Filosofia do mito ao pensamento político
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Eros e Psique:
Eros, também conhecido como Cupido, é o
deus grego do amor. O que mais chama a
atenção na mitologia de Eros talvez seja a
estória de sua paixão por Psique, uma mortal,
tão linda, que teria despertado a ira de
Afrodite, que vinha perdendo a devoção que os
mortais lhe tinham para a bela mortal. Afrodite
enviou, então, seu filho Eros para fazer com
que Psique se apaixonasse pelo homem mais
feio e vil que existisse. Mas Eros acabou se
apaixonando por Psique, e os dois acabaram
se casando, sem que, porém, Psique pudesse
ver o rosto do marido, pois ela pensava que
esse casamento era um castigo dos deuses.
Psique acabou por quebrar as regras impostas
e viu o rosto de Eros que, enfurecido,
abandonou-a. Mas seu amor por Eros era tão
intenso que a bela Psique findou por procurar
Afrodite para pedir-lhe que intercedesse por
ela, ajudando-lhe a encontrar Eros. Afrodite
impôs-lhe, então, uma série de tarefas que
deveriam ser cumpridas para que Psique
pudesse voltar a ver seu amado Eros. Depois
de receber a ajuda de vários seres, Psique
conseguiu cumprir todas as tarefas, e Zeus
ratificou o seu casamento com Eros, a pedido
deste. Essa união resultou ainda no
nascimento de seu filho Voluptas (Prazer).
Texto Base 2
Filosofia: Do pensamento mítico religioso ao pensamento político
O homem pode ser identificado e caracterizado como um animal que pensa e cria explicações.
Criando – as, cria pensamentos. Nesta criação estão presentes a base mitológica (pensamento por figuras e
explicações metafísicas) e a base racional (pensamento por conceitos).
Os mitos cumpriam uma função social moralizante de
tal forma que essas narrativas ocupavam o imaginário dos
cidadãos da polis grega direcionando suas condutas.
Nesse mundo mítico nada é natural, ao contrário, tudo
é sagrado e independe da vontade do ser, já que todo o seu
destino é previamente traçado pelos deuses, e deles depende.
Cabe, portanto, a esse estado de sacralização determinar quais
ritos, leis e princípios normativos todos devem acatar, se
quiserem estar em conformidade com a vontade dos deuses.
O mito é, assim, determinista e trágico, absolutamente
pessimista, uma vez que os indivíduos não têm controle sobre
seu próprio destino: a determinação deste, cabe aos deuses.
Foi nessa ordem de ideias que o mito foi o primeiro
modelo de construção da realidade, na Antiga Grécia. Ele teve
como função além de explicar a própria realidade, acomodar,
tranquilizar, apaziguar o indivíduo diante de um mundo tão
assustador.
Essas narrativas possuíam um fundo moral, o alerta
para os desígnios dos deuses, que não devem ser contrariados
apesar de alguns atos heroicos. Contudo, uma nova
aristocracia se formava e a vida na pólis cada vez mais é
direcionada pela política, e aos poucos a moral estabelecida
pelas narrativas míticas foi sendo substituídas pela ética e
pelos valores da cidadania grega. O cidadão grego cada vez
mais participativo não considerava a ideia de não controlar a
própria vida. Na vida pública da “polis”, os homens livres
manifestavam suas posições escolhendo entre iguais o
direcionamento das decisões e das ações da cidade-estado.
O nascimento da filosofia pode ser entendido como o
surgimento de uma nova ordem do pensamento, complementar
ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. Uma visão de
mundo que se formou de um conjunto de narrativas contadas
de geração a geração por séculos e que transmitiam aos jovens
a experiência dos anciãos.
Os mitos apresentavam uma religião politeísta, sem
doutrina revelada, sem teoria escrita, isto é, um sistema
religioso, sem corpo sacerdotal e sem livro sagrado, apenas concentrado na tradição oral. Ao aliar crenças,
religião, trabalho, poesia, os mitos traduziam o modo que o grego encontrava para expressar sua integração
ao cosmo e à vida coletiva. Os gregos a partir do século V a.C. viveram uma experiência social que
modificou a cotidianidade grega: a vivência do espaço público e da cidadania. A cidade constituía-se da
união de seus membros para os quais tudo era comum.
A reflexão filosófica acerca da ‘política’ contribui para nossa
educação enquanto cidadãos e nos fornece uma base para o exercício
da cidadania.
Aristóteles (384-322 a.C.), é tido como o mais erudito e sábio dos
filósofos gregos. Em seu livro Política, Aristóteles intentou reaproximar
o exercício da política ao exercício da ética, na busca de restaurar a
moral política grega, conspurcada pela sofística, ainda em voga naquele
momento.
Para Aristóteles, o grande objetivo da vida do homem era ser
feliz; para isso, deveria desenvolver suas aptidões. A natureza, tal qual
era, não permitia que um homem isolado se desenvolvesse plenamente.
Por essa razão, os homens se uniam (sociedade) para a realização de um bem maior e mais importante: a
constituição e manutenção da polis.
Esse fenômeno, segundo Aristóteles, acontecia naturalmente, e o homem seria assim, naturalmente
um "animal da cidade" (em grego, polis), ou seja, o homem seria, por natureza, “um animal político”,
escreveu Aristóteles.