Folha da Rua Larga 17

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ONG traz exemplo de revitalização e procura artistas brasileiros Moragas e Stelinha oferecem cursos de dança de salão que viraram mania na Rua Larga. Companhia de Desenvolvimento do Porto vem para movimentar 2010 Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 17 ANO III RIO DE JANEIRO | JANEIRO DE 2010 Monges beneditinos, do Mosteiro de São Bento, lançam segundo registro em CD Monges do Mosteiro de São Bento trazem registro de canto gregoria- no e polifônico, desta vez com participação do coral Bento de Núrcia, formado por alunos do Colégio São Bento. O regente Dom Plácido fala sobre este 2º álbum do grupo, que apresenta uma versão indíge- na-gregoriana para Ave Maria. página 3 Lucy Bramley, da Roundhouse, fala sobre o majestoso centro cultural de Londres, reaberto após um processo de revitalização que durou dez anos. Ginga, charme e samba no pé O arquiteto e urbanista Antônio Agenor Barbosa dá sua opinião sobre a metodologia e a aplicação do projeto de revitalização da Zona Portuária e enfatiza a importância de se considerar as lutas dos moradores. página 5 páginas 8 e 9 Página 10 O ponto de vista de um morador sobre o Porto Maravilha página 14 página 15 Um dentista poeta A história do dentista português Luiz Antunes de Carvalho, um dos pioneiros na cirurgia bucomaxilar no Brasil, que teve consultório na Rua Larga. Criou fama no Brasil e na Argentina por sua propaganda em forma de versos. lazer entrevista Lielzo Azambuja Eduardo Paes discursa na cerimônia de posse da equipe da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio página 12 Casa Paladino e seu chope único página 14 gastronomia Divulgação folha da rua larga Ana Carolina Monteiro Ana Carolina Monteiro

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A Folha da Rua Larga circula gratuitamente pelas ruas do Centro do Rio e Zona Portuária. Criada em 2008 pelo Instituto Light, é editada pelo Instituto CIdade Viva.

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folha da rua largaONG traz exemplo de revitalização e procura artistas brasileiros

Moragas e Stelinha oferecem cursos de dança de salão que viraram mania na Rua Larga.

Companhia de Desenvolvimento do Porto vem para movimentar 2010

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 17 ANO IIIRIO DE JANEIRO | JANEIRO DE 2010

Monges beneditinos, do Mosteiro de São Bento, lançam segundo registro em CDMonges do Mosteiro de São Bento trazem registro de canto gregoria-no e polifônico, desta vez com participação do coral Bento de Núrcia, formado por alunos do Colégio São Bento. O regente Dom Plácido fala sobre este 2º álbum do grupo, que apresenta uma versão indíge-na-gregoriana para Ave Maria.

página 3

Lucy Bramley, da Roundhouse, fala sobre o majestoso centro cultural de Londres, reaberto após um processo de revitalização que durou dez anos.

Ginga, charme e samba no pé

O arquiteto e urbanista Antônio Agenor Barbosa dá sua opinião sobre a metodologia e a aplicação do projeto de revitalização da Zona Portuária e enfatiza a importância de se considerar as lutas dos moradores.

página 5

páginas 8 e 9 Página 10

O ponto de vista de um morador sobre o Porto Maravilha

página 14

página 15

Um dentista poeta

A história do dentista português Luiz Antunes de Carvalho, um dos pioneiros na cirurgia bucomaxilar no Brasil, que teve consultório na Rua Larga. Criou fama no Brasil e na Argentina por sua propaganda em forma de versos.

lazer

entrevista

Lielzo Azambuja

Eduardo Paes discursa na cerimônia de posse da equipe da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Riopágina 12Casa Paladino e seu

chope único

página 14

gastronomia

Divulgação

folha da rua larga

Ana Carolina Monteiro

Ana Carolina Monteiro

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Que bela mudança

Olá! Estou de volta já dando pitaco. A primeira coisa que vi sobre minha mesa foi a Folha da Rua Larga, não pude deixar de dar uma espiada. Realmen-te, uma bela virada, parece até um novo jornal. Para-béns aos responsáveis, va-leu o esforço.

Em minha opinião, o jor-nal está dando o recado de maneira clara, fácil, simpá-tica, dinâmica e divertida.

Luis Felipe Younes do Amaral

Instituto Light

O Dragão 1

A loja O Dragão - A Fera da Rua Larga ficou muito conhecida quando come-çou a patrocinar, a partir de 1932, com este nome, o Programa Casé, na Rádio Philips, de grande suces-so de audiência, que tinha como atrações Noel Rosa e Marília Batista. Durante o programa, os locutores faziam uma pergunta que ficou famosa: “A Light fica em frente ao Dragão ou o Dragão fica em frente à Light?”

Famosos também ficaram dois jingles, cantados por Noel e Marília, respectivamente:

“No dia que fores minha,Juro por Deus, coração,Te darei uma cozinha,Que vi ali no Dragão. Morros do Pinto e Favela,São musas do violão.Louça, cristal e panela,Só se compra no Dragão.”

Joel GhivelderArquiteto

O Dragão 2

Achei o espaço destinado ao “O Dragão”, na edição de novembro, muito peque-no. Pela importância que teve, deveria ter recebido um destaque muito maior.

Nei CarvalhoEconomista

janeiro de 2010

nossa rua

Se essa Rua fosse minha

Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa, Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário Margutti, Mozart Vitor SerraDireção Executiva - Fernando PortellaEditora e Jornalista Responsável - Sacha LeiteColaboradores - Ana Carolina Monteiro, Antônio Agenor Barbosa, Carolina Calvente Ribeiro, Eliomar Coelho, Ivan Cesar, Juliana Costa, Karina Martin, Lielzo Azambuja, Nilton Ramalho, Ranti Máximo, Rodrigo Brisolla, Rômulo Barros e Teresa Speridião

Roberto Silva, comerciante

“Exploraria mais o comércio, abriria lojas como Casa & Vídeo ou Casas Bahia. Além disso, melhoraria o sistema de ralo, porque, toda vez que chove, tenho visto inundar a rua toda. Cuidar da limpeza das ruas tam-bém seria minha prioridade”

Vera Maria Luiza, aposentada

“Melhoraria os casarões para renovar o patrimônio, deixaria a rua mais bonita. Abriria lugares para lanchar. Faria a ma-nutenção de calçadas e asfalto, sem deixar buracos expostos por muito tempo, como nossos governantes têm feito”

“Construiria mais lojas de roupas femininas e masculinas. A Av. Marechal Floriano está no caminho certo. É preciso ainda mais in-centivo comercial para o progresso do co-mércio. Sou garçom e acho que minha área está bem representada”

Otavio Trindade,garçom

Juliana Costa

Juliana Costa

Juliana Costa

folha da rua larga

cartas dos leitores

2folha da rua larga

Redação do jornalRua São Bento, 9 - 1º andar - Centro

Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690

www.folhadarualarga.com.br [email protected]

Estresse no trânsito

Outro dia, vi aqui em frente ao prédio da Rua São Bento, onde trabalho como vigia, uma cena lamentável. O motorista de uma van raspou o re-trovisor nas costas de um pedestre, que reagiu chu-tando o carro. Não é que o motorista da van desceu e acertou um soco no rosto dele? Acho isso escanda-loso, porque o pedestre era um senhor de idade. Depois, com a máxima calma, o dono da van pu-xou o carro e foi-se embo-ra. Penso que as pessoas têm que ser mais calmas no trânsito. Se fosse onde eu moro, davam logo um tiro. Se todo mundo fosse mais tranquilo, melho-raria 100%. Se eu fosse presidente, mudaria muita coisa.

Áureo Santos RibeiroVigia

Se a Folha da Rua Larga fosse minha

Venho acompanhando o jornal da Rua Larga desde que surgiu e acho fundamen-tal que ele exista. Sinto que a cada edição ele vai ganhando uma identidade, à medida que vai rodando e sendo lido pelos leitores. Gostaria de propor que vocês criassem uma coluna como uma ponte leitor-Rua Larga, seguindo a ideia do Se essa rua fosse minha... Imaginando que SE o jornal da Rua Larga fosse meu, que assuntos eu gostaria de ver abordados? Enfim, acho que seria bem bacana. Quem sabe alguns leitores não se aventurariam a serem repórteres por um dia? E vocês dariam uma supervi-sionada no texto, é claro! Fica a ideia. Beijos e parabéns!

Paula NovaesAtriz

[email protected]

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana LinsDesigner assistente - Jade Mariane e Mariana Valente Diagramação - Suzy TerraRevisão Tipográfica - Raquel TerraProdução Gráfica - Paulo Batista dos SantosImpressão - Mávi Artes Gráficas Ltda.Equipe Comercial - Natale Onofre e Carlos LyraTiragem desta edição: 5.000 exemplaresAnúncios - [email protected]

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janeiro de 2010

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Monges do Mosteiro de São Bento lançam CD

Sacha Leite

[email protected]

Dom Plácido fala sobre o álbum Jubilate Deo, que mescla vozes de monges e alunos do Colégio São Bento

Monges do Mosteiro de São Bento posam para a foto do encarte do segundo CD do grupo beneditino

folha da rua larganossa rua

Divulgação

Referência do canto gregoriano na cidade, os monges do Mosteiro de São Bento lançaram, na terça-feira, 22 de dezem-bro, o CD Jubilate Deo. A apresentação do coral na missa solene celebra-da aos domingos já é uma atração turística altamente recomendada: “Ficou tão famosa a nossa missa que se tornou uma atração tu-rística não para inglês ver, mas também para o turista ter contato com o sagrado”, afirma Dom Plácido Lopes de Oliveira, regente do coro de monges. O álbum con-templa peças do século V ao XII, além de uma adaptação da Sonata Appassionata, de Ludwig Van Beethoven. Um dos pontos altos do re-gistro é a execução de Ave Maria – Atauximbagê Ma-riá, composição indígena coletada em uma tribo do Xingu e adaptada pelo dire-tor musical Dom Plácido.

O recital de lançamento teve participação da harpis-ta Cristina Braga, do orga-nista Alexandre Rachid e do Coral Bento de Núrcia, formado por alunos do Co-

légio São Bento. De acordo com Dom Plácido, a Ave Maria gravada nesse segun-do disco foi uma tradução para a língua falada pela tri-bo Makuxi, feita pelo mis-sionário austríaco Alcuino Méier, e adaptada ao estilo gregoriano: “Tínhamos que homenagear nossos índios”, concluiu Dom Plácido.

O CD, gravado entre outu-bro de 2008 e junho de 2009, teve direção musical de

Dom Plácido e Gilvan Melo. As 15 faixas trazem canções natalinas como Noite Feliz, O Sanctissima, Puer Natus, Ângelus e Noite Azul. Dom Plácido afirma que o lança-mento no dia 22 de dezem-bro não foi rigorosamente planejado, mas veio bem a calhar já que os hinos e an-tífonas se referem ao Salmo 98 (Jubilate Deo) muito presente no tempo litúrgico de Natal e Ano Novo.

O primeiro CD dos mon-ges beneditinos do Rio de Janeiro foi distribuído em diversos países da América Latina e da Europa. Já o CD que acaba de ser lançado, além do canto gregoria-no, que se caracteriza pelo uníssono, propõe também a execução de canções po-lifônicas, com abertura de vozes. Segundo Dom Plá-cido, embora todas as vozes sejam masculinas, há, entre-

tanto, uma divisão vocal em quatro estágios de frequên-cia: tenorinos, sopraninos, tenores e barítonos.

Dom Plácido, que já pos-suía experiência com regên-cia de corais desde a época em que foi seminarista em Juiz de Fora, diz que não foi fácil fazer um trabalho de qualidade: “Quando pe-guei o coro dos alunos para fazer uma simbiose com o coro dos monges, tinha ini-cialmente um grupo de 80 crianças. Daí selecionei 50, depois 35, e em seguida 18. Desses 18, apenas nove gra-varam”, explica. De acordo com o monge, a questão da afinação não é tão simples e muito importante.

O monge lembra ainda que o canto gregoriano re-monta o século IV, época de Santo Agostinho e Santo Ambrósio. O primeiro teria dito uma frase que se tornou célebre: “Quem canta reza duas vezes”. Mas a palavra “gregoriano” se origina do papa Gregório, um grande incentivador do canto, que, antes de sua existência, se chamava cantochão. Após a sua morte, ele foi canoniza-do, e, como homenagem, a Igreja mudou a denomina-ção de cantochão para canto gregoriano.

2 de fevereiro: primeira oportunidade do ano

para visitação do claustro

Dom Plácido informa que a primeira chance de 2010 para se conhecer o claus-tro é 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora da Candelá-ria, em que é feito um ritual com velas. Após essa data, há procissões também em Domingo de Ramos, Cor-pus Christi e Finados. No entanto, segundo o monge, não se trata de uma visita dos fiéis, mas de uma parti-cipação: “Somente quando vem um rei ou um presi-dente da república com a sua comitiva, visitam todos os cômodos de nossa casa”, explica. Entrar nas celas, entretanto, não é permiti-do: “É um lugar reservado

para a nossa dedicação. So-mos monacos, aqueles que vivem só para Deus”.

Apesar disso, Dom Plá-cido conta que alguns monges têm computado-res nas celas: “Eu sou um dinossauro, mas muitos colegas têm”, brinca. De acordo com ele, isso ocorre porque há uma faculdade de Artes, Filosofia e Teolo-gia no Mosteiro. Os mon-ges são professores e não negam a facilitação dos es-tudos pelos computadores e ferramentas web.

Dom Plácido explica so-bre o dia a dia no Mostei-ro: “Não vamos a pagode, forró, mas às vezes saímos, vamos a uma livraria...”. O abade garante que há mais de 150 mil títulos na biblioteca do Mosteiro: “O acervo não se restringe à temática religiosa. Há li-vros de história, artes, mar-xismo, comunismo, etc.” O acesso é livre, entretanto o Mosteiro não empresta li-vros, permitindo apenas a consulta local.

Quanto ao assédio da imprensa, Dom Plácido confessa: “Fomos convida-dos uma vez para irmos ao Domingão do Faustão, na ocasião do lançamento do primeiro CD. Não aceitei, achei que não tinha nada a ver”. Quando questionado se fosse, por exemplo, o Programa do Jô, responde: “Aí, não sei. Graças a Deus não fomos solicitados”.

Dom Plácido lembrou que o coro dos monges be-neditinos do Rio de Janei-ro foi o último a se render ao registro em CD, depois de monges da Bahia, São Paulo e Olinda. Ao final, brincou com a reportagem: “Podemos finalizar? Com essa roupa sinto muito ca-lor...” O CD Jubilate Deo Pode ser encontrado na li-vraria Lmen Christi, locali-zada ao lado do Mosteiro e custa R$ 25.

Características do canto gregoriano

- Melodias são cantadas em uníssono (monódi-co) - Não há predominância de vozes - Ritmo é livre - Sem compasso, basea-do apenas na acentuação e no fraseado - Canto é a capella, isto é, sem acompanhamento de instrumentos musicais - Letras em latim, tira-das, em sua maioria, de textos bíblicos, sobretu-do salmos

Curiosidades

- É a mais antiga manifesta-ção musical do Ocidente que se tem registro- Tem suas raízes nos cantos das antigas sinagogas, desde os tempos de Jesus Cristo- Seu nome é uma homena-gem ao papa Gregório Mag-no (540-604) - Gregório fundou a Schola Cantorum, que deu grande desenvolvimento ao canto gregoriano- A partir da iniciativa de dom Mocquereau, no final do sé-culo XIX, o Mosteiro de São Pedro de Solesmes, na Fran-

ça, passou a ser o grande centro de estudos e prática do canto gregoriano- As características foram herdadas dos salmos judai-cos, assim como dos modos (ou escalas) gregos- Finais da Idade Média, a polifonia (harmonia obtida com mais de uma linha me-lódica em contraponto) co-meça a ser introduzida nos ofícios da cristandade- O conjunto alemão Enig-ma, que gravou o disco MCMXC a.D. com músi-cas de rock (Sadness e ou-tras) em estilo gregoriano, alcançou sucesso mundial

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janeiro de 2010

Cliques Rua Larga boca no trombone

Gabriel, O [email protected]

Margarete Mendes, a “negona do axé”, soltando o vozeirão na sacada do Bistrô do Beco, microfone em punho, direcionando a energia para o público disperso abaixo e contagiando todos os adeptos da sardinha: “Faz tempo que não tem música ao vivo por aqui, ela anima o lugar!”, comentam os garçons.

Esta é a aparência do Beco das Sardinhas quando chove. Cansados de aguardar liberação da prefeitura e do Iphan para colocarem ombrelones permanentes, esta foi a solução provisória encontrada. Na esquina da direita, o bar Tesouro estará fechado até março, quando reabrirá completamente renovado.

Ponto “G” da Rua Larga

4folha da rua larga

nossa rua

Sacha Leite

Sacha Leite

Reunimos urbanistas, arquitetos, artistas, soci-ólogos, psicólogos e se-xólogos para que juntos pudéssemos encontrar o ponto “G” da Rua Larga. Entendem os especia-listas que este ponto, se estimulado, será capaz de promover uma reação de orgasmo em cadeia em todos aqueles que vivem e trabalham na região. O fato promoveria um processo de ejaculação gradativa até que os ha-bitantes da rua encontras-sem um caminho real de revitalização. Depois de algumas pesquisas, con-sultas à internet, blogs, sites, portais, twitter... Após realizarmos estu-dos históricos avançados, consultas aos diversos órgãos sexuais, munici-pais e estaduais, o grupo concluiu: considerando que os pés da rua estão no Arsenal de Marinha e sua cabeça no Palácio Duque de Caxias, possi-velmente, o ponto “G” se encontra nas imediações do Beco das Sardinhas.

O ponto “G” vem sen-do discutido amplamente pela imprensa. Uns di-zem que ele não existe, outros chegam a realizar uma verdadeira topogra-fia corporal para definir seu local. Mas o que fa-zer para excitar a rua e seu entorno, promovendo um efeito borboleta, en-volvendo o poder públi-co, a iniciativa privada e os moradores locais?

A sexóloga Rosalva Ranti Younes Martin Serra, informou que o processo deveria ser ini-ciado através do diálogo in loco com os pupilos do Beco, tocando cada poro, indo do estado pas-sivo ao de “pré-tesão”, tomando certo cuidado para quem está naquele período “pré-mensal”. O que ela quer dizer é que comerciantes precisam

ser abordados mais para o final do mês, onde estão mais duros.

Em pesquisa no Google, colocando as palavras: rua – larga – excitação – revi-talização, alguns sites apa-receram, como por exem-plo: larga com excitação, site francês, demonstrou que abertura vaginoarqui-tetônica do corpo urbano da rua é “large”, fato de-terminante para uma ação mais encorpada de pene-tração social, fator de sus-tentabilidade.

Numa reunião “mala-gueta” sobre o tema, o Sr. Augustos César sugeriu: “Precisamos ir mais fun-do, além do ponto ‘G’, para encontrar o DNA da Rua Larga!”. Através dele, segundo o cientista gastro-nômico, vamos poder de-cifrar as bases do trabalho a ser realizado para que a rua entre num processo de revitalização sexocultural. E concluiu: “Fora isso, só com Viagra”.

Preocupada com mui-ta reunião e pouca ação, a nossa sexóloga sugeriu que a excitação da rua, através do Beco, deveria começar por uma ação estimulante, com beijos quentes na boca da rua, perto da Light e depois, através de carícias em seus seios, na altura do Colégio Pedro II. Ficou decidida a elaboração de um projeto, envolvendo funcionários da Light e alunos do Pedro II, que organizariam uma pesquisa de opinião pú-blica: “Como revitalizar a Rua Larga através da exci-tação de seus habitantes?”. As respostas podem ser en-viadas para o e-mail desta coluna. Os 20 primeiros que responderem ganha-rão um chope de graça no Beco, pago pela direção do jornal, na sexta-feira, dia 22 de janeiro. Este é papo sério e depende da nossa participação.

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folha da rua largajaneiro de 2010

entrevista

Um ponto de vista do Morro da Conceição sobre o Porto do Rio

Eliomar [email protected]

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Vista da parte mais alta do Morro da Conceição: à direita, a Fortaleza da Conceição voltada para a Rua do Jogo da Bola

Antônio Agenor BarbosaAAAntônio Agenor Barbosa

mora no Morro da Concei-ção, um dos bairros que será atingido pelo projeto Porto Maravilha. Arquiteto e urbanista, mestre em Ur-banismo pela UFRJ e pro-fessor do Departamento de História e Teoria da FAU-UFRJ, Agenor responde às perguntas formuladas pelo engenheiro e verea-dor Eliomar Coelho sobre a revitalização da Zona Portuária. A prefeitura está realizando uma série de de-bates sobre os impactos do polêmico projeto em cen-tros como o Espaço Cultu-ral Cedim e Sebrae. Segue abaixo uma continuidade dessa bateria de debates.

FLR - Como morador do Morro da Conceição, como avalia o projeto Porto Maravilha?

Primeiro, quero dizer que sou totalmente a favor da ideia de revitalização da área portuária, inclusive no que se refere a algumas propostas de intervenção no Morro da Conceição e nas suas adjacências. En-tretanto, creio que os mé-todos, os conceitos e as es-tratégias usados pela atual prefeitura são equivocados e, sobretudo, precipitados em grande parte. Cabe di-zer que o próprio termo e/ou conceito largamente empregado, que é o da “re-vitalização” da área portu-ária, é arbitrário em alguns casos. Revitalizar significa trazer de volta a vitalida-de. Porém, em muitas das áreas da região portuária – no Morro da Conceição, inclusive – este conceito simplesmente não se apli-ca, pois são áreas com uma imensa, resistente e quali-tativa vitalidade urbana.

Isso posto, também creio que estamos vivendo um momento em que não po-demos mais aceitar pas-sivamente as imposições

do poder público sem que estas se revertam em me-lhorias reais de condições de vida para a população residente aqui na região. E o projeto Porto Maravilha, com esse nome mais ligado a uma peça publicitária e do marketing do que a uma parte a ser reestruturada de uma cidade tão complexa como é o Rio de Janeiro, não me parece que atende-rá a boa parcela destes ha-bitantes que aqui residem. Eu mesmo já pude con-versar pessoalmente com alguns diretores e técnicos do Instituto Pereira Pas-sos (IPP) e constatei que os principais executivos que estão à frente do órgão não têm, infelizmente, ne-nhuma visão de cidade, do urbano e das suas múltiplas e complexas dinâmicas ge-opolíticas, territoriais e, sobretudo, sociais.

Vi que esses executivos só têm certezas em relação às consequências da im-plantação do projeto Porto Maravilha na região. São homens que não têm dúvi-das e que acham que o Por-to Maravilha, por si só, vai trazer de volta para o Rio

de Janeiro o protagonismo perdido para São Paulo nas últimas três décadas, por exemplo. Mas eu, que sou um professor, quanto mais leio e estudo mais eu du-vido do determinismo das coisas, sobretudo no cam-po do Urbanismo.

Também sei que esses executivos que estão à frente do IPP são profissio-nais muito bem preparados por terem feito MBA nos Estados Unidos em Admi-nistração e/ou Marketing. Mas eles não sabem, ou não querem ver, que a ci-dade (que é, ou deveria ser pelo menos, urbs + civitas a um só tempo) é para to-dos e não apenas para al-guns privilegiados. Creio que os executivos do IPP desconhecem e ignoram o Rio nas suas facetas multi-culturais e até caleidoscó-picas. Eles têm uma visão de mercado determinista, homogênea e utilitária da cidade. A visão de cidade que já me apresentaram nas exposições do projeto Porto Maravilha é reduzida à sua dimensão econômi-ca (que julgo importante, mas incapaz de trazer à luz

outras compreensões mais sutis). Acho até que eles podem estar vendendo algo que não conhecem. Ven-dem um Rio virtual, pois o Rio real é muito “barra pesada” para eles.

Até a cultura é vista sob a ótica econômica, e só! São executivos e profis-sionais bem sucedidos do mercado financeiro e das grandes consultorias de ne-gócios que operam interna-cionalmente. São pessoas com este perfil que estão à frente da condução e da viabilização do projeto Porto Maravilha.

Assim, creio que a ci-dade vista sob esta ótica – como a do próprio projeto – promete ser idílica para os poucos privilegiados que terão esta oportunida-de após a chegada (tardia) do Estado. Alguns que aqui residem e esperaram tanto pela chegada do Grande Ir-mão e agora não vão poder nem participar da festa de inauguração do Porto Ma-ravilha, pois vão ser expul-sos já nos primeiros prepa-rativos para a festa.

Eu mesmo, que sou um professor, repito, talvez até

possa vir a participar da festa de inauguração desse Porto Maravilha, mas na condição de ex-morador do Morro da Conceição, e talvez só venha a ser con-vidado em função da rede que tenho de contatos in-fluentes (na política, na imprensa, na universidade, etc.) e não por que serei bem-vindo nesta nova ci-dade que se anuncia gran-diosa, pródiga e promisso-ra para quem pode pagar (caro) por ela. Ainda que ela tenha vista para a (po-luída) Baía de Guanabara.

E aqui, no final da minha resposta, foi só uma pro-vocação mesmo para dizer que acho inconcebível falar de Porto Maravilha sem fa-lar da despoluição da Baía de Guanabara. E se as três esferas de Poder (União, Estado e Município) es-tão tão afinadas, esta seria a hora de atrelarmos aos projetos de revitalização do porto uma agenda dos três poderes para a despo-luição, de fato, da Baía de Guanabara.

FRL - As autoridades envolvidas no processo de revitalização estão ou-vindo as populações atin-gidas?

Se você achar que ou-vir é o suficiente eu diria até que sim. Mas acho que apenas ouvir a população é pouco e insuficiente face a uma intervenção desse porte. O que a população necessita e quer é partici-par ativamente dos proces-sos e das tomadas de deci-são em relação ao lugar em que vive. Creio que quem sabe o que é melhor para o Morro da Conceição, por exemplo, são os morado-res daqui e ninguém mais. Ainda que neste conjunto de moradores você encon-tre, e isto também é legíti-mo, posições antagônicas e conflitantes.

FRL - Qual o impacto da revitalização do Por-to sob o Morro da Con-ceição? Os moradores apoiam as intervenções previstas para o bairro? Acredita que o conjunto arquitetônico será respei-tado? Teme que o Morro da Conceição sofra o cres-cimento desordenado vi-vido no bairro da Lapa?

Recentemente, eu escrevi um artigo intitulado Revi-talização do Porto, Iphan e Políticas Culturais no Morro da Conceição. Esse artigo foi escrito a quatro mãos, juntamente com um vizinho meu que é antro-pólogo e professor, Tomas Martin Ossowicki. Creio que as respostas para essas perguntas estão totalmente desenvolvidas no referido artigo que foi publicado em vários veículos. E o mais curioso é que conseguimos coletar dezenas de assi-naturas de moradores que concordaram plenamente com o que foi exposto no nosso artigo.

FRL - Sabemos que há planos de instalação de um retroporto (área para me-gaguindastes e contêineres), o que exige utilização de grandes glebas de terra. Em 2007, já foram removidas dezenas de barracos que se encontravam no trajeto da alça viária que desviará o tráfego de carretas para o novo Porto. Acredita que a revitalização incorrerá em remoção da população que reside na região?

Sim. Não tenho dúvidas quanto a isso. O projeto Porto Maravilha tem, evi-dentemente, facetas ainda não muito explícitas de um projeto civilizatório e higie-nista, infelizmente.

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janeiro de 2010

Antônio Agenor [email protected]

6folha da rua larga

Vizinhança invisível no Cais do Porto do Rio de Janeiro A arte de andar pela

região da Rua Larga

Sacha [email protected]

Mandamentos da casa, inscritos em placa de madeira

opinião

Sacha Leite

Evento organizado por moradores da Zona Portuária (Saúde, Gamboa e Santo Cristo), realizado na Praça da Harmonia

Caminhando pela Rua Larga no mês de janeiro, chegamos a uma conclusão: o Rio está mesmo em clima de ano novo. Um dos bares do Beco das Sardinhas, o Te-souro, está reformando; boa parte do efetivo de funcioná-rios das empresas da região tira férias; espaços culturais aproveitam para fazer obras que estavam pendentes há muito tempo e muitos prati-cam um merecido recesso.

No entanto, dizia um pro-fessor: a história é como um bule de água que se coloca para ferver. Parece que nada está acontecendo, nos dis-traímos, e, quando menos se espera, começa a borbu-lhar. Foi o que ocorreu com o projeto Porto Maravilha, há 20 anos na gaveta. Após diversas reuniões com gru-pos representativos de dife-rentes setores da sociedade, a prefeitura do Rio criou o CDURP, ligado à Secretaria Especial de Desenvolvimen-to, para estimular, regula-mentar e controlar a compra de ações imobiliárias no Por-to do Rio.

A passos ritmados, per-cebemos que, mesmo nesta época do ano, o Studio Mar-cello Moragas e a Academia Stelinha Cardoso estão a pleno vapor. Após trabalhar durante anos com o profes-sor Carlinhos de Jesus, eles abriram as respectivas esco-las e o que não falta é aluno interessado. Ambos ofere-cem o curso “samba no pé”, apropriado para esquentar as turbinas para o carnaval. Fica a dica.

Prosseguindo a caminha-da, vimos que o Mosteiro de São Bento, no coração da Praça Mauá, também não para nunca. Os monges beneditinos que lá habitam acabaram de lançar o CD Ju-bilate Deo. Dom Plácido, re-gente do coro, explicou que fez uma rigorosa seleção e, de 80, escolheu nove coralis-tas: pela primeira vez houve

esse mix entre as vozes dos monges e as dos jovens es-tudantes. Um destaque do novo álbum, que também traz canções polifônicas, é a Ave Maria cantada em mukuxi, uma tradução da oração católica para a lín-gua indígena, adaptada ao estilo gregoriano.

Andando para mais lon-ge um pouquinho, conver-samos com Júnior Perim, da ONG Crescer e Viver, que explicou sobre a vi-tória política e artística do circo social: eles obtiveram sucesso em suas reivin-dicações por um espaço, sendo contemplados pelo governo do Estado com uma lona, também na Pra-ça Onze, específica para as necessidades da ONG.

Alargando ainda mais os horizontes, falamos com Lucy Bramley, produtora da ONG inglesa Roundhou-se. O caso do grande centro artístico em Londres, que mesmo sendo um ícone da música internacional nos anos 60 e 70, onde se apre-sentaram artistas como os Rolling Stones, Pink Floyd, The Doors e Jimi Hendrix, foi abandonado e fechou as portas no início dos anos 1980. Na década de 1990, o empresário Torquil Nor-man, dono de uma fábrica de brinquedos, iniciou o processo de revitalização, dialogando com todas as esferas da sociedade, le-vantando o capital necessá-rio e reabrindo o local em 2006. Além de funcionar como um grande centro de espetáculos, a instituição oferece capacitação para jovens excluídos. Um bom exemplo de realização no campo urbanístico, cultural e social.

E, em clima de pré-car-naval, a caminhada passou ainda pelo polêmico Pon-to G da Rua Larga. Bom passeio!

Jádiziam os mestresJanet e Haroldo

“Madame diz que a raça não melhoraQue a vida piora por causa do sambaMadame diz que o samba tem pecadoQue o samba, coitado, devia acabarMadame diz que o samba tem cachaçaMistura de raça, mistura de corMadame diz que o samba, democrataÉ musica barata sem nenhum valorVamos acabar com o sambaMadame não gosta que ninguém sambeVive dizendo que samba é vexamePra que discutir com madame”

Certa vez, em um sába-

do, li no jornal O Globo a seguinte declaração de uma leitora, contra uma festa de réveillon em Ipanema: “A população que paga im-postos caros tem que ter o direito de poder dormir em paz, de chegar em casa. Há

os galpões do Cais do Por-to que não têm vizinhança. Por que não fazem festas barulhentas por lá?”

Como estamos iniciando novo ano e nova década em que a prefeitura do Rio anuncia uma série de inter-venções urbanas relativas ao projeto Porto Maravilha, gostaria de usar este espaço privilegiado que a Folha da Rua Larga me cedeu para fazer uma breve reflexão sobre a declaração acima transcrita.

Acho oportuno informar à moradora de Ipanema que, no entorno dos galpões do Cais do Porto do Rio de Janeiro, existe sim uma enorme, antiga e consolida-da vizinhança. Os habitan-tes do Cais do Porto foram, historicamente, excluídos das intervenções higienistas e civilizatórias do Estado, a exemplo da reforma Pereira Passos, em 1903.

Já entendi tudo: Ipanema é civilizada e não merece uma festa com música ba-rulhenta. Ipanema é Bossa Nova e o Cais do Porto é o quê? Penso que a região do Cais do Porto possui uma

vizinhança que, assim como a de Ipanema, também “tem o direito de poder dormir em paz, de chegar em casa”. E é uma vizinhança que tam-bém paga impostos como outros tantos brasileiros.

E os monges beneditinos que residem no Mosteiro de São Bento não são con-siderados “vizinhança”? E os moradores do Morro da Conceição, do Morro da Saúde, da Ladeira do Livramento, da Rua Saca-dura Cabral? E os médicos residentes do Hospital dos Servidores não são conside-rados vizinhança?

Pelo teor da declaração da moradora de Ipanema, a área do Cais do Porto possui uma vizinhança totalmente invisível. A região da Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro é composta, basi-camente, por três bairros, a saber: Saúde, Gamboa, San-to Cristo e por franjas de ou-tros bairros como o Centro da Cidade, São Cristóvão, Cidade Nova, Caju e outros. Nesta região existe a mais antiga ocupação informal da Cidade: o Morro da Favela, agora conhecido como Mor-

ro da Providência. Ou isso também não seria considera-do vizinhança?

Quando o Morro da Fave-la foi ocupado inicialmen-te, Ipanema sequer existia como projeto. Ali, em volta do Cais do Porto, existia a Pequena África. O Cais do Porto, a Pedra do Sal e a Praça Onze eram os redu-tos do semba, lugares de “umbigadas”. Depois veio o samba. Ipanema era o que nesta época?

Mas, assim como no samba de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa, imorta-lizado na voz de João Gil-berto, eu pergunto, “pra que discutir com madame?”. Só me resta dizer que, no carnaval (ou réveillon) que vem, eu também vou con-correr e o meu “bloco de morro vai cantar ópera.”

Portanto, acho que se a moradora de Ipanema quer ser contra as festas no seu bairro, eu acho legítimo que esteja à frente desse movi-mento, mas ela deveria evi-tar declarações como essa, ainda que elas tenham sido geradas pelo seu próprio desconhecimento do que é a realidade e a história do Rio de Janeiro fora das praias da Zona Sul.

O próprio termo/concei-to largamente empregado, que é o da “revitalização” da área portuária, me pare-ce equivocado. Revitalizar significa trazer de volta a vitalidade. Mas, em muitas das áreas da região portuá-ria, esse conceito simples-mente não se aplica, pois são áreas com uma imensa, resistente e qualitativa vi-talidade urbana. Só não vê quem não quer! Ipanema, todos sabem, ainda brilha à noite, mas o Cais do Porto é que reluz que nem ouro.

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folha da rua largajaneiro de 2010

empresa

Eletronuclear faz fim de ano solidárioEmpresa sediada na região da Rua Larga promove Natal Sem Fome em parceria com Fome Zero

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Divulgação

Divulgação

Pelo terceiro ano con-secutivo ocorreu o even-to Natal Sem Fome, que contou com toda a in-fraestrutura necessária, através da equipe do Programa Fome Zero – Eletronuclear. Como nas edições anteriores, a ale-gria no rosto das crianças mostrou que o evento foi um grande sucesso.

Uma parceria entre o Programa Fome Zero, do Governo Federal, a Ele-tronuclear e o Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande (IED-BIG) possibilitou a realização do evento nos bairros do Parque Mam-bucaba e Frade, em An-gra dos Reis, nos dias 19 e 20 de dezembro.

No sábado (19), acon-teceu na Praça Ulisses Guimarães (Parque Mam-bucaba), das 11h às 18h. Domingo (20) foi a vez do Frade (Rua Boa Espe-rança) receber a festa, no mesmo horário.

Funcionários, contra-tados, estagiários da Ele-tronuclear e voluntários participaram ativamente, dando suporte às ativida-des que foram programa-das.

Houve recreação para crianças de todos os gos-tos e idades, com brinca-deiras, lanches, apresen-tação teatral, voluntários fazendo tatuagens (de-senhos) nas crianças e distribuição de presentes feita pelo Papai Noel.

O público infantil ain-da recebeu aplicação

de flúor realizada por profissionais da área de Saúde da Fundação Ele-tronuclear de Assistência Médica (FEAM).

O sucesso do evento se deveu ao comprome-timento de todas as ins-tituições acima citadas, que, conforme conta o coordenador do progra-ma, Sr. Francisco Carlos dos Santos, transforma-ram o Natal de muitas crianças na realização de um grande sonho.

Carolina Calvente [email protected]

Crianças da comunidade do Frade com os seus presentes de Natal

Papai Noel entregando a mochila da Eletronuclear e do Fome Zero a uma criança

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janeiro de 2010

cultura

Dançando nos sobrados

“Não existe limite de

idade, sexo, classe social.

Na dança, todos são

iguais”Marcello Moragas

Professores de dança de salão, discípulos de Carlinhos de Jesus, fazem história na Rua Larga

8folha da rua larga

Ivan Cesar

Marcello Moragas, o mestre-sala

“Dança de salão é todo tipo de dança de casal, aquela em que você pre-cisa de um par. Um ho-mem dançando com uma mulher”, explicou Mar-cello Moragas. Instalado na Visconde de Inhaúma, encontra-se o Studio Mar-cello Moragas – Dança de Salão. O estúdio, que já esteve em vários pon-tos diferentes do Centro da cidade, foi fundado em 1990, mas apenas em 2008 foi aberto no local atual. O seu proprietário, Marcello Moragas, de 39 anos, é professor há mais de duas décadas.

A dança apareceu de surpresa na vida de Mar-cello. Quando ele era adolescente, sonhava ser jogador de vôlei. Ele até fez parte do time do Flu-minense por oito anos, mas a sua estatura não era ideal para um jogador profissional, o que foi aos poucos acabando com as chances do seu sonho se tornar realidade. Aos 18 anos, o relacionamento com uma namorada ti-nha chegado ao fim. Com isso, um amigo lhe cha-mou para ir a uma festa. O evento, que acontecia na Cia Aérea de Dança, mudou a sua vida. “Quan-do eu entrei na festa e vi as pessoas dançando daquele jeito, eu fiquei surpreso! Eu não conhe-cia aquilo. Tudo era novo para mim. Aquela dança de pessoas rodopiando, uma levantando a outra. Eu fiquei com vontade de aprender aquilo, eu queria fazer igual”, co-menta Moragas. Logo em seguida, ele come-çou a fazer aulas nesse estúdio com o professor João Carlos Ramos e, em apenas um ano, já estava dando aulas.

Marcello Moragas em apresentação no América Futebol Clube

Os porquês da dança

- Acredita-se que o uso do braço lateral durante a dança ve-nha do fato de que, antigamente, os soldados carregavam a espada no lado esquerdo- A postura ereta e o torso fixo vêm do balé, que possui a mesma origem- A dança de casal foi levada a vários países das Américas, onde foi misturada às maneiras populares e típicas de cada país. Surgiu então o tango, na Argentina, o maxixe e o sam-ba de gafieira, no Brasil, e a habanera, em Cuba, que origi-nou vários outros ritmos, como a salsa, o bolero e a rumba- Os comitês de dança de salão internacional fazem de tudo para conseguir incluir o “Dancesport” ou “Ballroom Dan-ce”, dança de salão de competição, nos jogos olímpicos de verão- O estilo de dança conhecido como soltinho é derivado do swing americano

Marcello trabalhava, também, para o jornal O Globo, levando os repór-teres e fotógrafos para os locais das reportagens. Ele manteve os dois em-pregos para conseguir se sustentar com tranquili-dade. Até que, um dia, o seu veículo foi roubado. Sem carro, ele saiu do jornal e continuou so-mente ensinando a dança de salão. “Eu comecei a dar muitas aulas particu-lares também. Era o que me ajudava bastante fi-nanceiramente. Ensinava no estúdio e para as pes-soas em casa”, acrescenta Moragas.

Sua habilidade era tan-ta que o reconhecimento começou a aparecer. No ano de 1993, ele foi con-vidado a fazer par-te da Cia. de Dança C a r l i n h o s de Jesus. O sucesso foi tão grande, que ele e C a r l i n h o s real izaram viagens a vários paí-ses do mun-do, onde se a p r e s e n -tavam em eventos de empresas – na maior parte dos casos – e shows aber-tos ao público. Marcello começou como dançari-no e foi subindo de cargo com o passar do tempo: ensaiador, coreógrafo e diretor artístico. Ele fi-cou no grupo até março de 2009 – totalizando 16 anos de trabalho.

Moragas também se envolveu com o carnaval carioca. Por mais de 10 anos, ele foi assistente de direção do Carlinhos de Jesus na Estação Primei-ra de Mangueira. “Eu era sempre o primeiro que

pisava no chão da Sapu-caí”, conta Moragas. Fora as atividades do estúdio, Marcello Moragas tam-bém trabalha em outros locais. Todos os sábados, ele dá aula para crianças carentes e que frequentam a igreja de Santa Rita, no Centro.

O seu estúdio atende pessoas de todas as faixas etárias. “Não existe limi-te de idade, sexo, classe social. Na dança, todos são iguais”, diz Marcello. Atualmente, ele possui uma média de 200 alunos inscritos em seu estúdio. As aulas passam por vá-rios estilos de dança di-ferentes. Fora isso, ele disponibiliza o curso de “samba no pé”, o único que não necessita de um

p a r c e i r o para sua realização. Esta dan-ça pode ser e x e c u t a d a por uma pessoa ape-nas.

Q u a n d o ques t iona-do sobre o tempo que uma pessoa leva para a s s i m i l a r todos os detalhes da

dança de salão, Marcello Moragas explica: “É in-determinado o tempo mínimo de aprendizagem para uma pessoa, isso vai de cada aluno. A dança evolui, ela não para, sem-pre tem coisas novas para aprender. O aluno tem sempre que acompanhar esta evolução. Quanto mais tempo e mais práti-ca esse aluno tiver, mais habilidade com a dança ele vai adquirir”.

Para ele, uma das gran-des dificuldades de man-ter um estúdio no Centro é a grande inconstân-

cia no fluxo de alunos. “Como o Centro da cida-de é movido por empre-sas, isso gera um grande movimento de pessoas. Um dia a pessoa está em um cargo ou em uma fir-ma, no outro ela já está em um local diferente. Assim eu não consigo manter um número fixo de alunos, nem os alunos ficam por muito tempo, já que é inviável para eles virem até o local. Aos finais de semana a situação fica ainda pior”, explica Marcello.

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“Quero trazer para cá o

movimento do samba tradicional e promover

encontros de dançarinos da

antiga” Stelinha Cardoso

9janeiro de 2010 folha da rua larga

cultura

Sacha Leite e Rodrigo Brisolla

[email protected]

Sacha LeiteSacha Leite

Stelinha Cardoso em sua academia, na Avenida Marechal Floriano

Alunos da professora Stelinha Cardoso se preparam para o “soltinho”

Stelinha Cardoso, a porta-bandeira

Para quem costuma cami-

nhar pela Avenida Marechal Floriano é difícil ignorar o sobrado nº 42, em frente à lanchonete Bob’s. A música envolve a rua e o passante é quase obrigado a inclinar a cabeça e conferir o treina-mento dos diversos amantes da dança na academia Ste-linha Cardoso: “É como se eu estivesse num palco e as pessoas lá fora nos vendo, muitas vezes batendo palmas e participando”, sintetiza a

diretora. Formada em dança de salão, Stelinha opina so-bre o projeto de revitalização da região: “A dança se mo-derniza a todo instante. Em um momento de resgate de casarios e de todo o patrimô-nio material e imaterial dos arredores, gostaria também de participar, promovendo o renascimento do samba aqui neste espaço e trazen-do grandes personalidades da gafieira tradicional para lustrar ainda mais este lugar predestinado a brilhar”.

Após trabalhar por 11 anos com Carlinhos de Jesus e de-

pois mais três na Estudanti-na, Stelinha conta como veio parar na Rua Larga: “Uma vez precisei vir ao INSS, em frente à Light, quando vi a placa ‘Vendo’ aqui no sobrado. Foi então que cogi-tei mudar de endereço. Falei para os meus alunos: ‘Estou dando um passo largo’ – ri, indicando o trocadilho com o nome antigo da Rua – ‘temos um novo espaço à nossa dis-posição, mas vocês vão ter que ficar comigo pelo menos por três meses...’ ”. Segundo ela, não somente os antigos permaneceram, como houve

um crescimento de 70% no número de alunos.

Os praticantes da dança de salão no espaço Stelinha Car-doso são, na maioria, funcio-nários de empresas da região. A secretária executiva da Li-ght, Márcia Heinzelmann, há sete meses na academia, defi-ne o que passou a significar a dança em sua vida: “Dançar é movimen-to, é prazer, é poder mos-trar através de seu corpo o que vai no seu interior. É uma for-ma sadia de extravasar. E não pre-tendo parar.” No entanto, Márcia reco-nhece que o treinamento tem um cer-to nível de dificuldade: “Stelinha é bem exigen-te, o que me estimula. Não tenho intenção de ser profis-sional, mas faço questão de fazer bonito nos bailes e po-der dançar com quem sabe. É extremamente prazeroso”.

Márcia conta que precisava praticar uma atividade física, a conselho de seu médico, e que não se identificava muito com ginástica: “Fui conhe-cer e assistir a uma aula, me encantei com tudo, com as músicas, o som, os passos, a atenção tanto da Stelinha quanto da Rosângela, as brincadeiras que são feitas o tempo todo, e não quis mais parar. O ambiente é alegre,

vivo e divertido. Aprendo a diferença e identifico a difi-culdade de cada ritmo, adoro o soltinho e o samba. Tento aprender e me aprimorar, não gosto de fazer passos feios”, declara ela.

A irmã e sócia, Márcia Cardoso, destaca o compor-tamento dos alunos: “Fecha-mos no dia 18/12 e reabri-

mos dia 4/1. As pessoas ficam sau-dosas. Não é como em a c a d e m i a de ginástica, que a aula acaba e todos vão embora. Há todo um envolvimen-to pessoal e isso é muito gratifican-te”, conclui. Outro ponto positivo des-tacado pela gerente é o acompanha-

mento do desenvolvimento dos alunos: “Tem gente que chega aqui sem saber nada, nada de dança. Daí vai se soltando e de repente come-ça a dançar”, relata.

Para Stelinha, a academia se tornou o espaço das crian-ças: “A filha do porteiro da-qui de frente, de nove anos de idade, virou aluna, outra vizinha, de 15 anos, também quis se inscrever. Talentosas, elas não saíram mais daqui, viraram as estrelas da casa”, se orgulha. A professora con-ta que quatro meninas do Colégio Pedro II se tornaram alunas: “Eram lindas, duas

delas eram gêmeas. Chega-vam aqui ao meio dia, todas de uniforme. Pegavam rápi-do, só que o estudo acabou impedindo a frequência de-las”.

A dançarina, que já conta 22 anos de carreira, possui larga experiência no ensino dos três ritmos básicos da dança de salão: bolero, suin-gue e samba. Ela revela, po-rém, a sua afinidade primor-dial com o mundo do samba: “Gosto mais do arrasta-pé. Sou porta-bandeira, passista. Quero trazer para cá o movi-mento do samba tradicional, promovendo encontros de dançarinos da antiga e crian-do a Confraria da Gafieira”. Stelinha compartilha que pretende realizar almoços dançantes em todo primeiro sábado do mês, a partir de março. A entrada custará R$ 10 e a refeição R$ 8,50. Ha-verá música ao vivo, em ge-ral, guiada por um conjunto de chorinho.

Stelinha afirma que em três anos de frequência não teve problemas de seguran-ça: “Nunca recebi alguém dizendo ‘acabei de ser as-saltado’. Em Botafogo, isso aconteceu algumas vezes”. A dançarina acredita que o mo-vimento noturno aumentou muito devido a confluência de estudantes provenientes de cursos técnicos e univer-sidades, como Gama Filho, Estácio de Sá, UniverCidade e Cândido Mendes. Toda se-gunda e última sexta-feira do mês são realizados bailes de 18h a 0h no estúdio. Segundo a coordenadora, não há pro-blemas em sair tão tarde no Centro.

A porta-bandeira divul-ga também que promove-rá, nas segundas-feiras que precedem o carnaval, o cur-so “samba no pé”. Há anos Stelinha tem ministrado a oficina, que tem por missão esquentar as turbinas para os dias de folia. Outra atração muito procurada é a aula de tango com o professor Paulo Araújo, que acontecerá a par-tir de março às 19h30.

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janeiro de 2010

social

Escola ganha novo espaço e permanece na Praça Onze, onde capacita jovens há 10 anos

Um 2010 para crescer e viver melhor

Da redação

10folha da rua larga

Revitalização urbana, artística e cultural:

o caso da Roundhouse

Da redação

Vinícius Daumas

Divulgação

Artistas mirins e alunos da Escola de Circo Social Crescer e Viver em festa de fim do ano

A Roundhouse, centro criativo para jovens excluídos, em Londres

Júnior Perim afirma: “Gosto mais de poder do que de dinheiro”. O ar-ticulista, que está escre-vendo uma autobiografia resumida para a coletânea Tramas Urbanas, organi-zada por Heloísa Buarque de Holanda, é coordenador executivo da ONG Cres-cer e Viver, que capacita jovens de 7 a 25 anos em técnicas circenses. Recen-temente, a lona que aco-moda a instituição há uma década quase foi extinta. Isso porque o governo do Estado solicitou o terre-no, na Praça Onze, para a abertura de um centro de inteligência em seguran-ça pública. Júnior Perim se utilizou da experiência em alavancar movimen-tos sociais para resolver o problema. A partir da reivindicação, receberão um centro para o Crescer e Viver, na própria Praça Onze, com melhorias na estrutura e salas apropria-das para as atividades de-senvolvidas pela entidade. Contente com a vitória, Júnior antecipa: “Para o espetáculo de inauguração

Lucy Bramley, produto-ra cultural da ONG inglesa Roundhouse, esteve no Rio de Janeiro entre o final de 2009 e início de 2010, para reunião com grupos, como o Crescer e Viver, que se apresentarão no majestoso espaço cultural localizado na parte norte da capital inglesa, em maio de 2010. Lucy traz uma história análoga ao que se pretende realizar na Zona Portuária do Rio nos próximos anos. A londrina relata a história da Roundhouse, onde ini-cialmente funcionava um galpão ferroviário. A par-

do novo espaço, convida-mos o governador Sérgio Cabral para ser mestre de cerimônias e ele aceitou”, comemora.

O coordenador esclarece que ficou feliz, sobretudo por poder permanecer em um lugar que é conhecido como o berço das tradi-ções circenses: “A Praça Onze abrigou a circulação de grandes circos, como o Spinelli, dirigido por Benjamin de Oliveira, co-nhecido como o primeiro palhaço negro do Brasil”. Segundo Júnior, o circo na Praça Onze foi importante também para impulsionar a indústria fonográfica: “Os bolachões tocavam no circo Spinelli, em São Cristóvão e na Praça Onze. A linguagem circense teve particular importância no aquecimento da indústria fonográfica”, relaciona.

Sobre o convívio com os mais de 200 jovens inscritos nas oficinas de especialização em circo, Júnior conta: “Jefferson é um trapezista de 120 kg que tem uma grande inte-ligência sinestésico-cor-

poral. Falei para ele: ‘Vê se estuda, leia bons livros. Isso vai refletir na sua ati-vidade no trapézio’ ”. Jú-nior incentiva a instrução dos jovens e afirma que ele próprio não teve tan-to acesso quanto gostaria: “Faço parte da sociedade dos não canudados, dos não formais. Dos poetas-matados, assassinados por uma lógica de mercado excludente”.

O produtor cultural mostrou-se otimista com o ano que se inicia: “Após recebermos a maior com-panhia de malabarismo da Europa, a Shake That, 15 jovens do Crescer e Viver irão para o sul da Itália, para participar do Festi-val de Arte, Juventude e Direitos Humanos”. Tam-bém objetivando o inter-câmbio cultural e artísti-co, integrantes do Crescer

e Viver vão para o 2º Cir-cus Fest, na Roundhouse, em Londres. De acordo com Júnior, a proposta se-ria apresentar números do repertório de espetáculos e promover trocas artísti-cas entre países europeus. Do continente americano, apenas Brasil e Colômbia foram convocados. Além disso, o Crescer e Viver receberá, em abril, por uma curtíssima tempora-da, o Circo Social del Sur, de Buenos Aires, que tem uma proposta de inclusão social através do circo.

Além de intercâmbios com outros países, Júnior Perim anuncia a estreia da Minicompanhia do Cres-cer e Viver, em março: “Faremos, pela primeira vez, a montagem de O grande circo místico, de Edu Lobo e Chico Bu-arque, numa linguagem circense”, sorri. A compa-nhia mirim é formada por crianças de 7 a 11 anos. Segundo Júnior, os en-saios já começaram e as canções serão interpreta-das por membros do pro-grama de integração pela

música, em quatro únicas apresentações.

A estreia de O grande circo místico está prevista para março. Já para o se-gundo semestre de 2010, está agendado o Circo do Miudinho, cujo tema é o olhar infante de Gui-marães Rosa sobre os in-setos: “Estrearíamos em 2009. Não o fizemos para não correr o risco de soar uma imitação do Cirque du Soleil, já que a coreó-grafa Debora Colker criou o espetáculo Ovo, sobre tema semelhante”.

Júnior explica que, para ele, o fio condutor entre os shows é a busca pelo sentimento da brasilida-de, que estaria contida em espetáculos como Vida de artista, sobre personagens do imaginário popular do circo; Gentileza, que con-ta a história do profeta; Baião, a respeito da vida de Luiz Gonzaga e Circo do Miudinho, sobre as me-mórias infantis do escritor Guimarães Rosa.

tir de 1960, astros do rock do naipe de Jimy Hendrix, Pink Floyd, Rollings Sto-nes e The Doors come-çaram a se apresentar no lugar, transformando-o em um ponto cultural muito

nobre. Durante mais de uma

década o espaço testemu-nhou shows antológicos de grandes nomes da música internacional. No entanto, logo no início dos anos

1980, fechou as portas. Segundo Lucy, o declínio ocorreu devido aos seguin-tes fatores: dificuldade de manutenção em uma área tão extensa, problemas ad-ministrativos, como tam-bém a fama de “antro de drogados”.

Foi aí que, em 1996, o milionário Torquil Nor-man, dono de uma fábri-ca de brinquedos, decidiu iniciar um movimento de revitalização do centro ar-tístico. O empresário arre-cadou fundos tanto do go-verno quanto de empresas privadas, totalizando 27 mil libras, somados a qua-tro mil libras de seu capital pessoal.

Em 2006, a casa de espe-

táculos reabriu com ênfase no circo, devido ao seu for-mato redondo, que lembra um picadeiro. O diferen-cial, de acordo com Lucy Bramley, está no novo foco de atuação: um centro cria-tivo para jovens excluídos. Todos que por algum moti-vo não estejam na escola, não tenham o que comer, onde morar, ou sofram dis-criminação racial, sexual ou religiosa são bem-vin-dos. Eles vêm diretamente ou são encaminhados por organizações que contatam a Roundhouse, recebendo bolsas nos cursos ofereci-dos pela casa.

O espaço está à procura de grupos que promovam inclusão social através da

arte. No entanto, cabe res-saltar: eles trabalham com dois anos de antecedência. Ou seja, estão buscando agora atrações para 2012, ano em que Londres sediará os Jogos Olímpicos. Lucy Bramley solicita: para par-ticipar desse intercâmbio sociocultural é necessário enviar uma mensagem para [email protected], detalhando o fun-cionamento do projeto a ser inscrito. A equipe da Folha da Rua Larga en-caminhará as mensagens recebidas para os produto-res da Roundhouse.

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folha da rua largajaneiro de 2010

dicas da regiãoInstrumentos que fazem história

Sacha Leite e Rodrigo [email protected]

Da redação

Há 80 anos, Ao Bandolim de Ouro abastece os músicos cariocas

11

Rua LargaRua Larga

Seu Hélio Souto, dono da loja que promove rodas de choro gratuitas aos sábados, e de muita história para contar

Um dos cavaquinhos à venda no Ao Bandolim de Ouro

Sacha Leite

Sacha Leite

A Nativa está em liqui-dação! Os peep toes – sa-patos de salto, com ponta arredondada, que mantêm os dedos à mostra e foi moda nos anos 40 e 50 – voltaram à tona e estão à venda a preços especiais, a partir de R$ 59,90. Já os scarpins também estão com valores promocionais a módicos R$ 69,90. Neste início de ano, a loja, conhe-cida por oferecer produtos femininos elegantes, ofere-ce sandálias a partir de R$ 79,90 e sapatilhas desde R$ 49,90. As bolsas em couro podem ser encontradas por volta de R$ 199,90. Rua Marechal Floriano, 167.

Artigos para o lar é no Principado Louças. Há disponível uma grande variedade de jogos de jan-tar, copos, utensílios para a cozinha e muito mais. As coqueteleiras de metal custam a partir de R$ 62, e a torre de chope de 2 li-tros com três torneiras está em oferta por R$ 444,40. A loja também disponibi-liza uma seção de mate-riais hospitalares térmicos para servir comida aos pacientes, a partir de R$ 0,36. Marechal Floriano, 153/161.

Na Livros Técnicos Vi-tória você encontra obras sobre informática, eletrô-nica, eletricidade, entre ou-tros. O livro Controladores lógicos programáveis está saindo a R$ 104, já o Ma-nutenção de micros na prá-tica custa R$ 122 e o Ins-talações elétricas prediais sai por R$ 110. Lembrando que todo pagamento à vis-ta ganha 10% de desconto. Marechal Floriano, 151.

Almoço é na Florianu’s Grill. Refeição com chur-rasco a quilo sai por R$ 1,59 (cada 100g) até o meio dia e após as 14h. Já entre esses horários sai por R$ 1,99. O self-service sem churrasco custa R$ 1,49 (cada 100g) até o meio dia

Nas manhãs de sábado, enquanto parte do Centro do Rio de Janeiro está mais tranquila, o comércio está aberto e agitado. Ao an-dar pela Avenida Marechal Floriano, o pedestre pode encontrar uma antiga loja de instrumentos musicais chamada Ao Bandolim de Ouro. Chegando perto do local, vários tipos de sons invadem o ar e formam uma melodia característica co-nhecida como choro ou cho-rinho. Das 9h ao meio dia, a música não para de sair do estabelecimento. Em um clima de muita descontra-ção, clientes entram na loja, fazem compras, assistem à apresentação, cantam, tiram fotos e batem palmas. Músi-cos chegam e saem. Alguns tocam e outros só assistem.

No dia em que a Folha da Rua Larga esteve no Ao Bandolim de Ouro, uma média de doze músicos for-mavam a roda. A rotativida-de era grande, alguns saíam e outros entravam. Mas, de acordo com Julinho, nem metade da roda estava pre-sente no dia. Pois, como a apresentação acontece todos os sábados, o fluxo de par-ticipantes varia, já que nem todos podem estar presen-tes sempre. Além do que os músicos estão ali por prazer, o que não torna o encontro uma obrigação, mas um evento descontraído.

Na época em que a loja abrigava uma escola de música, Julinho, um dos professores, criou a roda de choro. Ele e os outros mes-tres se juntavam para tocar chorinho para os alunos. O sucesso foi tanto que, em 23 de maio de 2002, eles foram convidados a se apresentar pela primeira vez na loja. O convite foi tão bem aceito pelos músicos e pelos clien-tes que a atividade atraiu cada vez mais pessoas. Juli-nho batizou o grupo de Rafa Show, uma homenagem ao seu ídolo Raphael Rabello,

famoso violonista e criador do grupo Os Carioquinhas.

Além dos professores que fazem parte da roda de chorinho, grandes persona-lidades também lecionaram e completaram o quadro de mestres da antiga escola de música do Ao Bandolim de Ouro. Horondino José da Silva, o Dino Sete Cordas, foi o violonista que mais se destacou no violão de sete cordas, uma das mais fortes referências do choro brasi-leiro, e quem popularizou o instrumento no país. Molina, Zé do Cavaco e Patrick An-gello, violonista do Grupo Chapéu de Palha, são alguns exemplos de professores da

escola. Paulinho da Viola filmou no Ao Bandolim de Ouro cenas do filme Meu tempo é hoje.

Ao Bandolim de Ouro, fundada em janeiro de 1929 por Miguel Jorge do Souto, possui quatro andares: no térreo fica a loja, no segun-do andar, a antiga escola de música, no terceiro andar, o escritório, e no último andar está a fábrica de instrumen-tos musicais. Oito funcio-nários são responsáveis por produzir o bandolim, violão de seis e sete cordas, cava-quinho e a viola. Em média, são produzidas doze unida-des de cada instrumento por mês. Enéias Ferreira da Sil-

va trabalha na loja há nove anos: “É gratificante traba-lhar aqui, porque é muito co-nhecido. Dudu Nobre, Jorge Aragão, Paulinho da Viola... Todo mundo compra aqui”, declara. O violão é o produ-to mais valioso, variando de dois a cinco mil reais. A loja também comercializa produ-tos que não são de fabrica-ção própria, com o objetivo de se tornar completa, vende uma vasta gama de artigos musicais.

Hélio Jorge do Souto, de 75 anos, que começou a trabalhar na loja para ajudar o seu pai, Miguel, quando contava apenas 15 anos, é o atual proprietário do local. Hereditário, Ao Bandolim de Ouro é negócio de famí-lia: sua filha, Daniela Paiva Jorge do Souto, trabalha na administração da loja, e o seu sobrinho, Hélio Miguel do Souto, é o gerente.

De acordo com Hélio Jor-ge, a loja possui um público muito fiel, fato que o levou a participar do programa do Silvio Santos, no SBT. Um cliente foi até o programa e contou que o seu bandolim havia sido roubado e que ele não teria o dinheiro para comprar outro. Ele também comentou que era requisito obrigatório ser da loja Ao Bandolim de Ouro. Quando a produção do programa en-trou em contato com Hélio Jorge, ele não teve dúvida, foi participar do programa e doou um novo bandolim para o felizardo. O orgulho e a emoção foram tão gran-des que, na parede atrás do caixa da loja, encontra-se uma pequena foto e uma ampliação emolduradas do momento em que todos es-tão no palco conversando com o apresentador e o ban-dolim repousa, soberano, sobre um pedestal.

e após as 14h, fora desse período o valor é de R$ 1,69. Marechal Floriano, 133.

Vai viajar? Então pas-se na Mala Ingleza. To-dos os tipos de malas, bol-sas, mochilas e acessórios estão disponíveis na loja. Cintos de vários estilos, cores e tamanhos estão saindo por apenas R$ 6, já as malas de rodinhas estão custando a partir de R$ 69. Marechal Floria-no, 81.

O Sabor dos Andradas serve uma grande varie-dade de pratos para o seu almoço. O preço de cada 100 g é R$ 1,69 até o meio dia e após as 14 ho-ras, fora desses horários, custa R$ 1,79. Ao final da refeição, o cliente ainda tem direito a um café, chá ou chocolate quente. Rua dos Andradas, 123.

A Ter e Reler Papela-ria vende CDs e DVDs, faz cópias e impressões coloridas, porém o maior destaque é a sua seção de Havaianas. A loja possui todos os modelos dispo-níveis e nas mais varia-das cores. Tem a surf, a slim, a top, a tradicional, entre outras. O preço de cada modelo varia, mas eles custam a partir de R$ 9,90. Rua Acre, 77, loja B.

Bebidas e especiarias é na Casa Paladino. A mis-tura de bar e mercadinho está praticamente do mes-mo jeito há mais de 100 anos. Sua especialidade é o salame com queijo e ovo, chamado de triplo. Uma omelete, um refri-gerante e um triplo saem por menos de R$ 10. Uma garrafa de vodca Absolut custa R$ 85 e uma Stoli-chnaya sai por R$ 59. Rua Uruguaiana, 224/226.

comércio

Page 12: Folha da Rua Larga 17

janeiro de 2010

cidade

Companhia de Desenvolvimento do Porto do Rio toma posse

Rodrigo [email protected]

Além do investimento na infraestrutura, inclusão social é uma das promessas da diretoria

12folha da rua larga

Divulgação

Eduardo Paes discursa na cerimônia de criação da CDURP, no Píer Mauá

No dia 6 de janeiro, o presidente da Companhia de Desenvolvimento Ur-bano da Região do Porto do Rio (CDURP), enge-nheiro Jorge Luiz de Sou-za Arraes, e sua equipe tomaram posse dos cargos em cerimônia realizada no Píer Mauá. A soleni-dade, conduzida pelo pre-feito Eduardo Paes, apre-sentou a nova companhia que será responsável pela emissão e controle finan-ceiro dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), que foi criada pelo Decreto municipal nº 31620, de 21 de dezembro de 2009, de acordo com a autorização constante da Lei munici-pal nº 102/2009. O órgão possui autonomia admi-nistrativa e financeira e está vinculado à Secreta-ria Extraordinária de De-senvolvimento.

Esta nova companhia tem como objetivo promo-ver ações que contribuam com o desenvolvimento da Área de Especial Interes-se Urbanís-tico (AEIU) da região do Porto do Rio de Janeiro, r e a l i z a n d o c o n t r a t o s , c o n v ê n i o s ou autori-zações de qualquer na-tureza, desde que admiti-dos em Lei e que possua a finalidade de concre t i za r os objetivos da CDURP.

A expectativa é de que sejam atraídos R$ 2,6 bi-lhões para a região, atra-vés da venda dos Cepacs. Leilões públicos, regula-dos pela Comissão de Va-lores Mobiliários (CVM), serão realizados para ne-gociar os títulos. “A pre-

feitura vende o poder de construir, dando ao com-prador a certeza de que os recursos, frutos dessa venda, serão obrigatoria-mente aplicados naquela

região. É um título que permite ao empresá r io que vai cons-truir ocupar mais a área do seu terre-no, fazendo um gabarito maior, uma taxa de ocu-pação maior. E o dinheiro com o qual ele está com-prando isso, obrigatoria-mente será

investido na área onde ele vai instalar sua empresa. Se eu tivesse que aplicar em alguma coisa, com-praria essas ações quan-do fossem lançadas, pois essa área será valorizada novamente”, explicou Eduardo Paes.

O prefeito ainda co-mentou que, a princípio, os Cepacs só estarão disponíveis para pessoas jurídicas, mas que futura-mente as pessoas físicas também terão acesso aos certificados. Ele comple-tou informando que exis-tem cerca de 4 milhões de metros quadrados de área com potencial cons-trutivo. O valor mínimo, por cota, é de R$ 400, e a primeira transação deverá ser realizada a partir de julho.

“Este projeto é a marca principal da reconstrução do Rio, uma vez que ci-dade sem centro é uma ci-dade sem alma. Estamos devolvendo a dignidade para esta região com a li-citação para a recuperação de ruas e a construção de espaços culturais, como a Pinacoteca, que vai ocu-par o antigo Palacete D. João VI. A revitalização da região portuária é a minha menina dos olhos”, comentou o prefeito.

Durante a cerimônia es-

tavam presentes o presi-dente do Píer Mauá, Luiz Antônio Cerqueira, o presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro, Jorge Mello, o secretário de Estado de Desen-v o l v i m e n t o E c o n ô m i -co, Energia, Indústria e Serviços, Ju-lio Bueno, e o secretário extraordiná-rio de Desen-volvimento e presidente do Instituto Pe-reira Passos, Felipe Góis.

O presiden-te Jorge Ar-raes deixou o cargo de di-retor de Par-t i c i p a ç õ e s Imobiliárias e Societárias da Fundação dos Econo-miários Federais da Cai-xa Econômica (Funcef) para assumir a nova fun-

ção. Ele explicou como os trabalhos do novo ór-gão serão realizados e deu destaque à inclusão social dos moradores. Se-gundo ele, são cerca de 20 mil pessoas morando, em sua maioria, em áreas degradadas e habitações precárias. “Este proje-to é fundamental para as questões da valorização imobiliária e turística da região, e, sobretudo, da inclusão social. Vamos trabalhar também para que o respeito e a valori-zação dos que moram na região aconteçam”, disse Arraes.

“O objetivo é legitimar essa população, criar uma interlocução direta com os moradores e oferecer con-dições de emprego e mo-radia decente, entre ou-tros mecanismos sociais, para que eles fiquem no Centro de maneira digna e não sejam expulsos, como já ocorreu em outras ex-periências de revitaliza-ção de áreas degradadas”, disse o presidente. Ele

ainda com-pletou infor-mando que parte da ren-da captada com a venda dos Cepacs será destina-da a investi-mentos co-muni tá r ios : “Vamos in-centivar os empresários a empregar mão de obra local nos em-preendimen-tos que serão i n s t a l a d o s aqui.”

Ainda não foi definida a instituição

financeira que realizará a distribuição e a estrutu-ração dos Cepacs no mer-cado. Caso seja um banco

público, não será necessá-rio realizar uma licitação, caso contrário, o processo de licitação pode demorar entre 60 e 90 dias.

Eduardo Paes falou, também, sobre os esfor-ços feitos pela prefeitura para levar investimentos à região do Porto: “Hoje talvez seja o momento mais importante da união dos governos, pois não se deve apenas querer realizar algo. É preciso comprometer-se. E se não estamos ao lado de pes-soas comprometidas, as coisas não avançam. Por isso, os empreendedores podem ter a certeza de que, se decidirem apostar aqui, terão toda a atenção do poder público”.

Já o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, falou sobre as mudanças que a cidade sofrerá: “Este é um mo-mento auspicioso para o Rio, que vive uma fase de gradativo crescimento. A criação desse órgão trará possibilidades de grandes mudanças para a cidade. Eu diria que, a partir de hoje, estamos recolocan-do o Rio de Janeiro no caminho do progresso, do crescimento”.

O vereador Alfredo Si-rkis, falando em nome da Câmara Municipal, come-morou as ótimas oportu-nidades que a cidade está recebendo: “Estou muito feliz. Era um sonho antigo. Isso nos mostra que pode-mos tirar nossos sonhos do papel e transformá-los em realidade. É um momento feliz para a cidade e exem-plar para o Brasil, uma vez que o prefeito Eduar-do Paes conseguiu a união de todos para a realização desse projeto”.

“A revitalização

da região portuária é a minha

menina dos olhos”

Eduardo Paes, prefeito do Rio

“Vamos trabalhar também

para que o respeito e a valorização

dos que moram

na região aconteçam”

Jorge Arraes, presidente do CDURP

Page 13: Folha da Rua Larga 17

janeiro de 2010

morro da conceição Light inaugura Pátio das Energias

Da redação

Teresa Speridiã[email protected]

O futuro Museu da Energia trará brinquedos que ilustram conceitos físicos

Integrantes da banda

folha da rua larga

13cidade

Sacha Leite

Sacha Leite

Banda da Conceição

A ressaca do réveillon passou e agora temos um mês e meio para a nossa grande festa: o carnaval. Dizem os historiadores que o carnaval teve início há milênios. No Brasil, nem tanto, mas o suficien-te para nos tornarmos o centro do universo.

A festa foi trazida pe-los portugueses da Ilha da Madeira e Cabo Verde por volta de 1723 e era cha-mada de entrudo – vem do Latim introitus – e se refe-re a solenidades litúrgicas da Quaresma. No entrudo, os escravos passavam fari-nha, água e limão em seus corpos e saiam às ruas cor-rendo. Já a alta sociedade permanecia dentro de suas casas e brincava arremes-sando bolas de cera reche-adas com perfume. Essa brincadeira era chama-da de “laranjinha”.

Os costumes foram mudando gradativa-mente e no século XIX surgiram as primeiras bandas. Depois, as marchinhas tomaram conta do espetáculo, as ruas e os carros ga-nharam enfeites. Du-rante muito tempo, era comum as pessoas desfila-rem nos carros recebendo chuva de confete e serpen-tina. Era frequente o uso de lança-perfumes – tal-vez uma herança das “la-ranjinhas”. Apesar de toda a evolução do carnaval, as escolas de samba não aca-baram com os blocos, que estão cada vez mais vivos arrastando multidões.

Todo bairro que se pre-za tem sua banda e nós do Morro da Conceição temos a nossa, com mui-to orgulho. É chamada de Banda da Conceição.

Fundada em 1973 por um grupo de moradores, a Banda da Conceição abriu os desfiles do carnaval carioca na Avenida Presi-dente Antônio Carlos por vários anos. O grupo se desfez tempos depois.

Em 2007, a banda foi

No dia 22 de dezembro, a Light inaugurou a Praça Francisco Negrão de Lima, que fica entre a sede da Li-ght e o Palácio Itamaraty. Para Mozart Vitor Serra, diretor do Instituto Light, a praça, que ficará na porta dos dois prédios do Museu da Energia, tem a função de colocar crianças e res-ponsáveis no clima antes de entrar no museu. Segundo o arquiteto Maurício Proch-nik, os objetivos da inaugu-ração do playground temá-tico são “Criar um espaço aberto ao público, visitan-tes, funcionários e um local com brinquedos que servem como experiência para o Museu de Energia”. O lu-gar conta com brinquedos tradicionais, como balanços e escorregas, que explicam princípios físicos.

José Luiz Alqueres, pre-sidente da Light, declarou no discurso de inauguração da praça: “A renovação da Rua Larga passa por um trabalho não só físico, mas de sensibilização. O jornal Folha da Rua Larga é um dos importantes agentes nesse processo, dialogando com as partes envolvidas no projeto de revitalização da região. E essa praça é um lugar de convivência, um exemplo de que uma empresa pode fazer muito mais do que fornecer ener-gia elétrica”.

A praça é uma homena-gem a Francisco Negrão de Lima, ex-presidente da Light, prefeito do Rio de Janeiro e governador do Estado da Guanabara, que viveu entre 1901 e 1981. O público alvo, segundo a coordenadora do projeto, Estela Alves, são crianças do ensino fundamental. Ela acredita que receberão 85% de escolas públicas. Estela disse ainda que cada brinquedo terá um monitor explicando o princípio físi-co utilizado e esclarecendo possíveis dúvidas.

Os visitantes poderão experimentar na prática teorias sobre os fundamen-tos da energia. Nela ficará

Praça Negrão de Lima

- Onde fica: entre a sede da Light e o Palácio Itamaraty - Acesso: gratuito, pelo Centro Cultural Light - Área: 1.618 m², sendo 382,05 m² de área coberta e 1236,00 m² de área descoberta - Acessibilidade: rampa para cadeirantes e textos em braile para deficientes visuais - Sustentabilidade: coleta seletiva e sistema de captação e reutilização de águas pluviais

retomada e, embora sem sede própria, tem lutado para prosseguir. Um dos co-ordenadores da banda, Mar-co, o Frigideira, morador do Morro há 46 anos, fala sobre seus projetos: “Nossa ban-da não se limita a desfilar apenas no carnaval, ela tem uma função cultural, social, recreativa e educativa. Faze-mos um trabalho com crian-ças do bairro e adjacências, temos inclusive a intenção de oferecer também o espor-te a elas, já que temos um campinho de futebol aqui no Morro”.

Frigideira fala também de uma reivindicação jun-to à Suderj para conseguir uma sede: “Há um casario abandonado na Rua João Homem, 64/66, que poderia, além de sede para a banda, servir para ministrar vários cursos aos moradores, como oficinas de artesanato, ati-

vidades culturais, artes para as crianças e exposições. Potencial humano é o que não falta, afinal temos mui-tos artistas e professores que estão dispostos a contribuir. Para isso, basta termos uma sede”.

Quanto à programação do Carnaval 2010, a Banda da Conceição informa que sairá uma semana antes da data do início do carnaval oficial, isto é, 6 de fevereiro de 2010. A concentração será no Alto da Santa, às 16h, com saída às 17h. Ela percorrerá a Rua Sacadura Cabral, retornando pela Rua do Acre.

Pessoas de 8 a 80 anos estão convidadas a entrar no clima da folia. O que não pode faltar? ALEGRIA!

localizado futuramente o Museu da Energia, que abordará, didaticamente, o seu processo de geração, transmissão e distribui-ção, seus usos e sua rela-ção com o meio ambiente. O espaço ainda tem um projeto totalmente sus-tentável, com caixas para captação de água da chu-va, que será reutilizada no lago, na conservação dos jardins e nas instalações do museu.

A Praça Negrão de Lima conta ainda com brinque-dos educativos que irão ilustrar conceitos sobre as energias luminosa, térmi-ca e mecânica, dispondo de bicicletas energéticas e coleta seletiva de lixo. Há também acessibilidade para cadeirantes e inscri-ção em braile nas placas explicativas de cada brin-quedo. O espaço abrirá ao público próximo à inaugu-ração do Museu de Ener-gia. Acessando o site do Instituto Light é possível fazer um tour virtual de 360º pelo Pátio das Ener-gias e Museu da Energia.

Balanços da Praça Francisco Negrão de Lima

Maurício Prochnik com uma das bicicletas energéticas da praça

Divulgação

Page 14: Folha da Rua Larga 17

janeiro de 2010

gastronomia

receitas carolUm boteco à moda Rio AntigoBacalhau a Gomes de Sá

104 anos de histórias para contar, dentre sanduíches, omeletes e um chope único

Karina [email protected]

Juliana Costa e Marcelo Costa (Interinos)

[email protected]

14folha da rua larga

Omelete mista acompanhada de fatias de pão francês e chope

Quem passa pela esqui-na da Av. Marechal Floria-no com a Rua Uruguaia-na, nem imagina que ali está um dos mais antigos e tradicionais botecos do Centro da cidade: a Casa Paladino. No local desde 1906, o Paladino, como é chamado, lembra os botequins de antigamen-te, mistos de armazém e bar. A decoração guarda o mesmo charme de quando foi inaugurado, com be-los espelhos franceses e cristaleiras. Um pequeno armazém fica logo na en-trada e vende desde gar-rafas de vinho e whisky até iguarias enlatadas, azeites, temperos impor-tados, pedaços convidati-vos de bacalhau salgado e sardinhas portuguesas. As centenas de garrafas espalhadas pelas paredes e prateleiras de madeira vetusta conferem ao lo-cal um clima de bodega. Nos fundos, há um bar e duas pequenas áreas com mesas onde são servidos os tira-gostos, omeletes e sanduíches, tudo a preços módicos.

De entrada a dica é pe-dir a porção de salame com queijo e ovo, conhe-cida como triplo, que vem em porções bem servidas (R$ 3,80). A outra boa opção do cardápio são as omeletes “tortilladas”. As mais pedidas são as de ba-calhau (R$ 13) e as mistas (R$ 10), que levam desde salame até queijo, pre-sunto e ovo, tudo regado a muito azeite português. Entre os sanduíches, os que fazem mais sucesso são os de roquefort (R$ 6,30) e o triplo de pro-volone quente, ovo frito e presunto (R$ 5). Mas o maior atrativo da casa é o chope de serpentina única (R$ 2,40) da Brah-ma e sempre bem tirado. A carta de vinhos é muito

A Rua Larga é repleta de histórias e tradições, uma região que faz parte da nossa cidade por anos, assim como esta receita já faz parte da família há três gerações. Tendo uma legí-tima portuguesa em casa, não podia faltar bacalhau, seja em forma de bolinho

variada, como não podia deixar de ser. O alenteja-no Monte Velho sai a R$ 45 e o argentino Trapiche Malbec, a R$ 38.

O dia de maior procura no Paladino é a sexta-fei-ra. As 20 mesas do lugar ficam lotadas e é possível se deparar com fila de es-pera. A advogada Laura Monte é uma das frequen-tadoras fiéis da casa. “Bato ponto aqui toda semana. Sou fã da omelete mista, sem falar do chope, que é imbatível. Tento sempre vir às sextas-feiras, dia em que me permito tomar um chopinho na hora do almoço”, afirma. Até no atendimento o Paladino é um clássico. Os garçons, eficientes e rápidos, guar-

dam a má vontade e tam-bém a descontração e hu-mor sarcástico típicos de restaurantes antigos.

A freguesia é eclética, variando de engravatados dos muitos escritórios da região até estrangeiros com livretos turísticos, passando por estudantes e, claro, a seleta boemia diurna. Figuras folclóricas e ilustres também podem ser vistas com frequên-cia no Paladino. Carlos Gonçalves, um dos sócios portugueses do Paladino, é testemunha de parte da história do lugar. “Estou na casa há 43 anos. Co-mecei como copeiro em 1965. Tenho orgulho em trabalhar aqui. É um lu-gar com muita história e

que já foi frequentado por gente importante, como o ex-presidente da Light Alexander Mackenzie”, afirma. Ainda hoje, o Paladino recebe a visita de pessoas ilustres, entre eles, o cartunista Jaguar e os jornalistas Pedro Bial e Joaquim Ferreira dos San-tos. A dica está dada. Mas é bom lembrar: a casa só aceita dinheiro vivo.

Rua Uruguaiana, 224/226, Centro. Fone: (21) 2263-2094. Não aceita cartão de crédito.

ou torta, assado ou grati-nado, estava sempre pre-sente. Dentre todas as for-mas de preparar e comer o famoso peixe, escolhi uma bem tradicional e, claro, DELICIOSA! En-tão aproveite o embalo das festas de início de ano e bom apetite!

Ingredientes:

800 g de bacalhau tipo Porto1 cebola média8 tomates 1 cabeça de alho1 kg de batatas1/2 pimentão vermelho1/2 pimentão verdeAzeiteSal e pimenta a gosto

Modo de preparo:

Colocar o bacalhau de mo-lho para a retirada do sal; trocar a água. Cozinhar as batatas des-cascadas e cortadas em ro-delas. Refogar em azeite a cebo-la picada e o alho picado, juntar os oito tomates sem pele, temperar com sal e pimenta a gosto.

Cozinhar o bacalhau e, depois de cozido, retirar a pele e as espinhas e sepa-rar em lascas. Montagem do prato:

Colocar em um refratário uma camada de batatas em rodelas, entremeando com uma camada do ba-calhau em lascas. Cobrir com o molho de tomate, enfeitar com ro-delas de pimentão e levar ao forno para finalizar.

Serve de 4 a 6 pessoas.

Ana Carolina Monteiro

Page 15: Folha da Rua Larga 17

folha da rua largajaneiro de 2010

lazer

Cariocão de 2010 promete emoções baú da rua larga

Da redaçã[email protected]

ranti má[email protected]

Dentista-poeta

15

Nilton Ramalho

O dentista português Luiz Antunes de Carvalho, um dos pioneiros na cirur-gia bucomaxilar no Brasil, teve consultório na Rua Larga. Em 18 de janeiro de 1832, obteve em Buenos Aires o direito de exercer a profissão. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1836 e foi o primeiro dentista a registrar sua “carta” na secretaria da Câmara Mu-nicipal.

Luiz Antunes de Carva-lho ficou famoso no Brasil e na Argentina pela propa-ganda em forma de versos.

E felizmente os quatro times do Rio de Janei-ro respiraram aliviados ao final do Campeonato Brasileiro. Após o hexa-campeonato rubro-negro e a permanência heróica na Série A de Fluminense e Botafogo, os flamen-guistas, tricolores e bo-tafoguenses puderam se juntar aos vascaínos na expectativa pela disputa do Campeonato Carioca, que tem tudo para ser um prato cheio de emoções para a torcida.

Em meio a todo um debate realizado pela im-prensa esportiva em tor-no das contratações fei-tas pelos quatro grandes cariocas durante o perí-odo de festas, é possível destacar o Fluminense e o Flamengo, da recém-eleita presidente Patrícia Amorim, como favoritos

à conquista do estadual deste ano.

O Flamengo, mantendo a base do time campeão de 2009 e embalado por esta importante conquis-ta, entra forte para se iso-lar ainda mais na lideran-ça de títulos estaduais. O Fluminense, do matador Fred, que teve uma ar-rancada jamais vista na era dos pontos corridos, manteve e reforçou todo o elenco que ficou cari-nhosamente conhecido pela sua torcida como time de guerreiros, e en-contra no técnico Cuca uma eficiente liderança à beira de campo.

É claro que isso não elimina a possibilidade de êxito do Vasco (que contratou em quantidade e pouca qualidade) e do Botafogo (com poucas caras novas), que mere-

Ele publicou o seguinte anúncio no Almanak Ad-ministrativo Mercantil e Comercial:

“Luiz Antunes de Car-valho enxerta outros den-tes nas raízes dos podres, firma dentes e dentaduras inteiras, firma queixos, céus da boca, narizes ar-tificiais e cura moléstias da boca.

Rua Larga de São Joaquim,125.”

cem todo o respeito por sua tradição e história, mas estes dois clubes não se movimentaram à altu-ra de seus concorrentes para a disputa do Carioca de 2010.

Correndo por fora, e com muito menos holo-fotes que os quatro gran-des mencionados, está o querido “mequinha”, o tradicional América, que conquistou a segunda di-visão do ano passado e se habilitou à disputa da ca-tegoria principal este ano, contando com um velho conhecido da torcida bra-sileira em seu comando: Bebeto. Ele reeditará a dupla vivida em 94 com o “baixinho” Romário, que hoje é o homem forte do futebol do clube e foi o responsável direto por sua contratação. Além destes clubes, ainda há os

considerados times pe-quenos ou médios: Boa-vista, Madureira, Macaé, Volta Redonda, Tigres, Resende, Friburguense, Americano, Olaria, Du-que de Caxias e o Bangu.

Além de todos esses atrativos, o Campeonato Carioca terá outro tem-pero especial: este será o último estadual dispu-tado no Maracanã antes de sua grande reforma para a Copa do Mundo de 2014, dando um mo-tivo a mais para o tor-cedor carioca fazer as festas memoráveis que marcaram a reta final do Campeonato Brasileiro do ano passado.

LIGUE. ACESSE.ANUNCIE.

(21) 2233 36900www.folhadarualarga.com.br

folha da rua larga

Page 16: Folha da Rua Larga 17

janeiro de 2010

Da redaçã[email protected]

dicas da cidade Afinidade musicalBotequim da Rua Larga terá participação do mestre arranjador Paulão 7 Cordas

16folha da rua larga

lazer

Paulão 7 Cordas e José Luiz saboreiam um café e conversam sobre o carnaval dos tempos atuais

Atores do clássico Pollyana

Da redaçã[email protected]

Sacha LeiteOficinas, teatro

e música no CCJF

Pollyana, a clássica história de Eleanor H. Porter sobre a menina otimista que jogava o “jogo do contente” é tra-zida pelo diretor Rick Sadocco e fará tempo-rada no Centro Cultural Justiça Federal até o dia 7 de fevereiro. Sábados e domingos às 16h, R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Para quem acompanha o Música no museu, o CCJF estará recebendo o projeto nos dias 8, 15 e 22 de janeiro, às 15 horas. A entrada é franca.

CCL para estudantes

Fazendo uma ponte en-tre o passado e o futuro, o CCL (Centro Cultural Li-ght) é outro point para es-tas férias. O prédio abriga o Centro Cultural Light para estudantes onde as crianças poderão aprofun-dar seus conhecimentos sobre a história da energia elétrica e da Light. É uma proposta lúdico-educativa onde os jovens mergulha-rão na história da eletri-cidade através de vídeos,

Paulão 7 Cordas fará par-ticipação especial no show do Botequim da Rua Larga, sexta-feira, dia 22 de janei-ro, no Centro Cultural Light – palco do bonde. O arranja-dor, diretor musical, produtor e violonista é uma referência, segundo o líder do conjunto, José Luiz: “Todos os músicos do Botequim são fãs dele. Es-tão todos se preparando para receber o Paulão 7 Cordas”, revela. Paulão retruca: “O ca-rioca tem um espírito artístico muito aflorado. Os músicos aqui do Botequim têm nível para seguir carreira artística e, se quisessem, fazer exclu-sivamente música”, elogia.

O Botequim da Rua Larga já recebeu Noca da Portela, Dorina e agora receberá Pau-lão. O violonista explica que nasceu no Estácio, se criou no Jacarezinho e sempre es-teve envolvido com o mundo do samba: “Eu era da bateria da Portela. Ficava o dia todo na escola. Tinha o futebol da bateria, o almoço, e depois, então, o ensaio da bateria. Saí da Portela entendendo de ritmo, arranjo e tocando violão”. O músico, que parti-cipou da comissão julgadora do concurso de marchinhas realizado na Light no ano passado, fala do seu compro-metimento com o mundo do samba: “Saía na segunda com o violão nas costas e voltava só sexta de noite. Dormi mui-to no 415 e sempre tive muito contato com os composito-res. Sempre quis escutar suas músicas atentamente”, revela Paulão.

Portelense convicto, ele assina a direção musical e ar-ranjos de artistas como Zeca Pagodinho, Moacyr Luz e Tereza Cristina, para quem, no momento, está acabando a mixagem do DVD. Muitos pensam que Paulão é man-gueirense, já que assinou al-guns trabalhos junto à escola. Profissionalismo à parte, ele esclarece que frequentou muito a Mangueira devido à proximidade com o lugar onde morava, daí vieram os trabalhos. No entanto, ele de-

painéis com textos e ima-gens, tudo isso para deixar o aprendizado ainda mais interessante e divertido.

Cineclube João e Maria

O Museu João e Maria, localizado na Avenida Marechal Floriano, 19, exibe um filme temático a cada mês. O eleito des-ta vez foi Orfeu, de Cacá Diegues, que fala sobre uma história de amor que tem como pano de fundo o carnaval. Orfeu (Toni Garrido) é um popular

compositor de uma esco-la de samba. Residente na favela, ele se apaixona perdidamente quando co-nhece Eurídice (Patrícia França), uma nova mora-dora do local. Mas entre eles existe ainda Lucinho (Murilo Benício), chefe do tráfico local, que irá modificar drasticamente a vida de ambos. A sessão será às 12h. Gratuito.

clara que seu coração é fiel à Portela. Segundo ele, além da azul e branco, desfilou ape-nas nas escolas Jacarezinho e Império Serrano.

Além do histórico carnava-lesco, Paulão costuma incen-tivar novos talentos: “Sinto falta hoje de espaço para as canções novas. Nas rodas de samba só se toca música conhecida. Isso provoca um desgas-te, é preciso renovar e temos gen-te boa para isso”, defen-de. Dentre os projetos que desenvolve no momen-to, Paulão está produ-zindo a can-tora paulista Fabiana Co-zza, que tem se apresenta-do regularmente no Trapiche Gamboa.

O músico fala sobre a im-portância do arranjador: “É legal ter alguém com quem você pode discutir, pedir opi-nião, trocar ideia. Ás vezes,

com as introduções e con-tracantos, as músicas ficam completamente modificadas da composição original”, diz Paulão, que afirma sempre pensar no disco como o rotei-ro de um show, em um cres-cendo de climas e temas.

Analisan-do o carna-val carioca de rua, o arranjador c o n c l u i : “Os blocos p a s s a r a m por uma t r a n s f o r -mação, que hoje pare-cem uma escola de samba fu-leira. Isso, em minha opinião, se deve ao gi-g a n t i s m o das escolas de samba. Para mim, cada um tem seu es-paço: gosto

de bloco com cara de bloco. Um soprinho...”. Clayton Vabo, engenheiro eletricista e 7 cordas do Botequim da Rua Larga, completa: “Antiga-mente, nas escolas de samba você tinha ala de instrumen-

tos de corda, hoje não há mais tanto espaço para esse tipo de instrumento”, recorda.

Quando questionado sobre o Carnaval 2010, Paulão 7 Cordas esclarece: “Vou via-jar para Recife e descansar. carnaval para mim é o ano inteiro”, brinca. O músico conta que estudou violão tra-dicional, mas que no 7 cordas é autodidata: “ Ouvi muito Dino 7 Cordas. Daí quis es-tudar com ele e ele me falou que eu não precisava”, se or-gulha Paulão.

José Luiz lembra que, no ano passado, mais de 300 pessoas desfilaram no Bloco da Rua Larga e afirma que incentivará a participação dos colegas: “O Mozart Vi-tor Serra sugeriu de botar-mos o bonde na rua, como nos velhos tempos. Por que não? Acho que seria deveras sensacional”, se anima José Luiz. O Bloco da Rua Larga será o primeiro dos blocos do Centro a desfilar. Marca-do para o dia 29 de janeiro, com concentração às 14h, na Praça Regente Feijó, o grupo promete animar os foliões com a bateria da escola de samba Renascer.

“Os blocos passaram por uma

transformação, que hoje parecem

uma escola de samba

fuleira. Gosto de bloco com cara de bloco”

Paulão 7 Cordas, arranjador

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