Fischer a Formação Do Administrador Brasileiro Na Decada de 90

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A FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR BRASILEIRO NA DÉCADA DE 90: CRISE, OPORTUNIDADE E INOVAÇÕES 1. Introdução NAS PROPOSTAS DE ENSINO* 1. Introdução; 2. Um olhar sobre a trajetória do ensino de administração no Brasil; 3. ÁS transformações do presente: novosformatos, novas alternativas; 4. À guisa de conclusão. Tânia Fischer** Retrospecto da história do ensino de administração. Novas alternativas para o ensino de pás-graduação. Experiência brasileira. THE FORMAll0N OP BRAZILIAN ADMINISTRATORS IN 11iE '90s: CRISES, OPPORTIJNTIlES ANO INNOV All0NS IN TEACHING PROPOSALS A retrospective analysis of the history of administrative teaching in Brazil shows the degree in which an inadequate transfer of managerial models and technologies intensifies distortions presently identified. New a1tematives for post-graduation tea- ching are a result"ofthe Brazilian experiences, already sufficiently autonornous and adequate to our national reality. Palavras-chave: Ensino de administração; transferência de tecnologias gerenciais; alternativas de ensino pás-graduado. Crise e novas institucionalidades conjugam-se na América Latina em intensi- dades variadas. Defmitivamente, não são problemas conjunturais, mas situações estruturais que se estenderão a longo prazo. O Brasil vive o ápice da sua crise, onde as contradições se avolumam e questões como abertura do país à modernidade tecnológica, reforma do Estado, busca de melhores padrões de qualidade e produtividade, discussão sobre mudança de regime e outras de igual significação são testadas em conjunto com o esfacelamento de instituições, a corrupção e o corporativismo. * Artigo recebido em jun. e aceito em ago. 1993. ** Professora titular e coordenadora do Núcleo de Pós-Graduação em Administração da UFBA. Coordenadora da área de administração da Capes. (Endereço: Av. 7 de Setembro, 2.493/303 - Salvador, BA.) Rev. Adm. púb., Rio de Janeiro, 27(4): 11-20, out./dez. 1993

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A FORMAO DO ADMINISTRADOR BRASILEIRO NA DCADA DE 90:CRISE, OPORTUNIDADE E INOV AES 1. Introduo NAS PROPOSTAS DE ENSINO* 1.Introduo;2.Umolhar sobre a trajetria do ensino de administrao no Brasil; 3. S transformaes do presente: novosformatos, novas alternativas; 4. guisa de concluso. Tnia Fischer** Retrospecto da histria do ensino de administrao. Novas alternativas para o ensino de ps-graduao. Experincia brasileira. THE FORMAll0N OP BRAZILIAN ADMINISTRATORSIN 11iE '90s:CRISES, OPPORTIJNTIlES ANO INNOV All0NS IN TEACHING PROPOSALS A retrospective analysis of the history of administrative teaching in Brazil shows the degreeinwhichaninadequatetransferofmanagerialmodelsandtechnologies intensifies distortions presently identified. New a1tematives for post-graduation tea-ching are a result"ofthe Brazilian experiences, already sufficiently autonornous and adequate to our national reality. Palavras-chave: Ensino de administrao; transferncia de tecnologias gerenciais; alternativas de ensino ps-graduado. Criseenovasinstitucionalidadesconjugam-se naAmricaLatina emintensi-dadesvariadas.Defmitivamente,no soproblemasconjunturais,mas situaes estruturais que se estendero a longo prazo. O Brasil vive o pice da sua crise, onde as contradies se avolumam e questes comoaberturadopasmodernidadetecnolgica,reformadoEstado,buscade melhores padres de qualidade e produtividade, discusso sobre mudana de regime eoutrasdeigualsignificao sotestadasem conjunto com oesfacelamentode instituies, a corrupo e o corporativismo. * Artigo recebido em jun. e aceito em ago.1993. **ProfessoratitularecoordenadoradoNcleodePs-GraduaoemAdministraodaUFBA. CoordenadoradareadeadministraodaCapes.(Endereo:Av.7deSetembro,2.493/303-Salvador, BA.) Rev. Adm. pb.,Rio de Janeiro,27(4):11-20,out./dez.1993 H, como seria de esperar, a idia de que no existe competncia na administrao do JX>deredeque acapacidade gerencialescassa,tanto no setor pblico quanto no privado. Do lado de quem pretende formar os administradores, as inquietaes do lugar ainiciativas de mudana. Odesenvolvimentodopaisfoi,historicamente,ummoteparaoensinoda administrao. Nesteartigoanalisaremosalgumasidiasqueseestoincorporandocomo transformaesestruturaisnosprogramas,nosem antes fazeruma remissoao passado para verificar o quanto o ensino da administrao produto da conjuntura. A comunidade acadmica de administrao Item-se reunido com freqncia para discutir os desafios que se apresentam competncia estratgica dos programas. Aquisefazumbalanodessadiscusso,identificandotendnciase,talvez, possibilidades. 2.Umolhar sobre a trajetria doensino deadministrao no Brasil A introduo do ensino da administrao no Brasil foifeita atravs de acordos de cooperao com osEUA,regulamentados noincio da dcada de60,nos quaisa formao de recursos humanos seria um requisito fundamental para a promoo do desenvol vimento. 2 O Brasil foi um dos paises que receberam considervel ajuda no perodo, calcada nos princpios desenvolvimentistas difundidos no fmal da dcada de 40 e na dcada de 50. A assistncia tcnica norte-americana foiregida pelos princpios do desenvolvi-mentismo desde as suas origens, veiculada primeiro por misses militares e, poste-riormente, concretizada pelos programas de cooperao tcnica bilaterais. Na regulamentao deassistnciatcnicadoForeign AssistanceAct,de1961, constavam como objetivos da mesma os seguintes: a) aperfeioamento do nvel educacional, tecnolgico eprofissional; b) aperfeioamento e expanso das estruturas e prticas institucionais; c) avaliao de recursos materiais e humanos; d) formulao de planos para o desenvolvimento; e) criao de infra-estrutura para o desenvolvimento. Aadministraododesenvolvimentoenvolveunosaajudaestrangeirada assistnciatcnica,mas aorganizao de novos rgos pblicoseareorientao IEsteartigoapia-separcialmentenas discussesenoRoteirodePlanodeAo para areade Administrao elaborado por Clvis Machado da Silva, Tnia Fischer e Paulo Csar Motta, no mbito da Anpad, em maio de1992. 2Segundo tesededoutoradodeTniaFischer:Oensinodeadministrao pblicano r a s i ~ os ideais de desenvolvimentoe as dimenses deracionalidade.So Paulo, USP,1984. 12RA.P.4;'93 dos existentes, alm da criao de wn corpo de administradores capazes de exercer liderana em programas de estmulo e apoio ao aperfeioamento social e econmico. Como no podia deixar de ser, o Dasp e a EBAP tinham relaes estreitas com o governo norte-americano, que implantava, em plenitude, a cooperao tcnica para o desenvolvimento. Em 9de maro de1959 foiassinado convnio muito importante para a rea da administrao- deconformidade com oAcordo sobreServiosTcnicosEspe-ciais, entre o Brasil e os EUA, frrmado em 1953 - designado por PBA-l. O PBA-l foi a soluo estratgica para os problemas de capacitao gerencial no Brasil, cabendo destacar que,entre as premissas que norteavam aorganizao do plano,aprimeiradizia:"(... )Omtodomaiseficienteeprticodeatenders necessidades crescentes de pessoal qualificado nas reparties pblicas e empresas privadas numa economia ndustrial e em processo de acelerado desenvolvimento e expanso reside na intensificao e gradual ampliao dos recursos educacionais de que o Brasil dispe em matria de administrao pblica e de empresas". Para a consecuo do pretendido desenvolvimento, o plano enfatiza a necessidade de formar professores de administrao pblica e de empresas com vistas a "prover suficiente nmero de tcnicos competentes s reparties pblicas e privadas". Seforem comparados osinvestimentos feitosem diferentes reas apoiadas por acordos de cooperao tcnica,verifica-se que a administrao foia segunda rea em recursos,sprecedidapeloensinoagrcola.De1952at1963,dototalde recursos empregados, 39,9% o foram em administrao, sendo 22 % em administra-o de empresas e17,7 % em administrao pblica. Osbolsistas deadministraopblica foram encaminhados Universidadedo Sul da Califrnia e os de administrao deempresas Michigan State University. Contudo,asinfluncias no ensino deadministrao na poca no se limitaram ao envio de bolsistas, j que professores norte-americanos responsabilizavam-se pela montagem dos programas. Desse esforo inicial, originaram-se escolas e programas que se propagaram pelo pas exponencialmente, criando principalmente cursos de graduao, que hoje so aproximadamente 300 em todo o pas. Ao carter macio da graduao contrape-se a cautela com que foiimplantada a ps-graduao. Cautela essa que, sendo salutar nos anos pioneiros, veio a ser wn tanto enrijecedora na dcada de80, aps a expanso verificada na dcada de 70. A conjuntura dos anos 70 determinou investimentos prioritrios na formao do administrador de empresas. Generalizou-se a convico de que a chave do desenvolvimento seria a gerncia econmica,odesenvolvimentodainfra-estrutura,apromoodeinvestimentos privados internacionais e no o aperfeioamento do administrador pblico. H, contudo, uma variao no papel do administrador nessa evoluo. Na dcada de40,investiu-sena formaodeburocratasparaqueatingissem wn padrode desempenhosatisfatrio,quecontribusseparaasustentaodosistema.Nas dcadas de50 e 60, grandesinvestimentos foram feitos no treinamento de pessoal no exterior e na institucionalizao de centros de formao e treinamento. Egressos Formao doadministrador13 desses centros ede outros ncleos do governo empreenderam projetos de refonna administrativa em todo o pas nos anos que se seguiram. A burocracia do governo Vargas progressivamente substituda pela tecnocracia, depois designada como tecnoburocracia, que seria ativada pelo governo Kubitschek e amplamente utilizada pelos governos militares nas dcadas de 60 e 70. O tecnocrata tana-se a exacerbao mxima da racionalidade funcional e dos princpios desen-volvimentistas. A dcada de70 registra aperda de liderana no processo de apoio eassessora-mento do governo no apenas do antigo grupo daspiano, mas dos administradores pblicosoudatecnoburocraciamaisidentificadacomaburocracia.Otenno "tecnocrata" passa a ser empregado, designando os "novos donos do poder". OPlano Nacional deTreinamento de Executivos (PNTE) encarregou-se, entre 1973 e1976, de aumentar o nmero de programas e de profissionais ps-graduados em administrao "de empresas", dando origem Coppead (UFRJ) e redirecionando programasquecareciamdemaioridentidadeoutinhamaindacomoopoa administrao pblica, como oPPGAfUFRGS. Dessa primeira fase- com osurgimento de"grandes programas" na USp,na FGV (EAESP) e na UFRJ (Coppead), que se constituram em paradigmas eplos de poder, reforados pela criao da Anpad em 1976 -, evoluiu-se para uma fase de programas de menor porte, que se afastavam da estrutura clssica de oferta de reas de concentrao (fInanas, marketing, recursos hmnanos, produo, adminis-traogeral)ebuscavam outrasopes,comoorganizaes(UFMGeUFSC); organizaes e relaes de trabalho (UFMG); poder local, com desdobramentos para servios urbanos e meio ambiente (UFBA) e gesto de tecnologia, competitividade eprodutividade,j consolidadanaUSPatravsdoPacto,masqueganhafora extraordinrianosanos80 e90,transformando-seem prioridadegovernamental atravs do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade. O relatrio de avaliao de rea feito no incio dos anos 803 levanta a questo das identidades dos cursos, da ambigidade entre a orientao acadmica e a profissio-nal,entre a"tradio" acadmicaquearea desejaincorporar,tornando-se mais reconhecida pelas demais reas do conhecimento, e a modernidade, que o seu apelo principal. Na nova correlao deforasque seinstalouos novos programas evidenciam qualidadeesedestacamdosantigospelaofertadiferenciada:novasreasde concentrao, formatos mais exigveis, articulaes mais diretas com setores pr0-dutivos. Ao final dos anos 80, o Plano de Ao da Capes" consubstancia uma nova poltica de ps-graduao no pas, oque define o atual quadro de mudanas, como se ver a seguir. 3Segundo o documentoAmliao e perspectivas doCNPq,1982. 4Segundo o docuinento Plano tk ao da Capes,1990. 14R.A.P.4/93 3. As transformaes do presente: novos formatos,novas alternativas "Formar gerentes em lugar de MBAS", como disse Mintzberg,S parece ser mna preocupao quecomea asedefinir noBrasil,noobstanteas ambigidades e contradies que formam o contexto. Os cursos deps-graduao maistradicionais, montados no modelo "pro-dutodeexportao"norte-americano,soos maisafetadospelosventosda mudana. A crtica s matrizes curriculares vigentes encontradas em peridicos de ampla circulao como Fortune e TheEconomist,6 em eventos internacionais organizados pelaFederaoCanadensedeDecanosdeFaculdadesdeAdministrao (CFDMAS),aInternationalManagementDevelopmentNetwork(lnterman)eo ConselhoLatino-AmericanodeDesenvolvimentodeEscolasdeAdministrao (Cladea) encootraram eco no Brasil de profundas turbulncias polticas, onde a crise no mais um espasmo, mas uma constante mais ou menos semelhante dos demais pases latino-americanos. Novo conceito de desenvolvimento formulado em um cenrio de interna-cionalizao da economia, dvida externa resistente e poupana interna limita-da. Dificuldades econmicas agravadas pela lentido do processo deincorporao depadrestecnolgicosdeproduomaisavanadosconvivemcemtentativas recentes de enxugamento do Estado e privatizao, estimulo produtividade e busca de padres de qualidade. Tanto o governo quanto a sociedade manifestam descooforto einsatisfao com aestruturaorganizativaeacapacidadegerencialdoEstado.Equvocossrios rotulados como refonna administrativa tm desestabilizado sistemas eatividades, destruindoaescassacapacidadegerencialetcnicaemreas-fundepolticas pblicas. A internacionalizao crescente vis--vis ao fortalecimento dos governos locais, s discusses sobre tamanho e funes do Estado, s experincias de descentraliza-o e participao faz parte do "novo esprito" da gesto no plano internacional, que adquire significao prpria na Amrica Latina, onde o desperdcio, a corrupo e aineficincia - que chegam em algumas situaes catstrofe administrativa -so problemas constantes. Agravam-se a "crise de deciso" e a "crise de confiana", da qual nos falaCrozier,7queafetam essencialmente oEstado moderno e,muito particularmente, esto presentes nos pases latino-americanos, em luta perene cootra a pobreza. SMintzberg, H.Trainning managers, notMBAS. In Von Zvnnuhelen (org.).'lhe searchfor global mafUlgement:mapping lhe futureof mafUlgement education and development.CFDMAS-Intennan, 1990. 6Deutschman, A. The trouble with the MBAS. Fonune. Jul, 1991; Haynes, P. Ajob for life. A survey ofrnanagement education.'lheEconomisl. Mar.1991. 7Crozier, M. Les changements des organimtions publiques. Paris, lnap, 1991. Formao do administrador 15 ComoafrrmamD'vila8 eKliksberg,9necessriodesenvolverumaVlsao latino-americana da relao entre Estado,politicas e gerncia no continente, o que significa que se deve esclarecer melhor o papel do Estado no processo de desenvol-vimento, assim como a funo da gerncia pblica. Guerreiro Ramos, IOem1970,j chamava a ateno para a necessidade de o ensino deadministraoadequar-serealidadelatino-americana.Segundooautor,os estudantes (e profissionais) entrariam em processo de dissonncia cognitiva quando obrigadosaencontrarsoluesviveisparaproblemasreais,jqueospases latino-americanosnooferecem condies contextuaisaplicaode"estilosde administrao eficazes". J que o contexto no de abastana, mudam as prioridades de ensino. O administrador est no centro do questionamento do papel do Estado. Na dcada de90,algumasdesuas funesserotransformadas,reduzidasouabandonadas. Mudanas devalores,tecnologias,comunicaes erelaes produziro outro tipo de atividades estatais. Os gestores sero retreinados e redistribuidos, ou recrutados por novos critrios paranovasatribuies.Seroelesapresidirodesaparecimentodoantigoeo surgimento do novo, em padres profissionais muito mais elevados. Opas requer administradores aptos a gerenciar a crise e garantir a democracia, em uma economia moderna. Como os programas esto respondendo aos desafios do novo paradigma desen-volvimentista? A avaliao mais recente da rea feita pela Anpad, pela Capes e pelo CNPq indica que est havendo expanso quantitativa e qualitativa no sistema erpidas transfor-maes estruturais nos cursos. As referidas e desafiadoras transformaes do Estado e da sociedade latino-ame-ricanos indicam que no apenas os administradores pblicos atuam simultaneamente em diferentes espaos de deciso/ao, mas lidam nos pases primeiro-mundistas. Taldiversidadeculturalpassadespercebidaanteadifusomaciadetecnologias gerenciais para escolas de administrao e instituies de treinamento, realizada no perodo compreendido entre os anos 50 e 70. A expanso do sistema pode ser aferida por: a) surgimento de novos cursos de mestrado no Sul eSudeste; b)criaodenovasreasdenfasenosmestradosexistentes,comotecnologia, produtividade, meio ambiente e outras; c) criao de pelo menos trs novos cursos de doutorado no Sul, Sudeste e Nordeste do pas, duplicando-se a oferta existente; 8D' vila C. Exito y innomcin en la gerencia en America lAtina.Investigar la realidad gerencial. Para que? Comunicao apresentada na Reunio Anual do Cladea. Lima, Peru, se!.1991. 9Kliksberg, B.Gerencia pblica en poca deincertidumbre.Madrid, Inap,1989. 10Ramos, A.G.A novaignorncia e o futuroda administrao pblica naAmrica Latina.Revista de Administrao Pblica, Rio deJaneiro, FGV,17(1):32-65,jan./mar.1983. 16RA.P.4/93 d) amnento do nmero de professores e alunos; e) incremento da produo cientfica e tcnica dos programas; f)maior nmero de alunos titulados. Esses dados, constantes dos relatrios da Capes e do CNPq, subsidiam tambm a anlise da evoluo qualitativa da rea expressa principalmente pela elevao dos conceitos dos cursos constantes nas trs ltimas avaliaes da Capes. Nos trs seminrios realizados pela Anpad no ano de1990, foram feitas redefi-niesimportantes.A principal delas refere-se concepo da ps-graduao, no mbito dainstituio,como mn programaquepodeenvolver diferentestiposde cursos,que vo da ps-graduao de sentido mais lato(aperfeioamento/especia-lizao) ao mais estreito (mestrado e doutorado). Em outro conjunto importante de redefmies, reconhece-se a diversidade como mn traocaracterstico darea,admitindoprogramas de grande epequeno porte voltadosparaasreasfuncionaisclssicasouparanovasopescurriculares, formando administradores para a transnacionalizao da economia ou para a orga-nizao no-governamental. Algmnaspreocupaessovisveisnessaconjunturae,emalgunscasos,j configuram novas propostas, tais como: a) organizao de programas de ps-graduao em que os lveis de especializao, mestrado edoutorado articulem-seorganicamente, com maior aproveitamento de crditos e carter cmnulativo, reduzindo-se e otimizando-se tempo e recursos; b) admisso de novos formatos de cursos de mestrado como estratgia para tornar o ensino mais aplicativo, flexibilizando-se a oferta de disciplinas (em tempo parcial ou integral), adotando-se metodologias mais ativas e, especialmente, alterando-se a natureza do trabalho dissertativo final, com a adoo de outras alternativas alm da pesquisa emprica ou o estudo de teor ensastico, tais como a elaborao e a avaliao de projetos, a anlise de intervenes ou o desenvolvimento de projetos. Omestradononovoformatoherdaatradiodoscursosdeespecializao nacionalmentedifundidosebem-sucedidos,quepossibilitaram apenetraodos programasemmercadosempresariaismaisrestritos.Cursosdeespecializao desenvolvidos pela Coppead, puqRJ, UFRGS, EAESP, UFBA, EBAP e por outras instituies forneceram mn lastroimportantedeexperincia.Hoje,alguns desses cursos esto-se convertendo em novas alternativas de mestrado. Os programas esto acelerando o processo de reviso, prevendo-se que, at o final de1993,muitosdelestran..;formaro osseuscursosdemestradoacadmicoem cursos de carter mais aplicado. Dentro desse quadro,identificam-se como tendncias: a) Abertura de novos cursos de doutorado no pas, fora do eixo Rio/So Paulo, que concentra os trs existentes.Um nmero maior de cursos de doutorado ter como reflexo possvel nos mestrados uma reduo dasexigncias acadmicas,alm de amnentar o nmero de professores/pesquisadores. Os cursos de doutorado so uma consolidao de linhas de pesquisa que p r ~ p m massa crtica considervel. Formao do administrador17 Dequalquersorte,odoutoradoauxilianoreposicionamentodeeXlgencias acadmicas,relativizandoasexpectativassobreosmestrados,comoreservade excelncia que . b) Valorizao da produo tcnica em cotejo com a produo cientifica, at ento indicador quase que exclusivo da produtividade dos programas. c) Diferenciao dos programas por dimenses locais, regionais einternacionais. Pode-seprever que ocontexto quese delineia para area,principalmente pela intensificao dos esforos de pesquisa, sofrer alteraes significativas. Reforado peloaumentodasfonteslocaisouregionais,oupelomaioracessoarecursos internacionais, provvel que ocorra uma maior diversificao deinteresses e uma conseqente procura por maior identidade dos programas, no que se refere s nfases institucionais de pesquisa.Portanto, pode-se supor que as dimenses locais, regio-nais, nacionais einternacionais venham a ter papel relevante nos aspectos diferen-ciadores dos programas. d) Novas abordagens de linhas de pesquisa. A busca de congruncia de propsitos com as novas entidades dever exigir uma orientao mais explicita de linhas de atuao dos programas, maior especializao deprojetose,possivelmente,l.ID1crescenteesforonainterdisciplinaridadedas pesquisas. possvel que surja tambm maior necessidade de cooperao entre os programas,dadoqueaaglutinaodecompetnciaseinteressespodefacilitaro acesso atais recursos, bem como parcerias com outras reas do conhecimento em temas interdisciplinares como por exemplo qualidade e produtividade ou acesso a novos mercados com nfase no Mercosul. provvel, como j ocorre no exterior, que aparea uma demanda de pesquisas conjuntas de docentesvinculadosadiferentesprogramas,cujosinteresses no se ajustem s linhas centrais de suasinstituies.Em qualquerdessescasos,haver presso em busca de solues criativas por parte no s das entidades nacionais de fomento como tambm dos prprios programas. e) Flexibilidade e diversificao curricular. Ctnriculos flexveisealternativos,com caractersticas modulares emenos for-malismo, sero ocaminho de viabilizao das experincias deaprendizagem pre-tendidas. f) Definio da misso das instituies de ensino. As instituiesdevero tornar claro para si mesmas asua misso,defmindo-se por mn escopomaisacadmico ouprofissionalizante.Ahistria,atradio eos recursosinstitucionaisdisponveisjconfiguramumaorientaoacadmicaou profissionalizante para os programas. g) Conciliao de estudos com trabalho. A conciliao de estudo com trabalho outra tendncia previsvel. Os mestrados acadmicospoderopersistircomoumaalternativaminoritria.Predominara tendncia para cursos profissionalizantes, com maior difuso de cursos de especia-lizao. A possibilidade de conciliar estudo com trabafuo ser dada pela concentra-o de estudos em perodos intensivos,com carga de trabalho aser realizada nos intervalos desses perodos. 18RA.P.4,193 h) Integrao de governo einstituies de ensino. Os caminhos para a maior integrao da comunidade empresarial do governo com as instituies de ensino devero passar por mn relacionamento mais instituciona-lizado,atravsdeparticipaodelideranas em conselhosdeensino,gruposde estudo conjuntos e outras atividades ll$OCiativas que congreguem os dois segmen-tos. i) Revalorizao das instituies de ensino. A Universidade e as instituies de ensino superior j consolidadas sero revalo-rizadas como agentesdeformao/treinamento.Essa medida significar no sa racionalizao de custos, o reconhecimento das condies potenciais que a Univer-sidade apresenta e que podem ser mais facihnente mobilizadas atravs de subsdios apropriados, mas tambm o reconhecimento de sua estabilidade e forma. j) Integrao interdepartamental. A maior conscincia da interdisciplinaridade da administrao exigir um esforo deintegraointerdepartamentalcomoutroscamposdoconhecimento,como economia, cincia poltica, engenharias, antropologia, psicologia, sociologia, infor-mtica e outros, constituindo-se grupos de reflexo/ao para a proposta de progra-masdeensinoepesquisa.ODepartamentoouosProgramasdeAdministrao seriam a rea deinterseo natural desses esforos coordenados. k)Seleo de metodologia de ensino. Adota-se como pressuposto que a natureza da matria de ensino o que determina os modos e meios de ensino que lhe correspondem.A reorganizao do contedo temcomoimplicaoadescobertadenovasformasdeensinareaprender.Ao reconstruir a matria de ensino com um novo paradigma, impe-se reinventar formas de aprender que lhe faam justia. Se aadministrao est em reconstruo como disciplina, cabe identificar a metodologia mais apropriada ao seu ensino. A caracte-rstica mais acadmica ouprofissionalizante dos cursos determinar anfase em metodologias mais ou menos ativas. 1)Estabelecimento de redes de ensino e pesquisa. A escassez de recursos,anecessidade de otimizar adisponibilidadede pessoal qualificado (doutores), de interligar grupos com interesses convergentes de pesquisa e de estabelecer relaes entre governo, setores produtivos e programas de ps-gra-duao recolocam o conceito de "rede", operacionahnente adequado para se repen-sar o sistema. Redes locais, nacionais e internacionais, que articulem cooperaes e intercmbio docente e discente, tm alto potencial de sinergismo. 4. guisa deconcluso Esteartigoquestionoucomoosprogramasbrasileirosdeps-graduaoem administrao respondero s demandas de uma sociedade que se deseja multicn-trica e de mn pas que aspira a ingressar na modernidade e a uma qualidade de vida melhor. Formao do administrador19 Ao se examinar atrajetria do ensino de administrao, constata-se o quanto a transfernciainadequada de modelosetecnologias gerenciais reforoudistores hoje reconhecidas nos pases onde essas idias foram geradas. As novas alternativas ao ensino de ps-graduao em administrao so resultado daexperinciabrasileira,quepodeedevecontarcomparceriasinternacionais, porque j suficientemente autnoma. Ao fmal,cabe mais um alerta para que no se repitam os mesmos erros epara quea experincia dequase 50 anos de histria possailuminar caminhos cultural-mente mais adequados. Siglas utilizadas Dasp - Departamento do Servio Pblico do Governo Brasileiro EBAP - Escola Brasileira de Administrao Pblica UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFBA - Universidade Federal da Bahia UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro Coppead - Coordenao de Programas de Ps-Graduao em Administrao PPGA - Programa de Ps-Graduao em Administrao USP - Universidade de So Paulo FGV - Fundao Getulio Vargas UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina Capes - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa Anpad - Associao Nacional de Professores de Ps-Graduao em Administrao 20RA.P.4;93