foi vítima de até a casa dela e anunciaram o assalto. O ...

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[email protected] Tel.: 3216-1071 Idoso é dado como morto O agricultor Raimundo Pinheiro dos Santos foi vítima de estelionato e dado como morto pelo INSS. Página 7. Dupla presa após "saidinha" Ricardo Vidigal e Rafael Ferreira seguiram uma vítima até a casa dela e anunciaram o assalto. Página 8. Roubo de .40 sobe 50% E ste ano, mais de 70 inqué- ritos policiais militares foram instaurados no Mi- nistério Público do Estado para apurar o extravio, furto ou roubo de pistolas de calibre ponto 40 que pertenciam a po- liciais militares em todo o Pa- rá, segundo a Procuradoria de Justiça Militar. Esse armamen- to é de uso restrito das forças policiais e tem a comercializa- ção controlada pelo Exército, no Brasil. No entanto, tem sido cada vez mais comum a práti- ca de crimes com o emprego desse calibre, inclusive na Re- gião Metropolitana de Belém, tais como execuções, seques- tros e assaltos com refém. De acordo com a procuradoria, es- te ano, o número de policiais que teve essa arma extraviada cresceu em mais de 50% em relação ao ano passado. Todos os 18.700 policiais que atuam no Pará, sendo 2.700 policias civis e 16 mil PMs, possuem esse tipo de pis- tola, fornecido pelo governo do Estado. Especialistas explicam que a ponto 40 tem maior po- der de fogo e, por isso, desperta a cobiça dos criminosos, inclu- CLÁUDIO PINHEIRO / O LIBERAL Militar que perde a arma responde por peculato BELÉM, SÁBADO, 23 DE ABRIL DE 2016 A pistola ponto 40 é a mais visada pelos criminosos, que matam policiais militares para roubá-las No Estado do Pará, quase 19 mil policiais usam este tipo de arma em serviço Todo PM que tem a arma furtada ou perdida responde por inquérito policial militar pelo crime de peculato cul- poso, por se tratar de um pa- trimônio público perdido por motivo de negligência. O crime de peculato culposo só não é aplicado em caso de assalto. “Hoje, a cada dez inquéritos policiais militares que analiso, três ou quatro, em média, tra- tam de perda da arma ponto 40”, diz o promotor. O MPE já expediu recomen- dação para que os militares atentem às orientações dos comandantes quanto à maior atenção com as armas. Inclu- sive, dentre as recomendações recentes expedidas pela PM do Pará, estão a atenção redrobra- da e a proibição do uso do What- sapp no horário do expediente para evitar distrações que pos- sam fragilizar a segurança dos policiais na possível abordagem de um ladrão de armas. “Os bandidos aproveitam esses deslizes para roubar ou furtar as armas. Esses casos ocorrem no estado inteiro. É preciso que os policiais sigam atentamente as ordens do co- mando para adotar medidas de proteção, evitar ir para festa e in- gerir bebida armados, guardem sempre em local seguro dentro de casa quando forem sair”, re- comenda o promotor de justiça. “Não se deve ir a um local de en- tretenimento com arma. Eu en- tro armado em quase todos os lugares que vou, mesmo assim, procuro ambientes seguros, on- de haja outros policiais. Ser po- licial é ter que evitar um monte de situações”, afirma o delegado Pery Netto, diretor da Seccional Urbana da Marambaia. O diretor da Delegacia de Crimes Funcionais da Polícia Civil, delegado Orivaldo Barreto, também confirma que policiais civis tiveram a ponto 40 furta- da ou roubada este ano, porém, não pôde adiantar números. Este ano, foi registrado pelo me- A pistola ponto 40 foi de- senvolvida no laboratório do FBI, na década de 80 porque os policiais precisavam de um ar- mamento que não transfixasse uma pessoa, como o calibre 9 milímetros, que pode atingir outra pessoa próxima ao alvo. Essa capacidade é conhecida como “poder de parada” ou “stop power”, conforme ex- plicou um estudioso do tema. Além disso, a munição dela é achatada com o objetivo de derrubar o oponente no chão. Enquanto o revólver de calibre 38 tem capacidade para car- regar seis projéteis ao mesmo tempo, geralmente, os mode- los mais comuns de ponto 40 possuem um carregador com capacidade para 15 projéteis e mais um projétil no cano. “A ponto 40 é muito cobi- çada pelos meliantes. Eles não querem mais o calibre 38”, fa- lou o promotor Armando Bra- sil. O delegado Pery confirma que o poder de letalidade da ponto 40 é superior e avalia que, por ser de uso restrito da polícia, o uso dessa arma por bandidos traz algum “status”. “Entre as armas de uso pesso- al, esse calibre é o melhor.” O uso restrito da pistola ponto 40 se estende aos agen- tes das Polícias Federal e Ro- doviária Federal e das forças armadas, além dos magistra- dos e membros do Ministério Público, que tiveram o direito ao uso particular, ou seja, para a autodefesa, autorizado pelo Exército há cerca de dez anos. A autorização para o uso des- sa arma depende de exame psicotécnico e cursos de tiro com psicólogos e instrutores credenciados pelo Exército. Não é permitido o uso da pon- to 40 por guardas municipais e seguranças particulares. Uma pistola ponto 40, de- pendendo do modelo, pode custar R$ 3,5 mil. Como não é vendida em lojas, mas somente diretamente nas fábricas e por intermédio do Exército, a única maneira de se conseguir uma arma dessas é através de um agente de segurança pública. Ainda, o intenso rigor no con- trole da comercialização legal amplia a valorização dessas armas no mercado negro. Há casos de criminosos que alu- gam essa arma para terceiros praticarem assaltos. ARMA PADRÃO As Polícias Militar e Civil utilizam a pistola ponto 40 desde o início dos anos 2000 como arma padrão, medida re- forçada com o decreto federal que regulamentou as chama- das armas de uso permitido e as armas de uso restrito. As atuações das polícias foram adequadas com a substituição paulatina do antigo revolver calibre 38. A aquisição dos kits de se- gurança para policiais civis e militares do Estado foi signifi- cativo, pois já não tinham que deixar suas armas no local de trabalho ao final do dia. O kit é composto de pistola e o colete, ambos de uso pessoal. Os quase 16 mil policiais mili- tares e os 2.700 policiais civis possuem esse kit. Pouco mais de R$ 2 mil é o custo de cada pistola para a Segup. Na formação dos policiais, durante as instruções operacio- nais e em diversos treinamen- tos de rotina e especiais, a PM repassa técnicas específicas à preservação da integridade dos agentes. Nesse sentido e, mais recentemente, tem orientado os militares quanto ao uso ade- quado do celular e das redes sociais em horário de serviço. Para criminosos, a ponto 40 representa “status” Número de policiais militares que tiveram sua pistola ponto 40 extraviada cresceu mais de 50% em comparação com o ano passado, de acordo com a Procuradoria de Justiça Militar do Pará nos um caso de policial civil que teve a arma furtada ao estacio- nar o carro para comer em um estabelecimento comercial. Ele deixou a arma guardada dentro do automóvel e, quando voltou, encontrou o veículo arrombado e a pistola tinha sido levada. “Tem casos de policiais sendo abordados por conta da arma. Os bandidos estão mais audaciosos. Estamos observan- do esse fenômeno, nos últimos meses, de bandidos atentarem contra policiais para tomarem o seu armamento. É preciso restabelecer o respeito (aos policiais). A tendência é a gente ficar mais vulnerável”, defen- de o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos da Polícia Civil (Sindpol), Pablo Farah. O Sindpol, preocupado com a fragilização dos policiais civis devido ao baixo efetivo, anun- ciou o envio para o Conselho Superior de Segurança Pública do Pará (Consep) para que seja estabelecido que os policiais passem a trabalhar em quanti- dade mínima de três policiais na mesma viatura, assim como os militares. “A nossa luta é pa- ra que não deixem que apenas um policial civil fique tomando conta de uma delegacia, sozi- nho, como ocorreu em 2014, quando o policial José Haroldo Pereira da Silva foi morto ao ter a delegacia invadida por bandi- dos, em Portel, no Marajó.” “Não foram muitos casos (de armas roubadas ou furtadas) se compararmos o efetivo da Polí- cia Civil, que é bem menor em relação ao de militares”, avalia o delegado da Decrif. Já o dele- gado Pery Netto, diretor da Sec- cional Urbana da Marambaia, complementa que no caso dos militares existe o agravante da maioria residir em áreas perifé- ricas, onde também moram os criminosos. “A vulnerabilidade social dos militares é maior. Eles moram em áreas de risco. São conhecidos e se tornam al- vo mais facilmente”. sive, a ponto de tirar a vida de policiais para obtê-las. “A fon- te dessa arma (nas mãos dos criminosos) é o policial. A ne- gligência dos policiais tem ali- mentado esse mercado negro”, afirma o promotor de justiça militar Armando Brasil. Recentemente, o governo do estado forneceu o kit segu- rança aos militares, contendo uma pistola ponto 40 e um colete à prova de balas, pois mesmo no horário de folga, eles são obrigados a intervir numa situação de violência. “Às vezes, não se tem cuidado com a arma. O policial deixa a arma no carro para ir jogar bo- la ou ir à piscina e o meliante arromba o veículo para furtar a arma, ou ainda, o criminoso já sabe onde o policial reside e invade a residência dele para levar a arma. Também temos os casos em que os policiais são abordados em assalto mesmo. Num caso recente, um policial conheceu duas mulhe- res numa festa e saiu com elas para o motel, mas foi dopado com uma droga conhecida por ‘Rupinol’ ou ‘Boa noite, Cinde- rela’, apenas para ter a arma roubada. É muito comum o po- licial ir para a festa, consumir bebida alcoólica e ter a arma roubada”, diz o promotor. No ano passado, 27 poli- ciais militares foram assas- sinados e, em quase todos os casos, eles tiveram a arma roubada, aponta o promotor de justiça. “A ponto 40 é muito cobiçada pelos meliantes. Eles têm que matar o policial para tomar essa arma”. No entanto, o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Estado do Pará, cabo Francisco Xavier, avalia que a principal causa dos homicídios de militares não tem a arma como motivo, mas sim “a falta de compro- metimento da Secretaria de Segurança Pública (Segup) com a categoria, que favorece o au- mento da criminalidade”. Este ano, cinco policiais militares foram assassinados. “A maio- ria (dos PMs mortos) não teve a arma levada, foi por causa de reação a assalto em horário de folga e em confronto com ban- didos”, diz o cabo Xavier. Criminalidade CASOS EM QUE BANDIDOS USARAM A PONTO 40 Î 05/04/2016 Um universitário foi feito de refém por dois homens armados com uma pistola ponto 40. A víti- ma foi sequestrada quando esta- cionava o Duster branco próximo à Praça do Jaú, mas o carro foi logo interceptado e perseguido por policiais militares. Na fuga, um dos acusados, que estava ao volante, subiu o canteiro central da Avenida Doutor Freitas pró- ximo à Avenida Pedro Miranda, onde o automóvel ficou preso e foi cercado. Após duas horas de negociação, Leandro Aleixo Mon- teiro e Rafael Silva Belém, ambos de 25 anos, se entregaram. Am- bos eram foragidos do Sistema Penal. Ninguém foi ferido. Î 07/03/2016 Os vigilantes Armando Francisco da Silva, de 68 anos, e Clerson Neris Pereira, de 20 anos, foram assassinados a tiros quando es- tavam trabalhando, no Conjunto Verdejante II, em Ananindeua. Eles foram mortos com tiros de escopeta de calibre 12 e de pisto- las de calibre ponto 40, que seria de uso exclusivo de policiais. Î 01/02/2016 O foragido da justiça Edgar Correa Moura, de 30 anos, mais conhecido como “Macaco”, sus- peito de latrocínio e assaltos, foi preso com uma pistola ponto 40, quando participava de um bloco de carnaval, no bairro da Pedrei- ra. Ele foi acusado de participar da modalidade de assalto mais conhecida como “saidinha”, em dezembro passado, que resultou na morte de uma mulher que havia acabado de fazer um saque para a firma em que trabalhava, numa agência bancária do En- troncamento, em Belém. Î 02/02/2016 Dois homens foram presos, acu- sados de roubar a renda de um caminhão de uma distribuidora de água mineral, quando as víti- mas faziam entregas, na Travessa Nove de Janeiro com a Rua Diogo Móia, no bairro do Umarizal. O motorista do caminhão foi amea- çado com uma pistola ponto 40. Os bandidos roubaram R$ 1.230, mas foram presos na fuga, por policiais militares, que não recu- peraram o dinheiro roubado. Î 07/12/2016 Um homem não identificado foi morto com seis tiros numa parada de ônibus da Rodovia Arthur Ber- nardes com a Rua Haroldo Veloso, no bairro do Tapanã. Informações colhidas junto a moradores da área dão conta de que desconhecidos que estavam dentro de um automó- vel não identiticado efetuaram dis- paros contra a vítima, que sofreu morte instantânea e, em seguida, fugiram. A equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves recolheu cápsulas de projéteis de calibre ponto 40 no local do crime. Î 06/11/2016 O mototaxista Wellinton Júnior Silva e Silva, de 24 anos, foi mor- to a tiros por dois homens numa motocicleta, no bairro da Caba- nagem. Familiares não têm ideia de quem possa tê-lo assassinado. Após uma cápsula de pistola ponto 40 ter sido encontrada no local do crime, especulava-se a atuação de milicianos. A vítima era dependente química e tinha sido recém liberada do presídio onde cumpria pena por tráfico de drogas, segundo a polícia. Î 03/11/2015 Um homem foi executado com cerca de quatro tiros no rosto, na Passagem Maria da Glória, no bairro São João do Outeiro, na ilha do Outeiro. Quatro homens encapuzados chegaram ao local num carro de cor prata e sem pla- ca e, armados, ordenaram que os moradores que estivessem pela rua entrassem nas casas e, em seguida, ordenaram que a vítima, Waldemar Ferreira do Nasci- mento, 36 anos, mais conhecida pelo apelido de “Tio”, deitasse no chão, antes de se ouvirem os disparos de arma de fogo. Os assassinos fugiram sem serem identificados. Ao lado do cadáver foram encontrados cartuchos de arma de fogo de calibre ponto 40. OLIBERAL ENIZE VIDIGAL Da Redação

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[email protected] Tel.: 3216-1071

Idoso é dado como mortoO agricultor Raimundo Pinheiro dos Santos foi vítima de estelionato e dado como morto pelo INSS. Página 7.

Dupla presa após "saidinha"Ricardo Vidigal e Rafael Ferreira seguiram uma vítima até a casa dela e anunciaram o assalto. Página 8.

Roubo de .40 sobe 50%

Este ano, mais de 70 inqué-ritos policiais militares foram instaurados no Mi-nistério Público do Estado

para apurar o extravio, furto ou roubo de pistolas de calibre ponto 40 que pertenciam a po-liciais militares em todo o Pa-rá, segundo a Procuradoria de Justiça Militar. Esse armamen-to é de uso restrito das forças policiais e tem a comercializa-ção controlada pelo Exército, no Brasil. No entanto, tem sido cada vez mais comum a práti-ca de crimes com o emprego desse calibre, inclusive na Re-gião Metropolitana de Belém, tais como execuções, seques-tros e assaltos com refém. De acordo com a procuradoria, es-te ano, o número de policiais que teve essa arma extraviada cresceu em mais de 50% em relação ao ano passado.

Todos os 18.700 policiais que atuam no Pará, sendo 2.700 policias civis e 16 mil PMs, possuem esse tipo de pis-tola, fornecido pelo governo do Estado. Especialistas explicam que a ponto 40 tem maior po-der de fogo e, por isso, desperta a cobiça dos criminosos, inclu-

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Militar que perde a arma responde por peculato

BELÉM, SÁBADO, 23 DE ABRIL DE 2016

A pistola ponto 40 é a mais visada pelos criminosos, que matam policiais militares para roubá-las

No Estado do Pará, quase 19 mil policiais usam este tipo de arma em serviço

Todo PM que tem a arma furtada ou perdida responde por inquérito policial militar pelo crime de peculato cul-poso, por se tratar de um pa-trimônio público perdido por motivo de negligência. O crime de peculato culposo só não é aplicado em caso de assalto. “Hoje, a cada dez inquéritos policiais militares que analiso, três ou quatro, em média, tra-tam de perda da arma ponto 40”, diz o promotor.

O MPE já expediu recomen-dação para que os militares atentem às orientações dos comandantes quanto à maior atenção com as armas. Inclu-sive, dentre as recomendações recentes expedidas pela PM do Pará, estão a atenção redrobra-da e a proibição do uso do What-sapp no horário do expediente para evitar distrações que pos-sam fragilizar a segurança dos policiais na possível abordagem de um ladrão de armas.

“Os bandidos aproveitam

esses deslizes para roubar ou furtar as armas. Esses casos ocorrem no estado inteiro. É preciso que os policiais sigam atentamente as ordens do co-mando para adotar medidas de proteção, evitar ir para festa e in-gerir bebida armados, guardem sempre em local seguro dentro de casa quando forem sair”, re-comenda o promotor de justiça. “Não se deve ir a um local de en-tretenimento com arma. Eu en-tro armado em quase todos os lugares que vou, mesmo assim, procuro ambientes seguros, on-de haja outros policiais. Ser po-licial é ter que evitar um monte de situações”, afirma o delegado Pery Netto, diretor da Seccional Urbana da Marambaia.

O diretor da Delegacia de Crimes Funcionais da Polícia Civil, delegado Orivaldo Barreto, também confirma que policiais civis tiveram a ponto 40 furta-da ou roubada este ano, porém, não pôde adiantar números. Este ano, foi registrado pelo me-

A pistola ponto 40 foi de-senvolvida no laboratório do FBI, na década de 80 porque os policiais precisavam de um ar-mamento que não transfixasse uma pessoa, como o calibre 9 milímetros, que pode atingir outra pessoa próxima ao alvo. Essa capacidade é conhecida como “poder de parada” ou “stop power”, conforme ex-plicou um estudioso do tema. Além disso, a munição dela é achatada com o objetivo de derrubar o oponente no chão. Enquanto o revólver de calibre 38 tem capacidade para car-regar seis projéteis ao mesmo tempo, geralmente, os mode-los mais comuns de ponto 40 possuem um carregador com capacidade para 15 projéteis e mais um projétil no cano.

“A ponto 40 é muito cobi-çada pelos meliantes. Eles não querem mais o calibre 38”, fa-lou o promotor Armando Bra-

sil. O delegado Pery confirma que o poder de letalidade da ponto 40 é superior e avalia que, por ser de uso restrito da polícia, o uso dessa arma por bandidos traz algum “status”. “Entre as armas de uso pesso-al, esse calibre é o melhor.”

O uso restrito da pistola ponto 40 se estende aos agen-tes das Polícias Federal e Ro-doviária Federal e das forças armadas, além dos magistra-dos e membros do Ministério Público, que tiveram o direito ao uso particular, ou seja, para a autodefesa, autorizado pelo Exército há cerca de dez anos. A autorização para o uso des-sa arma depende de exame psicotécnico e cursos de tiro com psicólogos e instrutores credenciados pelo Exército. Não é permitido o uso da pon-to 40 por guardas municipais e seguranças particulares.

Uma pistola ponto 40, de-

pendendo do modelo, pode custar R$ 3,5 mil. Como não é vendida em lojas, mas somente diretamente nas fábricas e por intermédio do Exército, a única maneira de se conseguir uma arma dessas é através de um agente de segurança pública. Ainda, o intenso rigor no con-trole da comercialização legal amplia a valorização dessas armas no mercado negro. Há casos de criminosos que alu-gam essa arma para terceiros praticarem assaltos.

ARMA PADRÃO

As Polícias Militar e Civil utilizam a pistola ponto 40 desde o início dos anos 2000 como arma padrão, medida re-forçada com o decreto federal que regulamentou as chama-das armas de uso permitido e as armas de uso restrito. As atuações das polícias foram

adequadas com a substituição paulatina do antigo revolver calibre 38.

A aquisição dos kits de se-gurança para policiais civis e militares do Estado foi signifi-cativo, pois já não tinham que deixar suas armas no local de trabalho ao final do dia. O kit é composto de pistola e o colete, ambos de uso pessoal. Os quase 16 mil policiais mili-tares e os 2.700 policiais civis possuem esse kit. Pouco mais de R$ 2 mil é o custo de cada pistola para a Segup.

Na formação dos policiais, durante as instruções operacio-nais e em diversos treinamen-tos de rotina e especiais, a PM repassa técnicas específicas à preservação da integridade dos agentes. Nesse sentido e, mais recentemente, tem orientado os militares quanto ao uso ade-quado do celular e das redes sociais em horário de serviço.

Para criminosos, a ponto 40 representa “status”

Número de policiais militares que tiveram sua pistola ponto 40 extraviada cresceu mais de 50% em comparação com o ano passado, de acordo com a Procuradoria de Justiça Militar do Pará

nos um caso de policial civil que teve a arma furtada ao estacio-nar o carro para comer em um estabelecimento comercial. Ele deixou a arma guardada dentro do automóvel e, quando voltou, encontrou o veículo arrombado e a pistola tinha sido levada.

“Tem casos de policiais sendo abordados por conta da arma. Os bandidos estão mais audaciosos. Estamos observan-do esse fenômeno, nos últimos meses, de bandidos atentarem contra policiais para tomarem o seu armamento. É preciso restabelecer o respeito (aos policiais). A tendência é a gente ficar mais vulnerável”, defen-de o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos da Polícia Civil (Sindpol), Pablo Farah. O Sindpol, preocupado com a fragilização dos policiais civis devido ao baixo efetivo, anun-ciou o envio para o Conselho Superior de Segurança Pública do Pará (Consep) para que seja estabelecido que os policiais

passem a trabalhar em quanti-dade mínima de três policiais na mesma viatura, assim como os militares. “A nossa luta é pa-ra que não deixem que apenas um policial civil fique tomando conta de uma delegacia, sozi-nho, como ocorreu em 2014, quando o policial José Haroldo Pereira da Silva foi morto ao ter a delegacia invadida por bandi-dos, em Portel, no Marajó.”

“Não foram muitos casos (de armas roubadas ou furtadas) se compararmos o efetivo da Polí-cia Civil, que é bem menor em relação ao de militares”, avalia o delegado da Decrif. Já o dele-gado Pery Netto, diretor da Sec-cional Urbana da Marambaia, complementa que no caso dos militares existe o agravante da maioria residir em áreas perifé-ricas, onde também moram os criminosos. “A vulnerabilidade social dos militares é maior. Eles moram em áreas de risco. São conhecidos e se tornam al-vo mais facilmente”.

sive, a ponto de tirar a vida de policiais para obtê-las. “A fon-te dessa arma (nas mãos dos criminosos) é o policial. A ne-gligência dos policiais tem ali-mentado esse mercado negro”, afirma o promotor de justiça militar Armando Brasil.

Recentemente, o governo

do estado forneceu o kit segu-rança aos militares, contendo uma pistola ponto 40 e um colete à prova de balas, pois mesmo no horário de folga, eles são obrigados a intervir numa situação de violência. “Às vezes, não se tem cuidado com a arma. O policial deixa a

arma no carro para ir jogar bo-la ou ir à piscina e o meliante arromba o veículo para furtar a arma, ou ainda, o criminoso já sabe onde o policial reside e invade a residência dele para levar a arma. Também temos os casos em que os policiais são abordados em assalto

mesmo. Num caso recente, um policial conheceu duas mulhe-res numa festa e saiu com elas para o motel, mas foi dopado com uma droga conhecida por ‘Rupinol’ ou ‘Boa noite, Cinde-rela’, apenas para ter a arma roubada. É muito comum o po-licial ir para a festa, consumir

bebida alcoólica e ter a arma roubada”, diz o promotor.

No ano passado, 27 poli-ciais militares foram assas-sinados e, em quase todos os casos, eles tiveram a arma roubada, aponta o promotor de justiça. “A ponto 40 é muito cobiçada pelos meliantes. Eles têm que matar o policial para tomar essa arma”. No entanto, o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Estado do Pará, cabo Francisco Xavier, avalia que a principal causa dos homicídios de militares não tem a arma como motivo, mas sim “a falta de compro-metimento da Secretaria de Segurança Pública (Segup) com a categoria, que favorece o au-mento da criminalidade”. Este ano, cinco policiais militares foram assassinados. “A maio-ria (dos PMs mortos) não teve a arma levada, foi por causa de reação a assalto em horário de folga e em confronto com ban-didos”, diz o cabo Xavier.

CriminalidadeCASOS EM QUE BANDIDOS USARAM A PONTO 40

05/04/2016 Um universitário foi feito de refém por dois homens armados com uma pistola ponto 40. A víti-ma foi sequestrada quando esta-cionava o Duster branco próximo à Praça do Jaú, mas o carro foi logo interceptado e perseguido por policiais militares. Na fuga, um dos acusados, que estava ao volante, subiu o canteiro central da Avenida Doutor Freitas pró-ximo à Avenida Pedro Miranda, onde o automóvel ficou preso e foi cercado. Após duas horas de negociação, Leandro Aleixo Mon-teiro e Rafael Silva Belém, ambos de 25 anos, se entregaram. Am-bos eram foragidos do Sistema Penal. Ninguém foi ferido.

07/03/2016 Os vigilantes Armando Francisco da Silva, de 68 anos, e Clerson Neris Pereira, de 20 anos, foram assassinados a tiros quando es-tavam trabalhando, no Conjunto Verdejante II, em Ananindeua. Eles foram mortos com tiros de escopeta de calibre 12 e de pisto-las de calibre ponto 40, que seria de uso exclusivo de policiais.

01/02/2016 O foragido da justiça Edgar Correa Moura, de 30 anos, mais conhecido como “Macaco”, sus-peito de latrocínio e assaltos, foi preso com uma pistola ponto 40, quando participava de um bloco de carnaval, no bairro da Pedrei-ra. Ele foi acusado de participar da modalidade de assalto mais conhecida como “saidinha”, em dezembro passado, que resultou na morte de uma mulher que havia acabado de fazer um saque para a firma em que trabalhava, numa agência bancária do En-troncamento, em Belém.

02/02/2016 Dois homens foram presos, acu-sados de roubar a renda de um caminhão de uma distribuidora de água mineral, quando as víti-mas faziam entregas, na Travessa Nove de Janeiro com a Rua Diogo Móia, no bairro do Umarizal. O motorista do caminhão foi amea-

çado com uma pistola ponto 40. Os bandidos roubaram R$ 1.230, mas foram presos na fuga, por policiais militares, que não recu-peraram o dinheiro roubado.

07/12/2016Um homem não identificado foi morto com seis tiros numa parada de ônibus da Rodovia Arthur Ber-nardes com a Rua Haroldo Veloso, no bairro do Tapanã. Informações colhidas junto a moradores da área dão conta de que desconhecidos que estavam dentro de um automó-vel não identiticado efetuaram dis-paros contra a vítima, que sofreu morte instantânea e, em seguida, fugiram. A equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves recolheu cápsulas de projéteis de calibre ponto 40 no local do crime.

06/11/2016 O mototaxista Wellinton Júnior Silva e Silva, de 24 anos, foi mor-to a tiros por dois homens numa motocicleta, no bairro da Caba-nagem. Familiares não têm ideia de quem possa tê-lo assassinado. Após uma cápsula de pistola ponto 40 ter sido encontrada no local do crime, especulava-se a atuação de milicianos. A vítima era dependente química e tinha sido recém liberada do presídio onde cumpria pena por tráfico de drogas, segundo a polícia.

03/11/2015 Um homem foi executado com cerca de quatro tiros no rosto, na Passagem Maria da Glória, no bairro São João do Outeiro, na ilha do Outeiro. Quatro homens encapuzados chegaram ao local num carro de cor prata e sem pla-ca e, armados, ordenaram que os moradores que estivessem pela rua entrassem nas casas e, em seguida, ordenaram que a vítima, Waldemar Ferreira do Nasci-mento, 36 anos, mais conhecida pelo apelido de “Tio”, deitasse no chão, antes de se ouvirem os disparos de arma de fogo. Os assassinos fugiram sem serem identificados. Ao lado do cadáver foram encontrados cartuchos de arma de fogo de calibre ponto 40.

O LIBERAL

ENIZE VIDIGALDa Redação

O LIBERAL

CIDADES Assaltantes presos após saidinha bancária. Página 8.

O LIBERAL POLÍCIA 7BELÉM, SÁBADO, 23 DE ABRIL DE 2016

Após suportar dez anos de violência do marido, Deu-silene da Silva Cardoso, de

34 anos, denunciou Valdomiro Baía Cordeiro, de 45 anos, na manhã de ontem, na Seccional da Cidade Nova, em Ananin-deua. Ele chegou bêbado em casa, a ofendeu e fez ameaças antes de aplicar um soco no rosto da mulher. Assustada e ferida, ela decidiu ligar para o 190 e a Polícia Militar prendeu o agressor. O casal tem um fi-lho de seis anos, que também sofria violência doméstica. A mulher está em tratamento de uma neuropatia que quase a deixou sem movimentos.

Com medo, mas também aliviada, Deusilene disse que não entendeu os motivos de até ontem não ter denunciado o marido. “Eu amava. Achava que ia mudar, mas não muda-va. Só piorava. Quando fiquei doente, em agosto do ano pas-sado, comecei a usar vários remédios no tratamento. Fi-quei mais fraca e ele começou

Mulher suporta dez anos de agressõesFLAGRANTESoco no rosto foi a gota d'água para a vítima acionar a Polícia Militar

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Deusilene teve doença agravada pelos maus-tratos do homem que ela amava

Idoso vítima de estelionato é dado como mortoO agricultor Raimundo

Pinheiro dos Santos, de 72 anos, é dado como morto pela Previdência Social desde 2007. Ele está doente, precisa de di-nheiro e está lutando, desde o ano passado, para conseguir a aposentadoria que um desco-nhecido disse que facilitaria, ainda em 2007. Raimundo e os dois amigos afirmam que há três contas fraudulentas nas agências da Previdência Social de Benevides, Icoaraci e Belém (Nazaré). Maria de Lourdes D. Pinheiro foi identificada como esposa beneficiária. Raimun-do nunca foi casado.

Raimundo conheceu o su-posto facilitador da aposenta-doria nas primeiras tentativas de se aposentar quando estava começando a adoecer e tendo dificuldades de trabalhar. Mas pela lentidão do processo e por ele ser analfabeto, foi alvo fácil do fraudador. Eliel da Conceição Raiol e Márcio Santos são nasci-dos e criados no bairro Caraua-ru, em Mosqueiro, assim como Raimundo. Como o conhecem desde crianças, os dois decidi-ram ajudar o idoso e acabaram descobrindo o golpe.

“Fomos procurar nas agên-cias e fomos maltratados, com descaso. Nem quiseram aju-dar direito. Só um servidor

a me tratar mal e dizer que só estava viva por causa dele e que deveria agradecer. Vivia me ameaçando, ameaçando minha mãe... passava às vezes dois, três dias longe de casa... não dá mais. Não tem mais amor nenhum”, desabafou.

O sargento Pereira e o solda-do Cristiano, do 29º Batalhão de Polícia Militar, atenderam ao chamado rapidamente e captu-raram Valdomiro. “Estava bê-

bado e não resistiu. Nem tinha como e nem podia. Confessou que tinha batido nela e o trou-xemos para a seccional”, disse o sargento. A delegada Merian

Nazaré Nunes Sabbá autuou Valdomiro por lesão corporal e ameaça, com base na lei Maria da Penha. Ele está preso.

“Todas as mulheres devem denunciar. Quanto mais fica-mos caladas, mais sofremos. Claro que estou com medo de ele sair e vir atrás de mim. Por isso vou pedir proteção. Mas não dava mais para suportar. Deveria ter denunciado antes”, concluiu Deusilene.

Filho de seis anos do casal era vítima e testemunha da violência paterna

Aposentada pede ajuda e perde mais de R$ 2 mil

Uma idosa de 65 anos foi ví-tima de um golpe ao pedir aju-da para sacar dinheiro da apo-sentadoria em um caixa eletrô-nico de uma agência bancária de Santarém, no oeste do Pará. A vítima, Francinete Pedroso, conta que pediu ajuda de um estranho para realizar o saque do mês de março e no mês de abril descobriu que foi enga-nada ao dar a senha e o cartão para um homem que teria aju-dado a realizar o saque.

Francinete informou que

no dia em que pediu ajuda, o homem fez todo o procedi-mento no caixa de autoatendi-mento e inclusive teve acesso à senha do cartão. Ela relata ain-da que após o homem realizar o saque, recebeu o dinheiro, o cartão e foi embora para casa. Ao tentar receber a aposenta-doria deste mês, a aposentada teve uma surpresa desagradá-vel: descobriu que o cartão da agência não era o dela.

Ao procurar ajuda de fun-cionários do banco, a aposen-tada teve outra supresa. O ho-mem havia dado outro cartão para ela, ficou com o original e possivelmente gravou a senha de acesso a conta.

O homem fez uma série de transações, como saque e transferência, possivelmente

da conta de outras vítimas. O suspeito ainda usou o cartão pra fazer compras e o prejuízo para a aposentada foi superior a R$ 2 mil.

A idosa resolveu procurar a polícia para denunciar o caso, que foi registrado na 16ª Sec-cional de Polícia Civil de Santa-rém. Um inquérito policial foi aberto para apurar o crime e as investigações estão em an-damento. A polícia solicitou imagens das câmeras do cir-cuito interno da agência ban-cária, localizada no Centro da cidade, para tentar identificar o suspeito do crime.

Com sentimento de revolta, a aposentada disse que pediu ajuda de funcionários do ban-co para realizar o saque, mas ninguém se manifestou. “Eu

pedi para os que trabalham lá, eles não me ajudaram e ele (o homem) chegou e pedi ajuda, aí aconteceu. Ele sacou o meu di-nheiro e ficou com meu cartão e me deu outro. Lá no banco pu-xaram o extrato da minha conta e me deram, mostrando tudo o que foi feito”, relata.

O delegado de Polícia Civil, Jonivaldo Carneiro disse que a aposentada foi orientada a fa-zer o bloqueio do cartão para impedir que o suspeito conti-nue fazendo as transações. “Va-mos investigar o caso, através de câmeras, de informações da própria vítima. A orientação da polícia é que os aposentados es-tejam com pessoas de confiança para sacar o dinheiro e nunca entregue o cartão para pessoas estranhas”, afirma.

GOLPEMulher de 65 anos entregou o cartão bancário e a senha para o desconhecido

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Raimundo luta para se aposentar desde 2007

A presidente do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap), desembargadora Sueli Pini, confirmou, em nota de es-clarecimento, que o Poder Judiciário local, em alguns exercícios, não tem recolhido o Imposto de Renda em de-corrência de absoluta insufi-ciência orçamentária e finan-ceira motivada pelos cortes nas propostas orçamentárias da instituição, feitos pelo Exe-cutivo, o que vem ocorrendo, segundo ela, desde 2010. Mas adianta que medidas sanea-doras estão sendo tomadas.

A nota foi divulgada após denúncia feita pelo deputa-do federal Marcos Reátegui (PSD-AP), dando conta de que o Tjap e o Ministério Público do Amapá (MP-AP) desvia-ram cerca de R$ 350 milhões provenientes do Imposto de Renda (IR), que teriam sido descontados, mas não recolhi-dos à Receita Federal. O parla-mentar fez a denúncia com a informação de que providen-cia, na Câmara, abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apu-rar os procedimentos do Tjap e MP-AP.

A presidente do Tjap alega que a questão do IR é matéria presente e recorrente em to-das as reuniões do Conselho Estadual de Gestão Fiscal, criado pela Lei Estadual nº

1.452, de 11.02.2010, e regula-mentada pelo Decreto nº 0427, de 23.01.2015, admitindo que de fato, em alguns exercícios, houve a impossibilidade de recolhimento aos cofres do Executivo, dando como ra-zão “motivos plenamente justificáveis e expostos para os membros do Conselho”.

“No mais, é bom destacar que as administrações do Tribunal sempre se empe-nharam em solicitar créditos orçamentários para sanear a situação. Na verdade, op-tou-se pela continuidade da prestação dos relevantes serviços judiciários, caso contrário, restaria configu-rada situação de total invia-bilidade da Justiça Estadual, a ensejar inclusive interven-ção federal no Estado, a rigor do que prescreve o artigo 34 da Constituição Federal. Por fim, cumpre informar que o recolhimento do exercício de 2015 se deu de forma par-cial, também por redução da Proposta Orçamentária do Poder Judiciário, e que para o presente exercício os reco-lhimentos ocorrerão regular-mente, uma vez que o Poder Executivo, embasado em decisão do Conselho de Ges-tão Fiscal, complementará o orçamento do TJAP para este fim específico. Sendo assim, estando próxima a assinatura do acordo de parcelamento, a situação restará totalmente saneada”, conclui a nota.

amapá

PAULO OLIVEIRACorrespondente

MACAPÁ (AP)

Sindicatos recusam propostaSindicatos de várias catego-

rias do funcionalismo público estadual voltaram a recusar a proposta de parcelamento de salários dos servidores efe-tivos. O governo do Amapá convocou uma reunião com os sindicatos para propor alterna-tivas à crise, com a permanên-cia do rateio ou pagamento integral no dia 10 de maio.

As propostas foram re-cusadas pelas categorias, alegando que qualquer uma das duas hipóteses estaria em desacordo com a lei, além de representar prejuízos aos trabalhadores, com atraso de pagamento de contas e previsão de gastos. Com isso, o governo ainda não definiu se o pagamento de abril dos servidores será dividido ou efetuado em uma nova data.

O presidente do Sindica-to dos Servidores do Grupo Administrativo do Amapá (Sinsgaap), Mauro Oliveira, ar-gumenta que a ilegalidade das propostas do governo pode ser observada nas decisões do Tribunal de Justiça do Amapá que determinaram ao Execu-tivo que pagasse o salário de todos na forma integral.

“Como servidores públi-cos somos obrigados a aten-der a legislação, sob pena de até sermos demitidos por co-meter alguma ilegalidade. O ato de parcelamento é consi-derado ilegal, tem liminares julgando isso. Não podemos levar aos membros do sindi-cato para escolherem isso. Es-taríamos levando o servidor até a uma punibilidade no futuro”, argumenta Oliveira.

TJ confirma falta de repasse

Quatro casos de microcefaliaO Estado do Amapá tem

quatro casos confirmados de microcefalia, dois estão sob investigação e um descartado, num total acumulado de sete casos É o que informa o novo boletim epidemiológico do Mi-nistério da Saúde (MS).

O boletim aponta que, até o dia 16 de abril, 1.168 casos foram confirmados e 2.241 foram descartados para mi-crocefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugesti-vas de infecção congênita. Ao todo, foram notificados 7.150 casos suspeitos desde o início das investigações, em outubro de 2015, sendo que 3.741 per-manecem em investigação. Os dados do informe são envia-

dos semanalmente pelas se-cretarias estaduais de Saúde.

Os 1.168 casos confirma-dos ocorreram em 428 muni-cípios, localizados em 22 uni-dades da federação: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pa-raíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espí-rito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Distrito Fede-ral, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. Os 2.241 casos descartados foram classifica-dos por apresentarem exames normais, ou apresentarem microcefalias ou alterações no sistema nervoso central por causas não infeciosas.

da agência de Benevides que realmente ajudou e detectou a fraude e então descobrimos que havia contas em Icoaraci e Belém. O óbito dele foi regis-trado num cartório na avenida Senador Lemos, tem folha de registro e tudo. Os números de RG e CPF dele batem, mas mostram que são de Soure, no Marajó, mas ele nunca saiu de Mosqueiro”, observou Eliel.

Eliel e Márcio levaram Rai-mundo ao Ministério Público de Mosqueiro, que os enca-minhou com ofício à Polícia

Federal, apesar de terem pro-curado a Polícia Civil e terem sido informados de que a PC não tinha competência para lidar com o caso. Nas agências da Previdência Social tiveram dificuldades até o ponto de terem sido informados que as contas não podiam ser en-cerradas, mesmo diante das fraudes.

Os três denunciaram, na tarde de ontem, o caso à Po-lícia Federal, que irá iniciar as investigações. “Espero, em nome de Deus, que essas coi-

sas erradas parem e eu receba o que é meu direito. Vai sair, se Deus quiser”, acredita Rai-mundo.

INVESTIGAÇÕES

Em fevereiro deste ano, a Força-Tarefa Previdenciária do Estado do Pará desarticulou duas quadrilhas que causa-ram um rombo calculado em R$ 8,6 milhões em fraudes na Previdência Social. Havia onze mandados de prisão preven-tiva, um mandado de prisão temporária, doze de condu-ção coercitiva e 16 de busca e apreensão a serem cumpridos em Belém, Ananindeua e Ma-rituba. As operações “Contu-mácia” e “Pseudônimo” foram deflagradas pela Polícia Fede-ral, Ministério da Previdência Social (Mapas) e Ministério Pú-blico Federal (MPF) no Pará e no Maranhão. Dois servidores públicos, um aposentado e um em atividade, do Instituto Na-cional do Seguro Social (INSS), faziam parte dos bandos e fo-ram presos. As investigações começaram em 2014.

As quadrilhas fraudavam, principalmente, dois benefí-cios: pensão por morte e bene-fício assistencial de amparo ao idoso.

O LIBERAL8 POLÍCIA

CIDADESBELÉM, SÁBADO, 23 DE ABRIL DE 2016

Dupla presa após ‘saidinha’

Dois homens foram presos ontem à tarde depois de uma “saidinha” bancá-

ria. A vítima da dupla de as-saltantes foi rendida na volta para casa, após sacar mais de R$ 4 mil de uma agência ban-cária em Benevides. Os dois homens foram identificados como Ricardo dos Santos Vi-digal, 29 anos, e Rafael Brito Ferreira, 22 anos. A prisão foi efetuada por policiais do 21º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Marituba.

Segundo a vítima, que te-rá a identidade preservada, a agência bancária está locali-zada próximo de sua casa, no centro de Benevides. Ela fez o percurso a pé e no caminho percebeu que estava sendo seguida. Acelerou o passo, na tentativa de conseguir chegar em casa e escapar dos assal-tantes que já o rondavam em uma motocicleta. Mas antes que pudesse chegar na resi-

EM BENEVIDESRicardo dos Santos Vidigal e Rafael Brito Ferreira roubaram R$ 4 mil de vítima

Da quantia roubada, apenas R$ 2.324 foram recuperados pela polícia

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dência, foi rendida por um dos assaltantes, que estava arma-do. “Eu pensei em jogar a bol-sa por cima do muro, mas não deu tempo. Ele me puxou pela camisa e encostou o revólver. Disse que eu tinha perdido. Entreguei o que eu tinha, mas me sinto aliviado por ter con-seguido recuperar parte do dinheiro”, desabafa a vítima.

Logo após o assalto, que ocorreu pouco antes das 13h, a vítima acionou uma viatura da Polícia Militar. Cerca de 20 minutos depois os suspeitos foram presos. O tenente Farias explica que os policiais de Ma-rituba receberam via rádio a informação de que havia dois homens em uma motocicleta em fuga, pela rodovia BR-316, após uma saidinha bancária. “Montamos o cerco na rodovia para aguardar a passagem de-les. Já tínhamos detalhes sobre as caraterísticas dos acusados. Foram avistados e solicitamos que eles parassem, mas eles se negaram e tentaram fugir pela rua da Cerâmica. Foram alcançados e presos”, explica o tenente Farias.

Durante a tentativa de fu-ga, a dupla perdeu o controle da motocicleta e colidiu con-

nheiro, os dois acusados afir-mam que caiu da motocicleta durante a fuga.

O delegado Roberto Go-mes, que preside o inquérito sobre o caso, explica que a du-pla mora no bairro do Jurunas e Guamá, e foram até o muni-cípio apenas para cometer o crime. A suspeita é que uma terceira pessoa também este-ja envolvida e seria a respon-sável em identificar a vítima dentro da agência bancária e informar os motoqueiros que estão do lado de fora, quem deve ser abordado.

Esta não é a primeira vez que os dois homens são pre-sos. Eles foram autuados por roubo qualificado. A arma usada por eles, um revolver calibre 38, também foi apre-endido. Além da motocicleta usada pelos dois assaltantes. O veículo era roubado e o pro-prietário foi localizado poucas horas após o crime.

Pastor com sinais de embriaguez dispara contra guardas municipaisO pastor evangélico Eve-

raldo Rosa da Silva, de 55 anos, com sinais de embria-guez, fez um disparo de arma de fogo contra uma viatura da Guarda Munici-pal de Marituba, na início da madrugada desta sexta-feira. A viatura estava com quatro

guardas, numa ronda próxi-mo ao Ginásio Poliesportivo, no quilômetro 10 da rodovia BR-316. Everaldo estava num Peugeot preto (placa JVL-1316). Logo após atirar, fu-giu, em alta velocidade, pela rodovia BR-316. Ele foi perse-guido e capturado minutos

depois. Com ele foi apreen-dido um revólver calibre 38, com quatro munições (uma deflagrada), um terçado e um distintivo da Polícia Ci-vil. Havia duas latas de cer-veja no veículo.

Imediatamente após o dis-paro, os guardas solicitaram

apoio a mais guardas muni-cipais e à Polícia Rodoviária Federal (PRF) na persegui-ção, que terminou próximo à avenida Independência. Everaldo desceu do carro, se-gundo oa guardas relataram na Seccional de Marituba, onde o acusado foi apresen-

tado, que ele estava bêbado. As latas de cerveja no carro confirmavam. O revólver, as munições, o terçado e o dis-tintivo foram apreendidos e encaminhados para perícia.

O delegado Hilton Mon-teiro Dias autuou o pastor por porte ilegal de arma e

arbitrou fiança, que foi paga. Everaldo vai responder ao processo em liberdade e ain-da terá de lidar com a multa por dirigir alcoolizado. O dis-paro, segundo o acusado, foi acidental. Ele ainda deverá re-tornar para depor sóbrio. Ne-nhum guarda ficou ferido.

tra um ônibus. Apesar do acidente de trânsito os dois saíram ilesos, apenas com al-gumas escoriações no corpo. Durante a prisão, dos R$ 4 mil roubados, R$ 2.324,00 foram recuperados. O restante do di-

Marlon Henrique de Souza, de 18 anos, morreu após ser baleado no ombro, no início da manhã de ontem, no bairro Jaderlândia, em Ananindeua. O rapaz foi ferido no ombro esquerdo e correu para fu-gir do algoz por cerca de um quilômetro, como apontaram peritos criminais do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. Era usuário de drogas e no bolso dele foi encontrada uma peteca de pasta base de cocaína. Morreu no meio do caminho entre uma boca de

fumo, na rua J (rua do Arame), e a casa dele, na rua paralela (rua I). Ele não tinha antece-dentes criminais.

Pela distância percorrida por Marlon e a pela falta de in-formações no local, o delegado Glauco Valentim, da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil, diz ser difícil formular uma tese inicial para o assas-sinato do rapaz: se uma briga na boca de fumo, se um acerto de contas ou execução por al-gum outro motivo específico. Pelo caminho, deixou uma trilha de sangue que passou o dia sendo lavado pelos mo-radores que começaram o dia com a confusão.

“Esse rapaz morava com a avó, no próprio bairro. Ela, a mãe e outros familiares esti-veram no local. Ninguém sa-

NO JADERLÂNDIAUsuário de drogas morreu no meio do caminho entre boca de fumo e sua casa

bia dizer se ele tinha alguma dívida ou inimigo. Só se sabe que ele era viciado e que esta-va numa boca de fumo da área e provavelmente estava cor-rendo para casa para conse-guir ajuda, mas não resistiu à perda de sangue pelo esforço. Ele correu muito! No local, nin-guém deu mais informações”, comentou Glauco.

O delegado pede que a população ajude nas inves-tigações através do 181, o Disque-Denúncia, para iden-tificar o assassino de Marlon. A identidade do informante é preservada. A ligação é gratuita e o andamento da denúncia pode ser acompa-nhado com um protocolo recebido ao final da ligação. O caso será investigado pela Delegacia do Jaderlândia.

No local onde Marlon de Souza morreu, ficaram apenas as manchas de sangue

Baleado no ombro, rapaz corre por quase um quilômetro até cair morto

Laércio Cruz Rodrigues, de 31 anos, foi após tentar assaltar um caminhão dos Correiros, na manhã de on-tem. Ele e mais três homens, num carro prateado de mo-delo e placa não identifica-dos, abordaram o veículo na rodovia estadual PA-140, no município de Santa Isabel do Pará. Os comparsas fugiram. Encurralado num ramal, La-ércio fez o motorista e o car-teiro de reféns por 10 minu-tos até se entregar. Eles não se machucaram. O assaltante foi encaminhada à sede da Polícia Federal. em Belém.

O caminhão estava indo

para Santa Isabel quando foi interceptado pelo carro prate-ado e Laércio embarcou pró-ximo ao quilômetro 6. Com arma em punho, obrigou o motorista a dirigir até um ra-mal na PA-140. Acabou paran-do no local errado, no ramal Vila Sapucaia, no quilômetro 12. Quando percebeu que era o local errado, mandou o mo-torista retornar, mas mora-dores da área desconfiaram e acionaram a polícia.

Na ramal Conceição do Itá, no quilômetro 22, o ca-minhão entrou. Era o local correto. Laércio tentou fa-zer o motorista e o carteiro abrirem a porta de cargas do caminhão, mas não conse-guiram. Os soldados Rogério Rodrigues e Da Rocha, do Patrulhamento Rural do 12º Batalhão de Polícia Militar, encurralaram o assaltante no ramal. “Foram dez minu-

ROUBO DE CARGALaércio Cruz Rodrigues fez dois funcionários reféns até se entregar

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tos de negociação e, graças a Deus, ninguém se machucou. O acusado estava encapuza-do”, disse Rogério.

Laércio admitiu aos poli-ciais que estava estudando e planejando o assalto desde o dia anterior. Ele mora em Ananindeua e talvez não co-nhecesse a estrada, o que o levou ao erro que possibilitou a captura. A arma usada era um revólver Magnum Smith & Wesson calibre ponto 357 com seis munições. Uma ar-ma capaz de fazer grandes estragos devido o alto poder de parada causado pelas on-das de choque que se espa-lham pelos tecidos do alvo.

O delegado Ivan Santos Lauzid autuou Laércio por porte ilegal de arma, tentati-va de roubo e cárcere priva-do. Os funcionários dos Cor-reios preferiram não fazer qualquer comentário.

O acusado disse que planejou roubar o caminhão na noite anterior ao crime

Homem detido depois de assaltar caminhão dos Correios em Santa Isabel

Ricardo Vidigal e Rafael Ferreira com a arma usada no crime

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