão que muitos autores enfatizam o caráter de ruptura e divergências

ao comparar o advento da f ilosof ia com a tradição mítica da Grécia antiga. Mas, embora se jam inegáveis as diferenças, mais

 

recentemente vár ios estudiosos têm apontado os pontos de continuidade e semelhança entre as pr imeiras elucubrações f ilosóf icas dos

gregos e as suas concepções mitológicas.[31] Para esses autores, as peculiar idades da tradição mítica grega favoreceram o surgimento

da f ilosof ia grega e os pr imeiros f ilósofos empenharam-se numa espécie dessacralização e despersonalização das narrativas

tradicionais sobre o surgimento e organização do cosmos. 

Filosof ia antiga:A f ilosof ia antiga teve início no século VI a.C. e se estendeu até a decadência do impér io romano no século V d.C.

Pode-se dividi-la em quatro per íodos: (1) o per íodo dos pré-socráticos; (2) um per íodo humanista, em que Sócrates e

 

os sof istas trouxeram as questões morais para o centro do debate f ilosóf ico; (3) o per íodo áureo da f ilosof ia em Atenas, em que

despontaram Platão e Ar istóteles; (4) e o per íodo helenístico. Às vezes se distingue um quinto per íodo, que compreende os pr imeiros

f ilósofos cr istãos e os neoplatonistas.[32] Os dois autores mais impor tantes da f ilosof ia antiga em termos de inf luência poster ior foram

 

Platão e Ar istóteles.Os pr imeiros f ilósofos gregos, geralmente chamados de pré-socráticos, dedicaram-se a especulações sobre a

constituição e a or igem do mundo. O pr inci pal intuito desses f ilósofos era descobr ir um elemento pr imordial, eterno e imutável que

fosse a matér ia básica de todas as coisas. Essa substância imutável era chamada de  ph y si s (palavra grega cu ja tradução literal ser ia

 

natureza, mas que na concepção dos pr imeiros f ilósofos compreendia a totalidade dos seres, inclusive entidades divinas), [33] e, por 

 

essa razão, os pr imeiros f ilósofos também foram conhecidos como os ph y siol ogoi (literalmente ³f isiólogos´, isto é, os f ilósofos que se

dedicavam ao estudo da ph y si s).[34] A questão da essência mater ial imutável foi a pr imeira feição assumida por uma inquietação que

 

 percorreu praticamente toda a f ilosof ia grega. Essa inquietação pode ser traduzida na seguinte pergunta: existe uma realidade imutável

 por trás das mudanças caóticas dos fenômenos naturais? Já os própr ios pré-socráticos propuseram respostas extremas a essa

 pergunta. Parmênides de Eleia defendeu que a perene mutação das coisas não passa de uma ilusão dos sentidos, pois a razão revelar ia

que o Ser é único, imutável e eterno.[35] Heráclito de Éfeso, por outro lado, defendeu uma posição diametralmente oposta: a própr ia

 

essência das coisas é mudança, e ser iam vãos os esforços para buscar uma realidade imutável.Tais especulações, que combinavam a

oposição entre realidade e aparência com a busca de uma matér ia pr imordial, culminaram na

f ilosof ia atomista de Leuci po e Demócr ito. Para esses f ilósofos a substância de todas as coisas ser iam par tículas minúscu las e

 

invisíveis ± os átomos ± em perene movimentação no vácuo. E os fenômenos que testemunhamos cotidianamente são resultado da

combinação, separação e recombinação desses átomos.A teor ia de Demócr ito representou o ápice da f ilosof ia da ph y si s, mas também

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o seu esgotamento. As transformações sociopolíticas, especialmente em Atenas, já impunham novas demandas aos sábios da época.

A democracia ateniense solicitava novas habilidades intelectuais, sobretudo a capacidade de persuadir. É nesse momento que se

destacam os filósofos que se dedicam justamente a ensinar a retórica e as técnicas de persuasão ± os sofistas. O ofício dessa nova

espécie de filósofos trazia como pressuposto a ideia de que não há verdades absolutas. O importante seria dominar as técnicas da boa

argumentação, pois, dominando essas técnicas, o indivíduo poderia defender qualquer opinião, sem se preocupar com a questão de suaveracidade. De fato, para os sofistas, a busca da verdade era uma pretensão inútil. A verdade seria apenas uma questão de aceitação

coletiva de uma crença, e, a princípio, não haveria nada que impedisse que o que hoje é tomado como verdade, amanhã fosse

considerado uma tolice.[37]

 

O contraponto a esse relativismo dos sofistas foi Sócrates. Embora partilhasse com os sofistas certa

indiferença em relação aos valores tradicionais, Sócrates dedicou-se à busca de valores perenes. Sócrates não deixou nenhum registro

escrito de suas ideias. Tudo o que sabemos dele chegou-nos através do testemunho de seus discípulos e contemporâneos. Segundo

dizem, Sócrates teria defendido que a virtude é conhecimento e as faltas morais provêm da ignorância.[38] O indivíduo que adquirisse

 

o conhecimento perfeito seria inevitavelmente bom e feliz. Por outro lado, essa busca simultânea do conhecimento e da bondade deve

começar pelo exame profundo de si mesmo e das crenças e valores aceitos acriticamente. Segundo contam, Sócrates foi um inquiridor 

implacável e fez fama por sua habilidade de levar à exasperação os seus antagonistas. Ao concidadão que se dizia justo, Sócrates

 perguntava ³O que é a justiça?´, e depois se dedicava a demolir todas as tentativas de responder à pergunta. 

 AC    

orte de S D  

E   rates, Jacques-Louis David, 1787.

 

A atitude de Sócrates acabou por lhe custar a vida. Seus adversários conseguiram levá-lo a julgamento por impiedade e corrupção de

 jovens. Sócrates foi condenado à morte ± mais especificamente, a envenenar-se com cicuta. Segundo o relato de Platão, o seu mais

famoso discípulo, Sócrates cumpriu a sentença com absoluta serenidade e destemor.Coube a Platão levar adiante os ensinamentos do

mestre e superá-los. Platão realiza a primeira grande síntese da filosofia grega. Em seus diálogos, combinam-se as antigas questões

 

dos pré-socráticos com as urgentes questões morais e políticas, o discurso racional com a intuição mística, a elucubração lógica com a

obra poética, os mitos com a ciência.Segundo Platão, os nossos sentidos só nos permitem perceber uma natureza caótica, em que as

mudanças e a diversidade aparentam não obedecer a nenhum princípio regulador; mas a razão, ao contrário, é capaz de ir além dessas

aparências e captar as formas imutáveis que são as causas e modelos de tudo o que existe. A geometria fornece um bom exemplo. Ao

 

demonstrar seus teoremas os geômetras empregam figuras imperfeitas. Por mais acurado que seja o compasso, os desenhos

 

de círculos sempre conterão irregularidades e imperfeições. As figuras sensíveis do círculo estão sempre aquém de seu modelo ± e

esse modelo é a própria ideia de círculo, concebível apenas pela razão. O mesmo ocorre com os demais seres: os cavalos que vemos

são todos diferentes entre si, mas há um princípio unificador ± a ideia de cavalo ± que nos faz chamar a todos de cavalos. Com os

valores, não seria diferente. As diferentes opiniões sobre questões morais e estéticas devem -se a uma visão empobrecida das coisas.

Os que empreenderem uma busca sincera alcançarão a concepção do Belo em si mesmo e do Bem em si mesmo.Ao contrário do que o

termo ³ideias´ possa sugerir, Platão não as considera como meras construções psicológicas; ao contrário, ele lhes atribui realidade

objetiva. As ideias constituem um mundo suprassensível ± ou seja, uma dimensão que não podemos ver e tocar, mas que podemos

captar como os ³olhos´ da razão. Essa é a famosa teoria das ideias de Platão. Ele a ilustra numa alegoria igualmente célebre ± 

a alegoria da caverna.Platão nos convida a imaginar uma caverna em que se acham vários prisioneiros. Eles estão amarrados de tal

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maneira que só podem ver a parede do fundo da caverna. Às costas dos pr isioneiros há um muro da altura de um homem. Por trás

desse muro, transitam vár ias pessoas carregando estátuas de diversas formas ± todas elas são réplicas de coisas que vemos

cotidianamente (árvores, pássaros, casas etc.). Há também uma grande fogueira, atrás desse muro e dos carregadores. A luz da

fogueira faz com que as sombras das estátuas se jam pro jetadas sobre o fundo da parede. Os barulhos e falas dos carregadores

reverberam no fundo da caverna, dando aos pr isioneiros a impressão de que são or iundos das sombras que eles veem. Nessa situação

imaginár ia, os pr isioneiros pensar iam que as sombras e os ecos constituem tudo o que existe. Como nunca puderam ver nada além das

sombras pro jetadas na parede da caverna, acreditam que apenas as sombras são reais.Após apresentar esse cenár io, Platão sugere que,

se um desses pr isioneiros conseguisse se li ber tar, ver ia, com surpresa, que as estátuas que sempre estiveram atrás dos pr isioneiros são

mais reais do que aquelas sombras. Ao sair da caverna, a luz o ofuscar ia; mas, após se acostumar com a clar idade, ver ia que as coisas

da superf ície são ainda mais reais do que as estátuas. Esse pr isioneiro que se li ber ta é o f ilósofo, e a sua jornada em direção à

superf ície representa a o percurso da razão em sua lenta ascensão ao conhecimento perfeito.

A E  scol a d e At ena s, de R afael, representa os mais impor tantes f ilósofos, matemáticos e cientistas da Antiguidade. Ar istóteles,

discí pulo de Platão e preceptor de Alexandre, o Grande, re jeitou a teor ia das ideias. Para ele, a hi pótese de uma realidade separada e

 

independente, constituída apenas por entidades inteligíveis, era uma duplicação do mundo absolutamente desnecessár ia.[39] Na visão

 

de Ar istóteles, a essência de uma coisa não consiste numa ideia suplementar e separada, mas numa forma que lhe é imanente. Essa

forma imanente é o que dá organização e estrutura à matér ia, e propicia, no caso dos organismos vivos, o seu desenvolvimento

conforme a sua essência. Ar istóteles também divergiu de Platão sobre o valor da exper iência na aquisição do conhecimento. Enquanto

na f ilosof ia platônica, há uma perene desconf iança em relação ao saber der ivado dos sentidos, na f ilosof ia ar istotélica o conhecimento

adquir ido pela visão, audição, tato etc. é considerado como o ponto de par tida do empreendimento científ ico.Ar istóteles foi um

 pesquisador infatigável, e seus interesses abarcavam praticamente todas as áreas do conhecimento. Foi o fundador da biologia; e o

 

cr iador da lógica como disci plina. Fez contr i buições or iginais e duradouras em metaf ísica e teologia, ética e política, psico logia e

estética. Além de ter contr i buído nas mais diversas disci plinas, Ar istóteles realizou a pr imeira grande sis tematização das ciências,

organizando-as conforme seus métodos e abrangência. Em cada uma das disci plinas que cr iou, ou a judou a cr iar, Ar istóteles cunhou

uma terminologia que até ho je está presente no vocabulár io científ ico e f ilosóf ico: como exemplos, podem-se mencionar as palavras

substância, categor ia, energia, pr incí pio e forma. [40] Na transição do século IV para o século III a.C., durante o per íodo helenístico,

formam-se duas escolas f ilosóf icas cu jos ensinamentos representam uma clara mudança de ênfase em relação à Academia de Platão eà escola per i patética de Ar istóteles. Sua preocupação é pr inci palmente a redenção pessoal. Tanto para Epicuro (ca.341-270 a.C.) e

 

seus seguidores como para Zenão de Cítio e demais estoicos o pr inci pal ob jetivo da f ilosof ia dever ia ser a obtenção da serenidade de

espír ito. As duas escolas também se assemelham na crença de que esse ob jetivo passa por uma espécie de harmonização entre o

indivíduo e a natureza, mas divergem quanto à forma de se realizar essa harmonização. Para Epicuro, a sintonia com a natureza supõe

a aceitação das necessidades e dese jos naturais e dos prazeres sensor iais. Dessa forma, ele preconiza a fruição moderada dos prazeres

e a comedida gratif icação dos dese jos.[41] Os estoicos, por outro lado, sustentavam a crença de que o cosmos e os seres humanos

 

 par tilhavam do mesmo l ogos divino. O ideal f ilosóf ico de vida ser ia, na concepção dos estoicos, a adesão à necessidade racional da

natureza e o desenvolvimento de uma absoluta imper turbabilidade (at araxia) em relação aos fatos e eventos do mundo.[42]A

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Antiguidade tardia viu ainda o f lorescimento de uma nova interpretação do platonismo, de acentuada tendência mística ± o chamado

 Neoplatonismo. Seu pr inci pal representante,Plotino (205-270), defendeu que o pr incí pio fundamental e divino do universo ser io o

Uno e que desse pr incí pio fundamental emanavam novas realidades, de diferentes graus de perfeição. O universo mater ial e sensível ± 

o "mundo das sombras" da alegor ia platônica ± ser ia uma emanação distante do Uno, e, por isso, apresentar ia os traços de imperfeição

e inconstância que o caracter izam.[43] 

 

]Filosof ia medieval 

São Tomás de Aquino. A f ilosof ia medieval é a f ilosof ia da Europa ocidental e do Or iente Médio durante a Idade

 

Média. Começa, aproximadamente, com a cr istianização doImpér io R omano e encerra-se com a R enascença. A f ilosof ia medieval 

 

 pode ser considerada, em par te, como prolongamento da f ilosof ia greco-romana[44] e, em par te, como uma tentativa de conciliar o

 

conhecimento secular e a doutr ina sagrada.[45]

A Idade Média carregou por muito tempo o epíteto depreciativo de "idade das trevas",atr i buído pelos humanistas renascentistas; e a f ilosof ia desenvolvida nessa época padeceu do mesmo desprezo. No entanto, essa era de

aproximadamente mil anos foi o mais longo per íodo de desenvolvimento f ilosóf ico na Europa e um dos mais r icos. Jorge Gracia

defende que ³em intensidade, sof isticação e aquisições, pode-se corretamente dizer que o f lorescimento f ilosóf ico no século XIII

r ivaliza com a época áurea da f ilosof ia grega no século IV a. C.´ [46].Entre os pr inci pais problemas discutidos nessa época estão a

 

relação entre fé e razão, a existência e unidade de Deus, o ob jeto da teologia e da metaf ísica, os problemas do conhecimento,

dos universais e da individualização.Entre os f ilósofos medievais do ocidente, merecem destaque Agostinho de

 

Hi pona, Boécio, Anselmo de Cantuár ia, Pedro Abelardo, R oger Bacon,Boaventura de Bagnoregio, Tomás de Aquino, João Duns

 

Escoto, Guilherme de Ockham e Jean Bur idan; na civilização islâmica, Avicena e Averrois; entre os judeus, Moisés

Maimônides.Tomás de Aquino (1225-1274), fundador do tomismo, exerceu inf luência inigualável na f ilosof ia e na teologiamedievais. Em sua obra, ele deu grande impor tância à razão e à argumentação, e procurou elaborar uma síntese entre a doutr ina cr istã

e a f ilosof ia ar istotélica. A f ilosof ia de Tomás de Aquino representou uma reor ientação signif icativa do pensamento f ilosóf ic o

medieval, até então muito inf luenciado pelo neoplatonismo e sua reinterpretação agostiniana.

Filosof ia do Renascimento

O Homem vitruviano, deLeonardo Da Vinci, resume vár ios dos ideais do pensamento renascentista.A

transição da Idade Média para a Idade Moderna foi marcada pelo R enascimento e pelo Humanismo.[47] Nesse per íodo de transição, a

 

redescober ta de textos da Antiguidade[48] contr i buiu para que o interesse f ilosóf ico saísse dos estudos técnicos

 

de lógica, metaf ísica e teologia e se voltasse para estudos ecléticos nas áreas da f ilologia, da moralidade e do misticismo. Os estudos

 

dos clássicos e das letras receberam uma ênfase inédita e desenvolveram-se de modo independente da escolástica tradicional. A

 produção e disseminação do conhecimento e das ar tes deixam de ser uma exclusividade das universidades e dos acadêmicos

 prof issionais, e isso contr i bui para que a f ilosof ia vá aos poucos se desvencilhando da teologia. Em lugar de Deus e da religião, o

 

conceito de homem assume o centro das ocupações ar tísticas, literár ias e f ilosóf icas. [49]

 

O renascimento revigorou a concepção da

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natureza como um todo orgânico, su jeito à compreensão e inf luência humanas. De uma forma ou de outra, essa concepção está

 presente nos trabalhos de Nicolau de Cusa, Giordano Bruno, Bernardino Telesio e Galileu Galilei. Essa reinterpretação da natureza é

acompanhada, em muitos casos, de um intenso interesse por magia, hermetismo e astrologia ± considerados então como instrumentos

 

de compreensão e mani pulação da natureza.À medida que a autor idade eclesial cedia lugar à autor idade secular e que o foco dos

interesses voltava-se para a política em detr imento da religião, as r ivalidades entre os Estados nacionais e as cr ises internas

demandavam não apenas soluções práticas emergenciais, mas também uma profunda ref lexão sobre questões per tinentes à f ilosof ia

 política. Desse modo, a f ilosof ia política, que por vár ios séculos esteve dormente, recebeu um novo impulso durante o R enascimento.

 

 Nessa área, destacam-se as obras de Nicolau Maquiavel e Jean Bodin.[50] 

 

Filosof ia moderna: René Descartes, fundador da f ilosof ia moderna e do racionalismo.A f ilosof ia moderna é caracter izada pela

 preponderância da epistemologia sobre a metaf ísica. A justif icativa dos f ilósofos modernos para essa alteração estava, em par te, na

 

ideia de que, antes de querer conhecer tudo o que existe, ser ia conveniente conhecer o que se pode conhecer.[51]

 

Geralmente

considerado como o fundador da f ilosof ia moderna,[52] o cientista, matemático e f ilósofo francês R ené Descar tes (1596-1650)

 

redirecionou o foco da discussão f ilosóf ica para o su jeito pensante. O pro jeto de Descar tes era o de assentar o edif ício do

conhecimento sobre bases seguras e conf iáveis. Para tanto, acreditava ele ser necessár io um procedimento prévio de avaliação cr íti ca e

severa de todas as fontes do conhecimento disponível, num procedimento que f icou conhecido como dúvida metódica. Segundo

Descar tes, ao adotar essa or ientação, constatamos que resta como cer teza inabalável a ideia de um eu pensante: mesmo que o su jeito

 ponha tudo em dúvida, se ele duvida, é porque pensa; e, se pensa, é porque existe. Essa linha de raciocínio foi celebr izada pela

fórmula ³penso, logo existo´ (cog it o er  go sum).[53][54] A par tir dessa cer teza fundamental, Descar tes defendia ser possível deduzir 

 

r igorosamente, ao modo de um geômetra, outras verdades fundamentais acerca do su jeito, da natureza do conhecimento e da

realidade.No pro jeto car tesiano estão presentes três pressupostos básicos: (1) a matemática, ou o método dedutivo adotado pela

matemática, é o modelo a ser seguido pelos f ilósofos; (2) existem ideias inatas, absolutamente verdadeiras, que de alguma for ma estão

desde sempre inscr itas no espír ito humano; (3) a descober ta dessas ideias inatas não depende da exper iência ± elas são alcançadas

exclusivamente pela razão. Esses três pressupostos também estão presentes nas f ilosof ias de Gottfr ied Lei bniz (1646-1716) e Baruch

Spinoza (1632-1677), e constituem a base do movimento f ilosóf ico denominado racionalismo.[55]Se os racionalistas pr ior izavam o

 

modelo matemático, a f ilosof ia antagônica ± o empir ismo ± enfatizava os métodos indutivos das ciências exper imentais. O

 

f ilósofo John Locke (1632-1704) propôs a aplicação desses métodos na investigação da própr ia mente humana. Em patente confronto

com os racionalistas, Locke argumentou que a mente chega ao mundo completamente vazia de conteúdo ± é uma espécie de lousa em

 branco ou t abul a ra sa; e todas as ideias com que ela trabalha são necessar iamente or iginár ias da exper iência. [56] Esse pressuposto

 

também é adotado pelos outros dois grandes f ilósofos do empir ismo br itânico, George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-

 

1776).As ideias do empir ismo inglês também se difundiram na França; e o entusiasmo com as novas ciências levou os intelectuais

franceses a defender uma ampla reforma cultural, que remodelasse não só a forma de se produzir conhecimento, mas também as

formas de organização social e política. Esse movimento amplo e contestatór io f icou conhecido comoIluminismo. Os f ilósofos

iluministas re jeitavam qualquer forma de crença que se baseasse apenas na tradição e na autor idade, em especial as divulgadas

 pela Igre ja Católica. Um dos marcos do Iluminismo francês foi a publicação da Encyclopédie. Elaborada sob a direção de Jean le

 

R ond d¶Alember t e Denis Diderot, essa obra enciclopédica inovadora incorporou vár ios dos valores defendidos pelos iluministas e

contou com a colaboração de vár ios de seus nomes mais destacados, como Voltaire, Montesquieu e R ousseau.Em 1781, Immanuel 

 

Kant publicou a sua famosa Cr ítica da Razão P ura, em que propõe uma espécie de síntese entre as teses racionalistas e empir istas.

Segundo Kant, apesar de o nosso conhecimento depender de nossas percepções sensor iais, essas não constituem t od o o nosso

conhecimento, pois existem determinadas estruturas do su jeito que as antecedem e tornam possível a própr ia formação da exper iência.

O espaço, por exemplo, não é uma realidade que passivamente assimilamos a par tir de nossas impressões sensor iais. Ao contrár io,

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somos nós que impomos uma organização espacial aos ob jetos. Do mesmo modo, o su jeito não aprende, após inúmeras exper iências,

que todas as ocorrências pressupõem uma causa; antes, é a estrutura peculiar do su jeito que impõe aos fenômenos uma organização de

causa e efeito. Uma das consequências da f ilosof ia kantiana é estabelecer que as coisas em si mesmas não podem ser conhecidas. A

fronteira de nosso conhecimento é delineada pelos fenômenos, isto é, pelos resultados da interação da realidade ob jetiva com os

esquemas cognitivos do su jeito.

FILOF  OFIA MODERNA: NOVO

F   VALORES DA CIÊNCIA, BACON E DESCARTES  

³Todas as coisas possíveis de cair sob o conhecimento dos homens... nenhuma é tão afastada que não se possa atingir,

nem tão oculta que não se possa descobr ir.´ Descar tes

³Ciências e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não

se vence senão quando se lhe obedece.´ Bacon

A IDADE MODERNA: A construção de uma nova imagem do homem e do mundo. Idade moderna per íodo que vai de

meados do século XV a f ins do século XVIII. A histór ia européia é a pr inci pal referencia dessa per iodização. A par tir do sécu lo ,

ocorreu uma sér ie de transformações histór ico-sociais na Europa que se ref letiram na construção de uma mentalidade moderna.Entre

as transformações podemos destacar : A passagem do feudalismo, para o capitalismo, per íodo no qual ocorre o f lorescimento docomércio; Formação dos novos Estados nacionais, e o desenvolvimento mercantilismo; Quebra da unidade religiosa européia, com o

movimento da R eforma, rompeu com a concepção passiva do homem, entregues unicamente aos desígnios divinos; O

desenvolvimento da ciência natural e a cr iação de novos métodos científ icos; A invenção da impressa, que possi bilitou a impressão

dos textos clássicos gregos e romanos que tanto contr i buíram para mentalidade humana renascentista; O poster ior desenvolvimento

industr ial.Todas essas transformações modif icaram, em muitas regiões, o modo de ser e viver de grandes números de europeus. Nas

ar tes, nas ciências e na f ilosof ia surgiram novas ideias , concepções e valores, em vez de um super valor ização ao teocentr ismo,

houve uma tendência social para o antropocentr ismo, valor izando a obra humana.

O RENASCIMENTO: O renascimento inspirou-se no humanismo, movimento de intelectuais que defendiam o estudo

da cultura grego-romana e o retorno a seus ideais de exaltação do homem e de seus dois atr i butos pr inci pais: a razão e a li berdade. O

R enascimento proporcionou o desenvolvimento de uma mentalidade racionalista. O sábio moderno buscar ia não somente conhecer arealidade, mas exercer controle sobre ela. O renascimento é marcado também por uma associação do espír ito científ ico nascente com

o misticismo de or igem diversas.

O UNIVERSO GANHA UM NOVOCENTR O E SE TORNA INFINITO : A transição da mentalidade medieval para a

mentalidade cientif ica moderna não foi um processo repentino, inesperado. Forças ligadas ao passado medieval lutaram duramente

contra as transformações que se desenvolviam, punindo, por exemplo, muitos sábios da época e organizando listas de livros

 proi bidos.Grandes pioneiros da ciência moderna sofreram perseguição do Tr i bunal a Inquisição (foi um tr i bunal eclesiástico a f im de

investigar e punir cr imes contra a fé católica, ³Santo Of icio´). Julgavam os responsáveis pela propagação de heresias, ou se ja, os que

eram contrár ios aos dogmas dos católicos.Giordano Bruno foi condenado à mor te na fogueira, pois discordava que o planeta Terra era

o centro imóvel do universo. Ele apresentou a teor ia heliocêntr ica (tem o sol como centro) de Nicolau Copérnico. Nicolau Copérnico

foi um sacerdote polonês que escreveu o livro da revolução das esferas celestes. O livro revolucionár io foi publicado no ano de suamor te (1543) por isso escapou da condenação católica. Outro aspecto que incomodou a Igre ja foi que a natureza e o universo

 passaram a ser concebidos a par tir de uma nova forma, baseado na observação direta e na representação matemática, o que afastava os

homens da doutr ina religiosa. A impor tância da ciência renascentista está em dar os pr imeiros passos que estabelece, organiza na

revolução cientif ica do século XVII. Mas essa passagem de uma concepção religiosa do mundo a uma concepção mecaniscista não

ocorreu de uma forma imediata, como já foi citado, pois houve uma combinação de elementos místicos e espir ituais. Um bom

exemplo desse procedimento é encontrado em Kepler por sua visão mística do universo.Há uma caracter ística da f ilosof ia e da c iência

renascentista que se refere a essa associação de elementos místicos e de caráter racional, e está presente não só em Kepler, mas

também Nicolau de Cusa, Marcilio Ficino e Pico Della Mirandola. Outras questões que fazem par te da f ilosof ia renascentista são as

relativas à essência humana, à moral e à política. Nesse âmbito destacam-se:Nicolau de Cusa formulou a concepção de homem como

o resumo do universo.

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Michel de Montaigne af irmava não ser possível estabelecer os mesmo preceitos para todos os homens, sendo necessár io que cada um

construa uma sabedor ia e uma consciência moral. ³O dizer sim a vida em qualquer circunstancia´.Nicolau Maquiavel abandona o

enfoque ético ou religioso e procurar uma abordagem mais realista da política. De uma forma geral, as considerações acerca do poder 

 político em Maquiavel estão ligadas a uma visão pessimista do homem.Tomás Campella no livro A cidad e d o sol, ele apresenta suas

 perspectivas e aspirações em relação à reforma do mundo, descreve a cidade ideal, recheado de misticismo e magia.

RAZÃO E EXPERIÊNCIA : O homem perdeu seu lugar no mundo ou mais exatamente, perdeu o mundo que formava o quadro de

sua existência e o ob jeto e o seu saber e precisou transformar e substituir não somente suas concepções fundamentais, mas as própr ias

estruturas de seu pensamento.Quando f icou demonstrado que a terra não era o centro do universo o espaço a ser homogêneo. Essa

nova concepção abalou a nação de um espaço f inito e hierarquizado. O heliocentr ismo de Copérnico foi apenas o pr imeiro passo de

um processo descentralização exter ior do mundo.Coube a razão, por meio de representação, reordenar o mundo, isto é uma operação

da razão que produz em outro mundo ou uma imagem do mundo, com isso, os pensadores modernos caracter izavam-se por tentar 

explicar a realidade a par tir de formulações racionais. Galileu explicava o mundo concreto, sensível, por exemplo, por meio de relação

matemáticas, geométr ica.A matemática sendo exemplo de conhecimento integralmente racional, se tornava o modelo seguindo pelo

racionalismo do século XVII. ³Por método eu entendo regras cer tas e fácies que, observadas corretamente, levarão quem as seguirem

a atingir o conhecimento verdadeiro de tudo o que for possível´. Descar tes. O método consiste na ordem e na disposição das coisas

 para as quais devemos voltar o olhar do espír ito para descobr ir a unidade.GALILEU GALILEI: Galileu Galilei foi um f ísico e

astrônomo que nasceu na cidade Pisa, localizada na Itália, no ano de 1564, aos 15 dias do mês de fevereiro, mesmo ano da mor te do pintor e escultor Michelangelo e do nascimento do dramaturgo William Shakespeare. Nascido e cr iado na nobreza, era f ilho de

Vnicenzo Galilei, que era um matemático de renome, além de músico muito conhecido, com sua fama e música espalhadas pelo

mundo a fora. Como um nobre estudioso da Ciência, este f ísico e amante de astronomia que se chamava Galileu Galilei inovou na

maneira de pensar, inaugurando um novo per íodo na Histór ia da comunidade científ ica com seu argumento de defesa ao racionalismo

matemático apontado como o pilar do pensamento e da f ilosof ia científ ica.Ainda quando cr iança, época em que estudava em um

mosteiro localizado em Vallombrosa, dotado de uma capacidade intelectual desaf iadora, aliada à sua cr iatividade e habilidade

manuais, praticava seus conhecimentos e os aplicava em diversas invenções de ob jetos e mecanismos que contavam com altíssima

e avançada Tecnologia para a época. Desta forma, Galileu Galilei f icava cada vez mais conhecido, na medida em que suas idéias e

 

inventos ganhavam fama pelos quatro cantos do mundo.

FRANCIS BACON: Francis Bacon nasceu em Londres, em1561, per tencendo a uma família de nobres. Ele é considerado um dosfundadores do método indutivo. A ele também é atr i buído o lema do ³saber é poder´. Bacon manifestava grande entusiasmo pelas

conquistas técnicas que se difundiam em seu tempo: bussola, a pólvora e a imprensa. Também revelava sua versão ao pensamento ao

 pensamento meramente abstrato, caracter ístico da escolástica medieval. Segundo Bacon, a ciência dever ia valor izar a pesquisa

exper imental, tendo em vista proporcionar resultados ob jetivos para os homens. Mas para isso era necessár io que os cientistas se

li ber tassem dos ³ídolos´, ou se ja, das falsas noções, dos preconceitos, dos maus hábitos mentais. Segundo Bacon, os quatro gêneros

que bloqueiam a mente humana são:*ídolos de tr i bos, fundados na própr ia natureza humana. É falsa a asserção de que os sentidos do

homem são a medida das coisas. Muito ao contrar io, todas as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam analogia com a

natureza humana não com o Universo.* os ídolos da caverna: os homens enquanto indivíduos. Cada um tem uma caverna ou uma

cova que intercepta e corrompe a luz da natureza; se ja devido a própr ia natureza singular de cada um, se ja devido a educação ou

conservação com os outros; se ja pela leitura de livros pela autor idade daqueles que se respeitam e admiram, além de outros fa tores;  * 

ídolos do foro: provenientes de cer ta forma, do incurso e da associação recí proca dos indivíduos do gênero humano entre si, devido ao

comercio e ao consorcio entre os homens. Atua no universo das palavras de forma que as palavras ditas de forma incorreta, nem com

explicações poster iores é capaz de restituir as coisas ao seu devido lugar. * ídolos do teatro: são ídolos que imigram para o espír ito

 para o espír ito por meio de diversas doutr inas f ilosóf icas e também pelas regras viciosas da demonstração.

Para combater erros provocados pelos ídolos, Francis Bacon propôs o método indutivo de investigação, baseado na observação

r igorosa dos fenômenos naturais e do cumpr imento das seguintes etapas:*observação da natureza para coleta de

informações; *organização racional dos dados recolhidos empir icamente;*formulação de explicações gerais destinadas Á

compreensão do fenômeno estudado; *comprovação da hi pótese formulada mediante exper imentações repetidas, em novas

circunstâncias. Bacon dizia que aquele que começa uma investigação repleto de cer tezas acabará repleto de dúvidas. Mas aquele que

começa uma investigação com duvidas, poderá terminar com algumas cer tezas.

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RENÉ DESCARTES: R ené Descar tes af irmava que para conhecermos a verdade, é preciso, de início, colocarmos todos os nossos

conhecimentos em dúvida, questionando tudo para cr iter iosamente analisarmos se existe algo na realidade de que possamos ter plena

cer teza. Fazendo uma aplicação metódica da dúvida, o f ilósofo foi considerando como incer tas todas as percepções sensor iais, todas

as noções adquir idos sobre ob jetos mater iais. E prosseguiu assim, cada vez colocando mais em duvida a existência de tudo aquilo que

constitui a realidade e o própr io conteúdo dos pensamentos. Finalmente, estabeleceu que a única verdade totalmente livre de duvida

era a seguinte: penso, logo existo. Para Descar tes, esta é a única verdade absolutamente f irme, cer ta e segura.R ené Descar tes trouxe

também impor tantes contr i buições para a ciência como a cr iação da Geometr ia Analítica. BLAISE PASCAL: Filósofo, matemático ef ísico, Pascal tematizou a condição trágica do homem, que tenta desvendar os mistér ios do mundo com sua razão limitada. Ao mesmo

tempo em que f ilosofava sobre as possi bilidades do conhecimento humano, produziu grande obra no campo da f ísica e inventou, em

1644, a pr imeira calculadora. Foi durante muitos anos professor de f ilosof ia política e de teor ia, em seu trabalho ele insistentemente

era contra o que todos os amigos f ilósofos pensavam. O termo signif ica que ele ia contra a maré, até porque remava contra a corrente

de opinião for te em sua época que era de um neoli beralismo agressivo e destrutivo. O f ilosofo Francês Blaise Pascal (1623-1662) foi 

um pensador que ref letiu sobre a condição trágica do ser humano: ao mesmo tempo magníf ico e miserável capaz de alcançar grandes

verdades e gerar grandes erros. Sobre a situação paradoxal do homem em meio a toda realidade existente, perguntou: ³No fundo, o

que é o homem na natureza? É nada em relação ao inf inito, é tudo em relação ao nada, algo de intermediár io entre o nada e o

tudo´.Após o século XVII, Pascal dirá ao homem agora, que o homem não pode conhecer o pr incí pio nem o f im das realidades que

 busca compreender, f icando limitado apenas às aparências, já que, em suas palavras, ³só o autor dessas maravilhas as compreende; 

ninguém mais pode fazê-lo´. Pascal af irmava que a razão era impor tante para provar a existência de Deus, f icando por conta da fé acrença em um Deus cu ja existência jamais poderá ser provada. De acordo com seu pensamento, ³o supremo passo da razão está em

reconhecer que há uma inf inidade de coisas que a ultrapassam´.Em uma época que vigorava a conf iança na razão, Pascal polemiza

contra ³o Deus dos f ilósofos e dos sábios´, um deus transformado em engenheiro do mundo que, uma vez cr iado, segue seu rumo em

cego mecanicismo. Nessa polêmica, o seu alvo é Descar tes e a concepção de um ³Deus de amor e consolação, é um Deus que faz cada

qual sentir inter iormente a sua própr ia misér ia e a miser icórdia inf inita de Deus.´ ESPINOSA:³A verdadeira salvação consiste no

conhecimento verdadeiro.´ Espinosa. Filósofo holandês. Per tence a uma família judia or iginár ia de Por tugal, de onde tem de se exilar.

Em 1656 é vítima de uma tentativa de assassinato, sendo levemente fer ido. Para evitar que se torne um perseguido, retira-se para

Leyden e para R ynsverg e ganha a vida polindo lentes para telescópios e microscópios. A sua vida é de uma reclusão solitár ia de

grande sobr iedade.De acordo com Espinosa, a fonte de toda superstição é a imaginação capaz de compreender a verdadeira ordem do

universo. Como é incapaz de conhecer verdadeiramente, a imaginação credita a realidade a um Deus transcendental e voluntar ioso,

nas mãos de quem os homens não passam de joguetes. A par tir da superstição religiosa, desenvolve-se as superstições políticas e

f ilosóf icas. Segundo ele a f ilosof ia ser ia o conhecimento racional de Deus e a li berdade humana se torna a consciência da necessidade.

Ou se ja, não há livre-arbítr io, uma vez que Deus se identif ica com a natureza e, por tanto, tudo o q existe é necessár io, não pode ser 

diferente da natureza divina. Spinoza diz que percebemos o tempo e o espaço (como mais tarde def iniu Kant) usando a medida para

essas duas extensões. A medida é usada para explicarmos as coisas. Ele explica que a realidade é uma coisa muito mais vasta do que

as categor ias humanas de entendimento podem conhecer. Isso porque existe a essência.Para Spinoza, a paixão e perfeição

relacionadas com tr isteza e alegr ia constituem a idéia que envolve a essência. A alma repugna imaginar coisas que diminuem sua

 potência. O amor e alegr ia remetem à idéia de uma coisa exter ior. Assim também é com o ódio e a tr isteza. O amor gera amor e o

ódio, ódio. O bem é aquilo que é útil, e o mal inútil. O amor faz par te do amor inf inito pelo qual Deus ama a si mesmo. Spino za, como

 Nietzsche, não aprovava a humildade. Dizia que ela provinha da contemplação da própr ia fraqueza. Dessa forma, o que os fundadores

da ciência moderna, entre os quais Galileu, tinha de fazer não era cr iticar e combater cer tas teor ias erradas, para corr igi -las ou

substituí-las por outras melhores. Tinham de fazer algo inteiramente diverso. Tinham de destruir um mundo e substituí-lo por outro.

Tinham de reformar a estrutura de nossa própr ia inteligência, reformular novamente e rever seus conceitos, encarar o ser de uma outramaneira, elaborar um conceito do conhecimento, um novo conceito de ciência, e até substituir um ponto de vista bastante natural, o

senso comum, por um outro que absolutamente não é.

Filosof ia do século XIX: Geralmente se considera que depois da f ilosof ia de Kant tem início uma nova etapa da f ilosof ia, que se

caracter izar ia por ser uma continuação e, simultaneamente, uma reação à f ilosof ia kantiana. Nesse per íodo desenvolve-se o idealismo

alemão (Fichte, Schelling e Hegel

 

), que leva as ideias kantianas às últimas consequências. A noção de que há um universo inteiro (a

realidade em si mesma) inalcançável ao conhecimento humano, levou os idealistas alemães a assimilar a realidade ob jetiva ao própr io

su jeito no intuito de resolver o problema da separação fundamental entre su jeito e ob jeto. Assim, por exemplo, Hegel postulou que o

universo é espír ito. O con junto dos seres humanos, sua histór ia, sua ar te, sua ciência e sua religião são apenas manifestações desse

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espír ito absoluto em sua marcha dinâmica rumo ao au toconhecimento.[57]Enquanto na Alemanha, o idealismo apoderava-se do debate

 

f ilosóf ico, na França, Auguste Comte retomava uma or ientação mais próxima das ciências e inaugurava o positivismo e asociologia.

 

 Na visão de Comte, a humanidade progr ide por três estágios: o estágio teológico, o estágio metaf ísico e, por f im, o estágio positivo.

 

 No pr imeiro estágio, as explicações são dadas em termos mitológicos ou religiosos; no segundo, as explicações tornam-se abstratas,

mas ainda carecem de cientif icidade; no terceiro estágio, a compreensão da realidade se dá em termos de leis empír icas de ³sucessão e

semelhança´ entre os fenômenos.[58] Para Comte, a plena realização desse terceiro estágio histór ico, em que o pensamento científ ico

 

suplantar ia todos os demais, representar ia a aquisição da felicidade e da perfeição. [59]Também no campo do desenvolvimento

 

histór ico, Marx e Engels davam uma nova formulação ao socialismo. Eles fazem uma releitura mater ialista da dialética de Hegel no

 

intuito de analisar e condenar o sistema capitalista. Desenvolvem a teor ia da mais-valia, segundo a qual o lucro dos capitalistas

 

depender ia inevitavelmente da exploração do proletar iado. Sustentam que o estado, as formas político-institucionais e as concepções

ideológicas formavam uma superestrutura construída sobre a base das relações de produção[60] e que as contradições resultantes entre

 

essa base econômica e a superestrutura levar iam as sociedades inevitavelmente à revolução e ao socialismo.No campo da ética, os

 

f ilósofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuar t Mill (1806-1873) elaboram os pr incí pios fundamentais

 

do utilitar ismo.[61] Para eles, o valor ético não é algo intr ínseco à ação realizada; esse valor deve ser mensurado conforme as

 

consequências da ação, pois a ação eticamente recomendável é aquela que maximiza o bem-estar na coletividade.Talvez a teor ia que

maior impacto f ilosóf ico provocou no século XIX não tenha sido elaborada por um f ilósofo. Ao propor sua teor ia da evolução das

espécies por seleção natural, Char les Darwin (1809-1882) estabeleceu as bases de uma concepção de mundo profundamente

revolucionár ia. O f ilósofo que melhor percebeu as sér ias implicações da teor ia de Darwin para todos os campos de estudo foi Herber t Spencer (1820-1903). Em vár ias publicações, Spencer elaborou uma f ilosof ia evolucionista que aplicava os pr incí pios da teor ia da

 

evolução aos mais var iados assuntos, especialmente à psicologia, ética e sociologia.Também no século XIX surgem f ilósofos que

colocam em questão a pr imazia da razão e ressaltam os elementos voluntar istas e emotivos do ser humano e de suas concepções de

mundo e sociedade. Entre esses destacam-se Ar thur Schopenhauer (1788-1860), SørenK ierkgaard (1813-1855) e Fr iedr ich

 

 Nietzsche (1844-1900). Tomando como ponto de par tida a f ilosof ia kantiana, Schopenhauer defende que o mundo dos fenômenos ± o

mundo que representamos em ideias e que julgamos compreender ± não passa de uma ilusão e que a força motr iz por trás de todos os

nossos atos e ideias é uma vontade cega, indomável e irracional. K ierkgaard condena todas as grandes elaborações sistemáticas,

universalizantes e abstratas da f ilosof ia. Considerado um precursor do existencialismo, K ierkgaard enfatiza que as questões prementes

da vida humana só podem ser superadas por uma atitude religiosa; essa atitude, no entanto, demanda uma escolha individual e

 passional contra todas as evidências, até mesmo contra a razão. [62] Nietzsche, por sua vez, anuncia que ³Deus está mor to´; e declara,

 

 por tanto, a falência de todas as concepções éticas, políticas e culturais que se assentam na doutr ina cr istã. Em substituição aos antigos

valores, Nietzsche prescreve um pro jeto de vida voluntar ista aos mais nobres, mais capazes, mais cr iativos - em suma, àqueles em que

fosse mais for te a vontade de potência. [63]

 

Filosof ia do século XX: No século XX, a f ilosof ia tornou-se uma disci plina prof issionalizada das universidades, semelhante às

demais disci plinas acadêmicas. Desse modo, tornou-se também menos geral e mais especializada. Na opinião de um proeminente

f ilósofo: ³A f ilosof ia tem se tornado uma disci plina altamente organizada, feita por especialistas para especialistas. O número de

f ilósofos cresceu exponencialmente, expandiu-se o volume de publicações e multi plicaram-se as subáreas de r igorosa investigação

f ilosóf ica. Ho je, não só o campo mais amplo da f ilosof ia é demasiadamente vasto para uma única mente, mas algo similar também é

verdadeiro em muitas de suas subáreas altamente especializadas.´O matemático e f ilósofo britânico Bertrand Russell, um dos

fundadores daf ilosof iaanalítica.Nos países de língua inglesa, a f ilosof ia analítica tornou-se a escola dominante. Na pr imeira metade

do século, foi uma escola coesa, for temente modelada pelo positivismo lógico, unif icada pela noção de que os problemas f ilosóf icos

 

 podem e devem ser resolvidos por análise lógica. Os f ilósofos br itânicos Ber trand R ussell e George Edward Moore são geralmente

 

considerados os fundadores desse movimento. Ambos romperam com a tradição idealista que predominava na Inglaterra em f ins do

século XIX e buscaram um método f ilosóf ico que se afastasse das tendências espir itualistas e totalizantes do idealismo. Moore

dedicou-se a analisar crenças do senso comum e a justif icá-las diante das cr íticas da f ilosof ia acadêmica. R ussell, por sua vez, buscou

reaproximar a f ilosof ia da tradição empir ista br itânica e sintonizá-la com as descober tas e avanços científ icos. Ao elaborar sua teor ia

das descr ições def inidas, R ussell mostrou como resolver um problema f ilosóf ico empregando os recursos da nova lógica matemática.

 

A par tir desse novo modelo proposto por R ussell, vár ios f ilósofos se convenceram de que a maior ia dos problemas da f ilosof ia

tradicional, se não todos, não ser iam nada mais que confusões propiciadas pelas ambiguidades e imprecisões da linguagem natural.

Quando tratados numa linguagem científ ica r igorosa, esses problemas revelar-se-iam como simples confusões e mal-entendidos.Uma

 postura ligeiramente diferente foi adotada por Ludwig Wittgenstein, discí pulo de R ussell. Segundo Wittgenstein, os recursos da lógica

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matemática servir iam para revelar as formas lógicas que se escondem por trás da linguagem comum. Para Wittgenstein, a lógica é a

 própr ia condição de sentido de qualquer sistema linguístico.[65] Essa ideia está associada à sua teor ia pictór ica do signif icado, segundo

 

a qual a linguagem é capaz de representar o mundo por ser uma f iguração lógica dos estados de coisas que compõem a realidade.Sob

a inspiração dos trabalhos de R ussell e de Wittgenstein, o Círculo de Viena passou a defender uma forma de empir ismo que

assimilasse os avanços realizados nas ciências formais, especialmente na lógica. Essa versão atualizada do empir ismo tornou -se

universalmente conhecida como neopositivismo ou positivismo lógico. O Círculo de Viena consistia numa reunião de intelectuais

or iundos de diversas áreas (f ilosof ia, f ísica, matemática, sociologia, etc.) que tinham em comum uma profunda desconf iança emrelação a temas de teor metaf ísico. Para esses f ilósofos e cientistas, caber ia à f ilosof ia elaborar ferramentas teór icas aptas a esclarecer 

os conceitos fundamentais das ciências e revelar os pontos de contatos entre os diversos ramos do conhecimento científ ico. Nessa

tarefa, ser ia impor tante mostrar, entre outras coisas, como enunciados altamente abstratos das ciências poder iam ser r igorosamente

reduzidos a frases sobre a nossa exper iência imediata.Fora dos países de língua inglesa, f loresceram diferentes movimentos

f ilosóf icos. Entre esses destacam-se a fenomenologia, a hermenêutica, o existencialismo e versões modernas domarxismo. O f ilósofo

alemão Edmund Husser l (1859-1938) foi o fundador da fenomenologia. Para Husser l, o traço fundamental dos fenômenos mentais é

a intencionalidade. A estrutura da intencionalidade é constituída por dois elementos:  noesi s e noema. O pr imeiro elemento é o ato

intencional; e o segundo é o ob jeto do ato intencional. A ciência da fenomenologia trata do signif icado ou da essência dos ob jetos da

consciência. A f im de revelar a estrutura da consciência, o fenomenólogo deve pôr entre parêntesis a realidade empír ica. Segundo

Husser l, os procedimentos fenomenológicos desvelam o ego transcendental ± que é a própr ia base e fonte de unidade do eu

empír ico.Coube a um dos alunos de Husser l, o f ilósofo alemão Mar tin Heidegger (1889-1976), construir uma f ilosof ia que mesclasse

 

a fenomenologia, a hermenêutica e o existencialismo. O ponto de par tida de Heidegger foi a questão clássica da metaf ísica: "o que é o

ser?"; mas na abordagem de Heidegger, a resposta a essa questão passa por uma análise dos modos de ser do ser humano ± que foi por

ele denominado  Da sein (Ser-aí). O  Da sein é o único ser que pode se admirar com a sua própr ia existência e indagar o sentido de seu

 própr io ser. O modo de existir do  Da sein está intimamente conectado com a histór ia e a temporalidade e, em vista disso, questões

sobre autenticidade, cuidado, angústia, f initude e mor te tornam-se temas centrais na f ilosof ia de Heidegger.[67]