FOME: UM CASO DE (IN) SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR OU (IN) SEGURANÇA POLÍTICA? - ANTONIO BENTO...

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FOME: UM CASO DE (IN) SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR OU (IN) SEGURANÇA POLÍTICA? Paredes, Antonio Bento Pereira 1 ; Gonzales, Fábio Durães 2 . 1 Professor Mestre em DL da Sed-MS e Semed-Campo Grande, [email protected]. 2 Biólogo da Semed-Campo Grande, [email protected]. Resumo: O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos, produzindo 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população. De um total de 851 milhões de hectares, 62 milhões é destinados à produção de alimentos, podendo outros 106 milhões ter o mesmo destino, o que o torna incomparável, potencialmente falando. No entanto, a fome e o desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas que o Brasil enfrenta. A produção anual de alimentos chega a 1 bilhão de toneladas, porém, o país tem milhões de excluídos, sem acesso ao alimento em quantidade e/ou qualidade. Um dos motivos é que 60% de todo o lixo domiciliar é constituído por comida. Em números, 39 mil toneladas de comida em condições de serem aproveitados vão para o lixo diariamente, em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, açougues, lavouras, hortas, pomares, pelo Brasil afora. Esta convivência diária com as perdas e o desperdício de alimentos, que ainda poderiam ser consumidos, vem provocando desconforto e indignação em determinados setores da sociedade, e é cada vez maior o número de pessoas (e instituições) que se empenha em vencer o desafio de transformar a indiferença política (para com o problema) e o desperdício de poucos, no combustível necessário para amenizar o sofrimento muitos. Neste artigo, pretende-se discutir as causas e os desafios na gestão do desperdício de alimentos no Brasil e num bairro da periferia de Campo Grande, além de apresentar alguns projetos governamentais e não governamentais no esforço para vencer esses desafios. Palavras-chave: Desperdício de alimentos, consumo consciente, aproveitamento integral dos alimentos. 1- INTRODUÇÃO 1.1- A REALIDADE NO MUNDO Uma cultura puramente consumista e o ritmo de desenvolvimento acelerado da sociedade atual têm levado a humanidade a uma (in) sustentabilidade (ou a uma sustentabilidade fictícia) e ao funcionamento desequilibrado das relações socioambientais, manifestada na deterioração dos recursos naturais, na qualidade da alimentação, da saúde, das relações familiares, das tradições culturais e da qualidade de vida como um todo. Quanto mais rica e poderosa a sociedade, mais consumista ela se apresenta e, por conseguinte, mais recursos ela utiliza e desperdiça. Nos Estados Unidos da América, a prática de trocar bens duráveis a cada ano pode parecer algo aceitável, pois seus cidadãos têm um alto poder aquisitivo.

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FOME: UM CASO DE (IN) SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR OU (IN) SEGURANÇA

POLÍTICA?

Paredes, Antonio Bento Pereira1; Gonzales, Fábio Durães

2.

1 Professor Mestre em DL da Sed-MS e Semed-Campo Grande, [email protected].

2 Biólogo da Semed-Campo Grande, [email protected].

Resumo: O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos, produzindo 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população. De um total de 851 milhões de hectares, 62 milhões é destinados à produção de alimentos, podendo outros 106 milhões ter o mesmo destino, o que o torna incomparável, potencialmente falando. No entanto, a fome e o desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas que o Brasil enfrenta. A produção anual de alimentos chega a 1 bilhão de toneladas, porém, o país tem milhões de excluídos, sem acesso ao alimento em quantidade e/ou qualidade. Um dos motivos é que 60% de todo o lixo domiciliar é constituído por comida. Em números, 39 mil toneladas de comida em condições de serem aproveitados vão para o lixo diariamente, em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, açougues, lavouras, hortas, pomares, pelo Brasil afora. Esta convivência diária com as perdas e o desperdício de alimentos, que ainda poderiam ser consumidos, vem provocando desconforto e indignação em determinados setores da sociedade, e é cada vez maior o número de pessoas (e instituições) que se empenha em vencer o desafio de transformar a indiferença política (para com o problema) e o desperdício de poucos, no combustível necessário para amenizar o sofrimento muitos. Neste artigo, pretende-se discutir as causas e os desafios na gestão do desperdício de alimentos no Brasil e num bairro da periferia de Campo Grande, além de apresentar alguns projetos governamentais e não governamentais no esforço para vencer esses desafios.

Palavras-chave: Desperdício de alimentos, consumo consciente, aproveitamento integral dos alimentos.

1- INTRODUÇÃO

1.1- A REALIDADE NO MUNDO

Uma cultura puramente consumista e o ritmo de desenvolvimento

acelerado da sociedade atual têm levado a humanidade a uma (in) sustentabilidade

(ou a uma sustentabilidade fictícia) e ao funcionamento desequilibrado das relações

socioambientais, manifestada na deterioração dos recursos naturais, na qualidade da

alimentação, da saúde, das relações familiares, das tradições culturais e da qualidade

de vida como um todo. Quanto mais rica e poderosa a sociedade, mais consumista

ela se apresenta e, por conseguinte, mais recursos ela utiliza e desperdiça.

Nos Estados Unidos da América, a prática de trocar bens duráveis a cada

ano pode parecer algo aceitável, pois seus cidadãos têm um alto poder aquisitivo.

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Assim, eles podem comprar carros, eletrodomésticos e outros produtos que quiserem,

visto que, desta forma eles alimentam o mercado, geram empregos e salários.

Contudo, quando se fala em alimentos que são jogados fora num país

onde há fome e desnutrição, esse comportamento se torna inconcebível. Como é

caso dos países “subdesenvolvidos” (os pobres da América Central e da África) e

aqueles “em desenvolvimento”, no qual se encontra Índia e Brasil, por exemplo.

Segundo um estudo divulgado pela agência Food and Agriculture

Organization - FAO, órgão das Nações Unidas que cuida da Alimentação e

Agricultura, cerca de um terço dos alimentos produzidos por ano no mundo é

desperdiçado. De acordo com esse levantamento, que foi elaborado entre agosto de

2010 e janeiro de 2011, pelo instituto sueco SIK, 1,3 bilhão de toneladas de alimento

são desperdiçados por ano. A quantidade é superior à metade de toda a colheita de

grãos no mundo (FAO, 2011).

O estudo destaca ainda que esse desperdício vale 1 trilhão de dólares e

seria suficiente para alimentar 870 milhões de pessoas que passam fome. O mundo

vai precisar (em comparação com 2006), cerca de 60% a mais de alimentos em 2050.

A ONU prevê que até 2075 a população mundial chegue a 9,5 bilhões de pessoas,

um acréscimo de quase 3 bilhões em relação à população atual, o que reforça a

necessidade de se adotar uma estratégia para combater o desperdício de alimentos

e, assim, tentar evitar o aumento da fome no mundo.

O mundo emergente e os países desenvolvidos, conforme o referido

relatório, desperdiça, aproximadamente, a mesma quantidade de alimentos: 670

milhões de toneladas/ano (nos países ricos) e 630 milhões toneladas/ano (nos em

desenvolvimento). As médias de desperdício per capita também são maiores nos

países industrializados. Na Europa e América do Norte, cada pessoa desperdiça

entre 95 a 115 quilos de alimentos por ano. Na África Subsaariana, a média per

capita é de seis a 11 quilos.

Já a quantidade total de alimentos desperdiçados nos países

industrializados apenas pelos consumidores (222 milhões de toneladas) é quase igual

à quantidade total de alimentos produzidos na África Subsaariana (230 milhões de

toneladas).

Com relação às diversas formas de desperdício de alimentos existe

diferença entre os países ricos e pobres. Nos países desenvolvidos, o desperdício de

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alimentos acontece porque parte da comida vai para o lixo antes do vencimento. Já

nos países emergentes, o desperdício acontece na produção, colheita, manuseio,

processamento, transporte, armazenamento e comercialização dos alimentos.

Outras perdas e desperdícios, de igual importância, ocorrem no interior das

residências, restaurantes e congêneres, especificamente, aqueles resultantes do

preparo dos alimentos e confecção de cardápios variados. É grande ainda, nestes

lugares, a quantidade de alimentos desperdiçada depois do cozimento.

A crise financeira e alimentar mundial de 2009 agravou ainda mais

situação da fome e da pobreza. A FAO divulgou que o número de desnutridos

ultrapassou, pela primeira vez, um bilhão de pessoas. Estes dados demonstram

claramente que o compromisso dos governos para com a erradicação da fome e da

pobreza está longe de ser atingido. Apesar de que a raiz destas mazelas que

assolam a humanidade está, principalmente, na falta de acessibilidade aos recursos

(naturais e materiais) e nos ínfimos rendimentos das famílias pobres. Neste contexto,

urge se encontrar meios de garantir o acesso aos alimentos por parte destas famílias

e ainda, uma melhor socialização das riquezas e outros recursos produzidos.

1.2- A REALIDADE NO BRASIL

O Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam alimentos no

mundo, aproximadamente 35% da sua produção agrícola vai para o lixo, o que daria

para saciar mais de 10 milhões de pessoas. Calcula-se que, desde a área de

produção até o consumidor final, perde-se em torno de 30 a 40% de produtos como

verduras, folhas e frutas. Isto sem mencionar o que não passa pelo controle de

qualidade das indústrias, mas que poderia fazer parte da mesa de 54 milhões de

brasileiros que estão abaixo da linha da pobreza (LOUREIRO, 2003).

Toda esta perda corresponde a cerca de 1,4% do PIB, ou o equivalente a

US$ 8,4 bilhões é desperdiçado anualmente, segundo o pesquisador Sabetai

Calderoni, economista da USP e autor do livro "Os Bilhões Perdidos no Lixo”.

As perdas podem ser atribuídas a vários motivos, conforme Vilela et alii

(2003): no campo, ao ataque de pragas, à falta ou excesso de chuvas, colheita

descuidada, o não atendimento às especificações do mercado; no transporte, devem-

se às chuvas, à má conservação das rodovias brasileiras e às altas temperaturas.

Quando comparado com a fome e o desemprego, o desperdício pode

parecer um tema de pouca importância e menor atração, visto que sem trabalho, nem

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salário, as famílias vivem no limiar da fome e da miséria. De acordo com dados da

FAO (2011), 10% dos brasileiros são desnutridos. São 17 milhões de pessoas

famintas ou que não comem o suficiente para sobreviver. Dentro desse contingente,

os que mais sofrem com a desnutrição, são os cinco milhões de crianças e idosos.

Segundo estudos do Centro da Agroindústria de Alimentos da Embrapa

(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o brasileiro joga fora mais do que

aquilo que come. Em hortaliças, por exemplo, o desperdício anual é de 37 quilos por

habitante. Estimativas recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística) mostram que, nas dez maiores capitais do Brasil, o cidadão consome 35

quilos de alimentos ao ano — dois a menos do que o total que joga no lixo.

Outros estudos brasileiros evidenciam que a média de desperdício de

alimentos no Brasil está entre 30% e 40%. Nos Estados Unidos, esse índice não

chega a 10%. Não existem estudos conclusivos sobre a perda nas casas e nos

restaurantes, mas calcula-se que o desperdício no setor de refeições coletivas

chegue a 15% e, nas residências, a 20%.

Uma parcela de 46% da população brasileira considera que a quantidade

de alimentos consumida pela família é insuficiente para satisfazer as necessidades

básicas. É o que revela a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE (2003).

No Brasil, de acordo com a última POF, os gastos com a alimentação, teve

uma grande queda entre o ENDEF 1974/75 (33,9%) e a POF 2002/03 (20,8%),

mantendo a redução até 2008/09 (19,8%). Em seis anos, a participação urbana da

alimentação fora do domicílio nos gastos com alimentação subiu de um quarto

(25,7%) para um terço (33,1%), e a rural subiu de 13,1% para 17,5%. Em reais, a

despesa com alimentação na área urbana em 2008-2009 foi 145,5% maior que o da

área rural.

Segundo ainda a POF, a renda familiar para 66% das residências

entrevistadas, é a principal razão das pessoas não se alimentarem

convenientemente. Outro dado informa que, apenas 26% das famílias brasileiras

comem sempre com a qualidade desejada, quando se leva em conta a composição

da dieta delas (NERI, 2005).

O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos (AKATU, 2003),

produzindo 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população (FAO,

2005). De um total de 851 milhões de hectares, 62 milhões é destinado à produção

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de alimentos, podendo outros 106 milhões terem a mesma finalidade, o que o torna

incomparável, potencialmente falando (ANDRADE, 2006). No entanto, a fome e o

desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas que o Brasil enfrenta.

A produção anual de alimentos chega a 1 bilhão de toneladas, porém, o

país tem milhões de excluídos, sem acesso ao alimento em quantidade e/ou

qualidade. Um dos motivos é que 60% de todo o lixo domiciliar é constituído por

comida. Em números, 39 mil toneladas de comida em condições de ser aproveitada

vai para o lixo diariamente, em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, açougues,

lavouras, hortas, pomares, pelo Brasil afora. Só 39% da produção agrícola vira

comida no prato de alguém, o resto fica pelo caminho (ANDRADE, 2006).

Em 2006, estudos do IBGE, já demonstravam que 10% da população

brasileira sofriam de fome crônica, ou seja, 50 milhões de brasileiros não tinham

comida suficiente para sobreviver. Em 2010, no mais recente levantamento do

CENSO - IBGE, o total de pessoas sem rendimento nos domicílios chegou a

6.840.156. Destes, cerca de 70,7%, ou 4.836.732 pessoas, se encontram na

condição de extrema pobreza. Se somado aos 11.429.110 com rendimento médio

domiciliar per capita entre R$ 1,00 e R$ 70,00, o contingente de pessoas em extrema

pobreza subiu para 16,27 milhões de pessoas, o que representa 8,5% da população

total. Sendo assim constituída: 46,7% residentes em áreas rurais, e 53,3% situam-se

em áreas urbanas.

O correspondente a 1,4% do produto interno bruto (PIB) brasileiro,

aproximadamente, U$ 8,4 bilhões é desperdiçado, por ano, em alimentos. De acordo

com o IBGE, o consumo do brasileiro é de 37 kg de alimentos ao ano/ habitante e o

desperdício é de 35 kg de alimentos ao ano/ habitante. Calcula-se que o desperdício

residencial alcance entre 15 a 20% do que se consome o que não é pouco para um

país com um grande número de miseráveis (IBGE, 2006).

1.3- A REALIDADE LOCAL

O bairro Estrela Dalva, onde se situa a Escola Municipal Consulesa

Margarida Maksoud Trad, está localizado na região norte da cidade de Campo

Grande. Como todo bairro da periferia dos grandes centros urbanos, apresenta uma

grande diversidade étnica, socioeconômica e cultural.

Sua população é constituída, na sua maioria, por famílias de baixa renda e

alto grau de pobreza. Muitas das quais dependentes (ou assistidas) de programas

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sociais governamentais, que se utiliza (quase sempre) da estrutura escolar montada.

A força de trabalho é formada, basicamente, por profissionais da construção civil

(e/ou autônomos) e diaristas de serviços domésticos.

Apesar de todas as dificuldades e carências por serviços públicos

essenciais, a população segue lutando pelos seus ideais. Os moradores da região

não dispõem de boas quadras de esportes ou bons espaços públicos de lazer,

restando à escola e algumas feiras livre locais como opção de recreação e/ou

diversão.

O perfil dos alunos da escola em questão, não difere das realidades dos

alunos de outras escolas públicas, localizadas na periferia dos grandes centros

urbanos do país, onde se evidencia problemas como desestruturação familiar,

violência urbana, dependência econômica dos programas sociais, entre outras coisas.

Constata-se ainda que muitos destes alunos vêem a escola como o seu único

referencial cultural e social.

A região é dotada de um comércio dinâmico e variado, com uma ampla

oferta de gêneros alimentícios diversificados. Devido à proximidade de uma Central

de Distribuição e Abastecimento de Alimentos, e a realização periódica de feiras

livres, a oferta de alimentos fresquinhos é constante, bem como o grande desperdício

de produtos hortifrutigranjeiros.

Esta convivência diária com as perdas e o desperdício de alimentos, que

ainda poderiam ser consumidos, vem provocando desconforto e indignação em

determinados setores da sociedade, e é cada vez maior o número de pessoas (e

instituições) que se empenha em vencer o desafio de transformar a indiferença

política (para com o problema) e o desperdício de poucos, na motivação necessária

para amenizar o sofrimento muitos.

Neste artigo, pretende-se discutir as causas e os desafios na gestão do

desperdício de alimentos na região (local da escola) e no Brasil, além de apresentar

algumas propostas (públicas e privadas) no esforço para vencer esse problema.

2. METODOLOGIA

Foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema, a partir da qual se

estabeleceu um roteiro de trabalho. As palavras chave utilizadas na busca

bibliográfica foram: desperdício de alimentos, consumo consciente, aproveitamento

integral dos alimentos e fome.

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Em seguida, o tema foi apresentado à coordenação e ao corpo docente da

escola, como forma de suscitar discussões e contribuições para melhoria do trabalho.

Num segundo momento, o assunto foi apresentado aos alunos a partir da exibição do

documentário “Ilha das Flores”, fazendo-se um paralelo com a realidade local.

Logo após, os alunos foram divididos em grupos de trabalho com a

finalidade de realizar o registro fotográfico das feiras livre da região, bem como da

Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul – CEASA/MS, localizada nas

imediações da região estudada.

Concluído esse levantamento, fez-se uma coletânea do material recolhido

pelos alunos, acompanhada de uma sucinta descrição dos fatos encontrados, para

uma posterior análise e discussão coletiva da realidade vivenciada por eles.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O documentário “Ilha das Flores” (que não tem nada de flores), de Jorge

Furtado, produzido em 1989, apresenta uma realidade que exprime toda a

banalização a que foi submetida o ser humano por uma sociedade essencialmente

consumista, por mais racional que isto seja. O processo de geração de riqueza e as

desigualdades sociais são relatados no decorrer da trajetória de um simples tomate,

desde a plantação até ser jogado fora. As condições subumanas dos habitantes da

Ilha das Flores escandalizam qualquer expectador insensível.

A proposta do documentário é mostrar que os seres humanos, numa

escala de prioridade, estão dispostos num patamar inferior aos porcos. A alimentação

diária de grupos de mulheres e crianças é retirada, durante cinco minutos, do que

sobra dos porcos. Estes, por conseguinte, são alimentados com a sobra de outras

pessoas com melhor poder aquisitivo e capaz de escolher o seu próprio alimento.

Por ser cheio de informações reais, o documentário “Ilha das Flores”

apresenta, nas entrelinhas, um conteúdo extremamente didático. O seu enredo segue

o caminho fictício de um tomate: que é plantado, colhido, vendido a um

supermercado, comprado por uma dona-de-casa (que rejeita parte do seu conteúdo

na hora de preparar a refeição); e, depois de ser descartado, é conduzido até a Ilha

das Flores, onde é rejeitado pelos porcos, e finalmente, apanhado por uma criança

faminta.

A fome e a miséria apresentada no filme é fruto do egoísmo e da ganância

do homem que, sob a égide de um capitalismo selvagem, explora o meio ambiente e

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seu semelhante a todo e qualquer custo. Daí a insinuação da não existência de Deus,

no princípio do filme. A exploração da miséria humana, infelizmente, faz parte desse

sistema perverso, que mais destrói do que constrói.

Uma relação conflituosa na sociedade capitalista é estabelecida a partir de

uma ideia distorcida de progresso. Os diferentes aspectos que envolvem a vida em

sociedade são conjugados com a capacidade criativa e o decorrente progresso. A

necessidade de sobreviver a partir do lixo disponível, é o que une as pessoas,

confirmando-se assim, uma incompatibilidade entre progresso e desenvolvimento

humano. O expectador é levado a uma reflexão sobre a função social da propriedade

privada, do lucro, do trabalho, da exploração, da relação entre progresso

criativo/tecnológico e o desenvolvimento social/humano. Mesmo tendo passado mais

de duas décadas após a sua produção, o enredo do filme ainda é bastante atual.

As questões apresentadas no documentário suscitam um novo conceito no

que tange aos direitos individuais e coletivos, previstos na Declaração Universal dos

Direitos Humanos (da ONU) e na Constituição do Brasil de 1988, que é a Segurança

Alimentar. Define-se como tal, a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de

qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas

alimentares saudáveis e respeitando-se as características culturais de cada povo,

manifestadas no ato de se alimentar. Este conceito surgiu logo após a segunda

guerra mundial e foi sendo difundido pelo aumento crescente da fome e da miséria

que atinge, implacavelmente, a população dos países mais pobres, os quais (sobre)

vivem enquanto outra parte do mundo convive com o desperdício de alimentos.

Outro conceito de igual importância, criado a partir das discussões sobre a

fome e a miséria no mundo, foi o IDR (Ingestão Diária Recomendada). Denomina-se

IDR, a quantidade de vitaminas, minerais e proteínas que deve ser ingerida, no dia a

dia, para atender às necessidades nutricionais de grande parte das pessoas e grupos

de indivíduos de uma dada população sadia (GONDIM, 2005).

Dessa forma, são necessárias informações sobre a composição dos

alimentos para que esta população possa consumir em equilíbrio os nutrientes, de

acordo com o seu IDR. A composição alimentar é fundamental para diversas

atividades, tais como: verificar o estado nutricional das pessoas; para se estabelecer

o suprimento e o consumo alimentar de uma região ou país; avaliar a adequação

nutricional da dieta de indivíduos e de populações; implementar pesquisas sobre as

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relações entre dieta e doença; na elaboração de projetos agropecuários e na indústria

de alimentos; dentre outras.

Uma alimentação sadia, rica em nutrientes, é uma necessidade de todo ser

humano e isto pode ser alcançado, de qualquer modo, com partes de alimentos que

são desprezadas corriqueiramente, pelas pessoas. Assim, com o aproveitamento

integral dos alimentos (através da utilização de cascas, talos e folhas), além de

reduzir os gastos com alimentação e melhorar a qualidade nutricional do cardápio,

diminui o desperdício de alimentos, tornando possível a criação de novas receitas,

tais como sucos, doces, geleias e farinhas. A utilização do alimento em sua

integralidade significa economia e usar os recursos disponíveis sem desperdício.

Significa ainda, reciclar, respeitar a natureza e alimentar-se bem.

O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente realizou, por meio da Internet,

uma pesquisa na qual foi constatado que o uso integral dos alimentos ainda está

distante da realidade dos domicílios brasileiros. Quando os internautas responderam

à pergunta "O que você faz com restos de comida (cascas, sementes, etc.)?", 57,3%

responderam que normalmente jogam no lixo e somente, 8,3% disseram aproveitar

talos, cascas e folhas em outras receitas.

O resultado do levantamento realizado pelos alunos não foi muito diferente

dessa pesquisa, visto que o registro fotográfico e os depoimentos realizados por eles

demonstram claramente, o desconhecimento sobre o valor nutricional dos talos,

cascas, folhas e sementes. E o que mais chocou a todos, foi a grande quantidade de

frutas, verduras e legumes perdidos (ou desperdiçados) durante a realização das

feiras. Muitas das quais sendo pisoteadas pelas pessoas que ali passavam.

Por serem de origem humilde e constituírem famílias de baixa renda, a

grande maioria deles, já passou (ou ainda passa) por algum tipo de privação (ou

necessidade). E por residirem num bairro de periferia, a região supracitada é cercada

por inúmeras famílias carentes, “morando” em pequenos “assentamentos urbanos”,

resultantes da invasão de “sem tetos” em áreas não regularizadas. Em outras

palavras, a área onde está localizada a escola em questão, é alvo de constantes

conflitos sociais, sem dizer no grande número de famílias desestruturadas e de

dependentes químicos aí situados.

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O poder público deixa muito a desejar em relação às políticas sociais. Em

muitos casos, ele está ausente ou é ineficiente na gestão de recursos que atendam,

minimamente, as necessidades da população carente de tudo.

Diante dessa realidade vivenciada pela comunidade local, fez-se o

seguinte questionamento aos alunos: “como pode existir fome e miséria, num país

rico em recursos naturais e alta produtividade agroindustrial?”.

Foram apresentadas várias opiniões, das quais se destacam: a ganância

de alguns, não deixa ver a necessidade de outros; o acúmulo de grandes extensões

terras nas mãos de poucos; a ausência (ou ineficiência) de políticas que estimulem a

agricultura familiar; o alto custo do crédito para os micros e pequenos produtores

rurais; e a falta de campanhas educativas que estimulem o aproveitamento completo

dos alimentos em geral.

Na medida em que aproveitamento integral dos alimentos cresce, aumenta

também a economia e a sustentabilidade. É o que acontece na indústria

sucroalcooreira em que a cana plantada é aproveitada em sua totalidade, produzindo

álcool/açúcar e o bagaço aproveitado como fonte de energia, oferecendo economia

no processo produtivo. Os órgãos de controle devem incentivar estudos nesta área, a

fim de se obter o aproveitamento integral de todos os alimentos aqui cultivados.

Na área residencial, podem virar diversão e despertar o espírito criativo

das pessoas, as partes não (ou menos) convencionais dos alimentos. Várias receitas

com aproveitamento integral dos alimentos podem ser realizadas sem grandes

dificuldades, em preparações seguras e com maior rendimento. Como é o caso de

bolo com casca de banana, carnes assadas como croquetes com restos de cascas,

bolinhos verdes preparados com talos e folhas dos vegetais, molhos com entrecasca

de melancia, saladas com folhas não convencionais, cubos de entrecasca de melão

cozida, rolinhos recheados com casca de berinjela, farofas, panquecas e sopas. A

casca da beterraba pode cobrir docinhos de festas que adquirem cores diferenciadas,

e chás aromáticos podem ser preparados com uso de algumas folhas e cascas.

A cozinha da escola foi usada, pela professora de ciências, como

laboratório experimental na elaboração de algumas destas receitas. Foram feitos

bolos, doces e chás, a partir de cascas, folhas, talos e demais ingredientes trazidos

pelos alunos. Ao final da atividade, todos puderam se deliciar com os quitutes e

guloseimas por eles elaboradas.

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Já em sala de aula, procedeu-se a elaboração de um pequeno código de

conduta (ou procedimento) para o momento de utilização e/ou manuseio de frutas,

verduras e legumes, seja em casa ou na labuta, visto que alguns dos alunos

trabalham com hortifrutigranjeiros.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No contexto da busca de comportamentos sustentáveis, o desenvolvimento

local é um dos muitos caminhos alternativos rumo à construção de um novo

paradigma para a humanidade. É no local onde as pessoas vivem, trabalham,

estudam e se divertem. É no local, que acontece toda sorte de conflitos

socioeconômicos e ambientais. É no local, onde há pessoas sem emprego (ou

subempregadas), que vivem (ou sobrevivem) sustentadas por suas famílias, sem teto,

sem terra e sem comida. É no local, onde os abatidos pela fome e a miséria deixam

de ser (apenas) dados estatísticos, para recuperar o pouco da dignidade que lhes

resta. É no local que decisões políticas podem salvar ou transformar a vida de um

indivíduo, de uma família e mesmo de uma comunidade.

O Instituto Polis, num estudo desenvolvido recentemente (MALUF et alii,

2000), identifica cinco grandes diretrizes para o desenvolvimento da segurança

alimentar e nutricional no local:

1) promover a produção rural e urbana e a comercialização de alimentos, realizadas

em bases socialmente equitativas;

2) ampliar o acesso a uma alimentação de qualidade e regular as condições em que

os alimentos são disponibilizados à população;

3) promover a educação alimentar e a organização dos consumidores na defesa dos

seus direitos;

4) universalizar e assegurar a qualidade dos programas alimentares com caráter

suplementar ou emergencial dirigidos a grupos populacionais específicos;

5) estimular a participação da sociedade civil na formulação e na implementação da

política de segurança alimentar e apoiar as iniciativas não-governamentais.

A temática sobre o aproveitamento integral de alimentos inclui frentes na

educação tanto ambiental quanto nutricional. A abordagem desse tema contribuiu

para: a conscientização e sensibilização da comunidade escolar em geral; a

diminuição da utilização dos recursos ambientais; a visão ampliada de que saúde

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pessoal tem relação direta com alimentação e meio ambiente; promover o interesse

na adoção de práticas alimentares mais saudáveis.

A educação multidisciplinar oferecida pela participação em projetos, como

as oficinas de alimentos, promove a difusão da cultura do respeito ao meio ambiente

e à saúde como um todo, tanto nas esferas individual e coletiva da sociedade.

Com a quantidade de alimentos desperdiçada diariamente no Brasil, seria

possível alimentar um número expressivo de pessoas que não têm acesso à

alimentação. Dessa forma surge a necessidade da implantação de projetos que

busquem a redução desse desperdício e estimulem o uso consciente do alimento de

forma integral. As instituições de ensino e pesquisa (governamentais ou não) devem

conduzir estudos no sentido de se determinar o conteúdo nutritivo das partes não

convencionais dos alimentos, bem como sua utilização de forma industrial e em

"soluções caseiras", no intuito de permitir o aproveitamento integral do alimento.

Oferecendo assim, um aporte nutricional à dieta, à economia e a minimização na

geração de resíduos.

A Organização Não governamental Banco de Alimentos é um belo

exemplo nesta área. Ela tem como matéria-prima o alimento que cujo destino era o

lixo. É como se a Organização colhesse pela segunda vez esse alimento, no que se

denomina de “Colheita Urbana”. O Banco de Alimentos distribui mantimentos

fornecidos pelas empresas doadoras entre instituições beneficentes cadastradas a

pessoas assistidas por eles. Além de oferecer alimentos, a ONG também auxilia as

instituições a fazerem o uso adequado destes produtos. Por meio de workshops,

palestras, treinamentos e oficinas permanentes, a Instituição ensina a manipular,

armazenar e aproveitar integralmente os alimentos, tanto para que não haja sobras,

quanto para que todo seu valor nutricional seja aproveitado.

O MESA BRASIL SESC é outro Programa de Segurança Alimentar e

Nutricional voltado para a inclusão social, constituindo-se numa rede Nacional de

Solidariedade contra a fome e o desperdício. É um trabalho de cunho social e tem

na parceria, que envolve diversos segmentos da sociedade, a base de sustentação

de todas suas ações. Demonstra, na prática, que a união de vários organismos

sociais pode responder de maneira eficaz às dificuldades que afligem o país.

Do ponto de vista micro: se uma família de cinco pessoas deixar de

desperdiçar, no preparo e consumo de alimentos — preparo, restos no prato ou

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sobras da refeição — a décima parte do que consome (pedagogia do cotidiano), ao

longo do ano (ou 365 dias), economizará o suficiente para alimentar a família por

pouco mais de um mês (ou 36 dias). Na visão macro: se uma comunidade deixar de

desperdiçar cerca de 10% dos alimentos que consome, ocorrerá uma diminuição da

demanda e, concomitantemente, os preços serão reduzidos para todos (pedagogia

da interdependência). Se o combate ao desperdício de alimentos se disseminar por

toda a população (pedagogia da cidadania) de um Estado ou país, a disponibilidade

de alimentos para exportação aumentará, o que poderá trazer melhoria da qualidade

de vida da população (AKATU, 2003).

Um projeto de lei, chamado de “Lei do Bom Samaritano”, que tramita no

Congresso Nacional desde 1998 poderia ajudar a evitar o desperdício. Ele prevê que

doadores, pessoas físicas ou jurídicas, sejam isentos de responsabilidade civil e

penal se agir de boa fé. O texto já aprovado no Senado, ainda tramita na Câmara

dos Deputados. Desde que as comissões do Congresso apresentaram seus

pareceres, em 2005, o referido projeto está parado para apreciação e votação dos

deputados. Até então, o projeto não tem previsão para ser votado.

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