Filosofia do mito à politica
Click here to load reader
-
Upload
rodrigo-rodrigues -
Category
Documents
-
view
1.024 -
download
2
Transcript of Filosofia do mito à politica
Filosofia: Do pensamento mítico religioso ao pensamento político
O homem pode ser identificado e caracterizado como um animal que pensa e cria
explicações. Criando – as, cria pensamentos. Nesta criação estão presentes a base mitológica
(pensamento por figuras e explicações metafísicas) e a base racional (pensamento por
conceitos).
Os mitos cumpriam uma função social moralizante de tal forma que essas narrativas
ocupavam o imaginário dos cidadãos da polis grega direcionando suas condutas.
Nesse mundo mítico nada é natural, ao contrário, tudo é sagrado e independe da
vontade do ser, já que todo o seu destino é previamente traçado pelos deuses, e deles depende.
Cabe, portanto, a esse estado de sacralização determinar quais ritos, leis e princípios
normativos todos devem acatar, se quiserem estar em conformidade com a vontade dos deuses.
O mito é, assim, determinista e trágico, absolutamente pessimista, uma vez que os
indivíduos não têm controle sobre seu próprio destino: a determinação deste, cabe aos deuses.
Foi nessa ordem de ideias que o mito foi o primeiro modelo de construção da realidade,
na Antiga Grécia. Ele teve como função além de explicar a própria realidade, acomodar,
tranquilizar, apaziguar o indivíduo diante de um mundo tão assustador.
Essas narrativas possuíam um fundo moral, o alerta para os desígnios dos deuses, que
não devem ser contrariados apesar de alguns atos heroicos. Contudo, uma nova aristocracia se
formava e a vida na pólis cada vez mais é direcionada pela política, e aos poucos a moral
estabelecida pelas narrativas míticas foi sendo substituídas pela ética e pelos valores da
cidadania grega. O cidadão grego cada vez mais participativo não considerava a ideia de não
controlar a própria vida. Na vida pública da “polis”, os homens livres manifestavam suas
posições escolhendo entre iguais o direcionamento das decisões e das ações da cidade-estado.
O nascimento da filosofia pode ser entendido como o surgimento de uma nova ordem do
pensamento, complementar ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. Uma visão de
mundo que se formou de um conjunto de narrativas contadas de geração a geração por séculos
e que transmitiam aos jovens a experiência dos anciãos.
Os mitos apresentavam uma religião politeísta, sem doutrina revelada, sem teoria
escrita, isto é, um sistema religioso, sem corpo sacerdotal e sem livro sagrado, apenas
concentrado na tradição oral. Ao aliar crenças, religião, trabalho, poesia, os mitos traduziam o
modo que o grego encontrava para expressar sua integração ao cosmo e à vida coletiva. Os
gregos a partir do século V a.C. viveram uma experiência social que modificou a cotidianidade
grega: a vivência do espaço público e da cidadania. A cidade constituía-se da união de seus
membros para os quais tudo era comum.
A reflexão filosófica acerca da „política‟ contribui para nossa educação enquanto
cidadãos e nos fornece uma base para o exercício da cidadania.
Aristóteles (384-322 a.C.), é tido como o mais erudito e sábio dos filósofos gregos. Em
seu livro Política, Aristóteles intentou reaproximar o exercício da política ao exercício da ética,
na busca de restaurar a moral política grega, conspurcada pela sofística, ainda em voga
naquele momento.
Para Aristóteles, o grande objetivo da vida do homem era ser feliz; para isso, deveria
desenvolver suas aptidões. A natureza, tal qual era, não permitia que um homem isolado se
desenvolvesse plenamente. Por essa razão, os homens se uniam (sociedade) para a realização
de um bem maior e mais importante: a constituição e manutenção da polis.
Esse fenômeno, segundo Aristóteles, acontecia naturalmente, e o homem seria assim,
naturalmente um "animal da cidade" (em grego, polis), ou seja, o homem seria, por natureza,
“um animal político”, escreveu Aristóteles.