fitoterapia
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ÃO – UNICAMPO
PSICOLOGIA
Aldery F. Ribeiro Ana Maria Ribczuk
FITOTERÁPICOS NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
2015
INTRODUÇÃO
Os fitoterápicos são utilizados nas sociedades há décadas, não somente pelo
seu poder curativo, mas também por serem economicamente mais acessíveis.
A desigualdade social faz com que a população busque alternativa e soluções
para a promoção da qualidade de vida, principalmente entre as famílias mais
carentes. De acordo com o documento formulado pelo MINISTÉRIO DA
SAÚDE (2006), a OMS e a UNICEF promoveram uma Conferencia
Internacional sobre Atenção Primária em Saúde em Alma-Ata (Genebra, 1978)
as quais visualizaram uma necessidade de ação urgente dos governos,
profissionais das áreas de saúde e desenvolvimento, bem como da
comunidade mundial para proteger e promover a saúde dos povos no mundo.
Nessa Conferência, é recomendado aos estados-membros proceder a:
"formulação de políticas e regulamentações nacionais referentes à
utilização de remédios tradicionais de eficácia comprovada e exploração
das possibilidades de se incorporar os detentores de conhecimento
tradicional às atividades de atenção primária em saúde, fornecendo lhes
treinamento correspondente." Ministério da Saúde (2006 apud OMS,
1979).
A Assembleia Mundial de Saúde, em 1987, reiterou as recomendações feitas
pela Alma-Ata e recomendou enfaticamente aos estados-membros iniciar
programas amplos relativos à identificação, avaliação do preparo, cultivo e
conservação de plantas usadas em medicina tradicional; e assegurar a
qualidade das drogas derivadas de medicamentos tradicionais extraídas de
plantas, pelo uso de técnicas modernas e aplicação de padrões apropriados e
de boas práticas de fabricação. MINISTÉRIO DA SAÚDE (2006)
"É reconhecida a importância dos produtos naturais, incluindo
aqueles derivados de plantas, no desenvolvimento de modernas
drogas terapêuticas (CALIXTO, 1997). As plantas medicinais são
importantes para a pesquisa farmacológica e o desenvolvimento
de drogas, não somente quando seus constituintes são usados
diretamente como agentes terapêuticos, mas também como
matérias-primas para a síntese, ou modelos para compostos
farmacologicamente ativos (WHO, 1998)." MINISTÉRIO DA
SAÚDE (2006)
De acordo com este documento do (Ministério da Saúde 2006), algumas
medidas administrativas foram tomadas pelo mesmo para a implementação
das diretrizes estabelecidas pelas conferências nacionais e políticas do setor, a
qual trouxeram subsídios para a normatização das ações governamentais na
área de saúde para plantas medicinais e fitoterápicas. A Política aprovada por
meio do Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, tem o objetivo de garantir o
acesso seguro e o uso correto de plantas medicinal e fitoterápico pela
população, promover a utilização sustentável da biodiversidade brasileira e
desenvolver a indústria nacional.
Algumas das diretrizes e prioridades desta Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos autenticadas neste mesmo documento são:
1. Regulamentar o cultivo; o manejo sustentável; a produção, a distribuição, e o
uso de plantas medicinais e fitoterápicas, considerando as experiências da
sociedade civil nas suas diferentes formas de organização.
2. Promover a Formação técnico-científica e capacitação no setor de plantas
medicinal e fitoterápica.
3. Incentivar a formação e capacitação de recursos humanos para o
desenvolvimento de pesquisas, tecnologias e inovação em plantas medicinais e
fitoterápicas.
4. Estabelecer estratégias de comunicação para divulgação do setor plantas
medicinais e fitoterápicos.
5. Fomentar pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação com base na
biodiversidade brasileira, abrangendo espécies vegetais nativas e exóticas
adaptadas, priorizando as necessidades epidemiológicas da população.
6. Promover a interação entre o setor público e a iniciativa privada,
universidades, centros de pesquisa e Organizações Não Governamentais na
área de plantas medicinais e desenvolvimento de fitoterápicos.
7. Apoiar a implantação de plataformas tecnológicas piloto para o
desenvolvimento integrado de cultivo de plantas medicinais e produção de
fitoterápicos.
8. Incentivar a incorporação racional de novas tecnologias no processo de
produção de plantas medicinais e fitoterápicos.
9. Garantir e promover a segurança, a eficácia e a qualidade no acesso a
plantas medicinais e fitoterápicas.
10. Promover e reconhecer as práticas populares de uso de plantas medicinais
e remédios caseiros.
11. Promover a adoção de boas práticas de cultivo e manipulação de plantas
medicinais e de manipulação e produção de fitoterápicos, segundo legislação
específica.
12. Promover o uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos benefícios
derivados do uso dos conhecimentos tradicionais associados e do patrimônio
genético.
13. Promover a inclusão da agricultura familiar nas cadeias e nos arranjos
produtivos das plantas medicinais, insumos e fitoterápicos.
14. Estimular a produção de fitoterápicos em escala industrial.
15. Estabelecer uma política intersetorial para o desenvolvimento
socioeconômico na área de plantas medicinal e fitoterápica.
16. Incrementar as exportações de fitoterápicos e insumos relacionados,
priorizando aqueles de maior valor agregado.
17. Estabelecer mecanismos de incentivo para a inserção da cadeia produtiva
de fitoterápicos no processo de fortalecimento da indústria farmacêutica
nacional.
OBJETIVO
Viabilizar aos leitores o acesso às informações sobre a temática fitoterapia e
medicamentos fitoterápicos, considerando suas dimensões históricas e
políticas e garantindo elementos explicativos e objetivos aos que buscam este
conceito teórico e pratico.
METODOLOGIA
A pesquisa foi elaborada através de uma revisão bibliográfica, as quais foram
consultadas várias literaturas relativas ao assunto em estudo, artigos
publicados na internet e que possibilitaram que este trabalho tomasse forma
para ser fundamentado.
A FITOTERAPIA E OS MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS
A utilização de produtos naturais, com fins medicinais, nasceu com a
humanidade. As l nt s edicin is c es nde às is ntig s “ s”
empregadas pelo homem no tratamento de enfermidades de todos os tipos, ou
seja, a utilização de plantas na prevenção e/ou na cura de doenças é um hábito
que sempre existiu na história da humanidade (FIRMO 2011, apud MORAES;
SANTANA, 2001). Segundo a Portaria 971, de 03/05/2006, do Ministério da
Saúde, a fitoterapia é uma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas
medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de
substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. A fitoterapia constitui
uma forma de terapia medicinal que vem crescendo notadamente neste
começo do século XXI.
De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária):
"São considerados medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que inclui na sua composição substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as associações dessas com extratos vegetais."
Segundo a ANVISA, os medicamentos fitoterápicos, assim como todos os
medicamentos, são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos
de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade.
A eficácia e a segurança devem ser validadas através de levantamentos
etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas em
bibliografia e/ou publicações indexadas e/ou estudos farmacológicos e
toxicológicos pré-clínicos e clínicos.
Para FIRMO (2011, apud Amorim et al. 2003), as utilidades das plantas são
resultantes de uma série de influências culturais, como a dos colonizadores
europeus, indígenas e africanos. Mas, de modo geral, o conhecimento popular
é desenvolvido por grupamentos culturais que ainda convivem intimamente
com a natureza, observando-a de perto no seu dia-a-dia e explorando suas
potencialidades, mantendo vivo e crescente esse patrimônio pela
experimentação sistemática e constante FIRMO (2011 apud ELISABETSKY,
1997).
O uso de fitoterápicos pela população tem-se ampliado e a fácil
comercialização desses produtos tem favorecido sua popularização. O
aumento do consumo de plantas medicinais está provavelmente relacionado à
decadência da economia nos países do terceiro mundo. O conhecimento sobre
as plantas medicinais sempre tem acompanhado a evolução do homem através
dos tempos.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), fitoterápicos são produtos
medicinais e etiquetados, cujos componentes ativos são formados por partes
áreas ou subterrâneas de plantas, ou outro material vegetal, ou, ainda, uma
combinação destes dois. No Brasil, são considerados medicamentos a partir da
Portaria no 22 de 1967, da ANVISA, que agrega os mesmos critérios de
controle de qualidade para um medicamento alopático e sintético qualquer,
como afirma a Resolução nº 17 de 2003.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que, atualmente, a prática do
uso de plantas medicinais é tida como a principal opção terapêutica de
aproximadamente 80% da população mundial.
Os medicamentos fitotetápicos foram e ainda são muito utilizados por
automedicação, algumas vezes, por prescrição médica, porém grande parte
destes ainda não tem o seu perfil tóxico elucidado (SILVEIRA, 2008 apud
CAPASSO,2000).
O principal fator que contribui para a utilização da fitoterapia no Brasil é a
grande diversidade de espécies vegetais encontradas em toda a flora de nosso
território.
Segundo Andreatini (2000) Há algum tempo vem ocorrendo um aumento na
comercialização de fitoterápicos com indicação para os transtornos mentais.
Esses medicamentos despertam reações positivas e negativas, que vão de
uma resistência total a um grande ânimo, passando por uma indiferença. Mais
ainda, geralmente esses costumes acercar-se os fitoterápicos como um todo,
não distinguindo entre os diferentes medicamentos desse grupo.
"...A resistência absoluta a um fitoterápico com ação comprovada pode privar determinado paciente de uma medicação eficaz. Por outro lado, uma postura de entusiasmo não fundamentado em estudos clínicos controlados pode privar o paciente de um tratamento realmente eficaz em detrimento de um fitoterápico ineficaz e com efeitos adversos. Mesmo uma atitude mais neutra, de descrença com certa benevolência ("não tem efeito, mas não faz mal" ou "é um placebo sem riscos") também pode acarretar prejuízos para o paciente, pois muitos fitoterápicos apresentam importantes efeitos adversos, assim como a possibilidade de interações medicamentosas." Andreatini (2000)
Andreatini (2000) completa dizendo que a atitude mais adequada em relação
aos fitoterápicos é considerá-los com o mesmo rigor com que lidamos com os
medicamentos sintéticos, baseando nossa conduta clínica em evidências
científicas consistentes (estudos controlados), reconhecendo, quando for o
caso, sua eficácia, mas também seus efeitos adversos e a possibilidade de
interações medicamentosas.
O uso racional de fitoterápicos envolve a atenção médica, farmacêutica e
terapêutica que engloba todas as atividades realizadas pelos profissionais da
saúde, entre elas, a orientação ao paciente, com o objetivo de conseguir o
máximo de benefício em saúde, facilitando o alcance de resultados da
farmacoterapia e uma relação mais aproximada com ele, havendo assim, uma
melhor adesão ao tratamento Takahashi (2009 apud DADER; MUNOZ;
MARTINEZ, 2008).
CONCLUSÃO
Os fitoterápicos cultivados e consumidos em nosso País são herdados de
gerações muito antigas, estes remédios tem recebido uma atenção especial da
OMS e outros setores, quanto à possibilidade da sua inclusão nos respectivos
sistemas de saúde,por ser um método mais econômico, o monitoramento do
manuseio pela comunidade, e a fiscalização da implementação das leis e
normas prescritas pela Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
Trata-se de uma tarefa complexa, que envolve diversos profissionais, como
médicos, farmacêuticos, ambientalistas, além de investimentos em
investigação para determinar as propriedades de cada planta, catalogá-las e
distribuí-las. Mesmo assim, entre as terapias complementares e alternativas é a
modalidade mais bem aceita pela medicina.
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
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