Flusser

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Vilém Flusser elogio da superficialidade paoleb + flavia + gimena

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seminario caps III e IV o elogio da superficialidadehistoria da arte moderna e contemporâneappgav-eba-ufrj

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Vilém Flusser

elogio da superficialidadepaoleb + flavia + gimena

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considerações preliminares 1- superar a leitura que se fixa no modelo histórico proposto, o que reduziria a

compreensão do pensamento a uma linearidade histórica: mão-olho-dedo-ponta do dedo ou manipulacão-visão-teoria-cálculo ou 3D-2D-1D-0D ...

- lembrando a arqueologia do saber de foucault : há uma “ingenuidade em toda cronologia”. evitar um leitura triunfalista, progressista, teleológica - em suma : histórica, no sentido moderno. (se o próprio flusser nos situa nesta pós-história... Mas isto já é outra questão, não menos problemática, se pensarmos com latour que jamais fomos modernos...)

- há mais de uma indicação no texto de flusser de que o modelo histórico é uma ferramenta para estruturar o pensamento, agindo mais no sentido de uma genealogia do que no sentido de uma cronologia – os tempos coexistem, coabitam, se superpõe e interpõe.

- A citação de Demócrito é um ponto a se destacar nesta direção.

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demócrito – séc IV AC

“corpos e vazio” os atomistasdisputa entre plenistas e vacuístaspassagem do mito ao logosconsiderado o pai da ciência moderna – vai ser

retomado por Giordano Bruno – séc XVI – mais uma pista de que a questão do aparelho e da imagem técnica é a questão da modernidade

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considerações preliminares 2- Tomar o texto de flusser também em sua dimensão poética. Há uma singularidade

da escrita que demanda uma abordagem não apenas filosófica, mas também poética. Jogos de linguagem, que em alguns pontos obscurecem a compreensão.

- Tivemos problemas com alguns exemplos escolhidos pelo autor, que a nosso ver tiram o foco da parte mais radical e interessante da hipótese levantada por ele.

- Assumimos o aparelho e o programa em suas capilarizações, em suas redes de meta aparelhos e meta programas: não só o fotógrafo, mas a fábrica de câmeras, as leis que regulam o funcionamento destes sistemas, enfim as condições de possibilidade (mais uma vez foucault e seu conceito de práticas discursivas aqui auxilia) segundo o jogo do acaso e da necessidade.

- Assim vamos fazer a nossa leitura no sentido de puxar do texto as pistas que nos levam a caminhos que se cruzam com nossas pesquisas e leituras. E, através de nossa experiência, ultrapassar o programa imaginado por flusser

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pequeno retrospecto capítulo I abstrair

- A escalada da abstração – a abstração seria o dado primordial de nossa humanidade – transformar o mundo em circunstância, em cena, em contexto. Aqui o pensamento de Flusser se encontra com o pensamento de Heidegger – o passo atrás – Shritt Zurück – uma noção de recuar para aproximar. A noção de que a escalada de abstração nos afasta do mundo, mas no sentido de reconstruir este mundo em um segundo grau – através do cálculo. Este afastamento – cegueira, esquecimento, biombo – seria a própria técnica.

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pontilhismo

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pequeno retrospecto capítulo II concretizar

- Concretizar seria pois justamente o ato de re estruturar o mundo decomposto pela abstração.

- Se, ontologicamente, há um agir, e então um imaginar, e depois um conceituar, o novo imaginar de segundo grau também carrega consigo uma nova ação de segundo grau – nova implicação do corpo e da experiência é o que vamos postular.

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notas cap III tatear“Estamos longe de captar a nossa maneira de estar-no-mundo.” (Dasein)

“O homem é a medida de todas as coisas: (Protágoras) e a interessante observação de que, pelas “teclas” embaralhamos o micro, o macro e a escala humana.

O mundo digital é o mundo numérico. A matematização do mundo – a transformação do mundo em imagem (Heidegger). Matematização que passa pelos corpos – os híbridos.

Quando lemos “tecla” pensamos que a noção de cálculo é o que a atravessa. Seria menos uma ênfase nas pontas dos dedos, e mais uma relação com o mundo pelo cálculo. Quando pensamos na imagem técnica hoje, pensamos numa implicação de todo o corpo – imagens interativas, ambientes imersivos, meios híbridos, sinestesia. A ótica, sendo um paradigma da modernidade – o teatro do pensamento, o paradigma do espetáculo – sendo engolida pela háptica. (Deleuze)

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da óptica a háptica

“ali onde a visão é próxima, o espaço não é visual, ou melhor, o próprio olho tem uma função háptica e não óptica” – Deleuze e Guattari – Vol V Capitalismo e Esquizofrenia pg 205)

aproximação com o corpo – Bergson : “meu corpo é uma imagem que sinto” e com a fenomenologia de Merleau Ponty e a implosão dos pontos de vista. (monadologia Lebniziana e os compossíveis)

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deixando o paradigma da visão No mundo do cálculo, não se trata de opor verdadeiro a falso,

ou real a aparente, mas de pensar em termos de possível e provável, real e virtual. Em campos de probabilidade e jogo. Lembramos aqui a passagem do homo faber para o homo ludens proposta na filosofia da caixa preta.

As imagens são acidentes programados – o aspecto de “futurar” de tentar “prever” “controlar” a simulação das imagens sintéticas pretende “antecipar”. Programação das programações. Campo de possíveis de possibilidades - virtualidades.

Não vamos entrar no mérito da comparação entre chimpanzés, wordprocessors e dignidade humana. Vamos tomar a proposta no sentido do jogo entre acaso e necessidade – a biblioteca de borges

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A biblioteca de babel

texto de borgesuma biblioteca onde todos os

textos possiveis existissem...

jogo entre acaso e necessidade

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algumas dificuldades aqui“intenção” – ele levanta esta questão, mas evita entrar

no pântano filosóficoMac Luhan enganado? Em que sentido, não fica claro. Se

estamos falando das materialidades da comunicação – a forma que informa ?

oposição entre privado e público – simetria do programa ultrapassa esta categorias historicas

“interioridade” sempre com aspas, “transcendência” também. fazendo o elogio a superficialidade estas categorias só podem surgir através de visada crítica.

“futuro” – a propria ideia de futuro, não seria ela também histórica?

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a modernidade

Imaginação inimaginável antes da invenção dos aparelhos e das teclas

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notas cap IV i m a g i n a r No glossário da caixa preta:

Imagem – superfície significativa na qual as ideias se interrelacionam magicamenteAquiImagem - processos tornados visiveis – pg 53

Aqui:Imaginar - capacidade para concretizar o abstrato – pg 55

No glossário da caixa preta: Imaginação – capacidade de compor e decifrar imagens

Aqui:Imaginação 2 – capacidade de olhar o universo pontual de uma distância superficial a

fim de torná-lo concreto > emergência de novo nível de consciência (Selbstbewußt) – que viria pós-cálculo infinitesimal - um segundo nivel da imaginação

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notas cap IV i m a g i n a r

• problema da distância – é o problema do sujeito e do objeto

• o espectador e a imagem são figuras que tem o cogito cartesiano como modelo – o fantasma da máquina –

Descartes: o corpo é uma maquina assombrada pelo pensamento - o olho humano tomado como dispositivo de observação não seria um trompe l’oeil? Pg 52 >

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variação do manifesto dos kinoks

emancipar a câmara de filmar que se encontra oprimida por uma triste escravidão, sujeita a um olho humano imperfeito e míope.

(...)Eu sou o cine-olho. Eu sou o olho mecânico.Eu, máquina, mostro-vos o mundo como só eu posso vê-lo.Eu liberto-me, desde hoje e para sempre, da imobilidade

humana, eu estou em movimento contínuo, aproximo-me e afasto-me dos objectos, deslizo por baixo deles, trepo por cima deles, movo-me ao lado de um cavalo a correr, irrompo, em plena velocidade, na multidão.

(...)

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variação do manifesto dos kinoks

Aqui estou eu, aparelho, lanço-me seguindo a resultante, ziguezagueando no caos dos movimentos, fixando o movimento a partir do movimento saído das combinações mais complicadas. Liberto da norma das 16/17 imagens por segundo, liberto dos limites do espaço e do tempo, eu confronto entre eles todos os pontos do universo onde quer que eu os tenha fixado.

A minha vida é dirigida para a criação de uma nova visão do mundo. Deste modo, eu decifro, de uma nova maneira, um mundo que vos é desconhecido.

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No entanto...Elogio da superficialidade – elogio da extensão –

elogio da res extensa.pós-história / pós-modernidade

A comparação entre a mesa e a televisão não ajuda o argumento...

Primeiro porque A mesa também é um programa. Segundo porque a banalização é requerida por

ambas, em ordens distintas, mas parece que isso não vem ao caso.

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problemas

• Aqui transcender aparece sem aspas... Pg 57 Justamente porque Flusser opera com a categoria de consciência...

• o autômato – que roda o programa do aparelho• e o autônomo – que ultrapassa o aparelho• “o imaginador” e sua opacidade paradoxal – não

visível e não oculto – está na própria superficie – na própria matéria informada (hylé x morphé)

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imaginadores • Considerando que há sempre um meta programa para

cada programa que exista, num emaranhado que produz a superfície

• Lembrando mais uma vez da filosofia da caixa preta que fala não somente do aparelho fotográfico mas do aparelho das fábricas de aparelhos, e dos mercados que regem as praticas das fábricas, e das relações de poder, as leis, a política, as estruturas, as meta estruturas, as condições de possibilidade – assim entendemos a “liberdade relativa” de todos.

• Compreendemos os “imaginadores” não como sujeitos, mas como cadeia de programas que determinam – e procuram controlar e determinar – acidentes programados.

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agigantar x miniaturizar

Música de Câmera – a câmera miniaturiza – Ainda que busque a multiplicação de pontos de vista: a própria ideia de ponto de vista é uma questão moderna / histórica

Input e output > “Nivel ontológico no qual a Consciência do imaginador e minha se assentam”: aqui talvez além do a priori histórico, pudesse ajudar Parama Purusa – a Consciência Suprema - ele falará do orientalismo mais a frente.

• O clima espectral de nosso mundo – simulacro baudrillard ; caverna de platão

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bergson cap I matière et mémoire

“Je vois bien comme les images extérieures influent sur l'image que j'appelle mon corps ”

corpo-imagem“J’interroge ma conscience”

Conscience (Selbstbewußt)

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o corpo e a experiência

• Aqui na pagina 60 ele fala de ter experiências concretas e agir concretamente – de segundo grau – a experiência e o corpo – aqui achamos o mais interessante: a possibilidade de superar atravessar o programa e não ser capturado “dentro” dele

• Nova definição de imaginar: fazer com que aparelhos munidos de teclas computem os elementos pontuais do universo para formarem imagens ... pg 60

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conclusão• Categorias históricas que não dão mais conta

nesta nova episteme: verdadeiro falso ; dado e feito; autêntico e artificial, “real e aparente”, público e privado

• A ciencia e a tecnica CONSTRUÍRAM e destruiram este mundo

• Ciencia e tecnica como veus de maya – maya é ilusão – camada mental do intelecto/bodhi mais afastado da consciência suprema do que a camada da intuição/budhi

• Resposta ao nada : rumo a morte termal