FINANCEIRA 0[ ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO · O quarto capítulo é do "Mé todo do custo anual...

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Análise financeira de alternativas de investimento Série Métodos Quantitativos. Por R.A. Mayer. São Paulo, Editora Atlas S.A., 1972. v. 2, 124 p., Ta- belas de Juros Compostos no apêndice, Bibliograf ia. Trad ução do origina l norte-americano: Ray- mond Robert Mayer, Financiai Analysis of lnvestment Alternati- ves , Allyn and Bacon Inc., Bos- t on , 1966, por Antonio Zoratto Sanvicent e da FEAUS P. ANÁLISE FINANCEIRA 0[ ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO E1s um liv ro condensado de en- genha r ia econômica aplicada à análise de investimentos e suas alternativas. Nenhum livro na- cional faz parte da bibliografia recomendada , embora ex istam diversos, entre os quais, um pu- blicado pela APEC, precisamen- te com a finalidade de estudar projetos, e o tradutor os conside- rou como o capítulo do Prof. Claude Mach l i ne do Manual de administração da produção da FGV. Isso não chega a prejudi- -lo, mas em conjunto com a ausên cia de um índice remissivo constitui um pequeno fator ne - gativo. No entanto, nesse livro exatamente o ín di ce re missivo al- fabético faz pouca falta, pois o sumário é muito completo e bom. no fim de cada capítulo duas seções excelentes: "Temas para discussão" e "Problemas", se estes couberem pela nature- za do capítulo. O problema na p. 109 tem uma repentina mudança de "caixa" na impres- R. Adm . Emp. , Rio de Janeiro , são que também não prejudica, parece realçar algo, que não é para ser realçado. Uma nova impressão corrigirá isso. Como costumamos fazer ao escrever as resenhas, queremos deixar um lembrete, para que as empresas ed it oras no Brasil distribuam ou vendam a "parte do mestre" do livro, que neste caso é co nstituí- da de discussões e da solução do problema. Quando se trata de uma universidade ou faculdade numa ca pital com diversos pro- fessores da mesma área, não problema quando se encontra di- ficuldade na sol ução de uma questão proposta. No entanto, o professor de uma escola isol ada, onde el e é o único da disciplina, terá seu trabalho facilitado se pu der contar co m uma parte do me stre. O livro começa co m uma i n- trodução de seis páginas à aná l i- se de projetos de investimentos. O au tor fa la de fatores irredutí- veis ou não-quantificáveis, que em seg uida, com subjetivos, po- dem serv ir para desempatar re- sultados objetiva mente próximos ou idênt icos. Pelo tamanho da obra não cabe um ordenamento (ranking) desses fatores nem uma tentativa tipo Muther de quantificar o resultado de uma avaliação subjetiva, como é fei- ta para lay-out. Quanto ao exame posterior de cálculos pré-investi- mento, é ótima a indicação - grandes empresas deixa m de fa- zer o que é óbvio, o post-mortem do projeto. Nunca é verificado se os pressupostos, orçamentos, pesquisas de mercado e lucro real mente corresponderam. As surpresas podem ser imensas. Numa empresa paulista, toda previsão de retorno de capital foi destruída por duas colheitas, que não se enquadraram dentro da rotina da engenharia econômica; no primei ro ano ho uve prejuízo, pois a colheita da matéria-prima deixou as instalações paradas, ociosas e sem carga, e no segun- do ano, uma colhei ta três vezes maior que a prevista tornou ne- cessária a construção apressada de um armazém, e as vendas não chegaram nem perto do previs- to. Se desse exame posterior po- dem-se tirar lições é outro pro- blema de solução muito difíci l. 14 (1 ) : 156-159, O segundo capítulo refere-se a "Custos relevantes". O con- ceito de "custos negativos" usa- do pelo autor, para escapar à di- ficuldade (na nossa opinião, ine- xistente) entre custos e lucros na comparação dos métodos, po- de ser justificado, caso o ana - lista não possua capacidade de rac iocínio. Então, não vai enten- der nada do livro; portanto, o conceito é desnecessário. O terceiro capítulo, com 23 pá- ginas, trata de "Fatores de juros compostos". Enq u anto R. R. Mayer usa os símbolos PS e R, o tradutor achou por bem empre- gar as letras do colega Claude Machline no já citado Manual da FGV e do artigo do mesmo au tor nesta revista, n. 1 8, março 1966, CM e P. Essa uniformização de letras indicativas é utilíssima, e o tradutor deve receber os para - béns pela ação. A semelhança do fator de recuperação do ca- pital e da tabela Price, importan- te no Brasil pela difusão dessa última, não é tratada nesse capí- tulo. Por outro lado, seria interes- san t e, se be m que não mu ito im- portante, ter mais problemas re - solvidos no texto. Como, porém , o autor deve ter-se autolimitado, nada pode ser dito sobre este fato. O quarto capítulo é do "Mé- t odo do custo anual uniforme ". A exposição é clara, mas este método é po uco usado na práti- ca hoje. É empregado na subs- tituição de uma máquina antiga pe la mesma máquina - um ti- po comum em empresas de táxi, qu e vendem os carros após dois ou três anos, e têm os dados so- bre o custo anual, inclusive ma - nutenção de emergência e con - se rtos de pequenas batidas. Ele também poderia ser aproveitado para séries de comparações de máquinas, onde a vida útil de cada uma é diferente da outra. No entanto, para poder compara r o desconto do va lor presente, tal método afigura-se como única possibilidade. Nas p. 61 e 62, o autor levanta o problema das futuras substitui- ções, se os períodos de vida das alternativas são difere nt es, che- gando-se a um período múlt iplo comum. jan./fev . 1974

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Page 1: FINANCEIRA 0[ ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO · O quarto capítulo é do "Mé todo do custo anual uniforme". ... No método do valor atual, do quinto capítulo, em sete páginas, ...

Análise financeira de alternativas de investimento

Série Métodos Quantitativos. Por R .A. Mayer. São Paulo, Editora Atlas S.A., 1972. v. 2, 124 p., Ta­belas de Juros Compostos no apêndice, Bibliograf ia. Trad ução do origina l norte-americano: Ray­mond Robert Mayer, Financiai Analysis of lnvestment Alternati­ves, Allyn and Bacon Inc., Bos­ton, 1966, por Antonio Zoratto Sanvicente da FEAUS P.

ANÁLISE FINANCEIRA 0[ ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO

E1s um livro condensado de en­genharia econômica aplicada à análise de invest imentos e suas alternativas. Nenhum livro na­cional faz parte da bibliografia recomendada, embora ex istam diversos, entre os quais, um pu­blicado pela APEC, precisamen­te com a f inalidade de estudar projetos, e o tradutor os conside­rou como o capítu lo do Prof. Claude Machl ine do Manual de administração da produção da FGV. Isso não chega a prejudi­cá-lo, mas em conjunto com a ausência de um índice remissivo constitui um pequeno fator ne­gativo. No entanto, nesse livro exatamente o índice remissivo al­fabético faz pouca falta, pois o sumário é mu ito completo e bom.

Há no fim de cada capítulo duas seções excelentes: "Temas para discussão" e "Problemas", se estes couberem pela nature­za do capítulo. O problema na p. 109 tem uma repentina mudança de "caixa" na impres-

R. Adm. Emp., Rio de Janeiro,

são que também não prejudica, só parece realçar algo, que não é para ser realçado. Uma nova impressão corrigirá isso. Como costumamos fazer ao escrever as resenhas, queremos deixar um lembrete, para que as empresas editoras no Brasi l distribuam ou vendam a "parte do mestre" do livro, que neste caso é constitu í­da de discussões e da solução do prob lema. Quando se trata de uma universidade ou faculdade numa capital com diversos pro­fessores da mesma área, não há problema quando se encontra di­f iculdade na sol ução de uma questão proposta. No entanto, o professor de uma escola isolada, onde ele é o único da discip lina, terá seu trabal ho facilitado se puder contar com uma parte do mestre.

O livro começa com uma in­trodução de seis páginas à anál i­se de projetos de investimentos. O autor fa la de fatores irredutí­veis ou não-quantif icáveis, que em seguida, com subjetivos, po­dem servir para desempatar re­sultados objetivamente próximos ou idênt icos. Pelo tamanho da obra não cabe um ordenamento (ranking) desses fatores nem uma tentativa tipo Muther de quantif icar o resultado de uma avaliação subjetiva, como é fe i­ta para lay-out. Quanto ao exame posterior de cálculos pré-investi­mento, é ótima a indicação -grandes empresas deixam de fa­zer o que é óbvio, o post-mortem do projeto. Nunca é verificado se os pressupostos, orçamentos, pesquisas de mercado e lucro real mente corresponderam. As surpresas podem ser imensas. Numa empresa paulista, toda previsão de retorno de capital foi destruída por duas colheitas, que não se enquadraram dentro da rotina da engenharia econômica; no primei ro ano houve preju ízo, pois a colheita da matéria-prima deixou as instalações paradas, ociosas e sem carga, e no segun­do ano, uma colhei ta três vezes maior que a prevista tornou ne­cessária a construção apressada de um armazém, e as vendas não chegaram nem perto do previs­to. Se desse exame posterior po­dem-se tirar lições é outro pro­blema de solução mu ito difícil.

14 (1 ) : 156-159,

O segundo capítulo refere-se a "Custos relevantes". O con­ceito de "custos negativos" usa­do pelo autor, para escapar à di­f iculdade (na nossa opinião, ine­xistente) entre custos e lucros na comparação dos métodos, po­de ser justificado, caso o ana­lista não possua capacidade de rac iocínio. Então, não vai enten­der nada do livro; portanto, o conceito é desnecessário.

O terceiro capítulo, com 23 pá­ginas, trata de "Fatores de juros compostos". Enq u anto R. R. Mayer usa os símbolos PS e R, o tradutor achou por bem empre­gar as letras do colega Claude Machline no já citado Manual da FGV e do artigo do mesmo autor nesta revista, n. 18, março 1966, CM e P. Essa uniformização de letras indicativas é utilíssima, e o tradutor deve receber os para­béns pela ação. A semelhança do fator de recuperação do ca­pital e da tabela Price, importan­te no Brasil pela difusão dessa última, não é tratada nesse capí­tulo. Por outro lado, seria interes­sante, se bem que não mu ito im­portante, ter mais problemas re­solvidos no texto. Como, porém, o autor deve ter-se autolimitado, nada pode ser dito sobre este fato.

O quarto capítulo é do "Mé­todo do custo anual uniforme" . A exposição é clara, mas este método é pouco usado na práti­ca hoje. É empregado na subs­tituição de uma máquina antiga pela mesma máquina - um ti­po comum em empresas de táxi, que vendem os carros após dois ou três anos, e têm os dados so­bre o custo anual, inclusive ma­nutenção de emergência e con­sertos de pequenas batidas. Ele também poderia ser aproveitado para séries de comparações de máquinas, onde a vida útil de cada uma é diferente da outra. No entanto, para poder compara r o desconto do va lor presente, tal método afigura-se como única possibilidade.

Nas p. 61 e 62, o autor levanta o problema das futuras substitui­ções, se os períodos de vida das alternativas são diferentes, che­gando-se a um período múltiplo comum.

jan./fev. 1974

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No método do valor atual, do quinto capítulo, em sete páginas, fica classificada a eventual alter­nativa de vida útil mais longa de­vido à qualidade e custo inicial superiores. A curta extensão do capítulo torna infelizmente im­possível ao autor entrar em múl­tiplos detalhes, mas no sexto ca­pítulo, "Método da taxa de retor­no", com 16 páginas, o assunto é exaustivamente tratado. Os exem­plos são simples, mas claros, ex­ceto uma nota de rodapé da p. 79, que reza: "existem alter­nativas de investimento de tal natureza que envolvem mais de uma taxa de juros para as quais o valor atual é nulo". Desconhe­cendo o autor desta resenha tal caso, gostaria de conhecer um bom exemplo para usá-lo em sa­la de aula. Contudo, talvez, hou­vesse imprecisão na linguagem de tradução.1

No mesmo capítulo, o sexto, há um estudo detaihado de um "investimento adicional". A ex­plicação do porquê da preferên­cia dada ao investimento adicio­nal (que dá lucro relativo ao custo do capital) é insuficiente para pessoas não muito acostu­madas ao cálculo da matemática financeira. Finalmente, nesse capítulo, teria sido de imensa va­lia a introdução do conceito de "horizonte de planejamento" ou de "horizonte para o retorno do capital", isto é, uma limitação em tempo, dentro do qual deve haver recuperação do investi­mento, pois teme-se pela obso­lescência do equipamento (caso de computadores, com suas ge­rações sucessivas).

O sétimo capítulo é dedicado a "alternativas múltiplas". Os métodos de análise são expostos em poucas páginas, e a limita­ção do espaço, que o autor im­pôs-se não permite uma crít ica mais profunda. Para um resumo, o método indicado é ótimo. Fi­nalmente, o oitavo capítulo en­tra em "considerações fiscais" isto é, o imposto sobre a renda,

1 A imprecisão na linguagem, em in­glês, comum na maioria das obras do gênero, produziu a frase da p. 76 ". . . método da taxa de retorno tam­bém conhecido, comumente, por mé· todo do fluxo de caixa descontado", que não é bem clara para os técnicos.

dado como despesa. Não fica claro, a não ser por motivos di­dáticos, por que o imposto de renda só entra nas cogitações tão tarde no livro. Ele é fator determinante na apuração de "comprar ou alugar" e na taxa de retorno, quando a escolha é en­tre pequeno investimento inicial e alto custo anual, e al to investi­mento e baixo custo anual, com um horizonte limitado a quatro ou cinco anos. As necessidades de investimentos em manuten­ção de monta, que têm de ser depreciados legalmente, também não podem ser levadas a conta de despesas. Devem ser vistas à luz dos impostos. Como mais uma vez é possível que este fato escape às limitações já mencio­nadas, essa constatação não é uma crítica, mas simples obser­vação. As tabelas de juros, que o livro possui, são insuficientes para as necessidades brasileiras.

Resumindo: trata-se de uma boa introdução à administração quantitativa da escolha de alter­nativas de investimentos, mas nada mais do que uma introdu­ção. O livro é recomendável para cursos de certa duração, espe­cialmente em educação conti­nuada. Também é ótimo para a auto-instrução, com as ressalvas das dúvidas que certas notas e idéias podem provocar nos não­esclarecidos. [J

Kurt Ernst Weil

Teoria da aplicação do capital: um estudo das decisões de investimento

Por Gerald A. Fleischer. São Pau­lo, Edgard Blücher, Editora da Universidade de São Paulo, 1973. XIV + 272 p.

Bibliografia, bibliografia adicio­nal (nacional), índice alfabético, glossário e apêndice: tabelas de juros compostos, série gradiente etc.

Tradução de Capital allocation theory Appleton-Century-Crofts Educ. Div. 1969, por Miguel Ce­zar Santoro e Cibele Freire San­toro.

Este livro consegue, em 186 páginas de texto e 86 de tabe­las, bibliografias, etc., satisfazer a demanda nacional de um li­vro-texto que ultrapasse as me­ras necessidades da engenharia econômica para se dedicar ao interessante e importante cam­po da decisão de investir. Para isso conta com dois elementos preciosos:

1. o valor do livro em inglês -completo e conciso;

2. um casal tradutor que colo­ca as necessárias observações, onde as condições americanas são distintas das nacionais. Por exemplo, o imposto de renda é de 30%.

Resenha bibliográfica

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