folheto FCG psicologia genética
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GULBENKIAN uma coleção a descobrir
Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Alameda da Universidade
1649-013 Lisboa
Tel.: 21 794 36 00
E-mail: [email protected]
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Sugestões Temáticas — Psicologia
Uma iniciativa da
Divisão de Documentação
Maio de 2012
Psicologia Genética
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Gulbenkian uma coleção a descobrir
Psicologia Genética
As questões de genética são um campo de estudo e investigação que tem suscitado muito interesse no combate a doenças do foro oncológi-co, a par com os problemas psicológicos das pessoas que enfrentam as situações mais desesperantes. A psicologia, ciência humana que se tem desenvolvido muito nos dois últimos séculos, conflui com outras ciên-cias em especializações no campo da biologia, da história, da física e da filosofia, na compreensão do ser humano. A espécie humana mudou o centro de gravidade da sua evolução para o plano social. O homem deixou de ser objeto físico para ser sujeito, que oscila entre o finito e o infinito, entre o orgânico e o psíquico, com a faculdade da linguagem e do pensamento unicamente inerente à sua espécie. O desenvolvimento da mentalidade infantil reproduz as fases da evolução psicogenética da humanidade dos primeiros estádios da mentalidade coletiva em nume-rosos trabalhos científicos concebidos principalmente por Piaget no plano do pensamento da criança, ao representar a mentalidade infantil e a dos povos primitivos. As etapas individuais do pensamento repro-duzem as etapas históricas da evolução mental do grupo, convertendo o primitivismo do pensamento infantil a primitivismo da mentalidade coletiva.
É difícil definir o que se entende por “mentalidade primitiva” se consi-derarmos que os povos de culturas arcaicas possuem um grau elevado de socialização e uma preponderância do pensamento mágico sobre o lógico, o que não quer dizer que sejam desprovidos de racionalidade. Sendo nós seres animais, assentamos no biológico como indivíduos providos de pensamento no psicológico e como homens capazes de transformar a atividade interpessoal em social. Em termos biológicos, pensamos com todos os níveis funcionais do sistema neuroendócrino. O desenvolvimento do cérebro implica pensamento e linguagem em cada passo da aprendizagem humana à medida que se verificam as eta-pas e formas de crescimento fisiológico e psíquico, da infância à idade adulta que, do meso modo, se desenvolve o sistema nervoso superior. Mas, são paralelos e, ao mesmo tempo, divergentes os caminhos do desenvolvimento somático e o psíquico, o que pode explicar a má formação citológica de alguns tecidos humanos que provocam o dese-quilíbrio cromossomático, por exemplo, nos mongoloides. A harmo-nia do desenvolvimento das funções dos órgãos e das funções depende de três fatores, os gerais para o crescimento orgânico e morfológico, o da hierarquização dos níveis nervosos e das funções consecutivas, e o do desenvolvimento e sinergia das funções endócrinas. Esta sinergia funcional e equilíbrio orgânico refletem o comportamento do conjun-to da psicobiologia, da ontogenia e das relações psicofisiológicas. De-duzem-se assim, princípios fundamentais de subordinação e das condi-ções de existência nas leis de correlação das partes do organismo, para além das regulações humorais, endócrinas e nervosas que, através do hipotálamo e por intermédio da hipófise, regulam a harmonia do con-junto.
A espécie humana está espalhada em todo o globo terrestre, onde se verificam as condições geográficas para o desenvolvimento humano. Do ponto de vista biológico, o desenvolvimento humano, que começa com a evolução do indivíduo é determinada pela constituição genotípi-ca que apresenta o caráter de uma apogénese, isto é, da fixação das qualidades que se desenvolvem segundo as linhas de força das energias embrionárias que, adicionadas à epigénese, isto é, às partes que não preexistem, são preponderantes no desenvolvimento mental. A evolu-ção psicobiológica prepara a criança para a puberdade que carateriza a adolescência e, desta, para a idade adulta, sintetizando-se com a perso-nalidade que reflete a interação dos fatores biológicos com o meio, que nem sempre são diretas e imediatas, mas através das emoções. O
indivíduo está submetido diretamente às pressões do meio natural, responde e defende-se, adaptando-se a sucessivas adequações morfofisi-ológicas, que se perpetuam em várias gerações, em agrupamentos que se vão tornando em sociedades. Nestas, é natural a interação na vida social. O ser humano foi-se desenvolvendo, organizado em sociedades cada vez mais evoluídas, evoluindo ao mesmo tempo o corpo e o cére-bro, passando o homem por diversas etapas, até à transformação orgâ-nica e ao desenvolvimento psíquico, à atividade sensório-motora. O movimento desemboca no conhecimento com a perceção do espaço e a sensação racional do mundo exterior e interior, gerando comporta-mentos instintivos e intelectuais. Da inteligência à prática à linguagem foi um passo dado, através da qual o indivíduo modifica a sua atitude e relação com os outros, manifestando-se na palavra. A palavra atua dire-tamente no desenvolvimento motriz, sobre a capacidade mental e de interação entre meio e indivíduo e entre indivíduo e indivíduo. O de-senvolvimento dos conhecimentos relativos à realidade social e psicoló-gica que se manifestam pela compreensão sócio-cognitiva das ações humanas que, em geral, se referem “aux conceptions que l’enfant peut verbaliser sur la mémoire, le langage, la perception, l’intégration socia-le, les émotions, les habiletés motrices(…)” [Aguiar, S.C.T., 1981: 1].
A origem social da palavra surge da própria génese e do desenvolvi-mento da sociedade humana, quando o ser humano foi capaz de criar um instrumento, realizar uma ação, criando uma onomatopeia. A ori-gem da linguagem converte-se em origem do pensamento abstrato. À onomatopeia seguiu-se a interjeição, como forma de expressão das emoções e dos afetos na vida sexual e amorosa, cujas relações culmi-nam com o matrimónio. A família converte-se em instituição como fenómeno social e cultural. Nas condições socioculturais contemporâ-neas, a escola representa o prolongamento da família a quem cabe a educação dos filhos. A educação surgiu como necessidade prática de progresso, detentora de valores culturais e científicos, que constituem sistemas cerrados de adaptação do grupo humano ao meio. Educar sig-nifica transmitir valores culturais, criar um conceito de inseparabilidade entre a gnosis e a praxis. São estes valores que englobam, definem e en-caminham no desenvolvimento societal. Integrar o indivíduo no grupo em que pertence abrindo a mente para a relação entre o passado e o presente numa interação que possibilite novas circunstâncias. E estas circunstâncias tornaram-se possíveis com os avanços dos movimentos populares, a que não são alheias a liberdade e a personalidade genetica-mente desenvolvidas.
Bibliografia
AGUIAR, Maria Stella C. Tavares – D.E.A. de psychologie génétique: Application d’un programme de quelques notions de la psychologie de la mémoire à des enfants de 5 et 6 ans. [Paris]: Université René Descartes, 1981.
MERANI, Alberto L – Psicologia genética. Primera edición. México: Grijalbo, 1962.
PIAGET, Jean – Psicologia e epistemologia: para uma teoria do conhecimento. Trad. de Maria de Fátima Bastos e José Gabriel Bastos. - 5ªed. - Lisboa : Publicações Dom Quixote, 1991. - (Nova Enciclopédia ; 12 ).
PIAGET, Jean – Problemas de psicologia genética. 5ªed. - Lisboa : Publicações Dom Quixote, 1983. - (Plural ; 33).
PIAGET, Jean - L'équilibration des structures cognitives : problème central du development. Paris : Presses Universitaires de France, 1975. - (Études d'épistemologie gé-nétique ; 33 ).
PIAGET, Jean - L'équilibration des structures cognitives : problème central du dévelope-ment . Paris : Presses Universitaires de France, 1975. - (Études d'épistemologie génétique ; 33 ).
Recensão de Edma Satar, Bibliotecária
Faculdade de Psicologia
Instituto de Educação
UNIVERSIDADE DE LISBOA