Fisiologia Comparada Dos Vertebrados e Sua Abordagem Em Livros Didaticos de Biologia
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X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2010 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro.
FISIOLOGIA COMPARADA DOS VERTEBRADOS E SUA
ABORDAGEM EM LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA
Carla Medeiros Belarmino da Silva1, Elaine Patrícia Cabral da Silva
1, Geisa Adelita Matias
1, Leidiana Lima dos Santos
1,
Natalie Emanuelle Ribeiro e Silva1, Renata Priscila da Silva
1, Tânia Lúcia da Costa
1 e Pabyton Gonçalves Cadena
2
________________
1. Licenciandas em Ciências Biológicas. Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n,
Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected]
2. Professor Substituto do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de
Medeiros, s/n. Recife, PE, CEP 52171-970. E-mail: [email protected]
Introdução
A Fisiologia Comparada dos Vertebrados é de
extrema importância por nos fornecer subsídios
necessários, que auxiliam o entendimento dos
processos fisiológicos básicos para todos os grupos
animais. A comparação e o contraste entre como
organismos diferentes se adaptam para sobreviver a
desafios ambientais similares, proporcionam critérios
úteis sobre os padrões de evoluções fisiológicas, e o
significado dessas evoluções para a adaptação dos
diferentes grupos de vertebrados [1].
Apesar de não estar diretamente explicito nos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
(PCNEM), é possível destacar nesse documento a
importância do ensino da fisiologia comparada. Pois a
mesma permite desenvolver habilidades como: entender
as funções vitais básicas realizadas pelas diversas
estruturas que compõem o ser vivo; como estão
caracterizadas e se relacionam entre si e com o meio
promovendo a manutenção da vida e adaptação aos mais
variados ambientes; compreender as relações de origem
entre diferentes grupos de seres vivos e o ambiente em
que essas relações ocorrem; estabelecer vínculos de
origem entre os diversos grupos de seres vivos, através
da comparação das diferenças estruturais; e aplicar os
conhecimentos da teoria da evolução na interpretação
dessas relações [2].
Ressaltada a importância dessa temática para sala de
aula, não se pode deixar de destacar a dificuldade que o
professor de biologia encontra para desenvolver esse e
outros assuntos na escola, pela falta de materiais e
recursos didáticos adequados, ficando muitas vezes
limitado aos livros que se tornam a principal ferramenta
tanto para preparação de aula, quanto para a
organização e planejamento da mesma [3].
Tendo em vista a relevância do tema fisiologia
comparada o presente trabalho buscou analisar que
abordagem é dada a esse conteúdo nos livros didáticos
de biologia em escolas públicas da região metropolitana
do Recife. Além de verificar a veracidade e relevância
das informações, com o intuito de apontar livros mais
indicados para tratar esse tema em sala de aula.
Material e métodos
A pesquisa realizou uma abordagem qualitativa e de
caráter bibliográfico. O interesse pela pesquisa surgiu a
partir da disciplina de Fisiologia Geral e Comparada,
disciplina essa ministrada para o Curso de Licenciatura
Plena em Ciências Biológicas, da Universidade Federal
Rural de Pernambuco - UFRPE, no primeiro semestre de
2010. Para a pesquisa foram selecionados cinco livros de
biologia (Tab. 1), que são adotados em escolas públicas
estaduais da região metropolitana do Recife. A análise
ocorreu em reuniões que se deram ao longo da disciplina na
UFRPE.
Por não conter nos livros, um tópico que trate
especificamente da fisiologia comparada, optou-se por
dividir os assuntos nos sistemas: nervoso, circulatório,
respiratório, digestório, excretor e reprodutor, verificando
se dentro desses tópicos havia algum conteúdo referente ao
tema. Também foram seguidos alguns critérios, baseados
em Neto e Fracalanza [4] tais como:
1. Integração ou articulação dos conteúdos e assuntos
abordados;
2. Textos, ilustrações e atividades diversificadas que se
refiram ao cotidiano do estudante;
3. Informações atualizadas e linguagem adequada ao
discente;
4. Ilustrações com boa qualidade gráfica, contendo legendas
e proporções espaciais corretas;
5. Manutenção de estreita relação com as diretrizes e
propostas curriculares oficiais;
6. Estímulo à reflexão, ao questionamento, à criticidade.
Resultados e Discussão
O PCN indica que os conteúdos devem ser trabalhados
de forma integrada, buscando desenvolver competências e
habilidades nos discentes, possibilitando aos mesmos
construírem uma visão macro e micro dos processos que
envolvem o ambiente e os seres vivos; observando e
investigando com criticidade os fenômenos biológicos [2].
No entanto, isso não foi observado nos livros analisados, o
que torna os textos fragmentados e não facilitam o processo
de aprendizagem, uma vez que a fisiologia comparada dos
vertebrados pode auxiliar na melhor compreensão dos
processos evolutivos relacionados. Apresentamos nesses
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X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2010 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro.
resultados uma análise geral do que os livros tratam
acerca de cada sistema.
O sistema nervoso do ponto de vista fisiológico é o
menos abordado. Quando analisadas cada classe
individualmente, foi observado que os livros tratam
apenas das descrições morfológicas referentes ao
sistema nervoso dos anfíbios, répteis, aves e mamíferos,
na classe dos peixes notou-se que informações sobre a
presença da linha lateral e ampola de Lorenzini, estão
registradas, mas não foi mencionada a função destas
estruturas. Em todos os exemplares não foram
encontrados equívocos referentes ao conteúdo, à
linguagem é simplória e não apresentam ilustrações e
figuras.
O conteúdo do sistema circulatório nos livros que se
apresentaram em volumes únicos (Compactos), tendo
em vista certa necessidade de condensar as
informações, dá maior destaque a Morfologia que a
Fisiologia Comparada. A organização dos esquemas e
ilustrações corriqueiramente visava apenas exemplificar
as espécies que estão inseridas em cada grupo. A
contextualização, quando presente só foi encontrada
nos textos incluídos nos boxes, os conceitos são pouco
consistentes quando analisados pelo ponto de vista do
contexto de vida do aluno.
No que diz respeito ao sistema digestório,
basicamente todos os livros apresentaram um mesmo
padrão, dando ênfase às características morfológicas,
apresentando em alguns momentos comparações
morfológicas entre os vertebrados, sem muitas
considerações da fisiologia desse sistema. No entanto,
outra característica comum observada foi o maior
destaque na fisiologia e anatomia humana (visto
separadamente). Essa tendência também foi observada
nos exercícios propostos (quando presentes).
O sistema respiratório nos livros avaliados é
abordado de maneira resumida, levando mais em conta
as diferenças morfológicas que as diferenças
fisiológicas. A relação evolutiva da fisiologia da
respiração entre os grupos é pouco abordada, pois, além
dos capítulos analisados enfocarem o tema de modo
muito superficial, anfíbios e répteis são tratados como
coadjuvantes da linha evolutiva. Isto pode dificultar o
estabelecimento de um elo evolutivo entre todos os
grupos. Os mamíferos são tratados de uma maneira mais
completa, pois este segmento serve de introdução para a
fisiologia humana.
Apesar de todos os livros pesquisados apresentarem
figuras ilustrativas relacionadas a todos os grupos, não
foi constatada uma abordagem comparativa de
fisiologia da respiração entre os grandes grupos.
Em relação ao sistema reprodutor, os autores
abordam a morfologia e dão ênfase à parte humana,
como se esta fosse um modelo para os demais grupos,
porém um dos livros avaliados aborda a importância
evolutiva da reprodução e os mecanismos fisiológicos
envolvidos [6].
O sistema excretor é tratado, de modo geral,
simplificadamente, porém todos os livros classificam os
animais quanto ao tipo de excreta que possui e descrevem o
mecanismo de filtração.
De modo geral, verificou-se que nos livros analisados, os
capítulos referentes à Fisiologia, as abordagens foram
acentuadamente relacionadas à anatomia, além de não
contemplarem a temática de forma comparada entre os
vertebrados. Após a análise dos livros, aquele que
apresentou as melhores informações na temática deste
trabalho foi o de Amabis e Martho [5].
Podemos concluir que os livros adotados nas escolas
públicas da região metropolitana do Recife apresentaram
uma abordagem mais morfológica, além disso, não houve
comparação entre os sistemas nos vertebrados,
fragmentando a compreensão de processos importantes
como evolução e interações ecológicas entre os grupos
animais. Consequentemente, os autores não levam o leitor a
uma análise reflexiva sobre a relação da fisiológica
evolutiva entre os vertebrados e seus respectivos sistemas.
O livro é apenas uma fonte de informações, cabe ao
professor, utilizar do bom senso e planejar sua aula atento a
informações que são relevantes, mas nem sempre estão
presentes nos manuais. É também interessante que editoras
e autores de livros dialoguem com as diversas esferas
educacionais (professores da educação básica, da educação
superior), para que através desse diálogo, um recurso mais
rico conceitualmente seja produzido e esteja nas mãos dos
educadores e educandos do Brasil.
Agradecimentos
A Universidade Federal Rural de Pernambuco e ao
Departamento de Biologia pelo apoio institucional e ao
professor Pabyton pelo seu apoio e auxílio na orientação
desse trabalho.
Referências
[1] RANDALL, D. J.; WARREN, B.; FRENCH, K.2000. Eckert
Fisiologia animal: Mecanismos e adaptações. 4 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2000. p. 03-13.
[2] BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e
Tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio.
Brasília: Ministério da Educação, 1999
[3] STEFANELLO, ANTOS, S.R.R. & MORAES, M.F.P.G. 2009. O
corpo humano enquanto corpo social: o ensino de fisiologia humana
sob a perspectiva histórica e filosófica como mediadores para a
compreensão da inserção da ciência e da tecnologia na sociedade. I
Simpósio Nacional de Ensino de Ciencia e Tecnologia (SINECT).
Ponta Grossa, Paraná. Homepage:
http://www.pg.utfpr.edu.br/sinect/anais/artigos/1%20CTS/CTS_Artig
o5.pdf
[4] NETO, J.M.; FRACALANZA, H. O livro didático de ciências:
problemas e soluções. 2003. Ciência e Educação. v.9. n.2.p.147-157.
[5] AMABIS, J. M.;MARTHO, G. R. Biologia dos organismos. Vol 2
.2º ed. São Paulo. Ed moderna, 2007. 632p.
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X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2010 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro.
[6] LAURENCE, J. ; Biologia: Ensino Médio, Volume Único / 1.
Ed. São Paulo: Nova Geração, 2005.
[7] LINHARES, S. ; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia: Volume
Único. 1. Ed. São Paulo: Ática, 2005.
[8] LOPES, S. ; ROSSO, S. BIOLOGIA Volume Único. Editora
Saraiva 1ª Edição 2005.
[9] PAULINO, W. R. Biologia, vol 2: Seres Vivos/Fisiologia. 1º Ed. São
Paulo: ática 2005. Pag.352.
Tabela 1. Relação dos livros de Biologia avaliados na pesquisa
AUTOR LIVRO EDITORA/ANO
Amabis, J. M. e Martho, G. R. Biologia dos organismos,
Volume 2
Moderna/ 2007
Laurence, J. Biologia: Ensino Médio,
Volume Único
Ática/ 2005.
Linhares, S. e
Gewandsznajder, F
Biologia: Volume Único Saraiva/2005
Lopes, S. e Rosso, S. Biologia Volume Único Saraiva/2005
Paulino, W. R. Biologia: seres vivos/
Fisiologia, Volume 2
Ática /2005