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Administrador José Rocha Diniz • Director Sérgio Terra • Nº 5078 • Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 10 PATACAS 25 0 C/29 0 C • HOJE Fonte SMG Oito candidatos radicais entram no Legco mas conservadores têm maioria Pág. 10 Pág. 6 Hotel Palácio Imperial acusado de burla por agências de viagens ASSOCIAÇÕES DO SECTOR COM DÚVIDAS SOBRE NOVA APLICAÇÃO Cinco dias depois de ficar online a aplicação de telemóvel para chamar táxi no território, já conta com uma centena de taxistas aderentes e 3.500 utilizadores. Ouvido pelo JORNAL TRIBU- NA DE MACAU O responsável pela aplicação, Kyle Ho ao JTM garantiu que o serviço segue as leis de Macau e que em brteve receberão pedidos em inglês e português para servir todas as comunidades. A Associação Geral dos Empregados do Ramo de Transporte de Macau, contudo não está convencida e acusa a empresa de estar envolva em “mistério” Ponte do Delta pronta na 1ª metade de 2017 A ponte Hong Kong- -Macau-Zhuhai deverá estar pronta na primei- ra metade do próximo ano, garantiram ontem as empresas do Conti- nente Chinês respon- sáveis pelo projecto, adiantando que os tra- balhos de construção entraram na fase, adiantada de coloca- ção de pavimento. Os empreiteiros têm-se queixado de algumas dificuldades e da com- plexidade das obras por ser exigido uma superfície lisa, mas por outro lado também ser necessária a existência de deformações par- ciais que permitam à ponte suportar o peso das viaturas de carga. Segundo informações da publicação Oriental Daily, a pavimentação da Ponte do Delta está a ser feita à velocidade de 500 metros por dia. TaxiGo promete que terá inglês e português Pág. 7 FOTO JTM Regresso às aulas com cores garridas Pág. 3 Laços polémicos de Assange com Putin DOSSIER Centrais

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Administrador José Rocha Diniz • Director Sérgio Terra • Nº 5078 • Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 10 PATACAS

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Oito candidatos radicaisentram no Legco masconservadores têm maioria

Pág. 10Pág. 6

Hotel Palácio Imperial acusado de burlapor agências de viagens

ASSOCIAÇÕES DO SECTOR COM DÚVIDAS SOBRE NOVA APLICAÇÃO

Cinco dias depois de ficar online a aplicação de telemóvel para chamar táxi no território, já conta com uma centena de taxistas aderentes e 3.500 utilizadores. Ouvido pelo JORNAL TRIBU-NA DE MACAU O responsável pela aplicação, Kyle Ho ao JTM garantiu que o serviço segue as leis de Macau e que em brteve

receberão pedidos em inglês e português para servir todas as comunidades. A Associação Geral dos Empregados do Ramo de Transporte de Macau, contudo não está convencida e acusa a empresa de estar envolva em “mistério”

Ponte do Delta pronta na 1ªmetade de 2017A ponte Hong Kong--Macau-Zhuhai deverá estar pronta na primei-ra metade do próximo ano, garantiram ontem as empresas do Conti-nente Chinês respon-sáveis pelo projecto, adiantando que os tra-balhos de construção entraram na fase, já adiantada de coloca-ção de pavimento. Os empreiteiros têm-se queixado de algumas dificuldades e da com-plexidade das obras por ser exigido uma superfície lisa, mas por outro lado também ser necessária a existência de deformações par-ciais que permitam à ponte suportar o peso das viaturas de carga. Segundo informações da publicação Oriental Daily, a pavimentação da Ponte do Delta está a ser feita à velocidade de 500 metros por dia.

TaxiGo promete queterá inglês e português

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Regresso às aulascom cores garridas Pág. 3

Laços polémicos de Assange com Putin DOSSIER Centrais

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02 JTM | LOCAL Terça-feira, 06 de Setembro de 2016

JORNAL TRIBUNA DE MACAU

Propriedade: Tribuna de Macau, Empresa Jor na lística e Editorial, S.A.R.L. • Administrador: José Rocha Diniz • Director: Sérgio Terra • Redacção: Catarina Almeida, Inês Almeida, Liane Ferreira e Viviana Chan • Correspondentes: Helder Almeida (Portugal) e Rogério P. D. Luz (Brasil) Colaboradores: Fátima Almeida, Helder Fernando, Raquel Carvalho, Pedro André Santos e Vitor Rebelo • Colunistas: Albano Martins, Carlos Frota, Daniel Carlier, Francisco José Leandro, João Botas, João Figueira, Jorge Rangel e Luíz de Oliveira Dias • Grafismo: Suzana Tôrres • Secretário da Redacção : Alexsandro Sampaio • Serviços Administrativos e Publicidade: Joana Chói ([email protected]) • Agências: Serviços Noticiosos da Lusa, Xinhua e Rádio ONU • Impressão: Tipografia Welfare, Ltd • Administração, Direcção e Redacção: Calçada do Tronco Velho, Edifício Dr. Caetano Soares, Nos4, 4A, 4B - Macau • Caixa Postal (P.O. Box): 3003 • Telefone: (853) 28378057 • Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] (serviço geral)

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PROFESSORES QUEIXAM-SE DE DIFICULDADES DE MOBILIDADE ENTRE ESCOLAS

DSEJ rejeita críticas sobre preferência de professores estrangeirosQueixas de uma professora sobre o facto de existirem dificuldades na mobilidade entre escolas, por ser dada a preferência a docentes estrangeiros, levou a DSEJ a assegurar que é dada prioridade aos professores locais. Ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, esses serviços públicos afirmaram que apenas 3,5% do número total de professores são estrangeiros

A Direcção dos Serviços de Edu-cação e Juventude (DSEJ) ga-rante que os empregos dos

docentes locais estão a ser garantidos, após queixas de uma professora no pro-grama da manhã do “Ou Mun Tin Toi”.

A docente alegava que é difícil en-contrar trabalho em outras escolas, por-que as instituições provadas preferem professores do Continente Chinês.

Em declarações ao JORNAL TRIBU-NA DE MACAU, a DSEJ rejeitou essas acusações, avançando que no universo total de 5.500 docentes das escolas pri-vadas, no ano lectivo de 2014/2015, o pessoal docente não oriundo de Macau representava apenas 3,5%, ou seja 196 pessoas.

A DSEJ justificou o recrutamento desses quadros com a necessidade de ensino de línguas estrangeiras, até por-que 60% dos 196 professores são profes-sores de línguas.

A mesma docente queixou-se de que os professores de níveis três e qua-tro sentem ainda mais dificuldades em mudar de emprego. De acordo com o “Quadro geral do pessoal docente das escolas particulares do ensino não su-perior”, os professores das escolas pri-vadas são divididos em seis níveis, sen-do que o primeiro é o mais elevado e tem direito a uma remuneração 1,3 ve-zes mais elevada do o sexto nível.

Por seu lado, a DSEJ negou a exis-tência deste problema, referindo que foram contratados mais docentes dos

níveis três e quatro (212 pessoas) do que dos primeiros dois níveis (94 pes-soas) no ano lectivo de 2014/2015.

Sobre esta mesma matéria, o direc-tor da Escola Choi Nong Chi Tai, decla-rou que o problema da baixa natalidade está a afectar as escolas.

Segundo Vong Kuoc Ieng disse na rádio, a situação tem causado uma con-siderável diminuição, no número dos alunos do ensino secundário pelo que as turmas são mais pequenas e existe uma redução na procura dos professo-res das escolas secundárias.

Negando as alegadas dificuldades da queixosa, o director do estabeleci-mento de ensino privado sublinhou que existe uma forte procura dos pro-fessores de jardim infantil, exactamente devido à alta taxa de natalidade, facto que impulsionou a aceitação de mais 90% dos estagiários dessa profissão mesmo antes da graduação.

A DSEJ considera que a taxa de saí-da de pessoal docente nas escolas parti-culares está estável, mantendo uma mé-dia de 7,5% nos últimos anos número que inclui os professores que se demiti-ram ou reformaram.

As informações indicam que no ano lectivo de 2014/2015, 6,6% dos docen-tes abandonaram o posto, a maioria dos quais em níveis inferiores ao quatro. Já os profissionais em níveis mais altos e experientes não tendem a deixar a pro-fissão.

R.C.

O Gabinete do Secretário de Estado das Comu-nidades Portuguesas pronunciou-se ontem sobre o Ensino do Português no Estrangeiro

(EPE), depois do Conselho Permanente das Comu-nidades ter enviado um parecer onde defende que a propina no EPE “é discriminatória e injusta” para os portugueses que residem fora do país.

Em resposta, o gabinete afirma que “nas priori-dades políticas da Secretaria de Estado das Comu-nidades está a promoção de um ensino de qualidade àquelas e àqueles que querem manter na língua por-tuguesa a vinculação à sua Pátria e, ao mesmo tempo, a sua inserção numa vida quotidiana cada vez mais globalizada”.

“Materializar esta prioridade exige compreensão e vontade para vencer alguns dos novos desafios com que se confronta o ensino da EPE”, diz o gabinete, in-

dicando que o primeiro prende-se com a “necessida-de de trabalharmos numa transição gradual do ensino enquanto língua de origem para uma oferta integrada do português nas estruturas educativas dos países de acolhimento e aberto a todos quantos o queiram aprender”.

Para o governo português, essa transição está li-gada à “evolução” do modelo de ensino que anterior-mente era vocacionado para as primeiras gerações das grandes vagas migratórias do pós-guerra e que na altura era em regime extra-curricular e “nem sempre nas melhores condições”. O novo modelo deverá pro-mover o português integrado nos currículos e aberto a todos os estudantes “e com o estatuto que decorre do facto de ser uma das línguas mais faladas no mundo”.

Este passo foi dado quando o ministério francês da Educação abriu portas a dois novos horários de língua

portuguesa nos 2.ºs e 3ºs ciclos, bem como foram subs-tituídos os cursos Língua e Cultura de Origem (ELCO) pelos de Ensino Internacional de Línguas Estrangeiras (EILE) que preveem “assegurar o ensino do português no segundo nível, encorajando uma aprendizagem mais longa, mais profunda e mais integrada”. O mes-mo esforço está a ser feito na Alemanha, Luxemburgo e em muitos outros países, segundo o gabinete.

“O segundo grande desafio está relacionado com a última grande vaga migratória do período 2011/2014” em que quase 500 mil portugueses saíram do país, alguns com famílias. “No entanto, a atual oferta de cursos de português enquanto língua de herança não integra o perfil linguístico das crianças e jovens des-tas famílias, que apresentam um desenvolvimento linguístico análogo ao dos seus colegas em Portugal”, salienta o governo português.

Admitidos “novos desafios” no ensino do Português no estrangeiroO Governo português considera o ensino de qualidade de português uma das prioridades políticas da Secretaria de Estado das Comunidades, no entanto admite que a materialização da mesma “exige compreensão e vontade para vencer alguns dos novos desafios”

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Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 JTM | LOCAL 03

EPM ABRE PORTAS COM MAIS ALUNOS MATRICULADOS

Estudantes abraçam desafios e novos uniformes

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As férias de Verão terminaram e, por isso, é tempo de voltar à rotina. O regresso às aulas foi

ontem assinalado na Escola Portuguesa de Macau (EPM) que este ano viu cres-cer para 551 o número de alunos ma-triculados, mais seis do que em igual período do ano passado.

“No início do ano há sempre menos alunos matriculados - não falamos dos inscritos – até porque ao longo do ano vão sempre aparecendo [mais alunos]. Temos dois alunos que vão chegar em breve mas, como não estão matricula-dos, não são contabilizados”, explicou a vice-presidente da EPM.

Além disso, Zélia Mieiro referiu que a instituição vai contar com mais uma turma do 1º ciclo, fase escolar onde se verifica o “maior crescimento”. “É pre-cisamente ao nível do 1º ciclo onde já temos quase metade da totalidade dos alunos da escola. É um viveiro que vai continuar e, nesse aspecto, tem sido muito bom”, vincou a responsável.

Por outro lado, não é só em termos de alunos que se encontram novidades. Depois de 17 anos com o mesmo uni-forme, a EPM apostou em uniformes renovados e obrigatórios para quem frequenta os 1º, 5º, 7º e 10º anos. O de-sign ficou a cargo da estilista local, Bár-bara Oliveira Dias.

Segundo a direcção da escola, o ob-jectivo é que os novos uniformes con-tinuem, pelo menos, nos próximos 15 anos. “É evidente que temos de ter em atenção que ao longo do tempo as coi-sas vão evoluindo e pode haver neces-sidade daqui a 15 anos alterar alguma coisa”, destacou Zélia Mieiro.

Relativamente aos alunos do 1º ciclo, o conjunto completo ronda as 650 pata-cas sendo que, para os restantes anos, o preço é “praticamente a mesma coisa”. “As peças que são indispensáveis entre a educação física, o polo, a saia e as cal-ças para os rapazes ficam à volta de 650 patacas com os sapatos e as meias”.

“O que não está incluído é a sapati-lha que eles [alunos] usam - preta com sola branca - e isso depende do que cada pai quiser gastar porque há mode-los de várias marcas e de marca branca, que ainda são mais baratos”, acrescen-tou Zélia Mieiro.

A par disso, está também a decorrer no átrio da escola uma iniciativa de re-ciclagem de equipamento promovida pela Associação de Pais e Encarrega-dos de Educação da Escola Portugue-sa (APEP). “Esta iniciativa começou com a última direcção da APEP porque verificávamos que sobravam sempre muitas peças de uniforme que os alu-nos deixavam”, explicou a vice-presi-dente da EPM.

“A APEP começou a pedir aos seus associados quando tivessem peças de uniforme que deixassem de servir aos filhos para entregarem [à escola]. (...) A APEP pede-nos para colocarmos umas mesas e os pais que querem vão lá bus-car. Tem tido muito resultado. Penso que devemos continuar a apostar nesta actividade porque é benéfica para to-dos”, destacou.

Arrancou mais um ano lectivo na Escola Portuguesa de Macau pautado pelo optimismo dos alunos, preparados para abraçar os desafios desta nova etapa, mas também pelos novos uniformes mais modernos e com as cores características da instituição. Ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, Zélia Mieiro disse que a escola aumentou o número de alunos matriculados para 551, sendo visível um crescimento no 1º ciclo

Ano novo com desafios à porta

O ginásio da escola foi o local esco-lhido para a recepção de todos os es-tudantes, desde os mais pequenos até aos finalistas. Este ano lectivo é, se tudo correr como planeado, o último ano de Duarte Pinheiro Torres na EPM.

Ainda “indeciso” quanto à carreira profissional, o estudante está consciente da importância que o último ano do en-sino secundário representa.

“É importante por causa da Mate-mática mas, em termos de carga horária não temos grande peso porque temos as tardes quase todas livres”, disse ao JOR-NAL TRIBUNA DE MACAU sobre um ano lectivo que será “mais fácil do que o 11º em que a carga horária era muito mais pesada”.

Entre amigos e num ambiente de reencontros, Teresa Fernandes e Rita Raminhos já se preparam para os no-vos desafios que lhes serão colocados à prova, nomeadamente a realização dos exames.

No cômputo geral, a dificuldade es-tará sobretudo na Matemática. Porém, as expectativas são boas. “Espero que o ano corra bem, mas acho que a Mate-mática vai ser a disciplina mais difícil. Agora é esperar e estudar pelos exames para fazer um bom percurso escolar”, vincou Teresa Fernandes, do 11º ano.

Depois de um ano “difícil” no que toca à gestão do “tempo e dos estudos”, Rita Raminhos encara o novo ano que se avizinha com entusiasmo. “Tenho planos para que corra tudo bem. (...) As disciplinas de exame são aquelas que tenho mais carga horária o que é bom”, disse.

Por sua vez, a história de Bárbara Ferraria é ligeiramente diferente dos anteriores colegas. Em Macau há sen-sivelmente dois meses, este ano lectivo é para a estudante uma etapa cheia de novidades. “Como vim para uma es-cola nova estava muito nervosa. Estive dois meses sem fazer nada e não conhe-cia ninguém”, contou Bárbara Ferraria, aluna a frequentar o 11º ano.

Com perspectivas de ingressar no ensino superior, a jovem estudante quer enveredar pela Medicina mas, para isso, é preciso “trabalho” e “estudar”.

Sobre o novo ambiente, Bárbara Fer-raria não nota grandes diferenças com Portugal a não ser no “número de alu-nos” e no facto de ser obrigada a usar uniforme.

A colega de ano, Leonor Lopes, não podia estar mais entusiasmada com o regresso às aulas. Depois do interregno, regressa o trabalho árduo e os estudos. “Quando reparei que só faltava uma se-mana para as aulas comecei a ficar um bocadinho nervosa porque passei as fé-

rias sem fazer e rever nada”, recordou. “Senti-me ansiosa para voltar e fazer algo produtivo porque dois meses sem estudar, por muito estranho que pare-ça, cansa. Estou feliz por voltar”, frisou Leonor Lopes.

A partilhar o sonho pela medicina com a colega, Leonor Lopes entende que o segredo para o sucesso escolar está em equilibrar a vida social com a escolar, isto é, “ter tempo para estudar, descansar, estar com os amigos e ter uma vida organizada”.

Foi entre brincadeiras, correrias e muita azáfama que a dupla de amigas Maria Veiga e Sofia Drogas revelaram alguma ansiedade no regresso às aulas.

Preparadas para novas disciplinas e conteúdos académicos do 7º ano, as alu-nas estão um bocadinho nervosas com os “novos professores”. “O regresso foi um bocadinho difícil porque como tive-mos exames acabámos as aulas muito cedo”, disse Sofia Drogas.

Na zona de recreio, Luciana e Maria-na brincavam com as amigas de quem já tinham saudades. “É giro porque podemos voltar a estar com os nossos amigos, brincar e aprender coisas no-vas”, contou Luciana partilhando a opi-nião da colega de turma que encara o regresso com alegria e com vontade de “aprender coisas novas que não sabia”, concluíram as alunas.

Duarte Pinheiro Torresé aluno finalista do 12º ano

Leonor Lopes e Bárbara Ferraria admitiram ter sentido algum nervosismo antes das aulas

Luciana e Mariana estavam contentes por voltar a ver os amigos

Rita Raminhos e Teresa Fernandesestão focadas nos exames

Sofia Drogas e Maria Veiga confessaram estar ansiosas com o novo arranque

Catarina Almeida

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Terça-feira, 06 de Setembro de 201604 JTM | LOCAL

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A Hong Kong Productivity Council vai receber 4,9 milhões para estudar a viabilidade de implementação de um imposto sobre o lixo doméstico. A DSPA afirma que o Executivo pretende implementar o “princípio de poluidor, pagador”, ideia que o líder da “Macau Green Students Union” diz ser defendida há muito tempo. Considerando o problema do lixo doméstico “crítico”, Joe Chan admite que a iniciativa é satisfatória, mas poderá ser tardia para implementar medidas a longo prazo

“MAIS VALE TARDE DO QUE NUNCA” DIZ AMBIENTALISTA JOE CHAN

Governo considera imposto sobre lixo doméstico

Foi ontem publicado em Boletim Oficial a adjudi-cação do «Estudo sobre

o Regime de Cobrança do Lixo Doméstico de Macau» à Hong Kong Productivity Council por 4,95 milhões de patacas, repar-tidas por duas prestações pagas este ano e em 2017. Esta despe-sa fica a cargo da Direcção dos Serviços de Protecção Ambien-tal (DSPA) que em comunicado de imprensa e após questiona-da pelo JORNAL TRIBUNA DE MACAU explicou estar em causa a criação de um imposto sobre esse tipo de lixos.

“A fim de implementar as políticas do Governo para a gestão dos resíduos sólidos ur-banos, nomeadamente as medi-das de ‘redução na fonte, sepa-ração e reciclagem’, delineadas no Plano de Protecção Am-biental de Macau (2010-2020), a DSPA propõe a introdução gradual de diferentes políticas e instrumentos económicos”, disse a DSPA, salientando prin-cípios como do “poluidor paga-dor” ou da “responsabilidade do produtor”.

Assim, os serviços públi-cos em causa encomendaram a “uma entidade da região, com grande experiência em pesqui-sa” um estudo sobre a imple-mentação de um sistema de taxação dos resíduos domés-ticos da RAEM. Esta análise deverá ter em conta os méto-dos actuais de recolha de resí-duos e incluir recomendações, bem como deverá investigar a aplicabilidade de tal sistema, tendo em conta a situação do território.

O estudo em causa está programado para arrancar no quarto trimestre deste ano, prolongando-se por 12 meses, sendo depois divulgados os re-sultados “em devido tempo”.

A DSPA refere ainda que “considera a aplicação de ou-tras medidas para, no futuro, para promover o comporta-mento de classificação e redu-ção de resíduos”.

Recorde-se que há uma semana, a DSPA propôs a co-brança de taxas nos sacos de plástico no sector do retalho, revertendo os montantes para os estabelecimentos comer-ciais. A medida deverá ser aplicada prioritariamente a sete estabelecimentos e inclui a criação de um regime regu-lador e multas aos infractores, que devem rondar as 600 e 1000 patacas.

Ambientalista acha bemContactado pelo JORNAL

TRIBUNA DE MACAU, Joe

Liane Ferreira

Chan, presidente da “Macau Green Students Union” admi-tiu que já “é bom”. “Pelo me-nos estão a tentar resolver ou a mostrar preocupação quanto a este problema. Mais vale tarde do que nunca”, afirmou.

“Pode ser muito tarde para começar a pensar em procedi-mentos a longo prazo, porque o problema do lixo doméstico é muito urgente”, salientou o ac-tivista ambiental, referindo que no ano passado a taxa de cres-cimento desse tipo de resíduos cresceu 10%. “Em geral, esta taxa de crescimento já está no limite das nossas capacidades”, indicou, referindo-se à Central Incineradora de Resíduos Sóli-dos.

Para Joe Chan “se agora começaram a abordar este pro-blema quer dizer que demorou quase 10 anos para o Governo fazer alguma coisa”. Além dis-so, a associação já tinha defen-dido a aplicação de algum tipo de taxa no lixo doméstico para

que seja implementada a ideia de que os poluidores também têm de ajudar a resolver o pro-blema.

Salientando que aumentar a capacidade poderia ser uma solução, prefere colocar enfâse em medidas alternativas para lutar contra o problema. “Po-demos

incentivar a população a reutilizar os materiais e reciclar com subsídios ou benefícios, mas ao mesmo tempo, temos de punir quem polui, ter algum tipo de aumento de impostos para pressionar os cidadãos. Não podemos pensar só em queimar os resíduos, mas tam-bém reduzir o que é criado”, esclareceu.

Segundo avançou, há dois meses, a associação que lidera teve uma reunião com a DSPA onde foi evidente que estes ser-viços “não têm qualquer tipo de calendário para diminuir as quantidades de lixo doméstico produzido”.

“Disseram-nos que estão esforçar-se para concluir a le-gislação sobre os sacos de plás-tico, que esperam que esteja pronto até ao final do ano ou 2017. É a única coisa que estão a fazer”, revelou, o activista, acrescentando que os assun-tos são tratados um a um por ordem e não existem recursos humanos para resolver outros problemas.

Apesar do esforço relativo aos sacos de plástico, a DSPA não pretende incluir as caixas de “tapau” e outras descartá-veis tão comuns e visíveis nos caixotes de lixo da cidade.

“De acordo com a DSPA, vão implementar mais edu-cação para não usar estes ma-teriais, mas não vão lançar nenhuma política governativa para eliminar esse tipo de cai-xas e materiais”, declarou Joe Chan, explicando que a DSPA “não acha prático” incluir esses materiais na mesma categoria dos plásticos que irão ser taxa-

dos. Isto porque os estabeleci-mentos de comidas já cobram pelos recipientes.

“É preocupante porque uma pataca não é nada. Se calhar no futuro pode-se au-mentar este preço”, disse o presidente da “Macau Green Students Union”, acrescentan-do que o organismo admitiu renegociar as taxas dos sacos de plástico “em cinco anos quando houver um consenso maior relativamente ao concei-to de “poluidor pagador”.

“Se formos à rua vemos que os caixotes de lixo estão reple-tos e é lixo em todo o lado, o que é uma imagem muito má para uma cidade turística. Como é que podemos intitu-larmo-nos de cidade interna-cional, turística e ecológica? Dizer isto é uma brincadeira, porque vemos este problema de higiene”, alertou.

Falta informação sobreresíduos da construçãoDestacando que a situação

sobre os resíduos da constru-ção não é “um problema tão crítico”, Joe Chan confessa existir falta de informação so-bre o ponto de situação do re-gime de taxação de resíduos de construção. A consulta pública desta proposta terminou a 23 de Dezembro de 2015, no en-tanto ainda não foram revela-dos os resultados.

“Isso também é uma das nossas preocupações [que es-teja muito atrasada a adopção] porque não temos qualquer tipo de informação sobre o ponto de situação nesse regi-me, que tipo de progressos es-tão a fazer, que tipo de obstá-culos enfrentam. Mantêm toda a informação longe do públi-co”, declarou o presidente.

Segundo se sabe, esse tipo de lixo “ainda não está na lista para ser legislado”, apesar de se falar do assunto há algum tempo. “Felizmente, existem projectos para construção de novos aterros e ajuda a resol-ver o problema deste tipo de lixo, porque é usado para fazer os aterros. Deste modo, tam-bém se atenua a pressão que esses materiais fazem no siste-ma existente, porque não po-dem ser queimados”, indicou.

Já em termos de tratamento de águas residuais, a DSPA foi autorizada pelo Chefe do Exe-cutivo a contratar o

Instituto para o Desenvol-vimento e Qualidade para fa-zer a supervisão da qualidade das instalações de tratamento de águas residuais e de resí-duos sólidos em 2016 e 2017. Por este serviço, o Governo vai pagar cerca de 7,56 milhões de patacas.

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Fórum Macau vai ter Centro de ConvençõesUm centro de convenções e salas de exposição surgirão nas novas instalações do Fórum Macau que deverão ser erguidas nos terrenos ao lado da Assembleia Legislativa, soube-se ontem após a reunião do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU)

Os terrenos junto à Avenida Dr. Sun Yat-Sen, perto da Assembleia Legislativa, vão ser aproveitados para instalações do Fórum para

a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), de que se destaca um centro de convenções, pavilhão de exposições para além de escritórios para a Secretaria para a Economia e Finanças.

Contudo, os membros do CPU discordaram maio-ritariamente com a planta de condições urbanísticas do projecto, sobretudo no que concerne à altura máxi-ma de construção.

“Se o edifício tiver só 18 metros será um des-perdício”, defendeu Chan Tak Seng mostrando-se igualmente relutante sobre a forma como a zona está a ser planeada.

“Precisamos de ter um plano director para ter uma visão mais abrangente em relação ao uso e desenvol-vimento desta zona”, disse.

Todavia, o subdirector dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) explicou que

AINDA A NOVA BIBLIOTECA CENTRAL

Agora a discória é sobre a localizaçãoÉ “importante” e “necessário” que Macau tenha uma Biblioteca Central, concluiu a maioria dos membros do Conselho do Planeamento Urbanístico. Mas, questões como a localização, acessos e funções da construção motivaram os membros a questionarem-se se o edifício do antigo tribunal é o mais apropriado. Para Mak Soi Kun o edifício deve voltar a servir como tribunal

Foi a pensar na “facilidade” dos acessos que se propôs transfor-mar o edifício do antigo tribunal

numa Biblioteca Central, explicou a porta-voz do Instituto Cultural (IC) aos membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU).

“Escolhemos o antigo tribunal por-que é de fácil acesso, além de termos tido em conta toda a população de Ma-cau”, disse Leong Wai Man.

A futura biblioteca vai ter “arquivos históricos com mais de 100 anos”, os primeiros andares serão para usufruto da população e os pisos superiores te-rão “arquivos e instalações mais impor-tantes”.

Além disso, Leong Wai Man garan-tiu que “a fachada [do antigo tribunal] será preservada” juntamente com as es-cadas e os corredores.

Concordando que se trata de um projecto “importante” para a sociedade em geral, Mak Soi Kun discorda toda-via da localização.

Para o vogal do CPU, o edifício

que outrora foi tribunal deveria ser re-cuperado para as funções iniciais. «É uma construção com um estilo sério e os espaços foram concebidos para essa efeito. Concordo com a Biblioteca mas enquanto cidadão acho que o local se-ria melhor para servir como tribunal”, defendeu.

“No futuro, se for necessário alar-gar as suas funções poderá não haver espaço suficiente. Uma Biblioteca Cen-tral resguarda, por norma, espaços para crescer mas este sítio parece não ter es-sas condições”, apontou Mak Soi Kun.

Por sua vez, Chan Chi Kit sugeriu reaproveitar a actual biblioteca da Uni-versidade de Macau (UM) como Biblio-teca Central, uma vez que já dispõe de um parque de estacionamento. Assim, seria o “ambiente ideal”. “Ao longo de 15 anos, Macau teve um grande desen-volvimento socioeconómico e cultural e, por isso, as bibliotecas existentes fo-ram concebidas para receber três mil pessoas por dia”, destacou.

Além disso, Chan Chi Kit vincou que

“a actual construção não deveria ser al-terada porque tem valor histórico”. “Se preservarmos só a fachada estou contra [esta planta de condições urbanísticas]”.

Quanto ao estacionamento, a porta--voz do IC assegurou que o projecto para a Biblioteca prevê “ligação subter-rânea ao auto-silo em frente” de forma a “facilitar os acessos à população”. Além disso, Leong Wai Man deu como exemplo de Singapura onde este tipo de construções fica, “por norma”, em zo-nas centrais.

Chan Tak Seng foi uma das vozes que demonstrou relutância nos acessos, além de ter demonstrado largas dúvi-das quanto às oito mil visitas diárias que o IC prevê para a Biblioteca Central.

“Toda a gente sabe que é uma zona movimentada e com difíceis acessos. Para convencer a população o Instituto Cultural tem que disponibilizar mais in-formações. Para já, encontro problemas na planta e a vossa informação baseia-se em dados de há mais de 10 anos”, apon-tou Chan Tak Seng em resposta ao IC.

Um debate polémicoPara o vogal Paulo Tse enquanto não

houver um planeamento geral, a loca-lização vai sempre “gerar muitas po-lémicas”. “Estamos a discutir mas não haverá resultados”, apontou.

Para Ben Leong, a planta de condi-ções urbanísticas ontem apresentada é “aceitável” mostrando-se a favor da localização pelo valor arquitectónico e que por si só merece ser apreciado pela população. “É certo que temos mais bi-bliotecas mas são pequenas e há dificul-dades em encontrar bibliotecas grandes. Não haverá problemas se construirmos no antigo tribunal uma biblioteca cen-tral”, defendeu.

“Este espaço foi tribunal mas tam-bém serviu para outras finalidades como exposições, fins pedagógicos, en-tre outros. É um elemento cultural ideal e tem uma finalidade muito comple-mentar”, destacou Bob Leong sugerin-do que preservar o interior do edifício seria “muito mais ideal”.

C.A.

a altura estipulada serve simplesmente de “base”. “Esta altura foi indicada depois de estudos feitos so-bre a localização, para além do aspecto legislativo e jurídico”, disse Cheong Ion Man.

Com dúvidas sobre os “regulamentos” que defi-niram a altura de construção, Mak Soi Kun criticou também o facto do “espaço não estar a ser melhor aproveitado” quando o Governo carece de instalações próprias para os vários serviços o que resulta no paga-mento de rendas muito altas ao privado.

“Como podemos encontrar equilíbrio entre querer-mos prédios mais baixos quando Macau não tem es-paços suficientes? Sei que é uma base para discussão mas sugiro que os serviços que vão utilizar o espaço, o aproveitem ao máximo”, frisou Mak Soi Kun.

Também incluídocentro de distribuição

À margem da reunião, o Secretário para os Trans-portes e Obras Públicas indicou que o terreno deverá albergar os três centros do Fórum Macau, no âmbito das relações entre a China e a Lusofonia: o Centro de Dis-tribuição de Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Serviços Comerciais para as Pe-

quenas e Médias Empresas da China e dos Países de Lín-gua Portuguesa e o Centro de Convenções e Exposições para a Cooperação Económica e Comercial.

Além disso, Raimundo do Rosário vincou que a planta não define nada de “muito exacto e rigoroso”. “São umas indicações e é isso que está na planta [de condições urbanísticas]. É para um centro de conven-ções, salas de exposição e escritórios. Depois, quando se elaborar o projecto, é que poderei responder”, es-clareceu aos jornalistas. “Quando tivermos o projecto, porque isto é só uma planta de condições urbanísticas, verão rigorosamente o que será”. De acordo com o Se-cretário, o centro de convenções previsto será também utilizado pelo Governo.

Na reunião, os conselheiros discutiram também o projecto que prevê a construção de instalações de apoio à Fundação Macau (FM). No cômputo geral, o parecer foi favorável. “A FM está a arrendar espaços e é necessário que tenham as suas próprias instala-ções”, apontou um dos vogais do CPU. “Telefonei à FM e disseram-me que este projecto era inicial e que iam utilizar alguns pisos sendo que outros seriam para uso do Governo. Creio que isso é bom”, disse Chan Tak Seng.

Catarina Almeida

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Terça-feira, 06 de Setembro de 201606 JTM | LOCAL

Concepção da quarta ponte adjudicada por 75 milhõesA concepção preliminar da constru-ção da quarta ponte entre Macau e a Taipa foi adjudicada a uma empresa da China por 75,19 milhões de pata-cas. O anúncio surge num despacho do Chefe do Executivo, publicado hoje em Boletim Oficial, no qual se autoriza a celebração do contrato para a concepção preliminar da cons-trução da quarta ponte com a CCCC Highway Consultants, empresa do interior da China. Segundo o Plano Quinquenal de Macau, o primeiro do tipo, apresentado em abril, a quarta ligação Macau-Taipa por ponte tem inauguração prevista para 2020. As duas primeiras ‘tranches’ – a serem pagas este ano e no próximo – corres-pondem, cada uma, a 33,83 milhões de patacas. A última, a pagar em 2019, é de 7,51 milhões de patacas, segun-do o escalonamento definido. Funda-da em 1954, inicialmente como um instituto sob a tutela do Ministério dos Transportes da China, a CCCC Highway Consultants foi também a empresa escolhida para estudar a viabilidade de construção de dois túneis junto à Ponte Nobre de Carva-lho. Esse contrato foi adjudicado por 7,22 milhões de patacas, segundo um despacho do Chefe do Executivo de Julho. Estes túneis vão ligar as zonas C e D dos Novos Aterros Urbanos da Taipa à zona B dos Novos Aterros Ur-banos de Macau.

No rescaldo da divulgação do relatório do Comissaria-do da Auditoria sobre os gastos de erário público em arrendamento e obras em imóveis privados ocupados

por serviços públicos, foi ontem divulgada em Boletim Oficial a celebração de contrato de obras de remodelação dos escritó-rios da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) por 8.939.393 patacas.

Numa resposta ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, a DSEC explicou que a propriedade pertence aos Serviços das Finanças, por isso não é preciso pagar renda. Os escritórios em causa estão localizados no NAPE e estavam ocupados pelo Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Eco-nómica e Comercial entre a China e os Países de Língua Por-tuguesa, que se mudou há algum tempo para o edifício FIT na Avenida Mário Soares.

De acordo com o Boletim Oficial, a obra foi adjudicada à empresa AD & C Engenharia e Construções Companhia Li-mitada com o pagamento de cerca de 8,9 milhões de patacas escalonado por dois anos.

No entanto, o mesmo não se verificou com as novas insta-lações do Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Externos. Na quinta-feira, dia em que foram divulgados os resultados da investigação do Comissariado da Auditoria, foi realizada uma sessão de abertura de propostas do concurso público para obras nesses novos escritórios, localizados num dos edifícios comerciais privados com renda mais elevada no território, o Edifício FBC, na Avenida Panorâmica do Lago de Nam Van.

Neste concurso, os preços das propostas variaram entre os 8 milhões a 15 milhões de patacas.

Novo escritório da DSEC custa quase 9 milhõesA DSEC vai mudar-se para escritórios deixados vagos pelo Secretariado Permanente do Fórum no NAPE, estando previstas obras de remodelação do espaço, orçadas em quase nove milhões de patacas. Ao contrário deste espaço que é dos Serviços de Finanças, o Executivo recebeu propostas de 8 a 15 milhões de patacas para obras num edifício privado, onde será instalado o Gabinete de Protocolo

Mantendo o tom das críticas feitas ao Governo sobre os gas-tos de dinheiro público com o arrendamento no privado, depu-tado Si Ka Lon considera “não ser normal quando o Governo tem terrenos para construir edifícios próprios que não o faça e gaste tanto dinheiro em rendas no privado”.

Numa interpelação escrita, o deputado manifestou descon-tentamento com o arrendamento dos imóveis privados como escritórios para os serviços salientando que não existe muita diferença entre “aguentar a renda alta” ou “se for obrigado sair, ter de gastar mais dinheiro a fazer obras no novo escritório”.

O relatório da Auditoria estima que foram gastos cinco mil milhões de patacas com arrendamentos e remodelações de instalações privadas, que albergam serviços públicos e acusa a Direcção dos Serviços dos Solos, Obras Públicas e Transportes de falta de planeamento. V.C.

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30 AGÊNCIAS DE VIAGENS CRIARAM UNIÃO DE “LESADOS”

Hotel Palácio Imperial acusado de burlaUm total de trinta agências de viagens, de Macau e Hong Kong, alegam terem sido burlados pelo Hotel Palácio Imperial Beijing. As agências temem prejuízos superiores a 250 milhões de dólares de Hong Kong por terem mais de 700 mil reservas pagas, tendo inclusive formado uma união de “lesados”

Três dezenas de agências de viagens locais e de Hong Kong uniram-se para criar

uma união de “lesados” a fim de lutarem contra o prejuízo econó-mico na sequência da aquisição de quartos no Palácio Imperial Beijing, na Taipa.

Ontem à tarde, um dos res-ponsáveis pela união considerou que se trata de um caso de burla.

De acordo com o “Ou Mun Tin Toi”, os responsáveis pelas agências de viagens referiram ter mais de 700 mil reservas pa-gas para o hotel em causa, envol-vendo mais de 250 milhões de dólares de Hong Kong.

Recorde-se que o impasse sur-ge depois de, no final de Julho, o Hotel Palácio Imperial Beijing ter sido encerrado pelo Execu-tivo local por não ter condições mínimas para acolher hóspedes.

Segundo Wong Fai, a acu-sação de burla não tem ligação directa com o encerramento do hotel. Antes, é devida a questões relacionadas com cálculos mal feitos já que o número de qua-tros vendidos não está a corres-ponder à oferta.

Além disso, o porta-voz da união indicou que o Hotel Palá-

cio Imperial Beijing terá vendido às agências de viagens um nú-mero de quartos superior à rea-lidade. Em Dezembro de 2015 as agências de viagens terão sido informadas que não poderiam ter acesso aos quartos compra-dos.

De acordo com os contratos, o hotel não deverá cumprir com o estipulado e, por isso, as agên-cias de viagens acusam a admi-nistração do hotel de burla.

Depois da conferência de imprensa, os responsáveis das agências apresentaram queixa formal no Ministério Público.

Recorde-se que o Governo decidiu fechar temporariamente o hotel por um período de seis meses, por considerar que o ho-tel de cinco estrelas tem “gra-ves infracções administrativas, ameaça da segurança pública e da imagem da indústria turísti-ca”.

Após o fecho, o proprietário do hotel lamentou a decisão. Contudo, garantiu que ia cum-prir com o estipulado.

Além disso, entregou um pe-dido para melhorar as condições do hotel de forma a cumprir todos os requisitos necessários para que, seis meses depois, o Hotel Palácio Imperial Beijing possa novamente abrir portas.

Viviana Chan

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Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 JTM | LOCAL 07

NOVA APLICAÇÃO NÃO TEM APOIO DE ASSOCIAÇÕES DO SECTOR

TaxiGo terá inglês e português

A aplicação de telemóvel para chamar táxi, Ta-xiGo com o cunho de

uma empresa local, está em fun-cionamento há cinco dias e está em franco crescimento, segundo conta Kyle Ho, director de es-tratégia da TaxiGo ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU.

Desde o primeiro de Setem-bro, mais de 3.500 cidadãos já fizeram download da aplicação

Cinco dias depois de ficar online a aplicação de telemóvel para chamar táxi no território, conta já com uma centena de taxistas parceiros e 3.500 utilizadores. O responsável pela aplicação, Kyle Ho ao JTM garantiu que o serviço não tem fins lucrativos e o funcionamento segue as leis de Macau. No entanto e apesar da aplicação cooperar com taxistas licenciados, a Associação Geral dos Empregados do Ramo de Transporte de Macau não está convencida e acusa a empresa de estar envolva em “mistério”

e cerca de 100 taxistas inscre-veram-se para trabalhar com a empresa.

Em declarações a este jornal, Kyle Ho revelou que para faci-litar a mobilização de todas as comunidades em Macau, a apli-cação vai ser lançada em versão inglesa e até final do ano em lín-gua portuguesa. Deste modo, a empresa pretende ir ao encontro de todas as comunidades em Macau, servindo os utentes que mais precisam.

Kyle Ho adiantou ainda que dos condutores existentes, 30% a 40% são falantes de inglês e as capacidades linguísticas são tidas em conta no recrutamen-to. “Quando mais tarde, as pes-soas forem usar a versão inglesa da aplicação serão transferidos para esses taxistas”, explicou o

COM INFORMAÇÕES EM TEMPO REAL

Écrãs digitais colocadosnas paragens de autocarrosA DSAT revelou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU que acabaram de ser instaladas cinco placas electrónicas que vão mostrar as informações dos autocarros, em tempo real. Segundo as declarações, essas instalações começarão a funcionar até ao final deste mês

APOMAC recebeu sete associações de Hong KongUma delegação composta por dirigen-tes de sete Associações de Aposentados da Função Pública de Hong Kong lide-rada por Ao Ieng Chong, presidente da Associação de Etnia Chinesa, visitou no sábado a Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas (APOMAC). Na agenda de trabalho esteve uma visita às instalações e reuniões para se inteira-rem das actividades da associação e ex-plorar as oportunidades de cooperação. Francisco José Manhão, presidente da APOMAC, explicou as origens da asso-ciação e problemas que mais afligem os aposentados e pensionistas residentes em Macau. De acordo com o comuni-cado de imprensa, os representantes das associações da RAEHK (oriundas das Forças de Segurança, Bombeiros, Reinserção Social, Emigração, Alfânde-ga, Comissariado Contra a Corrupção e Etnia Chinesa) mostraram-se surpreen-didos por existirem alguns milhares de pessoas cujas pensões são pagas por Portugal, daí que o apoio da APOMAC seja crucial para receberem atempada-mente as pensões mensais na RAEM. Além disso, a delegação mostrou-se sa-tisfeita pelos apoios concedidos, quer na defesa dos direitos, quer nos serviços de saúde prestados.

As paragens de autocarro do território vão dar um pas-so em frente em termos tecnológicos. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse on-

tem que já instalou mais três placas digitais nas paragens de autocarro da Rua do Campo, Pavilhão Desportivo do Tap Seac e C.P.S.P, além das outras duas no Terminal Marítimo do Porto Exterior e nas Portas do Cerco.

Numa resposta ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, a DSAT afirmou que as cinco placas vão passar a funcionar em Setembro, permitindo aos cidadãos terem acesso a informa-ções, como a localização dos autocarros e o tempo de espera, tudo em tempo real. Um serviço semelhante está a ser dado desde 25 de Julho por aplicação de telemóvel.

Para além disso, a DSAT pretende instalar mais uma placa electrónica na paragem de Templo de A Má ainda este ano. Para 2017 e 2018 serão adicionados 30 novos ecrãs.

Até ao momento, a aplicação de telemóvel já garante o acesso a informações de um total de 21 autocarros com GPS, sendo que até ao final deste ano todos os autocarros de Macau poderão integrar este sistema tão conveniente para os utentes.

Sobre o mesmo assunto, o deputado Leong Veng Chai ins-

tou as autoridades a aperfeiçoar os itinerários dos autocarros, aumentando nomeadamente a frequência e encurtando os percursos daqueles que passem pelo Centro e bairros antigos.

Numa interpelação escrita, o deputado confrontou ainda o Governo com a existência de paragens de autocarros de di-mensão “irrazoável”, pelo que pediu uma avaliação do espa-ço de todas as paragens e ajustamento dos tamanhos. R.C.

Viviana Chan

responsável. Actualmente, a companhia

não tem fins lucrativos, não sendo cobradas taxas nem aos passageiros utentes da aplicação nem aos condutores. Sem reve-lar a estratégia para o futuro, Kyle Ho garantiu apenas que agora a companhia só está foca-da em servir as pessoas com ur-gências, como idosos e grávidas, por exemplo.

Kyle Ho revelou que o inves-timento do Grupo Ying Hoi ul-trapassou um milhão de patacas e salientou que a ideia tem por base facilitar a deslocação dos cidadãos, funcionando segundo a lei.

Sector não está convencidoEmbora a aplicação tenha

sido criada para os negócios dos

taxistas, a Associação Geral dos Empregados do Ramo de Trans-porte de Macau afirma desco-nhecer a existência da TaxiGo.

“Ninguém vai fazer negócios sem contar ter retorno, tenho muitas dúvidas e interrogações sobre esta empresa”, disse o pre-sidente da associação Leng Sai Wai ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, acrescentando que a aplicação é estranha e a empresa “misteriosa”.

Leng Sai Wai confessou des-confiar da empresa porque não conhece as suas origens e por-que além disso não foram con-tactadas as associações do sector de táxi.

Referindo que a aplicação pode funcionar à margem da lei, porque a ligação é feita entre o condutor e o passageiro, através

da aplicação de telemóvel, de-clarou que “ninguém sabe qual é transporte usado para trans-portar o cliente”.

O presidente salientou ain-da que a operação da aplicação do serviço de transporte sem ter uma intervenção por parte do Governo “não é bom em ter-mos da sua fiscalização”. Assim, Leng Sai Wai sugeriu ao Gover-no a criação de um sistema de fiscalização e de operação dos pedidos de chamada de táxi, para por um lado facilitar a vida aos cidadãos e por outro lado fiscalizar melhor.

“Se for assim, não é preciso discutir sobre as fiscalizações à paisana, a gravação de sons e afins. Basta o Governo fiscalizar através da operação da aplica-ção”, indicou.

A associação dos taxistas desconfia também do critério de selecção dos taxistas, que incluem a ausência de registo criminal nos últimos dois anos, carta de taxista e exclusão de fu-madores.

Mas Leng Sai Wai indicou que há mais de 12.000 cartas de taxista distribuídos no território, mas “nem todos com a carta de taxista trabalham na profissão”. Por isso, Leng Sai Wai duvidou da estabilidade do pessoal no novo serviço.

Em contraponto, Kyle Ho assegurou que a companhia vai cumprir a lei de Macau, acres-centando que o acordo assinado entre a companhia e o condutor proíbe o recurso a carros priva-dos para transportar os passa-geiros.

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Em 2017 e 2018 serão instalados 30 ecrãs

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Terça-feira, 06 de Setembro de 201608 JTM | ESPECIAL

Em 2010, Assange, o editor do WikiLeaks, ganhou fama mundial por divulgar grande quantidade de comunicações altamente se-

cretas do governo americano, que expuseram o lado mais vulnerável das suas guerras com o Afe-ganistão e o Iraque e as suas manobras diplomáti-cas muitas vezes cínicas, ou mesmo ilegais ao re-dor do mundo. Mas numa entrevista pela televisão em Setembro do ano passado ficou claro que ele ainda tinha muito mais a dizer sobre “O mundo segundo o império americano”, subtítulo de seu último livro, “The WikiLeaks Files” [Os arquivos do WikiLeaks].

De um qualquer recanto da Embaixada do Equador em Londres, onde desde há quatro anos se encontra asilado com um imbróglio jurídico, pelo meio, Assange oferece uma visão dos EUA como um ser extremamente prepotente: uma na-ção que alcançou o poder imperial proclamando fidelidade aos princípios de direitos humanos enquanto usa o seu aparato militar e os serviços secretos para “forçar” os países a fazer o que dese-jam e castigar as pessoas que ousam falar a verda-de, como ele.

Contudo, salienta a imprensa norte-americana, das análises de Assange é notável a ausência de crítica a outra potência mundial, a Rússia, ou ao seu Presidente, Vladimir Putin, que dificilmente se enquadra no ideal de transparência do WikiLeaks. É um facto bem divulgado pelos oposicionistas que o governo de Putin tem reprimido duramente a dissidência - espionando, prendendo e, segundo os críticos, às vezes assassinando os adversários e que de há muito consolidou o controlo dos media e da internet.

Hackers russos fornecem WikiLeaks

Hoje Assange e o WikiLeaks estão novamente sob os holofotes, perturbando a paisagem geopolí-tica com novas revelações e a promessa de outras mais.

Em Julho, a organização divulgou quase 20 mil e-mails do Comité Democrata Nacional, sugerin-do que o partido havia conspirado com a campa-nha de Hillary Clinton para minar o seu principal oponente, o senador Bernie Sanders. Assange, que tem criticado Hillary abertamente, prometeu novas revelações que poderiam abalar a sua cam-panha contra o candidato republicano, Donald Trump. Em separado, o WikiLeaks anunciou que em breve lançará algumas jóias da coroa dos servi-ços secretos americanos: um conjunto “virgem” de códigos de ciberespionagem.

Autoridades americanas disseram ao influen-te quotidiano norte-americano acreditar com alto grau de certeza que o material do Partido Demo-crata foi obra de hackers ao serviço do Governo de Moscovo, e suspeitam que os códigos também tenham sido obtidos pela mesma via. Isso levanta uma pergunta: o WikiLeaks tornou-se uma máqui-na de lavar do material comprometedor obtido pe-los espiões russos? E, de maneira mais ampla, qual é exactamente o relacionamento entre Assange e o Kremlin de Putin?

Essas perguntas tornam-se ainda mais agudas devido ao lugar proeminente da Rússia na campa-nha presidencial dos EUA. Putin, que teve repe-tidos desacordos com Hillary quando ela era se-cretária de Estado, elogiou publicamente Trump, que devolveu o cumprimento, pedindo laços mais estreitos com a Rússia e falando favoravelmente sobre a anexação da Crimeia por Putin.

Assange nada divulga sobre a Rússia de Putin“The WikiLeaks Files”, é o último livro lançado por Julian Assange, o “proscrito” ex-membro da administração norte-americana, que se encontra refugiado na embaixada do Equador em Londres. Um livro em que Assange, uma vez mais se alonga sobre o tema que o consome: a perfídia das grandes potências, especialmente o Governo dos EUA

Desde o início do WikiLeaks, Assange disse que a sua principal motivação era o desejo de usar “a criptografia para proteger os direitos huma-nos”, e que se concentraria em governos autoritá-rios como o russo.

Porém, um exame feito pelo “The New York Times” às actividades do WikiLeaks durante es-tes anos de exílio de Assange detectou um outro padrão: seja por convicção, conveniência ou coin-cidência, a divulgação de documentos feitas pelo WikiLeaks, juntamente com muitas declarações de Assange, com frequência beneficiaram a Rússia, em detrimento do Ocidente.

Entre as autoridades americanas, o consenso emergente é que Assange e o WikiLeaks provavel-mente não têm ligações directas com os serviços secretos russos. Mas dizem perceber, sem sombra de dúvida, que, pelo menos no caso dos e-mails democratas, Moscovo sabia que tinha um canal simpático no WikiLeaks, onde intermediários po-deriam colocar documentos roubados aos norte--americanos.

Numa entrevista ao “Times” na última quarta--feira (dia 31), Assange disse que Hillary Clinton e os democratas estão “a instigar uma histeria neomacarthista sobre a Rússia”. “Não há evidên-cia concreta” de que as publicações do WikiLeaks venham de agências dos serviços secretos, disse ele, embora tenha indicado que aceitaria de bom grado esse material.

Diante dos recursos limitados do WikiLeaks e dos obstáculos à tradução, disse Assange, fica a dúvida das razões de se concentrar na Rússia, por ele próprio descrito como “um pequeno actor no palco mundial”, comparado com países como a China e os EUA. E ainda por cima com a explica-ção de que a corrupção no Kremlin é uma história

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Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 JTM | ESPECIAL 09

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Assange nada divulga sobre a Rússia de Putin“The WikiLeaks Files”, é o último livro lançado por Julian Assange, o “proscrito” ex-membro da administração norte-americana, que se encontra refugiado na embaixada do Equador em Londres. Um livro em que Assange, uma vez mais se alonga sobre o tema que o consome: a perfídia das grandes potências, especialmente o Governo dos EUA

Desde o início do WikiLeaks, Assange disse que a sua principal motivação era o desejo de usar “a criptografia para proteger os direitos huma-nos”, e que se concentraria em governos autoritá-rios como o russo.

Porém, um exame feito pelo “The New York Times” às actividades do WikiLeaks durante es-tes anos de exílio de Assange detectou um outro padrão: seja por convicção, conveniência ou coin-cidência, a divulgação de documentos feitas pelo WikiLeaks, juntamente com muitas declarações de Assange, com frequência beneficiaram a Rússia, em detrimento do Ocidente.

Entre as autoridades americanas, o consenso emergente é que Assange e o WikiLeaks provavel-mente não têm ligações directas com os serviços secretos russos. Mas dizem perceber, sem sombra de dúvida, que, pelo menos no caso dos e-mails democratas, Moscovo sabia que tinha um canal simpático no WikiLeaks, onde intermediários po-deriam colocar documentos roubados aos norte--americanos.

Numa entrevista ao “Times” na última quarta--feira (dia 31), Assange disse que Hillary Clinton e os democratas estão “a instigar uma histeria neomacarthista sobre a Rússia”. “Não há evidên-cia concreta” de que as publicações do WikiLeaks venham de agências dos serviços secretos, disse ele, embora tenha indicado que aceitaria de bom grado esse material.

Diante dos recursos limitados do WikiLeaks e dos obstáculos à tradução, disse Assange, fica a dúvida das razões de se concentrar na Rússia, por ele próprio descrito como “um pequeno actor no palco mundial”, comparado com países como a China e os EUA. E ainda por cima com a explica-ção de que a corrupção no Kremlin é uma história

antiga. “Todo o homem e o seu cão criticam a Rús-sia”, afirmou então, antes de concluir, perguntan-do: “Isto é um pouco aborrecido, não é?”

WikiLeaks comdiferente rumo

Desde a sua criação, o WikiLeaks teve um su-cesso espectacular em algumas frentes, descobrin-do assassinatos, hipocrisia e corrupção indiscrimi-nados e ajudando a detonar a Primavera Árabe.

Os factos recentes, porém, levaram alguns de-fensores da liberdade e transparência a pergun-tar-se se o WikiLeaks já perdeu o rumo. Há uma grande diferença entre publicar materiais de uma denunciante como Chelsea Manning -o soldado que deu ao WikiLeaks o seu diário de guerra e os e-mails dos telegramas diplomáticos - e aceitar in-formação, mesmo indiretamente, de um serviço secreto estrangeiro que deseja promover os seus próprios interesses poderosos, argumentou John Wonderlich, director-executivo da Sunlight Foun-dation, grupo dedicado à transparência no gover-no.

“ WikiLeaks está a alinhar com quem lhes der informação, para conseguir atenção ou vingança em relação aos seus adversários”, diz Wonderlich, salientando que “até aprovam que os governos se ‘hackeiem’ uns aos outros e perturbem os respecti-vos processos democráticos, tudo em nome de um interesse público, de valor muito reduzido.”

Outros crêem que Assange adopta uma abor-dagem cada vez mais limitada do mundo, que, juntamente com o seu próprio sigilo, deixa muitos críticos desconfiados.

“A batalha pela transparência deveria ser glo-bal como assegurou Assange no começo”, frisou Andrei A. Soldatov, um jornalista que se dedica à

investigação e que escreveu extensamente sobre os serviços secretos da Rússia.

“É estranho que esse princípio não esteja a ser aplicado ao próprio Assange e aos seus negócios com um determinado país, que é a Rússia”, disse Soldatov. “Ele parece pensar que pode usar todas as táticas para lutar contra o que pensa ser o mal maior.”

Putin em defesapública de Assange

No final de Novembro de 2010, as autoridades americanas anunciaram uma investigação do Wi-kiLeaks. Hillary, cujo departamento de Estado foi abalado pelo que ficou conhecido como “Cablega-te”, prometeu tomar medidas “agressivas” para acusar os responsáveis. No mês seguinte, Assange foi preso pela polícia de Londres para ser inter-rogados pelos suecos (onde tem um mandado de captura) mas temeu que o entregassem aos ameri-canos. Libertado sob fiança, escondeu-se e comba-teu a extradição numa casa de campo da Geórgia, propriedade de um dos seus apoiantesr, Vaughan Smith, que numa entrevista disse acreditar que As-sange foi vítima de uma “intensa [campanha] de bullying e desinformação online”.

Um dia após a prisão de Assange, o presiden-te russo apareceu numa conferência de Imprensa com o primeiro-ministro francês. Dispensando um jornalista que sugeriu que os telegramas diplomá-ticos retratavam a Rússia como não democrática, Putin usou a oportunidade para criticar o Ociden-te.

“No que se refere à democracia, deveria ser uma democracia completa. Por que então coloca-ram Assange atrás das grades?”, perguntou ele. “Há um ditado americano: quem tem telhado de

vidro não deve atirar pedras.”Foi a primeira de várias vezes em que Putin as-

sumiu a causa de Assange. Chamou as acusações contra Assange de “politicamente motivadas” e declarou que o fundador do WikiLeaks estava a ser “perseguido por disseminar a informação que recebeu dos militares americanos sobre os actos dos EUA no Oriente Médio, incluindo o Iraque”.

Em Janeiro de 2011, o Kremlin emitiu um visto para Assange, e uma autoridade russa sugeriu que ele merecia o Prémio Nobel da Paz. Depois, em Abril de 2012, com as verbas do WikiLeaks a desa-parecerem - sob pressão dos EUA, os cartões Visa e Mastercard pararam de aceitar doações-, o “Russia Today” começou a emitir um programa chamado “O Mundo Amanhã”, que tinha Assange como an-fitrião. Não está claro quanto ele ou o WikiLeaks ganharam pelos 12 episódios.

Mas em 19 de Junho de 2012 a narrativa de As-sange rapidamente assumiu um rumo diferente. Infringiu o estatuto de liberdade condicional após perder um recurso contra a extradição para a Sué-cia e refugiou-se na pequena Embaixada do Equa-dor em Londres.

Snowden tambémse encontra na Rússia

Um ano depois, um homem que logo eclipsa-ria Assange em termos de fama como denunciante embarcou num avião em Hong Kong. Seu nome era Edward J. Snowden e ele era um informador da Agência de Segurança Nacional dos EUA que se tornou fugitivo, surpreendendo o mundo e au-mentando as tensões entre os aliados dos EUA ao tornar públicos documentos que revelaram uma rede de programas de vigilância global liderada pelos americanos.

Snowden não dera milhares de documentos se-cretos ao WikiLeaks. Mas foi por sugestão de As-sange que o voo em que Snowden embarcou em 23 de Junho de 2013, acompanhado da sua colega do WikiLeaks Sarah Harrison, rumou para Moscovo, onde Snowden continua até hoje depois dos EUA terem cancelado o seu passaporte.

Na verdade, temendo ser considerado um es-pião, Snowden esperava apenas passar pela Rús-sia a caminho da América do Sul, como Assange contou mais tarde, plano que ele não tinha aprova-do completamente. Assange disse acreditar que a Rússia poderia mais facilmente proteger Snowden de um sequestro da CIA ou coisa pior. “Então pen-sei, e na verdade aconselhei Edward Snowden que ficaria mais seguro em Moscou”, disse Assange ao programa de notícias Democracy Now.

Durante o tempo que se tem mantido isolado na Embaixada do Equador, sob constante vigilân-cia, a sua instintiva desconfiança do Ocidente re-forçou-se mesmo quando se tornou cada vez mais insensível aos abusos do Kremlin, que considera-va um “baluarte contra o imperialismo ocidental”, disse um apoiante do WikiLeaks, que como muitos outros pediu para manter o anonimato com receio de aborrecer Assange.

Outra pessoa que colaborou com o WikiLeaks no passado acrescentou: “Assange vê tudo pelo prisma de como é tratado. Os EUA e Hillary Clin-ton causaram-lhe problemas, e a Rússia não”.

O resultado é um “confronto unidimensional com os EUA”, disse Daniel Domscheit-Berg, que antes de deixar o WikiLeaks em 2010, foi um dos mais próximos parceiros de Assange.

JTM com agências internacionais

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Terça-feira, 06 de Setembro de 201610 JTM | ACTUAL

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EPA

HONG KONG

Activistas “dos guarda-chuvas” entram no LEGCOO líder da «revolução dos guarda-chuvas» de 2014, Eddie Chu e vários jovens activistas conseguiram ganhar um lugar no Legco (Parlamento de Hong Kong) após uma eleição com uma afluência recorde de eleitores

Eddie Chu, um candidato radical pró-independên-cia que centrou a sua

campanha sob o pressuposto da equidade do uso das ter-ras nas zonas rurais de Hong Kong, foi um dos candidatos mais votados, conseguindo mais de 84 mil votos nas urnas. “O resultado mostra que a so-ciedade de Hong Kong acredi-ta que é precisa uma mudança do modelo dentro do movi-mento democrático”, assinalou o político, de 38 anos, citado pelas agências noticiosas.

Ontem ao fim da tarde, numa altura em que estavam 90% dos votos apurados, três candidatos de novos movi-mentos e alguns sem filiação partidária, mas que sobressaí-ram durante e após os históri-cos protestos pró-democracia de há dois anos conseguiram ugares no plenário.

Nathan Law, que liderou as manifestações há dois anos, obteve um destes três assentos no parlamento sob a assinatura do Partido Demosisto, criado pelo famoso Joshua Wong, um dos rostos mais conhecidos da sessão histórica que paralisou a ilha por quase três meses na busca de democracia.

“A população de Hong Kong realmente queria uma mudança”, disse o jovem Law, de 23 anos, explicando a sua vitória.

Com uma participação re-corde de 58%, a mais alta des-de 2004, cerca de 2,2 milhões

de eleitores votaram nestas eleições que foram considera-

das as mais importantes desde que a China retomou a sobera-

nia sobre Hong Kong, em 1997.Dos 70 assentos em jogo,

metade são eleitos pelo voto popular directo através de circunscrições geográficas, enquanto outros 30 eleitos in-directamente, depois de selec-cionados por associações que representam diferentes sec-tores profissionais da cidade, normalmente adoptando uma linha política “pro-stablish-ment”.

Os cinco lugares restantes - conhecidos como ‘super assen-tos’ - constituem um híbrido dos dois sistemas. Os candida-tos são previamente escolhidos nas eleições distritais, tendo depois de obter o apoio de pelo menos 15 conselheiros distri-tais, antes de finalmente serem submetidos ao voto de quase todos os eleitores, à excepção dos que votam nos círculos profissionais e corporativos.

Com estes resultados, o campo conservador mantém a maioria simples, estando ain-da em dúvida qual dos cam-pos conseguirá obter o direito de veto nos casos em que a legislação necessita de 2/3 de votos. Do Legco saem figuras tradicionais, mesmo do campo democrata, onde os radicais, ditos localistas foram ganhar os votos.

O própio Leung Kwok--hung, mais conhecido como ‘Long Hair’, foi reeleito por uma margem de apenas 1.051 votos, conquistando a última posição.

JTM com agências e SCMP

Os elevados números de votos em Eddie Chu surpreenderam até o próprio activista

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DANIEL BOTELHO DOS SANTOS

A família de DANIEL BOTELHO DOS SANTOS tem o penoso dever de informar que este seu

ente querido faleceu na sexta-feira, dia 2 de Setembro, em Macau.

Deixa a esposa Quan Fulan, os irmãos Victor Emanuel Botelho dos Santos,

Filomena Botelho dos Santos da Silva, Carmelinda Francisca Botelho dos Santos,

Ana Maria Botelho dos Santos, Maria Ângela Botelho dos Santos Lameiras,

Rita Botelho dos Santos, Alda Botelho dos Santos, Elfrida Botelho dos Santos.

A missa realiza-se no sábado, 10 de Setembro pelas 20 horas, na Casa Mortuária Diocesana.

No dia seguinte, domingo, 11 de Setembro pelas 11h realizar-se-á a missa de corpo presente e

o enterro no Cemitério S. Miguel Arcanjo, Macau.

A todos quanto se queiram associar a este piedoso acto, a família enlutada agradece antecipadamente.

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Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 JTM | ACTUAL 11

CHINA

G20 contra “o protecionismo”Os líderes dos países membros do G20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo, concordaram em opor-se ao protecionismo, afirmou ontem o Presidente chinês, Xi Jinping, no final da cimeira, em Hangzhou, na China

TAILÂNDIAAs autoridades tailandesas detiveram um ho-mem suspeito de ter participado numa série atentados terroristas no centro e no sul do país, a 11 e 12 de Agosto, que causaram quatro mortos e 35 feridos. A polícia tailandesa acredi-ta que pelo menos 20 terroristas participaram na colocação e detonação das 14 bombas. En-tre os 35 feridos nos atentados contam-se dez estrangeiros.

CABO VERDEO presidente do Movimento para a Democra-cia (MpD, partido no poder em Cabo Verde), Ulisses Correia e Silva, destacou a “grande vi-tória” nas eleições autárquicas de domingo, di-zendo que o partido conseguiu atingir as suas metas. Segundo os últimos resultados provi-sórios e quando estão contabilizados mais de 98% das mesas de voto, o MpD conquistou 19 das 22 câmaras municipais, mais cinco do que há quatro anos.

COREIA DO NORTEA Coreia do Norte disparou ontem três mísseis balísticos a partir da sua costa leste, cerca de duas semanas depois de testar um míssil balís-tico a partir de um submarino, noticiou a agên-cia sul-coreana Yonhap. Ainda não se sabe de que tipo são os mísseis disparados, com um porta-voz do Ministério da Defesa de Seul a in-formar que o exército sul-coreano está agora a analisar o ensaio.

ISRAELUma equipa médica colocou na segunda-feira um “pacemaker” no ex-presidente israelita e Nobel da paz Shimon Peres, que permanece internado num hospital de Tel Aviv, informou à Agência Efe o seu gabinete. “O ex-presidente passou por um procedimento cirúrgico nesta manhã, que foi um sucesso e realizado com anestesia local, não geral”, explicou a porta--voz.

ARGENTINAA companhia aérea Aerolíneas Argentinas anunciou o cancelamento dos voos para a Ve-nezuela, entre os dias 10 e 12 deste mês, com o objectivo de garantir a segurança de tripu-lação e passageiros devido às manifestações anunciadas no país para pedir o referendo re-vogatório contra o presidente Nicolás Maduro.

ALEMANHAAs eleições regionais no estado de Mecklem-burgo-Pomerânia Ocidental, no nordeste da Alemanha, terminaram com a derrota da União Democrata-Cristã (CDU, sigla em alemão) de Angela Merkel frente aos populistas da Alter-nativa para a Alemanha (AfD, sigla em alemão). A derrota de Merkel ocorreu precisamente no estado federado em que a chanceler tem seu distrito eleitoral nas eleições gerais e no ani-versário do dia em que a chanceler anunciou a abertura das fronteiras do país aos refugiados.

RÚSSIAA Arábia Saudita e a Rússia assinaram ontem um acordo de cooperação no mercado de pe-tróleo, que inclui a possibilidade de diminuir a produção, um movimento que causou uma alta acentuada dos preços do petróleo com a expectativa de lidar com o excesso de oferta.

REINO UNIDOO Brexit está entre as incertezas que afectam o crescimento econômico do mundo, mas o seu impacto já foi completamente assumido, disse Zhu Guangyao, vice-ministro das Finanças da China. A rápida recuperação, segundo Zhu, enfatizou a crescente resiliência do mercado financeiro mundial e o contínuo progresso fei-to pelo bloco G20 na coordenação de políticas macroeconómicas globais e na regulação e gestão do mercado financeiro mundial.

VOLTA AOMUND

Concordamos (…) em apoiar o sistema multilateral de comércio e opôr-nos ao protecionismo”, disse Xi.

O sistema de comércio livre é um dilema para os líderes de vários países, que enfrentam crescentes tendências populistas e a percepção de que a ordem económica mun-dial, defendida pelo G20, prejudica o cidadão comum.

Xi Jinping não especificou quais as medidas que o grupo vai adoptar para liberalizar o comércio.

A China é frequentemente acusada pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia de violar acordos comer-ciais e dificultar o acesso ao seu enorme mercado.

Xi defendeu que depender apenas de políticas fiscais e monetárias para impulsionar o crescimento não será viável.

“É preciso voltar a accionar o motor do crescimento”, dis-se, acrescentando que o G20 adoptou “princípios orientado-res” para gerir as políticas de investimento. “É o primeiro quadro regulamentar multilateral no domínio do investi-mento”, afirmou Xi, sem avançar mais detalhes. O G20 re-presenta 85% da economia mundial e cerca de dois terços da população do planeta.

Reuniões bilateraisÀ margem dos trabalhos da cimeira do G20, sucederam-

-se, como é habitual os encontros bilaterais entre os líderes presentes. O Presidente da China teve contactos, entre ou-tros com o Presidente americano, a chanceler alemã e a nova Primeira-Ministra britânica Teresa May, de que não se conhe-cem pormenores.

Talvez o mais importante dos encontros, devido às di-ferentes posições sobre a questão da Ucrânia, e a guerra na Síria, terá sido a que Barack Obama e Vladimir Putin tive-

ram ontem, horas depois de os seus diplomatas falharem um acordo sobre a Síria.

Antes do encontro dos chefes de Estado, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro dos Ne-gócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, tinham-se reunido para discutir a redução dos combates na Síria, mas não che-garam a acordo.

Antecipava-se como provável que os dois países acordas-sem disponibilizar ajuda humanitária aos civis de Alepo e suspender, pelo menos em parte, os bombardeamentos rus-sos e sírios, mas tal não foi possível.

As negociações sobre o conflito de cinco anos – que já ma-tou cerca de 300 mil pessoas e obrigou milhões a fugirem – parecem ter sido afetadas por desenvolvimentos no terreno, apontou a agência AFP. JTM com agências internacionais

Consumo subiu mas abaixo da média da UE

Portugal tem um desempenho de 78,4 pontos, melhor do que em 2013, mais abaixo da média europeia (79,8), no Painel de Avaliação dos Mercados de Consumo 2016, hoje divulgado pela Comissão Europeia. O desempenho médio dos mercados de consumo portugueses subiu 3,3 pontos face ao painel de avaliação de 2013. Segundo o painel de avaliação, o funcionamento médio do mercado de bens teve, em Portugal, a avaliação mais alta (81,9 pontos) e a dos serviços a mais baixa (76,9 pontos), ambos abaixo da média europeia. O funcionamento dos mercados melhorou, em 2016, 3,3 pontos face ao painel de avaliação de 2013, sendo que o dos bens subiu 2,2 pontos e o dos serviços 3,7 pontos. Na média europeia, o funcionamento do mercado de bens foi avaliado em 82,4 pontos (mais 2,4 do que em 2013) e o dos serviços em 78,5 pontos (uma subida de 3,1 pontos face a 2013).

A Lusa contactou o Caixa Bank, que “não comenta” a notícia do jornal digital segundo a qual

aquela entidade bancária irá retirar a OPA que lançou sobre o BPI se houver mais um revés judicial em Portugal. Igualmente contactada pela Lusa, fon-te do BPI disse não comentar a notícia avançada em Espanha.

A notícia teve imediatas repercus-sões na Bolsa de Valores de Lisboa onde as acções do BPI caíam 3,5% durante a manhã.

O BPI aguarda a decisão do tribunal quanto às duas providências cautela-res apresentadas pelo accionista Violas Ferreira Financial (VFF) que pretende impedir a desblindagem dos estatu-tos que impedem um accionista como o CaixaBank de, apesar de ter 45% do capital social apenas ter 20% de direitos

de voto na instituição.A assembleia-geral que vai deliberar

sobre a desblindagem de estatutos do BPI está marcada para hoje.

Desde o início da OPA que o Cai-xaBank faz depender a continuação da operação de uma decisão positiva sobre a desblindagem dos estatutos.

No início do ano, estalou uma “guerra” entre os principais accionistas do BPI, o espanhol Caixabank, com cer-ca de 45% do capital social, e a angolana Santoro, de Isabel dos Santos, com cerca de 19%.

Este conflito accionista eclodiu por causa das regras do Banco Central Eu-ropeu que obrigam a uma redução da exposição excessiva do banco a Angola, mas fez perceber a falta de entendimen-to não só quanto a uma solução para este problema mas também quanto a

uma estratégia global para o BPI, levan-do a um impasse que dura desde então.

No âmbito deste caso, ganhou re-levância o tema da desblindagem de estatutos do BPI, que impede qualquer acionista de votar com mais de 20%, independentemente da participação ac-cionista que tenha.

Os espanhóis oferecem 1,113 euros por ação, avaliando o banco em 1600 milhões de euros, mas a oferta está con-dicionada à eliminação dos limites aos direitos de votos dos accionistas, pelo que se a proposta de desblindagem de estatutos não avançar a OPA deverá cair por terra.

A administração do BPI já fez saber publicamente que é a favor da desblin-dagem de estatutos, o que retiraria po-der a Isabel dos Santos.

JTM/Lusa

PORTUGAL

Banco espanhol CaixaBankdesinteressa-se do BPIO jornal digital “El Confidencial”, revelou que o presidente do CaixaBank, Isidro Fainé, “pondera muito seriamente retirar a proposta de compra, face ao novo obstáculo judicial surgido para controlar o terceiro banco luso”

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Terça-feira, 06 de Setembro de 201612 JTM | DESPORTO

SELECÇÃO JOGA HOJE NA SUÍÇA

Portugal com teste complicadoJá não há equipas fáceis, costuma dizer-se. No caso do confronto de hoje com a selecção nacional da Suíça, deve mesmo reconhecer-se que Portugal tem pela frente “um osso duro de roer”. No Euro 2016 em que Portugal foi campeão, a Suíça era uma das equipas mais cotadas

Costa Santos Sr.*Especial para o JTM

Sem Ronaldo, Renato San-chez, Vieirinha, André Gomes e Ricardo Carva-

lho, Fernando Santos terá de reconstruir a selecção, mudar, eventualmente, a estratégia (passar do 4x4x2 para o 4x3x3) e mentalizar os “seus” homens que o período festivo já lá vai, o título maior está em “cartei-ra” mas todas as selecções que defrontem Portugal, tudo farão para derrotar o…campeão eu-ropeu!

O jogo de hoje, em Basi-leia, no St Jakob Park, contra a selecção que, teoricamente, é a adversária mais perigosa para a qualificação, vai exigir tudo à selecção nacional. E nem adianta deitar mão à estatística porque ela vale o que vale e as duas vitórias, apenas, consegui-das por Portugal nos 11 jogos disputados em solo helvético, fazem parte de outros cenários, de outras épocas que não têm nada a ver com a realidade de hoje. Convirá porém, não igno-rar a tendência!

A última contrariedade – a lesão de André Gomes – foi prontamente resolvida pelo se-leccionador nacional, chaman-do André André, o médio por-

tista, internacional por quatro vezes, embora apenas uma vez, diante da Sérvia, em Outubro de 2015, participasse num jogo “a doer”.

Para se perceber melhor o estado de alma dos jogadores portugueses, deitamos mão as declarações de José Fonte, à comunicação social, no final de

mais um treino na Cidade do Futebol: ”Não há jogos fáceis, como se viu no Europeu. Os encontros com as equipas teo-ricamente mais fáceis acabaram por ser extremamente difíceis. A festa já acabou e temos que começar a escrever nova página do futebol português. Será um jogo difícil, o adversário tem

qualidade mas…o nosso objec-tivo é só um - ganhar!”

A propósito da ausência de Ronaldo, José Fonte não hesi-tou na resposta: “Sabemos da importância que tem no jogo da equipa e que, com ele, somos mais fortes. Mas sem ele, in-felizmente afastado por lesão, também somos fortes, também

temos qualidade.”

Quem jogará no ataque?A interrogação que se co-

loca, assenta na dúvida entre Éder ou André Silva no eixo do ataque.

Frente a Gibraltar, Fernando Santos testou as duas hipóte-ses. Éder entrou de início, jogou quarenta e cinco minutos e, An-dré Silva, ocupou o seu lugar nos derradeiros 45 minutos. Apesar de só na segunda parte o domínio português ter gan-ho expressão no marcador, não é menos verdade que os dois “onzes” que foram apresen-tados cumpriram satisfatoria-mente. Mas agora o fundamen-tal é marcar cedo e não permitir “leviandades” a um adversário que tem ambições e, tal como Portugal, também quer entrar com o pé direito nesta fase de qualificação.

Mas, voltando à interroga-ção inicial, acreditamos que Fernando Santos irá colocar em campo o onze inicial apresenta-do no Bessa (apenas mudando Eduardo por Rui Patrício), isto é, Rui Patrício; Cancelo, Pepe, Bruno Alves e Raphael Guer-reiro; João Mário, William Car-valho e João Moutinho; Quares-ma, Éder e Nani.

* Jornalista profissional especiali-zado em desporto. Com Lusa

Muita turbulência pelo DragãoCRONIQUETA

Não está – nem nunca esteve –em causa a melhor valia da se-

lecção portuguesa (que conta com seis vitórias e um empa-te nas sete partidas já dispu-tadas) e apenas uma selecção Israelita, com todos os seus jogadores, durante noventa minutos, numa defesa baixa, impossibilitando as movimen-tações atacantes dos seleccio-nados portugueses, logrou roubar pontos.

A Grécia, penúltima na classificação do grupo, pode-rá ser a selecção “talismã” e se a sua estrutura em campo não “copiar” a israelita, segu-ramente que Barcelos viverá a festa do apuramento.

Chaves afunda NacionalUm golo, aos 18 minutos,

apontado pelo flaviense Bra-ga, deu três preciosos pontos ao Chaves, nesta sua estreia na

principal Liga portuguesa.Recorde-se que este encon-

tro estava em atraso, desde a jornada inaugural, devido aos violentos incêndios que as-solaram a Ilha da Madeira e destruíram, parcialmente, as instalações anexas à Choupa-na, estádio onde o Nacional realiza os seus jogos.

É verdade que os “conti-nentais” optaram por uma estratégia defensiva e que, no único remate direcionado à baliza “nacionalista”, marca-ram; mas no futebol, ganha quem marca e saber defender a vantagem também é uma virtude.

Complicada deve estar a moral dos pupilos de Manuel Machado que à terceira jor-nada ainda não conseguiram pontuar.

Vamos ver se no próximo fim-de-semana quebram a “malapata”!

FUTEBOL PORTUGUÊS

Sub-21 à beira da qualificaçãoEm Barcelos, a selecção de sub-21 comandada por Rui Jorge, irá hoje tentar garantir, , a duas jornadas do fim desta fase de qualificação, o apuramento, falhado que foi na passada quinta feira, frente a IsraelPoderia noticiar-se, de forma sintética, que

Antero Henrique, aquele que foi o “ho-mem de mão” de Pinto da Costa durante

muitos anos, bateu com a porta e abandonou a estrutura portista; mas…falando do FC do Por-to, dizer “só isto” não chega, não traduz, mini-mamente, a “tempestade” que se respira no seio dos “dragões”.

Na verdade, o “modus vivendi” portista não deixa escapar para a opinião pública os proble-mazinhos que estalem no seu seio. Talvez por isso, e mesmo tendo em conta que, há poucas se-manas, Pinto da Costa deixou sair a informação de que “travara as intenções de Antero Henrique em abandonar todos os cargos que ocupava na SAD”, já se comentava, cá fora, os desaguisa-dos internos, tendo como figura central Ante-ro Henrique e, como causas próximas para os “desencontros”, a subida de Alexandre Pinto da Costa, empresário e filho de Pinto da Costa e Jorge Mendes, o super empresário, responsá-vel pelo regresso de Nuno Espirito Santo como treinador do FC do Porto. Por outras palavras, Antero Henrique vinha perdendo influência, exactamente ao contrário de Alexandre e Jorge Mendes, cada dia com mais força e mais inter-ventivos nas decisões do plantel.

O recente fracasso no regresso de Mangala (acabou no Valência) e a não colocação de Bra-himi, foram determinantes para a decisão do CEO do FC do Porto, irredutível e, mais im-

portante, comunicada a Pinto da Costa depois de…ser pública.

Se o regresso do engº Luis Gonçalves para ocupar o cargo de responsável pelo futebol, foi rápido e não criou “ondas, já o mesmo não se poderá dizer dos que eram apoiantes de Antero Henrique e…ainda permanecem na estrutura.

Para quem conhece e sabe como funciona a estrutura portista, esta “tempestade”, se não for anulada por resultados desportivos, terá efeitos “secundários” que se verão ao longo da época.

E já há quem diga que…Pinto da Costa não está imune a críticas!

Costa Santos

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Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 JTM | OPINIÃO 13

RECUSE-SE A SERUMA VÍTIMAMacau está a atravessar um mau mo-mento em termos de segurança. Não porque faltem medidas tomadas e a tomar, ou porque os efectivos poli-ciais não são suficientes. A verdade é que há outros factores a apontar como fulcrais. A presença de ilegais (vindos da China) no Território e as incursões de marginais de Hong Kong, tornam Macau mais vulnerável à acção dos agentes da criminalidade. A vaga de assaltos a residências tornou-se de tal modo preocupante, que os responsá-veis pelo Gabinete Coordenador de Segurança decidiram, para além da aplicação de várias disposições de ordenança policial, apelar à popula-ção para que participe, ela própria e de maneira activa, na travagem do fluxo de crimes contra a proprieda-de. Agentes da PSP vão distribuir, a partir de amanhã, 100 mil exempla-res de uma “carta ao cidadão”, com recomendações acerca da segurança em residências. A iniciativa insere--se no âmbito da campanha lançada com aquele objectivo, sob o lema “re-cuse-se a ser uma vítima”, motivada pelo aumento do número de furtos e roubos em edifícios de muitos pisos, segundo foi explicado aos órgãos da Comunicação Social, pelo secretário--geral do Gabinete Coordenador de Segurança, Gomes da Silva. Nas car-tas, a PSP recomenda, nomeadamen-te, que os moradores mantenham as portas e janelas fechadas, que não abram a porta a desconhecidos e que troquem de fechadura sempre que mudarem de casa, além de aconselhar a colocação de sistemas de alarme. As cartas são redigidas em português e chinês. Os agentes da PSP encarrega-dos da distribuição oferecem, igual-mente, autocolantes com indicativos de segurança que devem ser seguidos à risca.

O outro lado do muro

Foi o que Donald Trump foi ver ao México: o outro lado do seu muro imaginário, o muro que há-de construir e que representa o “melhor” (?) das suas

ideias, numa campanha eleitoral pensada na base de in-vectivas e divisões, tão ao seu estilo.

E tão repleta da simplificação perigosa de um mundo e de um tempo que são complexos, que exigem subtileza e o sentido das nuances, ausentes do seu discurso.

Atribui-se às velhas civilizações, mormente às deste lado do mundo, uma sabedoria multi-milenar que foi tor-nando cada vez mais sofisticadas a subtileza e a nuance.

Será que ainda há tempo para um curso acelerado, proporcionado por prestigiado mestre ou guru, sábio na arte de se pensar o mundo doutra maneira?

Como construtor civil de sucesso, Trump garantiu que sabia bem construir muros. E conhecia até quem o pa-garia, a cem por cento: os próprios mexicanos que, sur-preendidos já com a factura, se puseram a gritar em coro:

Nós não pagamos o muro! Nós não pagamos! É o ridí-culo completo, numa campanha não isenta dele.

Tentou entretanto o candidato republicano emendar a mão, apelidando depois de “ fantásticos” os mexicanos “bons”, com o poder que se atribui Donald-o-criador de dividir o mundo, conforme muito bem entende.

Repetindo uma imagem sempre fortemente simbólica e cada vez mais verdadeira, poderá concluir-se que quem promete, com tanta convicção, construir muros, numa terá engenharia suficiente para construir pontes.

Há dias, ouvindo um debate numa rádio internacional sobre se Trump seria perigoso no gabinete oval, escutei o argumento surrealista de que os presidentes não são afinal tão poderosos assim, escoltados que estão em per-manência por uma multidão de assistentes, assessores e conselheiros.

Estou mesmo a imaginar o ‘tímido” homem de negó-cios nova-iorquino, transmudado em político, a pergun-tar para o lado:

Mas diz-me lá, ó pá, o que achas: construo ou não construo o muro? E de que altura? É que os tipos são ágeis! E como evitar túneis? Haverá já tecnologia total-mente eficaz anti-túneis?

E pensará para com os seus botões, numa última ousadia:Com a história dos túneis os vietnamitas do norte bem

nos tramaram!

*****Mas para quê o muro? E sobretudo para quê os tú-

neis, que serão sempre a última solução dos pobres? Isso Trump não saberá explicar...

Na sua vontade imparável de teorizar tudo, o mundo académico, sobretudo nos States, tem-se interrogado so-bre por que são os Estados Unidos tão desenvolvidos e o México tão pouco.

E falam sabiamente da fraqueza congénita das insti-tuições políticas nas ex-colónias espanholas, onde mode-los de autoritarismo caudilhista se impuseram, contra o padrão participativo e democrático das treze colónia bri-tânicas, vizinhas do norte.

Não põem em causa, quase nunca, a voracidade his-tórica das empresas yankees pelos recursos naturais, a propriedade da terra, os salários de miséria.

O sombrero foi símbolo da siesta e daí todas as ila-ções eivadas de preconceito. Um pouco à semelhança da Europa mediterrânica em relação à Europa germânica ou escandinava, os factores culturais e históricos podem resvalar rapidamente para pseudo-argumentos de desi-gualdade inata, biológica, entre aptos e menos aptos ao esforço de desenvolvimento.

Na paranoia anti-imigrantes da campanha presiden-cial de Trump, e sobretudo na sua adjectivação contra as minorias, ergue-se assim o fantasma de preconceitos, cujas raízes ideológicas bem conhecemos.

Mas Trump precisa (de parte pelo menos) do voto dos latinos.

Por isso foi ao México tentar a legitimidade de inter-locutor credível... que, definitivamente, os mexicanos lhe negaram.

• • • HÁ 20 ANOSIn “Jornal de Macau”

e “Tribuna de Macau” 06/09/1996

Dito

“O calor intenso que se fez sentir ontem [no Domingo] em Macau não ajudou e roubou protagonismo ao protesto dinamizado pela Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário. Terão sido pouco mais de duzentos, os residentes do território que res-ponderam à chamada da organização liderada por Au Kam San e por Ng Kuok Cheong e que participaram na marcha de apoio à permanência da Uber em Macau”

in “ Ponto Final”

CARLOSFROTA*

NOTAS SOLTAS

UE vs Irlanda vs AppleÉ uma enorme dentada na maçã! Treze mil milhões de

euros exigidos pela Comissão Europeia à famosa empre-sa americana, por impostos não pagos pela sua activida-de lucrativa na Europa, na última década.

A Irlanda, país anfitrião da Apple, protesta, como pro-testa o sucessor do mítico Steve Jobs. Que a Casa Branca aliás aconchega, com a reprimenda de uma decisão “uni-lateral” por parte da Europa.

Que em matéria de impostos e como se sabe, há que pedir autorização prévia aos tributados... ou a bênção de Washington que amplamente substitui aquela.

Entretanto a chantagenzinha lá chega do quartel-ge-neral de Cupertino: que os investimentos da firma na UE podem ser reorientados para outros destinos; e quem vai perder serão os europeus, no que concerne à criação de emprego...

É a faca e o queijo na mão de uma multinacional toda poderosa que, como a maior parte das suas congéneres neste mundo ideal em que vivemos, pretende ditar a po-lítica de governos ou de organizações inter-governamen-tais. Organizações como a União Europeia - que repre-senta tão só o primeiro bloco económico do mundo!

Arrogância ou poder real da famosíssima Maçã? Pois cá estaremos para ver a firmeza da Comissão Europeia, tão dura no tratamento de certos estados membros!

Myanmar:negociar a paz

Aung San Suu Kyi tem (para mim, pelo menos ) uma analogia profunda com o saudoso Nelson Mandela: imo-bilizada pela aparente inacção do exílio interno forçado, levou décadas, as da sua reclusão, a repensar o mundo, a política, as pessoas.

Aung San Suu Kyi era acusada de alguma passividade e tardou. Mas certamente requereu muito tempo organi-zar o encontro que reuniu os grupos armados dissidentes que a junta militar excluíra do diálogo nacional.

Mas não me surpreende a expressão e o impacto desta iniciativa diplomática interna, de negociação conjunta com todos os grupos até agora excluídos do processo de integra-ção política nacional, entre os quais os muçulmanos.

Sem querer endeusar a carismática líder birmanesa, direi que a sabedoria política que revela, ao convidar Ko-ffi Annan como mediador, colocando assim sob o foco da atenção mediática internacional uma questão só (?) inter-na - exprime uma sensibilidade aguda.

A de perceber que, mormente quando se trata da mi-noria Rohingya, todos os olhares estão concentrados no modo como serão tratados os muçulmanos birmaneses, num futuro quadro constitucional.

Pouco ou nada saberei das condições concretas da vida de tal minoria. E dou como certo que, se exprimiu agravos durante décadas operante o poder central (du-rante muito tempo em Rangum) é porque tinha razões para isso.

Ao que leio, a maioria budista não, estará também isenta de pecados na tentativa de abafar a identidade cul-tural e religiosa de tal minoria.

Mas vive-se hoje, por razões consabidas, num quadro mental especial: quando se trata das minorias islâmicas quase não há meios termos. Ou se é algoz ou vítima, ten-do a normalidade de cidadãos de fé muçulmana sem his-tória sido relegada para a penumbra do mediaticamente indiferente.

Mas esta referência lateral não subestima a necessida-de, a seriedade, a oportunidade das negociações.

Aung San Suu Kyi teve o comentário o mais avisado: um país que não está em paz consigo próprio, não pode projectar-se para o mundo exterior como Myanmar pode e quer fazer.

Brasil, o fim da esquerda?Acabou sem suspense a telenovela política com fim

anunciado, o afastamento compulsivo de Dilma Rousseff da presidência da República.

De cabeça baixa, a ex-Chefe de Estado ficará na His-tória do seu país como a última representante de uma es-querda que se quis virtuosa mas que, no dizer dos seus adversários, foi o oposto disso.

Contrariamente à parábola da mulher adúltera, vamos ver se tiveram estes razão em atirar a primeira pedra...

* Primeiro Cônsul-Geral de Portugal em Macau.Docente da Universidade de S. José.

Parabéns ao “Hoje Macau”

Ontem, o matutino “Hoje Macau” co-memorou a passagem do seu 15º ani-versário, pelo que o Jornal Tribuna de Macau envia os mais sinceros para-béns a todos quantos lá trabalham, na pessoa do seu director Carlos Morais José.

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Terça-feira, 06 de Setembro de 201614 JTM | LAZER

• • • CIÊNCIA

Ana Bela Ferreira

Quatro dos 6 grandes símios perto da extinçãoLista vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza tem 23 928 espécies em risco de desaparecerem

A continuidade de qua-tro das seis espécies de grandes primatas está

em risco crítico, ou seja, estão a um passo da extinção, de acor-do com a última atualização da lista vermelha da União Inter-nacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). No total, constam da lista de 82 954 espécies, 23 928 estão ameaçadas com a extin-ção.

Em grande risco está o maior primata vivo: o gorila--do-oriente, que acabou de cair na lista dos criticamente em risco, estando anteriormente na lista das espécies ameaçadas. A quebra no número de exem-plares destes símios deve-se essencialmente à caça ilegal. O gorila-do-oriente tem duas subespécies e a sua população caiu 70% nos últimos 20 anos. Existem agora menos de cinco mil, segundo as estimativas da IUCN. O gorila-de-grauer, uma das subespécies, perdeu 77% da sua população desde 1994, passando de 16 900 indivíduos para 3800, em 2015. Já a segun-da subespécie – o gorila-das--montanhas – tem tido melhor sorte e viu a sua população au-mentar para 880 indivíduos.

Do conjunto dos grandes símios estão ainda em gran-de risco o gorila-do-ocidente, o orangotango-de-bornéu e o orangotango-de-sumatra.

Menos ameaçadas mas a su-bir na escala de menos preocu-pante para próximo da ameaça está a zebra-comum, cuja po-pulação caiu 24% nos últimos 14 anos, de 600 mil para 500

mil, e três espécies de antílopes africanos (duiker-da-baía, dui-ker-de-ventre-branco e duiker--de-dorso-amarelo). Apesar de terem populações protegidas em ambiente natural, merecem a preocupação da IUCN.

“Vivemos num tempo de mudanças tremendas e cada atualização na lista vermelha da IUCN faz-nos perceber quão rápido a crise global de extin-ção está a escalar. Ações de conservação funcionam e nós temos evidência disso”, refere a diretora-geral da IUCN, Inger Andersen.

No mundo vegetal, é o Ha-vai o centro das atenções. Es-pécies invasoras como porcos,

cabras, ratos, lesmas e plantas não nativas estão a destruir a flora autóctone havaiana. Os úl-timos resultados mostram que das 415 plantas endémicas lista-das até ao momento, 87% estão em risco de extinção. Entre estas inclui-se ohe kiko ola, uma árvo-re que floresce exclusiva da ilha Kauai.

Trinta e oito plantas foram listadas como extintas na na-tureza, incluindo a haha, vista pela última vez na natureza em 2003. As espécies invasivas são a principal ameaça para a sobrevivência das espécies nativas havaianas. Uma reali-dade lamentada por Matt Keir, membro da IUCN e do grupo

de especialistas em plantas do Havai. “O Havai é um exem-plo da natureza no seu melhor, com espetaculares exemplos de evolução, mas o futuro é incerto devido ao impacto das espécies invasoras – mostrando como in-voluntariamente a ação huma-na pode fazer a natureza voltar--se contra si própria”.

Boa notíciapara o panda-gigante

Mas nem só de ameaças e contínua destruição se faz a lis-ta da IUCN. Os resultados po-sitivos de medidas de conser-vação são já visíveis em relação ao panda-gigante e ao antílope--tibetano.

Anteriormente na lista das espécies em perigo, o panda--gigante está agora na categoria de vulnerável, já que a sua po-pulação cresceu graças à reflo-restação e proteção da floresta e aos esforços do governo chi-nês, sublinha a IUCN. Contra este esforço estão as alterações climáticas, que se prevê levem à eliminação de 35% do habitat de bambu.

A recuperar está também o antílope-tibetano que passou de em risco para ameaça imi-nente. Depois de uma quebra de um milhão, para 72 500 nas décadas de 1980 e 1990. Agora chegam aos 150 mil.

JTM/DN

É no Congo que vivem os gorilas-da-montanha, cuja população aumentou para 880 animais

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Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 JTM | LAZER 15

• • • E AINDA

Os segredos do corpode Jennifer LopezJennifer Lopez pode ter quase 50 anos, ser mãe de dois filhos e uma das mulheres mais atarefadas de Hollywood, mas isso não a impede de se esforçar, diariamente, para manter um corpo de sonho. A cantora latina exibe os seus abdominais trabalhados na capa da mais recente edição da revista “Your Fitness”, e reconhece que o exercício físico desempenha um papel crucial na sua vida. “Adoro a forma como o exercício me faz sentir”, revela a actriz de 47 anos, oferecendo ainda alguns conselhos a quem siga uma rotina semelhante à sua. “Tento manter o meu corpo hidratado e bem descansado depois de cada treino, para ficar pronta para voltar à carga no dia seguinte”. J.Lo, como é conhecida, adverte, no entanto, que não é apenas o exercício que a permite manter uma forma física invejável, mas sim as suas escolhas de vida saudáveis. “Bebo muita água, alimento o meu corpo com comidas saudáveis e faço questão de dormir oito horas todas as noites”.

“Esqueceram-se” da roupa íntima na passadeirado Festival de VenezaA actriz italiana Giulia Salemi e a modelo brasileira Dayane Mello surpreenderam na passadeira vermelha do Festival de Veneza, ao surgirem com vestidos que deixavam muito pouco à imaginação. Segundo a imprensa italiana, ambas as artistas traziam dois vestidos bastante reveladores, mas “esqueceram-se” de usar roupa interior, o que obrigou as publicações a desfigurarem a parte debaixo das fotos. As duas estiveram na ilha do Lido, onde decorre o Festival de Veneza, um dos três mais antigos do mundo, fundado em 1952, para assistir ao filme “The Young Pope”.

Nina Agdal mostra as curvas na Sports Illustrated Summer of Swim IssueA modelo dinamarquesa Nina Agdal posa de forma sensual no parque de diversões de Coney Island para a primeira edição da Sports Illustrated Summer of Swim Issue, num trabalho do fotógrafo Ben Watts. Aos 24 anos de idade, Nina Agdal tem sido presença frequente na Sports Illustrated Swimsuit Issue e é considerada uma das mulheres mais sexy do mundo.

• • • SHOW-BUSINESS

A peregrinação dos fãs dos Beatles

Quando questionado sobre a possibilidade de um ressurgimento dos Beatles, John Lennon evocou o que considerava como a perspectiva

mais deprimente de músicos que se apegam totalmente ao estrelato: “Ir a Las Vegas e cantar os nossos maiores sucessos”, declarou em numa entrevista pouco antes de sua morte, em 1980.

Um quarto de século depois, os Beatles chegaram a Vegas, mas de uma maneira bem mais criativa. Em co-laboração com o Cirque du Soleil, empresa canadiana que durante dois anos teve um espectáculo de grande qualidade no Venetian-Macau que, contudo, parece não ter sido o êxito de bilheteira que se desejava, a Apple Corps, produtora dos Beatles, criou “Love”, uma mon-tagem teatral espectacular de 90 minutos com músicas habilmente remixadas dos Beatles, apresentada no fa-moso Mirage.

Quando “Love” estreou, em 2006, certos críticos de-monstraram cepticismo diante da predição da Apple e do Cirque de que a montagem teria uma temporada de dez anos. Afinal de contas, quantos fãs dos Beatles esta-riam dispostos a ir a las Vegas?

A realidade diz que era uma enorme quantidade. Uma porta-voz do Cirque du Soleil revelou que desde 2006, quase 8 milhões de pessoas viram “Love”.

O show de aniversário — com a presença de Paul McCartney, Ringo Starr e Yoko Ono — introduziu uma versão bastante renovada de “Love”. Dominic Cham-pagne modificou o seu guião inicial, a coreografia foi al-terada, assim como os figurinos pop art ganharam todos cores fluorescentes. A tecnologia de palco e o sistema de som (incluindo mais de 6.000 alto-falantes) foram actua-lizados e a banda sonora remixada.

A banda sonora, naturalmente, é um elemento im-portante no fascínio exercido pelo show. Não apresenta as músicas dos Beatles na sua forma original: George Martin, o produtor da banda falecido em Março, e o seu filho Giles, que desde então supervisiona vários projec-

tos baseados em arquivos dos Beatles, vasculharam as fitas master de sessões dos Beatles e criaram mash-ups, misturando elementos de várias canções para criar uma nova, dando um toque de frescura a canções conhecidas do grupo. E das fitas iniciais, ainda extraíram trechos di-vertidos de conversas nos momentos de folga no estú-dio, que também são usados durante o show.

“A primeira coisa a chamar a atenção é que a mú-sica foi adaptada de maneira muito efectiva”, disse o colunista John Katsilometes, que cobre as páginas de lazer no “The Las Vegas Sun” e na revista “Las Vegas Weekly”. “Além disso, a trajectória profissional dos Bea-tles e a evolução da sua música e imagem encaixam-se muito bem coma criatividade do Cirque. O Cirque du Soleil tem a capacidade de traduzir sons em imagens, e conseguiu transmitir a sensibilidade artística dos Beatles de uma maneira que não funcionou tão bem com outros artistas.”

Até certo ponto, o show é uma versão fantasista e bem-humorada da história dos Beatles ou, no mínimo, de cenas seleccionadas da sua trajectória. Assim que o show começa, com vocais à capela de “Because” e um mash-up de “Get Back” e “Glass Onion”, a encenação e as projecções do Cirque sugerem as privações de Li-

verpool durante a Segunda Guerra Mundial, quando os integrantes dos Beatles nasceram, e cresceram. Todavia, em vez de bombardeios nazistas, são vistos Blue Mea-nies, os vilões do filme de animação “Yellow Submari-ne”.

Embora determine a carreira dos Beatles e amplifique a sua filosofia (“All You Need Is Love” encerra o show), “Love” não é um documentário.

Para os fãs dos Beatles, o show transformou o Mirage num local de peregrinação — o único no mundo onde é possível ver uma produção teatral aprovada pelos des-cendetes dos Beatles com uma banda sonora envolvente baseada nas fitas master.

Um porta-voz da Apple disse não haver planos para um sucessor de “Love”, mas ainda resta muito material a explorar — “Love” apresenta apenas um décimo do songbook dos Beatles.

Um dado dá a dimensão do seu sucesso. Os 8 milhões que viram o espectáculo é um número

muito maior que o total de pessoas que viram os Beatles ao vivo. E os 10 anos de temporada são mesmo inclusi-vamente mais longos que a própria carreira fonográfica do grupo.

JTM com agências internacionais

Uma versão fantasista e bem-humorada da história dos Beatles, “Love” é apresentada por parte do elenco do Cirque du Soleil (Matt Beard). E há 10 anos que está em cartaz em Las Vegas

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16 JTM | ÚLTIMA Terça-feira, 06 de Setembro de 2016 • Fecho da Edição • 23:20 horas

Os resultados das eleições le-gislativas de Hong Kong estão a ser festejados por quase todos os sectores da vida pública da RAEHK.

Uns, os mais radicais, porque, pela primeira vez ganharam oito “vozes” no Conselho Legislativo, apesar de mediaticamente de há muito serem “estrelas”; outros, no denominado campo demo-crático porque, apesar de terem visto partir alguns dos seus mais antigos legisladores, ainda man-tiveram 22 membros e finalmen-te o campo conservador porque obteve uma maioria de 40 de-putados, sem contar ainda com os indirectos que sempre votam com o Governo e os cinco ditos “super” que idem, idem, aspas.

Com toda a gente contente, há que admitir que a afluência de 58 por cento e a alteração geracio-nal e ideológica dos resultados só pode ter como consequências, ainda que lentamente, e passí-veis de serem mal recebidas em Pequim: “depois destas eleições, nada será como dantes”...

ENPASSANTJosé Rocha Dinis

“Nada serácomo dantes

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Subsídio para portadores de deficiência sobe 6,6%O subsídio concedido aos porta-dores de deficiência, que abrange um universo de aproximadamente 8.000 pessoas, subiu 6.6%. O sub-sídio de invalidez, de cariz anual, concedido aos residentes perma-nentes portadores de uma deficiên-cia ligeira ou moderada vai passar para 8.000 patacas, enquanto os que sofrem de uma deficiência grave ou profunda recebem 16.000 patacas, de acordo com um despa-cho do chefe do Executivo publica-do em Boletim Oficial. Além desta medida, o Governo anunciou tam-bém a atribuição de uma prestação extra a 4.000 famílias carenciadas. O Instituto de Ação Social (IAS) co-meçou ontem a atribuir uma pres-tação extra do subsídio regular, com o objetivo de “ajudar essas fa-mílias a resolver as despesas extra resultantes do novo ano lectivo e das festividades do bolo lunar”. O instituto deu conta de que a medi-da vai representar um encargo na ordem dos 24 milhões de patacas. São considerados como estando numa situação de carência econó-mica pessoas ou famílias cujos ren-dimentos sejam inferiores ao valor do risco social – 4.050 patacas para quem vive sozinho e 18.870 patacas para famílias com número igual ou superior a oito membros.

O panda gigante já não éespécie em vias de extinçãoO panda gigante já não está em risco de extinção, anunciou ontem a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A instituição desceu a classificação do animal na lista de espécies ameaçadas, de “ameaçado de extinção” para “vul-nerável”. O animal, que vive apenas em algumas regiões de montanha na China, estava em perigo de extinção desde 1990, e é considerado um dos símbolos da conservação das espécies animais. Ainda assim, a IUCN alerta para o facto de que “as alterações climáticas poderem eliminar mais de 35% do habitat natural de bambu dos pandas nos próximos 80 anos, pelo que a população de pandas poder diminuir”. O Fundo Mundial para a Natureza (WWF), sublinhou que o número de reservas que protegem os pandas já subiu para 67, abrangendo perto de dois terços de todos os pandas selvagens. De acordo com a IUCN, a população total de pandas é agora de cerca de 2.060 indivíduos.

Shuttle bus da Wynnenvolvido em acidenteUm shuttle bus da operadora de jogo Wynn Macau envolveu-se num acidente, no domingo, nas imediações da Praça das Portas do Cerco e sobre o qual não há registo de feridos graves. De acordo com o Corpo de Polícia de Segurança Pública, o condutor do autocarro sofreu ferimentos ligeiros. Segundo as informações preliminares, o veículo “acelerou” repentinamente em direcção a um passeio quando tentava estacionar, causando estragos em dois chapéus de sol da operadora. Além disso, duas horas de-pois do acidente, as autoridades foram notificadas para o choque na Avenida do Coronel Mesquita entre um autocarro turístico e um motociclo, sendo que o condutor ficou com hemorragia na cabeça no momento do embate.

Nobel da Economia defende saída de Portugal do euroO Nobel da Economia Joseph Stiglitz defendeu, em entrevista à Antena 1 ontem divulgada, que o melhor caminho para Portugal será sair do euro, já que se permanecer na moeda única irá ter dificuldades no fu-turo. “Acho que a Europa, como um todo, devia começar a pensar num divórcio amigável com alguns países, para estes pensarem em formas para lidar com a saída. Não será um processo imune a dificuldades (...). Custa mais a Portugal ficar do que sair do euro”, disse o economista. Segundo Joseph Stiglitz, caso Portugal permaneça na moeda única “está condenado”, salientando que a Europa “não tem, nem vai ter condições políticas para fazer as mudanças necessárias” e, como tal, aconselha os portugueses a sair do euro. O economista lembrou que a saída do euro daria a Portugal condições para “crescer, criar emprego e um processo de restruturação da dívida”, sublinhando que, “apesar de ser duro”, uma vez a “dívida estruturada, a moeda cresceria”.

Presidente filipino proclamaestado de emergência nacionalO Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, assinou ontem o decreto que proclama o “estado de emergência nacional pela violência anárquica” após o atentado de sexta-feira que deixou 14 mortos e 67 feridos. Com esta medida, Duterte ordena às Forças Armadas e a Polícia Nacional “re-primir todas as formas de violência anárquica em Mindanao” e “prevenir a sua propagação e intensificação no resto do território”, segundo o texto. A determinação “permanecerá em vigor até que seja suspensa ou retirada pelo Presidente”. O governo explicou à população que não se trata da lei marcial. O conselheiro de paz da presidência das Filipinas, Jesus Dureza, detalhou em comunicado que a medida “simplesmente ordena às Forças Armadas realizar operações que normalmente só correspondem à Polícia”.