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Fim de semana na Mata Nacional do Buçaco Classificado como Imóvel de Interesse Público, o conjunto monumental do Buçaco mobiliza uma riqueza patrimonial de exceção. Ao núcleo central formado pelo Palace Hotel do Bussaco e pelo Convento de Santa Cruz juntam-se as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que compõem a Via Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Bussaco, os cruzeiros, as fontes (saliente-se a Fonte Fria com a sua monumental escadaria) e as cisternas, os miradouros (o da Cruz Alta oferece vista privilegiada sobre toda a região entre Coimbra e a Serra do Caramulo) ou as casas florestais. Atualmente ocupa 105 hectares e possui uma das melhores coleções dendrológicas da Europa, com cerca de 250 espécies de árvores e arbustos com exemplares notáveis. É uma das matas nacionais mais ricas em património natural, arquitetónico e cultural, podendo ser dividida em três unidades de paisagem: Arboreto, Jardins e Vale dos Fetos e Floresta Relíquia. A Mata Nacional do Buçaco providencia alimento, abrigo e refúgio para mais de centena e meia de espécies de vertebrados, algumas de grande valor conservacionista, como endemismos ibéricos ou espécies protegidas. A biodiversidade encontrada no Buçaco exprime a singularidade e valor patrimonial deste espaço mágico e obriga à sua preservação.

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Fim de semana na Mata

Nacional do Buçaco

Classificado como Imóvel de Interesse Público, o conjunto monumental do Buçaco mobiliza uma riqueza patrimonial de exceção. Ao núcleo central formado pelo Palace Hotel do Bussaco e pelo Convento de Santa Cruz juntam-se as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que compõem a Via Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Bussaco, os cruzeiros, as fontes (saliente-se a Fonte Fria com a sua monumental escadaria) e as cisternas, os miradouros (o da Cruz Alta oferece vista privilegiada sobre toda a região entre Coimbra e a Serra do Caramulo) ou as casas florestais.

Atualmente ocupa 105 hectares e possui uma das melhores coleções dendrológicas da Europa, com cerca de 250 espécies de árvores e arbustos com exemplares notáveis. É uma das matas nacionais mais ricas em património natural, arquitetónico e cultural, podendo ser dividida em três unidades de paisagem: Arboreto, Jardins e Vale dos Fetos e Floresta Relíquia.

A Mata Nacional do Buçaco providencia alimento, abrigo e refúgio para mais de centena e meia de espécies de vertebrados, algumas de grande valor conservacionista,

como endemismos ibéricos ou espécies protegidas.

A biodiversidade encontrada no Buçaco exprime a singularidade e valor patrimonial deste espaço mágico e obriga à sua preservação.

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HISTÓRIA

1628-1834: Os Carmelitas Descalços e o seu “Deserto”

Na posse do Bispado de Coimbra desde 1094, a Mata foi doada em 1628 pelo então bispo de Coimbra, D. João Manuel, à Ordem dos Carmelitas Descalços para a construção do seu “Deserto” em Portugal. Iniciadas as obras em agosto desse ano, a construção do convento e da sua cerca terminaria por 1630, altura em que começou a vida monástica regular.

O convento de Santa Cruz foi construído na simplicidade exigida pela vocação eremítica do Deserto. O revestimento arquitetónico da cortiça ou o embrechado como técnica decorativa alargada ao circuito conventual traduz o espírito de despojamento adequado às práticas ascéticas dos religiosos. A partir de 1644, sob a égide de D. Manuel Saldanha, Reitor da Universidade de Coimbra, ergueu-se, à imagem de Jerusalém, uma Via Crucis de fortíssimos contornos ideológicos e propagandísticos, destinada a representar os passos da Paixão de Jesus Cristo. A floresta

autóctone portuguesa foi sendo tratada por sucessivas gerações de monges de modo a representar o Monte Carmelo como o local originário da Ordem.

A 27 de setembro de 1810 a mata foi palco da Batalha do Buçaco (um dos episódios sangrentos das invasões napoleónicas em Portugal) tendo o Convento servido de base de operações ao Duque de Wellington no confronto entre as tropas luso-britânicas e francesas.

Em 1834 a extinção das ordens religiosas decretou o fim da presença dos Carmelitas Descalços no Buçaco.

Segue-se um período, entre 1834 e 1855, que poderemos classificar como de transição, em que a mata fica sem gestão e sem um responsável que responda por ela.

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1855-1910: O Buçaco romântico

Em 1856, a Mata transita para a Administração Geral das Matas do Reino, tendo sido nomeado um administrador em 1856 e a mata “…dotada de um regime especial quando da reforma da administração das matas nacionais, em 1872”, tendo entrado “com o apoio governamental…numa importantíssima fase de melhoramentos”. Estes melhoramentos incluem a principal e mais significativa área ajardinada, que envolve o Convento e o Hotel, sendo designada por Jardim Novo, construído em 1886-87, tal como a Cascata de Sta. Teresa. Trata-se de uma conceção

tradicional de jardim, de influência barroca, característica nos séculos XVIII e XIX, com canteiros delimitados por sebes de buxo talhadas.

Outro dos espaços verdes ajardinados, o Vale dos Fetos, foi construído sensivelmente no mesmo período, em 1887-88, tal como o Lago Grande. De referir que em 1888 foi autorizada a deslocação do então Administrador da Mata do Buçaco, Ernesto de Lacerda, a viveiros de França e da Bélgica, com vista à aquisição de plantas e de sementes. Foi de lá que vieram “…dez magníficos exemplares de fetos arbóreos da espécie Dicksonia antarctica” .

Em 1888 Emídio Navarro, então Ministro das Obras Públicas, dá inicio à construção de um palácio real, em estilo neomanuelino, com projeto do arquiteto e cenógrafo italiano Luigi Manini (1848-1936). Outras contribuições vindas de Nicola Bigaglia (1841-1908), que assina a Casa dos Cedros, ou Norte Júnior (1878-1962), autor da Casa dos Brasões, pautam-se por uma plasticidade comum à generalidade do complexo edificado. As obras ficaram concluídas em 1907, sendo o Palácio convertido em Hotel

de Luxo – o Palace Hotel do Bussaco, considerado um dos pontos de maior interesse de todo este conjunto.

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FLORA E FAUNA

A Mata Nacional do Buçaco encontra-se no extremo Noroeste da Serra do Buçaco, no concelho da Mealhada. Com 549 m de altitude, a sua localização geográfica confere-lhe um microclima muito particular, com temperaturas amenas, elevada precipitação e frequentes nevoeiros matinais, que favorecem a ocorrência de elevada biodiversidade. Assim, nas encostas expostas a Sul sobressai uma vegetação potencial perenifólia tipicamente mediterrânica e nas encostas mais a Norte uma vegetação caducifólia, característica de clima temperado.

Atualmente ocupa cerca 105 hectares e possui uma das melhores coleções dendrológicas da Europa, com cerca de 250 espécies de árvores e arbustos com exemplares notáveis. É uma das Matas Nacionais mais ricas em património natural, arquitetónico e cultural, podendo ser dividida em três unidades de paisagem: Arboreto, Jardins e Vale dos Fetos e Floresta Relíquia.

Arboreto

Ocupa cerca de 80% da área da mata. É o resultado de um processo de florestação que, partindo de uma área já existente, foi sendo reflorestada pela ação dos monges. Da floresta original ainda restam alguns carvalhos, azereiros e loureiros. Mas foi devido aos Carmelitas Descalços que o arboreto ganhou a alma que se mantém, sobretudo após a introdução do cedro-do-Buçaco (Cupressus lusitanica), o ex-libris da mata. A partir de 1850 foram introduzidas muitas espécies exóticas como cedros, sequoias, araucárias, eucaliptos, pseudotsuga, entre outras.

Jardins e Vale dos Fetos

A principal e mais significativa área ajardinada é a que envolve o Convento (e o Palace Hotel), designada por “Jardim Novo”. Foi construída em 1886-87, tal como a Cascata de Santa Teresa.

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Outro espaço verde ajardinado emblemático é o Vale dos Fetos, cujo nome deriva da existência de vários exemplares de fetos de porte arbóreo. O arruamento do Vale dos Fetos foi construído em 1887-88, tal como o Lago Grande.

Floresta Relíquia

É uma formação vegetal clímax de plantas autóctones que, segundo alguns autores, conserva as características típicas da floresta primitiva, antes da ocupação humana.

Ocupando apenas uma pequena fração, no extremo Sudoeste da mata, este local é bastante diversificado, albergando três habitats diferentes: o carvalhal de carvalho-alvarinho e carvalho-negral, o loureiral, dominado pelo loureiro, com presença frequente do medronheiro, folhado e do azevinho, e os ‘Adernais’, na encosta Sul e Sudoeste. O adernal é uma formação vegetal única dominada por adernos de grande porte arbóreo, estendendo-se desde a Cruz Alta até ao Passo de Caifás. Em alguns locais é praticamente puro, formando um bosque denso praticamente sem outras espécies arbóreas.

Entre as espécies subarbustivas domina a gilbardeira. Nas espécies trepadeiras são comuns a salsaparrilha-bastarda, uva-de-cão e a hera.

Fonte: Rosa Pinho, Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro

Algumas espécies existentes:

Gingko, teixo, pinheiro de S. Tomé, pinheiro do Paraná, araucária, cedro do Himalaias, cedro do Atlas, pinheiro (manso, silvestre, negro, larício, Japão, Canárias, insigne, Himalaia, Mississipi, pátula, taeda, aiacauite, preto mexicano, weymouth) sequoia, criptoméria do Japão, cipreste (comum, da Califórnia, do Buçaco, chorão, do Arizona, de Gowen, do Oregon) Calocedro, Biota da China, falsa tuia do Japão, tuia gigante, tuia da Argélia, Calitris,

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choupo do Canadá, nogueira preta, vidoeiro, amieiro,

aveleira, faia, castanheiro, sobreiro, carvalho roble, carvalho negral, ulmeiro, lodão, maclura, grevília, tulipeiro da Virgínia, til, canforeira, liquidambar, pitosporo, plátano, azereiro, louro, acáciaaustrália, olaia, bordo da Noruega, buxo, azevinho, castanheiro da India, tilia americana, jambeiro, eucalipto (comum, folhas de vimieiro, gigante, oblíquo, folha ficiforme) rododendro, freixo flor, freixo vermelho, aderno, paulónia, catalpa.

Fauna

A Mata Nacional do Buçaco encerra uma vasta diversidade de animais que, muitas vezes silenciosa, passa despercebida. Rodeada de monoculturas de pinheiro-bravo e eucalipto, a Mata providencia alimento, abrigo e refúgio para mais de centena e meia de espécies de Vertebrados, entre as quais, algumas de grande valor conservacionista, como endemismos ibéricos ou espécies protegidas.

Num passeio diurno poderão observar-se e ouvir-se numerosas espécies de aves florestais, como os chapins, o

tentilhão e os pica-paus, aves de rapina como a águia-calçada ou o açor (ambas espécies ameaçadas) e até mesmo aves associadas a massas de água, como a garça-real e o guarda-rios. O bom tempo atrairá diversos répteis, como o lagarto-de-água, endémico, ou a cobra-de-escada e um olhar atento às linhas de água permitirá identificar anfíbios tão distintos como a salamandra-lusitânica e o tritão de ventre-laranja, dois sensíveis endemismos.

O crepúsculo revela outros sons e movimentos. São os morcegos, as raposas, fuinhas e outros animais noturnos, como a coruja-do-mato e o mocho-galego.

Além do misticismo, das cristalinas águas e do frondoso arboreto, a Mata do Buçaco encerra uma vasta diversidade de animais que muitas vezes, silenciosa, passa despercebida. Rodeada de monoculturas de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e eucalipto (Eucalyptus globulus), a Mata funciona como um refúgio para a fauna selvagem, de

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importância fundamental para a conservação da

biodiversidade da região Centro do País. Providencia alimento, abrigo e refúgio para mais de centena e meia de espécies de Vertebrados e várias centenas de espécies de Invertebrados. Entre estas, encontram-se espécies de grande valor conservacionista, endemismos ibéricos e espécies protegidas. Os peixes do Buçaco incluem cinco espécies, duas das quais endémicas da Península Ibérica (o ruivaco Achondrostoma oligolepis e o escalo-do-Norte Squalius carolitertii), o que contribui para a importância do

património biológico da Mata. Os anfíbios são um grupo de grande importância ecológica e elevada sensibilidade. Em Portugal Continental ocorrem 17 espécies de anfíbios. A Mata Nacional do Buçaco, apresentando elevada disponibilidade de água, um microclima bastante húmido e vegetação abundante, fornece condições para albergar uma diversidade de anfíbios impressionante, num total de 10 espécies. Destas, conta-se com quatro espécies endémicas da Península Ibérica (a salamandra-lusitânica Chioglossa lusitanica, o

tritão-de-ventre-laranja Lissotriton boscai, a rã-ibérica Rana iberica e a rã-de-focinho-pontiagudo Discoglossus galganoi), que são também espécies ameaçadas a nível global ou nacional. No que respeita aos répteis, no Buçaco ocorrem 14 espécies, entre as quais o lagarto-de-água Lacerta schreiberi, endémico da Penínsusula Ibérica, o licranço Anguis fragilis, o sardão Timon lepidus, as cobras de água Natrix natrix e Natrix maura, a cobra-de-escada Rhinechis scalaris e as lagartixas Psammodromus algirus e Podarcis

hispanica, todos inócuos. Os répteis são a classe de vertebrados menos apreciada pelo público em geral, pelo seu aspeto, modo de locomoção e características que causam repulsa e criam receios infundados. O grupo de Vertebrados naturalmente mais abundante na Mata é o das aves. É também a classe que mais fascínio desperta nos visitantes. A avifauna da Mata é bastante rica,

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contando com cerca de 80 espécies em estado selvagem.

Entre estas figuram, obviamente, numerosas aves florestais, como os chapins Parus major, Periparus ater, Cyanistes caeruleus, Lophophanes cristatus e Aegithalos caudatus, o tentilhão Fringilla coelebs, a trepadeira-azul Sitta europaea, a estrelinha-real Regulus ignicapilla e os pica-paus Dendrocopos major e Picus viridis; aves de rapina diurnas, como a águia-calçada Hieraaetus pennatus, a águia-de-asa redonda Buteo buteo e o gavião Accipiter nisus, e noturnas, como o mocho-galego Athene noctua e a coruja-do-mato Strix aluco; aves mais generalistas como o pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula, a milheirinha

Serinus serinus, o verdilhão Carduelis chloris, o pintassilgo Carduelis carduelis e a toutinegra-de-barrete Sylvia atricapilla; e ainda algumas espécies migratórias como o papa-figos Oriolus oriolus e a poupa Upupa epops. Entre as aves que ocorrem na Mata consta ainda uma espécie tipicamente aquática, a garça-real Ardea cinerea. A presença desta espécie no habitat florestal do Buçaco constituiu uma surpresa, mas pode ser justificada pela grande abundância de peixe disponível nos lagos, para sua alimentação.

A Mata Nacional do Buçaco, sendo um arboreto rico e com uma considerável variedade de microhabitats, alberga também uma comunidade de mamíferos bastante diversificada e interessante, totalizando 35 espécies. Os mamíferos são indubitavelmente uma classe muito carismática e cativante, porém, de difícil observação! Muitas espécies têm comportamentos esquivos e noturnos, pelo que o mais fácil de detetar são os seus indícios de presença, como pegadas, excrementos, tocas, trilhos, etc. Da mastofauna da Mata destaca-se a ocorrência de oito espécies de carnívoros, tais como a raposa Vulpes vulpes, a

fuinha Martes foina, o sacarrabos Herpestes ichneumon e o texugo Meles meles e pelo menos 14 espécies de morcegos, entre os quais os morcegos-de-ferradura grande Rhinolophus ferrumequinum e pequeno Rhinolophus hipposideros, o morcego-de-água Myotis daubentonii, o morcego-negro Barbastella barbastellus e o morcego-rabudo Tadarida teniotis. Certamente ocorrerão no Buçaco mais espécies de morcegos, porém a identificação segura

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destes animais apresenta várias restrições metodológicas.

Todas as espécies de morcegos estão estritamente protegidas, por se tratar de mamíferos severamente ameaçados, com as populações em declínio e altamente vulneráveis a todos os fatores de ameaça. Em Portugal Continental ocorrem 25 espécies no total, incluindo algumas muito raras. Assim, o Buçaco apresenta uma diversidade de quirópteros verdadeiramente impressionante, tendo em conta a sua reduzida área. A Mata conta ainda com diversos micromamíferos, entre os quais o rato-cego Microtus lusitanicus, o rato-das-hortas Mus spretus, o rato-do-campo Apodemus sylvaticus e o

musaranho-de-dentes-vermelhos Sorex granarius, endémico da Península Ibérica. Um dos mamíferos mais facilmente observável é o esquilo Sciurus vulgaris. O maior mamífero que aqui ocorre é o javali Sus scrofa, cuja atividade diurna pode assustar os mais incautos. Ao nível dos Invertebrados, os levantamentos iniciados em 2012 inventariaram já mais de seis centenas de espécies de Moluscos, Aracnídeos e Insetos, sendo que muito se falta investigar neste âmbito. Os registos apontam para a ocorrência de mais de 130 espécies de lepidópteros

(borboletas), quer diurnos, quer noturnos; mais de 40 espécies de hemípteros (cigarras, cigarrinhas, pulgões) e mais de três dezenas de ortópteros (grilos, gafanhotos), por exemplo. Nos lagos podem observar-se diversos Odonata (libélulas e libelinhas) e por toda a Mata ocorrem dezenas de espécies de coleópteros (escaravelhos), dos quais se destaca o notável vaca-loura Lucanus cervus, considerado o maior escaravelho da Europa. Não é demais repetir que a Mata do Buçaco, apaixonante recanto repleto de misticismo e história, acolhe também

tesouros do mundo natural, alteando a sua monta para além do que o olhar alcança.

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PROGRAMA:

25 de Setembro (6ª feira): Partida para o Luso em

carros particulares e alojamento em Hotel.

26 de Setembro (Sábado):

09h30m: saída do Hotel para a Mata do Buçaco.

10h: Visita guiada “Trilho da Água do Buçaco”

Extensão: 3.295 metros | Duração aproximada: 3horas | Ponto de partida e de chegada: Convento | Pontos de interesse: Vale dos Fetos, Fonte Fria, Fonte do Carregal, Fonte de Santa Teresa, Fonte de Santo Elias, Fonte de S. Silvestre, Samaritana e cascata | Observações: Aconselha-se calçado adequado. Levar farnel e água. A Mata do Buçaco encontra-se inserida no extremo noroeste da Serra do Buçaco, local de relevo proeminente e precipitação abundante. Num contexto litológico favorável, permite abundante água subterrânea e superficial, propiciando uma floresta exuberante. Entre os séculos XVII e XIX, os pontos de água (nascentes) e linhas de água que se encontram na Mata do Buçaco, comportaram várias intervenções, nomeadamente a construção de lagos e fontes, entre as quais a mais célebre, a Fonte Fria. As duas linhas de água predominantes da Mata do Buçaco unem-se na Fonte Fria, originando uma linha de água que percorre o Vale dos Fetos, nome que deriva de um conjunto de fetos de porte arbóreo, dispostos ao longo do vale.

13h:Fim da visita guiada e intervalo para almoço. Recomenda-se trazer farnel.

14h: Visita guiada “Trilho Via-Crucis do Buçaco”

Extensão: 3132 metros | Duração Aproximada: 3horas | Ponto de partida e de chegada: Convento | Pontos de interesse: Capelas dos Passos da Prisão e da Paixão de Cristo (especialmente Pretório e Calvário). | Observações: Aconselha-se calçado adequado. Levar farnel e água. A partir de 1644, sob a égide de D. Manuel Saldanha, Reitor da Universidade de Coimbra, ergueu-se, à imagem de Jerusalém, uma Via Crucis de fortíssimos contornos ideológicos e propagandísticos, destinada a representar os passos da Paixão de Jesus Cristo. Inicialmente assinalados por uma cruz de pau-brasil, foram substituídos (1694-1695) por capelas mandadas construir pelo Bispo de Coimbra D. João de Melo. Adquirem especial relevância as estações do Pretório e do Calvário que remata o percurso da Via Sacra. Assumindo-se

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como a representação do Monte Carmelo na Palestina (foco originário da Ordem dos Carmelitas), o Sacromonte reivindica quer a herança do Profeta Elias como primeiro eremita quer um protagonismo espiritual que encontra na articulação ao programa definido dentro da cerca conventual a sua mais elevada expressão.

17h: Fim da visita guiada e tempo livre.

20h: Jantar em restaurante (opcional).

27 de Setembro (Domingo):

09h30m: saída do Hotel para a Mata do Buçaco.

10h: Visita guiada “Trilho Militar do Buçaco” e aos jardins

do Palace Hotel do Buçaco.

Extensão: 2479 metros | Duração aproximada: 2 horas | Ponto de partida e de chegada: Convento |Pontos de interesse: Convento de Santa Cruz do Buçaco, Porta de Sula e posto de observação do Moinho de Sula, Obelisco e Museu Militar. Na posse do Bispado de Coimbra desde 1094, a Mata foi doada em 1628 pelo então bispo de Coimbra, D. João Manuel, à Ordem dos Carmelitas Descalços para a construção do seu Deserto em Portugal. Iniciadas as obras em agosto desse ano, a construção do convento e da sua cerca terminaria por 1630, altura em que começou a vida monástica regular. O Convento de Santa Cruz, construído na simplicidade exigida pela vocação eremítica do Deserto, apresenta uma planta única em Portugal: a igreja (onde se perceciona um plano dúbio entre a cruz grega e a cruz latina, através da junção do coro) domina um espaço sem claustro, com os pátios a imprimir a regularidade ao conjunto. Nesta originalíssima ideia de usufruto espiritual é a igreja que se inscreve dentro de um espaço claustral simulado, recuperando a organização da ideia mítica do Templo de Jerusalém. O revestimento arquitetónico da cortiça ou o embrechado como técnica decorativa alargada ao circuito conventual traduz o espírito de despojamento adequado às práticas ascéticas dos religiosos. Dos séculos XVII e XVIII ainda permanecem obras de escultura, pintura (saliente-se a presença de Josefa de Óbidos) ou azulejaria que denunciam uma comunidade religiosa dinâmica e atenta ao sentido artístico específico dos tempos. Possui, ainda, duas celas, que se encontram abertas para visita, e onde se recorda a presença do Tenente-General Arthur Wellesley, futuro Duque de Wellington, que comandava as forças anglo-lusas contra o general francês André Masséna, aquando da 3.ª Invasão Francesa, cuja Batalha se deu no Buçaco a 27 de setembro de 1810. Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o convento passou para a posse do Estado, sendo mais tarde parcialmente destruído para dar lugar ao Palace Hotel do Buçaco e a novas construções que ainda hoje o rodeiam.

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A Batalha do Buçaco, integrada na última das três invasões napoleónicas a Portugal (Julho de 1810 a abril de 1811), pôs em confronto os exércitos francês e anglo-luso, cujas consequências lhe conferem a maior relevância, não só pelo que ela significa nos termos mais objetivos – derrota das brigadas do Marechal André Masséna – mas, sobretudo, pelo que representou na preparação do confronto seguinte e o enfraquecimento de_nitivo do invasor nas Linhas de Torres Vedras. Foi uma batalha sangrenta que retardou a chegada do exército francês a Lisboa garantindo, assim, mais tempo no reforço das Linhas defensivas de Torres Vedras. Com um resultado de cerca de 5000 baixas para os invasores e cerca de 1300 baixas para os aliados anglo-lusos, a Batalha do Buçaco passaria a significar, na História da nação portuguesa, um exemplo fulcral de táctica defensiva em contexto militar.

12h: Recriação histórica da batalha do Bussaco.

Fim da visita guiada e intervalo para almoço. Recomenda-se trazer farnel

14h: Visita guiada “Trilho da Floresta Relíquia do Buçaco” Extensão: 2119 metros | Duração aproximada: 2horas | | Ponto de partida e de chegada: Convento | Observações: Aconselha-se calçado adequado. A Floresta Relíquia da Mata Nacional do Buçaco localiza-se no extremo sudoeste, na zona mais elevada, declivosa e pedregosa, tendo por isso escapado às sucessivas plantações de espécies arbóreas exóticas. Ocupa cerca de 15% da mata e conserva as características de uma floresta primitiva que existiria, antes da ocupação humana, nas montanhas do centro de Portugal, formando um bosque único de copado denso, por vezes quase puro, com elevada relevância ecológica, quer pela raridade e singularidade a nível nacional, quer pela biodiversidade que alberga, desafiando toda a imaginação. Predominam o aderno (Phillyrea latifolia), o medronheiro (Arbutus unedo), loureiro (Lauros nobílis) azevinho (Ilex aquifolium) o sobreiro (Quercus suber) e o pinheiro manso (Pinus pinea).

16h: Fim do programa.

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Preço do programa por pessoa:

Em Hotel de 2 estrelas no Luso:

Quarto duplo / casal: 100 €

Quarto triplo: 90 €

O preço inclui 2 noites de alojamento em Hotel de 2 estrelas, 2

pequenos almoços e as actividades referidas no programa.

Acresce o valor de 5 € na entrada da Mata do Buçaco por cada

carro por dia.

O custo da deslocação e restante alimentação (farnel durante a

caminhada e jantares) é por conta dos participantes. Há possibilidade de

se combinar boleias para partilha de custos entre Lisboa e o Luso/ Buçaco.

A actividade está coberta por seguro.

Para inscrição enviar mail para [email protected]

Com os melhores cumprimentos,

Miguel Pereira

Caminhos com Carisma

Registo n.º 67/2012 do Turismo de Portugal.

914907446 / 967055233.