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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA Follow up de crianças identificadas por educadoras de creches como tendo necessidades educacionais especiais passados dois anosTrabalho de monografia apresentada como requisito do Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos. Claudia de Nadai Chimetto Orientadora: Profa. Dra. Enicéia Gonçalves Mendes SÃO CARLOS DEZEMBRO - 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

“ Follow up de crianças identificadas por educadoras de creches como tendo necessidades

educacionais especiais passados dois anos”

Trabalho de monografia apresentada como requisito do Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos.

Claudia de Nadai Chimetto

Orientadora: Profa. Dra. Enicéia Gonçalves Mendes

SÃO CARLOS DEZEMBRO - 2003

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ÍNDICE

RESUMO ..................................................................................................................... 3

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 5

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 7

Garantias legais do acesso à classe comum do ensino regular ....................... 13

Inclusão Escolar na Educação Infantil ............................................................ 15

A realidade da inserção de crianças com necessidades educacionais especiais

em um sistema municipal de educação ......................................................... 16

Objetivos do estudo .................................................................................................... 19

MÉTODO

Participantes e local do estudo ....................................................................... 20

Procedimentos de coleta de dados .................................................................. 20

Implicações éticas ........................................................................................... 23

RESULTADOS

Primeira etapa: localização das crianças ......................................................... 25

Segunda e terceira etapas: busca das crianças na rede de ensino e análise dos

dados ............................................................................................................... 26

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ............................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 40

ANEXOS

Anexo A: listagem retirada do projeto de extensão “Banco de dados dos

alunos com necessidades educacionais especiais inseridos nas unidades

escolares do sistema educacional do município de São Carlos”, utilizada para

localização das crianças .................................................................................. 42

Anexo B: Carta de apresentação às diretoras de creches ............................... 46

Anexo C: Manual para preenchimento e ficha de identificação ..................... 49

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Anexo D: Termo de consentimento livre e esclarecido para as professoras das

escolas ............................................................................................................. 55

Anexo E: Resultado da primeira etapa da coleta de dados (localização das

crianças), em relação às escolas que estavam freqüentando em 2003 ........... 58

Anexo F: Fluxograma que mostra o encaminhamento das 104 crianças com

NEEs pelas escolas no município, fornecido pelas diretoras das creches ...... 60

Anexo G: Tabela com os resultados da segunda etapa da pesquisa, com dados

relativos ao nome, data de nascimento, escola e idade em 2001, e escola e

idade em 2003 ................................................................................................. 63

Anexo H: Tabela com os resultados das áreas existentes na ficha de

identificação, relativa aos dados dos anos de 2001 e de 2003/2004 .............. 65

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RESUMO

O presente estudo tem como tema a questão da inclusão escolar de crianças na

Educação Infantil, e é parte de uma agenda de estudos que vem sendo desenvolvida

por um grupo de pesquisa que tem como missão colaborar para produzir

conhecimento sobre a implementação de políticas de inclusão escolar no âmbito de

sistemas municipais de educação. Como parte dessa agenda realizou-se no ano de

2001, um estudo da identificação de crianças com necessidades educacionais especiais

(NEEs), no sistema municipal de educação de São Carlos, com base na percepção de

suas educadoras. Naquela ocasião foram identificadas 104 crianças com necessidades

educacionais especiais (NEEs) segundo a notificação feita por educadoras das 12

creches do sistema municipal de educação. O presente estudo teve como objetivo

investigar a situação atual dessas 104 crianças, a fim de fazer um seguimento com o

intuito de investigar se passados dois anos, elas continuariam ou não sendo notificadas

como alunos com NEEs pelos seus educadores/professores atuais, e constatar se e

como elas avançaram no processo de escolarização na escola comum.

O primeiro passo envolveu a localização das 104 crianças notificadas, por

meio de contato com as diretoras das creches que elas freqüentavam em 2001. Das

104 crianças, 19,2% não foram localizadas, 5,8% mudaram de cidade e 2,9% de

bairro. Das 72,1% restantes, 10,6% continuaram nas creches do município, 41,3%

encontravam-se em escolas municipais de educação infantil, 11,5% encontravam-se

em escolas municipais de ensino fundamental, 7,7% estavam em escolas estudais do

município, e 0,96% freqüentavam escola especial. O segundo passo envolveu a busca

dessas crianças no sistema educacional e a coleta de informações sobre sua situação

atual, através do preenchimento de um protocolo de registro de caracterização das

crianças. O terceiro passo do estudo foi a inserção e a análise dos dados dos

protocolos em um banco de dados eletrônico, a fim de fazer o seguimento de cada

uma das crianças identificadas, comparando os dados descritivos das crianças de 2001

e 2003/2004.

Foram coletados 44 cadastros (42,3% do total) sendo 59% de crianças do sexo

masculino e 41% do sexo feminino. Dessas 44 crianças, 16 foram novamente

indicadas como alunos com NEEs pelos educadores atuais (36,5%). Os principais

motivos para a indicação apontados pelas professoras/educadores em 2001 foram

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problemas relativos à família, saúde, socialização, autocuidados e linguagem. Em

2003 as queixas dos novos professores/educadores indicaram problemas familiares, de

socialização, saúde e linguagem. Comparando-se os dados de 2001 e 2003, percebe-se

um aumento de 27,7% no número total de queixas somando-se todas as áreas, sendo

que as áreas indicadas como problemáticas nem sempre foram iguais para as mesmas

crianças pelos dois educadores nos dois momentos da coleta. A partir desses dados

podemos evidenciar que o destino da maior parte das crianças identificadas nas

creches como alunos com NEEs foram as escolas regulares de educação infantil

(EMEIs), com 41,3% do total. O aumento no número de queixas pode ser explicado

pela diferença introduzida no instrumento de coleta de dados, que foi modificado ao

longo dos dois estudos. Além do instrumento, a variação pode ser explicada pela

subjetividade do processo de notificação, ou pela própria evolução do

desenvolvimento da criança.

Os resultados sugerem a necessidade de uma intervenção mais planejada na

Educação Infantil, iniciando pelas creches, para que as dificuldades possam ser

minimizadas e as crianças possam avançar da melhor maneira possível no processo de

escolarização. O presente estudo aponta que em aproximadamente 1/3 dos casos de

identificação precoce de crianças com necessidades educacionais especiais por

educadores leigos, a notificação se manteve dois anos após e segundo a perspectiva

dos educadores atuais das crianças. Tal evidência pode indicar que educadores de

creche podem realizar o rastreamento e a detecção precoce de crianças com NEEs, e

que se fossem melhor treinados para isso poderiam agilizar o encaminhamento para a

oferta de apoios para a manutenção das crianças no sistema regular o mais

precocemente possível a fim de prevenir o agravamento das NEEs.

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APRESENTAÇÃO

Esta pesquisa faz parte de um projeto mais amplo, do Grupo de Pesquisas

sobre Formação de Recursos Humanos em Educação Especial - FOREESP, que

congrega alunos do curso de Graduação em Psicologia e do Programa de Pós-

Graduação em Educação Especial da UFSCar, e que tem como objetivo no presente,

investigar a temática da inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais

especiais na realidade brasileira, como uma diretriz política recentemente adotada em

nosso país.

No ano de 2001 como aluna das disciplinas "Pesquisa em Psicologia 3" e

"Pesquisa em Psicologia 4", ministrada respectivamente no primeiro e segundo

semestre de 2001 no curso de graduação em Psicologia da UFSCar, tive a

oportunidade de participar de uma pesquisa deste grupo. O estudo tinha como objetivo

identificar e caracterizar alunos com necessidades educacionais especiais inseridos em

todas as creches, escolas de educação infantil e de ensino fundamental da rede

municipal de São Carlos (SP).

Participei do estudo como pesquisadora em escolas municipais de educação

infantil, entrevistando diretoras e professores. No final do estudo constatamos que

foram identificadas 248 crianças com necessidades educacionais especiais na

perspectiva de educadores e diretoras das unidades escolares na rede municipal de

educação .

Devido ao volume de informações obtidas, relacionadas aos cadastros dos

alunos, julgou-se procedente o desenvolvimento de um sistema informatizado que

facilitasse o acesso aos dados das crianças identificadas. Foi elaborado então um

projeto de extensão, denominado como "Banco de Dados sobre a Inclusão de Alunos

com Necessidades Educativas Especiais na Rede Municipal de Ensino Regular",

financiado pela PROEX/UFSCar. Na elaboração deste banco de dados eu fui

convidada pela coordenadora do projeto para ser a bolsista de extensão para

desenvolver o banco e digitar os dados.

Ao final criamos um banco de dados informatizado, no qual digitei todas as

informações coletadas durante o ano de 2001. Tal sistema permitiu um acesso rápido

aos dados obtidos, facilitando a busca de informações e possibilitando, ainda, a

inserção de novos dados.

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O banco de dados permitiria fazer comparações entre os dados já existentes e

os que pudessem futuramente ser coletados, permitindo, dessa maneira, uma análise

dos indicadores numéricos, a avaliação de mudanças no perfil da população e nos

critérios de identificação, etc. Enfim, um banco de dados com este tipo de informação

pode servir para gerar indicadores para acompanhar como está evoluindo a política de

inclusão escolar no sistema educacional do município.

Em função dessa experiência optei por investigar, em minha monografia de

conclusão de curso, a temática da inserção de alunos com necessidades educacionais

especiais em classes comuns de instituições educacionais regulares, considerando que

a prática da educação inclusiva é recente em nosso país e demanda estudos que dêem

subsídios para a construção de um processo de inclusão progressivo e planejado, de

acordo com as possibilidades educacionais atualmente existentes.

O presente estudo tem como objetivo dar continuidade aos trabalhos já

desenvolvidos no âmbito do FOREESP, atualmente delimitado ao sistema municipal

de creches para investigar a questão da inclusão escolar.

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INTRODUÇÃO

A discussão sobre a educação de crianças com necessidades educacionais

especiais tem sido intensificada em nosso país recentemente. Em um primeiro

momento era defendida a proposta da integração escolar e, mais recentemente, está

sendo adotada a perspectiva da educação inclusiva.

A sociedade voltou uma maior atenção para os problemas da educação das

crianças e jovens com necessidades educacionais especiais apenas na metade do

século XX e, somente na década de 1950 surgiu nos países desenvolvidos iniciativas

baseadas na filosofia de “normalização e integração”, decorrentes de movimentos de

pais de crianças com necessidades educacionais especiais que eram impedidas de

freqüentar a escola comum. Inicialmente foram criadas propostas de escolas especiais

e, mais tarde, de classes especiais nas escolas regulares. (Mendes, 2002b).

Durante a década de 70, ocorreu uma mudança nessa filosofia em direção à

educação integrada, fruto de movimentos sociais a favor dos direitos humanos, e as

escolas começaram a incorporar as crianças com necessidades educacionais especiais

em classe comuns, classes especiais ou de recursos. Como resultado dessa prática

surgiram as bases morais, racionais, empíricas, políticas e legais para a filosofia da

integração.

Mendes (2002b) coloca que a base moral da integração relaciona-se ao

pressuposto de que a segregação educacional não se justifica e, por isso, crianças com

necessidades educacionais especiais têm o direito de freqüentar os mesmos lugares

que outras crianças da mesma idade freqüentam, inclusive a escola comum de seu

bairro. As bases racionais estão fundamentadas no fato de que não apenas as crianças

com necessidades especiais, mas também as outras crianças (crianças deficientes e

não deficientes), teriam a ganhar com a convivência mútua. Já as bases empíricas

fundamentam-se nas conclusões de pesquisas que indicam as falhas e a discriminação

existente no ensino especial, a desvalorização das potencialidades educacionais dos

alunos com necessidades educacionais especiais , etc. As bases políticas advêm de

movimentos de pais e profissionais da área a favor da integração, além de fatores

econômicos, como o alto custo da manutenção de sistemas segregados e

especializados que, com crises mundiais como a do petróleo, sofreu redução das

verbas (Mendes, 2002b).

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Esses fatores resultaram em práticas governamentais tais como a ampliação de

oportunidades educacionais para os deficientes, a garantia de matrícula em escolas

comuns e a colocação dessas crianças em serviços com o mínimo de restrição

possível. Contudo, no início não eram pressupostas modificações no sistema

educacional e somente as crianças que pudessem se adaptar às classes comuns eram

integradas. Os alunos que não conseguiam se adaptar a esses padrões continuaram

sendo excluídos, sendo escolarizados em ambientes mais restritivos tais como as

classes especiais, escolas especiais, etc.

A filosofia da educação inclusiva surgiu durante a metade dos anos 80, e a

principal idéia era não somente a intervenção direta com esses indivíduos com

necessidades educacionais especiais, mas também uma modificação da sociedade que

possibilitasse a convivência de todos os indivíduos e um sistema educacional único e

de qualidade, para todos os alunos (Mendes, 2002b).

A diferença entre o paradigma da integração e o paradigma da inclusão é

descrita por Mrech (1999, apud Rosa, 2003). Ela aponta que a integração é uma

prática seletiva, na qual o deficiente tem que se adaptar aos parâmetros considerados

normais, se enquadrando aos pré-requisitos da classe e se ele não estiver apto a isso,

deve ser colocado no ensino especial. Já na educação inclusiva não se espera que a

criança com necessidades educacionais especiais se adapte aos alunos considerados

normais. Ela visa que este aluno atinja o máximo de sua potencialidade junto com

seus colegas “normais”, pois para a filosofia da educação inclusiva, não são os alunos

com deficiências que devem se adaptar a escola mas sim a escola e a sociedade

devam respeitar e aprender a conviver com aqueles.

A integração persevera o conceito de deficiência em seu sentido tradicional,

pois esta é colocada como inerente ao indivíduo e é este que deveria modificar-se para

se adaptar ao resto da população. Mas a inclusão vem fazer uma crítica a essas

definições clássicas, baseadas no modelo médico, adotando um conceito que se baseia

no modelo social (Mrech, 1999, apud Rosa, 2003). Dessa forma, a deficiência seria

algo “construído socialmente, nas relações sociais, através da desvalorização e

atribuições de significados negativos às diferenças individuais” (Rosa, 2003, p. 11)

Rodrigues et al. (1999) também discutem as diferenças entre a filosofia da

integração e da inclusão. Eles apontam que a inclusão se faz através da busca de

novas alternativas, transformando o modelo segregacionista em inclusionista, no qual

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todos possam receber uma educação de qualidade, participando dos mesmos grupos,

das mesmas atividades e descobertas. Afirmam, ainda, que:

"Incluir significa tornar o meio o mais favorável possível, e não o

menos restritivo possível, como se pregava com a integração. No

processo de integração, as pessoas é que deveriam se adaptar ao meio. A

inclusão nos mostra que há necessidade de que a sociedade se prepare

para lidar com todas as pessoas, com suas diferenças e semelhanças. E

assim é com a escola: ela deve estar preparada para todos os alunos,

sejam eles pessoas com ou sem deficiências".

Mrech (1999, apud Rosa, 2003) aponta que o paradigma da Educação

Inclusiva seria um recorte de um fenômeno mundial recente, denominado Inclusão

Social, no qual a Educação Inclusiva faz parte, e que adveio da luta pelos direitos

humanos. Deste modo, propõe-se que uma sociedade inclusiva se comprometa com

todas as minorias (inclusive pessoas com necessidades educacionais especiais) e deve

ter como objetivos a quebra de preconceitos, estigmas e barreiras em relação a esses

grupos. A pressuposição básica é que “a sociedade deve adaptar-se às necessidades

da pessoa com deficiência para que esta pessoa possa desenvolver-se em todos os

aspectos de sua vida” (Mrech, 1999, p.20, apud Rosa, 2003).

Santos (2000, p. 35) aponta que, se por um lado a humanidade prima pela

igualdade de valor dos seres humanos e pela garantia da igualdade de direitos entre

eles; por outro lado ela já não comporta mais a existência da ignorância, seja porque

ela torna o ser humano dependente ou porque promove a exclusão do indivíduo da

sociedade em que esse vive, dificultando o exercício pleno de seus direitos e deveres

de cidadão.

Entretanto, não se pode negar a influência de fatores sócio-econômicos na

aceitação da filosofia inclusionista. O alto custo para manter instituições e escolas

especiais para as minorias teve papel importante para a aceitação dessa nova proposta.

De acordo com Mendes (2001), no contexto da crise mundial do petróleo, o alto custo

de programas que segregavam as crianças com necessidades educacionais especiais

influenciou, também, a mudança dos serviços de educação especial. E tornou-se

economicamente vantajoso adotar práticas integracionistas.

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Dentro da filosofia inclusionista existe, de acordo com Fuchs & Fuchs (1998,

apud Mendes, 2002b), duas correntes: da “inclusão” e da “inclusão total”, que

divergem quanto a melhor maneira de educar as crianças com necessidades

educacionais especiais. Os “inclusionistas” defendem que o objetivo da escola é

ajudar o aluno a adquirir habilidades e conhecimentos necessários a vida, tanto dentro

quanto fora da escola e que, mesmo com a reestruturação da classe comum, a escola

não conseguirá se adequar às necessidades de todas as crianças. Já os “inclusionistas

totais” consideram as escolas importantes oportunidades para a socialização e para a

mudança de crenças estereotipadas e acreditam que a escola possa ser reinventada

para atender a todos, independente do grau das dificuldades. Os “inclusionistas”

defendem, ainda, a manutenção dos serviços para crianças com necessidades

educacionais especiais, que possibilitam desde a inserção na classe comum até o

atendimento hospitalar; já os “inclusionistas totais” querem que estas crianças sejam

colocadas apenas nas classes comuns, sem a manutenção de um continuum de

serviços que favorecia a manutenção da segregação escolar..

Sob esse aspecto, Rodrigues et al. (1999) consideram que a inclusão é algo

novo, que suscita mudanças e, como tudo o que é novo, traz dúvidas e incertezas

quanto à sua prática. Entretanto, para que se possa aceitar uma mudança é preciso que,

além de se compreender o que é proposto, haja um esforço para que se coloque essa

filosofia em prática. Segundo esses autores, todas as novas propostas são difíceis de

compreender e aceitar de imediato, mas é somente através da informação, do estudo e

da experiência que será possível para afirmar é o melhor caminho dentro da filosofia

da inclusão.

Segundo Santos (2000), assim como cresce a importância dada à educação, e

mais ainda, a importância da inserção de todos os indivíduos em um programa

educacional, cresce também a necessidade de se planejar programas educacionais

flexíveis que possam abranger o mais variado tipo de alunado e que possam, ao

mesmo tempo, oferecer o mesmo conteúdo curricular de ensino e da aprendizagem.

“A inclusão estabelece que as diferenças humanas são normais,

mas ao mesmo tempo reconhece que a escola atual tem provocado ou

acentuado desigualdades associadas à existência de diferenças de

origem pessoal, social, cultural e política, e é nesse sentido que ela

prega a necessidade de reestruturação do sistema educacional para

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prover uma educação de qualidade a todas as crianças” (Mendes,

2002b, p.64).

Ademais, as escolas não estão preparadas para acolher os indivíduos com

necessidades educacionais especiais, pois, além de não haver uma infra-estrutura

adequada, o método de ensino utilizado nem sempre está adequado às características

dos alunos com necessidades especiais. Isso pode causar fracasso escolar e gerar

conseqüências negativas sobre a imagem social e a auto-estima desses alunos.

Odom (2000) aponta as dificuldades políticas nos Estados Unidos, mas que

podem ser consideradas no contexto brasileiro, em relação à inclusão de crianças com

Necessidades Educacionais Especiais na rede regular de ensino infantil. Ele afirma

que muitas barreiras políticas existem em relação à inclusão pré-escolar, no entanto,

duas dessas são freqüentemente mencionadas: o custo da inclusão e o processo de

utilização dos fundos acessíveis para bancar os serviços inclusivos. Uma percepção

comum entre os administradores é que os programas de inclusão custam mais que os

programas tradicionais de educação especial; entretanto, o autor coloca que não há

nenhum dado publicado que confirme essa suspeita. Na verdade, ele aponta um estudo

realizado em 1999 que comparou os custos envolvidos em programas de inclusão e

programas tradicionais de educação especial em cinco estados dos Estados Unidos e

mostrou que os programas inclusivos custam menos por criança do que os programas

tradicionais oferecidos em escolas especiais.

Outra questão a ser levantada é a função da escola, que vai além do processo

acadêmico de aprendizagem e da socialização. Mantoan (1998) aborda esse assunto,

apontando que a escola tem a função de estimular os alunos para que aprendam a lidar

com suas limitações, dando maior autonomia a eles, e não aumentando a percepção

negativa que têm de si mesmos, pois esta percepção inibe a aquisição e a utilização de

formas para a adaptação às exigências escolares.

Por estes motivos, adotar os princípios da educação inclusiva requer uma

cuidadosa análise da situação atual da educação. Mendes (2002b) aponta que se deve

ter cautela com posições radicais quanto à educação inclusiva:

“A filosofia da inclusão está, no contexto brasileiro, servindo de

justificativa para o fechamento de programas e serviços (como as classes

especiais nas escolas públicas ou nas especiais, por exemplo) e para

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deixar de prever (e, conseqüentemente, custear no futuro) nas novas

reformas da política educacional programas especializados que

envolvam formação de professores e mudanças na organização para

atender ao alunado com necessidades educacionais especiais” (p.70).

Esta autora coloca, entretanto, que uma posição radicalmente contra a

educação inclusiva também pode ser prejudicial, pois poderia dificultar a

universalização do acesso à educação para muitas crianças com necessidades

educacionais especiais. Mas pondera que “ao mesmo tempo em que se deve

salvaguardar os serviços existentes, é preciso ousar em direção a construção de uma

proposta de educação inclusiva que seja racional, responsável e responsiva em todos

os níveis, das instâncias de gerenciamento à sala de aula” (Mendes, 2002b, p.71).

Outro ponto a ser considerado quando se fala em inclusão escolar é a estrutura

que dará suporte para que a inclusão realmente aconteça de forma eficiente. Prieto

(2002) atenta para a importância de se focalizar e analisar o tipo e o grau de

comunicação e articulação existente dentro de cada secretaria do governo e entre as

diferentes secretarias na mesma esfera quando se pensar em educação inclusiva; pois

atender as necessidades educacionais especiais requer muitas vezes trabalho conjunto

com as Secretarias de Saúde, Bem-estar Social, Transportes, etc. Entretanto, na atual

estrutura e organização da educação brasileira não é isso que se observa.

Segundo a legislação educacional brasileira atual, a educação infantil e a

maior parte do ensino fundamental (especialmente nos quatro primeiros anos de

escolaridade) estão sob responsabilidade do município; o ensino médio e parte do

ensino fundamental são garantidos pela rede estadual; e o ensino superior fica quase

exclusivamente para os Estados e o Governo Federal. Prieto (2002) coloca que, diante

dessa estrutura, é fundamental existir intercâmbios de ações e planejamento entre as

diversas esferas do governo, pois, segundo ela, é comum encontrar alunos com

necessidades educacionais especiais que estudaram somente até determinado ano ou

nível porque ao terem de mudar de escola e, principalmente de rede de ensino, não éi

assegurado a eles o atendimento educacional fundamental para seu aproveitamento.

Diante desses fatores, se faz necessário compreender o contexto que fomentou

a criação de leis que aparam – e garantem – o acesso de alunos com necessidades

educacionais especiais na rede regular de ensino no Brasil, quer seja na educação

infantil, ensino fundamental, médio ou superior.

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Garantias legais do acesso à classe comum do ensino regular

O movimento da inclusão escolar está inserido dentro de um movimento mais

amplo - a inclusão social (advindo da luta pelos direitos humanos), e gerou diversas

iniciativas no mundo todo com o intuito de dar subsídios que norteassem práticas de

educação inclusiva.

Na Conferência Mundial de Jomtiem, em 1990, na Tailândia, sobre Educação

Para Todos, destacou-se a necessidades de se prover uma educação duradoura, cujos

objetivos trarão conseqüências para a educação especial. Nessa declaração, o conceito

de necessidades educacionais especiais passou a incluir, além das crianças com

deficiência, aquelas que estão experimentando dificuldades temporárias ou

permanentes na escola, as que estão repetindo continuamente o ano escolar, as que são

forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas ou que moram distantes de qualquer

escola, as que estão vivendo em condições de extrema pobreza ou que estejam

desnutridas; as vítimas de guerras e conflitos armados, as que sofrem abusos físicos,

emocionais ou sexuais, ou as que estão fora da escola, por qualquer outro motivo

(Santos, 2000, p. 36).

De acordo com esta autora, essa definição abrangente de necessidades

educacionais especiais provoca uma aproximação dos dois tipos de ensino existentes,

o regular e o especial, na medida em que essa nova definição implica que,

potencialmente, todos nós possuímos, ou podemos possuir, temporária ou

permanentemente, necessidades educacionais especiais. E, se assim o é, então não há

porque haver dois sistemas paralelos de ensino, mas sim um sistema único, que seja

capaz de prover educação para todos.

Por ocasião dessa conferência em Jomtiem o Brasil, reconhecendo a falta de

oportunidades educacionais para essa parcela da população, fixou metas básicas para

melhorar o sistema educacional brasileiro, incluindo a necessidade de melhorar a

educação de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais. O Plano

Decenal de Educação para Todos (1993-2003), que contém um conjunto de diretrizes

políticas voltado para a recuperação da escola fundamental estabelece compromisso

com a equidade, qualidade, e avaliação do sistema escolar (Mendes, 2002a).

Há, ainda, em favor da proposta da inclusão educacional a Declaração de

Salamanca, resultado da "Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais

Especiais: Acesso e Qualidade", promovida pelo governo da Espanha e pela

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UNESCO, em junho de 1994. A partir de então as teorias e práticas inclusivas

começaram a ser discutidas com maior ênfase no país, provocando às vezes embates e

desencontros nas relações entre comunidade científica, profissionais envolvidos com a

educação, políticos, pessoas com necessidades educacionais especiais e seus

familiares (Mendes, 2002a)

No Brasil, existem leis que garantem o acesso de crianças com necessidades

educacionais especiais em classes comuns de escolas regulares. A Constituição

Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96),

o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Plano Nacional de Educação, e os

Parâmetros Curriculares Nacionais, estabelecem que a educação é direito de todos e

que as pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter atendimento

educacional preferencialmente na rede regular de ensino, mas garante também a

possibilidade de atendimento educacional especializado.

De modo geral, a legislação não define que a matrícula do aluno com

necessidades educacionais especiais tenha que ser obrigatoriamente na classe comum

da escola regular. Entretanto, há a ênfase na matrícula do aluno preferencialmente em

classe comum, e com apoios centrados nessa sala de aula. Essa ênfase poderia ser o

elemento propulsor para que a inclusão escolar, ao contrário da integração escolar,

saísse definitivamente da retórica dos discursos e chegasse definitivamente nas

escolas e salas de aula (Mendes, 2002a).

Entretanto, Prieto (2002, p. 47) afirma que “Não basta garantir que a escola

para todos – compreendida como ‘processo de desenvolvimento das capacidades

física, intelectual e moral da criança e do ser humano, visando a sua melhor

integração individual e social’ -fosse assegurada”. A autora coloca, ainda que a

inclusão escolar deve ser entendida como “educação de qualidade para todos e não

somente como acesso de alunos com necessidades educacionais especiais na rede

regular de ensino” (Prieto, 2002). Dessa forma, a implementação de políticas

públicas que visem à garantia do acesso e a permanência da demanda escolar na

trajetória regular de ensino deve levar em consideração que necessidades especiais

não se resumem às deficiências e que nem todos os portadores de deficiência as

apresentam. Inclusão não significa apenas o acesso desses alunos na rede regular de

ensino, mas sim a permanência destes, e este ponto deve ser o alvo principal de

atenção e investimento político, financeiro e pedagógico, entre outros.

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Inclusão Escolar na Educação Infantil

Os autores Accorssi e Ramminger (1998), destacam a importância de se fazer

a inclusão da criança com necessidades educacionais especiais o mais cedo possível

na classe regular. Os autores colocam que isto possibilita uma aceitação mais rápida

desta por parte de seus colegas, e diminuição do preconceito, mesmo que não

explícito, para com as crianças “deficientes”, preconceito este que pode influir tanto

no processo de ensino e aprendizagem quanto na interação dessas crianças com outros

alunos. Os autores afirmam, ainda, que todos os alunos com necessidades especiais

têm o direito de ter acesso às possibilidades educacionais mais normalizadoras

possíveis, que lhes dêem condições de participar da melhor forma e o mais cedo

possível na escola e, futuramente, na sociedade.

O direito a educação desde os primeiros anos de vida, para crianças com ou

sem necessidades educacionais especiais tornou-se regulamentado em nosso páis

apenas recentemente, quando as creches passaram a fazer parte da Educação Infantil

que é parte do sistema de educação básica, e isso ocorreu a partir da promulgação da

Constituição de 1988 e da LDB de 1996, na qual ela passou a ser garantida como um

direito das crianças pequenas.

A previsão de serviços de Educação Infantil para a população com

necessidades educacionais especiais aparece no artigo 58, do capítulo V da LDB/96.

Tal artigo restringe-se a afirmar que o atendimento à população infantil de zero a seis

anos seria feito em creches e pré-escolas. Entretanto, ainda há escassez de atenção à

população dessa faixa etária (Mendes, 2002a).

Assim como na história da educação de crianças com necessidades

educacionais especiais, existe uma divergência em relação à função da educação de

crianças pequenas, relacionada à dicotomia do seu papel: assistencial ou educativo.

Caberia ressaltar ainda que a finalidade dupla da Educação Infantil poderia ser um

fator facilitador da inclusão escolar, considerando que muitas de suas dificuldades de

inserção social emergem na medida em que se ampliam as exigências educativas, e

mais especificamente com as demandas acadêmicas. Nesse sentido a inclusão escolar

em creches poderia viabilizar uma exposição gradual a essas demandas, o que a médio

e longo prazo poderia aumentar as probabilidades de permanência e sucesso nos

demais níveis educacionais (Mendes, 2002a).

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Devido a isso, a Educação Infantil poderia ser, então, o foco prioritário para a

implantação inicial de diretrizes políticas. A partir do estabelecimento de um marco

de referência, uma espécie de “marco zero”, poderia ser desencadeada ações que

permitiriam um avanço sistemático, gradual e contínuo da proposta de inclusão

escolar em todos os níveis de ensino (Mendes, 2002a).

A realidade da inserção de crianças com necessidades educacionais especiais em

um sistema municipal de educação

De acordo com Prieto (2002, p. 45), “a municipalização do ensino

fundamental, principalmente após 1995, é o eixo central da política educacional

brasileira”. E coloca que a secretaria de Educação Especial do Ministério da

Educação e do Desporto defende que as prefeituras municipais devem assumir o

atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais, que devem investir

para que as escolas de sua rede contemplem a diversidade humana, organizando

recursos educacionais especiais que garantam aprendizagem e desenvolvimento de

toda a demanda escolar que depende da educação especial.

Por outro lado a autora questiona a capacidade das escolas municipais em

atender essa parcela da população. Ela mostra dados divulgados pelo MEC, que

apontam que, entre 1988 e 1998, o maior aumento no número de matrículas de alunos

com necessidades educacionais especais se deu na rede municipal de ensino, com um

crescimento de 452,9% nesse período. Entretanto, ela coloca que se deve pensar se

existem condições que garantam aos alunos com necessidades educacionais especiais,

o acesso a bens e serviços sociais que são oferecidos ao toda a população, bem como

o ensino sistematizado, intencional e programado, função quase exclusiva das

instituições de ensino (Prieto, 2002)

Os dados acima descritos confirmam a realidade da aplicação das políticas

públicas de inclusão escolar, especialmente no âmbito municipal, que pode ser

observada na cidade de São Carlos, interior de São Paulo. Com uma população

estimada em cerca de 200 mil habitantes, pode-se constatar através de um documento

produzido pelas instituições educacionais por ocasião do “I Fórum Municipal de

Educação Especial de São Carlos” (São Carlos/Secretaria Municipal de

Educação,1999) que existiam em setembro do ano de 1999, cerca de 570 educandos

com necessidades educativas especiais sendo atendidos em serviços especializados.

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A Secretaria Municipal de Educação assistia em sua rede de ensino 72 alunos

portadores de deficiências sensoriais (auditivos e visuais), estando a maioria deles

(72%) freqüentando classes regulares e classes de recursos concomitantemente, e os

demais estavam em regime de classes especiais. Esse contingente era atendido em três

salas de serviço de ensino especial em funcionamento nas escolas de Educação

Infantil.

Além disso, a Diretoria de Ensino da região de São Carlos, vinculada à

Secretaria Estadual de Educação, oferecia serviço de educação especial nas escolas

regulares públicas estaduais, através de quatro classes de recursos, sendo atendidos 45

alunos portadores de deficiência mental, e três com deficiência visual. Portanto, o

acesso à escola pública estadual restringia-se basicamente aos portadores de

deficiência mental leve e ao ensino na proposta de atendimento complementar em

classe de recurso além da freqüência à classe regular.

O restante dessa população era atendido por duas instituições do município

que funcionavam como escolas especiais, que eram organizações não governamentais

e entidades filantrópicas sem fins lucrativos, além de uma escola privada que

funcionava como um centro de apoio, majoritariamente para alunos com necessidades

educativas especiais que freqüentam escolas regulares. Ou seja, essas instituições

filantrópicas privadas respondiam por cerca de 75% das oportunidades educacionais

ofertadas no município, evidenciando a terceirização do atendimento, principalmente

em relação à educação de portadores de deficiência mental.

O sistema educacional do município, no ano de 1999, respondia apenas por

25% das vagas disponíveis para educandos com necessidades educacionais especiais,

sendo que esse atendimento no sistema público municipal e estadual privilegiava

portadores de deficiências sensoriais (62%), e alguns portadores de deficiência mental

leve (38%).

Assim, a situação da Educação Especial no município parecia não diferir do

panorama nacional. A oferta era insuficiente, evidenciava-se a omissão do Poder

Público na prestação direta de serviço e a manutenção de um sistema paralelo, privado

e segregado de educação de crianças e jovens com necessidades educativas especiais.

Ao contrário do que já estabelecia a legislação nacional, a prestação de serviços de

educação especial era feita basicamente em um sistema paralelo e segregado de

ensino, e não preferencialmente no ensino regular público.

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Foi apenas a partir do ano de 2001 que começaram a surgir iniciativas do

poder público municipal que visavam implementar a política de inclusão escolar no

município. Foi efetuado um curso de capacitação para sensibilizar todos os

educadores da rede para a questão da educação inclusiva. Pode-se dizer que a partir de

então houve uma intenção política manifesta do município de implementar a inclusão

escolar, o que tornou o contexto interessante para estudos de implementação da

política de inclusão escolar.

Nessa época foram efetuados três estudos na rede municipal deste município

cujo objetivo consistiu em levantar e caracterizar o número de crianças com

necessidades educacionais especiais ou crianças de risco, segundo a perspectiva de

diretoras e educadoras, inseridas nas creches (Silveira, Mendes, Greghi, Pereira e

Sobreira, 2002); escolas de Educação Infantil - EMEIs (Mendes, Chimetto, Bastos,

Bianco, Araki e Zambon, 2002) e nas escolas de Educação Básica- EMEBs (Mendes,

Marçal, Tosi, Miao, Massa e Barreto, 2002).

Foram rastreados 1.196 alunos de 12 creches, 5.691 das 24 EMEIs e 3.705 de

EMEBs, perfazendo um total de 10.592 crianças. Foram identificadas como alunos

com necessidades educacionais especiais, pelos diretores ou educadores das unidades

escolares 207 crianças. O maior número de crianças foi identificado em creches (102,

ou 8,5% da população total das creches); seguido pelo número em EMEBs (93, ou

2,5% da população total das EMEBs), sendo que o menor número de notificações foi

encontrado nas EMEIs, (62 crianças, ou 1% da população total das EMEIs).

Nos dois estudos de levantamento a notificação era baseada na perspectiva do

sistema e não houve a preocupação em checar rótulos ou classificações, ou aprofundar

a avaliação para saber se de fato, as crianças teriam ou não necessidades educacionais

especiais, partindo do princípio de que, se o sistema considera determinado aluno

“difícil” ou “especial”, as diferenças podem ser socialmente construídas ao longo do

processo de escolarização, e por isso houve a opção de diagnosticar o que era

diferença para a escola, ao invés de pesquisar a diferença na perspectiva do aluno

(Mendes,2004).

Tal levantamento reforçou a importância de trabalhar com a idéia de

estabelecer um marco zero para planejar políticas de inclusão, iniciando a

implementação de estudos nas creches.

Assim, tendo em vista a idéia de "inclusão marco zero" e considerando que o

sistema de creches foi o que apresentou o maior número de crianças com necessidades

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educacionais especiais identificadas pela equipe escolar, escolheu-se esse sistema, que

conta com 12 unidades, como lócus para o desenvolvimento do presente estudo.

Objetivos do estudo

Uma questão que surgiu a partir do estudo de levantamento de 2001 estava

relacionada ao grau de confiabilidade da notificação por educadores de creches, que

eram profissionais leigos no aspecto do diagnóstico das necessidades educacionais

especiais. Assim a fim de explorar a investigação dessa questão o presente estudo foi

proposto para efetuar um seguimento após dois anos das crianças notificadas em

2001.

Assim, o objetivo deste estudo consistiu em investigar a situação atual das 104

crianças identificadas em 2001 nas 12 creches do município, a fim de saber se

passados entre dois a três anos, elas continuam sendo identificadas como alunos com

necessidades educacionais especiais pelos seus educadores atuais. Além disso

pretendia-se constatar, no caso da permanência da identificação, como evoluíram as

queixas ou problemas mais comuns detectados pelas educadoras/professoras, se houve

ou não a oferta de apoio para atender suas necessidade e como avançaram no processo

de escolarização.

Espera-se que os resultados deste estudo permitam contribuir para produzir

conhecimento científico sobre procedimentos que permitam gerar e gerenciar

informações que permitam subsidiar a política de inclusão escolar no âmbito dos

municípios e estudar estratégias para a implantação gradual, planejada e sistemática

de educação inclusiva nesse contexto.

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MÉTODO

Participantes e local do estudo

Este estudo foi realizado na rede de ensino do município de São Carlos, e mais

especificamente envolvendo diretores, educadores e/ou professores de 12 creches, sete

Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs), três Escolas Municipais de

Educação Básica (EMEBs), além de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental do

município de São Carlos, situado no centro do Estado de São Paulo, a 233 Km da

capital, com população de aproximadamente 200 mil habitantes.

Procedimento de coleta de dados

O primeiro passo deste estudo foi a obtenção de uma listagem das 104 crianças

notificadas das crianças cadastradas no banco de dados por terem sido identificadas

como alunos com necessidades educacionais especiais pelos educadores das 12

creches do município no ano de 2001.

A lista continha o nome da creche, o nome da criança, a professora, a data de

nascimento, a idade e a idade atual (Mendes & Chimetto, 2002). A partir da listagem

foram feitos contatos através de visitas e telefônicos com as unidades escolares onde

as crianças foram identificadas em 2001, para coletar informações sobre provável

atual unidade escolar que a criança estaria freqüentando.

O segundo passo realizado foi a busca dessas crianças no sistema educacional,

através das indicações dadas anteriormente pelos diretores das creches e a coleta de

informações sobre a situação atual dessas crianças, através do preenchimento um

protocolo contendo dados de identificação e descrições das crianças.

O terceiro passo deste projeto envolveu a inserção dos dados dos protocolos

em um banco de dados eletrônico já existente (Mendes & Chimetto, 2002), para a

análise dos dados obtidos, no qual foram comparados os dados coletados no ano de

2001 e no ano de 2003 e 2004, a fim de fazer o seguimento de cada uma das crianças

identificadas.

A seguir serão detalhada cada uma das etapas do estudo.

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Primeira etapa: localização das crianças

Na primeira parte do projeto, que consistia em localizar as crianças

identificadas em 2001, o primeiro passo foi entrar em contato com as diretoras das 12

creches do município, através de contato telefônico. A pesquisadora explicava à

diretora os objetivos do estudo e qual seria a participação delas, em um primeiro

momento: fornecer informações sobre a possível localização das 104 crianças

identificadas em 2001 como tendo necessidades educacionais especiais, que

freqüentavam a creche da qual a diretora era responsável. Para isso, foi utilizada uma

listagem contendo o nome da criança, creche que freqüentava, a professora

responsável, a data de nascimento, a idade, a idade e a escola atual, retirada do banco

de dados criado por Mendes e Chimetto (2002). Parte dessa listagem encontra-se no

anexo A, exceto o nome da professora responsável. As duas últimas colunas da lista

foram sendo completadas ao longo dessa etapa.

Nesta etapa, todas as diretoras das 12 creches se dispuseram a dar informações

sobre a localização das crianças. Algumas optaram por fornecer as informações

através do telefone, e outras pediram que fosse feita uma visita à creche, para que as

informações fossem dadas pessoalmente. Nos casos em que as diretoras optaram por

uma visita à creche, era agendado um dia durante a semana, de acordo coma

disponibilidade da diretora e da pesquisadora. A pesquisadora realizava a visita à

unidade escolar na data previamente agendada, munida de crachá de identificação e de

uma carta de apresentação (Anexo B).

Como este projeto de pesquisa faz parte de um projeto maior que tem como

objetivo investigar a temática da inclusão escolar de alunos com necessidades

educacionais especiais na realidade brasileira e avançar na produção do conhecimento

na área da formação de professores, especificamente de professores do ensino regular,

ele já contava com o consentimento das autoridades para sua realização, e por este

motivo não foi necessário um novo consentimento; foi realizada apenas uma reunião

da Secretaria Municipal de Educação com os diretores das creches, que foram

informados sobre a pesquisa e optaram por dar ou não a anuência para que o estudo

fosse realizado em sua creche.

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Segundo etapa: preenchimento de protocolos de identificação

O segundo passo desta pesquisa consistiu no preenchimento de fichas de

identificação das crianças localizadas, com o intuito de verificar se elas continuavam

sendo identificadas pelos professores atuais como alunos com necessidades

educacionais especiais e quais as características que apresentavam. Para isso foi

utilizado um manual com explicações do projeto, que continha instruções de como

preencher o cadastro de identificação, e um protocolo, baseado na ficha de

identificação utilizada na pesquisa realizada nas creches do município com algumas

alterações. O manual e modelo do protocolo utilizado encontram-se em anexo (Anexo

C).

Nessa etapa do trabalho, a pesquisadora entrou em contato com as diretoras

das escolas (creches, EMEIs, EMEBs, Escolas Estaduais) indicadas anteriormente e

explicava os objetivos da pesquisa que estava sendo realizada, pedindo a colaboração

da escola. Se a diretora se dispusesse a colaborar, eram citados os nomes das crianças

que possivelmente estavam freqüentando aquela escola, para confirmar a informação

recebida e era solicitada autorização para conversar com as professoras e/ou

educadoras responsáveis pelos alunos, para o preenchimento dos cadastros. Optou-se

que o preenchimento dos cadastros fosse feito preferencialmente pelas educadoras ou

professoras das creches e/ou escolas, pois se considerou que estas, por terem maior

contato com as crianças, teriam mais competência para descrever as características e

as necessidades de seus alunos.

Era, então, agendado um dia e horário durante a semana para a visita que não

atrapalhasse as atividades da professora/educadora. A pesquisadora explicava a

pesquisa e os objetivos, colocando que a criança havia sido considerada, em 2001,

como sendo um aluno com necessidades educacionais especiais, e que estávamos

investigando, atualmente, a situação desse aluno, e que isso não significava,

necessariamente, que a criança realmente tivesse necessidades educacionais especiais,

para que a professora não fosse influenciada por esse dado. Nós pedíamos então a

opinião da professora à respeito do aluno, perguntando se ela considerava que a

criança tinha ou não necessidades educacionais especiais, e em caso positivo, os

motivos pelos quais ela considerava isso e quais as características que o aluno

apresentava em diversas áreas de desenvolvimento, conforme descrito no manual.

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Era solicitado à professora que preenchesse um termo de consentimento livre e

esclarecido, que informava a respeito dos objetivos do estudo realizado, qual a

colaboração da professora no trabalho, falava sobre o sigilo das informações coletadas

e que a professora teria liberdade para se recusar a participar da pesquisa a qualquer

momento (Anexo D).

A pesquisadora colocava-se disponível para esclarecer dúvidas e preencher os

cadastros junto com as professoras/educadoras, caso preferissem. Se elas optassem

por preencherem as fichas de identificação sozinhas, era agendado um outro dia para

recolher os cadastros já preenchidos. Nessa etapa, foram realizadas, em média, de

uma a três visitas em cada uma das escolas.

O estudo havia sido previsto para ser concluído em 2003, mas em decorrência

da dificuldade de encontrar as crianças da listagem a coleta de dados foi prolongada

até 2004, sendo que houve pelo menos uma diferença de dois anos entre a primeira e a

segunda coleta de dados.

Terceira etapa: inserção dos dados no banco e análise das informações

Depois dos dados terem sido coletados, eles foram inseridos no “Banco de

dados dos alunos com necessidades educacionais especiais inseridos nas unidades

escolares do sistema educacional do município de São Carlos” (Mendes & Chimetto,

2002), que já continha as informações das crianças identificadas em 2001.

Depois da inserção dos dados coletados, foram realizadas comparações entre

os resultados dos dois momentos de coleta, que possibilitou verificar se houve ou não

alterações nos indicadores numéricos, no perfil da população notificada e nos critérios

de identificação das crianças em 2001, feita pelos professores/educadores de creches,

em comparação com as opiniões dos professores e/ou educadores das creches, EMEIs,

EMEBs e Escolas Estaduais em 2003/2004.

Implicações éticas

No desenvolvimento da pesquisa, foram tomados todos os cuidados para

observar os princípios éticos que regem pesquisas com participação voluntária de

seres humanos.

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Entendeu-se que a pesquisa proposta não causou nenhum tipo de dano físico,

psicológico ou moral aos participantes. Foi solicitada a colaboração dos participantes

e estes foram informados claramente dos objetivos do estudo, e o sigilo de suas

respostas foi garantido. Os participantes tiveram plena liberdade para interromper, a

qualquer momento a participação na pesquisa se assim desejassem.

Foi garantido ainda que os participantes terão acesso aos resultados e

conclusões do estudo realizado, que os resultados da pesquisa poderão ser publicados,

desde que forem tomados os cuidados considerados necessários para manter o

anonimato dos informantes. Em qualquer situação a identidade dos sujeitos será

preservada, e somente a pesquisadora e orientadora tiveram acesso aos dados brutos

do estudo.

O presente projeto foi submetido à avaliação e aprovado em 07/04/2003 pelo

Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de São

Carlos ( Protocolo Nº 001/03).

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RESULTADOS

A primeira etapa do estudo envolveu a localização das crianças identificadas

em 2001 como tendo necessidades educacionais especiais. Nessa parte da pesquisa,

das 104 crianças listadas, foram obtidos os seguintes resultados preliminares:

• 20 crianças não foram localizadas (19,2%),

• 6 mudaram de cidade (5,8%);

• 3 mudaram de bairro (2,9%), e os diretores não puderam indicar a

escola que essas crianças estavam freqüentando.

Essas 29 crianças (27,9% do total) foram então excluídas em função da

impossibilidade de localização.

As 75 crianças restantes (ou 72,1% do total) foram apontadas pelas diretoras

como estando nas creches, EMEIs, EMEBs, Escolas Estaduais de Ensino

Fundamental e Escolas Especiais. Em relação à colocação atual das crianças segundo

a informação do diretor das creches de origem das 75 crianças foram:

• 11 crianças (10,6%) continuavam nas creches do município;

• 43 crianças (41,3%) haviam prosseguido a escolarização e estavam em

escolas municipais de Educação Infantil ( EMEIs);

• 12 (11,5%) estavam atualmente freqüentando escolas municipais de

ensino fundamental (EMEBs);

• 8 (7,5%) estavam em escolas de ensino fundamental do município; e

• 1 (0,96%) freqüentava uma Escola Especial (0,96%).

A Tabela 1 apresenta uma síntese dos dados sobre o destino das crianças

notificadas em 2001.

Tabela 1. Distribuição das crianças em 2003, de acordo com informação fornecida

pelas diretoras das creches.

Localização Creche EMEI EMEB Escola Estadual

Escola Especial

Não localizadas

% de crianças

10,6% 41,3% 11,5% 7,7% 0,96% 27,9

Total 63,4% 7,7% 0,96% 27,9 %

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Os dados dessa etapa de localização, relativos à distribuição das crianças pela

rede de ensino, podem ser encontrados em anexo (Anexo E).

Analisando-se o fluxo do encaminhamento das crianças notificadas como

crianças com NEEs que freqüentavam a partir de 2001 observa-se que existe uma

certa uniformidade no destino das crianças. Os dados apontam que os alunos de

83,3% das creches se distribuíram em até quatro escolas diferentes e 16,7% das

creches distribuíram as crianças em sete ou mais escolas. O fluxograma que mostra o

encaminhamento das crianças com NEEs pelas escolas no município encontra-se no

anexo F.

Na etapa de busca das crianças identificadas em 2001 como tendo NEE’s nas

escolas da rede, foram coletados protocolos de 44 das crianças (42,3% do total) entre

os anos de 2003/2004. Em relação aos dados das 45 crianças encontradas entre as 104

identificadas em 2001, e das quais foram preenchidos os protocolos constatou-se em

relação ao gênero que 59% eram meninos e 41% eram meninas. No universo total das

104 a distribuição das crianças identificadas quanto ao gênero havia sido de 64 % de

meninos e 36% de meninas. Assim, embora se constata que a amostra mantém uma

representação maior dos meninos, embora em menor proporção do que o universo

total das crianças notificadas em 2001. A Figura 2 apresenta a representação gráfica

da proporção de meninos e meninas da amostra estudada.

Masculino59%

Feminino41%

Figura 1. Distribuição das crianças localizadas por sexo (N = 44).

Quando consultadas as educadoras atuais (no ano de 2003 ou 2004) das 44

crianças encontradas, 16 crianças foram novamente considerados como alunos com

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NEES (36,5%) e as demais 28 crianças (63,5%) não foram consideradas pelos

professores autuais como alunos com NEEs. A Figura 3 ilustra esses dados.

0102030405060708090

100

2001 2003/04

Por

cent

agem

(%

)

Figura 2. Proporção de crianças que foram consideradas como tendo NEE's por suas

educadoras em 2001 e em 2003/2004 (N = 44).

Comparando-se as descrições das 44 crianças feitas pelos educadores de

creches em 2001, com as dos educadores dessas mesmas crianças na época da

segunda da coleta de dados (2003/2004), percebe-se um aumento de 27,7% no

número total de queixas ou problemas (de 72 para 92), considerando-se todas as áreas

avaliadas no protocolo das 44 crianças. A Figura 4 ilustra a soma da freqüência

absoluta das queixas encontradas nos protocolos das crianças referentes aos estudos

de 2001 e 2003/2004.

020406080

100

2001 2003/04

Figura 3. Freqüência total de problemas citados pelas professoras nas nove áreas

avaliadas no questionário (saúde, socialização, linguagem, motricidade, cognição,

autocuidados, família, habilidades especiais e deficiências/limitações).

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Contudo, analisando-se os protocolos individualmente e particularmente as

áreas nas quais as queixas incidiam (saúde, socialização, motora, cognição,

linguagem, autos-cuidados, presença de deficiência comprovada, problemas na esfera

familiar e outros) percebe-se que em 41% dos casos houve aumento do número de

áreas citadas como problemáticas, do ano de 2001 para 2003/2004. Em 34% dos

cadastros individuais houve uma diminuição do número de áreas citadas como

problemáticos pelas professoras comparando-se 2001 e 2003/2004. Em 25% deles não

houve alteração do número de áreas consideradas problemáticas comparando-se os

dois momentos da coleta. A Figura 4 apresenta a porcentagem de casos nos quais o

número de áreas consideradas problemas aumentou, diminuiu ou permaneceu

praticamente igual a avaliação de 2001.

Analisando as áreas que foram considerando como problemáticas pelas

professoras nos dois momentos da coleta de dados, pode-se perceber uma diferença na

freqüência com que essas áreas são citadas comparando os dois anos e o conjunto dos

alunos. A Figura 5 apresenta a distribuição de freqüência de queixas nas diferentes

áreas, considerando-se as descrições efetuadas pelos educadores na coleta inicial na

creche feita em 2001 e aproximadamente dois anos depois.

0102030405060708090

100

diminuiram aumentaram permaneceramiguais

Por

cent

agem

(%

)

Figura 4. Porcentagem de cadastros que tiveram aumento, diminuição ou

permaneceram iguais no número de áreas problemáticas citadas pelas professoras,

relacionando-se os anos de 2001 com 2003/2004 (N = 44).

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Figura 5. Freqüência de problemas das crianças nas diferentes áreas citados pelas

educadoras em 2001 e 2003/2004 (N = 44).

Em 2001 os problemas mais citados a indicação dessas crianças como tendo

NEEs apontados pelos educadores foram problemas relacionados à área de

socialização, família, linguagem e saúde. Na coleta de 2003/2004, em relação às

mesmas 44 crianças constatou-se um aumento geral no número de queixas em quase

todas as áreas, exceto na categoria de socialização, cuja freqüência permaneceu

praticamente igual, e na categoria residual (outros), pois não foram citados problemas

de outra natureza na segunda coleta. Entretanto, apesar do aumento das queixas,

apenas 16 alunos dos 44 tiveram a confirmação da notificação anterior dois anos

depois.

O número de crianças com problemas familiares aumentou consideravelmente,

no universo dos 44 alunos investigados, segundo seus professores da segunda coleta.

Em seguida aparecem com maior freqüência de queixas as áreas de socialização,

linguagem e saúde, praticamente confirmando as proporções de 2001.

Percebe-se também que crescem as queixas nas áreas de cognição, motora e

em menor escala de autos-cuidados, na avaliação de 2003, em comparação a realizada

cerca de dois anos antes. Por outro lado, constata-se também um diminuição nas

queixas relacionadas à condições de deficiências.

Contudo nem sempre as áreas consideradas problemáticas pelas professoras

em 2001 foram as mesmas que as citadas pelos professores de 2003/2004, para uma

0

10

20

30

40

50

S SO L M C AC F D O

2001

2003/04

Legenda:

S – Saúde M – Motor F – Família

SO – Socialização C – Cognição D – Deficiência

L – Linguagem AC – Auto-cuidados O – Outros problemas

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30

mesma criança. No anexo H podem ser encontrados os dados relativos às áreas

presentes na ficha de identificação, com os dados dos anos de 2001 e de 2003/2004.

Na figura 6 estão apresentadas os dados obtidos a partir da comparação dos

dois protocolos de uma mesma criança, sendo que o gráfico mostra o numero de

queixas remanescentes nas diferentes áreas, o número de queixas que não foram

citadas pela professora como problemática em 2001, mas foram consideradas

problema pela professora de 2003/2004 e, por fim, as áreas que foram consideradas

problemáticas pela professora em 2001, mas não foram novamente citadas pelas

novas professoras (de 2003 ou 2004).

Pode-se constatar que houve uma grande variação dentro de uma mesma área

e os dados que mais se mantiveram estáveis entre os dois momentos da coleta (as

citações permaneceram de um ano para outro) em relação às queixas foram as

relativas a família, socialização, linguagem e saúde.

0

2

46

8

10

1214

16

18

S SO L C M AC F P D

Áreas

Fre

qüên

cia queixa igual

queixa surgiu

queixa desapareceu

Figura 7. Freqüência de queixas que permaneceram iguais, surgiram ou

desapareceram, nas diferentes áreas, considerando as coletas feitas nos anos de 2001 e

2003/2004, nas áreas descritas no protocolo (N = 44).

Em relação a rede de apoio que ampara as crianças que freqüentam a rede

regular de ensino, pode-se constatar que o número de crianças que recebem algum

Legenda:

S – Saúde M – Motor F – Família

SO – Socialização C – Cognição D – Deficiência

L – Linguagem AC – Auto-cuidados

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tipo de atendimento especializado (fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia,

acompanhamento médico) ou ensino especializado (classe de recursos, escola

especial) aumento de cinco para seis casos no total, de 2001 para 2003/2004. Duas

crianças que recebiam atendimento ou freqüentavam ensino especializado em 2001

continuaram a receber em 2003/04. Enquanto que quatro crianças começaram a

receber atendimento em 2003/2004, três outras haviam deixado de receber

atendimento por ocasião da coleta de 2003/2004.

No protocolo havia uma categoria destinada a identificar crianças com

necessidades educacionais especiais decorrentes de altas habilidades e/ou talentos

especiais, que eram aquelas crianças que se destacavam da média turma por terem

algum talento ou habilidade incomum para a idade e nível de desenvolvimento.

Observou-se que nos dois momentos de coleta, o número de crianças indicadas entre

as 44 investigadas, foi baixo nessa categoria. Em 2001 foram cinco casos e em

2003/2004, quatro crianças foram indicadas. Contudo, nenhuma das crianças

indicadas na primeira coleta foi indicada também na segunda coleta de dados, ou seja

as crianças de 2003/2004 eram diferentes das notificadas como talentosas em 2001.

Das 44 crianças analisadas, 10 ainda continuavam freqüentando creches, sendo

que dessas cinco tinham idade para estar nela, ou seja tinham até quatro anos de idade,

e as demais já tinham ultrapassado a idade (cinco anos ou mais) e estavam sendo

retidas. Dessas 10 crianças que permaneciam nas creches, sete continuavam em

2003/2004 na mesma unidade escolar que freqüentavam em 2001, e três mudaram de

creche.

Entretanto, considerando-se o nível, todas as crianças avançaram no processo

educacional e nenhuma delas estava, em 2003/2004 no mesmo nível de 2001.

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DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

O estudo apontou inicialmente uma dificuldade em encontrar as crianças que

haviam sido notificadas em 2001, e embora a rede tenha iniciado um processo de

criação de um banco de dados com os cadastros dos alunos, os dados ainda não

estavam unificados em um mesmo banco de dados e isso dificultou consideravelmente

o processo de encontrar as crianças alvo do presente estudo.

As visitas iniciais as 12 creches de 2001 permitiu identificar as escolas de

destino de uma boa parcela das crianças, mas já nesta etapa aproximadamente 28%

das crianças foram descartadas em função do desconhecimento alegado pela creche

sobre o destino da criança, devido talvez a mudanças de cidade ou mesmo de bairro.

Descartadas as 25 crianças cujo destino era desconhecido foi iniciada a busca

pelas 83 crianças restantes, num processo que durou aproximadamente um ano. A

coleta prevista para ser concluída em 2003 foi estendida até 2004 a fim de permitir

encontrar uma quantidade maior dessas crianças.

Ao término do estudo foi possível coletar dados de seguimento de 44 crianças

das 104 identificadas em 2001, sendo que a amostra obtida pode ser considerada

representativa uma vez que representa 42,3% do universo, e que mantém a mesma

desproporção em relação ao gênero, onde os meninos aparecem numa representação

desproporcional em relação as meninas, numa relação de 2 meninas para cada 3

meninos .

O seguimento dessa amostra de 44 crianças identificadas em 2001, dois anos

depois indicou que o destino da maior parte das crianças com NEEs que freqüentavam

as creches do município em 2001 foram as escolas municipais de educação infantil

que absorveu 41,3% do total de crianças. Isso se deve provavelmente se deve ao fato

da própria estrutura do sistema municipal de educação que mantém escolas

municipais de educação infantil, em geral para crianças de quatro a seis anos, e que

portanto oferecem um período de três anos de escolarização na educação infantil

precedendo o ingresso no ensino fundamental.

Entretanto, algumas crianças identificadas em 2001 já estavam freqüentando

as escolas de ensino fundamental. Isso pode ser explicado ou pelo fato de que na

época do levantamento anterior (2001), algumas crianças já estariam freqüentando

alguma das EMEIs do município durante um período do dia e ficando na creche no

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outro período. Ou seja, essas crianças já tinham provavelmente idade para estarem nas

EMEIs, mas por algum motivo continuavam também nas creches. Por este motivo

algumas crianças já estão freqüentando as EMEBs ou Escolas Estaduais do município,

apesar do tempo decorrido entre os dois levantamentos não ter sido suficiente para

elas passarem das creches para o Ensino Fundamental. Atualmente há um controle

maior em relação à faixa etária das crianças que permanecem nas creches sendo 4

anos a idade limite de permanência neste tipo de serviço.

Na segunda fase da coleta de dados, na qual foram coletados protocolos de 44

crianças, constatou-se que 10 delas ainda continuavam freqüentando a creche, sendo

que cinco delas já haviam ultrapassado essa idade limite (tinham cinco anos ou mais)

de freqüentar uma creche. Tais dados indicam que em alguns casos, provavelmente

decorrente das necessidades educacionais especiais das crianças, ocorre a retenção na

creche de crianças mais velhas e que poderiam ser encaminhadas para o próximo nível

de ensino.

Provavelmente a retenção ocorre por ser essas crianças consideradas mais

comprometidas, e pelo tipo serviço oferecido por estas unidades de ensino ser ainda

mais assistencialista do que educacional. Aqui não está sendo discutido qual deve ser

o papel das creches: se assistencialista e/ou educativo, mas apenas o fato de que,

devido à idade das crianças, elas precisariam de alguns cuidados básicos

(especialmente na área de autocuidados), que podem ser melhor supridos pelas

creches.

Entretanto, caberia ressaltar que essa postura iria contra os princípios do

conceito de inclusão, que afirma que são as escolas e o sistema educacional que

devem se adaptar às crianças com necessidades educacionais e não o contrário. Neste

caso, a retenção pode representar uma tentativa de buscar a homogeneização que via

contra o princípio do respeito a diversidade.

Deve-se lembrar que a integração é uma prática seletiva, na qual o deficiente

tem que se adaptar aos parâmetros considerados normais, se enquadrando aos pré-

requisitos da classe, da escola ou do nível e se ele não estiver apto a isso, deve ser

colocado no ensino especial, ou em outros casos retidos em níveis inferiores.

Já na educação inclusiva não se espera que a criança com necessidades

educacionais especiais se adapte aos alunos considerados normais. Ela visa que este

aluno atinja o máximo de sua potencialidade junto com seus colegas “normais”, pois

para a filosofia da educação inclusiva, não são os alunos com deficiências que devem

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34

se adaptar aos ditos alunos normais, mas sim esses que devam aprender a conviver

com aqueles (Mrech, 1999, apud Rosa, 2003). Neste caso a retenção deve ser evitada

sempre que possível.

Isso faz com que se pense em outro problema que seria a falta de estrutura das

escolas para receber alunos com diversos tipos de necessidades educacionais

especiais. Além da necessidade de reestruturação física das escolas para receber todo

tipo de alunado, é necessário que haja comunicação entre as diversas secretarias de

governo (de saúde, transportes, etc.) como afirma Pietro (2002), para que seja

garantido não apenas o acesso dessas crianças na rede, mas também a permanência

deles na escola. Afinal, como poderia, por exemplo, uma criança que utiliza cadeira

de rodas ir a escola todos os dias se não existe um sistema de transporte adaptado que

possa levá-lo?

Essa falta de estrutura do sistema educacional é evidenciada pelo baixo

número de crianças que freqüentam a rede regular de ensino e recebem algum tipo de

apoio ou ensino especializado. De todos os dados coletados, apenas 13% recebiam

algum tipo de apoio especializado em 2001 e 11% recebiam apoio em 2003 ou 2004.

Esses dados indicam que existe uma carência de serviços que amparem as crianças

que apresentam algum tipo de dificuldade e que não houve evolução no sistema de

suporte aos alunos ao longo do tempo, nem em caráter preventivo e nem remediativo,

uma vez que apenas 5 das 16 crianças que tiveram a notificação confirmada tinham

acesso a serviços especializados de apoio..

Os dados obtidos mostram que quase todas as crianças avançaram no processo

educacional, pois nenhuma se encontrava no mesmo nível de 2001. Isso indica que,

independente de qualquer dificuldade ou necessidade educacional especial, essas

crianças tendem a progredir no processo de escolarização.

Houve um aumento no número de queixas nos dois momentos da coleta de

dados. Esse aumento de 27% pode ser explicado pela diferença introduzida no

instrumento de coleta de dados, que foi refinado para este estudo. No instrumento

utilizado na primeira coleta, não havia áreas específicas como no segundo (relativas a

problemas de saúde, socialização, linguagem, etc.). No primeiro instrumento era

solicitado que a professora indicasse se a criança tse enquadrava em algum tipo de

categoria de deficiência específica (visual, motora, múltipla, etc.), ou então descrever

porque considerava tal criança como tendo NEEs.

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A partir dos relatos espontâneos dos educadores coletados no primeiro estudo

é que o instrumento foi modificado, com a introdução das categorias ou áreas

identificadas, que passaram no segundo estudo a ser campos obrigatórios de

preenchimento no protocolo utilizado no segundo estudo.

Além do instrumento, a variação pode ser explicada pela subjetividade do

processo de notificação, pois a percepção que as educadoras de creches tem de

determinada criança pode ter uma grande variação e depende de diversos fatores,

como, por exemplo, a habilidade das professoras para lidar com determinadas

características, o que pode fazer com que ela julgue algo como problemático ou não.

Outro fator que pode ser considerado sobre esse aumento no número de

queixas é a própria evolução do desenvolvimento da criança. Pode ser que, ao

avançarem no processo educacional e o aumento das exigências possam ter

evidenciado algumas dificuldades que não foram percebidas pelas professoras ou

educadoras das creches.

Apesar de o número total de queixas ter aumentado de um momento para outro

da coleta, os dados mostram que houve uma grande variação no número de queixas

citadas pelos professores para uma mesma criança, apesar da porcentagem de

aumento total no numero de queixas, comparando-se as duas coletas.

Os dados mostraram que em 34% dos cadastros coletados houve uma

diminuição do número de áreas citadas como problemáticas pelas professoras

comparando-se 2001 e 2003/2004 e em 25% dos cadastros não houve alteração do

número de áreas-problema comparando-se os dois momentos da coleta. Esses dados

podem ser explicados por alguns dos fatores acima citados, como a subjetividade da

avaliação das professoras e a modificação do instrumento.

Em relação às áreas analisadas nos protocolos, as principais áreas que foram

consideradas problemáticas são relativas à socialização, família, linguagem, saúde,

nos dois momentos da coleta. Esses dados indicam que, apesar das variações, alguns

problemas são mais comuns e persistem, mesmo com o passar do tempo.

As áreas menos citadas pelas professoras em 2001 foram relativas aos auto-

cuidados, motricidade e cognição. Isso pode ser devido ao fato de que na primeira

coleta essas categorias não existiam, o que dificultou a identificação espontânea pelas

professoras. Em 2003 e 2004, foi constatado um menor número de queixas as

categorias de outros problemas (no qual eram agrupados os problemas que não se

encaixavam nas demais áreas do protocolo), deficiência e autocuidados. Além disso,

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apesar de ter havido um aumento geral no número de problemas citados em quase

todas as áreas, o numero de queixas nas categorias de deficiência e de outros

diminuiu, entre os anos de 2001 e de 2003/2004.

Uma hipótese para essa diminuição pode ser a modificação no instrumento

utilizado na segunda coleta, pois nele não havia a indicação de deficiências

específicas como no primeiro (havia, em apenas um dos campos, a possibilidade de

colocar esse tipo de dado). Além disso, o novo instrumento tinha várias áreas que

contemplavam diversos tipos de problemas, e as respostas das professoras se

enquadraram nessas categorias. Assim, a diminuição na freqüência da categoria

residual indica que a segunda versão do instrumento parece ter sido mais aperfeiçoado

para coletar dados descritivos sobre as crianças.

Contudo, fazendo uma análise mais detalhada dos dados, verificou-se que nem

sempre as áreas consideradas problemáticas pelas professoras em 2001 foram as

mesmas que as citadas pelos professores de 2003/2004, para uma mesma criança. As

áreas que se mantiveram mais estáveis entre os dois momentos da coleta (nas quais as

citações de problemas permaneceram de um ano para outro para a mesma criança)

foram as relativas a família, socialização, linguagem e saúde, que foram as categorias

que também tiveram maior número de queixas nos dois anos.

No protocolo havia uma categoria destinada a crianças com altas habilidades

e/ou talentos especiais, que eram aquelas crianças que se destacavam da média turma

por terem algum talento ou habilidade incomum para a idade e nível de

desenvolvimento (13% em 2001 e 9% em 2003/2004). Contudo, nenhuma das

crianças indicadas na primeira coleta foi indicada na segunda coleta de dados, ou seja,

todas as crianças de 2003/2004 eram diferentes das de 2001. Além dos fatores que já

foram citados acima, como a subjetividade da avaliação das professoras, explica-se

ainda essa variação e função das mudanças nos padrões culturais sobre o que seria um

talento diferenciado ao longo de diferentes faixas etárias. Além disso, percebe-se uma

dificuldade das professoras em identificar as crianças que apresentam talentos ou

habilidades altamente diferenciadas em relação aos colegas.

Aproximadamente 1/3 das crianças identificadas como alunos com NEEs

desde as creches forma novamente notificadas após dois ou três anos pelos seus

professores de Educação infantil ou Ensino Fundamental, o que indica que o problema

provavelmente persiste, e sugere a necessidade de uma intervenção mais efetiva desde

a Educação Infantil, ou seja, iniciando pelas creches, para que as dificuldades possam

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ser minimizadas e elas possam avançar da melhor maneira possível no processo de

escolarização.

Por outro lado, as evidências indicam que 2/3 das crianças identificadas pelos

educadores como especiais, não tiveram sua notificação confirmada pelos professores

posteriores dessas crianças, o que sugere a necessidade de formação para melhorar a

efetividade e diminuir a subjetividade no processo de identificação para os educadores

de creche.

Bueno,1999 (p.18 apud Mendes 2004) afirma que “Uma coisa é certa: dentro

das atuais condições não há como incluir crianças com necessidades educacionais

especiais no ensino regular, sem que se ofereça aos professores de sas classes,

orientação e assistência na perspectiva da qualificação do trabalho pedagógico ali

desenvolvido”.

Mendes (2004) aponta que, os estudos de levantamento mostram como é

importante produzir indicadores a fim de diagnosticar e monitorar políticas locais de

inclusão. Esta autora expõe algumas conclusões a respeito da educação inclusiva no

país:

1) A ciência será essencial para que a sociedade brasileira contribua de maneira

intencional e planejada, para a superação de uma Educação Especial

equivocada por ainda atuar contra os ideais de inclusão social e plena

cidadania. Traduzir a educação inclusiva das leis, dos planos e intenções para

a nossa realidade requer produção de conhecimento e prática e essa é uma

tarefa para a pesquisa científica, e mais especificamente, para as universidades

brasileiras.

2) O futuro da Educação Inclusiva em nosso país dependerá de um esforço

coletivo, que obrigará a uma revisão na postura de pesquisadores, políticos,

prestadores de serviços, familiares e indivíduos com necessidades

educacionais especiais, para trabalhar numa meta comum que seria a de para

garantir uma educação de melhor qualidade para todos.

3) A implantação de uma política de inclusão escolar (seja ela federal, estadual

ou municipal) é processual, devendo, portanto ser construída de forma

sistemática, planejada e avaliada, através de ações no âmbito do sistema, da

escola e da sala de aula, e é papel da pesquisa científica colaborar com o

processo de implementação e avaliação desse processo.

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4) Adotar diretrizes políticas com vistas à inclusão escolar não implica em propor

a destruição do que existe. Mas, deve-se respeitar e manter o princípio de

colocação no tipo de serviço educacional minimamente restritivo, o que

implica em manter o continuum de serviços que permita a colocação nos

vários tipos de provisões, conforme os dispositivos legais em vigor.

5) Uma política de formação de professores é um dos pilares para a construção da

inclusão escolar, pois a mudança requer um potencial instalado, em termos de

recursos humanos, em condições de trabalho para que ela possa ser posta em

prática.

6) A defesa de uma escola inclusiva ou de uma política de educação inclusiva,

não elimina a existência de alunos com necessidades educativas especiais, nem

a necessidade de produzir conhecimento sobre a realidade destes alunos, nem

sequer a necessidade de formar profissionais que atuarão nesta área. Portanto,

a Educação Especial, enquanto área de produção de conhecimento científico

permanece tendo sua identidade e relevância reconhecida.

Diante dos resultados apresentados e das discussões feitas, sugere-se a

necessidade de uma intervenção mais planejada na Educação Infantil, buscando

melhorias em diversos âmbitos, como a estrutura física das creches, a formação de

redes de apoio que dêem sustentação às crianças e aos seus educadores de creches.

Essas propostas deveriam ser iniciadas pelas creches, pois elas são o primeiro

passo das crianças no processo educacional e nelas as dificuldades podem ser

minimizadas e/ou prevenidas de tal forma a se criar mecanismos de proteção para

crianças em situação de riso, para que essas possam avançar da melhor maneira

possível no processo de escolarização, e para nossas creches se tornem mais

inclusivas.

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Anexo A: listagem retirada do projeto de extensão “Banco de dados dos alunos com

necessidades educacionais especiais inseridos nas unidades escolares do sistema

educacional do município de São Carlos” (Mendes e Chimetto, 2002), utilizada para

localização das crianças.

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43

Nº ESCOLA/2001

Nome Nascimento

Idade/2001 Idade atual

Escola atual

001 Cr A A. F. L. J. 13/01/1998 03 anos 06 anos EMEI h

002 Cr A R. W. C. 26/03/1997 04 anos 06 anos EMEI h

003 Cr B A. F. R. S. 22/07/2000 01 ano 03 anos e 05 meses EMEI d

004 Cr B A. S. A. C. 02/10/2000 11 meses 03 anos Cr K

005 Cr B B. S. A. A. 31/03/1998 03 anos 05 anos e 09 meses EMEI j

006 Cr B G. F. A. 16/04/1998 03 anos 05 anos Não foi localizada

007 Cr B J. V. S. F. 06/03/2000 01 ano 03 anos EMEI c

008 Cr B L. L. G. 25/01/1998 03 anos 05 anos Não foi localizada

009 Cr B T. S. L. 18/05/1998 03 anos 05 anos e 07 meses EMEI j

010 Cr C B. F. C. 27/02/1999 02 anos 04 anos EMEI c

011 Cr C C. J. T. O. 21/08/1994 06 anos e 11 meses 10 anos EMEB I

012 Cr C D. H. F. B. 04/02/1999 02 anos e 05 meses 04 anos Não foi localizada

013 Cr C E. B. Q. 06 anos 08 anos EMEB I

014 Cr C E. D. F. I. S. 04/11/1995 05 anos e 07 meses 08 anos Mudou de cidade

015 Cr C G. A. A. 01 ano 03 anos Não foi localizada

016 Cr C G. G. O. 27/01/1995 06 anos 09 anos EMEB I

017 Cr C G. R. A. 26/06/1997 04 anos 06 anos EMEI c

018 Cr C J. E. R. Não foi localizada

019 Cr C J. L. B. A. P. 06/01/1995 06 anos 09 anos EMEB I

020 Cr C K. A. O. 09/02/1995 06 anos 08 anos EMEB I

021 Cr C K. C. M. 29/03/1997 04 anos 06 anos EMEI c

022 Cr C L. D. 30/10/1997 03 anos 05 anos EMEI c

023 Cr C L. H. A. F. 04/02/1995 06 anos 08 anos EMEB I

024 Cr C L. H. R. 02 anos 04 anos Cr C

025 Cr C M. R. C. 09 meses 03 anos Mudou de cidade

026 Cr C P. C. C. 29/05/1997 04 anos 06 anos EMEI c

027 Cr C R. F. B. 10/01/1995 06 anos 09 anos EMEB I

028 Cr C S. R. C. 18/04/2000 01 ano 03 anos Não foi localizada

029 Cr C W. L. A. F. 24/04/1997 04 anos 06 anos Mudou de bairro

030 Cr C W. C. S. 13/03/1996 05 anos e 03 meses 08 anos EMEB I

031 Cr D D. N. F. 15/02/1997 04 anos 06 anos EMEI g

032 Cr D P. E. P. 25/04/1999 02 anos 04 anos EMEI g

033 Cr D R. H. S. 23/05/1997 04 anos 06 anos Mudou de cidade

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Nº ESCOLA/2001

Nome Nascimento

Idade/2001 Idade atual

Escola atual

034 Cr E B. F. S. 08/06/1998 03 anos 05 anos EMEI l

035 Cr E B. V. A. 18/10/1997 03 anos e 11 meses 06 anos EMEI n

036 Cr E G. H. M. 16/08/1997 04 anos 06 anos EMEI n

037 Cr E J. C. S. 9/04/1998 03 anos 05 anos EMEI n

038 Cr E J. P. J. T. S. 18/07/1997 04 anos 05 anos Cr H

039 Cr E L. F. M. S. 13/05/1998 03 anos 05 anos Mudou de cidade

040 Cr E O. H. G. L. 12/08/1997 04 anos 06 anos EMEI n

041 Cr E P. A. A. M. 29/04/1999 02 anos 04 anos Não foi localizada

042 Cr E R. N. 16/09/1997 04 anos 06 anos e 06 meses EMEI n

043 Cr E T. T. A. S. 01/06/1997 04 anos 06 anos EMEI n

044 Cr E W. H. C. 13/06/1997 04 anos 06 anos EMEI n

045 Cr F A. B. P. 08/12/1999 01 ano e 09 meses 05 anos Não foi localizada

046 Cr F A. B. S. 03 anos 06 anos Cr F

047 Cr F C. A. 13/10/1997 03 anos 06 anos Cr F

048 Cr F D. C. 09/02/1999 02 anos 04 anos EMEI l

049 Cr F D. P. S. 05 anos 07 anos EE 3

050 Cr F G. P. R. 24/01/1995 06 anos 08 anos EMEI l

051 Cr F G. B. 31/07/1998 03 anos 05 anos Cr F

052 Cr F G. L. P. C. 17/09/1999 02 anos 04 anos EMEI h

053 Cr F G. T. G. M. 26/02/1995 06 anos 08 anos EMEB II

054 Cr F G. G. S. 21/11/1999 02 anos 04 anos Não foi localizada

055 Cr F I. C. S. 11/06/1996 05 anos 07 anos EE 3

056 Cr F J. P. S. 20/02/1995 06 anos 08 anos EE 3

057 Cr F J. S. R. 29/09/1995 05 anos 08 anos Não foi localizada

058 Cr F J. G. R. 15/07/1995 05 anos 08 anos EMEB I

059 Cr F J. R. Q. 24/03/1998 03 anos 05 anos Não foi localizada

060 Cr F L. S. P. 17/07/1994 05 anos 10 anos EE 3

061 Cr F R. L. P. C. 17/09/1999 02 anos 04 anos Cr F

062 Cr F T. B. O. 27/01/1998 03 anos 05 anos EMEI m

063 Cr F V. C. M. A. 01/04/1997 04 anos 06 anos EMEI c

064 Cr F V. M. A. S. 25/06/2000 01 ano e 05 meses 03 anos Mudou de bairro

065 Cr G A. M. R. 02/01/1997 04 anos 07 anos EMEI o

066 Cr G E. W. K. 10/02/1998 03 anos 05 anos Mudou de cidade

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Nº ESCOLA/2001

Nome Nascimento

Idade/2001 Idade atual

Escola atual

067 Cr G I. V. F. 31/07/1998 03 anos 06 anos EMEI o

068 Cr G J. P. B. S. 29/01/1999 02 anos 04 anos EMEI o

069 Cr H B. M. M. 22/03/1998 03 anos 05 anos EMEI n

070 Cr H G. L. N. 19/10/1997 03 anos 06 anos Cr H

071 Cr H G. E. A. D. 28/05/1995 06 anos 08 anos Não foi localizada

072 Cr H H. C. R. J. 11/07/1995 05 anos 08 anos EE 1

073 Cr H L. S. P. S. 16/01/1998 03 anos 05 anos Não foi localizada

074 Cr H L. F. F. T. 07/02/1998 03 anos 05 anos Não foi localizada

075 Cr H L. H. B. M. 12/03/1998 02 anos 04 anos Não foi localizada

076 Cr H M. M. O. 06/12/1994 06 anos 09 anos Não foi localizada

077 Cr H M. L. D. 23/07/1997 04 anos 06 anos Cr H

078 Cr H M. L. S. 28/12/2000 05 meses 02 anos Cr H

079 Cr H M. F. P. S. 11/01/1996 04 anos 07 anos EMEI f

080 Cr H R. F. C. 19/01/1999 02 anos 04 anos EMEI n

081 Cr I J. P. A. P. 09/06/1998 03 anos 05 anos EMEI k

082 Cr I L. F. P. S. 20/04/1997 04 anos 06 anos EMEI e

083 Cr I T. S. S. 14/09/1997 04 anos 06 anos EMEI e

084 Cr I T. F. S. 04/09/1998 03 anos 05 anos Mudou de bairro

085 Cr J L. H. A. 07/10/1998 03 anos 05 anos Não foi localizada

086 Cr J V. H. S. B. 26/09/1998 03 anos 05 anos EMEI b

087 Cr K A. S. C. 21/12/1997 04 anos 06 anos EMEI j

088 Cr K C. D. F. 10/09/1998 03 anos 06 anos Não foi localizada

089 Cr K P. N. S. 19/08/1997 04 anos 06 anos e 04 meses Não foi localizada

090 Cr K R. C. S. 04/07/1999 02 anos 04 anos Mudou de cidade

091 Cr K T. R. S. G. 08/08/1997 04 anos 06 anos EMEI i

092 Cr L A. S. S. 11/07/1997 04 anos 06 anos Não foi localizada

093 Cr L A. S. R. 27/12/1998 03 anos 05 anos EMEI o ou EMEI l

094 Cr L A. C. R. O. 06/11/1998 03 anos 05 anos EMEI o

095 Cr L A. C. S. L. 13/12/1998 02 anos 05 anos EMEI a

096 Cr L B. A. M. 05/07/1996 05 anos 07 anos EMEI o ou EMEI l

097 Cr L C. M. C. 21/09/1995 06 anos 09 anos EE 3

098 Cr L K. C. M. F. 05 anos EMEI o

099 Cr L L. S. S. 24/08/1995 06 anos 08 anos EE 3

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Nº ESCOLA/2001

Nome Nascimento

Idade/2001 Idade atual

Escola atual

100 Cr L L. H. C. 07/11/1996 04 anos e 06 meses 07 anos Escola Especial

101 Cr L L. L. R. O. 09 anos e 05 meses EMEB J.M.M.L.

102 Cr L L. A. P. EE 2

103 Cr L P. A. P. 16/09/1995 06 anos 08 anos EMEB III

104 Cr L V. N. M. 23/12/1998 02 anos 05 anos EMEI o

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Anexo B: Carta de apresentação às diretoras de creches.

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Ilmo Sr (a) Diretor (a)

Estamos realizando uma pesquisa de campo como parte de um projeto desenvolvido no curso

de Graduação em psicologia da UFSCar. Gostaríamos, entretanto, que essa nossa pesquisa tivesse

alguma utilidade e por isso optamos por estudar um tema relevante para a Educação Brasileira.

No ano de 2001 foi realizado um levantamento no sistema municipal de ensino de São Carlos,

sob supervisão da Prof. Dra. Enicéia Gonçalves Mendes e em parceria com a Secretaria Municipal de

Educação, a fim de identificar crianças com necessidades educacionais especiais inseridas na rede.

Neste estudo constatou-se que o maior número de crianças com necessidades especiais estava nas

creches do município, o que nos levou a direcionar nossas pesquisas para a Educação Infantil. Um dos

nossos objetivos, nesta pesquisa, é averiguar a situação atual das crianças que foram identificadas nas

creches, em 2001, a fim de saber onde e como elas estão e, por isso pedimos vossa colaboração para

localizar essas crianças.

A estudante Claudia De Nadai Chimetto, do curso de graduação em Psicologia da

Universidade Federal de São Carlos, estará desenvolvendo atividades referentes ao seu trabalho para

conclusão de curso (“Follow up de crianças identificadas por educadoras de creches como tendo

necessidades educacionais especiais”), sob minha supervisão, no ano de 2003.

Gostaríamos de contar com vossa colaboração neste estudo, no sentido de fornecer

informações sobre a localização das crianças identificadas em 2001. Contando com vosso interesse

para o desenvolvimento de estudos que ampliem nossa compreensão sobre o processo de inclusão de

alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares, agradecemos antecipadamente a

atenção e nos colocamos a seu inteiro dispor para maiores esclarecimentos.

Atenciosamente,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS

HUMANAS

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49

___________________________________

_______________________________

Pofª. Drª. Enicéia Gonçalves Mendes Claudia De Nadai Chimetto

Departamento de Psicologia Aluna de graduação de Psicologia/UFSCar

Endereço para contato:

Rua Episcopal, nº 1700, apto. 132 São Carlos – SP CEP: 13560-570

Telefones para contato:

(16) 2714254 (pessoal)

(16) 2608357 (CECH – PPGES – UFSCar)

(16) 2608361 (Depto. de Psicologia – UFSCar)

E-mails: [email protected]

[email protected]

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Anexo C: Manual para preenchimento e ficha de identificação.

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SUBPROJETO 3: “Follow up de crianças identificadas por educadoras de creches

como tendo necessidades educacionais especiais passados dois anos, na Rede

Municipal de Educação de São Carlos – ANO 2

MANUAL PARA PREENCHIMENTO DOS CADASTROS DE

IDENTIFICAÇÃO

Quando esta criança estava na creche (no ano de 2001), a educadora mostrou

preocupação com seu desenvolvimento naquela época. Estamos fazendo um

seguimento para ver como está essa criança hoje. Gostaríamos de obter algumas

informações à respeito dessa criança. Você considera que ela tenha atualmente

alguma(s) necessidade(s) educacional(is) especial(is)? Preencha a ficha mesmo que

você suspeite, mas não tenha certeza sobre o fato da criança ser ou não um aluno com

necessidades educacionais especiais. Temos interesse em identificar justamente

aquelas crianças com as quais você está preocupado (a).

A seguir preencha uma ficha de identificação para cada aluno identificado.

INSTRUÇÕES PARA O PREENCHIMENTO:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

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1. A ficha a ser preenchida contém na primeira parte os dados de identificação da

criança. Não deixe de preencher nenhum dos campos.

2. Caso você considere que a criança tenha atualmente alguma(s) necessidade(s)

educacional(is) diferenciada(s), assinale sim para essa questão e descreva

livremente neste campo as características da criança que mais lhe chamam a

atenção, que preocupam, e que fazem você pensar que tal criança deveria receber

mais apoio do que a escola normalmente oferece.

3. No campo a seguir, são solicitadas informações sobre os atendimentos

especializados (médicos, terapias especializadas, etc.) que a criança recebe.

Assinale se a escola tem ou não conhecimento se a criança recebe algum tipo de

atendimento. Em caso afirmativo, especifique quais são os atendimentos que ela

recebe. Caso você considere que a criança tenha alguma necessidade de receber

qualquer tipo de atendimento especializado, dê sugestões sobre que tipo de

encaminhamento você acha que a criança deveria receber, especificando o tipo de

serviço ou profissional, e se você considera que seja um caso de urgência para o

atendimento em questão.

4. O campo seguinte é de preenchimento optativo. Interessa-nos saber mais detalhes

sobre a criança e por isso, pedimos que sejam prestadas informações sobre a

existência de:

• problemas de saúde: tais como queixas de dores, olhos lacrimejantes e

avermelhados; nariz escorrendo, internações freqüentes; otite crônica;

sonolência, convulsão, anemia, se toma medicamentos diários; doenças,

etc.

• problemas de desenvolvimento: descreva os tipos de problemas, se são

freqüentes ou ocasionais e especifique as áreas, a saber:

• área de socialização: agressividade, dependência excessiva de colegas ou de

adultos, isolamento, ansiedade, timidez, desobediência, inabilidade para se

relacionar com os colegas, indisciplina, rebeldia, etc.

• área de linguagem/comunicação: dificuldade, ausência ou atraso na fala, fala

incompreensível, vocabulário pobre, gagueira, etc.

• área da motricidade: dificuldade para andar; ausência de marcha, dificuldade em

manter postura sentada, hiperatividade, falta de mobilidade dos braços ou mãos,

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desequilíbrio ou insegurança em atividades motoras amplas (correr, andar de

bicicleta, motoca, patinete, patins, etc.), paralisia de membros, etc.

• cognição/inteligência: dificuldade em compreender instruções, em compreender

fala, regras de jogos e brinquedos, discriminar (cores, formas, avesso/direito de

roupa, etc.) montar quebra-cabeças, etc.

• auto-cuidados nas habilidades de vida diária: dificuldade em usar o banheiro (faz

xixi ou cocô nas calças), em atividades de higiene (lavar mãos e rosto, se limpar

no banheiro, limpar o nariz, etc.), em atividades de vestuários (vestir, despir

roupas), em atividades de alimentação (rejeita alimentos importantes,

dificuldades em comer sozinho, etc.).

Descreva os problemas nas respectivas áreas, e no caso de você não ter

identificado aspectos problemáticos, nos diferentes itens, escreva nos campos “nada a

declarar”.

5. O campo a seguir solicita informações sobre a família da criança. Descreva em

linhas gerais qual é a sua percepção sobre a família da criança. Se ela atende ou

não as necessidades da criança e se tem uma boa relação com a escola.

Especifique se há na sua opinião uma composição familiar problemática, abuso de

drogas pelos pais ou parentes que moram junto, extrema pobreza ou miséria, maus

tratos e negligência para com a criança, casos de doença crônica na família, casos

de portadores de deficiências, etc.

6. No próximo campo, nos interessa averiguar quais são as potencialidades, talentos

e interesses da criança. Especifique se você considera que a criança tem uma

inteligência muito acima da média, se tem habilidades extraordinárias e interesses

no campo da música, dança, esportes, desenho e/ou pintura, criatividade,

memória, etc.

Especifique também se ela apresenta deficiências ou limitações, especificando de

natureza elas são, caso

você tenha conhecimento. Procure preencher todos os campos, e se não houver

informações consideradas relevantes, escreva “nada a declarar”.

7. Finalmente há um último campo, de preenchimento opcional, caso de você ainda

deseje descrever alguma característica importante da criança, que não foi

contemplada nos itens anteriores.

8. Preencha o nome do informante, sua função na escola, date e assine.

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Agradecemos imensamente sua participação neste estudo e nos comprometemos

a divulgar os resultados assim que o estudo for concluído.

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

NOME DA ESCOLA:

NOME DO ALUNO:

Pai: Filiação

Mãe:

SUBPROJETO 3 - Follow up de crianças identificadas por

educadoras de creches como tendo necessidades educacionais

especiais passados dois anos, naRede Municipal de Educação de

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Endereço

Idade Data de nascimento: Sexo:

Nível de escolaridade/turma:

Professora responsável:

Você considera que esta criança tem algum tipo de necessidade educacional especial?

( ) SIM ( ) NÃO

Por que?

....................................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................................

A escola tem conhecimento se a criança recebe algum tipo de atendimento ou apoio especializado?

( )SIM ( ) NÃO

Em caso afirmativo, qual (is) e onde?

....................................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................

Sugestões de encaminhamento:

....................................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................

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Descreva mais detalhadamente se a criança apresenta problemas nos seguintes aspectos:

a) Problemas de Saúde: ................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

b) Problemas de Desenvolvimento Psicossocial:

1. Socialização: ........................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

2. Linguagem: ..........................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

3. Motricidade: ........................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

4. Cognição/Inteligência: ........................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

5. Autos-Cuidados: ................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

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Comente sobre os seguintes aspectos da criança:

� Família:...............................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

� Potencialidades, interesses e Talentos Especiais: ............................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

� Deficiências e Limitações: .................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

Se você tiver algum aspecto a mais para comentar sobre a criança, descreva abaixo:

..........................................................................................................................................

..........................................................................................................................................

..........................................................................................................................................

..........................................................................................................................................

..........................................................................................................................................

........................................

Informante: ___________________________________________________ (Professor ,

diretor)

ASSINATURA: ____________________________________________________

DATA: _______________________

Anexo D: Termo de consentimento livre e esclarecido para as professoras das escolas.

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _____________________________________________________________________,

professor(a) da Escola _________________________________________________, concordo em

participar da pesquisa “A FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE CRECHES PARA A INCLUSÃO

ESCOLAR: IDENTIFICANDO SITUAÇÕES-PROBLEMAS”, que tem como objetivo realizar o

seguimento de crianças que foram identificadas no ano de 2001 como tendo necessidades educacionais

especiais e que estavam inseridas em creches, visando fornecer subsídios para a definição da política de

inclusão escolar no município; e consinto em receber a estudante do curso de graduação em Psicologia

da Universidade Federal de São Carlos, Claudia De Nadai Chimetto que, sob orientação da Profª. Drª.

Enicéia Gonçalves Mendes, estará coletando dados na unidade escolar na qual trabalho, a fim de

localizar as crianças com necessidades educacionais especiais identificadas no levantamento realizado

em 2001.

Minha colaboração se dará através do fornecimento de informações sobre crianças notificadas

como especiais, na perspectiva educacional, em creches do município no ano de 2001, e que atualmente

freqüentam esta escola. Fui informado que os dados coletados serão de uso restrito aos pesquisadores

do projeto e à Secretaria de Educação, a fim de preservar o sigilo das informações.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS

HUMANAS

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Estou ciente que tenho a total liberdade para recusar em participar da pesquisa, retirando meu

consentimento a qualquer momento, se assim desejar.

Concordo, também, com a divulgação dos resultados provenientes da pesquisa, sendo

resguardado o direito de sigilo à identidade institucional e pessoal dos envolvidos. A pesquisadora

responsável garantiu-me que será mantido o anonimato quanto as informações pessoais dos alunos

identificados, e os dados das creches, e, que se houver ainda alguma dúvida, poderei pedir

esclarecimentos a qualquer momento.

______________________________

Assinatura do Professor(a)

______________________________ _______________________________

Pofª. Drª. Enicéia Gonçalves Mendes Claudia De Nadai Chimetto

Departamento de Psicologia Aluna de graduação de Psicologia/UFSCar

São Carlos, ________ de __________________________________________ de 2003.

Endereço para contato:

Rua Episcopal, nº 1700, apto. 132 São Carlos – SP CEP: 13560-570

Telefones para contato:

(16) 2714254 (pessoal)

(16) 2608357 (CECH – PPGES – UFSCar)

(16) 2608361 (Depto. de Psicologia – UFSCar)

E-mails: [email protected]

[email protected]

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Anexo E: Resultado da primeira etapa da coleta de dados (localização das crianças),

em relação às escolas que estavam freqüentando em 2003.

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Primeira etapa: localização das crianças identificadas em 2001.

Não foram

localizadas:

20 crianças

Mudaram

de bairro:

Creches:

11 crianças

Escolas Municipais

de Educação

Infantil (EMEIs):

43 crianças

Escolas

Municipais de

Ensino Básico

(EMEBs):

12 crianças

Escolas

Estaduais:

8 crianças

Escola

Especial:

1 criança

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3 crianças

Mudaram

de cidade:

6 crianças

Cr C:

1 criança

Cr F:

4 crianças

Cr H:

4 crianças

Cr K:

2 crianças

EMEI a: 2 criança

EMEI b: 1 criança

EMEI c: 5 crianças

EMEI d: 1 criança

EMEI e: 2 crianças

EMEI f: 1 criança

EMEI g: 2 crianças

EMEI h: 3 crianças

EMEI i: 1 criança

EMEI k: 1 criança

EMEI j: 3 crianças

EMEI l: 3 crianças

(talvez 5)*

EMEI m: 1 criança

EMEI n: 9 crianças

EMEI o: 8 crianças

(talvez 6)*

EMEB I:

9 crianças

EMEB II:

1 criança

EMEB III:

2 crianças

EE 1:

1 criança

EE 2:

1 criança

EE 3:

6 crianças

*Nessas EMEIs há duas crianças que podem estar em uma ou em outra escola.

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Anexo F: Fluxograma que mostra o encaminhamento das 104 crianças com NEEs

pelas escolas no município, fornecido pelas diretoras das creches.

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65

Cr A EMEI h

Cr

K

Cr B

Cr C

EMEI d

EMEI a

EMEI j

Cr C

EMEI c

EMEB I

Cr D

EMEI g

Cr H

EMEI l

Cr E

EMEI n

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66

Cr F

EMEI c

EMEB I

EMEI h

Cr F

EMEB II

EMEI l

EE 3

EMEI m

Cr G EMEI o

Cr H

EMEI e EMEI f

Cr I

Cr H

EMEI k EMEI n

EE 1

EMEI b

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67

Cr K

EMEI j

Cr J EMEI i

EMEB III

EMEI a

EE 2

EMEI l Cr L

EE 3 EMEI o

Escola

Especial

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ANEXO G: Tabela com os resultados da segunda etapa da pesquisa, com dados

relativos ao nome, data de nascimento, escola e idade em 2001, e escola e idade em

2003.

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Nº Nome Nascimento

ESCOLA/2001

Idade/2001 Idade atual

Escola atual

001 A. F. L. J. 13/01/1998 Cr A 03 anos 06 anos EMEI h

003 A. F. R. S. 22/07/2000 Cr B 01 ano 03 anos e 05 meses EMEI d

005 B. S. A. A. 31/03/1998 Cr B 03 anos 05 anos e 09 meses EMEI j

006 G. F. A. 16/04/1998 Cr B 03 anos 05 anos Não foi localizada

007 J. V. S. F. 06/03/2000 Cr B 01 ano 03 anos EMEI c

009 T. S. L. 18/05/1998 Cr B 03 anos 05 anos e 07 meses EMEI j

010 B. F. C. 27/02/1999 Cr C 02 anos 04 anos EMEI c

011 C. J. T. O. 21/08/1994 Cr C 06 anos e 11 meses 10 anos EMEB I

016 G. G. O. 27/01/1995 Cr C 06 anos 09 anos EMEB I

019 J. L. B. A. P. 06/01/1995 Cr C 06 anos 09 anos EMEB I

021 K. C. M. 29/03/1997 Cr C 04 anos 06 anos EMEI c

022 L. D. 30/10/1997 Cr C 03 anos 05 anos EMEI c

027 R. F. B. 10/01/1995 Cr C 06 anos 09 anos EMEB I

030 W. C. S. 13/03/1996 Cr C 05 anos e 03 meses 08 anos EMEB I

035 B. V. A. 18/10/1997 Cr E 03 anos e 11 meses 06 anos EMEI n

037 J. C. S. 9/04/1998 Cr E 03 anos 05 anos EMEI n

038 J. P. J. T. S. 18/07/1997 Cr E 04 anos 05 anos Cr H

040 O. H. G. L. 12/08/1997 Cr E 04 anos 06 anos EMEI n

041 P. A. A. M. 29/04/1999 Cr E 02 anos 04 anos Não foi localizada

042 R. N. 16/09/1997 Cr E 04 anos 06 anos e 06 meses EMEI n

043 T. T. A. S. 01/06/1997 Cr E 04 anos 06 anos EMEI n

044 W. H. C. 13/06/1997 Cr E 04 anos 06 anos EMEI n

046 A. B. S. Cr F 03 anos 06 anos Cr F

047 C. A. 13/10/1997 Cr F 03 anos 06 anos Cr F

052 G. L. P. C. 17/09/1999 Cr F 02 anos 04 anos EMEI h

060 L. S. P. 17/07/1994 Cr F 05 anos 10 anos EE 3

061 R. L. P. C. 17/09/1999 Cr F 02 anos 04 anos Cr F

063 V. C. M. A. 01/04/1997 Cr F 04 anos 06 anos EMEI c

065 A. M. R. 02/01/1997 Cr G 04 anos 07 anos EMEI o

067 I. V. F. 31/07/1998 Cr G 03 anos 06 anos EMEI o

069 B. M. M. 22/03/1998 Cr H 03 anos 05 anos EMEI n

070 G. L. N. 19/10/1997 Cr H 03 anos 06 anos Cr H

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Nº Nome Nascimento

ESCOLA/2001

Idade/2001 Idade atual

Escola atual

077 M. L. D. 23/07/1997 Cr H 04 anos 06 anos Cr H

078 M. L. S. 28/12/2000 Cr H 05 meses 02 anos Cr H

081 J. P. A. P. 09/06/1998 Cr I 03 anos 05 anos EMEI k

086 V. H. S. B. 26/09/1998 Cr J 03 anos 05 anos EMEI b

088 C. D. F. 10/09/1998 Cr K 03 anos 06 anos Não foi localizada

089 P. N. S. 19/08/1997 Cr K 04 anos 06 anos e 04 meses Não foi localizada

094 A. C. R. O. 06/11/1998 Cr L 03 anos 05 anos EMEI o

097 C. M. C. 21/09/1995 Cr L 06 anos 09 anos EE 3

098 K. C. M. F. Cr L 05 anos EMEI o

101 L. L. R. O. Cr L 09 anos e 05 meses EMEB III

103 P. A. P. 16/09/1995 Cr L 06 anos 08 anos EMEB III

104 V. N. M. 23/12/1998 Cr L 02 anos 05 anos EMEI o

ANEXO H: Tabela com os resultados das áreas existentes na ficha de identificação,

relativa aos dados dos anos de 2001 e de 2003/2004.

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Código Saúde

Socialização

Linguagem

Motricidade

Cognição

Auto-cuidados

Família

Potencialidades

Deficiências

01 03 C 01 03 C 01 03 C 01 03 C 01 03 C 01 03 C 01 03 C 01 03 C 01 03 C 1 0 1 - 1 1 -1 1 1 = 1 1 0 0 0 0 3 1 1 1 1 1 1 1 -1 1 1 1 1 1 1 = 0 1 1 = 5 1 -1 1 1 0 0 1 1 0 1 1 0 0 6 0 1 1 = 0 0 0 0 1 1 0 0 7 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 = 0 0 9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 = 0 1 1 10 1 -1 1 -1 0 0 0 0 1 1 = 0 0 11 1 -1 0 0 0 0 0 1 1 0 1 -1 16 0 1 -1 0 0 0 0 0 0 0 19 0 1 -1 1 1 = 0 1 1 0 0 0 0 21 1 -1 1 1 = 1 -1 0 0 0 1 1 = 0 0 22 0 0 0 0 0 0 1 1 = 0 0 27 0 1 -1 0 0 0 0 0 0 0 30 1 -1 1 -1 0 0 0 0 0 1 1 1 -1 35 0 0 1 1 = 0 0 0 0 0 0 37 1 1 1 -1 1 -1 0 0 0 1 1 = 0 0 38 0 1 -1 0 0 0 0 0 0 0 40 0 1 1 = 1 1 0 0 0 1 1 0 0 41 1 1 1 1 = 0 0 1 1 0 0 0 0 42 0 1 -1 0 0 0 0 1 1 0 0 43 0 0 1 -1 0 0 0 0 0 0 44 0 0 1 1 = 0 0 0 1 1 1 1 0 46 0 0 0 0 0 0 1 1 = 0 0 47 1 -1 0 0 0 0 0 1 -1 0 0 52 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1 -1 0 60 0 1 1 0 0 0 0 1 1 = 0 0 61 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 63 1 1 1 -1 0 0 1 1 = 0 1 1 -1 0

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1

Código Saúde

Socialização

Linguagem

Motricidade

Cognição

Auto-cuidados

Família

Potencialidades

Deficiências

65 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -1 67 1 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 0 1 -1 69 1 1 = 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 = 0 0 70 1 1 = 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 0 0 77 1 -1 0 1 1 0 0 0 1 1 0 0 78 1 -1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 81 0 1 1 = 1 -1 1 1 0 0 1 1 = 0 0 86 1 -1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1 1 = 88 0 1 1 = 0 0 0 0 0 0 0 89 0 1 1 = 1 1 = 0 1 -1 0 1 1 0 0 94 1 1 1 1 0 1 1 0 0 1 1 = 0 0 97 0 0 0 0 0 0 1 1 = 0 0 98 0 0 1 -1 0 0 0 0 0 0

101 0 1 1 1 1 0 1 1 0 1 1 = 0 0 103 0 0 1 -1 0 0 0 1 1 1 1 0 104 0 1 1 = 0 0 0 0 1 1 0 0

11 12 18 18 11 12 1 7 2 9 0 2 15 30 2 4 6 3

T =4 4

0 = 23 1 = 10 -1 =9 = =2

0 = 17 1= 9

-1= 10 = = 8

0 = 25 1 = 8

-1 = 7 = = 4

0 = 37 1 = 5

-1 = 1 = = 1

0 = 34 1 = 8

-1 = 1 = = 1

0 = 42 1 = 2

-1 = 0 = = 0

0 = 13 1 = 16 -1 = 1 = = 14

0 = 38 1 = 4

-1 = 2 = = 0

0 = 35 1 = 1

-1 = 4 = = 2

Legenda: C – comparação dos dois protocolos de uma mesma criança (entre os anos de 2001 e de 2003/2004); 0 – não houve queixas das professoras de 2001 e nem das de 2003 ou de 2004; 1 – áreas que não foram citadas pela professora em 2001, mas foram consideradas problema pela professora de 2003/2004; -1 – foram consideradas problemáticas pela professora em 2001, mas não foram novamente citadas pelas novas professoras; = – queixas que permaneceram de 2001 para 2003 ou 2004.