Folha de s.paulo diploma ou não - 21 06-2009

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ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009 Índice Semana do Leitor Divulgação/Paramount Kirk Douglas em "A Montanha dos Sete Abutres" (1951) Folha de S.Paulo - Diploma ou não - 21/06/2009 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/semanadoleitor/sl2106200901.htm 1 de 5 6/7/2011 00:33

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Pequena reflexão sobre o uso do diploma para jornalistas publicada na Folha de S. Paulo.

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São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

Índice

Semana do Leitor

Divulgação/Paramount

Kirk Douglas em "A Montanha dos Sete Abutres" (1951)

Folha de S.Paulo - Diploma ou não - 21/06/2009 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/semanadoleitor/sl2106200901.htm

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Diploma ou não"Os argumentos dos ministros do STF para acabar com aexigência do diploma de jornalista são inconsistentes e atéhilários. Ao comparar o jornalista a um "excelente chefe decozinha que não tem curso superior de culinária", GilmarMendes abre precedentes para a defesa do autodidatismo emtodas as áreas.Um jovem brilhante que estude com afinco as leis poderá, emnome da "liberdade de expressão", advogar sem o devidodiploma. E soou como provocação o argumento de que ojornalismo deve seguir nos moldes de cursos como culinária,moda ou costura. Sem nenhum demérito a estas profissões,por que ele não citou direito, economia, engenharia oumedicina, já que nenhum dos exemplos é de bacharelado?E como ficam os que "acreditaram na ordem jurídica e sematricularam em faculdades", como argumentou o ministroMarco Aurélio Mello? Que os magistrados rasguem seusdiplomas e suas togas, não o meu diploma!"CARLOS VASCONCELLOS, jornalista e professor universitário(Petrópolis, RJ)

"Sou estudante do primeiro ano de jornalismo e há algunsmeses passei a carregar um texto cujo autor é jornalistafamoso, não formado: Gabriel García Márquez. O texto "AMelhor Profissão do Mundo" discute exatamente este ponto:a necessidade de escolas para jornalistas. Para Márquez adesgraça das faculdades talvez seja ensinar muito de útil paraa profissão, mas pouco da profissão propriamente dita.Outros exemplos de um jornalismo sem diploma são os filmes"A Primeira Página" e "A Montanha dos Sete Abutres". Oprimeiro ridiculariza o jornalista formado em faculdade quetenta cobrir a execução de um preso ao lado de velhos lobosde profissão. O segundo também esconde nas entrelinhas a

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mensagem de que o verdadeiro jornalista é aquele que vai àrua -e põe o recém-formado sempre como aprendiz doveterano interpretado por Kirk Douglas.Nada de errado na visão dada nestes três exemplos. Oproblema é que a comunicação contemporânea exige maiszelo. Não se lê tanto como antes. A ideia dos jovens hojesobre ética é distorcida -de ética jornalística então nem sefala. Uns nem politizados são. Outros nunca ouviram falar dospreceitos básicos do jornalismo, como "ouvir o outro lado".Um bom jornalista é composto da sede de Chuck Tatum(personagem de Kirk Douglas), da ousadia de Walter Burns(personagem de Walter Matthau em "A Primeira Página") e,equilibrando todo esse ímpeto por notícia, a mentalidade, aética e a escrita de García Márquez.Pronto, saiu do forno o jornalista perfeito. Mas ele irá nascerpronto ou criar-se sozinho, como um Pelé? Não. Daí anecessidade do curso acadêmico, que deve ser reformulado,como o próprio García Márquez diz. E isso deve ser feito oquanto antes."LEONARDO A. DA SILVA DIAS (São Paulo, SP)

"Alegrou-me o fim da exigência de diploma. Sou formada emcomunicação social e trabalhei nos classificados de um jornalem Londres, onde conheci jornalistas sem diploma. Alguns,para entrar na profissão, fizeram cursos de alguns meses (queeu fiz). Na Espanha, fiz pós-graduação em reportagem. Mas,ao retornar, a falta do diploma impediu-me de iniciar umacarreira.Nas palavras de Ryszard Kapuscinski, jornalistas são"pessoas que têm algo especial, uma curiosidade especial, quetratam sua profissão não só como modo de ganhar a vidasenão como uma missão, com um entendimento de que com oque fazemos ajudamos a outros". Acredito que aqueles quedesejam trabalhar na área de comunicação teriam muito maisa oferecer à sociedade se fizessem uma faculdade de letras,de economia, de história, de direito e, depois, um cursointensivo, uma especialização. Digo isso porque, se pudessevoltar atrás, é o que eu faria."CRISTIANE LORENÇO PERESI (São José do Rio Preto, SP)

Intolerância"Escrevo emocionado. Soube há pouco da morte de MarceloCampos Barros em decorrência do espancamento ocorrido napraça da República, no domingo da Parada Gay. Marcelinhofoi meu colega de classe durante todo o ginásio. Era criaturadoce e gentil, incapaz maltratar uma mosca. Sua mãe, donaElisa, me mandava lanche por ele para que eu tivesse o quecomer no recreio. Foi um estudante brilhante e dedicado.Fiquei estarrecido ao saber da forma brutal da sua morte e doparadoxo de ocorrer justamente no encerramento da Paradado Orgulho LGBT, evento que tem como uma das molaspropulsoras a morte do adestrador Edson Neris, na mesmapraça da República e da mesma forma: espancamento.A Parada Gay e todas as nossas demais conquistas ficamdiminuídas cada vez que um crime desses acontece. Essa

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tragédia é uma bofetada na face da comunidade que luta porrespeito e tolerância. Esse acontecimento funesto precisarepercutir de modo monumental para que os covardes sejampunidos. A impunidade e a indiferença são o combustívelpara que coisas hediondas como essas continuemacontecendo entre nós."JORGE DE LIMA (São Paulo, SP)

Coisas do Brasil"A respeito do editorial "Déficit de inteligência" (Opinião,segunda-feira), cabe salientar que não existe nenhum enigmaem relação à queda na formação de doutores no Brasil. Aquestão é muito simples: desemprego. Muitos, aliás, perderamo emprego ao conquistarem o título de doutor. O motivo?Contenção de despesas das universidades, centrosuniversitários e faculdades privadas.O Ministério da Educação exige apenas um terço do quadrodocente com titulação de mestre ou doutor. Não bastasse umnúmero tão reduzido, a preferência para completar essaexigência, obviamente, é pelo profissional mais barato, nocaso, o mestre. E como as universidades públicas não sãocapazes de absorver todos os doutores que se formamanualmente, apresentar o título de doutor no currículo apenasdificulta o profissional no mercado de trabalho. Coisas doBrasil."SILVIO LUIZ LOFEGO (São José do Rio Preto, SP)

"Doutorei-me em letras (semiótica e linguística geral) em1997, pela Universidade de São Paulo. Foi a época maisprodutiva da minha vida: seminários, congressos, elaboraçãoe apresentação de trabalhos, publicação de artigos, ótimosprofessores, tanto do Brasil como do exterior. Sou muitograta a todos. É, eu era feliz... E eu sabia.O que eu não sabia era o que estava por vir: a demissãoimplacável dos doutores ao final do semestre ou do anoletivo, principalmente em cursos de licenciatura na redeprivada de ensino superior.Fico penalizada com o contribuinte brasileiro, entre os quaisme incluo. Afinal, bancar cinco anos de estudo gratuito numauniversidade de reconhecimento planetário, além de umabolsa de estudos de doutorado, do CNPq , ao longo do cursotodo, não é pouca coisa. E pensar que se fala tanto naatualização continuada do professor.Será que voltarei a ser feliz? Será que meus inumeráveiscolegas deixarão de omitir que já têm a titulação de doutorpara não serem demitidos? Haverá alguma relação decausalidade entre a sistemática demissão dos professoresdoutores e a desastrosa situação da educação brasileira? Valea pena uma profunda reflexão e investigação a esse respeito.Vocês não estão de acordo?"IDA KAPLANAS, professora universitária da rede privada (São Paulo,SP)

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