FLUORITA – CaF

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FLUORITA – CaF2 A fluorita é um haloide bastante comum, um minério estratégico, essencial em siderurgia e metalurgia como fundente, na indústria química (fabricação de HF) e para muitas outras aplicações. A principal fonte da “fluorita grau metalúrgico” são os minérios sulfetados de chumbo e zinco com ganga de fluorita. Além disso, em função da grande diversidade de cores e de formas cúbicas combinadas que pode exibir, a fluorita tem enorme aceitação no mercado de minerais de coleção, alcançando preços elevadíssimos. Forma cristais de até 2 metros. Uma série de impurezas podem ocorrer, como Al, Fe, Mg, Cl e Terras Raras como Y, Ce, Eu, Sm e outros. Às vezes é fluorescente em verde, amarelo, violeta e outras cores sob luz UV; pode ser fosforescente, triboluminescente e termoluminescente. Epitaxias podem ocorrer com siderita (com [0001] da siderita paralelo à [111] da fluorita), com pirita (eixos de pirita e fluorita paralelos) e com quartzo. Há 10 variedades (com Y, com Sr, com Ce, etc.). 1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Cúbico hexaoctaédrico. Qualquer uma, do incolor ao preto. Frequentemente zonada. Cubos, octaedros, formas combinadas, nodular, botrioidal, maciça, granular, raramente colunar ou fibrosa. {111} perfeita (octaédrica). Tenacidade Quebradiça. Maclas Fratura Dureza Mohs Partição Comuns em {111}, de interpenetração. Subconchoidal a irregular. 4 Por {011}, de baixa qualidade. Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm 3 ) Branco. Vítreo. Transparente. 3,12-3,18, 3,56 com ETRs 2. Geologia e depósitos: Fluorita é um mineral acessório comum em rochas graníticas em geral e rochas associadas como greisens e pegmatitos. Também ocorre em carbonatitos, sienitos, sienitos nefelínicos, intrusões alcalinas e rochas ultrapotássicas. Pode ocorrer em mármores, quartzitos e outras rochas metamórficas. Volumes econômicos ocorrem em veios hidrotermais mineralizados, de alta até baixa temperatura. Pode ser encontrado em cavidades de rochas sedimentares e como cimento em arenitos, também como depósitos de fontes quentes e em dolomitas biogênicas. A ocorrência de fluorita em rochas graníticas é um problema porque as águas subterrâneas que circulam pelas fraturas dos maciços graníticas enriquecem-se de flúor. Se houver exploração destes aquíferos fraturados, é necessário controlar o teor de flúor para evitar problemas de saúde (fluorose), principalmente em crianças e idosos. 3. Associações Minerais: Associa-se a quartzo, feldspatos (potássicos e calco-sódicos) micas (biotita, muscovita), carbonatos (calcita, dolomita, rhodocrosita), sulfatos (barita, celestina), sulfetos (galena, esfalerita, pirita, calcopirita), scheelita, apatita, cassiterita (em greisens), topázio, turmalina e wolframita (em pegmatitos).

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FLUORITA – CaF2 A fluorita é um haloide bastante comum, um minério estratégico, essencial em siderurgia e metalurgia como fundente, na indústria química (fabricação de HF) e para muitas outras aplicações. A principal fonte da “fluorita grau metalúrgico” são os minérios sulfetados de chumbo e zinco com ganga de fluorita. Além disso, em função da grande diversidade de cores e de formas cúbicas combinadas que pode exibir, a fluorita tem enorme aceitação no mercado de minerais de coleção, alcançando preços elevadíssimos. Forma cristais de até 2 metros. Uma série de impurezas podem ocorrer, como Al, Fe, Mg, Cl e Terras Raras como Y, Ce, Eu, Sm e outros. Às vezes é fluorescente em verde, amarelo, violeta e outras cores sob luz UV; pode ser fosforescente, triboluminescente e termoluminescente. Epitaxias podem ocorrer com siderita (com [0001] da siderita paralelo à [111] da fluorita), com pirita (eixos de pirita e fluorita paralelos) e com quartzo. Há 10 variedades (com Y, com Sr, com Ce, etc.).

1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Cúbico hexaoctaédrico.

Qualquer uma, do incolor ao preto. Frequentemente

zonada.

Cubos, octaedros, formas combinadas, nodular, botrioidal, maciça, granular,

raramente colunar ou fibrosa.

{111} perfeita (octaédrica).

Tenacidade

Quebradiça.

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

Comuns em {111}, de interpenetração.

Subconchoidal a irregular.

4 Por {011}, de baixa qualidade.

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

Branco. Vítreo. Transparente. 3,12-3,18, 3,56 com ETRs

2. Geologia e depósitos:

Fluorita é um mineral acessório comum em rochas graníticas em geral e rochas associadas como greisens e pegmatitos. Também ocorre em carbonatitos, sienitos, sienitos nefelínicos, intrusões alcalinas e rochas ultrapotássicas. Pode ocorrer em mármores, quartzitos e outras rochas metamórficas.

Volumes econômicos ocorrem em veios hidrotermais mineralizados, de alta até baixa temperatura. Pode ser encontrado em cavidades de rochas sedimentares e como cimento em arenitos, também como depósitos de fontes quentes e em dolomitas biogênicas.

A ocorrência de fluorita em rochas graníticas é um problema porque as águas subterrâneas que circulam pelas fraturas dos maciços graníticas enriquecem-se de flúor. Se houver exploração destes aquíferos fraturados, é necessário controlar o teor de flúor para evitar problemas de saúde (fluorose), principalmente em crianças e idosos.

3. Associações Minerais:

Associa-se a quartzo, feldspatos (potássicos e calco-sódicos) micas (biotita, muscovita), carbonatos (calcita, dolomita, rhodocrosita), sulfatos (barita, celestina), sulfetos (galena, esfalerita, pirita, calcopirita), scheelita, apatita, cassiterita (em greisens), topázio, turmalina e wolframita (em pegmatitos).

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4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

Índices de refração: n = 1,433 – 1,448

ND Cor / pleocroísmo: incolor (colorida em seções espessas), raramente violeta pálido ou verde pálido. Pode estar zonada (bordas roxas, por exemplo) ou com manchas irregulares de cor. Em fluoritas roxas os halos coloridos ao redor de inclusões radioativas são típicos.

Relevo: médio (ou alto negativo, de acordo com outras fontes).

Clivagem: {111} (octaédrica – forma triângulos) perfeita. Clivagens se intersectam em ângulos de 70º e 110º, ou como 3 linhas se interceptando em ângulos de 60º e 120º. Se microcristalina não apresenta clivagem!

Hábitos: normalmente anédrica, raramente formas cúbicas. Granular, seções com 6 lados, como material intersticial entre minerais anteriormente formados.

NC Birrefringência e cores de interferência:

isótropa. Pode apresentar birrefringência anômala muito fraca, especialmente em cristais clivados, cortados ou pressionados. Esta birrefringência se distribui em lamelas paralelas a [001].

Extinção: isótropa.

Sinal de Elongação: isótropa.

Maclas: comuns, (111) (octaédricas), de penetração, difíceis de ver ao microscópio.

Zonação: frequentemente zonada, em porções (pontos, faixas, zonas).

LC Caráter: isótropa. Ângulo 2V: isótropa.

Alterações: não altera com facilidade, inclusive pode ser detrital (ocorre em areias).

Pode ser confundida com: pontos ou faixas roxas (zonação) devido a traços de urânio e thório são muito características. A isotropia, o relevo moderado, a zonação de cor e a clivagem perfeita são diagnósticas.

Veio horizontal preenchido por fluorita. À esquerda, a ND, observa-se o relevo moderado da fluorita contra o relevo baixo dos grãos de quartzo acima e abaixo do veio. À direita, a NC, a fluorita se apresenta isótropa (preta ao giro de 360º da platina). Alguns grãos tem esboços que tendem a euédricos.

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Veio preenchido por fluorita a ND (à esquerda) e a NC (à direita). Nesta ocorrência a clivagem da fluorita não é visível. A fluorita se apresenta com hábito granular e, a NC, é isótropa (preta ao giro de 360º).

Veio preenchido inicialmente com fluorita, que desenvolveu formas cúbicas, e posteriormente com outros minerais. Imagem a ND e com o diafragma fechado em mais de 60% para ressaltar o relevo mais alto da fluorita.

Cubo de fluorita a ND mostrando a clivagem cúbica típica da fluorita. Esta clivagem nem sempre é visível.

Zonação em cores violetas ou então cristais inteiramente violetas são comuns em fluorita. É uma característica importante, pois permite reconhecer a fluorita com facilidade, inclusive em campo. São cores violetas em vários tones, desde bem claro até quase preto. Acima, agregado granular de fluoritas a ND apresentando zonação em violeta, com as zonas tendendo a constituir formas arredondadas. À direita acima, detalhe desta zonação. Ao lado, cavidade preenchida inicialmente com fluorita apresentando zonação em azul/violeta na porção superior dos cristais. Imagem a ND.

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A ND, grãos de fluorita sem clivagem (à esquerda) e com clivagem bem desenvolvida (à direita). Na imagem da direita há algumas manchas roxas, que correspondem à zonação que a fluorita pode mostrar.

A NC, fluorita (isótropa) com clivagem octaédrica bem desenvolvida. Em cores claras, sericita e carbonato.

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5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:

A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a identificação da fluorita. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a identificação dos minerais opacos que ocorrem associados à fluorita.

Preparação da amostra: o polimento da fluorita é simples e fica de qualidade muito boa. A fluorita é um pouco mais dura que calcita; tem aproximadamente da mesma dureza da calcopirita.

ND Cor de reflexão: Cinza escuro, mais escuro que minerais formadores de rocha comuns.

Pleocroísmo: Não.

Refletividade: Muito baixa (4%). Birreflectância: Não.

NC Isotropia / Anisotropia: Isótropa.

Reflexões internas: Generalizadas, na cor macro do mineral, podem ser incolores, verdes, amarelas, azuis, violetas, rosa e outras.

Pode ser confundida com: Gipso é muito semelhante, mas é muito mais macio e sempre apresentará muitos sulcos de polimento. Zeolitas podem ser semelhantes, mas os hábitos são diferentes.

Clivagem octaédrica perfeita (em 3 direções) faz surgir figuras de arranque triangulares se a granulação da fluorita for grosseira e o polimento de qualidade inferior. Como acontece também na galena, agregados microscristalinos não mostram as figuras de arranque. Maclas não são observadas. Zonação de cor é muito comum.

Na diagonal, veio de fluorita com meio milímetro de espessura atravessando rocha granítica. A ND a fluorita é muito escura, muito mais escura que os silicatos da rocha. A NC a fluorita apresenta reflexões internas típicas em violeta. As cores laranja-rosa e branca na imagem são reflexões internas dos silicatos do granito, como quartzo e feldspatos.

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Versão de setembro de 2021

Nas imagens à esquerda, a ND, fluorita (cinza escura) com outros minerais (cinza claro). Nas imagens da direita, a NC, a fluorita apresenta suas reflexões internas em violeta/lilás/roxo e zonação de cor, que é uma feição muito típica da fluorita. A cor lilás também é muito conspícua macroscopicamente, permitindo reconhecer a fluorita em campo, mesmo em cristais ou revestimentos muito pequenos/finos.