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FOLHA DA FLORESTA INFORMATIVO DO CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE FLORESTAS - EDIÇÃO ESPECIAL - AGOSTO/97 ESSA ÁRVOREATINGEATÉ IOOMETROSDEALTURA Os .eucaliptos são originári9s4ã' A.ustrália e de-algumas ilhas ;9.a Oceânia, onde.já foram descritas cerca de 600 espécies e· sub-espéci!!S' diferentes. O' gênero EucalyptltJ;~ dividido em oito.subgênerós que são geneticamente isolados, não' cruzam. «O nome Eucalyptus deriva de duas palavras gregas eu ecalyP~) que significambem coberto,protegido- e se referem aoopérculo do botãõ. floral», explica a pesquisadora Rosanà Higa, da Embrapa Florestas. ... acordo com Rosana, os eucaliptos·s pçpularmente chamados de «guni trees»na Austrália devido a unitipo . de goma (quinojeuxudada no tro~co de árvores mais velhas. Outros n9~es> populares também sãousados-para ". outras espécies como «spottedgUID» ou «Iemon-scented gum» p'ãra Eucalytus citríodora referindo-.se'a'ó tipo de casca (com manchas circulares ao longo do tronco) e pelo cheiro característico das folhas (presença de citronelal, usado principalmente ebIliô e desinfetante). Na Austrália ogêrel).o< Eucálytusé o maisdifundido,estáRéloi presenteem quasetodas as formaçÕes v~getáisAo·co?tinent~.··· Oco~rem, numagrandevariedadedeclim3c.~ spl()s\ desde condições áridas;(q' ~e deserto) até em condições de frio ~ úmido.Oseucaliptos cultivados para os mais diversos fuis, tais como, .papel, cehilose,den.!1a, ,; carvão, aglomerado,serraria,;óI79s' para industrias farmacêutica, "mel, ornamentação, quebra vento,etc:Sãô árvores perenifoliase.a maiorpro;te das espécies 'apre~entam pqrte! arbóreo. O E1!á:;/ytpus regna11f a!ínge" a altura de quase I 00 metros eé considerado a árvore mais aítádô mundo. Virias outras. espééies crescematéa altura de 70 metroscômoj E. grandis, uma das espéciesFai'~S; plant~das no. mundo.;Outra't?Ili' apenas porte àrbústivo de 1,S;a3 metros de altura. o Eucalyptus na Silvicultura brasileira enomundo A Conferência IUFRO sobre Silvicultura organizada pela Embrapa, SIF, IPEF e OOF/ SEAGRI/BA, está reunindo cerca de 400 técnicos e pesquisadores de mais de 20 países das Américas, Europa, Ásia e África, para discutir aspectos técnicos, ambientais e sociais, relacionados com a produção de eucalipto no Brasil e no mundo. A importância da cultura do eucalipto para o Brasil pode ser avaliada pela participação do setor florestal na economia do país. Inicialmente apoiado por incentivos fiscais ao reflorestamento, e tambem pelos Programas Nacionais de Siderurgia a Carvão Vegetal e de Celulose e Papel, o setor responde atualmente por 4% do PIB, setecentos mil empregos diretos e dois milhões de empregos indiretos. Adicionalmente, a contínua expansão do setor florestal brasileiro, baseado em plantações, principalmente com eucaliptos, possibilita a exportação de US$ 2 bilhões por ano, em produtos de base florestal. Nos últimos 30 anos, as instituições de ensino e pesquisa florestal, assim como empresas privadas, tem investido recursos financeiros e humanos no sentido de aprimorar a silvicultura do eucalipto. Estes investimentos contribuíram para colocar o país em condições de extrema competitividade, ocupando um segmento importante da economia mundial, no que tange a produtos originados de reflorestamento. Aquelas mesmas instituições e empresas, além da busca constante de novas técnicas silviculturais que promovam ganhos em produtividade, vem dedicando esforços em questões relacionadas a práticas conservacionistas e ao desenvolvimento de tecnologias que objetivam preservar a produtividade do sítio, minimizar as exportações de nutrientes, compreender os processos de ciclagem de nutrientes em plantios de eucalipto em rotações curtas, conservar germoplasmas e melhorar genéticamente as espécies, tanto na produção de biomassa quanto na eficiência de utilização de nutrientes. Práticas não agressivas ao ambiente, como o controle biológico de pragas, vem sendo implementadas simultaneamente com esforços na área ambiental, visando a proteção de mananciais ea viabilização do uso de resíduos oriundos da produção de celulose, do lixo urbano e do lodo de esgoto, em plantios florestais, sem ocasionar a degradação de solos ou a poluiçêo do lençol ireético. Infelizmente, no entanto, ainda tem sido creditadas aos eucaliptos, de forma equivocada, crendices que, contribuem para influenciar negativamente a opinião pública. Este fato tem dificultado o entendimento da real importância do eucalipto e suas diversas espécies para o país. Apesar de exóticas, originadas em sua grande maioria da Austrália, muitas dessas espécies tem elevada produtividade e alta adaptação em diferentes climas e solos, demonstrando potencial para serem cultivados em todo o território nacional. A sua madeira que permite diferentes usos. Um dos pontos relevantes desta conferência, é a série de excursões técnicas que serão realizadas em diversos estados do Brasil, e outros países da América Latina oferecendo a empresários, técnicos e pesquisadores, de várias partes do mundo, a oportunidade de conhecer u in-loco" técnicas silviculturais, que se praticam em diferentes situações no Brasil. Espera-se, que esta conferência seja um marco para o setor florestal, não pela discussão técnica que propiciará, mas tambem pela oportunidade de reunir informações e esclarecer a sociedade temas fundamentais, como, efeitos da cultura do eucalipto sobre a biodiversidade; influência dos eucaliptos no estoque de nutrientes e na disponibilidade de água no solo e de que forma o seu cultivo propicia a conservação das florestas naturais. A sociedade merece estar informada sobre estes importantes aspectos para, assim, conhecer a realidade da atividade florestal ea sua importância para o país, dando ao Eucalypto o merecido reconhecimento. Helton Oamin da Silva Chefe Adj. de Apoio Técnico Embrapa Florestas

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FOLHA DA FLORESTAINFORMATIVO DO CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE FLORESTAS - EDIÇÃO ESPECIAL - AGOSTO/97

ESSA ÁRVOREATINGEATÉIOOMETROSDEALTURA

Os .eucaliptos são originári9s4ã'A.ustrália e de-algumas ilhas ;9.aOceânia, onde.já foram descritascercade 600 espécies e· sub-espéci!!S'diferentes. O' gênero EucalyptltJ;~dividido em oito.subgênerós que sãogeneticamente isolados, não' sécruzam. «O nome Eucalyptus derivade duas palavras gregas eu ecalyP~)que significambem coberto,protegido-e se referem aoopérculo do botãõ.floral», explica a pesquisadora RosanàHiga, da Embrapa Florestas. ...acordo com Rosana, os eucaliptos·spçpularmente chamados de «gunitrees»na Austrália devido a unitipo .de goma (quinojeuxudada no tro~code árvores mais velhas. Outros n9~es>populares também sãousados-para ".outras espécies como «spottedgUID»ou «Iemon-scented gum» p'ãraEucalytus citríodora referindo-.se'a'ótipo de casca (com manchas circularesao longo do tronco) e pelo cheirocaracterístico das folhas (presença decitronelal, usado principalmente ebIliôe

desinfetante). Na Austrália ogêrel).o<Eucálytusé o maisdifundido,estáRéloi

presenteem quasetodas as formaçÕesv~getáisAo·co?tinent~.··· Oco~rem,numagrandevariedadedeclim3c.~spl()s\desde condições áridas;(q' ~edeserto) até em condições defrio ~ úmido.Oseucaliptoscultivados para os mais diversos fuis,tais como, .papel, cehilose,den.!1a, ,;carvão, aglomerado,serraria,;óI79s'para industrias farmacêutica, "mel,ornamentação, quebra vento,etc:Sãôárvores perenifoliase.a maiorpro;tedas espécies 'apre~entam pqrte!arbóreo. O E1!á:;/ytpusregna11f a!ínge"a altura de quase I00 metros eéconsiderado a árvore mais aítádômundo. Virias outras. espééiescrescematéa altura de 70 metroscômojE. grandis, uma das espéciesFai'~S;plant~das no. mundo.;Outra't?Ili'apenas porte àrbústivo de 1,S;a3metros de altura.

oEucalyptus na Silviculturabrasileira e no mundo

A Conferência IUFRO sobre Silvicultura organizada pela Embrapa, SIF, IPEF e OOF/SEAGRI/BA, está reunindo cerca de 400 técnicos e pesquisadores de mais de 20

países das Américas, Europa, Ásia e África, para discutir aspectos técnicos, ambientais esociais, relacionados com a produção de eucalipto no Brasil e no mundo.

A importância da cultura do eucalipto para o Brasil pode ser avaliada pela participaçãodo setor florestal na economia do país. Inicialmente apoiado por incentivos fiscais aoreflorestamento, e tambem pelos Programas Nacionais de Siderurgia a Carvão Vegetal ede Celulose e Papel, o setor responde atualmente por 4% do PIB, setecentos mil empregosdiretos e dois milhões de empregos indiretos. Adicionalmente, a contínua expansão dosetor florestal brasileiro, baseado em plantações, principalmente com eucaliptos, possibilitaa exportação de US$ 2 bilhões por ano, em produtos de base florestal.

Nos últimos 30 anos, as instituições de ensino e pesquisa florestal, assim como empresasprivadas, tem investido recursos financeiros e humanos no sentido de aprimorar a silviculturado eucalipto. Estes investimentos contribuíram para colocar o país em condições de extremacompetitividade, ocupando um segmento importante da economia mundial, no que tange aprodutos originados de reflorestamento.

Aquelas mesmas instituições e empresas, além da busca constante de novas técnicassilviculturais que promovam ganhos em produtividade, vem dedicando esforços em questõesrelacionadas a práticas conservacionistas e ao desenvolvimento de tecnologias queobjetivam preservar a produtividade do sítio, minimizar as exportações de nutrientes,compreender os processos de ciclagem de nutrientes em plantios de eucalipto em rotaçõescurtas, conservar germoplasmas e melhorar genéticamente as espécies, tanto na produçãode biomassa quanto na eficiência de utilização de nutrientes. Práticas não agressivas aoambiente, como o controle biológico de pragas, vem sendo implementadassimultaneamente com esforços na área ambiental, visando a proteção de mananciais e aviabilização do uso de resíduos oriundos da produção de celulose, do lixo urbano e do lodode esgoto, em plantios florestais, sem ocasionar a degradação de solos ou a poluiçêo dolençol ireético.

Infelizmente, no entanto, ainda tem sido creditadas aos eucaliptos, de forma equivocada,crendices que, contribuem para influenciar negativamente a opinião pública. Este fato temdificultado o entendimento da real importância do eucalipto e suas diversas espécies parao país. Apesar de exóticas, originadas em sua grande maioria da Austrália, muitas dessasespécies tem elevada produtividade e alta adaptação em diferentes climas e solos,demonstrando potencial para serem cultivados em todo o território nacional. A sua madeiraque permite diferentes usos.

Um dos pontos relevantes desta conferência, é a série de excursões técnicas que serãorealizadas em diversos estados do Brasil, e outros países da América Latina oferecendo aempresários, técnicos e pesquisadores, de várias partes do mundo, a oportunidade de conheceru in-loco" técnicas silviculturais, que se praticam em diferentes situações no Brasil.

Espera-se, que esta conferência seja um marco para o setor florestal, não só pela discussãotécnica que propiciará, mas tambem pela oportunidade de reunir informações e esclarecer asociedade temas fundamentais, como, efeitos da cultura do eucalipto sobre a biodiversidade;influência dos eucaliptos no estoque de nutrientes e na disponibilidade de água no solo e deque forma o seu cultivo propicia a conservação das florestas naturais.

A sociedade merece estar informada sobre estes importantes aspectos para, assim,conhecer a realidade da atividade florestal e a sua importância para o país, dando ao Eucalyptoo merecido reconhecimento.

Helton Oamin da SilvaChefe Adj. de Apoio Técnico

Embrapa Florestas

Pesquisas da Embrapa ampliam a oferta de alimentos

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),orgão vinculado ao Ministério da Agricultura e do

Abastecimento, já gerou e recomendou mais de oito miltecnologias para agropecuária brasileira, inclusive para o setoragroindustrial. O presidente da Embrapa, pesquisador AlbertoDuque Portugal, diz que as novidades fazem parte do esforçoda Empresa «de aumentar a produtividadedo setoragropecuárioe florestal brasileiros, reduzir custos e ajudar o país a aumentara oferta de alimentos, conservando os recursos naturais e omeio ambiente». Ela pesquisa todos os produtosque compõema alimentação do brasileiro: do pão à carne, do leite ao feijão.

Seu objetivo é melhorar a qualidade dos alimentos, aumentarsua produção e reduzir os preços para o consumidor. Essetrabalho começa nos laboratórios dos Centros de Pesquisa daEmbrapa, de onde surgem, a cada ano, dezenas de novasvariedades de plantas mais produtivas, nutritivas e resistentesa doenças e pragas, e técnicas modernas para o aumento daeficiência produtiva da pecuária nacional. Hoje, esse trabalhoconquistou uma nova característica e é desenvolvido emparcerias com estados, municípios, empresas privadas einstituições de ensino. Essa cooperação se estende tambémna área internacional. Instalada em 26 de abril de 1973, aEmbrapa atua por intermédio de 37 unidades de pesquisa edois serviços. Está presente em todos os Estados daFederação, nas diferentes condições ambientais. Possui cerca

de 9 mil funcionários, dos quais mais de 2 mil sãopesquisadores (54% com mestrado e 34% com doutorado).

Maior produtor nacional de sementes básicas, a Embrapaproduziu, em 1993, perto de 14 mil toneladas de sementes deprodutos básicos como feijão, milho, soja, trigo, arroz, algodãoe cevada. Estas sementes, associadas a outras tecnologiasdesenvolvidas pela pesquisa, ajudaram o país a colher, em1994, cerca de 76 milhões de toneladas de grãos, 11,5% amais do que na safra 92/93. Refletiram também na produçãonacional de frutas e hortaliças do país que alcançou,respectivamente, em 1992, cerca de 32 milhões e 11 milhõesde toneladas.

Apenas em 1996, a Empresa lançou 1.071 novastecnologias, produtos e processos. Nos últimos cinco anos,seus técnicos publicaram 5.900 artigos e atenderam 353 milconsultas e visitas técnicas e deram 12.824 palestras. Nomesmo período, a Embrapa promoveu 2.284 cursos e 2.155dias de campo. A média de atendimentos de técnicos,produtores e estudantes por ano é de 24 mil pessoas.

Na área de produção animal, as tecnologias resultantesdo trabalho de pesquisa em nutrição, melhoramento genético,reprodução, saúde e engenharia agrícola foram, em parte,responsáveis, por exemplo, pelo aumento da produção nacionalde came de frango, que passou de 500 mil toneladas em 1975,para mais de três milhões em 1994.

Conferência possibilita o intercâmbio de experiênciasE sta conferência possibilitará a atualização das

informações fgeradas pela pesquisa e é umaoportunidade especial para a troca de experiências»,afirmou o chefe geral do Centro Nacional de Pesquisade Florestas (Embrapa Florestas), Carlos AlbertoFerreira, ao fazer uma avaliação das expectativascriadas em torno da realização da Conferência IUFRO(Organização Internacional de Entidades de PesquisaFlorestal) sobre Silvicultura e Melhoramento Genéticode Eucaliptos.

Carlos Alberto Ferreira destacou que a produtividademédia do eucalipto girava em torno de 15 metroscúbicos hectare/ano na década de 60 até 90. Noentanto, hoje, como primeiros resultados de uma sériede parcerias estabelecidas no setor com o objetivo deimplantar novas tecnologias, essa produtividade jáchega a 40 metros cúbicos hectare/ano. «Isso gera umaserie de resultados positivos. Especialmente, diminui apressão da floresta nativa, frisou.

Destacou ainda que as ações conjuntas que

envolvem as instituições governamentais, empresasprivadas e universidades, possibilitaram também aampliação do uso desse tipo de madeira. «Sem essasparcerias não seria possível desenvolver tantaspesquisas,» acrescentou.

Nesse m om ento , a Embrapa Florestas estádesenvolvendo nove projetos de pesquisas e mais de700 experimentos estão instalados no campo,especialmente na região Sul do Brasil. Grande partedeles envolvem estudos em torno dessa essênciaflorestal. Para o chefe geral do Centro de Pesquisade Florestas, talvez o eucalipto ainda não seja asolução para todos os usos da madeira. No entanto,entende que é preciso considerar o seu ritmo decrescimento e a fase de reposição que ocorre numperíodo menor. Durante os debates e avaliaçõesteremos a oportunidade de ampliar os conhecimentose informações sobre o eucalipto e as questões doreflorestamento, sua importância e implicações comrelação ao meio ambiente». concluiu.

EXPEDIENTE FOLHA DA FLORESTA é uma publicação do Centro Nacional de Pesquisa de Florestas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -Ernbrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento.Chefe Geral: Carlos Alberto Ferreira, Chefe Adj. Adrn., João A. Sotornaior Bittencourt - Chefe de P&D, Antonio J. Bellote - Chefe Adj.de Apoio Técnico,Helton D.da Silva.Resp. Área de Desenv. e Transferência de Tecnologias: Sérgio AhrensEndereço: Estrada da Ribeira km 111 - Caixa Postal 319 Cep 83411-000, Colornbo,PRFone: (041) 766-131.3. Fax: (041) 766-1692 Telex (41) 301120Editor: Jon. Nádia Fontanta -, ;. )Produção: Cleide Femandes de OliveiraTiragem: 1000 exemplares. Este informativo é editado pela Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Florestas. É permitida a reprodução das matériasaqui contidas, no todo ou em parte. Solicitamos mencionar a fonte e enviar cópia ou exemplar.

2 Folha da Floresta

Conferência internacional abre novo debate sobre asestratégias de manejo e uso econômico do eucalipto

P esquisadores, ~rofessores universi-tários e empresanos de mais de vinte

países estarão reunidos em Salvador(Bahia), a partir do dia 24 de agosto,participando da Conferência IUFRO (Organização Intemacional de Entidadesde Pesquisa Florestal) sobre Silviculturae Melhoramento Genético de Eucaliptos.Até o dia 29 de agosto eles debaterão asestratégias de melhoramento genético, osimpactos sociais e ambientais dasplantações de eucaliptos, técnicassilviculturais e o uso econômico dessaárvore, originaria da Austrália.

O Brasil é considerado, atualmente,ao lado da África do Sul, o país quedetém as tecnologias mais avançadas nodesenvolvimento desse tipo de floresta.«Além disso, 50% de todas as plantaçõesde eucaliptos do mundo estão em territóriobrasileiro, afirma o engenheiro florestal epesquisador, Antonio Higa, da EmbrapaFlorestas, que preside a comissãoorganizadora da conferência.

Segundo ele, existem aproxima-damente 6 milhões de hectares deeucaliptos no mundo. Estão registradasmais de 600 espécies dessa árvore, noentanto, somente 20 espécies têmimportância econômica. Essa árvore foiintroduzida no Brasil ainda no séculopassado. Naquela época, o grande atrativodo eucalipto eram as suas característicasmedicinais e omamentais. Tanto que eracomum cultiva-I o próximo às residênciasou casas de saúde. Logo, começou a serutilizado como lenha e dormentes deestradas de ferro.Essa nova potendalidade foi demonstradapelo pesquisador Navarro de Andrade, umdos grandes responsáveis pela ampliaçãodas formas de uso do eucalipto no estadode São Paulo, espedalmente, no períodoentre 1904 a 1919. Já a partir das décadasde 60 e 70 acontecem o programagovemamental de incentivo fiscal aoreflorestamento. E, as industrias ampliamseu interesse na produção de celulose ecarvão vegetal. «O eucalipto chegou aocupar quatro milhões de hectares», relataHiga.

Meio AmbienteDe acordo com o pesquisador, foramesses plantios que evitaram umadestruição ainda maior das florestasnativas do país. O Paraná, por exemplo,teve a cobertura florestal reduzida de 65%para menos de 10% de seu retomo, contaapenas com 10% de suas florestasnaturais. Dados da Sociedade Brasileirade Silvicultura (SBS) de 1990, mostram

que mais de 50% das florestas de eucaliptosão transformadas em lenha, enquanto25% viram carvão vegetal. Os outros 25%são usados como madeira, celulose oupainéis. Higa observa que o corte dessasflorestas plantadas não permitiu que odesmatamento continuasse no mesmoritmo acelerado de anteriormente :«eucalipto contribuiu para a preservação deflorestas naturais», reitera.

Nesse momento, existem no Brasil trêsmilhões de hectares de eucaliptos. Essaárea representa menos de 1% do territórionacional. Porém, é dessa floresta de umaplanta exótica que sai 25% da madeirautilizada pelos brasileiros e, a tendênciaapontada pelos pesquisadores, é decrescimento desse uso. Isto porque estãosendo aprimoradas as técnicas de manejoe tratamento da madeira.

PesquisasO presidente da comissão organizadora

da conferência, que deve reunir mais de500 participantes, concorda que o eucaliptoprovocou muitas polêmicas em tomo dosseus efeitos ecológicos, ambientais esociais. No entanto, durante o simpósioserão apresentadas e discutidas astecnologias implementadas e utilizadasnos últimos anos visando estabelecerresultados positivos. «Essas tecnologiasgarantem hoje uma produtividade de até40 metros cúbicos por hectare. No inicioda década de 60 essa produtividadeoscilava em tomo de 15 metros cúbicospor hectare, explica. A bracatinga, uma dasmadeiras com grande utilização, tem umaprodutividade média de 25 metros cúbicospor hectare.

Conforme Antonio Higa, há um grandeinteresse dos demais países em tomo daspesquisas desenvolvidas no Brasil,justamente, em função desses resultados.Por isso, acredita que os debates devemse centralizar em tomo dos avanços, ofuturo das pesquisas genéticas, o uso declones e as técnicas de plantio. Umeucalipto com cerca de 7 anos apresenta20 metros de altura e um diâmetro médiode 15 centímetros. Isso significa um bompotencial de uso de biomassa»,exemplifica.

O pesquisador diz ainda que nomomento em que destaca as potencia-lidades dessa floresta não estárecomendando que se derrube a matanativa para a introdução dessa espécie deárvore: «Se o produtor rural precisa demadeira ele tem uma boa opção de investirno plantio dessa espécie, preservando omeio ambiente. "Existem espaços para o

desenvolvimento de áreas para exploraçãoeconômica e para a preser-vação",assegura.

A Conferência IUFRO sobreSilvicultura e Melhoramento Genético deEucaliptos será realizada no Centro deConvenções da Bahia e contará com asparticipação de palestrantes de Portugal,Japão, Bélgica, Estados Unidos e Brasil.Serão apresentados 220 trabalhostécnicos durante os seis dias do evento.Os participantes terão ainda a opor-tunidade de integrar viagens técnicas,conhecendo projetos desen-volvidos porempresas privadas e instituições depesquisas na Amazônia, Bahia e regiõesSudeste e Sul do país. A conferênda épromovida pela Embrapa Florestas emconjunto com o IPEF, SIF, DDF-Seagri-BA e Grupo de Trabalho S2.08.03 daIUFRO, com patrocínio da Jari CeluloseSA, Veracruz Florestal, FINEP e apoioda Bahiatursa e de várias empresasprivadas, instituições de pesquisas,órgãos governamentais e entidadesrepresentativas de classe.

PROGRAMAÇÃO1. Estratégia de melhoramento genéticoO Melhoramento da madeira de eucalipto,polpa e qualidade do papel por seleçãogenéticaPaulo Cotterill (Stora-Celbi - Portugal)

O Introdução e melhoramento de eucaliptosno BrasilMário Ferreira .Universidade de São Paulo

2. Biotecnologia aplicada aomelhoramento genético de árvoresO Biologia do genoma de árvores florestais:influência sobre a pesquisa básica e· práticaflorestalRonald R Sederoff - Universidade Estadual daCarolina do Norte - EUAa Melhoramento a nível molecular em híbri-dos de populusD.Toby Bradshaw ~ Univ. de Washington - EUA

3. Silvicultura, produtividade e utilizaçãode Eucalyptus: implantação, manejo,proteção e colheira para polpa e papel,energia e outros. usos; e, processamentomecânico'a Avaliação de tensões de crescimento edeformações Periféricas em árvores em péTakashi Okuyama - Univ. de Nagoía - Japão

a Qualidade da madeira de eucalipto paraatendimento das exigências do mercado decelulose e papel- Celso Foelkel - Riocell - Brasil

4. Impactos sociais e ambientais deplantações de EucalyptusO Certificação e seus impactos sobre reflo-restamento e mercado de eucaliptosJean Pierre Kiekens - Universidade de Bruxelas-, Bélgica

O Indicadores hidrológicos no manejo sus-tentável de plantios de eucaliptosWalter de Paula Lima - Universidade de SãoPaulo - Brasil

3 Folha da Floresta

Projeto Jari mostra que é possível produzirpreservando a biodiversidade da Amazônia

Florestas brasileiras estão produzindoaté 59 métros cúbicos por hectare acada ano, em plena região da Amazô-

"ia, respeitando todos os critérios que vãogarantir a sustentabilidade dessa regiãodo país, a maior e mais importante áreaverde do planeta. Esses resultados estãosendo computados pela Jari Celulose SA,uma das três empresas formadas a partirdo chamado "Projeto Jari", desencadeadoa partir de 1967. Segundo o engenheirorural Roberto Pacheco, gerente de pesqui-sa da empresa, há uma consciência deque a existência e o desenvolvimento daJari depende diretamente da capacidadede produzir a sua propria madeira, umrecurso natural renovável. Por isso, «asustentabilidade da produção é um tópicoconstantemente em pauta», assinala nes-ta entrevista exclusiva a Folha da Floresta.Ele fala ainda sobre a Xiloteca, que con-centra amostras de 460 diferentes espéci-es de madeiras nativas da região. A em-presa produz hoje 280.000 toneladas decelulose por ano e emprega 3000 pesso-as. Mas, uma população de 70.000 pesso-as vive na região - um contingente superiorao número de habitante de muitos municí-pios do Brasil - e dependem direta ou indi-retamente deste empreendimento, que jágerou muitas polêmicas durante as últimastrês décadas.

Folha da Floresta - Como o senhor de-finiria o Projeto Jari? Quando iniciou e quaisos seus objetivos prioritários?

Roberto Pacheco - Em 1976 teve iníciouma operação de grandevulto na região do Vale doRio Jari, na divisa do es-tado do Pará com oterrítório do Amapá, hojeelevado a categoria deestado. Esta operação,em sua fase inicial, tor-nou-se conhecida como«Projeto Jari». Hoje, tem-se como resultado a rea-lidade de três empresasatuando na região, sen-do duas de mineração (CADAM e MSI) euma produtora de celulose, que é a JariCelulose SA

FF - Qual é a área envolvida e quantaspessoas se beneficiam diretamente como empreendimento?

Pacheco - A Jari Celulose é proorietá-ria de 1,6 milhôes de hectares dis aisutiliza aproximadamente 7,5% para suasoperações, constituindo-se o restante emáreas de vegetação natural, cobertas pormata, várzea, cerrado (isto mesmo, cerra-do em plena Amazônia') e campos. A loca-lização geográfica da Jari Celulose SA fazcom que suas áreas de cultivo de madeiratransformem-se em "ilhas" cercadas devegetação nativa por todos os lados, o quecontribui para a manutenção do equilibrioambiental. A empresa produz 280.000 to-neladas de celulose por ano e empregadiretamente mais de 3000 pessoas, entrefuncionários e prestadores de serviços.Além disso, há uma população de cercade 70.000 pessoas que vivem na região deinfluência do empreendimento e, atual-mente, dependem indiretamente deste.

FF - Como é tratada a questão dabiodiversidade e o meio ambiente?Pacheco - A Jari reuniu e mantém, emconvênio com a Embrapa/Cenargem, umdos maiores inventários da flora da Ama-zônia. Ele constitui uma valiosa fonte de

pesquisa para cientistas do mundo inteiro.O detalhado levantamento das espécies na-tivas começou em 1984, em uma área de34,5 mil hectares, Há 8.700 árvoresmarcadas, entre elas, 1500 sob permanen-te observação. Estas árvores servem comomatrizes para coleta de sementes e produ-ção de mudas para plantio de espécies na-tivas. A Estação Ecológica do Jari, adminis-trada pelo IBAMA, localiza-se no limete Norteda propriedade da Jari Celulose SA e pos-sui 227 mil hectares, dos quais 87.500 emterras da empresa. A empresa mantém ain-da uma Xiloteca, com amostras de 460 di-ferentes espécies de madeira nativas daregião, além de um amplo herbário repre-sentativo da flora local. Nas operações flo-restais o planejamento de ocupação deáreas faz com que as áreas de cultivo demadeira sejam intercaladas por mata nati-va e as técnicas de cultivo levam a elimina-ção de ocorrências de erosão. Além disso,a consciência de que a existência e o de-senvolvimento da Jari Celulose SA depen-de diretamente de sua capacidade de pro-duzir sua propria madeira, um recurso na-tural renovável, faz com que a susten-tabilidade da produção seja um tópico cons-tantemente em pauta. Assim, trabalhos vi-sando a escolha de material genético adap-tado e menos exigente, aliados ao conheci-mento e monitoramento das condiçõesedáficas e climáticas possibilita a definiçãodas práticas que permitem maximizar aprodução e manter a capacidade produtivalocal. Os efluentes líquidos do processo in-

dustrial são tratados emsistemas de decantação ecanalizados para uma la-goa de 200 ha (isto mes-mo, 200 ha.) onde ficamdurante 17 dias em um pro-cesso natural de oxigena-ção. São depois devolvidosao Rio Jari, dentro dos pa-drões da legislação brasi-leira. Gases e partículassão filtrados e tratados porlavradores, precipitadores

eletrostáticos e ciclones decantadores, comgrau de eficiência de 98%. Os rejeitossólidos vão para as áreas de compos-tagem, onde serão transformados eminsumos que irão auxiliar no suprimentonutricional das florestas plantadas,FF - Há condições de se desenvolverprojetos no Brasil que levem asustentabilidade da Amazõnia?Pacheco - Sem dúvida. Muitos erros e acer-tos já ocorreram, formando uma base dedados suficientes para permitir umzoneamento e planejamento adequadosdas atividades a serem desenvolvidas, Osresultados já obtidos mostram ser possí-vel diversos níveis de manejo, desde aextração seletiva até o intensivo, como é ocaso da Jari Celulose S.A., que em suasplantações vem obtendo uma média de32 metros cúbicos por ha a cada ano, comvalores máximos alcançados em planti-os comerciais, até o momento, de 59metros cúbicos por ha ano. No Caso demanejo sustentado, experimentos condu-zidos por diversas organizações, dentreelas a Embrapa, que inclusive tem umdestes experimentos em áreas da Jari,propiciam a base de dados experimentalque, associada a experiência em escalaoperacional de empresas que já operamdentro desta filosofia, irão permitir a evo-lução rápida e constante desta técnica.

Há uma consciência de que aexitência e o desenvolvimentodo Jari depende diretamenteda capacidade de prooduzir a

sua prõpria madeira; umrecurso natural renovâvel:

AGENDA '2,

WSorkshop

De 4 a 5 de setembro acontece emCuritiba(PR) o Workshop Sul-Americano sobre Usos Alternativos deResíduos .de Origem. Florestal,promovido' pela 'Embrapa .Florestas.Dúrante o evento, pesquisadores etécnicos debaterão a .:geração deresíduos no setor florestal, a disposiçãode resíduos em florestas, o potencialbiotecnólógico de resíduoslignocelulósicos; a biorremediação ea indústria florestal; e os usosalternativos dos resíduos.

AlternativasSegundo 'a comissão organizadora, abiotecnologia e o <.avarwo ,deconhecimentos técnicos ambientaisvêm ocupando espaços importante eviabilizando a obtenção de produtos eprocessos que agreguem valor, a partirda utilização de subprodutos e resíduosque, na atualidade, não são utilizadose até mesmo indesejáveis. Pesquisasmostram resultados positivos no usodesses 'resíduos no cultivo de.coqurneloscomestlvejs,e substratospara mudas ..e vermico.!'1)postagem.Melhores \Ínformaçõe~ . sobre oworkshop 'podem ser obtidas naEmbrapa Florestas ou na IdealizaPormoções (Fone/fax 55+41 3427175).

Erva-Mate

A função social da cultura da erva-mate,o associativismo e o desenvolvimentoda agricultura familiar, a discussão dosavançostecnológicos são questõesque ser 4,abordadasC!l,Irante o I

'Cqngres~oSul-Americanoda Erva-.,Mate que- serão reaíízadoa partir do,dia 24 de novembro emCuritiba (PR).O congresso estão sendo organizadopela Embrapa Florestas e pretendeestabelecer uma discussão sobrecertificação, mercados e globalização.Também ser apresentados os avanços'tecnolóqicos na implantação econdução dos ervais.

" Trabalhos

Até o di~:3b de sete~bro,'Podem serapresentados trabalhos que serãodiscutidos durante o I Congresso Sul-Americano da Erva-Mate. Os autoresdevereo enviar duas vias dos resumosdos trabalhos juntamente com cópiaem disquete de 3 1/2", devidamenteidentificado, e a correspondente fichade inscrição. Já as inscrições-esdevem ser encaminhadas á Secretariado I Congresso Sul-Americano da Erva-Mate ( Embrepe Flo.Tftstás - CaixaPostal 319 CEP 83411-®Colombo-Paraná- Brasil) Juntamente com ocomprovante de pagamento 'da taxade inscrição.

4 Folha da Floresta