folheto forgotten teaching sisters
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Sugestão de Leitura ~ Educação
Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Alameda da Universidade
1649-013 Lisboa
Tel.: 21 794 36 00
E-mail: [email protected]
Faculdade de Psicologia | Instituto da Educação
UNIVERSIDADE DE LISBOA
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Faculdade de Psicologia | Instituto de Educação
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Alameda da Universidade
1649-013 Lisboa
Sugestão de Leitura—Educação
Uma iniciativa da
Divisão de Documentação
Junho de 2011
HELLINCKX, Bart; SIMON, Frank; DEPAEPE, Marc – The forgotten contribu-
tion of the teaching sisters: A historiographical essay on the educational work of
Catholic women religious in the 19th and 20th centuries. Leuven: Leuven Univer-
sity Press, 2009, 125 p.
Sugestão de Leitura
Ao estudar o processo de feminização da profissão do ensino na Bélgica nos séculos 19 e 20, no âmbito da História da Educação da Universidade Católica de Lovaina, os autores deste livro apre-sentam um estudo da educação de raparigas baseado em ensaios de autores americanos, ingleses e franceses. O estudo limitou-se aos ensaios sobre as religiosas, principalmente as católicas e anglica-nas, e excluiu investigação sobre as atividades nas colónias e nas missões. Os objetivos do estudo foram os de analisar em detalhe as teorias, os conceitos e as ideias dos tópicos nas abordagens se-guidas, assim como as metodologias e as técnicas de investigação usadas. Ao mesmo tempo, pre-tendeu-se verificar se houve evolução no modo como esses investigadores olharam para o trabalho dessas mulheres. Os estudiosos pretendiam ainda determinar que lugar as religiosas ocuparam no campo da história da educação para admitir, no futuro, a necessidade de investigações neste âmbi-to. De modo a estimularem as orientações de estudos futuros, são indicados temas e subtemas com várias abordagens, perspetivas e métodos. Esperam, com isto, avançar para estudos comparativos entre congregações de ensino individual, congregações de diversos países e atividades educativas de religiosas católicas por um lado, e sobre o trabalho educacional de mulheres, de educadoras religi-osas não católicas, em comparação com os professores masculinos, por outro.
O estudo consiste de duas partes, uma que sublinha a evolução do interesse escolar no trabalho educacional das religiosas, e outra, que afirma haver necessidade de investigação nesta área. Até à data, não havia sido ainda observado qualquer interesse, desde que fora feito um estudo apresenta-do em Lisboa sobre Teresa de Saldanha, a fundadora da Congregação Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Sublinham que, em nenhum dicionário biográfico constam biografias de religio-sas que se destacaram no ensino, o que demonstra a marginalização que as religiosas sofreram.
Dá-se ênfase ao contributo das religiosas, como pioneiras da verdadeira escolarização universal, na oferta de educação aberta a raparigas e jovens de todas as camadas sociais, étnicas, culturais e reli-giosas, embora a crítica admita o facto de as irmãs do Sagrado Coração terem dado oportunidades educacionais apenas aos órfãos, negros e pobres da região americana de S. Louis. Contrariamente, no Québec, as religiosas organizaram o ensino secundário e superior para raparigas, desenvolveram o ensino da música, organizaram programas de formação profissional principalmente para as esco-las normais, escolas de enfermeiras, escolas de secretariado ou de profissões femininas. Organiza-ram também o ensino da economia doméstica, criaram faculdades universitárias, desenvolveram o ensino destinado aos excecionais (delinquentes, surdos, cegos, deficientes mentais, etc.) e equipa-raram o ensino feminino ao masculino, contra a vontade das autoridades educativas. Os testemu-nhos desses trabalhos aparecem em discussões e não em livros, publicadas por ocasião dos jubileus. Os investigadores chegaram à conclusão que, apesar da abordagem cronológica das publicações, foram efetuadas análises dos espaços físicos dessas congregações que os levaram a afirmar que a missão das religiosas era a de educarem mulheres com o fim de desempenharem certos papéis na sociedade e que seguiam uma filosofia educacional diferente, no que respeita, por exemplo, ao aspeto carismático do líder de uma instituição, defendido por Max Weber. Observaram que a ar-quitetura, o local e as imagens colocadas no interior das congregações incitavam a determinados
objetivos e papéis como esposas e mães, proclamadas de modo discreto nas motivações e intenções das congregações. As religiosas educavam as raparigas para serem donas de casa competentes, boas companheiras dos maridos, o valor do afeto e da ternura, e para estarem abertas ao consolo e à com-preensão. Observaram ainda, que o programa de ensino nas escolas secundárias públicas incluía a música e, noutras, o ensino da religião e da etiqueta moral, o que contrastava bastante com as insti-tuições protestantes.
No que respeita à prática educativa, alguns artigos comentavam o modo como as irmãs disciplinavam as salas de aula. Os castigos infringidos às alunas tinham implícita uma sanção religiosa para obedecer e respeitar, semelhante à disciplina das próprias noviças em relação às suas superioras dos claustros. O ensino foi considerado como parte da secularização, isto é, como um prolongamento do apostola-do e por outro lado, como uma das condições da profissionalização do ensino, sendo o setor educati-vo visto como uma profissão que requer conhecimentos técnicos e experiência profissional. O papel das irmãs na profissionalização do ensino é estudado pela formação, competência, experiência, lon-gevidade da carreira, modelos profissionais, nas relações com as associações e sindicatos de professo-res, e no seu envolvimento na produção de manuais.
Em relação à formação, competência e experiência, vários estudiosos retrataram as religiosas como
não qualificadas, com pouca experiência e de modo negativo, devido à influência da historiografia
republicana, em França, e ao protestantismo, nos Estados Unidos. Em geral, as irmãs têm uma longa
carreira de ensino, porque se dedicam inteiramente ao professorado como vocação, apostando na
especialização e na identidade da corporação. Embora seja de notar a relação das associações e dos
sindicatos, em geral, na história da educação, pouco se sabe da sua relação com as organizações reli-
giosas. Um outro indicador da profissionalização das religiosas é o seu envolvimento na produção de
manuais e outros meios educativos. Os autores concluem, em termos positivos, que estes estudos
foram, por um lado, o ponto de partida para outras investigações no campo da história do ensino no
feminino, que contribuíram para a aplicação de novas metodologias da história da educação. Por
outro lado, admitem o progresso dos estudos, antes limitados a uma escola particular, congregação,
cidade ou região, com vista à generalização e aos estudos comparativos e explanatórios. Estudos que
contribuíram para a grande qualidade com um currículum académico e progressivo, que ultrapassou o
mundo dominado por profissionais masculinos. Contudo, esperam com esta revisão da literatura
colocar as mulheres no lugar que merecem na história da educação.
Recensão de Edma Satar, Bibliotecária
Faculdade de Psicologia
Instituto de Educação
UNIVERSIDADE DE LISBOA