Final revista alheio nilo lima barreto

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1 100 ANOS DE MODA FUTURISTA a r t e s v i s u a i s c u l t u r a d e r u a d e s i g n m o d a prospecções de novos cenários para 2014 entrevista com o designer mickaël dejean os calungas do ilustrador marcos olli

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lAYOUT DA REVISTA ALHEIO DESENVOLVIDO POR NILO LIMA BARRETO no terceiro semestre da disicplina ICA2042 - PLANEJAMENTO GRAFICO do Curso de Comunicação - Jornalismo da Universidade Federal do Ceará.

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100ANOS DE

MODA FUTURISTA

a r t e s v i s u a i s • c u l t u r a d e r u a • d e s i g n • m o d a

prospecções denovos cenáriospara 2014

entrevista com o designer mickaël dejean

os calungas do ilustrador

marcos olli

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01essa revista pode serimpressa, publicada, postada, distribuída e divulgada livremente,de forma integral, gratuitamente, sem qualquer alteração, edição, revisão ou corte, junto com os devidos créditos.

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01adj. Distante; liberto; em que há liberdade; que pertence ou diz

respeito a outra pessoa.“ ”

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CONTEÚDOSOMA

MEIO FIO

EPICENTRO

PERIFÉRICOS

ALENCARINOS

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CONTEÚDO

100 anos de moda futurista

o toque francês de mickaël dejean

Os calungas de marcos olli

editorial SOLILÓQUIO MISANTRÓPICO

IGUALMENTE DIFERENTES

prospecções de tendências de moda para 201407

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EDITORIALA ALHEIO foi

criada como materialização

do trabalho final da disciplina Planejamen-to Gráfico do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará. Partindo da necessidade de existir uma plataforma que pos-sa expor novos artistas que estão emergindo no cenário das artes visuais e da moda, a revista tem por missão trazer aos ol-hos do mundo um con-teúdo alheio ao que está orbitando dentro do nú-cleo das principais publi-cações, horizontalizando os meios de divulgação de trabalhos e dan-do suporte para quem quer construir uma rede democrática de artistas de alta qualidade.

Como não poderia deixar de ser, ALHEIO é fruto da co-laboração de inúmeras pessoas que se dispuse-ram a construir de for-ma livre um repositório de ideias e de experi-mentações, pois a revis-ta também se enquadra na categoria de emer-gente, procurando seu lugar dentro do círculo de publicações-modelo, se transmutando e se adaptando conforme es-paço e tempo. Dito isto, fica meu grande agradeci-mento a todos os en-volvidos e meu desejo de que esse ensaio pos-sa germinar na cabeça de pessoas criativas e ousadas que queiram levar a revista ALHEIO adiante. Forte abraço!

®

&COLABORADORES AGRADECIMENTOS

JESSÉ LIMA - MARCOS OLLI - MICKÄEL DEJEAN - LEONARDO DE QUEIROZ - FELIPE MARQUES - YÁGDA HISSA - PRISCILA SALGADO -

RENATA BRANDÃO - DILLIANA DIAS - JOHANN FREITAS - VICTÓRIA PRACIANO - YAN DINIZ - ALESSANDRA GOMES - FÁTIMA MORAES

- LUCAS VANTIER - LILLY O. - BRENDDA COSTA - RAÍRA ARAÚJO - VANESSA ELLERY - MAI OLIVEIRA - LUÍS SÉRGIO SANTOS -

NILO LIMA BARRETOEditor chefe

na capa

Sem título. Nilo Lima Barreto

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prospecçãoprospecçãode novosde novos

cenárioscenáriosmacrotendênciasmacrotendências

20142014

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prospecçãoem design

A indústria da moda, na sociedade pós-industrial, é um negócio excitante,

dinâmico, criativo e global. A moda é um grande negócio que emprega inúmeras pessoas com seus diferentes talentos e habili-dades para que a indústria possa levar roupas e acessórios ino-vadores para os consumidores. Estilistas, fabricantes, varejistas, compradores, administradores de marketing, entre outros pro-fissionais, estão todos envolvidos no desenvolvimento do melhor produto para o mercado, no menor tempo possível e por um preço competitivo. Isto não é fá-cil, pois a moda muda constante-mente (BRUCE; HINES, 2002). Atualmente, na indús-tria da moda, há uma aceleração enorme na circulação de capital econsumo em todas as suas fa-ses. “Os prazos de rotativida-de,reinvestimento e distribuição do capital,taxas de inovação e

obsolescência tanto dos bens de produção quanto de consumo, mudanças de estilo – tudo isso atinge velocidades histéricas” (SLATER, 2002, p. 189). As es-tações tradicionais de Primavera,Verão, Outono e Inverno ainda são aparentes, mas as mudanças são mais numerosas. Cor, forma,textura, silhuetas, proporções são efêmeros. Isso torna a previsão, o planejamento e a criação deestratégias de marketing arrisca-das e complexas (BRUCE; HI-NES, 2002). Além disso, a criação de novas coleções é particularmente complicada para a indústria deconfecção devido ao alto número de unidades de estoque, à necessi-dade por mudanças constantes e àcriação de pelo menos quatro esta-ções e várias linhas ao mesmo tem-po (REUMAMY, 1996, apud LEPECHOUX et aI., 2002). O desenvolvimento de novos pro-dutos está sujeito a baixas taxas de sucesso e à dificuldade na diminuição do tempo de pro-dução. Hoje, o foco de geren-ciamento de confecção está na redução dos ciclos de produção e no aumento da inovação de produtos, porque essas ações são decisivas para evitar per-das na participação de mercado (LE PECHOUX et aI., 2002). Os profissionais da indús-tria da moda operam, na socieda-de pós-industrial, num contexto

mercadológico em que “a inova-ção é cada vez mais crucial para o sucesso no mundo dos negócios” (SHAPE THE AGENDA, 2005, p. 52). As novas coleções de rou-pas e acessórios introduzidas por eles são ingredientes vitais para atingir bons resultados mercado-lógicos, pois a economia de livre mercado depende de empresas competindo entre si, para supe-rar marcas estabelecidas por ou-tras empresas. “As empresas pre-cisam introduzir continuamente novos produtos, para impedir que empresas mais agressivas acabem abocanhando parte de seu mercado” (BAXTER, 1995, p. 1). Para que o processo cria-tivo ocorra em uma empresa e transforme-se em efetivas inova-ções (em estratégias, produtos ou processos) é necessário que haja indivíduos potencialmente criati-vos e capazes de implementar as criações (MATTAR; SANTOS, 2003, p. 253). Contudo, parece cada vez mais difícil inovar, “com mercados que se transformam muito rápido e consumidores muito exigentes” (HSM MANA-GEMENT, 2005, p. 51). Esse contexto, que re-quer projetos de design de moda com altos níveis de inovação e com baixos níveis de risco, gera dois tipos de ansiedade entre o grupo de profissionais da in-dústria da moda da sociedade contemporânea, formado por designers, gestores de marketing, compradores de lojas de varejo e empresários. Primeiro, eles de-sejam saber qual será o produto portador de força de vendagem edistinção e passar a produzi-lo. Segundo, saber qual será esse produto antecipadamente. A ação criativa desses profissionais é sempre orientada em função de um conjunto de informações de estética antecipado e de uma constante ruptura com o produto

Leonardo de Queiroz, Universidade Federal do Ceará

»» soma

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anterior. Esses profissionais, para desenvolverem seus trabalhos de forma criativa e para diminuir oueliminar o fracasso mercadológi-co, desejam sempre saber o que as pessoas gostam ou gostariam devestir. Essa necessidade de co-nhecimento sobre as necessida-des estéticas de mercado existe também porque a consagração da empresa e do profissional no setor da moda está diretamente relacionada com a sua capacida-de de prever quais serão as ten-dências de moda das estações por vir. E é essa capacidade que justifica sua aparição nos edito-riais de moda das revistas espe-cializadas. Ter uma carreira bem-sucedida na indústria da moda, hoje, significa demonstrar talento para identificar uma determinadatendência e ser seu legítimo re-presentante (BERGAMO, 1998).

Com base nisso, a área de prospcção de Design tem o objetivo de desvendar o misté-rio a cerca das tendências de moda. Quem nunca se pergun-tou de onde vêm as informações de estética? Como elas surgem? Quem as elabora? Muita gen-te não imagina que a tendência de uma estação tem sua origem alguns anos antes e que muito trabalho foi feito primeiramente para uma peça chegar às vitri-nes de uma loja (AZEVEDO, 2005). Antes de chegar ao ar-mário do consumidor, roupas, bolsas, sapatos, óculos e outros acessórios já foram informa-ções de estética resultantes de pesquisas socioculturais, com-portamentais e mercadológicas. Quem pensa que a moda começa com uma idéia lumino-sa do estilista e termina em uma peça de bom caimento sobre o corpo do consumidor ainda não conhece a epopéia que precede a confecção tanto de um caríssi-mo Giorgio Armani quanto de um singelo zíper vendido a preço popular. A moda das passarelas é o produto final, manufaturado e transformado por muitas mãos

diferentes antes de chegar às ara-ras das lojas (DURAN, 2005). Atualmente, oferecendo muito mais que propostas de moda, são os escritórios de estilo que “fundamentam e elaboram todas as informações necessárias para a criação das tendências de moda” (LEÃO, 2002, p. 61) na indústria da moda da sociedade pós-industrial. Eles compõem o setor de previsão de moda cuja principal missão é “descobrir as tendências que afetarão o com-portamento do consumidor e traduzi-Ias em guias de estéti-ca para criação: os cadernos de tendências (Cahiers de Tendan-ces)” (Ibid., p. 61) ou os sites da Internet – que funcionam como cadernos de tendências digitais –; além disso, eles oferecerem consultoria personalizada. “O papel dos bureaux de estilo é fornecer dados específicos para cada segmento da indústria da moda e assim permitir que eles realizem um trabalho de acordo com as necessidades dos con-sumidores”, explica a designer Luciana Parisi (DURAN, 2005). As informações de esté-tica fornecidas pelos escritórios de estilo, através dos cadernos de tendências ou dos sites na Internet, têm um alcance maior do que pode ser pensado, pois elas são “instrumentos de grande importância entre o meio empre-sarial, pois fornecem a seguran-ça necessária para o desenvolvi-mento de um produto de moda” (LEÃO, 2002, p. 61). Os con-sumidores dessas informações

soma

"a área de

prospcção de

Design tem o

objetivo de

desvendar o

mistério a

cerca das

tendências de

moda."

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são apenas as maiores empresas ligadas à indústria de moda do mundo. Portanto, não são irre-levantes. Ao contrário, a adesão em grande escala ao seu discur-so estético faz com que efetiva-mente as prospecções de novos cenários dos escritórios de estilo se tornem realidade. Isso por um motivo bastante simples: “passa a ser produzido em escala mundial aquilo que foi previsto por esses escritórios. Logo, estará disponí-vel para compra no mercado exa-tamente aquilo que os escritórios de estilo disseram que estaria” (BERGAMO, 1998, p. 20). Como a sociedade pós--industrial é marcada pelo sur-gimento de uma nova estrutura social onde a informação pode proporcionar poder e crescimen-to econômico, é indispensável à compreensão do processo de criação de informação de estética na indústria da moda contempo-rânea. Essa nova estrutura social está associada ao surgimento de um novo modo de desenvolvi-mento, o informacionalismo, a nova base material, tecnológica, da atividade econômica e da or-ganização social, e historicamen-te moldado pela reestruturação do modo capitalista de produ-ção, no final do século XX. No novo modo informacional de

desenvolvimento da sociedade pós-industrial, a fonte de produ-tividade acha-se na tecnologia degeração de conhecimentos, de processamento de informação e de comunicação de símbolos (CASTELLS, 1999, p. 32-35). Na nova sociedade atu-al, “a força motriz do capitalis-mo não é mais alimentada pelosengenheiros e gerentes de produção, pela indústria fa-bril ou pesada, e sim pe-los diretores de marketing econsultores de design, pelos vare-jistas e pelos produtores de con-ceitos“ (SLATER, 2002, p. 170). Vive-se numa sociedade marca-da por uma cultura pós-moder-na que está claramente ligada ao “pós-fordismo, caracterizado pelo predomínio da informação, da mídia e dos signos, pela desa-gregação da estrutura social em estilos de vida, pela prioridade geral do consumo sobre a pro-dução na vida cotidiana e pela constituição de identidades e in-teresses” (Ibid., p. 188). Tendo em vista que a posse de determinadas informa-

ções levanta também questões de poder,é fundamental que os pro-fissionais e estudantes de moda compreendam os pontos mais estratégicos do desenvolvimen-to de informação de estética na indústria da moda internacional. Não adianta que todos os passos do desenvolvimento estejam, simplesmente, tecnicamente cor-retos, se as empresas, profissio-nais e estudantes de moda estive-rem, de um modo ou de outro, desconectados dos processos de criação de informação, bens e va-lor que definem as redes interna-cionais da moda2. Na atualidade, “os fluxos de informações e sig-nos passam a ser cruciais para o controle, a produção, o trabalho e o consumo. O acesso às redes de informação e o controle sobre elas tornam-se os árbitros do po-der social” (Ibid., p. 189) e fonte do crescimento econômico.

}}nas páginas que seguem apresentaremos os

quatro padrões desenvolvidos pelos alunos da disciplina de prospecção

de novos cenários do curso de design - moda da

universidade federal do ceará

soma

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“Posso não ser uma janela aberta para o mundo, mas certamente sou um

periscópio sobre o oceano do social.

“antônio abujamra

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igualmente diferentesDurante mais de dez anos, Hans Eijkelboom passou pelas ruas do mundo inteiro buscando na multidão uma peça de

roupa ou um acessório em comum. Resultado: impressionantes coleções de indivíduos.

Por mais de dez anos o artista registrou padrões de vestuário que se repetiam ao parar e observar durante um pouco mais de duas horas em um

movimentado centro comercial de um total de quase 25 países. Observando atentamente a multidão que passa através da objetiva de sua câmera fotográfica, Eijkelboom procura similaridades como uma camisa, um acessório, um corte de cabelo. E o que surge des-sas coleções aparentemente aleatórias são padrões in-

visíveis que ignoramos existirem (por pura inocência). Como consumidores de massa, ao comprar-mos um determinado produto de moda não nos damo conta de que além daquela peça que estamos adquirindo existem outras 500.000 prontas para ser-em compradas ou até mesmo vestindo outros cor-pos na rua. Porém o artista revela que mesmo cap-turando essas uniformidades, somos essencialmente diferentes nos detalhes, únicos.

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igualmente diferentes Voltando seu trabalho para o registro do banal, do cotidiano, o artista se questiona sobre a construção do seu Eu (e de sua obra) ser um cho-que constante entre a cultura de massa e sua própria subjetividade, afirmando que hoje somos mais inde-pendentes nas nossa próprias escolhas (e as roupas são a melhor tradução delas), podendo construir livremente nossas identidades. Porém não temos dimensão do nosso papel no todo, e que nos per-demos facilmente no meio de qualquer multidão. A coleção fotográfica de Hans Eijkelboom ilustra claramente um fenômeno de moda conheci-do como Bubble-Up (ebulição em português), sur-gido após a expansão do Prêt-à-Porter e da global-ização dos meios de comunicação e que permitiu

que as tendências de moda surgissem das ruas, dos jovens, das tribos urbanas, dos anônimos. Inverten-do o ciclo de moda (ou sendo mais modestos, inser-indo um outro transmissor de tendências), o olhar atento ao que está nas ruas e nas pessoas dentro da multidão, compreendendo o comportamento dos indivíduos é que capta e projeta as novas tendências.

QUEM PUDER...• « Hommes du XXIe siècle », exposição na con-

cept store Colette, 213, rue Saint-Honoré, Paris 1er.

• Mês da foto : « Small Universe », exposição re-unindo vários fotógrafos holandeses no Centqua-tre, Paris 19e, de 16 de novembro a 4 de janei-ro. Abertura ao público dia 15 de novembro.

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100a n o s

demoda

FUTURISTAFUTURISTAFUTURISTA

20 de fevereiro de 1909. Essa foi a data de apa-recimento do mov-

imento Futurista. Redigido em forma de manifesto e publica-do na primeira página do jornal francês Le Figaro, o seu ideali-sador e fundador Filippo Tom-maso Marinetti, poeta italiano, introduz o texto com um prólogo onde contava as circunstâncias precedentes a criação do Futuris-mo (um acidente de automóvel) e elencava onze itens de ações nas quais o movimento se estru-tura. Ideias como “2. A coragem, a audácia, a rebelião serão ele-mentos essenciais de nossa poe-sia.” ou “10. Nós queremos de-struir os museus, as bibliotecas, as academias de toda natureza, e combater o moralismo, o fem-inismo e toda vileza oportunis-ta e utilitária.” revelam sua na-tureza enérgica e modificadora.

O desenvolvimento de novas teorias em diversos cam-pos científicos como o da me-dicina, biologia, física, mecânica e diversas invenções essenciais à humanidade como a invenção do dirigível e do avião, a lâmpada elétrica incandescente e o telefone concatenaram para a formação de um cenário fértil as propos-tas futuristas, pois era essencial aos artistas futuristas incorporar às artes essa nova configuração de sistema industrial inalgura-da na transição entre os séculos XIX e XX, assim como seu rit-mo e dinamismo, características adquiridas graças ao triunfante progresso da ciência, os tangíveis milagres da vida contemporânea, velocidade, máquina e a frenéti-ca atividade das grandes capitais. E é dentro desse contex-to conturbado que foi o início do século XX que se encontra o Futurismo. Todos esses avanços científicos e tecnológicos da so-ciedade necessitariam de novas formas de expressões artísticas

que podessem captar e trans-mitir com o mínimo de ruído possível essas novas materiali-dades e dentre os movimentos que se relacionavam com esse conceito o Futurismo era o que o defendia com mais entusias-mo. Outro fator que diferen-ciava o Futurismo dos demais movimentos artísticos contem-porâneos e o caracterizava como uma arte realmente de vanguarda radical era o seu defrontamento perante os conceitos artísticos tradicionais e a priorização da ideia em detrimento ao estilo. É relevante ressaltar tam-bém o desejo da interdisciplin-aridade dos formatos e meios artísticos sentido por Marinet-ti. O artista futurista possuia a liberdade de atuar sobre todos os componentes do cotidiano so-cial além das artes plásticas como música, mobiliário e arquitetura, incluindo também a moda, vin-do a corroborar com a ideia de que “essa conversa entre as várias artes também apontava para novas linguagens que surgiam no interior de uma cultura de massas, que produzia bens cujo consumo se ampliava. como é o caso do surgimento do Design.

epicentro

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Se de um lado a moda masculina se empenhava em manter a moda racional e restrita a sua essência, do outro lado os artistas futuristas se preocupavam em instaurar o caos na estrutura da estética moderna, seguindo a concepção de progresso tec-nológico. O vestuário deveria ir além da sua função de cobrir o corpo e instituir um significado sintético a roupa e assim como aplicado à pintura, introduzir a idéia de simultaneidade (justa-posição dos quadros fragmenta-dos do movimento), atributo fun-damental do movimento futurista.Faz-se visível a persistência dos futuristas no conceito de inter-disciplinaridade, onde a troca de técnicas e fazeres permite que haja novas aplicações e possibil-idades de criação. Como exem-plo dessa iniciativa em procurar e experimentar novas áreas de atuação e de referência podem-os citar o pintor e escultor italia-no Giacomo Balla, responsável

por elaborar os dois manifestos concernentes a moda masculi-na. Balla foi o primeiro futurista a conceber um vestuário ligado ao movimento e que em suas criações desarranjava a estrutura dos trajes fragmentando o cor-po do usuário, através de cortes assimétricos e na justaposição de cores e formas contrastan-tes, acentuado pela utilização de geometrismos com a intensão de transpor a dinâmica de suas pinturas. G. Balla começou a desenvolver e confeccionar suas próprias roupas em 1912, aca-bando por criar um guarda-rou-pa com peças condizentes com as prerrogativas futuristas e uti-lizáveis ao seu cotidiano urbano.

Dentre as peças que criou, con-figuram um terno assimétrico de cor preta com bordas bran-cas e outro terno com grandes recortes em linhas diagonais. Desenhando linhas brancas so-bre um tecido preto, o artista consegue aplicar um efeito óp-tico que se estende por todo o corpo, rejeitando a simetria (pa-drão em sua época) do vestuário masculino e criando dinamismo e fragmentações que confer-em um efeito quase cinético.

Porém data-se de setem-bro de 1911 a primeira aparição do que viria ser a moda futurista. Fernande Olivier descreve em sua autobiografia como estavam vestidos os futuristas em visita do grupo italiano à Paris: “Boccioni e Severini, os pintores, inaugu-raram uma moda futurista que consiste em usar dois sapatos de cores diferentes, mas combinan-do com suas gravatas. Isso nos revela como as ideias gerais do movimento estavam bem alinha-das e que os aderentes ao mov-imento literalmente “viviam” as propostas e conceitos que eles

propunham nos manifestos. O desejo de que as artes saissem do pedestal de culto e integrassem a vida cotidiana de todos foi uma premissa bastante ressaltada e que através da moda ela foi certa-mente aplicada. A prova disso é que o pintor Balla foi muito além da confecção de roupas e junta-mente com seu amigo e também pintor Fortunato Depero desen-volveu à partir de 1915 uma série de produções que iam desde brinquedos infantis, passando por mobiliários e indo até publici-dades. Posteriormente à todas es-sas vivências e experimentações, Giacomo Balla redige e publica, em 1914, o seu manifesto (não o primeiro) à cerca da moda masculina: o “Manifesto do traje masculino futurista” e o “Mani-festo da roupa antineutral”. Es-ses dois manifestos não são dis-tintos entre si e que na verdade um seria a revisão e publicação

oficial do outro. A diferença mais intrigante que o autor pontua é a de que no primeiro manifesto (do traje masculino futurista) o item de número 10 onde se al-meja um vestuário de “curta-du-ração, para que possamos ren-ovar perpetuamente o prazer e animação de nossos corpos e a fim de promover a indústria têx-til.”. Porém, na edição revisada e definitiva do manifesto publicada em maio de 1914, onde adquire o título de Manifesto da Roupa Antineutral, a parte relacionada a capitalização da moda é suprim-ida, valorizando as intenções de modificação estética e conceitual, se tornando apenas “de curta du-ração, para que possamos reno-var perpetuamente o prazer e a impetuosa animação do corpo.”A estrutura dos dois manifestos é fundamentalmente a mesma. Di-vididos em quatro partes cada, os textos são introduzidos por uma breve colocação de como era a situação atual da moda e como ela se configurou no desenvolver da história da humanidade. A se-gunda parte é destina aos os ele-mentos da moda que os futuristas desejavam abolir, tanto de ordem

epicentro

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estética e física como cores, padro-nagens, cortes e simetria quanto os de ordem conceitual como o entris-tecimento da roupa, a carga negati-va que ela possuia e o “bom gosto” clássico que os futuristas tanto ques-tionavam. Em seguida há uma lista de onze pontos que Giacomo Balla desejava instaurar na moda, segun-do os ditames do movimento artísti-co. Em ambos os manifestos, essas proposições atingiam diferentes setores da moda enquanto sistema, indo desde a preocupação com o design de superfície e a renovação da estamparia de tecidos, passan-do pela modelagem das roupas e o desejo de cortes assimétricos, até a tecnologia têxtil, exigindo a uti-lização de tecidos mais higiênicos e ergonômicos, assim como a uti-lização de novos materiais. Há tam-bém uma atenção especial com as cores aplicadas, onde a neutralidade dos tons pastel seria substituida pela saturação das cores primárias e a mistura caleidoscópica extraídas da pintura futurista. Para concluir as propostas explicitadas nos manifes-tos, a quarta seção do texto expõe outros elementos do vestuário que também serão alvo das interveções futuristas (tais como chapéus e sa-patos) e profetisa seus anseios de disseminação da estética futurista. Acerca das proposições in-ovadoras de Balla, é essencial dis-correr sobre o item de número 11. Chamando de “modificadores”, o artista propõe que os ternos tenham uma variedade de materiais extras que o usuário poderar ativá-los at-ravés de botões pneumáticos, tendo a autonoimia de inovar e inventar novas configurações de vestimentas, variando-as de acordo com seu esta-do de espírito a qualquer momen-to. Logo, as intenções de alteração da vida moderna por parte dos fu-turistas não eram dirigidas apenas para o plano cidadão/espaço urba-no mas também da subjetividade do indivíduo interferindo o meio onde ele se encontrava, sendo o

epicentro manifesto da roupa antineutral. Por Giacomo Balla.

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mesmo o vetor principal dessa ruptura com o passado. Em al-guns desenhos de moda de Balla podemos perceber nitidamente a aplicação dos diversos itens propostos pelo artista em seus manifestos, materializando os va-lores essenciais da moda Futur-ista como trabalho na superfície dos tecidos, o caráter assimétrico da modelagem das roupas, a vi-vacidade das cores, a percepção do dinamismo e do movimento, bem como a eliminação da estéti-ca passadista e fúnebre dos ternos masculinos do século passado. Apesar de seu curto es-paço de tempo em atividade (que

dentre os principais fatores estão a guerra de 1914-1918, o afasta-mento de alguns integrantes como Marinetti e Prampolini e a morte prematura de um de seus principais animadores, Boc-cioni), o Futurismo deixou uma carga ideológica muito valiosa para a posteridade além de uma produção híbrida, contando com obras que transpassam diversas áreas do campo artístico e que extendem para a posteridade uma liberdade maior no trânsito de conceitos e a interdisciplin-aridade das atividades artísticas. Apesar de seu fim prematuro, a influência de tal movimento artístico foi elementar e prolonga-da, tanto para a sua contempora-neidade quando para as décadas subsequentes. O Cubismo partil-hou e se beneficicou dos avanços e conquistas do movimento, afirma o autor, e sua relevância dentro da arte moderna só se

deu por existência do Futurismo italiano. Traços mais consistentes da arte futurista podem ser iden-tificados no Vorticismo inglês, em algumas facetas do Expres-sionismo alemão e na pintura, tipografia e literatura de vanguar-da russa, sendo essa a material-ização dos ideais tão valiosos aos artistas futuristas, conclui o autor.Os artistas futuristas foram re-sponsáveis por inaugurar um experimentalismo e sentido de dinamismo na moda, além de expandir os caminhos para a moda esportiva e o emprego de diferentes materiais, como os populares agasalhos de malha. Foram responsáveis também por influenciarem o trabalho de diversos estilistas da segunda metade do século XX, como o também italiano Emilio Pucci. É possível perceber, após levantamento de dados históri-cos, como as idéias e referências estão intimamente ligadas. O es-pírito do tempo do século XX foi de inovações tecnológicas, de um frenético desenvolvimen-to urbano, de grandes guerras e mudanças abruptas, cenário fér-til para o desenvolvimento de uma arte mais ligada ao cotidia-no humano e também sua sub-jetividade, que rompesse com as amarras esterelizantes do século passado. O que porventura pens-amos ser algo inovador, desen-volvido recentemente, muitas vezes foi idealizado e realizado no século passado. A verificação crítica do passado sempre servirá para podermos criar possibili-dades para o futuro, evitando os erros cometidos anteriormente, criando um fio condutor pro-gressivo, no sentido de aper-feiçoar o indivíduo e a sociedade.

»

g. balla, 1914. Alguns croquis do artista futurista durante suas experimentação sobre o que viria a ser o traje Futurista.

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2011 - impressão 3D de roupas

por iris van herpen

1919 - TUta" a roupa mais inovadora e futurista jamais produzida na história da moda italiana " - thayaht

nomeada pela times uma das 50 melhores

invenções de 2011

epicentro

criador e criatura. Acima temos uma foto do artista/designer Thayaht vestindo seu macaão TUTA e à esquerda vemos um guia de como mon-tar seu próprio.

capriole. Por Iris Van Herpen, julho de 2011.

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01 - Regalo escondido

02 - Ecdise

periféricos

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04 - Abissal

03 - Claustrofobia

periféricos

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05 - A fina pele

06 - Divina trindade

periféricos

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08 - Amélia

07 - Lata de sopa

periféricos

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Assistentes de produção Assistentes de produção

deísy tonarraíra araújo

andressa camillearnoldo queirozcátia barbosaisabelle limaisac sobrinho

mariana costa gama natália bucarraíra araújosérgio klismanyágda hissa

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Assistentes de produção

deísy tonarraíra araújo

Agradecimentos especiais

priscila guimarãespet moda ufcraíra araújo

sabrina brena

belchior josécamila raiza

nádia matos cardosonatália bucar

nilo lima

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o toque francêsde mickaël dejean no design contemporâneo

sendo o mais novo ganhador do prêmio rado star france 2014, m. dejean nos conta um pouco sobre sua história, trabalhos recentes, proje-tos futuros e o que o design moderno francês tem para nos oferecer »

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Conte-nos um pouco sobre a sua história, de onde veio, percurso acadêmico, eventos, con-cursos. Uma linha cronológica da sua carreira.

Você ainda faz parte do Coletivo "Federação Francesa de Design"? Como ele funciona e como é a sua participação?

Explica também como ACONTECEU a exposição França X Itália?

Você ganhou recentemente o prêmio Rado Star Prize France 2014 com seu projeto "Agrafe". Você poderia nos contar como foi todo esse pro-cesso, desde a seleção, passando pelo desen-volvimento do produto até o dia da premiação e a repercussão?

Eu sou da Reunião (Departamento francês perto de Madagascar), mais precisamente da capi-tal Sain-Denis. Foi quando eu tinha cinco anos que tudo começou, assistindo as corridas de Fórmula 1 na televisão. Eu sou fascinado por automóveis e foi isso que me levou ao Design, um termo que apren-di aos nove anos. Durante uma prova na escola foi que eu tive os primeiros sintomas de um Designer me questionando sobre a maneira de escrever com uma caneta... minha escolha foi automaticamente em direção à Belas Artes da Reunião a fim de en-larguecer meu campo de experimentações sobre o objeto. Em 2007, fui premiado pela concepção do troféu Mascarin do Festivel do Filme da Reunião, que foi reeditado durante cinco anos. Depois de um primeiro diploma em Design e Moda, foi na Suiça onde fui aprofundar meus conhecimentos em Design industrial na ÉCAL (Écola Cantonale d’Art de Lausanne). Diplomado depois de um bachare-lado de três anos, me instalei em Paris e comecei a trabalhar em uma agência de Design. Depois de um ano decidi me virar sozinho e expor minhas coleções em todos os eventos ligados ao Design.

Eu tenho a sorte de participar desse co-letivo e de ter participado das duas primeiras ex-posições durante a Semana de Design de Paris. A FFD é um coletivo que cria eventos durante as manifestações de Design, valorizando o savoir faire francês. Cada designer propõe um evento em torno do Design, que em seguida é validado pelos mem-bros do coletivo. A única palavra de ordem é trazer frescor ao mundo cruel dos designers. Eu prometo igualmente fazer um evento do tipo “punch” para a Semana de Design de Paris em 2015 com a FFD.

ca para fora, o que libera espaço para as pernas de-baixo do bureau. Um objeto minimalista que tem personalidade e que realça o ambiente ao redor.

A Semana de Design de Paris me marcou depois da minha primeira exposição com a Feder-ação Francesa de Design no Carrousel do Louvre em 2013. Depois de sua chamada, eu me inscrevi na edição de 2014 e lá apresentei a coleção Acro-bata ao Now le OFF e o bureau Agrafe para o prê-mio Rado Star Prize France 2014. Eu apresentei un bureau composto de três elementos, duas hastes que atravessam o tampo da mesa. A montagem não necessita de parafusos ou qualquer outra coisa e duas novas funções são então criadas, as aberturas no tampo da mesa para a passagem das hastes per-mitem a passagem de fios de aparelhos de informáti-

Para esse segundo evento a ideia foi de confrontar mais uma vez duas equipes de design-ers durante um encontro internacional opondo França e Itália. A França sendo representada pela cerâmica branca e a Itália pela terracota. Apresen-tei uma urna funerária composta de dois comparti-mentos, uma para os objetos e outra para as cinzas do defunto. Comumente um objeto sem vida, sem alma, eu dei uma personalidade com uma silhue-ta humana. Presente/Apagado, essa urna é uma referência ao ritual de morte no Egito, um sarcófa-go redesenhado com muita doçura em seus traços.»»

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Vi em seu site que você se considera designer de produto. Você já se arriscou além dessa frontei-ra e dialogou com outras áreas criativas?

Como você poderia caracterizar o design francês da atualidade e o que ele possui de dif-erente dos demais?

Você se considera mais um designer francês ou da ilha da Reunião? Essa diferença realmente existe?

Eu apresentei peças de vestuário durante meu primeiro diploma na Belas Artes da Reunião, mesmo considerando o vestuário como objeto também. É a arquitetura, a construção de roupas que me fascina, um objeto do cotidiano em mov-imento no qual eu interpreto com a minha alma de design poeta. A matéria é viva e como criador meu únco objetivo é de tornar mais sociável pos-sível minhas criações a fim de que elas se adapt-em o melhor possível ao seu ambiente. O Design industrial é uma forma de compartilhamento in-ternacional, é nesta perspectiva que eu avanço ...

O design francês é um dos únicos a serem multicul-turais, porque a miscigenação é bem presente nas criações francesas. Esta mistura étnica está ligada a história da França... Outros países possuem um de-sign bem próprio e que infelizmente permanecem fechados sem vontade de mudar de direção. Eu sou fascinado pelo design alemão e japonês, um pela sua técnica impecável e outro pela sua simplicidade.

Eu sou um designer fracês da Reunião, não ex-iste diferença real, exeto pelo clima. Além do que diz-se que a Reunião é “a pequena metrópole devido a cultura ser mais ou menos similar. Só que o sol francês nos faz colocar um pullover no verão enquanto que na Reunião todo mundo está nu no inverno (brinca o designer). Mas eu ten-ho tanto um pé da Reunião quanto parisiense...

bureau "agrafe". De fácil montagem, o bureau possui fendas que possibilitam a passagem de fios e deixam livres os movimentos das pernas.

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Quais os seus futuros projetos, desejos, planos, caminhos a seguir...?

Considerações finais? Desde já agradeço imens-amente sua colaboração e espero nos vermos em breve na França ou no Brasil, forte abraço!

O vestuário é algo que me envolve já faz um tempo e eu vou lançar uma coleção com uma abordagem bem específica, a descobrir em torno de 2016... S2 LOVE S2

Minha abordagem como designer é antes de tudo artística, eu me qualifico como poeta simplesmente porque eu herdei a “veia poética” de meu pai. Eu nunca faço rascunhos dos meus projetos de início, eu crio uma constelação de palavras que me levam a um conceito e é de lá que os esboços surgem rap-idamente. A técnica não me interessa em primeiro plano, embora eu considere os desenhos como par-tituras, onde artesãos e industriais podem compor uma música funcional. Eu distribuo na minha vez vinis e cd’s. Essa profissão me fascina por uma úni-ca razão, o compartilhamento. Cada objeto é difer-ente, cada cliente é diferente e o compartilhamento é a ligação entre esse paralelo.

PARA CONHECER MAIS SOBRE » http://mickaeldejean.com/

troféu mascarin. Prêmio dos jurados.

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oscalungasde marcos olli

Suas composições de obras são feitas a partir de alguns estudos livres que envolvem estamparia, formas abstratas, cartoon , colagens, inspirações

em outras culturas como: cultura africana e street art. Uma eterna tentativa de alcançar tanto o traço único pessoal do artista quanto novas formas de expres-sar ilustração, desenho, finalização e sentimentos. De nome Olli, desde a infância foi apaixo-nado por arte, trazendo-lhe tanto lembranças boas como ruins, com a ajuda de alguns amigos e a in-fluência fortíssima de uma "inteligência caseira" de seu pai. Despertou um olhar sensível que o tem mudado e mostrado caminhos há tempos, fazendo dessa sensibilidade alguns ensaios pessoais com de-senhos e textos. Com seu universo pessoal girando em torno do design e indo até o estudo de outras culturas como a japonesa (pela qual é fascinado) e cultura africana e alguns dos vários aspectos da cultura americana, como o cartoon. Deixando bem claro que está sempre aberto a conhecer e absorver novas ideias, gosta de expressar a mistura do todo, a bagunça, o desajuste o assimétrico, tanto quan-to o oposto como formas limpas e minimalistas. Como detalhe importante em suas obras, Olli cita os Calungas (como gosta de chamar seus personas, algo batizado pelo seu pai e que tem origem no nome atribuído aos escravos fugidos e libertos das minas de ouro do Brasil central que formaram comunidades auto-suficientes e viveram mais de duzentos anos isolados em regiões remotas, próximas à Chapada dos Veadeiros) como ponto principal em suas obras, personificando todo seu repertório criativo.

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para ver mais obras basta acessar » https://www.facebook.com/ollidesigner

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