FORAMINÍFEROS COMO FERRAMENTA DE ESTUDO NA GEOLOGIA AMBIENTAL … · 2017-11-03 · universidade...

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica DISSERTAÇÃO DE MESTRADO FORAMINÍFEROS COMO FERRAMENTA DE ESTUDO NA GEOLOGIA AMBIENTAL DO ESTUÁRIO DO RIO POTENGI E DA PLATAFORMA INTERNA, RN, BRASIL Autora: CRISTIANE LEÃO CORDEIRO DE FARIAS Orientadora: Dra. PATRÍCIA PINHEIRO BECK EICHLER Co Orientadora: DRA. HELENICE VITAL Dissertação n o 159 Natal-RN, 16 de novembro de 2015

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Exatas e da Terra

Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

FORAMINÍFEROS COMO FERRAMENTA DE ESTUDO

NA GEOLOGIA AMBIENTAL DO ESTUÁRIO DO RIO

POTENGI E DA PLATAFORMA INTERNA, RN, BRASIL

Autora:

CRISTIANE LEÃO CORDEIRO DE FARIAS

Orientadora:

Dra. PATRÍCIA PINHEIRO BECK EICHLER

Co – Orientadora:

DRA. HELENICE VITAL

Dissertação no 159

Natal-RN, 16 de novembro de 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

FORAMINÍFEROS COMO FERRAMENTA DE ESTUDO

NA GEOLOGIA AMBIENTAL DO ESTUÁRIO DO RIO

POTENGI E DA PLATAFORMA INTERNA, RN, BRASIL

Autora:

Cristiane Leão Cordeiro de Farias

Dissertação apresentada em 16 de novembro

de 2015, ao Programa de Pós-Graduação em

Geodinâmica e Geofísica – PPGG, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

- UFRN como requisito à obtenção do Título

de Mestre em Geodinâmica e Geofísica, com

área de concentração em Geodinâmica.

Comissão Examinadora:

Dra. Patrícia Pinheiro Beck Eichler (orientadora)

Dr. Moab Praxedes Gomes (membro interno)

Dra. Silvia Helena de Melo e Sousa (membro externo)

Natal-RN, 16 de novembro de 2015.

i

ii

RESUMO

O estuário do rio Potengi tem sido afetado por diversos fatores antrópicos ao

longo dos anos, como dragagens periódicas, dejetos industriais e domésticos,

intenso tráfego e entre outros fatores, ocasionando vários desastres ambientais,

entre eles o notório acidente ecológico ocorrido em Julho de 2007, que abrangeu

os municípios de São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Natal. Os foraminíferos

atuam como ferramentas de estudo viáveis nesses ambientes, pois são capazes de

indicar ambientes ecologicamente estressados, apontando as alterações

hidrográficas e os ambientes deposicionais em estuários. Verificar gradientes

ambientais em locais antropicamente impactados no rio Potengi e em sua

plataforma interna através de espécies de foraminíferos, e sua resposta aos

fatores físicos, químicos e geológicos são importantes no diagnostico de

ambientes. Os resultados mostram a dominância de foraminíferos oportunistas

Ammonia tepida, Bolivina striatula, Quinqueloculina patagonica e Q. miletti

especialmente nas regiões próximas às fazendas de carcinicultura e ao esgoto do

Canal do Baldo em ambientes de granulometria fina; e Q. lamarckiana indica

penetração da cunha salina no rio Potengi. Ocorreram algumas espécies

características de manguezais, tolerantes à baixa salinidade como Trochammina.

inflata e T. squamata no Canal do Rio Potengi, sugerindo provável transporte do

material sedimentológico para as regiões de plataforma interna e que o

contribuinte fluvial é capaz de exportar organismos mixohalinos, tolerantes à

baixa salinidade, para a plataforma interna. Pode-se concluir nesse estudo que o

estuário é regido por dois ambientes distintos, onde a área mais externa sofre

forte influência marinha e a área mais interna sofre fraca influência salina. O rio

Potengi é dominado por espécies calcárias e aglutinantes, enquanto que a foz e a

plataforma interna são dominadas pelas espécies calcárias, aglutinantes e

porcelanáceas, as quais são típicas de ambientes com alta salinidade e

hidrodinâmica. A distribuição dos foraminíferos está condicionada às correntes

fluviais e marinhas, a granulometria e a disponibilidade de CaCO3 e de matéria

orgânica. Palavras chave: rio Potengi, estuário, plataforma interna, foraminíferos

bentônicos, granulometria.

iii

ABSTRACT

The Potengi River estuary has been affected by various anthropogenic factors

over the years, as periodic dredging, industrial and domestic waste, traffic and

other factors, causing various environmental disasters, including the notorious

ecological accident in July 2007, which covered the municipalities of São

Gonçalo do Amarante, Macaíba and Natal. Foraminifera serve as viable study

tools in these environments; they are able to identify ecologically stressed

environments, pointing out hydrographic changes and depositional environments

in estuaries. The necessity to check the differences in environmental gradients in

places anthropically impacted in Potengi River and adjacent inner shelf through

species of foraminifera, and, the responses of these organisms to physical,

chemical and geological factors is to provide baseline in the diagnosis of

environments. The results show the dominance of opportunistic Ammonia tepida,

Bolivina striatula, Quinqueloculina patagonica and Q. miletti especially in

regions close to shrimp farms and Baldo Channel sewage in fine grain

environments; and Q. lamarckiana indicates penetration of the saline waters in

Potengi River. The occurrence of low-salinity tolerant foraminiferal species

typical of mangrove environments as Trochammina inflata and T. squamata in

Potengi River Channel suggest they probably could have been transported from

mangrove area near the Potengi river mouth to the inner shelf regions. These

findings suggest Potengi River is able to export mixohaline and mangrove

organisms to inner shelf. Two distinct environments were observed, the

outermost area is more influenced by marine influence and the innermost area is

less influenced. Calcareous and agglutinated species dominate Potengi River,

while mouth and inner shelf areas are dominated by calcareous, agglutinated and

porcelaneous species, which are typical of highly saline and hydrodynamic

environments and the contributive factors that controls foraminiferal distribution

were balance of marine and freshwater currents, grain size, availability of CaCO3

and organic matter.

Key words: Potengi River, estuary, inner shelf, benthic foraminifera, grain size.

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Universidade Federal do Rio Grande do Norte pelo apoio logístico e

por toda a estrutura necessária para o desenvolvimento do trabalho.

Agradeço aos seguintes projetos que viabilizaram meu mestrado: CNPq INCT

AmbTropic/WG 2.1, CAPES–Ciências do Mar 207-10; PRH22-

ANP/MCT;PLAT N-NE Rede 05 / FINEP / CTPETRO; CNPq; PROBRAL 337-

10 (CAPES/DAAD), CAPES PVE 151/2012 (Ciências sem Fronteiras),

MCTI/CNPq Nº 23/2011 - Apoio Técnico para Fortalecimento da Paleontologia

Nacional.(552976/2011-3), CAPES através do Edital Ciências do Mar

(207/2010) para a bolsa de Post Doc no Laboratório de Geologia e Geofísica

Marinha e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (GGEMMA-UFRN-Brazil). Agradeço a todos os professores e

funcionários do Departamento de Geologia da UFRN pelos apoios prestados e

em especial à Nildinha, que me ajudou em todos os contratempos e estresses, que

não foram poucos. Muito obrigada!

Sou grata ao Laboratório de Sedimentologia do Departamento de Geologia da

UFRN e à técnica/chefe do laboratório Fátima e dos seus monitores pelo

fornecimento dos produtos químicos e dos equipamentos necessários para a

realização dos procedimentos analíticos.

Com muita gratidão ao Museu Câmara Cascudo pelo fornecimento do laboratório

para a realização dos procedimentos granulométricos; à chefe do departamento

Iracema Miranda da Silveira e a Janny e Fiética pela ajuda prestada, pelas

risadas e pela amizade.

É com muita gratidão ao Departamento de Geoquímica da UFRN pelo

fornecimento do laboratório para a realização dos procedimentos biológicos; e

agradeço também a professora Raquel Franco De Souza e aos monitores

Emerson, Robson Rafael e Ingrid de Castro dos Santos deste departamento pela

ajuda nesta etapa.

Agradeço ao Departamento de Química da UFRN e à professora Dra. Rosangela

de Carvalho Balaban a utilização do laboratório para a realização dos

v

procedimentos granulométricos. Agradeço também às monitoras Luciana e

Sthepanie pela ajuda prestada e pelo seu tempo em ajudar nas análises.

Meus agradecimentos também ao Departamento de Geografia da UFRN pelo

fornecimento do laboratório para a realização dos procedimentos, em especial à

professora Zuleide Maria Carvalho Lima e a Joyce e Ivaniza não só pela ajuda

prestada, mas também pelas risadas e pelos momentos musicais ecléticos (MPB,

samba, rock, etc). Foi muito divertido trabalhar com vocês!

Serei eternamente grata à minha orientadora, mentora e amiga, profa. Dra.

Patrícia Pinheiro Beck Eichler por todo o apoio, paciência e suporte não só no

desenvolvimento desse trabalho, mas também por ter me aberto as portas e me

dado a oportunidade de trabalhar como estagiária por dois anos. A você, querida

mestra, minha eterna gratidão!

É com muita satisfação que agradeço à minha co-orientadora profa. Dra.

Helenice Vital que me recebeu no GEMMA e auxiliou no meu aprimoramento

acadêmico e desse trabalho, através do fornecimento de materiais bibliográficos

sobre geologia, oceanografia e enviando declarações para vários departamentos

da UFRN e agradeço, ainda, pela oportunidade no GEMMA. A você, professora

e amiga, muitíssimo obrigada!

Sou totalmente grata ao professor Dr. Moab Praxedes Gomes pelo

esclarecimento de dúvidas e sugestões de grande valia no meu trabalho.

Também agradeço ao professor Dr. Narendra Kumar Srivastava por informações,

sugestões e bibliografias.

É com muita honra e gratidão que dedico essa vitória ao professor Dr. Barun Sen

Gupta (professor visitante da Lousiana State University) pelo suporte, apoio e

paciência na identificação de espécies de foraminíferos e suas características

singulares. Muito obrigada por tudo!

É com muita satisfação e consideração que agradeço ao IBAMA pela ajuda

prestada, em especial ao superintendente Alvamar Costa de Queiroz e o

coordenador de gabinete Luiz Eduardo Carvalho Bonilha pelo fornecimento do

mapa da área afetada e dos pareceres técnicos; ao analista ambiental Airton De

Grande por ceder um horário de seu tempo para assistir ao filme – documentário

vi

“Rio Contado”; e à recepcionista do gabinete da superintendência Francisca

Batista Mendes, pela cortesia e atenção.

Agradeço carinhosamente aos meus pais Paulo Roberto Cordeiro de Farias e

Maria Goretti Leão Cordeiro de Farias; às minhas irmãs Danielle e Caroline Leão

Cordeiro de Farias e a minha querida sobrinha e anjinha Isabelinha pelo amor e

carinho incondicionais e me ajudaram a vencer todas as dificuldades da vida;

principalmente ao meu pai, que me ajudou nos estudos com geologia geral para a

prova de mestrado e nos módulos necessários para o mestrado, me tirando as

dúvidas sempre que era necessário.

Sou grata a todos os meus colegas e amigos do laboratório de Geologia e

Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental (GEMMA), em especial ao

André, que com MUITA paciência me ajudou a confeccionar os mapas da área

de estudo e de contorno das espécies de foraminíferos; à Isabelle Barros que me

explicou as diferentes granulometrias existentes; à Isabelle e ao Cordeiro que me

explicaram a metodologia granulométrica aplicada no museu; e ao Canindé, que

coletou as amostras do rio Potengi.

Às minhas amigas de longa data Andrea “Adrenalina” e Rízia que, mesmo tendo

vidas muito corridas e ocupadas, sempre acharam um jeitinho de sairmos e

jogarmos conversa fora. Adoro vocês!

Agradeço principalmente a Deus pela oportunidade que me foi dada, pela

família, pelos amigos que adquiri ao longo da vida e pelas pessoas que me

ajudaram a vencer em todas as dificuldades que surgiram no caminho e por ter

vencido esta nova etapa que se chama mestrado, que era um sonho que há tanto

tempo estava sendo pelejado arduamente e agora foi superado com muito

trabalho duro e muito suor.

vii

ÍNDICE

RESUMO ii

ABSTRACT iii

AGRADECIMENTOS iv

ÍNDICE vii

ÍNDICE DE FIGURAS ix

ÍNDICE DE TABELAS xiv

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS xvi

1 – Introdução 18

2 – Área de estudo 22

2.1 – Definição de estuários, classificação, características sedimentares e

importância

22

2.1.1 Definições de estuários 22

2.1.2 Hidrodinâmica do fluxo e dispersão dos sedimentos 25

2.1.3 Importância dos estuários 26

2.1.4 Ameaças aos estuários 27

2.2 – Definição e importância da geologia ambiental 38

2.3 – O estuário do rio Potengi 29

2.4 – Aspectos fisiográficos 30

2.5 – O acidente de Julho de 2007 31

2.6 – Aspectos sociais 33

2.7 – Aspectos geológicos regionais 35

3 – Materiais e métodos 41

3.1 – Amostragem 41

3.2 – Parâmetros biológicos 44

3.3 – Parâmetros sedimentológicos 46

3.4 – Constituintes orgânicos 52

3.5 – Análise estatística 53

3.5.1 Análise univariada 53

3.5.2 Análise multivariada 54

4 – Resultados 56

4.1 – Descrição dos dados abióticos 58

4.1.1 Amostragem de Outubro de 2011 58

4.1.2 Amostragem de Janeiro de 2012 62

4.1.3 Análise comparativa dos mapas de georreferenciamento da

granulometria de Outubro de 2011 e Janeiro de 2012

66

4.2 – agrupamentos e similaridades das comunidades de foraminíferos 72

4.2.1 Amostragem de Outubro de 2011 73

4.2.2 Amostragem de Janeiro de 2012 84

4.2.3 Análise comparativa dos mapas de georreferenciamento dos

viii

foraminíferos de Outubro de 2011 e Janeiro de 2012 94

5 – Discussões 101

6 – Conclusões 109

REFERÊNCIAS 110

APÊNDICE 117

8 – Artigo 119

8.1 – Introdução 123

8.2 – Caracterização da área de estudo 123

8.2.1 O rio Potengi 123

8.2.2 Aspectos fisiográficos 123

8.2.3 Aspectos geologicos 124

8.3 – Materiais e métodos 124

8.3.1 Parâmetros biológicos 126

8.3.2 Parâmetros sedimentológicos 127

8.3.3 Análises estatísticas 127

8.4 – Resultados 128

8.5 – Discussões 149

8.6 – Conclusões 155

8.7 – Agradecimentos 156

Referências 157

ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1: Representação esquemática da morfologia de um estuário e dos

processos nele atuantes, comparando os limites destes de acordo com as

definições de Pritchard (1967) e Dalrymple et al. (1992). (B) Distribuição

esquemática e intensidade relativa dos processos físicos operando no

estuário, indicando o zoneamento faciológico tripartite resultante.

Observar os sentidos de fornecimento de sedimento e a bidirecionalidade

dos processos de onda e de marés, que afetarão também as estruturas

sedimentares primárias. Compilado de Boyd et al. (2006).

23

Figura 2.2: Estuário dominado por ondas. Distribuição de (A) Tipos de

energia; (B) componentes morfológicos do estuário em planta e (C)

Distribuição em seção longitudinal das fácies sedimentares no interior de

um estuário dominado por ondas idealizado. NMM = Nível médio do mar.

Washover = depósitos de arrombamento da barreira. Adaptado de

Dalrymple et al. (1992 por Boyd et al. (2006). Compilado de Boyd et al.

(2006).

24

Figura 2.3: Estuário ideal dominado por marés. Distribuição de: (A) Tipos

de energia e: (B) Elementos morfológicos em planta no interior do

estuário. Compilado de Boyd et al. (2006).

25

Figura 2.4: Modelo de circulação estuarina e rotas dos sedimentos de

acordo com a distribuição de fluxos fluvial e marinho (ondas e correntes

de marés). Compilado de Rossetti (2008).

26

Figura 2.5: Peixes e crustáceos mortos no rio Potengi, Natal, RN. Fonte:

http://www.meioambiente.ufrn.br/wp-content/uploads/2015/08/0-CAPA-

Mortandade-de-peixes-POTENGINATAL.jpg.

32

Figura 2.6: Vista geral do estuário Potengí-Jundiaí, incluindo o retângulo

amarelo com a área diretamente afetada pelo acidente, medida em

extensão do rio de 3 km na data de 29 de julho de 2007, por meio de

estimativa visual (elevada concentração de peixes mortos). O trecho do rio

com destaque em azul mostra a extensão de distribuição de peixes mortos

no dia 30 de julho de 2007, por cerca de 10 km, até a ponte do Guarapes.

(Compilado do Parecer Técnico IBAMA n.º 02021.000032/2015-87,

2015).

32

Figura 2.7: (A) Calha do rio Potengi; vista para jusante, da ponte da BR-

304/RN, km 269, vendo-se antigos terraços fluviais entalhados pelo curso

atual. (B) Fotos: Farias (janeiro de 2016).

34

Figura 2.8: Calha do rio Potengi, vista para montante, da ponte da BR-

304/RN, km 269, vendo-se a draga e os montes de areia extraída do rio,

acumulados na margem direita aguardando transporte. Foto: Farias

(janeiro de 2016).

34

Figura 2.9: Vista aérea oblíqua do estuário do rio Potengi, mostrando a

ocupação humana de suas margens. Em primeiro plano, delimitado pelo

quadrado amarelo, o local do acidente ecológico de 2007. Ao fundo, a

cidade de Natal. Foto: Farias (2011).

35

x

Figura 2.10: Mapa geológico simplificado da região em torno de Natal.

Fonte: Frazão (20103, modificado de Bezerra et al., 2001).

36

Figura 2.11: Mapa geológico simplificado da região da foz do estuário

Potengi. Compilado de Cunha (1982).

36

Figura 2.12: (A) Praia do Y, margem direita, próximo à foz do rio Potengi,

vendo-se ao fundo (montante do rio) bancos lamosos colonizados pela

vegetação de mangue. (B) Ponte Antenor Navarro e a praia da Redinha

Velha ao fundo (margem esquerda do rio Potengi). Fotos: Farias (2013).

37

Figura 2.13: Vista aérea oblíqua do estuário do rio Potengi em direção à

sua foz, mostrando os bancos lamosos colonizados por vegetação de

mangue e em parte ocupados pela carcinicultura e pela área urbana.

38

Figura 2.14: Mapa de distribuição de sedimentos no estuário do rio

Potengi. Compilado de Frazão e Vital (2007).

39

Figura 3.1: Mapa da área de estudo das duas amostragens realizadas. (A)

Outubro de 2011 e (B) Janeiro de 2012.

42

Figura 3.2: Draga van veen usada para a coleta das amostras. 43

Figura 3.3: Coleta do material sedimentológico e biológico. 43

Figura 3.4: A sonda CTD. 43

Figura 3.5: (A) Procedimento de peneiramento em via úmida utilizando-se

duas peneiras de 0,500 mm e 0,062 mm; (B) As amostras sendo colocadas

dentro da estufa para serem secadas dentro da estufa a 60º C e; (C) A

utilização do tricloroetileno para separar as carapaças dos foraminíferos

das frações mais pesadas, as quais se depositam no fundo.

45

Figura 3.6: À esquerda, os foraminíferos sendo transferidos com o pincel

da placa de análise para as lâminas de fundo preto (triagem); e à direita, a

identificação dos foraminíferos baseado no livro de Boltovskoy et al.

(1980).

46

Figura 3.7: (A) Eliminação de água contendo sais que possam afetar as

análises; (B) secagem dos sedimentos nas chapas sob a temperatura de 60º

C e; (C) processo de quarteamento dos sedimentos para as análises de

matéria orgânica, CaCO3 e granulometria.

47

Figura 3.8: Em (A) e (B) as amostras sendo tratadas com o peróxido

(H2O2); e em (C) as amostras sendo lavadas após o tratamento.

49

Figura 3.9: A primeira etapa da análise granulométrica. Em (A) a

sequência de peneiras no Agitador de Peneiras RO-TAP Modelo “T”; (B)

a foto ilustrativa da peneira 1.00 mm mostrando seu conteúdo; (C) as

placas de metal enumeradas de 1 a 8 de acordo com a ordem da sequência

de peneiras e seu conteúdo já retirado; (D) as amostras sendo pesadas e

catalogadas no bloco de notas; (E) as amostras sendo guardadas

separadamente em saquinhos para que em (F) sejam guardados para

arquivo.

50

Figura 3.10: (A) Cadinhos de porcelana contendo os sedimentos dentro da

mufla; (B) mufla sendo ligada para queimar a matéria orgânica (M.O); (C)

após a queima da MO, os cadinhos são colocados dentro da estufa para

resfriar e; (D) pesagem dos sedimentos para mensurar a perda de M.O.

51

xi

Figura 4.1: Dados pluviométricos em (A) Outubro de 2011 e (B) Janeiro

de 2012.

56

Figura 4.2 Análise de PCA de Outubro de 2011, mostrando gráfico com os

agrupamentos das estações conforme os valores positivos e negativos do

PC1 e PC2, além da disposição dos parâmetros abióticos em relação a

todos os quadrantes.

60

Figura 4.3: Análise de PCA de Janeiro de 2012, mostrando gráfico com os

agrupamentos das estações conforme os valores positivos e negativos do

PC1 e PC2, além da disposição dos parâmetros abióticos em relação a

todos os quadrantes.

64

Figura 4.4: Porcentagem de cascalho no rio Potengi e na plataforma

interna em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

67

Figura 4.5: Porcentagem de areia grossa no rio Potengi e na plataforma

interna em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

68

Figura 4.6: Porcentagem de areia muito grossa no rio Potengi e na

plataforma interna em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

68

Figura 4.7: Porcentagem de areia média no rio Potengi e na plataforma

interna em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

69

Figura 4.8: Porcentagem de areia fina no rio Potengi e na plataforma

interna em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

70

Figura 4.9: Porcentagem de areia muito fina no rio Potengi e na plataforma

interna em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

71

Figura 4.10: Porcentagem de argila e silte no rio Potengi e na plataforma

interna em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

72

Figura 4.11: Dendograma formado pelo CLUSTER mostrando o

agrupamento das estações conforme a similaridade das espécies de

foraminíferos encontradas entre elas em Outubro de 2011.

82

Figura 4.12: Grupos formados a partir da aplicação de MDS nos dados

bióticos de Outubro de 2011.

84

Figura 4.13: Dendograma formado pelo CLUSTER mostrando o

agrupamento das estações conforme a similaridade das espécies de

foraminíferos encontradas entre elas em Janeiro de 2012.

93

Figura 4.13: Grupos formados a partir da aplicação de MDS nos dados

bióticos de Janeiro de 2012.

94

Figura 4.14: Abundância relativa do gênero Ammonia spp. em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

95

Figura 4.15: Abundância relativa do gênero Bolivina spp. em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

96

Figura 4.16: Abundância relativa da espécie Caronia exilis em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

97

Figura 4.17: Abundância relativa do gênero Elphidium spp. em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

98

Figura 4.18: Abundância relativa do gênero Quinqueloculina spp. em

Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

98

Figura 4.19: Abundância relativa do gênero Textularia spp. em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

99

xii

Prancha 1: Espécies principais ocorrentes no rio Potengi e na plataforma

interna. 1: Ammonia tepida; 2: Bolivina striatula; 3: Caronia exilis; 4:

Cibicides spp; 5: Elphidium spp; 6: Hanzawaia boueana; 7: Pseudononium

atlanticum; 8 – 10: Quinqueloculina spp; 11: Textularia spp.

117

Figura 8.1: Mapa da área de estudo das duas amostragens realizadas, a

primeira em outubro de 2011 (triângulos) e a segunda em janeiro de 2012

(círculos).

125

Figura 8.2: Prancha ilustrativa das espécies dominantes selecionadas. 1:

Ammonia spp; 2: Bolivina striatula; 3: Caronia exilis; 4: Cibicides spp; 5:

Elphidium spp; 6: Hanzawaia boueana; 7: Pseudononium atlanticum; 8 –

10: Quinqueloculina spp; 11: Textularia spp.

127

Figura 8.3: Dados pluviométricos em Outubro de 2011 (A) e em Janeiro de

2012 (B).

128

Figura 8.4: Gráfico com os agrupamentos das estações conforme os

valores do PC1 e PC2, além da disposição dos parâmetros abióticos em

relação aos quadrantes da primeira coleta.

134

Figura 8.5: Dados abióticos de PCA de Janeiro de 2012 135

Figura 8.6: Dendograma mostrando o agrupamento das estações conforme

a similaridade das espécies de foraminíferos encontradas entre elas da

primeira coleta.

136

Figura 8.7: As análises de CLUSTER das amostras demonstrando o nível

de similaridade entre as estações, dividindo-as em três grupos: Plataforma

Interna (5 – 16), Canal do Rio Potengi (17 – 24) e Foz do Rio Potengi (1 –

4).

138

Figura 8.8: Abundância relativa do gênero Ammonia spp. em Outubro de

2011 e em Janeiro de 2012.

141

Figura 8.9: Abundância relativa do gênero Bolivina spp. em Outubro de

2011 e em Janeiro de 2012.

142

Figura 8.10: Abundância relativa da espécie Caronia exilis em Outubro de

2011 e em Janeiro de 2012.

142

Figura 8.11: Abundância relativa do gênero Quinqueloculina spp. em

Outubro de 2011 e em Janeiro de 2012.

143

Figura 8.12: Abundância relativa do gênero Textularia em Outubro de

2011 e em Janeiro de 2012.

143

Figura 8.13: Porcentagem de cascalho no Rio Potengi e na plataforma

continental em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

144

Figura 8.14: Porcentagem de areia grossa no Rio Potengi e na plataforma

continental em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

145

Figura 8.15: Porcentagem de areia muito grossa no Rio Potengi e na

plataforma continental em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

145

Figura 8.16: Porcentagem de areia média no Rio Potengi e na plataforma

continental em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

146

Figura 8.17: Porcentagem de areia fina no Rio Potengi e na plataforma

continental em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

147

xiii

Figura 8.18: Porcentagem de areia muito fina no Rio Potengi e na

plataforma continental em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

147

Figura 8.19: Porcentagem de argila e silte no Rio Potengi e na plataforma

continental em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

158

xiv

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 4.1: Quadro gerado pelo PCA, com destaque para a boa variação

cumulativa encontrada no PC2.

58

Tabela 4.2: Valores do PC1 e PC2 para os parâmetros abióticos usados no

PCA. Os valores positivos e negativos do PC1 e PC2 desta tabela estão

correspondentes aos eixos PC1 e PC2 da figura 24, os quais possuem

valores positivos e negativos para determinado componente abiótico.

59

Tabela 4.3: Parâmetros abióticos da coleta de Outubro de 2011. *Nota: a

estação 3 veio pouco material sedimentológico e foi insuficiente para as

porcentagens.

61

Tabela 4.4: Dados fornecidos pela análise BIOENV para Outubro de 2011,

mostrando os principais fatores que se relacionam com a biota da região.

62

Tabela 4.5: Parâmetros abióticos de Janeiro de 2012. 65

Tabela 4.6: Dados fornecidos pela análise BIOENV para Janeiro de 2012,

mostrando os principais fatores que se relacionam com a biota da região.

65

Tabela 4.7: Relação das espécies quanto à composição da carapaça na

tabela à esquerda; e relação das espécies quanto ao hábitat: marinho,

mixohalino, mangue ou cosmopolita na tabela à direita em Outubro de

2011.

74

Tabela 4.8: Relação das espécies identificadas vivas e mortas de cada

estação na amostragem de Outubro de 2011.

76

Tabela 4.9: Frequência absoluta das espécies identificadas na amostragem

de Outubro de 2011.

77

Tabela 4.10: Frequência relativa das espécies identificadas na amostragem

de Outubro de 2011.

78

Tabela 4.11: Relação das espécies quanto à composição da carapaça na

tabela à esquerda; e relação das espécies quanto ao hábitat: marinho,

mixohalino, mangue ou cosmopolita na tabela à direita em Janeiro de 2012.

85

Tabela 4.12: Relação das espécies identificadas vivas e mortas de cada

estação na amostragem de Janeiro de 2012.

87

Tabela 4.13: Frequência absoluta das espécies identificadas na amostragem

de Janeiro de 2012.

89

Tabela 4.14: Frequência relativa das espécies identificadas na amostragem

de Janeiro de 2012.

91

Tabela 8.1: Parâmetros abióticos da coleta de Outubro de 2011. 129

Tabela 8.2: Análise granulométrica por estação de Outubro de 2011. 130

Tabela 8.3: Parâmetros abióticos da coleta de Janeiro de 2012. 131

Tabela 8.4: Análise granulométrica por estação de Janeiro de 2012. 132

Tabela 8.5: Quadro gerado pelo PCA, com destaque para a variação

cumulativa encontrada na somatória do PC1 e PC2.

133

Tabela 8.6: Valores do PC1 e PC2 para os parâmetros abióticos usados no

PCA.

133

Tabela 8.7: Frequência relativa das espécies encontradas na coleta de

Outubro de 2011.

139

xv

Tabela 8.8: Frequência relativa das espécies encontradas na coleta de

janeiro de 2012.

140

xvi

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

a.C Antes de Cristo

BIOENV Matriz de dados biológicos e abióticos

CaCO3 Carbonato de cálcio

cm3 Centímetros cúbicos

CLUSTER Análise de agrupamentos para as estações e/ou espécies

cm Centímetros

C org. Medido EA Carbono orgânico medido em analisador elementar

C org. Total Carbono orgânico total

CTD Aparelho que mede a profundidade, condutividade e temperatura oC Graus Celsius

C2HCl3

Tricloroetileno

g/ml Grama por mililitro

g/cm3 Grama por centímetro cúbico

HCl Ácido clorídrico

H2O2 Peróxido de hidrogênio

km Quilômetros

km2 Quilômetros quadrados

Ltda. Limitada

m Metros

M.a Milhões de anos

MDS Escala multidimensional não – métrica

mg Miligramas

ml Mililitros

mm Milímetros

M.O Matéria orgânica

N total Nitrogênio total

No Número

PC Componente principal

PCA Análise do componente principal

Ppm Partes por milhão

spp Espécies

vpm Voltas por minuto

vs Versus

δ Isótopo

δ13

C Isótopo de carbono 13

δ15

N Isótopo de nitrogênio 15

17

Capítulo 1

18

1 – Introdução

O rio Potengi é considerado um dos maiores estuários da costa brasileira e

faz fronteira com os municípios de Macaíba, São Gonçalo do Amarante e Natal.

Cunha (2004) considera que o estuário do Potengi exerce um papel fundamental

de sustentação das atividades urbanas e turísticas, com significativo reflexo no

equilíbrio socioeconômico da região de Natal. Além da população que tem

atividades de subsistência diretamente ligadas ao estuário, como é o caso

específico da comunidade de pescadores, o estuário tem um importante papel no

abastecimento de mercadorias, combustíveis e no escoamento da produção

primária e secundária do Estado do Rio Grande do Norte, através do Porto de

Natal, situado na margem direita.

Contudo, este importante estuário tem sido afetado pela ação antrópica,

como foi mostrado nos trabalhos de Ramos e Silva et al. (2006), Silva et al.

(2001), Pereira (1999), Frazão (2003) e Cunha (2004), envolvendo dragagens

periódicas da calha do rio, descargas de efluentes sem tratamento dos esgotos e

industriais de vários setores, crescente expansão demográfica e industrial da

cidade, atividades de turismo e lazer, construção de margens artificiais,

construção de um guia de corrente na região da Boca da Barra e a

superurbanização da região costeira.

A geologia ambiental tem a função de analisar as interações humanas com

o ambiente físico, onde são estudados os processos naturais da Terra, como os

processos erosivos e os potenciais riscos naturais que afetam a população, como

as inundações, terremotos, entre outros (Keller, 2012). Essa ciência tem também

importância na análise dos processos geológicos, como a deposição dos

sedimentos de fundo marinho (Suguio, 1999).

Tais efeitos antrópicos afetam o ecossistema, causando processos erosivos

provocadas pelas correntes fluviais das marés, formando bancos de areia nas

margens côncavas e remobilização dos sedimentos erodidos nas margens

convexas (Pereira, 1999), contaminação por metais pesados lançados pelas

fábricas e esgotos (Ramos e Silva et al., 2006; Silva et al., 2001; De Souza et al.,

2010). Como resultado mais danoso desses fatores, ocorreu o acidente ecológico

19

de grandes proporções em Julho de 2007, com a morte de 40 toneladas de peixes,

além de aves e animais mortos na área que abrangeu os municípios de São

Gonçalo do Amarante, Macaíba e Natal (Parecer Técnico no

02021.000145/2014-00 do IBAMA, 2014).

Os foraminíferos são protistas bentônicos ou planctônicos que surgiram no

Cambriano (Era Paleozóica, há aproximadamente 570 M.a) e desde então eles

proliferaram, evoluíram e existem até o Recente, principalmente em ambientes

marinhos (Vilela, 2004). Os foraminíferos do início do Paleozóico possuíam

apenas tecas aglutinantes (que continuam até o Recente), porém no decorrer do

Paleozóico, surgiram as tecas microgranulares e finalmente os foraminíferos com

tecas calcárias lamelares ou porcelanosas (Boersma, 1978). Até o presente,

existem 60.000 espécies de fósseis e recentes validamente catalogadas e 10.000

espécies estimadas (incluindo apenas 40 – 50 espécies planctônicas) viventes,

constituindo o grupo mais diverso de microrganismos com carapaça nos mares

modernos (Debenay, 2012). Os foraminíferos podem ser utilizados em vários

setores das ciências da terra, como a paleoecologia, paleogeografia,

bioestratigrafia, exploração de petróleo, cronologia dos depósitos do quaternário

e estudos evolutivos (Yassini & Jones, 1995).

A dinâmica populacional dos foraminíferos responde bem à contaminação

e poluição, como foi mostrado por Eichler et al. (2014), em que o teor de acidez

dos sedimentos provocado por acidente de óleo na Baía de Guanabara resultou na

dissolução das carapaças de carbonato de cálcio de várias espécies de

foraminíferos. Assim, dependendo da tolerância dos foraminíferos uma

determinada situação, Eichler et al. (2003) determinaram que uma mesma região

pode apresentar aumento exagerado de algumas espécies, mas por outro lado

pode apresentar também ausência de espécies que não toleram esta mesma

condição.

O estudo de indicadores ambientais, como os foraminíferos, pode ser

ainda relacionado com a análise dos aspectos físicos, geológicos e químicos da

região, sendo esta uma boa oportunidade para estudos ambientais, segundo a

Comissão do Registro Geológico da Dinâmica da Biosfera (Committee on the

20

Geologic Record of Biosphere Dynamics, 2005). Isto pode ser justificado, pois

são capazes de sintetizar as características gerais do ambiente, ressaltar as

variações ambientais de curtos períodos de tempo e reagir sensivelmente às

variações sazonais e aos efeitos antrópicos, reconhecendo a problemática local

através de avaliações e diagnósticos ambientais. As análises granulométricas são

importantes no estudo dos sedimentos, pois sua distribuição pode ser

característica de ambientes deposicionais fornecendo também informações sobre

os processos físicos atuantes durante a sedimentação (processos hidrodinâmicos),

como foi citado por Suguio (1980).

Os foraminíferos se correlacionam a granulometria como foi mostrado nos

trabalhos de Eichler et al. (2007), Mahiques et al. (2009), Ruiz et al. (2005),

Sarita et al. (2015) e Wang & Chappell (2001), onde as espécies oportunistas

geralmente são encontradas em sedimentos finos, nos quais a matéria orgânica é

facilmente depositada (areia fina, muito fina, silte e argila).

O presente trabalho desenvolvido no estuário do rio Potengi e em sua

plataforma interna tem como objetivo analisar as espécies de foraminíferos

bentônicos e as respostas destes aos fatores físicos, químicos e geológicos, além

de identificar as possíveis áreas afetadas por poluição e contaminação,

fornecendo dados para avaliações de impactos ambientais. Dados abióticos

(salinidade, densidade, temperatura, profundidade, granulometria, teor dos

constituintes orgânicos e teor de CaCO3) foram correlacionados às espécies de

foraminíferos, evidenciando os locais de deposição em sedimentos mixohalinos e

marinhos.

21

Capítulo 2

22

2 – Área de Estudo

Neste capítulo serão apresentadas a definição, classificação, características

sedimentares e importância dos estuários; definição e importância da geologia

ambiental quanto à relação Homem – Ambiente; o estuário do rio Potengi,

contendo suas descrições gerais, aspectos fisiográficos, o acidente ocorrido em

Julho de 2007, os aspectos sociais dos municípios por onde esse rio percorre e os

aspectos geológicos da área d estudo e do rio Potengi.

2.1 Definição de estuários, classificação, características sedimentares e

importância

Neste tópico será apresentada a definição dos estuários, sob a ótica

geológica e oceanógrafa, a hidrodinâmica do fluxo e dispersão dos sedimentos,

sua importância e as ameaças existentes nesses ambientes.

2.1.1 Definições de estuário

Existem inúmeras definições para os estuários, entre elas Pritchard (1967)

e Fairbridge (1968), que definem esse ambiente como “um corpo aquoso

litorâneo semi-fechado em que a salinidade é diluída pela ação da descarga

fluvial”; e também de Rahmani (1988), definindo-o como “um corpo de água

costeiro que possui conexão com o mar aberto contendo uma mistura de água

marinha de origem fluvial”. Garrison (2002) também definiu o estuário como um

corpo de água rodeado por terra, onde a água doce se mistura com a água

salgada, propondo origens e um padrão de circulação de águas, propondo origens

e um padrão de circulação de águas. Todavia, conforme observado por

Dalrymple (1992) e Boyd et al. (2006), estas definições possuíam enfoque

oceanográfico, sendo ambíguas num contexto geológico e difíceis de aplicar a

sedimentos e rochas sedimentares antigas.

A morfologia idealizada de um estuário representa um corpo d’água de

forma em forma de funil, cujo lado maior abre-se para o oceano. O estuário é o

palco das interações entre os processos marinhos (ondas e correntes) e os

fluviais. O predomínio de um processo sobre o outro depende ao longo do tempo

de controles autocíclicos (inerentes ao próprio sistema deposicional) e alocíclicos

(externos ao sistema deposicional e de abrangência regional a mundial, como as

23

variações eustáticas do nível do mar, clima e tectonismo). A Figura 2.1 ilustra a

morfologia, os limites de fácies e os processos estuarinos atuantes.

Figura 2.1: (A) Representação esquemática da morfologia de um estuário e dos processos nele atuantes,

comparando os limites destes de acordo com as definições de Pritchard (1967) e Dalrymple et al. (1992).

(B) Distribuição esquemática e intensidade relativa dos processos físicos operando no estuário, indicando

o zoneamento faciológico tripartite resultante. Observar os sentidos de fornecimento de sedimento e a

bidirecionalidade dos processos de onda e de marés, que afetarão também as estruturas sedimentares

primárias. Compilado de Boyd et al. (2006).

Os estuários foram definidos geologicamente por Dalrymple et al. (1992)

e Boyd et al. (2006) como feições de natureza transgressiva, representando o

preenchimento de depressões por sedimentos durante a subida relativa do nível

do mar. Os estuários atuais são originários do aumento do nível do mar nos

últimos 18.000 anos (120 m), devido ao intenso derretimento das geleiras

continentais durante a Época do Pleistoceno (1.6 – 10 M.a), mais comumente

conhecida como a Era do Gelo (Thurman & Trujillo, 1999).

Nos níveis de mar baixo, ocorre a incisão de vales fluviais. Quando o nível

do mar começa a subir novamente, as porções mais distais destes vales são

alagadas por águas salgadas e submetidas à ação das marés. Os estuários assim

formados aprisionam sedimentos fornecidos pelos rios e, consequentemente,

pouco sedimento consegue chegar na plataforma. Fortes correntes de maré

podem causar erosão no fundo marinho do material sedimentar pré-existente. O

material lamoso normalmente migra em mar aberto para águas mais profundas,

24

enquanto que as areias ou são transportadas em direção a terra ou são deixadas

no mesmo local da plataforma à medida que aumenta a profundidade das águas

do mar (Dalrymple, 1992).

Rahmani (1988) propôs um modelo “tripartite” de preenchimento dos

estuários para rochas sedimentares do Cretáceo Superior na Província de Alberta,

Canadá e sugeriu processos deposicionais atuantes neste tipo de estuário.

Ressaltou também a importância do modelo tripartite para a paleogeografia e

Exploração de petróleo. A classificação de estuários mais atualizada é a de Boyd

et al. (2006), na qual os autores dividem este importante sistema deposicional

transicional em dois tipos fundamentais, com base no poder relativo dos

processos de ondas e marés: (a) estuários dominados por ondas (Figura 2.2) e

(b) estuários dominados por marés (Figura 2.3). De acordo com estes autores,

a maior parte dos estuários (incluindo o rio Potengi) se encaixa na sefiniçao de

estuários dominados por marés em ambiente de macromarés (definidas por > 4 m

de amplitude, de acordo com Davies (1964, 1972), porém também pode haver

dominância da maré em amplitudes muito menores de maré se a ação das ondas

for limitada e/ou se o prisma de maré é grande.

Figura 2.2 Estuário dominado por ondas. Distribuição de (A) Tipos de energia; (B) componentes

morfológicos do estuário em planta e (C) Distribuição em seção longitudinal das fácies sedimentares no

interior de um estuário dominado por ondas idealizado. NMM = Nível médio do mar. Washover =

depósitos de arrombamento da barreira. Adaptado de Dalrymple et al. (1992 por Boyd et al. (2006).

Compilado de Boyd et al. (2006).

25

Figura 2.3: Estuário ideal dominado por marés. Distribuição de: (A) Tipos de energia e: (B) Elementos

morfológicos em planta no interior do estuário. Compilado de Boyd et al. (2006).

2.1.2 Hidrodinâmica do fluxo e dispersão dos sedimentos

Os sedimentos trazidos para dentro dos estuários derivam principalmente

do influxo fluvial, da plataforma continental, da erosão da margem e fundo do

estuário e de atividades biológicas. A combinação da ação das correntes de maré,

descarga fluvial e ondas, resulta numa grande variedade de fácies (Clifton, 1982).

Os sedimentos podem ser transportados por um longo tempo ao longo do

eixo do estuário pela interação complexa entre o fluxo fluvial, as correntes de

maré cheia e vazante e a circulação estuarina. Podem ser novamente

ressuspensos, passando por novos ciclos de deposição e erosão, conforme

mostrado na Figura 2.4 (Rossetti, 2008). O influxo fluvial tem grande efeito na

hidrodinâmica dos estuários (dependendo da descarga do rio), por trazer grandes

quantidades de sedimentos e por influenciar diretamente a salinidade. Ao entrar

no estuário, o sedimento de fundo é transportado em direção ao mar, sendo

depositado na zona de convergência, a qual é formada pelo encontro da água

doce com a cunha salina que flui em direção à cabeceira do estuário (Figura 2.4).

26

Figura 2.4: Modelo de circulação estuarina e rotas dos sedimentos de acordo com a distribuição de fluxos

fluvial e marinho (ondas e correntes de marés). Compilado de Rossetti (2008).

O sedimento estuarino é formado por areia bem selecionada e lama. A

areia geralmente possui origem marinha e a lama é de origem fluvial.

Normalmente estes dois tipos de sedimentos ocorrem interlaminados, podendo

estar intensamente bioturbados, a ponto de apagar estruturas sedimentares pré-

existentes. A tendência é que os sedimentos se tornem progressivamente mais

finos em direção a montante do estuário, de forma que a parte central do estuário

geralmente é lamosa (Figuras 2.2 e 2.3). Na base dos canais estuarinos ocorrem

clastos grossos, incluindo fragmentos de plantas, conchas, intraclastos argilosos e

seixos. Nas planícies de maré ocorrem sedimentos de suspensão (silte e argila),

que também geralmente estão intensamente bioturbados pelas raízes da

vegetação, crustáceos e vermes (Clifton, 1982).

2.1.3 Importância dos estuários

Os estuários são importantes sob diversos pontos de vista. Os estuários

servem de abrigo a inúmeros organismos, podendo servir também não só como

abrigo e de berçários naturais para animais marinhos e para a comunidade

aquática em geral, como também fornecem valiosos frutos do mar para a

população, como recurso de alimentos de valor. Servem como fazendas naturais,

onde a vegetação aquática sustenta uma complexa cadeia alimentar; controlam

27

ações erosivas, alagamentos e as inundações, absorvendo o choque de ondas

provenientes de tempestades antes que cheguem às áreas internas e causem

destruição das propriedades ribeirinhas. Constituem um sistema de filtragem

natural da poluição, em que ajudam a limpar a água dos efluentes industriais e

domésticos dos estuários para os rios e também um sistema de purificação do ar,

pela presença de plantas que absorvem o dióxido de carbono do ar e libera

oxigênio.

É um centro de educação ambiental, funcionando como “laboratórios

locais” para escolas, centros recreativos e tratamento de saúde mental; centros de

trabalhos para os pescadores, ecologistas e guias turísticos, sendo ainda atração

turística, onde atraem observadores de pássaros, pescadores à linha e anzol,

caçadores e barqueiros (Klee, 1999; Garrison, 2002). Boyd et al. (2006)

consideram que os estuários e os vales incisos por eles ocupados durante os

níveis de mar alto são importantes ambientes deposicionais, porque são locais de

habitação humana, portos, além de representarem significativas acumulações de

petróleo formado em rochas geradoras estuarinas ricas em matéria orgânica e

reservatórios de hidrocarbonetos. São ainda repositórios de informações

importantes sobre a sedimentação em ambientes de mar baixo e transgressiva

inicial nas configurações da rampa e da plataforma. Constituem ambientes

complexos, possivelmente um grupo único de ambientes sedimentares.

2.1.4 Ameaças aos estuários

Apesar de sua importância, Klee (1999) mencionou que os estuários são

anualmente degradados pela ação antrópica, onde são dragados para tornarem

fundos os canais para a navegação e depositar seus sedimentos nas terras de

agricultura ou construções de residências. De acordo com Garrison (2002), os

estuários continuam sendo atrativos para o homem, onde são construídos portos,

marinas, recursos recreativos (natação, transportes marinhos como lanchas e

barcos), além de servir de habitação da população ribeirinha e construção de

campos para a agricultura e carcinicultura, ocasionando poluição de suas águas.

28

Para Thurman & Trujillo (1999), os principais contribuintes para a

poluição são os esgotos (hospitalares e domésticos), derramamento de petróleo e

produtos químicos provenientes dos pesticidas e mercúrio, que são provenientes

das indústrias. No que diz respeito ao derramamento de petróleo, Pinet (2003)

cita que dependendo do ecossistema em que este produto foi lançado, os níveis

dos impactos iniciais e a recuperação variam bastante.

2.2 – Definição e importância da geologia ambiental

O Homem está diretamente ligado ao ambiente em que vive, tirando deste

os recursos necessários para sua sobrevivência. Mas ao mesmo tempo está

propenso aos efeitos naturais, como inundações, maremotos, tempestades e

outros (Klee, 1999; Garrison, 2002). Para que se possa estudar essa relação

Homem – Ambiente, é necessário conhecer os fundamentos da geologia

ambiental e aplicar o planejamento das atividades humanas, antecipando

eventuais riscos naturais.

Para Keller (2012) essa ciência é considerada interdisciplinar, pois ela

depende dos aspectos da química (composição dos materiais da Terra), física

(leis naturais) e biologia (entendimento das formas de vida). Este autor considera,

com base em várias aplicações, que a geologia ambiental pode ser definida como

um ramo da ciência da Terra que estuda todo o espectro das interações humanas

com o ambiente físico. Sendo assim, a geologia ambiental é um ramo da Ciência

Ambiental, isto é, a ciência das migrações, entre as ligações entre os processos

físicos, biológicos e sociais, no estudo do ambiente.

A geologia ambiental, no sentido estrito, é a geologia aplicada ao uso da

informação geológica para nos ajudar a resolver os conflitos da utilização da

terra, para minimizar a degradação ambiental e para maximizar os resultados

benéficos de nossos ambientes naturais modificados. Já Suguio (1999) descreveu

como mais complexas essas interações, onde os ambientes naturais afetam

também a atmosfera, a hidrosfera e a criosfera da Terra. Os processos naturais da

Terra, como as ondas marinhas, as condições meteorológicas e os processos

29

erosivos afetam as atividades humanas, especialmente onde houver potenciais

riscos geológicos relacionados, como inundações, terremotos e vulcanismos.

2.3 O Estuário do rio Potengi

O estuário do rio Potengi é considerado um dos maiores da costa brasileira e

faz fronteira com os municípios de Macaíba, São Gonçalo do Amarante e Natal

(De Souza et al., 2010). O canal principal apresenta em média 170 m de largura e

profundidade entre 8 e 10 m, recebendo as águas dos rios Jundiaí, Doce e

Potengi, sendo este último com a maior área de drenagem (De Souza et al., 2010;

Frazão, 2003; Cunha, 2004). A dinâmica do complexo estuarino rio

Potengi/Jundiaí tem sua dinâmica regida pelas correntes de maré, devido à baixa

descarga fluvial nos altos cursos e a atuação da maré tem intensa penetração no

rio, fato constatado pela presença de manguezais em locais distantes da Boca da

Barra (Pereira, 1999).

O estuário do rio Potengi foi classificado por Frazão (2003) como do tipo

planície costeira, segundo critério de Fairbridge (1980). Quanto aos processos

físicos dominantes, este autor considerou este estuário como dominado por marés

ou de maré, de acordo com critérios de Dalrymple (1992) e Reinson (1992).

Justificou esta classificação com base no fato das correntes de maré exercerem

um papel fundamental na costa leste potiguar, apesar da amplitude de maré em

torno de 2,8 m ser considerada como mesomaré elevada por Davies (1964).

Sua nascente está localizada no município de Cerro Corá, localizada na

microrregião da Serra de Santana, no Seridó Potiguar, a 180 km da capital Natal

e as suas águas banham os municípios de Cerro Corá, São Tomé, Barcelona, São

Paulo do Potengi, São Pedro, Ielmo Marinho, São Gonçalo do Amarante e Natal,

sendo que o rio Potengi é perene a partir de São Gonçalo do Amarante.

Contudo, este importante estuário tem sido afetado pela ação antrópica,

como foi mostrado nos trabalhos de Frazão (2003) e Cunha (2004). De acordo

com o primeiro autor, 60% do esgoto da cidade de Natal é lançado diretamente

em seu curso sem tratamento algum; há várias fontes de matéria orgânica, além

da presença das atividades bem desenvolvidas das indústrias e do Porto que

30

também contribuem para o impacto, como dragagens periódicas e construção de

estruturas defletoras de corrente, as quais provocaram efeitos contrários aos

desejados, como os citados por Frazão (2003) e Cunha (2004).

Silva et al. (2001) determinaram em ostras nas proximidades do canal do

Baldo que o estuário está contaminado com metais pesados como Mn, Fe, Cu, Ni

e Pb e que os níveis de Zn, Cd e Cr apresentaram concentrações maiores do que

os índices permitidos. Pereira (1999) citou como impactos antrópicos a crescente

expansão demográfica e industrial da cidade, com o aterramento de grandes

extensões da margem direita do estuário, o despejo de dejetos urbanos e

industriais, atividades de turismo e lazer, dragagem da calha do rio (ampliação da

capacidade portuária), construção de margens artificiais, construção de um guia

de corrente na região da Boca da Barra, a superurbanização da região costeira,

impedindo a ação natural dos ventos e da maré no transporte de sedimentos e

esculpindo uma paisagem artificial, entre outras.

2.4 Aspectos fisiográficos

O clima predominante é do tipo "As", ou seja, clima tropical com estação

seca no período em que o sol está mais alto e os dias são mais longos. O clima é

quente e úmido, sendo a estação seca do verão e chuvosa do inverno, segundo a

classificação de Köppen (RADAMBRASIL, 1981). A pequena precipitação

pluviométrica é determinada pelo Anticiclone do Atlântico Sul (localizado sobre

o Oceano Atlântico), que possui altas pressões e impõe a região, sob seu

domínio, um tempo estável e sem chuvas. Durante o período do fim do verão e

todo o outono, este Anticiclone perde força (nas regiões Norte e Nordeste do

Brasil), proporcionando a ação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),

responsável pelos ventos alísios provenientes dos hemisférios Norte e Sul

(Nimer, 1972).

As marés que ocorrem no estuário Potengi e áreas adjacentes são de

natureza semi-diurna, com a variação média das marés de sizígias de cerca de

2.30m e das marés de quadratura, de cerca de 0,85 m e amplitude máxima em

torno de 2,83 m, caracterizando um regime de mesomaré. De acordo com Frazão

31

(2003) comparando-se os valores das velocidades medidas com a amplitude da

maré, durante a maré de sizígia, verifica-se que no estuário Potengi as

velocidades em enchente são maiores do que em vazante. Ainda segundo este

autor os valores máximos atingidos na situação de enchente são de cerca de 1,08

m/s. A média da altura significativa das ondas é de aproximadamente 0,8 m e

apresentam um período de 13 s. De acordo com a Estação Climatológica da

UFRN - Natal, os ventos mais frequentes são predominantes do quadrante Leste,

com frequência Leste-Sudeste e velocidades médias mensais sempre em torno de

4 e 4,5 m/s.

2.5 O Acidente de Julho de 2007

Em julho de 2007 ocorreu um desastre ambiental de grandes proporções,

onde foram encontradas 40 toneladas de peixes, além de aves e animais mortos

na área que abrangeu São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Natal (Figura 2.5). O

Parecer Técnico n.º 02021.000145/2014-00 (2014) do IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente) cita que ocorreu grande mortalidade de peixes e

invertebrados estuarinos e marinhos no estuário Potengi – Jundiaí (Figura 2.6)

em quatro períodos: Setembro de 2004; Novembro de 2005; Julho de 2007 e

Julho de 2010.

Trabalhos realizados no rio Potengi com ostras Crassostrea rhizophorae

que atuaram como bioindicadores mostrou que, antes dos incidentes

mencionados acima, o rio Potengi já sofre forte influência de metais pesados

provenientes das dragagens periódicas, agricultura (fertilizantes e pesticidas),

emissão dos esgotos não tratados, lixo hospitalar e industriais (Silva et al., 2001).

O mesmo foi observado no trabalho de Ramos e Silva et al. (2006), que fizeram

um estudo com as árvores dos manguezais vermelhos e sua resposta aos metais

pesados. Como foi observado, todos esses trabalhos evidenciaram formas de

contaminação no rio Potengi.

32

Figura 2.5: Peixes e crustáceos mortos no rio Potengi, Natal, RN. Fonte:

http://www.meioambiente.ufrn.br/wp-content/uploads/2015/08/0-CAPA-Mortandade-de-peixes-

POTENGINATAL.jpg

Figura 2.6: Vista geral do estuário Potengí-Jundiaí, incluindo o retângulo amarelo com a área

diretamente afetada pelo acidente, medida em extensão do rio de 3 km na data de 29 de julho de 2007, por

meio de estimativa visual (elevada concentração de peixes mortos). O trecho do rio com destaque em azul

mostra a extensão de distribuição de peixes mortos no dia 30 de julho de 2007, por cerca de 10 km, até a

ponte do Guarapes. (Compilado do Parecer Técnico IBAMA n.º 02021.000032/2015-87, 2015).

Corpos d´água confinados (lagoas costeiras e lagunas estranguladas) e

também ambientes aquáticos de pequeno tamanho (açudes, pequenos lagos e

tanques de cultivo) são especialmente sensíveis ou vulneráveis às mortandades

maciças, pois apresentam baixíssima capacidade de diluir poluentes ou oferecer

pontos de refúgio aos organismos, potencializando os fenômenos fisiológicos e

33

toxicológicos, até mesmo de efluentes domésticos. Por outro lado, ambientes

aquáticos amplos ou abertos, com maior circulação de água, permitem escape ou

fuga dos organismos para outros refúgios, o que faz com que mortandades

maciças nestes ambientes sejam menos frequentes ou associadas ao processo de

elevada rapidez de ação, como substâncias químicas de elevado efeito

toxicológico ou de Demanda Química de Oxigênio (DQO), normalmente

presentes em efluentes industriais (Parecer Técnico IBAMA no.

02021.000145/2014-00, 2014).

2.6 Aspectos Sociais

O filme “Rio Contado” (2015) mostra a pouca informação por parte da

população de Cerro Corá a respeito da nascente do rio Potengi e sua importância.

Em São Tomé e Barcelona, na microrregião da Borborema Potiguar, o rio

Potengi é seco em torno de nove meses e durante a seca suas águas localizam-se

no lençol freático. Em Barcelona ocorre a deposição de esgotos e abatedouros

que despejam carcaças, sangue e vísceras dos animais em uma vala e na época da

cheia são transportadas para o rio Potengi.

Em São Paulo do Potengi, na microrregião do Agreste Potiguar, a seca

ocorre durante nove meses e foi construída a Barragem Campo Grande com a

intenção de acumular água e favorecer a agricultura e a criação de gado; porém o

rio recebe efluentes domésticos e hospitalares, poluindo dessa forma as suas

águas. Em São Pedro e Ielmo Marinho, também no Agreste Potiguar, ocorrem

períodos de seca durante quase todo o ano e chove por três meses. A Figura 2.7

mostra a calha parcialmente seca do rio Potengi no município de São Pedro.

34

Figura 2.7: (A) Calha do rio Potengi; vista para jusante, da ponte da BR-304/RN, km 269, vendo-se

antigos terraços fluviais entalhados pelo curso atual. (B) Fotos: Farias (janeiro de 2016).

Em Ielmo Marinho e São Pedro ocorrem dragagens periódicas do leito do

rio Potengi (Figura 2.8), onde a extração da areia é muito intensa, provocando o

rebaixamento da calha do rio e, consequentemente, o rebaixamento do lençol

freático. A água baixou tanto que tornou impraticável a agricultura, pois além

dos solos secarem, os terrenos à beira do rio estão diminuindo, porque a extração

de areia provoca o desbarrancamento das propriedades, as quais vão perdendo

terreno, enquanto o rio fica mais largo e prejudica as atividades agropecuárias e

agrícolas.

Figura 2.8: Calha do rio Potengi, vista para montante, da ponte da BR-304/RN, km 269, vendo-se a

draga e os montes de areia extraída do rio, acumulados na margem direita aguardando transporte. Foto:

Farias (janeiro de 2016).

35

Nos municípios de São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Natal, o rio

Potengi, já com feições estuarinas, é perene e nestes três municípios recebe a

contaminação de esgotos domésticos, hospitalares e industriais, além do lixo

jogado em suas águas. O manguezal em suas margens foi parcialmente destruído

para a instalação de fazendas de carcinicultura e pela ocupação humana (Figura

2.9).

Figura 2.9: Vista aérea oblíqua do estuário do rio Potengi, mostrando a ocupação humana de suas

margens. Em primeiro plano, delimitado pelo quadrado amarelo, o local do acidente ecológico de 2007.

Ao fundo, a cidade de Natal. Foto: Farias (2011).

2.7 Aspectos geológicos regionais

A área de estudo está localizada no litoral oriental do Estado do Rio

Grande do Norte, inserida na bacia litorânea denominada Bacia Sedimentar

Costeira Pernambuco-Paraíba-Rio Grande do Norte (Frazão, 2003). Estudos

recentes realizados por Lima Filho (2013), a região estudada situa-se

estruturalmente sobre a plataforma de Natal, localizada entre o Alto de Touros e

a Sub-Bacia de Canguaretama. Possui sedimentos quaternários recentes como

dunas fixas ou móveis, aluviões, terraços fluviais e mangues (Figura 2.10) e são

encontradas, ainda, uma sequência “Tércio – Quaternária” representada pela

Formação Barreiras, a qual é observada em toda a faixa litorânea brasileira, desde

o Rio de Janeiro até o Pará (Frazão, 2003).

36

Figura 2.10: Mapa geológico simplificado da região em torno de Natal. Fonte: Frazão (20103,

modificado de Bezerra et al., 2001).

Na região de Natal, afloram os sedimentos inconsolidados (depósitos aluviais,

eólicos, praiais e estuarinos) e consolidados (rochas praiais ou beachrocks)

(Figura 2.11). Esses tipos de sedimentos serão descritos a seguir:

Figura 2.11: Mapa geológico simplificado da região da foz do estuário Potengi. Compilado de Cunha

(1982).

Rochas Praiais ou beachrocks: são constituídas de sedimentos

arenosos e/ou cascalhosos de antigas praias, geralmente interligadas por cimento

carbonático (CaCO3). São características de regiões de climas quentes e ocorrem

desde o Estado do Rio de Janeiro (delta do Rio Paraíba do Sul) até a costa

nordestina (Suguio, 1999) e apresentam-se como cordões paralelos à linha de

costa, mergulhando suavemente para leste (Pereira, 1999). São rochas

sedimentares usualmente formadas na zona intermaré, embora possam

37

desenvolver-se em zona sublitorânea, podendo ser úteis como indicadoras na

variação do nível do mar.

Depósitos eólicos: representados por dunas fixas e móveis,

recobrem toda a região, embora estejam ocupadas em grande parte pela área

urbana de Natal. Elas capeiam a Formação Barreiras e os sedimentos recentes,

apresentando direção SE – NW fornecida pelos ventos. São observadas duas

gerações de dunas: paleodunas, de coloração avermelhada e as dunas mais

recentes, de coloração branca;

Depósitos aluviais: ocorrem na calha do rio Potengi e são

constituídos por sedimentos de canais, terraços e planícies fluviais, que podem

ser relacionadas às planícies de inundação. São mais representativos nos cursos

médio e alto do rio Potengi (Figuras 2.7 e 2.8);

Depósitos praiais: são sedimentos arenosos submetidos à ação da

hidrodinâmica costeira e retrabalhamento constante (Figura 2.12), sendo

transportados para outras áreas pela ação das ondas, correntes marinhas e marés,

produzindo diferenças na morfologia praial por processos fluviais e,

principalmente, por ação marinha e eólica, com aporte continuo de sedimentos.

Na parte distal do estuário do rio Potengi são observadas praias arenosas próximo

à Ponte Antenor Navarro (Iate Clube de Natal - praia do Y e Redinha Velha

(Figura 2.12);

Figura 2.12: (A) Praia do Y, margem direita, próximo à foz do rio Potengi, vendo-se ao fundo (montante

do rio) bancos lamosos colonizados pela vegetação de mangue. (B) Ponte Antenor Navarro e a praia da

Redinha Velha ao fundo (margem esquerda do rio Potengi). Fotos: Farias (2013).

38

Depósitos estuarinos: presentes no baixo curso do rio Potengi, são

influenciados principalmente pelas marés. Na baixamar, ficam expostos bancos

lamosos das margens estuarinas, colonizados pela vegetação de mangue (Figura

2.13).

Os sedimentos estuarinos holocênicos do fundo do rio Potengi e litorâneos

da sua foz foram estudados por Frazão (2003). São predominantemente arenosos,

variando de selecionados a bem selecionados, por vezes siltosos, sendo

reconhecidas duas fácies texturais importantes: Fácie Lamosa e Fácie Arenosa

(Figura 2.14). A distribuição destas fácies aparentemente oscila em função da

periodicidade das marés e intensidade das correntes. Frazão e Vital (2007)

identificaram, por meio de dados hidroacústicos, duas zonas de exsudação de gás

metano na área de estudo deste trabalho, provavelmente por efeito da

neotectônica atuante na região.

Figura 2.13: Vista aérea oblíqua do estuário do rio Potengi em direção à sua foz, mostrando os bancos

lamosos colonizados por vegetação de mangue e em parte ocupados pela carcinicultura e pela área

urbana.

39

Figura 2.14: Mapa de distribuição de sedimentos no estuário do rio Potengi. Compilado de Frazão e Vital

(2007).

40

Capítulo 3

41

3 – Materiais e métodos

Neste capítulo serão detalhados os procedimentos de campo, laboratoriais

e a utilização de programas estatísticos.

3.1 Amostragem

Sedimentos superficiais de 18 estações foram coletadas em outubro de

2011 e 24 estações em Janeiro de 2012 (Figura 3.1), totalizando 42 amostras. As

coletas foram realizadas no curso superior do canal do rio Potengi, que possui

estreita comunicação com o local dos acidentes mencionados e descritos

anteriormente (Figura 2.14). O propósito de se fazer a coleta em ambientes

diferentes (rio e plataforma interna) é verificar as diferenças dos gradientes de

salinidade, temperatura e profundidade, característicos de estuários.

Foi utilizado o amostrador pontual Van Veen (Figura 3.2) e de cada

amostra coletada foi retirada uma fina camada superior delas (Figura 3.3).

O primeiro centímetro retirado foi colocado em frascos com o corante

Rosa de Bengala (1g/1000 ml de álcool), cuja função é corar o protoplasma dos

organismos que estiverem vivos, distinguindo-os dos mortos, no momento da

coleta. O objetivo de separar os indivíduos vivos dos mortos é verificar quais

indivíduos estavam vivos na hora da coleta. A função do álcool é impedir o

ataque bacteriano. Para a medida dos dados físicos (salinidade, condutividade,

densidade, temperatura e profundidade) foi utilizado o aparelho CTD

(Conductivity, Temperature and Depth) da marca Seabird (Figura 3.4).

Na segunda amostragem foram obtidos dados de carbono orgânico e

nitrogênio onde as amostras foram submetidas a análise elementar e isotópica no

analisador elementar Costec Instruments Elemental Combustion System acoplado

ao detector de espectrometria de massas com razão isotópica Thermo Scientific

Delta V Advantage Isotope Ratio MS (EAI – RMS).

42

Figura 3.1: Mapa da área de estudo das duas amostragens realizadas. (A) Outubro de 2011 e (B) Janeiro

de 2012.

A B

43

Figura 3.2: Draga van veen usada para a coleta das amostras.

Figura 3.3: Coleta do material sedimentológico e biológico.

Figura 3.4: A sonda CTD.

44

3.2 Parâmetros biológicos

Em laboratório, o sedimento (50 cm3) foi peneirado em via úmida usando-

se duas peneiras sucessivas de 0,500 e 0,062 mm e posteriormente foi colocado

em papel filtro (Figura 3.5A), para em seguida ser submetido à secagem na estufa

a 60º C (Figura 3.5B). Os foraminíferos foram separados do sedimento por

flotação em tricloroetileno (C2HCl3) dentro de uma capela (Figura 3.5C), pois

suas carapaças são mais leves do que o C2HCl3 e flotam para a superfície,

enquanto que as frações mais pesadas depositam-se no fundo, de acordo com

Boltovskoy (1965).

Após a separação, os foraminíferos foram transferidos com pincel placa de

análise para lâminas especiais de fundo preto, processo denominado de triagem,

para então serem analisados, possibilitando a identificação das espécies, a qual

foi feita utilizando-se microscópio binocular de luz refletida (Figura 3.6). Tal

identificação foi baseada principalmente em Boltovskoy et al. (1980). Uma

prancha ilustrativa de fotos feita em Microscópio Eletrônico de Varredura

(MEV) das principais espécies encontra-se em Anexos.

Os mapas de contorno foram gerados baseados nas tabelas de frequencia

relativa de espécies de foraminíferos através do programa Surfer 9. Foram

selecionadas 6 espécies dominantes para discussão dos resultados.

45

Figura 3.5: (A) Procedimento de peneiramento em via úmida utilizando-se duas peneiras de 0,500 mm e

0,062 mm; (B) As amostras sendo colocadas dentro da estufa para serem secadas dentro da estufa a 60º C

e; (C) A utilização do tricloroetileno para separar as carapaças dos foraminíferos das frações mais

pesadas, as quais se depositam no fundo.

A B

C

46

Figura 3.6: À esquerda, os foraminíferos sendo transferidos com o pincel da placa de análise para as

lâminas de fundo preto (triagem); e à direita, a identificação dos foraminíferos baseado no livro de

Boltovskoy et al. (1980).

3.3 Parâmetros Sedimentológicos

O material coletado foi lavado três vezes sucessivamente para a

eliminação de sais que pudessem afetar as análises realizadas (Figura 3.7A). Em

seguida, foi levado para placas de aquecimento, onde ficou sob temperatura de

60 C até sua secagem completa (figura 3.7B). Posteriormente, todo o material

foi quarteado para as análises de matéria orgânica (10g), granulometria (50g) e

CaCO3 (10g) (Figura 3.7C), constituindo o peso inicial, e o restante foi

arquivado.

47

Figura 3.7: (A) Eliminação de água contendo sais que possam afetar as análises; (B) secagem dos

sedimentos nas chapas sob a temperatura de 60º C e; (C) processo de quarteamento dos sedimentos para

as análises de matéria orgânica, CaCO3 e granulometria.

Para a análise de carbonato de cálcio, as amostras foram tratadas com

ácido clorídrico (HCl) diluído a 10% para eliminar o CaCO3 e a seguir o material

foi lavado para eliminar o HCl. Então, após a secagem completa à 60º C nas

placas de aquecimento, foi feita uma nova pesagem para mensurar quanto de

massa a amostra perdeu, ou seja, quanto em massa havia de CaCO3. Para a

análise granulométrica, as amostras foram tratadas com peróxido de hidrogênio

(H2O2), diluído em água destilada (100 ml de H2O2 para 900 ml de água

destilada), para eliminar a matéria orgânica. Após o ataque, as amostras foram

A B

C

48

lavadas para eliminar o H2O2 e então foram secas nas placas de aquecimento em

temperatura de 60º C (Figura 3.8).

Com a matéria orgânica eliminada, foi feita a análise granulométrica que

consistiu em duas etapas: na primeira etapa foi realizado o peneiramento em uma

sequência de sete peneiras (4,00 mm; 2,00 mm; 1,00 mm; 0,500 mm; 0,250 mm;

0,125 mm e 0,063 mm) e uma base colocadas em um agitador de peneiras RO-

TAP (Figura 3.9A) durante 10 minutos em uma frequência de cinco vpm (voltas

por minuto). Antes desse procedimento, as amostras foram colocadas em placa

de metal e aquecidas por 10 minutos para retirar a umidade dos sedimentos,

pesadas inicialmente e depositadas na sequência de peneiras.

Após o término do tempo estipulado, as peneiras foram retiradas e os

sedimentos retidos nas peneiras (Figura 3.9B) foram retirados através de escovas

com cerdas grossas e agulhas de seringas (0.500 mm e 0.250 mm) e depositados

separadamente em placas de metal enumerados de 1 a 8, de acordo com a ordem

das peneiras, como mostrado na figura abaixo (Figura 3.9C). Após verificar que

nenhum sedimento ficou nas peneiras, estes foram pesados e catalogados em um

bloco de notas (Figura 3.9D), depois guardados separadamente em um saquinho

com identificação de cada amostra (Figura 3.9E) e finalmente são guardados

todos juntos para arquivo (Figura 3.9F).

49

Figura 3.8: Em (A) e (B) as amostras sendo tratadas com o peróxido (H2O2); e em (C) as amostras sendo

lavadas após o tratamento.

A

C

B

50

Figura 3.9: A primeira etapa da análise granulométrica. Em (A) a sequência de peneiras no Agitador de

Peneiras RO-TAP Modelo “T”; (B) a foto ilustrativa da peneira 1.00 mm mostrando seu conteúdo; (C) as

placas de metal enumeradas de 1 a 8 de acordo com a ordem da sequência de peneiras e seu conteúdo já

retirado; (D) as amostras sendo pesadas e catalogadas no bloco de notas; (E) as amostras sendo guardadas

separadamente em saquinhos para que em (F) sejam guardados para arquivo.

C D

E F

A B

51

Para a análise de matéria orgânica (MO), um total de 10g de cada amostra

pesada inicialmente foi depositada em cadinhos de porcelana e colocados na

mufla Modelo F2 - DM Monofásico (Figura 3.10A) inicialmente a 300º C por 20

– 30 minutos e posteriormente a 600º C por 5 horas (Figura 3.10B). No dia

seguinte, estes foram retirados com pinça e colocados em estufa (Figura 3.10C),

deixando em temperatura ambiente. Após este procedimento, houve nova

pesagem das amostras para mensurar quanto de massa de matéria orgânica foi

perdida (Figura 3.10D).

Figura 3.10: (A) Cadinhos de porcelana contendo os sedimentos dentro da mufla; (B) mufla sendo ligada

para queimar a matéria orgânica (M.O); (C) após a queima da MO, os cadinhos são colocados dentro da

estufa para resfriar e; (D) pesagem dos sedimentos para mensurar a perda de M.O.

A B

C D

52

3.4 Constituintes orgânicos

Para a determinação do teor de carbono orgânico total e da razão isotópica

de carbono orgânico, o CaCO3 foi previamente retirado das amostras. Em

seguida, aproximadamente 10 mg de sedimento foram acondicionados em

cartuchos de estanho (5 mm x 9 mm) e submetidos a análise elementar e

isotópica no analisador elementar Costec Instruments Elemental Combustion

System acoplado ao detector de espectrometria de massas com razão isotópica

Thermo Scientific Delta V Advantage Isotope Ratio MS (EAI – RMS).

O teor de nitrogênio total e sua razão isotópica foram determinados em

alíquota de 10 mg de sedimento sem a remoção de CaCO3 acondicionados em

cápsulas de estanho, sendo submetidas a análise elementar e isotópica no EAI-

RMS. Os teores de carbono orgânico e nitrogênio total foram expressos em

porcentagem (%). As razões isotópicas do carbono orgânico e nitrogênio foram

expressas na notação δ (‰):

Onde, “R amostra” é a razão isotópica medida na amostra e “R padrão” é a

razão isotópica medida no padrão de referência. A proporção em massa (%) de

carbono e nitrogênio foi obtida através da relação entre as proporções do padrão

e das áreas correspondentes aos picos do padrão e da amostra:

O padrão adotado na quantificação em massa foi o Solo LECO 502-309 –

LECO Corporation. Os teores de carbono e nitrogênio são, respectivamente,

13,77% e 0,092%. A calibração para as análises isotópicas do carbono orgânico e

nitrogênio total foram feitas através dos padrões certificados USGS-40 (ácido

glutamínico: δ13

C = -26,389‰ vs PDB; δ15

N = -4,5‰ vs ar) e IAEA-600

(cafeína: δ13

C = -27,771‰ vs PDB; δ15

N = +1,0‰ vs ar).

53

A avaliação da repetitividade das análises foi realizada através da análise

em replicata (n = 10) de uma amostra de sedimento adotado como padrão

secundário. A repetitividade para a análise de carbono orgânico total foi: δ13

C =

0,11‰; Corg = 0,06%. Para nitrogênio total, a repetitividade foi de: δ15

N =

0,13‰; Ntotal = 0,002%.

3.5 Análise estatística

A análise estatística foi realizada com o Programa Primer 5 e 6, que

consiste nas análises univariadas (permite a análise de cada variável, podendo

esta ser medida para uma ou mais amostras independentes) e multivariadas

(inclui os métodos de análise das relações de múltiplas variáveis dependentes

e/ou múltiplas variáveis independentes, quer se estabeleçam ou não relações de

causa/efeito entre estes dois grupos) dos dados bióticos e abióticos.

As análises univariadas (índices de diversidade, dominância e

equitatividade) e multivariadas (PCA, CLUSTER, MDS e BIOENV) foram

baseadas na matriz de dados de frequência absoluta de espécies de foraminíferos

e de dados ambientais (profundidade, temperatura, salinidades, porcentagens de

areia, silte, argila, carbono orgânico e enxofre).

A matriz de dados ambientais foi padronizada e submetida à análise de

PCA para identificar tendências biológicas e ambientais. Nos dados biológicos

foram aplicadas as análises de MDS e CLUSTER. O BIOENV correlaciona as

matrizes biológicas e abióticas para verificar qual o fator abiótico mais

importante na distribuição de espécies.

Para a visualização espacial dos dados foi utilizado o programa Surfer 9,

onde a matriz de dados bióticos e granulométricos foram utilizados para

ilustração dos resultados obtidos.

3.5.1 Análise univariada

A análise univariada engloba os índices de dominância (espécies que

dominam determinada área), diversidade (variedade de espécies) e equitatividade

(estabilidade do ambiente) e mostra boa efetividade quando utilizadas em

conjunto para avaliar mudanças na estrutura de comunidade.

54

Essa análise visa apontar quais as espécies dominantes em uma área, quais

as espécies existentes e se o ambiente é favorável, não favorável ou em

equilíbrio.

3.5.2 Análise multivariada

Os dados de profundidade, salinidade, condutividade, densidade,

temperatura, teor de CaCO3 e distribuição de tamanhos de partículas do

sedimento (granulometria), além da distribuição das espécies de foraminíferos

foram estudados especialmente através de PCA (Principal Components Analysis)

que tem a função de analisar quais os componentes principais da amostra de

estudo (temperatura, granulometria fina, salinidade, etc); CLUSTER (análise de

agrupamentos para as estações e/ou espécies, correlacionando a matriz dos dados

biológicos e abióticos, apontando a variável ambiental mais influente na

dinâmica de espécies) tem a função de analisar quais os agrupamentos das

espécies em comum encontradas nas estações; BIOENV (Environmental

Biology), para determinar qual o fator abiótico mais importante na distribuição

das espécies; e MDS (non metric Multi Dimensional Scaling) que tem a função

de formar agrupamentos através das estações que são influenciadas pelos dados

bióticos.

Os dendrogramas do CLUSTER foram realizados para as estações (Modo

Q) e espécies (Modo R). A matriz de dados ambientais (profundidade,

temperatura, salinidades e porcentagens de areia, silte, argila, carbono orgânico e

enxofre) foi padronizada e submetida à análise de PCA para identificar

tendências ambientais, como dominância e diversidade. Nos dados biológicos

foram aplicadas as análises de MDS e CLUSTER. O programa ArcMap 10

confeccionou os mapas da área de estudo de Outubro de 2011 e Janeiro de 2012;

e o Surfer 9 com o método de interpolação “Krigging” utilizou os dados de

abundância relativa dos gêneros de foraminíferos e da granulometria que

tivessem porcentagens relativas significativas para gerar mapas de

georeferenciamento, comparando as duas amostragens.

55

Capítulo 4

56

4 – Resultados

Neste capítulo serão mostrados os resultados dos parâmetros abióticos

(PCA, granulometria e BIOENV) e bióticos (CLUSTER e MDS) de ambas as

amostragens e foram subdivididos nos tópicos abaixo. Cada amostragem possui

sazonalidade distinta: Outubro de 2011 foi marcado por baixo período de chuvas,

onde as águas tornaram-se menos diluídas e consequentemente, mais salinas do

que seriam em outras épocas do ano e menor distribuição sedimentar (Figura

4.1A). Contudo, em Janeiro de 2012 foi marcado por período mais chuvoso,

onde as águas tornaram-se mais diluídas e, consequentemente, menos salinas do

que seriam em outras épocas do ano e maior distribuição sedimentar (Figura

4.1B).

Figura 4.1: Dados pluviométricos em (A) Outubro de 2011 e (B) Janeiro de 2012.

Em relação à Outubro de 2011 foi observado na análise de PCA (Figura

4.2) que os principais componentes foram a temperatura, CaCO3 e a

granulometria grossa (areia muito grossa, areia grossa e cascalho). A análise de

BIOENV revelou que os principais parâmetros abióticos são as porcentagens das

frações granulométricas dos sedimentos, mais especificamente a areia muito

grossa, areia fina, areia muito fina e silte (Tabela 4.4); a análise de CLUSTER

para as estações com base nos dados bióticos gerou um dendograma com cinco

A B

57

grupos distintos (C1, C2, C3, C4 e C5), onde os três primeiros grupos estão

relacionados à foz do rio e os dois últimos estão relacionados à região interna do

estuário (Figura 4.19).

Foram identificadas 31 espécies, das quais as espécies calcárias foram as

dominantes, seguidas das espécies aglutinantes e porcelanosas (Tabela 4.7); as

espécies dominantes foram A. tepida, B. striatula, Q. miletti, Q. patagonica e Q.

lamarckiana, sendo as primeiras oportunistas (tolerantes a ambientes poluídos e

estressados) e a última proveniente de ambiente marinho, mostrando dessa forma

que o rio Potengi sofre estresse ambiental e há penetração da cunha marinha no

canal do rio de estudo até a estação 10, observada na tabela de frequência relativa

(Tabela 4.10).

Em relação à Janeiro de 2012 a granulometria fina (areia fina, areia muito

fina, silte e argila), carbono orgânico, nitrogênio e CaCO3 foram os componentes

principais a dominarem o PCA (Figura 4.11); a análise de BIOENV revelou o

CaCO3 como o fator mais evidente, seguido pela porcentagem de carbono

orgânico (Tabela 4.6); a análise de CLUSTER para as estações com base nas

espécies revelaram a formação de três grupos: Foz do Rio Potengi (1 – 4),

Plataforma Interna (estações 5 – 16), Canal do Rio Potengi (17 – 24) (figura

4.29); foi observado aumento na diversidade das espécies (41 espécies), mas

baixa dominância de 6 espécies, como A. tepida, B. striatula, Q. lamarckiana, Q.

miletti, Q. patagonica e T. gramen, sendo essa última encontrada principalmente

na plataforma interna (Tabela 4.27).

Ambas as amostragens foram dominadas principalmente por espécies

calcárias, seguida por espécies porcelanosas e aglutinantes. De modo geral,

houve domínio de espécies marinhas, como Q. lamarckiana e o gênero

Textularia, seguida por espécies mixohalinas, cosmopolitas e a presença de

algumas espécies oportunistas, principalmente das espécies A. tepida, Q. miletti e

Q. patagonica (Tabela 4.11). Essas análises serão apresentadas nos tópicos a

seguir contendo as descrições dos dados abióticos de ambas as campanhas

mostrando suas variações, a descrição da variação dos sedimentos em ambas as

58

amostragens, descrição das comunidades dos foraminíferos e será feita uma

análise comparativa de ambas as amostragens.

4.1. Descrição dos dados abióticos

Serão fornecidos a seguir os resultados dos dados abióticos de 2011 e

2012, com base nas análises de PCA para Outubro de 2011(Figuras 4.2) e Janeiro

de 2012 (Figura 4.11) e os mapas de georreferenciamento da granulometria da

primeira amostragem (Figuras 4.3 – 4.10) e da segunda amostragem (Figuras

4.12 – 4.18).

4.1.1 Amostragem de Outubro de 2011

Através do aparelho CTD, foi possível adquirir os dados físicos da

profundidade, CaCO3, temperatura, salinidade, densidade e condutividade. Por

meio desses dados, foi possível fazer as análises estatísticas através do Programa

Primer 5 e 6, onde foi realizada a somatória dos componentes principais dos

dados abióticos (PC) e foram selecionados aqueles que apresentaram maior

porcentagem de variação (PC1: 50.1 e PC2: 24.6) e a somatória de ambas

resultou em 74.6% das amostras (Tabela 4.1).

Tabela 4.1: Quadro gerado pelo PCA, com destaque para a boa variação cumulativa encontrada no PC2.

Após determinar essa somatória e componentes principais (PC1 e PC2),

foram analisados os valores abióticos obtidos em campo juntamente com os

valores de PC1 e PC2 no programa Primer 5 e 6, que determinou a formação de

quatro grupos distintos, cujos valores positivos e negativos dos eixos x (PC1) e y

(PC2) correspondem à tabela 4.2.

PC Autovalor % Variação % Variação Cumulativa

1 7.01 50.1 50.1

2 3.44 24.6 74.6

3 1.03 7.4 82.0

4 0.99 7.0 89.0

5 0.56 4.0 93.1

59

Tabela 4.2: Valores do PC1 e PC2 para os parâmetros abióticos usados no PCA. Os valores positivos e

negativos do PC1 e PC2 desta tabela estão correspondentes aos eixos PC1 e PC2 da figura 24, os quais

possuem valores positivos e negativos para determinado componente abiótico.

A análise de Componente Principal (figura 4.2) para os dados abióticos

em função das estações (Figura 3.1A) determinou a formação de quatro grupos:

O grupo P1 localizado nos valores negativos para o eixo x do PC1 e

positivos no eixo y do PC2 é influenciado pelos parâmetros de temperatura,

CaCO3 e areia muito grossa, representados pelas estações 14 e 17, localizadas na

região central do rio Potengi, próximos às fazendas de carcinicultura e das salinas

(figura 11A), onde ambas são influenciadas pela temperatura, a estação 17 é

fortemente influenciada pelo CaCO3 e pela areia muito grossa e a estação 14 tem

fraca influencia de CaCO3 e areia muito grossa;

O grupo P2 localizado nos valores positivos dos eixos x de PC1 e y de

PC2 é influenciado pelos parâmetros granulométricos de cascalho e areia grossa,

representados pelas estações 2, 5, 11, 12 e 18, indicando que são típicos de

ambientes hidrodinâmicos mais intensos, localizados próximo à desembocadura

(estação 2), na foz (5) e no canal principal (11, 12 e 18), próximos ao Canal do

Baldo e do Porto de Natal;

O grupo P3 localizado com valores negativos no eixo x para PC1 e eixo y

para PC2 é influenciado pela granulometria fina (areia fina, muito fina, silte e

argila), representado pelas estações 1, 13, 15 e 16, localizados no canal principal

do rio Potengi, típicos de ambientes de baixa hidrodinâmica;

Variáveis PC1 PC2

Profundidade 0.177 -0.104

Temperatura -0.320 0.171

Salinidade 0.337 -0.198

Densidade 0.340 -0.198

Condutividade 0.322 -0.196

CaCO3 (%) -0.301 0.165

Cascalho (%) 0.003 0.490

Areia muito grossa (%) -0.004 0.491

Areia grossa (%) 0.237 0.197

Areia média (%) 0.026 -0.278

Areia fina (%) -0.280 -0.296

Areia muito fina (%) -0.319 -0.246

Silte (%) -0.329 -0.158

Argila (%) -0.314 -0.216

60

O grupo P4 localizados nos valores positivos para o eixo x para PC1 e

valores negativos para o eixo y para PC2 é influenciado pelos parâmetros de

profundidade, salinidade, condutividade, densidade e areia média, representados

pelas estações 3, 4, 6, 7, 8, 9 e 10, localizados na foz do rio Potengi (3, 4, 6, 7, 8

e 9), que é tipicamente salina, densa e condutora, possuindo granulometria média

que é tipicamente hidrodinâmica, e na foz do Rio Doce (10).

Figura 4.2: Análise de PCA de Outubro de 2011, mostrando gráfico com os agrupamentos das estações

conforme os valores positivos e negativos do PC1 e PC2, além da disposição dos parâmetros abióticos em

relação a todos os quadrantes.

Observando a Tabela 4.3 em conjunto com o mapa da figura 3.1A pode-se

observar que o local mais profundo da amostragem é a estação 10, com 14,21 m

de profundidade, localizada na foz do rio Doce. Além dela, as estações 2, 3, 4, 5,

6 e 7 também apresentaram maiores profundidades, sendo que a estação 2

localiza-se próximo à desembocadura e as estações 3, 4, 5, 6 e 7 situam-se na foz,

sendo estas últimas com valores de profundidade superiores a 10 m. É importante

observar que estas são profundidades absolutas, sem correção do nível do mar.

A variação da temperatura não foi tão significativa (27.8 – 28.3º C), já que

a área de trabalho se encontra em um clima quente e úmido, mas pôde-se

perceber que as maiores temperaturas pertenceram às estações nas regiões mais

internas do rio e rasas (estações 14 – 18) e os menores valores pertenceram às

estações nas regiões localizadas próximos à foz (2), na foz (3 – 8) e nas

PC1

PC

2

61

proximidades do Rio Doce (9 – 10). É importante ressaltar que ocorrem

dragagens periódicas no rio Potengi para facilitar a passagem de barcos em seu

canal (Cunha, 2004). A salinidade é maior nas estações próximas à foz (2 e 9), na

foz (3 – 8) e mais baixa nas estações localizadas no canal do rio (1, 14 – 18), com

exceção das estações 10 – 13 que apresentaram maiores valores, porém estão

próximas às salinas.

Densidade e condutividade apresentaram maiores valores nas estações

próximas à foz (2 e 9), na foz (3 – 8) e em algumas estações na foz do Rio Doce

(10) e no canal principal (11 – 13 e 18), com menores valores nas estações

localizadas no curso superior (14 – 17), provavelmente isso ocorreu pela baixa

quantidade de salinidade existente nesse trecho.

Tabela 4.3: Parâmetros abióticos da coleta de Outubro de 2011. *Nota: a estação 3 veio pouco material

sedimentológico e foi insuficiente para as porcentagens.

A análise de BIOENV aponta a areia muito grossa como o parâmetro

principal mais influente na distribuição dos foraminíferos para Outubro de 2011

(Tabela 4.4).

Estações Profundidade (m) Temperatura (oC) Salinidade (ppm) Densidade (g/cm3) Condutividade (ppm) CaCO3 (%) Cascalho (%) Areia muito grossa (%) Areia grossa (%) Areia média (%) Areia fina (%) Areia muito fina (%) Silte (%) Argila (%)

1 8,28 27,98 35,56 22,86 57,01 5,00 0,00 0,00 14,05 39,80 31,44 7,67 6,02 1,02

2 12,61 27,80 36,02 23,28 57,46 0,82 7,56 3,75 67,78 15,79 3,31 1,02 0,38 0,41

3 13,25 27,80 36,28 23,48 57,82 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

4 10,82 27,77 36,34 23,52 57,89 0,00 0,43 0,00 46,57 43,99 5,75 1,98 0,67 0,62

5 13,71 27,80 36,42 23,59 58,03 0,00 7,38 16,48 58,07 13,40 3,17 0,99 0,19 0,32

6 12,19 27,83 36,11 23,34 57,63 3,31 2,60 0,00 43,93 42,79 7,15 2,07 0,77 0,70

7 11,36 27,85 36,18 23,38 57,75 1,60 4,90 0,00 46,96 38,60 6,29 1,88 0,63 0,74

8 5,55 27,89 36,24 23,39 57,86 2,50 0,00 0,00 23,41 68,20 4,60 2,37 0,72 0,70

9 9,06 27,90 36,27 23,42 57,92 0,00 0,00 0,00 44,56 45,02 6,65 2,19 0,93 0,65

10 14,21 27,90 36,23 23,41 57,87 0,83 0,00 0,00 24,10 50,69 18,57 3,68 2,16 0,80

11 3,52 28,10 36,14 23,23 57,95 0,83 0,15 19,08 59,71 15,41 3,66 1,15 0,45 0,39

12 6,86 27,93 36,31 23,44 58,02 1,67 6,59 14,74 61,63 12,59 2,44 1,05 0,62 0,35

13 6,45 27,93 36,15 23,31 57,79 0,00 0,00 0,00 11,90 41,75 33,12 7,00 5,40 0,83

14 4,40 28,20 35,50 22,72 57,16 1,63 11,31 14,57 41,30 25,40 3,96 1,80 1,28 0,38

15 4,87 28,27 35,22 22,49 56,84 5,79 0,00 0,00 0,05 12,25 39,35 19,26 25,89 3,20

16 9,58 28,32 35,02 22,34 56,60 4,07 0,00 0,00 16,32 40,05 26,75 7,89 7,60 1,39

17 7,53 28,19 35,03 22,39 56,48 7,50 17,50 36,99 24,78 13,62 2,37 1,03 3,18 0,54

18 8,87 27,98 35,94 23,14 57,54 0,83 7,05 20,70 38,78 26,13 4,14 1,25 1,50 0,44

Parâmetros abióticos da coleta em Outubro 2011

62

Tabela 4.4: Dados fornecidos pela análise BIOENV para Outubro de 2011, mostrando os principais

fatores que se relacionam com a biota da região.

4.1.2 Amostragem de Janeiro de 2012

Os valores expressos para PC1 e PC2 nas tabelas 4.1 e 4.2 para os dados

abióticos da primeira amostragem também se aplicaram para a análise de PCA

aplicada nos dados abióticos (Figura 4.3), onde observou-se a formação de quatro

grupos distintos: P1, P2, P3 e P4, com base no mapa da figura 3.1B.

O grupo P1, localizado nos valores negativos para o eixo x do PC1 e

positivos no eixo y para PC2, é influenciado pelos parâmetros de granulometria

fina (areia fina, areia muito fina, silte e argila), representadas pelas estações 1, 4,

10, 14, 17, 21, 22 e 23, onde a estação 14 está situada na plataforma interna sul

em Ponta Negra, sendo influenciada pela areia muito fina. As estações 1 e 23 são

influenciadas pelo silte e argila, as quais estão localizadas no canal principal do

rio próximos à Marina Iate Clube; e as estações 4, 10, 17, 21 e 22 são

influenciadas pela areia fina, sendo que as estações 4 e 10 encontram-se na

plataforma interna norte e as três últimas encontram-se no canal principal do rio,

onde a estação 17 situa-se no curso superior. A estação 21 encontra-se próximo

ao canal do Baldo e a estação 22 está próximo ao Porto de Natal,

respectivamente.

O grupo P2, localizado nos valores positivos para o eixo x do PC1 e y do

PC2, é influenciado pelos parâmetros de porcentagem de carbono orgânico,

nitrogênio e CaCO3, representado pelas estações 6, 7, 8, 15 e 20, onde as estações

7, 8 e 20 são influenciadas pelas porcentagens de carbono orgânico e nitrogênio,

que indicam ambientes com altas concentrações de matéria orgânica. As estações

7 e 8 situam-se na plataforma interna norte e provavelmente ocorre a deposição

8 Areia muito grossa (%) 8 Areia muito grossa (%)

11 Areia fina (%) 11 Areia fina (%)

12 Areia muito fina (%) 13 Silte (%)

13 Silte (%)

Correlação: 0.156 Correlação: 0.155

Seleção de variáveis (Outubro/2011)

63

natural de matéria orgânica, indicando ambiente anóxico, já a estação 20 situa-se

no canal principal do rio próximo às salinas e as fazendas de carcinicultura. As

estações 6, 9 e 15, as quais situam-se na plataforma interna, são influenciadas

pelo CaCO3, sugerindo que existe grande contribuição biológica na plataforma

interna.

O grupo P3, localizado nos valores negativos para o eixo x do PC1 e y do

PC2, é influenciado pelo parâmetro da profundidade representado pelas estações

2, 5 e 24, onde as estações 2 e 24 encontram-se próximas à desembocadura e a

estação 5 situa-se na plataforma interna e de acordo com a Tabela 4.4 dos dados

abióticos a estação 24 foi a mais profunda desse grupo.

O grupo P4, localizado no valor positivo para o eixo x do PC1 e negativo

para o eixo y do PC2, é influenciado pela granulometria grossa (areia grossa,

areia muito grossa e areia média) representado pelas estações 3, 9, 11, 12, 13, 16,

18 e 19, onde as estações 3, 11, 12, 13 e 16 situam-se na plataforma interna e as

estações 18 e 19 estão localizadas próximas às fazendas de carcinicultura e às

salinas, no canal principal do rio Potengi. A porcentagem de cascalho não foi

acrescentada na análise de PCA. A porcentagem de areia grossa, areia muito

grossa e areia média são típicas de ambientes hidrodinâmicos mais intensos.

64

Figura 4.3: Análise de PCA de Janeiro de 2012, mostrando gráfico com os agrupamentos das estações

conforme os valores positivos e negativos do PC1 e PC2, além da disposição dos parâmetros abióticos em

relação a todos os quadrantes.

Analisando a tabela 4.5 dos dados abióticos em função do mapa na figura

3.1B os locais mais profundos se encontram na plataforma interna (estações 5, 11

e 15), mas também existem alguns trechos profundos no rio Potengi,

provavelmente pelas dragagens periódicas (estações 1, 2, 22, 23 e 24). O CaCO3

possui maiores frequências na plataforma interna (estações 3, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,

13, 14, 15 e 16) e mais baixas no canal do rio Potengi (estações 1, 2, 4, 12, 17,

18, 19, 20, 21, 22, 23 e 24). Isso pode ser explicado pela grande disposição de

materiais sedimentológicos de origem bioclástica na plataforma interna, ao

contrário do que acontece no rio Potengi. O desenvolvimento de organismos

marinhos (principalmente os moluscos, corais, algas calcárias, espongiários e

briozoários, por exemplo) é mais favorecido em condições de águas do mar

claras, limpas, mornas e ricas em nutrientes, o que não ocorre no interior do

estuário do rio Potengi.

Os teores muito baixos de carbono orgânico (porcentagens de carbono

orgânico medido em analisador elementar e carbono orgânico total) sugerem

P1 P2

P3 P4

65

ambiente oxidante, ou seja, é inadequado à preservação da matéria orgânica,

como é o caso das estações 6, 7, 15, 20 e 22, ao contrário da estação 8.

Os teores de nitrogênio mostraram-se elevados na estação 7, a qual está

situada na plataforma interna, indicando grande contribuição de matéria orgânica

proveniente das atividades biológicas na plataforma; a estação 20 também

apresentou valores altos, a qual situa-se próxima às salinas e às fazendas de

carcinicultura, indicando que esse ambiente pode estar sob efeito de nitrificação,

que é um processo químico-biológico na formação de nitrito no solo pela ação

conjunta de bactérias quimiossintetizantes nitrificantes, pela ação de conversão

da amônia em nitrato.

Os baixos valores de δ13C/

δ 12C e

δ15N/

δ 14N indicam altos conteúdos

de proteínas (razão C: estações 6, 7, 8 e 15 situadas na plataforma interna;

estações 20 e 22 no canal principal do rio, onde a estação 20 está próxima às

salinas e fazendas de carcinicultura e a estação 22 está próximo ao Porto de

Natal; razão N: 10, 14 e 21, onde as estações 10 e 14 situam-se na plataforma

interna – praia dos artistas e Ponta Negra, respectivamente; estação 21 situa-se no

canal principal próximo ao Canal do Baldo) e, portanto, indicam fonte derivada

de fitoplâncton e zooplâncton. Há probabilidade dos valores mais elevados de

δ15N poderem indicar fonte de fitoplâncton e os valores menores de

zooplâncton.

Tabela 4.5: Parâmetros abióticos de Janeiro de 2012.

Estações Profundidade (m) % CaCO3 % C org medido EA % C org total % N total δ13C/12C δ15N/14N Cascalho (%) Areia muito grossa (%) Areia Grossa (%) Areia média (%) Areia fina (%) Areia muito fina (%) Silte + Argila (%)

1 10.7 2,61 0,01 2,72 0,00 0,04 1,13 6,10 34,59 36,91 21,22

2 13 2,17 0,00 3,65 6,63 34,02 48,98 5,98 0,73

3 11 15,64 0,02 1,97 0,07 4,92 25,84 50,34 14,46 4,29 0,07

4 5.1 1,83 0,00 0,39 14,39 13,90 67,75 3,53 0,04

5 13 22,13 0,02 2,46 0,27 25,35 35,31 7,79 22,32 8,74 0,23

6 5 84,37 0,12 0,02 0,02 -10,42 2,02 0,00 9,91 41,61 16,15 30,32 1,94 0,08

7 8 78,15 0,29 0,06 0,08 -11,39 3,19 0,04 6,94 51,71 15,11 25,54 0,63 0,02

8 9 93,03 4,07 0,28 0,03 -18,17 2,26 0,00 0,12 16,20 16,13 59,83 7,63 0,09

9 8 61,36 0,04 2,25 0,00 1,40 10,29 71,30 14,90 1,95 0,16

10 9 16,30 0,01 -2,16 0,00 0,36 19,17 10,01 67,73 1,98 0,75

11 12.5 15,61 0,00 1,30 42,23 48,46 6,67 1,24 0,10

12 10 1,72 0,00 1,79 75,63 22,56 0,02 0,00 0,00

13 11 45,98 0,18 52,07 30,55 13,55 3,29 0,33 0,03

14 12 22,45 0,02 -0,37 0,00 0,18 0,26 1,48 9,26 74,64 14,20

15 13.8 70,08 0,30 0,09 0,02 -14,49 0,61 0,03 2,04 11,18 53,83 30,81 1,98 0,13

16 11 21,69 0,02 3,00 0,00 0,95 13,75 53,08 26,80 3,61 1,81

17 9 5,77 0,01 3,66 0,00 3,49 12,91 10,33 71,82 1,20 0,26

18 5.7 2,49 0,00 1,07 15,36 52,18 30,69 0,64 0,06

19 4.7 9,77 0,02 0,99 4,69 61,00 32,67 0,47 0,15

20 5.6 6,60 0,27 0,26 0,05 -17,67 3,68 0,00 0,44 1,94 54,26 42,05 1,19 0,13

21 5.9 7,40 0,02 -0,65 0,06 4,69 5,72 13,00 53,06 20,20 3,26

22 13.9 5,52 0,12 0,11 0,03 -11,78 1,53 0,00 3,26 10,12 43,30 34,20 4,52 4,60

23 13 3,08 0,00 0,15 0,57 1,67 45,14 47,93 4,55

24 13.7 2,30 0,01 3,28 0,00 3,11 13,21 53,00 27,80 2,70 0,17

Parâmetros abióticos da coleta em Janeiro/2012

66

A análise de BIOENV revelou que o CaCO3 é o fator mais importante na

distribuição da comunidade de foraminíferos seguido pela porcentagem de

carbono orgânico (Tabela 4.6), indicando que o carbonato de cálcio presente nos

sedimentos é o principal colaborador na formação das carapaças dos

foraminiferos e o carbono orgânico é o fator secundário para a formação das

comunidades dos foraminiferos.

Tabela 4.6: Dados fornecidos pela análise BIOENV para Janeiro de 2012, mostrando os principais fatores

que se relacionam com a biota da região.

4.1.3 Análise comparativa dos mapas de granulometria de Outubro de

2011 e Janeiro de 2012

A seguir serão comentados os dados granulométricos nos mapas de

georreferenciamento em função dos dados granulométricos da Tabela 4.5.

Em Outubro de 2011 a fração de cascalho apresentou maior valor na

estação 17 (17%), localizada próxima às fazendas de carcinicultura e das salinas.

Sua menor frequência situou-se nas estações localizadas na foz (estações 5 e 6) e

em alguns trechos do canal principal (estações 12 e 18), desaparecendo na foz do

Rio Doce (estação 10), na foz do rio Potengi (estações 4, 7 e 8) e grande parte do

canal principal (estações 1, 9, 11, 13 – 16). Em Janeiro de 2012, apesar do

decréscimo significativo na estação 5 (0.28%), a maior concentração ocorre na

plataforma interna, enquanto que na foz e no canal principal do rio é ausente

(Figura 4.4).

2 CaCO3 (%) 2 CaCO3 (%)

3 C org medido EA (%)

Correlação: 0.247 Correlação: 0.223

Seleção de variáveis (Janeiro/2012)

67

Figura 4.4: Porcentagem de cascalho no rio Potengi e na plataforma interna em Outubro de 2011 e

Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011, areia grossa ocorre em maiores frequências (45 –

70%) próximo à foz (estação 2), na foz (estações 5, 6 e 7) e no canal central do

rio Potengi (estações 11 e 12). As menores porcentagens (15%) ocorrem no curso

superior do canal (estação 16) e próximo ao rio Doce (estação 1), desaparecendo

próximo à estação 15, localizada no curso superior do rio. Em Janeiro de 2012

foram observadas maiores porcentagens na estação 12, localizada na plataforma

interna (75%) e também na plataforma interna norte, na estação 7 (50%).

Menores frequências (5 - 10%) de areia grossa nas estações 2, 9, 21 e 22, onde a

estação 9 encontra-se na plataforma interna, a estação 2 está próxima à foz e as

estações 21 e 22 estão no curso principal do rio. Essa fração desaparece nas

estações 14 e 23, as quais situam-se na plataforma interna sul (Ponta Negra) e no

rio Potengi (Marina Iate Clube) (Figura 4.5).

68

Figura 4.5: Porcentagem de areia grossa no rio Potengi e na plataforma interna em Outubro de 2011 e

Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011 os maiores valores de areia muito grossa (14 – 36%)

ocorrem no curso superior (estação 17) e na região central do rio Potengi

(estações 12 e 14). Os menores valores estão localizados próximos à foz (estação

2) com porcentagem de 2%, e desaparecem na foz (estações 4, 6 – 8), com

exceção da estação 5, e na região central do rio Potengi (estações 9, 10, 13, 15 e

16). Em Janeiro de 2012 ocorreu maior frequência (50%) na estação 13, situada

na plataforma interna sul com valor alto (20%) na plataforma interna norte, na

estação 5. As menores frequências (5 - 10%) ocorrem nas estações 3, 6 e 7 na

plataforma interna, já no canal e na foz do rio essa fração não ocorre (Figura 4.6).

Figura 4.6: Porcentagem de areia muito grossa no rio Potengi e na plataforma interna em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

69

Em Outubro de 2011 a maior frequência (70%) da fração areia média está

localizada na foz (estação 8) e existem pequenas porcentagens (40 – 50%) na foz

(estações 4 e 6) e no canal principal (estações 9, 10, 13 e 16). Em Janeiro de

2012 a fração de areia média apresentou maior frequência de (75%) na estação 9,

embora houve maiores valores (45 – 60%) também na foz (estações 3 e 11) e

próximo à desembocadura (estação 24), plataforma interna sul (estações 15 e 16)

e na região central do canal do rio Potengi (estações 18 – 20). As menores

frequências (5 – 15%) ocorrem em trechos da plataforma interna (estações 4 – 8)

e no canal do rio Potengi (estação 21); e nas estações localizadas próximas à

Marina Iate Clube (estações 1 e 23) e região costeira sul (estação 14) não

ocorrem essa fração (Figura 4.7).

Figura 4.7: Porcentagem de areia média no rio Potengi e na plataforma interna em Outubro de 2011 e

Janeiro de 2012.

A maior frequência de areia fina foi de 40%, localizada no curso superior

(estação 15); as menores frequências (2 – 6%) ocorrem em alguns trechos do

canal principal (estações 9, 11, 12, 14, 17 e 18), próximo à foz (2 e 9) e

principalmente na foz (estações 4, 7 e 8); na estação 17 essa fração desaparece.

Em Janeiro de 2012 as maiores frequências de areia fina (50 – 80%) estão

localizadas principalmente nas regiões de alta hidrodinâmica, como a região

costeira (estações 4 e 10) e curso superior do canal do rio Potengi (estação 17), a

qual apresentou maior valor. As menores porcentagens (5 – 15%) encontram-se

70

na plataforma interna (estações 3, 5, 9 e 14), desaparecendo na região sul

(estações 12 e 13) (figura 4.8).

Figura 4.8: Porcentagem de areia fina no rio Potengi e na plataforma interna em Outubro de 2011 e

Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011 a maior porcentagem de areia muito fina é de 20%

no curso superior (estação 15) seguida pelas estações 16 e 9, no curso superior e

próxima ao rio Doce respectivamente, ambas com 8%. Os valores mais baixos (1

– 4%) ocorrem ao longo do canal principal (9 – 12 e 14, 17 e 18), e na foz do rio

Potengi (2 – 8). Em Janeiro de 2012 a maior frequência de areia muito fina foi na

estação 14 (75%), situada na plataforma interna sul, em Ponta Negra; existe

porcentagem significativa no canal principal do rio Potengi (35 – 40%) nas

estações 1 e 23, situadas próximas à Marina Iate Clube. A menor frequência (5%)

ocorre em alguns trechos do Rio (estações 2, 21, 22e 24,) e também na

plataforma interna (estações 5 e 8) e não ocorre no curso superior (estações 17 –

20) e na plataforma interna (estações 3, 4, 6, 7, 9 – 13, 15 e 16) (Figura 4.9).

71

Figura 4.9: Porcentagem de areia muito fina no rio Potengi e na plataforma interna em Outubro de 2011

e Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011 a porcentagem de silte ocorre no curso superior do

rio Potengi (estação 15) em maior frequência (26%) e possui menores

frequências em alguns trechos deste rio (estações 10, 13 e 14) até desaparecer na

foz (estações 4 – 8) e outros pontos do rio (estações 2, 9, 11 e 12). Assim como o

silte, a maior frequência de argila (3.2%) localiza-se no curso superior (estação

15 e 16) e possui menores frequências ao longo do canal principal em todas as

estações (0.2 – 1%). Em Janeiro de 2012 as frações de silte e argila, diferente da

primeira amostragem, foram agregadas. Ocorrem em maior frequência (20%) na

Marina Iate Clube (estações 1 e 23), e na plataforma interna sul, em Ponta Negra,

esta última possuindo porcentagens significativas (12%); as menores frequências

(1 – 5%) ocorrem no canal do rio (estações 21, 22 e 24) e estão ausentes no curso

superior do rio (estações 17 – 20) e na plataforma interna (3 – 13, 15 e 16)

(figura 4.10).

72

Figura 4.10: Porcentagem de silte e argila e silte no rio Potengi e na plataforma interna em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

4.2 Agrupamentos e similaridades das comunidades de foraminíferos

Neste tópico serão explanadas as análises de CLUSTER, MDS e os mapas

da disposição espacial das espécies que apareceram em maior frequência e

daquelas que sofreram algum tipo de alteração espacial, em conjunto com as

tabelas absoluta e relativa de ambas as amostragens. Serão mostradas também

quais as espécies atuantes nos ambientes marinhos, fluviais e de mangue e quais

são as espécies oportunistas, ou seja, são capazes de sobreviver em ambientes

poluídos e estressados, podendo inibir a presença de outras espécies através da

competição por nutrientes e matéria orgânica, e quais as espécies cosmopolitas,

ou seja, podem ser encontrados em vários ambientes diferentes.

73

4.2.1 Outubro de 2011

Na primeira amostragem foram identificadas 31 espécies, onde foi

observada a quantidade de indivíduos vivos e mortos (Tabela 4.8) para verificar

se as condições ambientais são favoráveis (ambiente fornece nutrientes

suficientes para a comunidade, sem existir a necessidade de competição),

desfavoráveis (ambiente não fornece nutrientes suficientes, ocasionando

competição intraespecífica (indivíduos da mesma espécie) ou interespecífica

(indivíduos de espécies diferentes, onde uma inibe a presença de outras) ou em

equilíbrio (o número de indivíduos vivos e mortos é igual ou muito próximos um

do outro) às comunidades de foraminíferos. Depois disso, foi confeccionada a

tabela de frequência absoluta (Tabela 4.9), que consiste na soma dos indivíduos

vivos e mortos, para dessa forma elaborar a tabela de frequência relativa (Tabelas

4.10), a qual serviu para as análises de CLUSTER (Figura 4.11) e MDS (Figura

4.12).

Das espécies identificadas foi possível observar que o rio Potengi é

dominado principalmente por foraminíferos que possuem carapaça calcária,

seguida por foraminíferos de carapaças aglutinantes e porcelanáceas (Tabela 4.7

à esquerda), onde estas últimas, na maioria das vezes, possuem características

marinhas e de ambientes altamente hidrodinâmicos, como a espécie porcelanácea

Quinqueloculina lamarckiana e o gênero aglutinante Textularia spp, salvo

exceções das espécies Quinqueloculina miletti e Quinqueloculina patagonica,

que preferem ambientes mixohalinas, além de se adaptarem em ambientes

ecologicamente estressados (oportunistas) e a espécie aglutinante Caronia exilis

que é tipicamente mixohalina (Tabela 4.7 à direita).

74

Tabela 4.7: Relação das espécies quanto à composição da carapaça na tabela à esquerda; e relação das

espécies quanto ao hábitat: marinho, mixohalino, mangue ou cosmopolita na tabela à direita em Outubro

de 2011.

Será discutida a seguir a tabela dos indivíduos vivos e mortos que

aparecem em maior frequência nas estações, como Ammonia tepida, Bolivina

striatula e Quinqueloculina lamarckiana (Tabela 4.8) em função da disposição

espacial das amostras na figura 3.1A.

A. tepida apresentou maiores valores de indivíduos vivos (>500

indivíduos) em relação aos mortos na estação 2 (820 indivíduos), a qual está

situada na desembocadura do rio, na estação 10 (760 indivíduos) situada na foz

do Rio Doce, e na estação 14 (600 indivíduos) que se encontra próximo às

fazendas de carcinicultura e das salinas, indicando que esses ambientes são

favoráveis à sobrevivência da espécie. As menores frequências (<500 indivíduos)

foram nas estações 9 (390 indivíduos), 12 (92 indivíduos) 17 (95 indivíduos)e 18

(60 indivíduos), indicando que esses ambientes não possuem condições para a

espécie.

Relação das espécies quanto ao tipo de carapaça Outubro/2011

Calcárias

Ammonia tepida

Bolivina pulchella

Bolivina striatula

Bulimina elongata

Cibicides sp

Cibicides variabilis

Discorbis bertheloti

Discorbis peruvianus

Discorbis sp

Discorbis williamsoni

Elphidium discoidale

Elphidium galvestonense

Elphidium poeyanum

Fissurina laevigata

Hanzawaia boueana

Lagena striata

Oolina globosa

Pseudononium atlanticum

Aglutinantes

Ammotium salsum

Caronia exilis

Reophax sp

Textularia agglutinans

Textularia earlandi

Textularia gramen

Porcelanosas

Cornuspira involvens

Pyrgo peruviana

Quinqueloculina intricata

Quinqueloculina gregaria

Quinqueloculina lamarckiana

Quinqueloculina miletti

Quinqueloculina patagonica

Relação das espécies marinhas/dulcícolas/mangue/cosmopolitas Outubro/2011 *O = oportunista

Cosmopolitas

Ammonia tepida (O)

Mixohalinas

Bolivina pulchella

Bolivina striatula (O)

Elphidium discoidale (O)

Elphidium galvestonense

Elphidium poeyanum

Quinqueloculina miletti (O)

Quinqueloculina patagonica (O)

Mangue

Ammotium salsum

Caronia exilis

Marinhas

Bulimina elongata

Cibicides sp

Cibicides variabilis

Cornuspira involvens

Discorbis bertheloti

Discorbis peruvianus

Discordis sp

Discorbis williamsoni

Fissurina laevigata

Hanzawaia boueana

Lagena striata

Oolina globosa

Pyrgo peruviana

Pseudononion atlanticum

Quinqueloculina intricata

Quinqueloculina gregaria

Quinqueloculina lamarckiana

Reophax sp

Textularia agglutinans

Textularia earlandi

Textularia gramen

75

B. striatula apresentou maior número de indivíduos vivos em relação aos

mortos (>100 indivíduos) na estação 16 (450 indivíduos), localizada no curso

superior do Rio localizada próxima as salinas e das fazendas de carcinicultura.

Os indivíduos que apresentaram menores valores (<100 indivíduos) foram as

estações 10 e 13 (90 indivíduos), localizadas na foz do Rio Doce. Quanto aos

indivíduos mortos em relação aos vivos a espécie apresentou maior número

(>100 indivíduos) na estação 5 (120 indivíduos), a qual está situada na foz. Os

menores valores (<100 indivíduos) situam-se nas estações 4 (40 indivíduos) e 6

(40 indivíduos), dispostas também na foz, indicando que esse ambiente não

possui condições de sustento desse organismo. As estações que apresentaram

ambiente em equilíbrio foram as amostras 9 e 17 pois disponibilizam nutrientes

suficientes para os organismos, situadas respectivamente próximo à foz e

próximo às fazendas de carcinicultura e às salinas. As amostras 3, 7 e 8 não

apresentaram indivíduos, provavelmente por estarem mais afastados da foz e essa

espécie é mixohalina.

Q. lamarckiana apresentou maior número de indivíduos vivos em relação

aos mortos (>100 indivíduos) na estação 5 (840 indivíduos). O menor valor

(<100 indivíduos) foi da estação 7, situada ao sul da foz, que apresentou 60

indivíduos. Quanto ao número de indivíduos mortos em relação aos vivos os

maiores valores (>100 indivíduos) a estação 1 apresentou maior valor (300

indivíduos), localizada próxima à foz do Rio Doce. O menor valor (<100

indivíduos) ocorre na estação estação 6 (90 indivíduos) situada na foz. O

ambiente parece estar em equilíbrio na estação 2 e as amostras 13 e 15 – 18

apresentam ausência da espécie por não apresentarem características marinhas e

no caso da estação 13 provavelmente o ambiente indica ausência dos nutrientes

necessários.

76

Tabela 4.8: Relação das espécies identificadas vivas e mortas de cada estação na amostragem de Outubro

de 2011.

Observando a tabela de frequência absoluta das espécies de foraminíferos

(Tabela 4.9) em conjunto com o mapa da figura 3.1A foi constatado que a

espécie A. tepida possui maior número de indivíduos em relação às demais

espécies principalmente na estação 15 (24.660 indivíduos), localizada próxima à

Estação de Tratamento de Água de Quintas, com exceção da estação 8 (6

indivíduos), a qual está localizada ao norte da foz. Q. lamarckiana também

possui maior número de indivíduos, principalmente na estação 5 (1.290

indivíduos), localizada na foz e possui menor número na estação 12 (4

indivíduos), localizada na região central do rio Potengi e desaparece no curso

superior. Q. miletti possui maior número de indivíduos na estação 15 (1800) e

menor na estação 8 (1 indivíduo) e desaparece na foz e em alguns pontos no rio.

Q. patagonica ocorre em maior número nas estações 1 (380 indivíduos) e 5 (300

indivíduos), localizadas no canal do rio e na foz respectivamente, e parece existir

competição interespecífica entre Q. patagonica e Q. miletti. Textularia earlandi

apresenta maior número de indivíduos na estação 5 (210 indivíduos), a qual está

Espécies\estações

Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos Vivos Mortos

Ammonia tepida 380 2420 820 780 200 440 30 280 120 1350 30 220 0 150 1 5 390 130 760 140 540 1140 92 54 360 1290 600 420 1980 22680 1080 1620 95 15 60 22

Ammotium salsum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 60 0 90 0 0 0 180 0 0 0 0

Bulimina elongata 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Bolivina pulchella 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Bolivina striatula 40 0 140 100 0 0 10 40 30 120 0 40 0 0 0 0 20 20 90 10 30 60 12 0 90 0 120 0 180 0 450 0 10 10 0 2

Cornuspira involvens 0 0 0 40 0 0 0 20 0 0 0 30 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Cibicides sp 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Cibicides variabilis 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Discorbis bertheloti 0 0 0 0 0 0 0 10 0 30 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Discorbis peruvianus 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Discorbis sp 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Discorbis williamsoni 0 0 0 0 100 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Elphidium discoidale 0 60 20 60 0 0 0 10 0 120 0 10 0 0 0 0 0 0 0 30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Elphidium galvestonense 0 80 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Elphidium poeyanum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 90 0 0 0 0 0

Fissurina laevigata 0 20 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Caronia exilis 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 30 0 0 0 30 60 60 0 0 0 0 0 5 0 0

Hanzawaia boueana 0 0 0 0 0 0 0 10 0 30 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Lagena striata 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Oolina globosa 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Pyrgo peruviana 0 40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - 0 0 0 0 0

Pseudononion atlanticum 0 60 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Quinqueloculina intricata 0 20 0 0 0 20 0 0 0 0 10 40 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Quinqueloculina gregaria 0 80 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Quinqueloculina lamarckiana 100 300 20 20 0 140 130 100 840 450 10 90 60 40 6 12 0 100 30 70 0 30 0 4 0 0 0 30 0 0 0 0 0 0 0 0

Quinqueloculina miletti 0 0 140 160 20 80 0 0 0 120 10 0 0 0 0 1 0 0 40 20 60 150 0 0 30 60 0 60 0 1800 180 360 0 0 0 0

Quinqueloculina patagonica 40 340 20 20 0 20 30 60 0 300 0 170 0 0 0 0 70 20 30 60 0 30 4 2 0 0 0 90 0 0 0 0 0 10 4 2

Reophax sp 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Textularia agglutinans 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Textularia earlandi 0 60 0 0 0 0 0 50 0 210 0 0 0 50 0 3 0 0 0 30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Textularia gramen 40 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Relação de espécies vivas/mortas por estação para Outubro/2011

7 8 9 10 11 121 2 3 4 5 6 16 17 1813 14 15

77

localizada na foz e é inexistente ao longo do canal por tratar-se de uma espécie

marinha.

Tabela 4.9: Frequência absoluta das espécies identificadas na amostragem de Outubro de 2011.

De acordo com a tabela de frequência relativa das espécies de

foraminíferos (Tabela 4.10) em função do mapa da figura 3.1A, a espécie A.

tepida apresenta maior dominância (estações 12, 13, 15 e 18) no canal do rio

Potengi, próximo às fazendas de carcinicultura, às salinas, à Estação de

Tratamento de Água de Quintas e no canal do baldo; e as menores frequências

ocorrem na foz. Q. lamarckiana dominou na foz e próximo à esta, mas possuiu

menor frequência ao longo do canal do rio Potengi; as oportunistas Q. miletti e

Q. patagonica apresentaram baixas frequências, mas parece haver competição

entre essas espécies por nutrientes e matéria orgânica. Textularia earlandi obteve

maiores frequências na foz e próximo a esta e é inexistente ao longo do canal por

tratar-se de uma espécie marinha.

ESPÉCIES/ESTAÇÕES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Ammonia tepida 2800 1600 640 310 1470 250 150 6 520 900 1680 146 1650 1020 24660 2700 110 82

Ammotium salsum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 60 90 0 180 0 0

Bulimina elongata 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0

Bolivina pulchella 0 0 0 0 30 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Bolivina striatula 40 240 0 50 150 40 0 0 40 100 90 12 90 120 180 450 20 2

Caronia exilis 0 40 0 20 0 30 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 1

Cornuspira involvens 0 0 0 0 0 40 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Cibicides sp 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Cibicides variabilis 0 0 0 10 30 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Discorbis bertheloti 0 20 0 0 0 0 0 0 0 10 30 0 0 0 0 0 0 0

Discorbis peruvianus 20 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Discordis sp 0 0 100 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Discorbis williamsoni 60 80 0 10 120 10 0 0 0 30 0 0 0 0 0 0 0 0

Elphidium discoidale 80 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Elphidium galvestonense 0 0 0 0 0 0 30 2 0 0 0 0 0 0 0 90 0 0

Elphidium poeyanum 20 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fissurina laevigata 20 0 0 0 0 0 0 0 0 10 30 0 30 120 0 0 5 0

Hanzawaia boueana 0 0 0 10 30 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Lagena striata 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Oolina globosa 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Pyrgo peruviana 40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Pseudononion atlanticum 60 0 0 0 0 10 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Quinqueloculina intricata 20 0 20 0 0 50 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0

Quinqueloculina gregaria 80 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Quinqueloculina lamarckiana 400 40 140 230 1290 100 100 18 100 100 30 4 0 30 0 0 0 0

Quinqueloculina miletti 0 300 100 0 120 10 0 1 0 60 210 0 90 60 1800 540 0 0

Quinqueloculina patagonica 380 40 20 90 300 170 0 0 90 90 30 6 0 90 0 0 10 6

Reophax sp 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Textularia agglutinans 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Textularia earlandi 60 0 0 50 210 0 50 3 0 30 0 0 0 0 0 0 0 0

Textularia gramen 60 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Frequência absoluta das espécies de foraminíferos encontradas em Outubro/2011

78

Tabela 4.10: Frequência relativa das espécies identificadas na amostragem de Outubro de 2011.

Serão discutidas a seguir as análises de CLUSTER (Figura 4.11) e MDS

(Figura 4.12). Para a análise de CLUSTER e MDS foi utilizado o programa

Primer 5 e 6, onde foi realizada a análise dos agrupamentos das espécies em

função da sua disposição espacial (mapa da Figura 3.1A) e dos parâmetros

abióticos, como a temperatura, profundidade, salinidade, densidade,

condutividade e granulometria (Tabela 4.4) que atuam nesses ambientes.

A análise de CLUSTER para as estações (Modo Q) em função dos dados

bióticos e abióticos gerou um dendograma com cinco grupos distintos (Figura

4.11) e nível de similaridade de 45%, em que analisando a disposição das

amostras (Figura 3.1A), dos dados abióticos (Tabela 4.4) e da frequência relativa

das espécies (Tabela 4.10) desse agrupamento, podem-se constatar dois

ambientes distintos, em que um está relacionado à região da foz do rio Potengi e

à plataforma interna, representado pelas estações de 1 a 11 dentro dos grupos C1,

C2 e C3; e outro ambiente corresponde à região mais interna do estuário,

representado pelas estações 12 a 18, as quais são constituintes dos grupos C4 e

C5.

ESPÉCIES/ESTAÇÕES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Ammonia tepida 66,67 67,80 62,75 38,27 39,20 33,33 42,86 19,35 68,42 65,69 80,00 86,90 85,94 66,67 92,57 68,18 75,86 90,11

Ammotium salsum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,13 5,88 0,0 4,55 0,0 0,0

Bulimina elongata 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,73 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Bolivina pulchella 0,0 0,0 0,0 0,0 0,80 0,0 2,86 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Bolivina striatula 0,95 10,17 0,0 6,17 4,00 5,33 0,0 0,0 5,62 7,30 4,29 7,14 4,69 7,84 0,68 11,36 13,79 2,20

Caronia exilis 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,73 1,43 0,0 1,56 7,84 0,0 0,0 3,45 0,0

Cornuspira involvens 0,0 1,69 0,0 2,47 0,0 4,00 0,0 0,0 0,0 0,73 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,10

Cibicides sp 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,33 2,86 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Cibicides variabilis 0,0 0,0 0,0 1,23 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Discorbis bertheloti 0,0 0,0 0,0 1,23 0,80 0,0 0,0 0,0 1,32 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Discorbis peruvianus 0,0 0,85 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,73 1,43 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Discordis sp 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 2,67 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Discorbis williamsoni 0,0 0,0 9,80 1,23 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Elphidium discoidale 1,43 3,39 0,0 1,23 3,20 1,33 0,0 0,0 0,0 2,19 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Elphidium galvestonense 1,90 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Elphidium poeyanum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,57 6,45 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,27 0,0 0,0

Fissurina laevigata 0,48 0,0 0,0 1,23 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Hanzawaia boueana 0,0 0,0 0,0 1,23 0,80 1,33 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Lagena striata 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,33 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Oolina globosa 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Pyrgo peruviana 0,95 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Pseudononion atlanticum 1,43 0,0 0,0 0,0 0,0 1,33 0,0 3,23 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Quinqueloculina intricata 0,48 0,0 1,96 0,0 0,0 6,67 0,0 0,0 0,0 1,46 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Quinqueloculina gregaria 1,90 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Quinqueloculina lamarckiana 9,52 1,69 13,73 28,40 34,40 13,33 28,57 58,06 13,16 7,30 1,43 2,38 0,0 1,96 0,0 0,0 0,0 0,0

Quinqueloculina miletti 0,0 12,71 9,80 0,0 3,20 1,33 0,0 3,23 0,0 4,38 10,00 0,0 4,69 3,92 6,76 13,64 0,0 0,0

Quinqueloculina patagonica 9,05 1,69 1,96 11,11 8,00 22,67 0,0 0,0 11,84 6,57 1,43 3,57 0,0 5,88 0,0 0,0 6,90 6,59

Reophax sp 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Textularia agglutinans 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Textularia earlandi 1,43 0,0 0,0 6,17 5,60 0,0 14,29 9,68 0,0 2,19 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Textularia gramen 1,43 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Frequência relativa das espécies de foraminíferos encontradas em Outubro 2011

79

O grupo C1 é constituído pelas estações 7 e 8, que apresentam como

principal característica a dominância de Ammonia tepida, Quinqueloculina

lamarckiana e, em menor frequência, Textularia earlandi. Ambas as estações são

encontradas na foz e apresentaram altos teores de salinidade, densidade e

densidade, principalmente a estação 8 (salinidade: 36,24 ppm; densidade: 23,39

g/cm3 e condutividade: 57,86 ppm), enquanto que a estação 7 apresentou valores

um pouco menores (salinidade: 36,18 ppm; densidade: 23,38 g/cm3 e

condutividade: 57,75 ppm). Quanto à granulometria, as frações de areia grossa

(estação 7: 46,96%) e areia média (estação 8: 68,20%) foram as dominantes,

indicando dessa forma que o grupo representa ambientes hidrodinâmicos e com

características marinhas e as frações finas apresentaram-se menos expressivas.

O grupo C2 apresentou-se menos homogêneo quanto às espécies em

relação aos grupos, podendo até mesmo dividi-lo em dois subgrupos: um

formado pelas estações 1, 3 e 10, cujas espécies dominantes são basicamente

Ammonia tepida e a Quinqueloculina lamarckiana; enquanto o outro subgrupo é

composto pelas estações 2 e 11, com A. tepida e Q. miletti. As estações 2, 3 e 10

apresentaram maior profundidade em relação às outras, com 12,6 m (estação 2),

13.3 m (estação 3) e 14.2 m (estação 10), sendo esta a mais profunda e a estação

11 foi coletada em profundidade rasa (3,5 m). A estação 3 obteve maiores valores

quanto à salinidade (36,28 ppm) e densidade (23,48 g/cm3), a qual situa-se na

foz. A estação 10, a qual está situada na foz do Rio Doce, apresentou valores

altos de salinidade (36,23 ppm), provavelmente devido à sua proximidade com as

salinas.

A estação 1 apresentou menores valores de salinidade (35,56 ppm),

densidade (22,86 g/cm3) e condutividade (57,01 ppm), a qual está localizada no

canal principal do rio e mais afastada das salinas. A estação 11, localizada

próximo ao Porto de Natal, apresentou valor alto na condutividade (57,95 ppm)

seguido da estação 10 (57,87 ppm), onde na maioria dos demais parâmetros a

estação 11 apresentou valores menores. Quanto à granulometria a estação 1

obteve valores altos de areia média (39,80%) e areia fina (31,44%) e de CaCO3

(5%), a estação 2 possui valores altos de cascalho (7,56%) e areia grossa

80

(67,78%), a estação 10 possui valor alto de areia média (50,69%) e a estação 11

possui valor alto de areia grossa (59,71%). Foi observado que a fração grossa foi

dominante nesse grupo, indicando ambiente de alta hidrodinâmica e com

características mixohalinas. As frações finas apresentaram-se em menor

frequência.

Já o Grupo C3, formado pelas estações 4, 5, 6 e 9, é composto por

Ammonia tepida, Quinqueloculina lamarckiana e Q. patagonica. Todas as

estações apresentaram valores similares de temperatura (27,8 – 27,9º C), a

estação 5 apresentou valor alto de salinidade (36,42 ppm) e densidade (23,59

g/cm3), enquanto que a estação 9 obteve valor alto de condutividade (57,92 ppm)

e a estação 6 apresentou teor de CaCO3 mediano (3,31%), apesar de ter obtido

valores menores para os demais parâmetros. Quanto à granulometria a estação 9,

situada próximo à foz, obteve valor alto de areia média (45,02%) seguida da

estação 4 (43,99%), situada na foz; a estação 5 obteve valores altos de cascalho

(7,38%), areia grossa (16,48%) e areia muito grossa (58,07%), indicando dessa

forma que esse grupo pertence a um ambiente altamente hidrodinâmico e de

domínio marinho, com baixa presença de frações finas.

O grupo C4 formado pelas estações 12, 17 e 18, onde as estações 12 e 18

encontram-se próximas ao Canal do Baldo e a estação 17 está próxima às

fazendas de carcinicultura e das salinas, apresentou baixa variedade de espécies

com predominância de Ammonia tepida, Bolivina striatula e Quinqueloculina

patagonica. As estações 17 e 18 apresentaram valor médio similar de

temperatura, já a estação 17 apresenta valor mais elevado (28,2º C) e índice alto

de CaCO3 (7,50%), em contrapartida apresentou menores valores de salinidade,

densidade e condutividade em relação à estação 12, onde apresentou esses

valores mais altos (salinidade: 36,31 ppm; densidade: 23,44 g/cm3 e

condutividade: 58,02 ppm).

Quanto à granulometria a estação 12 apresentou alta frequência de areia

grossa (61,63%), a estação 18 apresentou alta frequência de areia média

(26,13%) e a estação 17 dominou principalmente nas frações grossas, como

cascalho (17,50%) e areia muito grossa (36,99%) e apresentou silte (3,18%) em

81

sua composição sedimentar, indicando dessa forma que esse grupo é de ambiente

tipicamente estuarino e hidrodinâmico moderado, com presença de granulometria

fina significativa.

O grupo C5 composto pelas estações 13 a 16 apresenta as seguintes

espécies como sendo dominantes: Ammonia tepida, Bolivina striatula e

Quinqueloculina miletti, com exceção da estação 14 que apresentou Caronia

exilis como dominante. Quanto aos parâmetros abióticos as estações de 14 a 16

apresentaram profundidades rasas (estação 14: 4,4 m – estação 16: 9,6 m) e

salinidades baixas, com exceção da estação 13 (36,15 ppm), o qual apresentou

densidade (23,31 g/cm3) e condutividade (57,79 ppm) altas, enquanto que a

estação 15 apresentou altos índices de CaCO3 (5,79%).

Quanto à granulometria foi observada a presença das granulometrias

grossas (cascalho, areia grossa, areia muito grossa e areia média) e finas (areia

fina, areia muito fina, silte e argila). As estações 13 e 16 obtiveram frequências

similares de areia média (40,05 - 41,75%), enquanto que a estação 14 obteve

valor alto de cascalho (11,31%), areia grossa (41,30%) e areia muito grossa

(14,57%) e a estação 15 obteve valor alto de areia fina (39,35%), areia muito fina

(19,26%), silte (25,89%) e argila (3,20%). Foi observado que esse grupo é típico

de ambiente estuarino com hidrodinâmica moderada, com a presença de ambas

as granulometrias.

82

Figura 4.11: Dendograma formado pelo CLUSTER mostrando o agrupamento das estações conforme a

similaridade das espécies de foraminíferos encontradas entre elas em Outubro de 2011.

Através da tabela relativa dos foraminíferos (Tabela 4.10) a análise de

MDS gerou quatro grupos distintos: M1, M2, M3 e M4, onde M1 é representada

pelas estações 13, 15 e 16; M2 é representada pelas estações 12, 17 e 18; M3 é

representada pelas estações 1 – 6, 9 – 11 e 14; e M4 é representada pelas estações

7 e 8 (Figura 4.12).

O grupo M1 obteve como espécies dominantes A. tepida e Q. miletti,

onde a primeira apresentou alta frequência na estação 15 (92,57%), localizada

próxima à Estação de Tratamento de Água de Quintas, e a segunda apresentou

menor frequência na estação 16 (13,64%), localizada no curso superior do rio.

Esse grupo é dominado por espécies oportunistas e indicaram as prováveis áreas

afetadas, que são as proximidades da Estação de Tratamento de Água de Quintas

e no curso superior do rio.

O grupo M2 apresentou dominância de A. tepida, B. striatula e Q.

patagonica, onde a primeira apresentou maior frequência na estação 18

(90,11%), situada próximo ao Canal do Baldo, enquanto que a segunda e a

terceira apresentaram menores frequências, respectivamente, na estação 17

Ambiente marinho (Foz

e proximidades no Rio

Potengi)

Ambiente estuarino

(Região interna do Rio

Potengi)

83

(13,79%) e (6,90%), próxima às salinas e fazendas de carcinicultura. Esse grupo

também apresentou espécies oportunistas, como A. tepida, B. striatula e Q.

patagonica, indicando como prováveis locais poluídos as proximidades do Canal

do Baldo e das salinas e fazendas de carcinicultura.

O grupo M3 apresentou dominância de A. tepida e Q. lamarckiana, onde

a primeira apresentou alta frequência na estação 11 (80%), situada próxima ao

Porto de Natal, e a segunda apresentou menor frequência na estação 5 (34,40%),

localizada na foz. A dominância de A. tepida indica probabilidade de estresse

ambiental e poluição, enquanto Q. lamarckiana, que apresentou baixas

frequências na foz, indica o fraco aporte da cunha salina na entrada do rio

Potengi nesse período.

O grupo M4 apresentou maior diversidade em relação aos demais grupos

com a dominância de A. tepida, E. poeyanum, Q. lamarckiana e T. earlandi,

onde Q. lamarckiana obteve frequência mais alta na estação 8 (58,06%), situada

na foz ao norte, seguida da A. tepida na estação 7 (estação 7: 42,86%), também

situada na foz mas ao sul, enquanto que E. poeyanum e T. earlandi apresentaram

frequências baixas, respectivamente, na estação 7 (8,57% e 14,29%). O grupo

apresentou espécies mixohalinas (A. tepida e E. poyeanum) quanto marinhas (Q.

lamarckiana e T. earlandi), evidenciando altas salinidades nas regiões distais da

foz (Q. lamarckiana).

Fazendo uma comparação entre esta análise e a do CLUSTER, constatou-

se que os grupos M2 e M4 se mostraram idênticos, respectivamente, aos grupos

C4 e C1 da análise de CLUSTER, enquanto que o grupo M1 se mostrou

semelhante ao grupo C5, diferenciando apenas pela ausência da estação 14, pois

esta não apresentou similaridade das espécies em relação às estações presentes no

grupo M1. Quanto ao grupo M3 dessa análise, ele engloba os grupos C2 e C3 da

análise de CLUSTER, além da estação 14, pois como foi observada na descrição

acima, essa estação apresenta similaridade de espécies em relação a esse grupo.

84

Figura 4.12: Grupos formados a partir da aplicação de MDS nos dados bióticos de Outubro de 2011.

4.2.2 Amostragem de Janeiro de 2012

Na segunda amostragem foi observado aumento na diversidade de

foraminíferos identificados (41 espécies), onde foi observada a quantidade de

indivíduos vivos e mortos (Tabela 4.13). Depois disso, foi confeccionada as

tabelas de frequência absoluta (Tabela 4.14) e relativa (Tabela 4.15), a qual

serviu para as análises de CLUSTER (Figura 4.21) e MDS (Figura 4.22). Das

espécies identificadas foi possível observar que o rio Potengi é dominado

principalmente por foraminíferos que possuem carapaça calcária e a plataforma

interna é dominada por espécies aglutinantes e porcelanosas (Tabela 4.11 à

esquerda), salvo exceções das espécies porcelanosas Quinqueloculina miletti e

Quinqueloculina patagonica, que preferem ambientes mixohalinos, além de

serem adaptadas a ambientes ecologicamente estressados (oportunistas) e as

espécies aglutinantes Caronia exilis e o gênero Trochammina spp. que são

tipicamente mixohalinos (Tabela 4.11 à direita).

85

Tabela 4.11: Relação das espécies quanto à composição da carapaça na tabela à esquerda; e relação das

espécies quanto ao hábitat: marinho, mixohalino, mangue ou cosmopolita na tabela à direita em Janeiro

de 2012.

Será discutida a seguir a tabela dos indivíduos vivos e mortos que

aparecem em maior frequência nas estações, como Ammonia tepida, Bolivina

striatula e Quinqueloculina lamarckiana (tabela 4.12) em função da disposição

espacial das amostras na figura 3.1B.

A. tepida apresentou maiores valores (>1.000 indivíduos) de indivíduos

vivos em relação aos mortos nas estações 17 – 20, localizadas no curso superior

do rio, onde as estações 18 e 19 estão situadas próximas às fazendas de

carcinicultura e a estação 20 está próxima ao Canal do Baldo, sendo que a

estação 20 obteve valores elevados (1200 indivíduos), enquanto que o menor

valor (<1.000) foi na estação 19 (110 indivíduos). Quanto aos mortos em relação

aos vivos a espécie apresentou altas frequências (> 1.000 indivíduos) em quase

todas as amostras, principalmente na estação 14 (8.730 indivíduos), situado em

Ponta Negra na plataforma interna sul; enquanto que a menor frequência (<1.000

indivíduos) foi na estação 8 (24 indivíduos).

Relação das espécies quanto ao tipo de carapaça Janeiro/2012

Calcárias

Ammonia tepida

Amphicoryna scalaris

Bolivina striatula

Buccella peruviana

Bulimina marginata

Buliminella elegantissima

Cassidulina subglobosa

Cibicides fletcheri

Cibicides valvulanatus

Cibicides variabilis

Discorbis flordana

Discorbis peruvianus

Discorbis valvulatus

Discorbis williamsoni

Elphidium articulatum

Elphidium discoidale

Fissurina laevigata

Fissurina lucida

Foraminífero bentônico jovem

Hanzawaia boueana

Hopkinsina pacifica

Lagena striata

Lenticulina sp

Orthomorphina sp

Poroeponides lateralis

Pseudononium atlanticum

Uvigerina peregrina

Aglutinantes

Caronia exilis

Textularia earlandi

Textularia gramen

Trochammina discorbis

Trochammina inflata

Trochammina squamata

Porcelanosas

Cornuspira involvens

Miliolinella subrotunda

Pyrgo nasuta

Quinqueloculina intricata

Quinqueloculina lamarckiana

Quinqueloculina miletti

Quinqueloculina patagonica

Relação das espécies marinhas/dulcícolas/mangue/cosmopolitas Janeiro/2012 *O = oportunista

Cosmopolitas

Ammonia tepida (O)

Mixohalinas

Bolivina striatula (O)

Buccella peruviana

Buliminella elegantissima (O)

Elphidium articulatum

Elphidium discoidale (O)

Fissurina lucida

Milliolinella subrotunda

Quinqueloculina milletti (O)

Quinqueloculina patagonica (O)

Mangue

Caronia exilis

Trochammina discorbis

Trochammina inflata

Trochammina squamata

Marinhas

Amphicoryna scalaris

Bulimina marginata

Cassidulina subglobosa

Cibicides fletcheri

Cibicides valvulanatus

Cibicides variabilis

Cornuspira involvens

Discorbis flordana

Discorbis peruvianus

Discorbis valvulatus

Discorbis williamsoni

Fissurina laevigata

Foraminífero bentônico jovem

Hanzawaia boueana

Hopkinsina pacifica

Lagena striata

Lenticulina sp

Orthomorphina sp

Poroeponides lateralis

Pseudononium atlanticum

Pyrgo nasuta

Quinqueloculina intricata

Quinqueloculina lamarckiana

Textularia earlandi

Textularia gramen

Uvigerina peregrina

86

B. striatula apresentou maiores valores (> 100 indivíduos) de indivíduos

vivos em relação aos mortos nas estações 7, 15 e 16 (plataforma interna), 17

(curso superior), 18 (próximo às fazendas de carcinicultura e salinas), 20

(próximo ao Canal do Baldo), 22 e 24 (próximos ao Porto de Natal e Marina Iate

Clube respectivamente), sendo a estação 24 a mais numerosa (540 indivíduos), e

o menor valor (<100 indivíduos) foi na estação 17, que apresentou apenas 7

indivíduos vivos seguido da estação 7 que apresentou 10 indivíduos. Quanto ao

nímero de mortos em relação aos vivos o maior valor (>100 indivíduos)

apresentou-se nas estações 1, 2, 3 e 14, sendo a estação 1 (marina Iate Clube) a

mais numerosa (630 indivíduos) e o menor valor (<100) apresentou-se nas

estações 4 e 6, situada na plataforma interna norte (4 indivíduos cada uma), da

mesma forma que a estação 8 apresenta-se ausente, provavelmente por estar bem

afastada da costa e essa espécie é mixohalina com pouca tolerância à baixas

salinidades.

Q. lamarckiana apresentou maiores valores (>100 indivíduos) em relação

ao número de vivos sobre os mortos em apenas três estações (2, 8 e 11) todas

localizadas na plataforma interna, onde a estação 11 apresentou maior valor (370

indivíduos), indicando ambiente ideal ao seu desenvolvimento, enquanto que o

menor valor (< 100 indivíduos) foi na estação 8 (17 indivíduos), provavelmente

indicando baixo índice de nutrientes e salinidade. Quanto ao numero de mortos

em relação aos vivos o maior valor (>800 indivíduos) foi na estação 14 (2.460

indivíduos) e o menor valor foi na estação 17 (2 indivíduos).

87

Tabela 4.12: Relação das espécies identificadas vivas e mortas de cada estação na amostragem de Janeiro

de 2012.

Espé

cies\e

staç

ões

Indi

vídu

os v

ivos

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Vivo

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Mor

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00

00

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027

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011

010

4012

036

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1511

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131

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079

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900

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2920

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00

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00

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00

0

Boliv

ina

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410

00

00

9010

500

9010

4040

6030

048

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012

075

70

222

21

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025

5044

028

030

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0

Boliv

ina

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bilis

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100

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800

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00

00

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00

00

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00

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00

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00

00

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00

00

00

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00

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00

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00

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00

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00

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00

00

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00

00

00

00

00

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00

00

090

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00

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00

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00

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32

7048

020

230

130

160

120

320

014

011

1024

0022

522

531

554

02

31

40

20

6010

012

528

092

042

093

045

075

0

Quin

quelo

culin

a sp

00

150

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

Rosa

lina

sp0

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

200

00

250

00

00

00

00

00

00

00

00

0

Trilo

culin

a sp

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

Text

ular

ia ea

rland

i0

00

00

180

00

00

00

00

00

00

00

1010

050

160

120

021

00

5015

600

00

00

00

00

00

00

00

0

Text

ular

ia g

ram

en0

00

045

01

344

054

06

460

900

1020

700

023

038

00

6014

052

015

087

075

400

3030

00

00

00

20

00

00

00

300

0

Text

ular

ia sp

00

015

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

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00

00

00

00

00

00

00

00

Troc

ham

min

a di

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bis

00

00

00

01

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

030

00

00

00

00

00

00

00

00

Troc

ham

min

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flata

045

00

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00

00

00

00

00

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00

00

00

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00

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00

030

00

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00

00

00

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00

00

00

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00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

800

00

00

Uvi

gerin

a pe

regr

ina

00

00

00

01

040

00

00

00

030

00

100

020

00

00

00

150

00

00

00

00

00

00

00

090

2223

2415

1617

1819

2010

1112

1314

21

Rel

ação

de

espé

cies v

ivas

/mor

tas p

or e

staç

ão p

ara

Jane

iro/2

012

12

34

56

78

9

88

Observando a tabela de frequência absoluta das espécies de foraminíferos

(Tabela 4.13) em conjunto com o mapa da figura 3.1B foi constatado que a

espécie A. tepida possui maior número de indivíduos na estação 14 (9.480

indivíduos) na região costeira sul, seguida pelas estações 23 (7.530 indivíduos) e

24 (7.650 indivíduos), localizados no canal do rio Potengi, com exceção da

estação 8 (29 indivíduos), a qual está localizada próxima à região costeira norte.

Q. lamarckiana também possui maior número de indivíduos,

principalmente na estação 14 (4200 indivíduos), localizada na região costeira sul

e menor quantidade na estação 17, localizada no curso superior do rio Potengi. Q.

miletti possui maior número na estação 1 (585 indivíduos) e menor na estação 6

(1 indivíduo), localizada na plataforma interna norte, desaparecendo no curso

superior do rio e na plataforma interna. Q. patagonica possui maior número na

estação 14 (3.510 indivíduos), localizada na região costeira sul, e menor na

estação 19 (2 indivíduos). Textularia gramen apresenta maior número de

indivíduos na estação 14 (1.020 indivíduos), a qual está localizada na região

costeira sul, e menor número na estação 19 (2 indivíduos), localizada no canal do

rio Potengi e é inexistente no curso superior, na foz e em alguns trechos da

plataforma interna.

89

Tabela 4.13: Frequência absoluta das espécies identificadas na amostragem de Janeiro de 2012.

Espécie

s\E

sta

ções

12

34

56

78

910

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

Am

monia

rols

hauseni

00

00

00

00

00

00

030

00

00

00

00

00

Am

monia

tepid

a5085

1335

2925

49

1910

147

270

29

1130

520

450

1150

480

9480

14

75

459

016

0186

189

2100

20

75

5200

75

30

76

50

Am

moti

um

sals

um

015

00

00

00

010

00

00

00

00

00

00

00

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cala

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00

00

10

00

00

020

00

00

30

00

00

00

00

Bolivin

a d

onie

zi

00

45

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

0

Bolivin

a s

p0

15

01

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

Bolivin

a s

tria

tula

675

75

270

590

410

090

60

90

50

100

780

25

19

57

24

33

40

75

720

120

66

0

Bolivin

a v

aria

bilis

045

45

10

00

00

00

00

00

00

00

00

00

0

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eruvia

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00

90

080

420

110

10

020

80

210

25

00

01

00

00

0

Buccella sp

00

45

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

0

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ina m

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00

00

10

20

010

020

00

30

015

00

00

00

00

Bulim

ina p

ata

gonic

a0

00

10

00

00

00

00

00

00

00

00

00

0

Bulim

inella e

leganti

ssim

a90

0135

010

20

00

10

00

00

00

00

00

00

90

0

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ulina s

ubglo

bosa

135

045

110

110

020

00

00

00

15

06

00

50

80

60

0

Cib

icid

es a

knerianus

030

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

Cib

icid

es fle

tcheri

315

45

45

310

00

00

00

00

150

75

00

00

00

00

0

Cib

icid

es m

acknnai

015

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

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icid

es r

efu

lgens

00

45

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

0

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icid

es v

alv

ula

natu

s0

00

080

220

00

040

020

00

00

00

00

00

0

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icid

es v

aria

bilis

015

00

30

00

110

010

00

00

00

00

00

00

0

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gir

a involv

ens

00

135

010

20

00

10

00

090

00

00

00

0120

06

0

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corbis

berth

elo

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15

00

00

00

10

00

020

00

00

00

00

00

0

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corbis

flo

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00

00

00

00

00

00

060

25

60

00

020

00

60

0

Dis

corbis

peruvia

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00

00

01

10

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00

10

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00

00

00

00

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corbis

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00

00

00

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0120

06

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corbis

varia

bilis

00

00

30

00

00

00

00

00

00

00

00

00

0

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corbis

william

soni

015

90

240

30

00

00

20

20

90

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00

00

20

00

06

0

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hid

ium

sp

015

00

00

00

00

00

00

00

00

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00

00

Elp

hid

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arti

cula

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135

00

00

00

00

010

040

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00

00

00

00

0

Elp

hid

ium

dis

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00

03

40

210

040

10

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30

0180

50

75

10

120

01760

300

90

Elp

hid

ium

poyeanun

00

01

00

00

00

00

00

00

00

00

00

30

0

Fis

surin

a laevig

ata

225

00

00

00

010

00

00

00

00

00

00

03

00

Fis

surin

a lucid

a0

045

010

010

00

00

00

00

00

00

00

00

0

Fis

surin

a sp

015

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

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min

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nic

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015

00

10

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00

00

040

02

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00

00

00

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a p

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00

00

00

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00

00

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015

00

00

00

00

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a e

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00

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030

00

00

020

00

00

00

00

00

00

30

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00

01

00

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20

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00

10

00

03

0

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00

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00

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00

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00

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00

00

00

00

00

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00

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00

00

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tria

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00

00

00

00

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10

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00

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00

00

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00

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00

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00

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00

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60

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00

00

00

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10

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00

00

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0

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00

00

00

00

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00

30

00

00

00

00

00

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om

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a sp

00

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00

00

00

00

00

00

00

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00

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00

00

00

00

00

00

00

00

00

0

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es late

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00

00

00

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00

00

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10

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00

00

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00

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75

30

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00

00

00

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quelo

culina a

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00

00

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00

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quelo

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045

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00

00

00

00

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quelo

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Quin

quelo

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1500

4200

800

280

52

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12

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30

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Quin

quelo

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00

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10

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00

00

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0

Quin

quelo

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450

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55

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13

50

12

00

Quin

quelo

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075

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00

00

00

00

00

00

00

00

00

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00

00

00

00

00

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00

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00

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laria

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015

00

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Textu

laria

gram

en

00

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60

660

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00

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Textu

laria

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00

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015

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00

00

09

0

Frequência

absolu

ta d

as e

spécie

s e

ncontr

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aneir

o 2

012

90

De acordo com a tabela de frequência relativa das espécies de

foraminíferos (tabela 4.14) em função do mapa da figura 3.1B observou-se que a

espécie dominante foi A. tepida principalmente nas estações 17, 18 e 19

localizadas no curso superior e próximas às fazendas de carcinicultura. A espécie

Q. lamarckiana dominou a plataforma interna em alta porcentagem,

principalmente na estação 13 (40, 8%) e possui baixas frequências no canal do

rio Potengi e diminui em direção ao curso superior. A espécie T. gramen ocorre

nas estações 5, 7, 11 e 13, localizadas na plataforma interna e sua frequência é

baixa ao longo do rio, desaparecendo no curso superior.

91

Tabela 4.14: Frequência relativa das espécies identificadas na amostragem de Janeiro de 2012.

Esp

écie

s\E

staç

ões

12

34

56

78

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1112

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17,1

46,6

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48,2

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201

2

92

Serão discutidas a seguir as análises de CLUSTER (Figura 4.13) e MDS

(Figura 4.14) com base na disposição espacial das estações (mapa da Figura

3.1B) e dos parâmetros abióticos como profundidade, CaCO3, carbono orgânico,

nitrogênio e granulometria (Tabela 4.4) que atuam nesses ambientes.

A análise de CLUSTER (Figura 4.21) juntamente com a tabela de

frequência relativa das espécies (tabela 4.4) revelaram a formação de três grupos

de acordo com as espécies de foraminíferos encontradas: Plataforma Interna (5 –

16), Canal do Rio Potengi (17 – 24) e Foz do Rio Potengi (1 – 4). As espécies

oportunistas Ammonia tepida e Bolivina striatula dominaram nos três grupos

formados tanto no CLUSTER como no MDS, onde A. tepida apresentou altas

porcentagens, principalmente no canal do rio Potengi; enquanto que a espécie

Bolivina striatula aparece em baixas porcentagens, especialmente no rio Potengi,

indicando provavelmente ambiente ecologicamente estressado e poluído.

Cibicides fletcheri, o qual indica ambientes costeiros de alta energia, geralmente

anexada a rochas ou plantas, também apareceu em maiores quantidades na Foz

do rio Potengi, o que explica a presença dessa espécie.

As espécies tipicamente marinhas Hanzawaia boueana, Elphidium

discoidale, Cibicides valvulatanus, C. variabilis e Discorbis peruvianus

aparecem com maior frequência na Plataforma Interna. A espécie de habitat

marinho e de ambientes com alta hidrodinâmica Quinqueloculina lamarckiana

dominou os três grupos, mas em maior porcentagem na Plataforma Interna e

menor na Foz do Rio Potengi. Q. patagonica e Cassidulina subglobosa aparecem

em menor densidade no Canal do Rio Potengi. A espécie oportunista e

mixohalina Q. miletti apresenta frequências mais altas na Foz do Rio Potengi,

indicando deposiçao de matéria organica e outros nutrientes nesse ambiente.

Pseudononion atlanticum, Textularia earlandi, T. gramen e Trochammina inflata

aparecem na Foz do Rio Potengi e na Plataforma Interna. A presença dessas

espécies de foraminíferos tolerantes à baixa salinidade e tipicamente

mixohalinas, como T. inflata, T. squamata e Caronia exilis podem sugerir que o

contribuinte fluvial é capaz de exportar organismos de ambientes mixohalinos

em direção à foz e à plataforma interna.

93

Figura 4.13: Dendograma formado pelo CLUSTER mostrando o agrupamento das estações conforme a

similaridade das espécies de foraminíferos encontradas entre elas em Janeiro de 2012.

A análise de MDS (Figura 4.14) diferenciou três grupos, onde as espécies

de foraminíferos indicadores foram Ammonia tepida, Quinqueloculina

patagonica, Cassidulina subglobosa, Trochamina inflata e T. squamata, as quais

ocorrem principalmente no canal do rio Potengi. Bolivina striatula, Cibicides

fletcheri, Quinqueloculina lamarckiana, Q. miletti, Pseudononion atlanticum,

Textularia earlandi, T. gramen e Trochamina discorbis ocorrem principalmente

na foz do rio Potengi. Hanzawaia boueana, Elphidium discoidale, Cibicides

valvulatanus, C. variabilis, Discorbis peruvianus, Quinqueloculina lamarckiana,

Pseudononion atlanticum, Textularia earlandi e T. gramen aparecem com maior

frequência na plataforma interna. Isso indica que o grupo Canal do Rio Potengi é

dominado por espécies mixohalinas e de manguezais além da presença de

espécies oportunistas como A. tepida e Q. patagonica, indicando ambiente

ecologicamente estressado e provavelmente poluído. O grupo da Foz do Rio

Potengi apresentou espécies mixohalinas e de manguezais (B. striatula, C.

fletcheri, Q. miletti e T. discorbis) quanto marinhas (Q. lamarckiana, P.

atlanticum, T. gramen e T. earlandi), indicando mistura das águas marinhas e

94

fluviais. O grupo Plataforma Interna apresentou a maioria das espécies típicas

marinhas, com exceção de T. discorbis, E. discoidale, C. valvulatanus e C.

variabilis, que são mixohalinas e de manguezais, indicando que o aporte fluvial

pode tê-las transportado para a desembocadura e, através das correntes marinhas,

foram levadas para a plataforma interna.

Figura 4.14: Grupos formados a partir da aplicação de MDS nos dados bióticos de Janeiro de 2012.

4.2.3 Análise comparativa dos mapas de georreferenciamento dos

foraminíferos de Outubro de 2011 e Janeiro de 2012

Serão descritos a seguir os mapas de contorno dos seis foraminíferos

selecionados para estudo: Ammonia spp, Bolivina spp, Caronia exilis, Elphidium

spp, Quinqueloculina spp e Textularia spp. que foram dominantes nas duas

amostragens (Figuras 4.15 – 4.20).

Em Outubro de 2011 Ammonia spp. apresentou maior frequência na

estação 15 (95%), a qual está próxima à Estação de Tratamento de Água de

Quintas e também apresentou maior frequência nas estações 12, 13 e 18, situadas

respectivamente próximas às salinas e fazendas de carcinicultura e ao Canal do

Baldo. A menor frequência ocorre na foz com 15% na estação 8, situada a norte

da foz. Em Janeiro de 2012 esse gênero ocupou a metade do canal principal,

apresentando maior frequência nas estações 17 e 19 (85%) e foi observado

Plataforma

Interna

Canal do

Rio Potengi

Foz do Rio

Potengi

95

também domínio desse gênero na plataforma interna e na foz, mas em baixas

frequências (40%), representados pelas estações 4, 6, 9, 10, 12, 14 e 16. As

menores frequências estão localizadas na plataforma interna, com 10%

representadas pela estação 13 (Figura 4.15).

Figura 4.15: Abundância relativa do gênero Ammonia spp. em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011 Bolivina spp. obteve maior frequência na estação 17,

situada próxima às fazendas de carcinicultura (14%) e também na foz (8%),

possuindo menor frequência na região mais afastada da desembocadura na

estação 3 (1%), desaparecendo ao norte da foz (estação 8) e em alguns trechos do

rio (estação 1 e 15). Em Janeiro de 2012 esse gênero apresentou maior frequência

na estação 20 (12%), situada próximo à área do Canal do Baldo e às fazendas de

carcinicultura e das salinas. Assim como no mapa de Ammonia spp, verificou-se

a formação de uma “pluma” na foz do rio Potengi, representado pelas estações 4

e 10 (5%). A menor frequência encontrada está na estação 8, localizada na

plataforma interna norte (1%), desaparecendo na plataforma interna sul,

representada pela estação 15 (Figura 4.16).

96

Figura 4.16: Abundância relativa do gênero Bolivina spp. em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011 Caronia exilis localiza-se principalmente na região

central do canal do rio Potengi na estação 14 (8%) e sua frequência diminui

próxima às fazendas de carcinicultura nas estações 12 e 13 (1%), desaparecendo

no curso superior (estação 16), próxima à Estação de Tratamento de Água de

Quintas (estação 15), esgoto do Canal do Baldo (estação 18) e ao se aproximar da

foz (estações 1, 2 e 9) e na foz (3 – 8). Em Janeiro de 2012 além de apresentar

porcentagem muito baixa, essa espécie ocorre na estação 11 (0.8%), na

plataforma interna sul, embora existam também pequenas colônias na plataforma

interna norte, representadas pelas estações 3 e 5 (0.5%) e próxima à foz do rio

Potengi, representada pela estação 24 (0.3%). Desaparece nos extremos norte e

sul da plataforma interna e ao canal do rio Potengi (Figura 4.17).

97

Figura 4.17: Abundância relativa da espécie Caronia exilis em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011 Elphidium spp. é mais frequente na estação 7, ao sul

da foz (9%) e também na estação 8, a norte da foz (6%). A frequência é baixa em

alguns trechos do rio nas estações 10 e 16 (2%) e também na região mais

afastada da foz, nas estações 4 a 6 com o mesmo valor, enquanto que na área

mais afastada da foz na estação 3 e no canal principal nas estações 9, 11 a 15, 17

e 18 esse gênero desaparece. Em Janeiro de 2012 esse gênero apresentou maior

frequência na estação 22 (16%), situada próximo ao Porto de Natal, apresenta

baixas frequências na plataforma interna representada pelas estações 9 e 12 – 15

(1%), desaparecendo ao longo do canal do rio Potengi (estações 17 – 21), na foz

(estações 2 e 24) e na plataforma interna (estações 3, 5, 6 e 8) (Figura 4.18).

98

Figura 4.18: Abundância relativa do gênero Elphidium spp. em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011 Quinqueloculina spp. obteve maior frequência na

estação 8 (65%), localizada à norte da foz enquanto as menores frequências (5%)

estão localizadas próximas às fazendas de carcinicultura e das salinas (estações

12, 13 e 17), a estação 15 está próxima à Estação de Tratamento de Água de

Quintas e a estação 18 está próximo ao Canal do Baldo. Em Janeiro de 2012 esse

gênero apresentou-se dominante na plataforma interna, principalmente na estação

13, situada na plataforma interna sul (46%), porém existe porcentagem maior na

estação 1, situada na Marina Iate Clube (34%) e as menores frequências

encontram-se no curso superior do canal principal (2%) representado pelas

estações 17 – 19 (Figura 4.19).

Figura 4.19: Abundância relativa do gênero Quinqueloculina spp. em Outubro de 2011 e Janeiro de

2012.

99

Em Outubro de 2011 Textularia spp. obteve maior frequência na estação 7

(15%), situada ao sul da foz e ao norte da foz, na estação 8, também apresenta

frequências maiores (9%). A menor frequência (2%) ocorre na foz do Rio Doce

(estações 1 e 10) e desaparece no curso superior (estações 11 – 18), próximo à

desembocadura do rio (estações 2 e 9) e na foz do rio Potengi (estações 3, 5 e 6).

Em Janeiro de 2012 esse gênero apresentou maior frequência na plataforma

interna, principalmente na estação 13 (28%), situada ao sul e existem

porcentagens significativas nas estações 5, 7 e 11 (20%). As menores frequências

ocorrem próximas à costa representada pelas estações 6, 9, 12, 14 e 16 (4%) e

desaparece na foz (estações 2, 24 e 10) e ao longo do curso do rio (1 e 17 – 23)

(Figura 4.20).

Figura 4.20: Abundância relativa do gênero Textularia spp. em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012.

100

Capítulo 5

101

5 – Discussões

Ambas amostragens revelaram que a composição da carapaça dos

foraminíferos do rio Potengi e da plataforma interna é dominado por espécies

calcárias, seguida de espécies porcelanáceas. No entanto, na segunda amostragem

verificou-se que a plataforma interna é dominada também por espécies

aglutinantes e porcelanáceas, o que pode ser explicado pela granulometria

característica nesses ambientes. Trabalhos de Wang e Chappell (2001), Ruiz et

al. (2005), Eichler et al. (2007), Mahiques et al. (2009) e Sarita et al. (2015)

discutem aspectos e relações de foraminíferos com a granulometria, onde

espécies de aglutinantes selecionam grãos finos e grossos para a construção de

suas carapaças, e espécies porcelanáceas são geralmente relacionadas a

granulometria mais grossa.

O valor elevado de indivíduos vivos para A. tepida nas proximidades das

fazendas de carcinicultura, das salinas e do Canal do Baldo, reforçam sua

característica cosmopolita e indicadora de ambiente caracterizado por baix

salinidade, teor de argila e alto teor de carbono orgânico (Mleis e Covelli, 2013).

B. striatula também dominou na proximidade das fazendas de carcinicultura e

das salinas e na foz na primeira amostragem, enquanto que na segunda

amostragem houve domínio nas proximidades do Canal do Baldo.

De acordo com Eichler et al. (2003, 2007), Ruiz et al. (2005), Uehara et

al. (2007), Berkeley et al. (2008), Mahiques et al. (2009) e Debenay (2012), o

gênero Bolivina costuma viver em lagoas costeiras, estuários e baías e são

também tolerantes a ambientes com baixos teores de oxigênio dissolvido e alto

teor de carbono orgânico indicando talvez um local impactado em ambientes de

granulometria fina. A presença de provável competição interespecífica de Q.

miletti e Q. patagonica observada no presente estudo necessitam ainda de estudo

para comprovar essa hipótese. De acordo com Debenay (2012) o gênero

Quinqueloculina pode ser encontrado em lagoas costeiras, pântanos salgados,

estuários e baías, sendo também considerados oportunistas e tolerantes à

ambientes poluídos, como as espécies Quinqueloculina miletti e Q. patagonica.

Essa maior concentração das espécies oportunistas no estuário pode ser explicada

102

pela grande quantidade de efluentes provenientes do Canal do Baldo, indústrias

de vários setores e da agricultura, principalmente o Esgoto do Canal do Baldo,

que lança seus efluentes não tratados diretamente no leito do rio Potengi (mais de

60%) diariamente, como foi mostrado nos trabalhos de Ramos e Silva et al.

(2006) e Silva et al. (2001), onde o primeiro autor estudou as variações de metais

pesados através das raízes das árvores dos manguezais vermelhos e o segundo

autor utilizou ostras Crassostrea rhizophorae como bioindicadores, onde ambos

apontaram discutiram os efeitos antrópicos, como dragagens periódicas, uso de

pesticidas e fertilizantes na agricultura e a emissão dos esgotos não tratados

combinados com o despejo de efluentes industriais e farmacêuticos no estuário.

Algumas espécies encontradas no Rio Potengi e plataforma interna podem

indicar ambientes ecologicamente estressados (A. tepida, B. striatula, Q.

patagonica e Q. miletti), apontar as presenças da influência marinha no estuário

(Q. lamarckiana) e aporte fluvial para a foz (Trochammina spp), além de serem

utilizados como indicadores em estudos paleoambientais e subambientes

passados (Comissão do Registro Geológico da Dinâmica da Biosfera, 2005;

Mahiques et al., 2009; Uehara et al., 2007; Ruiz et al., 2005; Wang e Chappell,

2001).

Algumas espécies de foraminíferos oportunistas foram encontrados nos

trabalhos de Eichler et al. (2007), realizado no Canal Bertioga (SP); De Souza et

al. (2010), realizado no rio Potengi; Eichler et al (2014), realizado na Baía de

Guanabara (RJ), Eichler – Coelho et al. (1997), Uehara et al. (2007) e Mahiques

et al. (2009), realizados no sistema estuarino Cananéia – Iguape (SP), Ruiz et al.

(2005), realizado em três estuários: Guadiana, Piedras e Tinto – Odiel,

localizados ao longo da Costa de Huelva, Sudoeste da Espanha, e Berkeley et al.

(2008), realizado na linha de costa adjacente ao Rio Cocoa, Queensland,

Austrália.

Além das espécies oportunistas, foram encontradas também espécies

marinhas, como T. gramen, T. earlandi, Q. lamarckiana, H. boueana, Cibicides

valvulatanus, Cibicides variabilis, U. peregrina e P. atlanticum, sendo que U.

peregrina aparece somente em Janeiro de 2012. A maior frequência de Q.

103

lamarckiana fica restrita na foz e são encontradas baixas frequências no curso

superior; já em Janeiro de 2012 foi observado que as maiores frequências situam-

se na plataforma interna e percebem-se porcentagens significativa até a estação

22, situada nas proximidades do Porto de Natal. Os autores Eichler et al. (2007) e

Wang & Chappell (2001) descrevem o gênero Quinqueloculina como

foraminífero típico de ambientes de alta hidrodinâmica da plataforma interna.

Apesar das espécies H. boueana e P. atlanticum aparecerem em baixas

frequências restritas à foz P. atlanticum, H. boueana, T. gramen e T. earlandi

aparecem em maior frequência na plataforma interna e nas proximidades da foz.

Segundo Eichler et al. (2012), a espécie Hanzawaia boueana está relacionada à

Água Tropical sob a influência da Corrente Brasileira, e sua presença no rio

Potengi e na plataforma indica ambientes de alta salinidade e nesse estudo pode

revelar a penetração da cunha salina no rio Potengi, enquanto que P. atlanticum e

U. peregrina estão associados à plataforma interna, juntamente com Q.

lamarckiana. O gênero Cibicides é típico de ambientes costeiros de alta energia,

geralmente anexado a rochas ou plantas (Scott et al., 2004; Debenay, 2012), o

que explica a sua localização na plataforma e na foz do rio Potengi, nunca no

interior do mesmo. Apesar de não obter o dado de salinidade na segunda

amostragem, o Rio Potengi parece possuir gradiente de influência marinha até as

proximidades do Porto de Natal.

Em ambas as amostragens foi identificada a espécie mixohalina e típica de

manguezais C. exilis, onde em Outubro de 2011 ocorreu no canal central do Rio

Potengi próxima às salinas e as fazendas de carcinicultura. Já na segunda

amostragem foi observado que, além do desaparecimento dessa espécie no rio e

seu aparecimento na plataforma interna, sua frequência está muito baixa,

situando-se na plataforma interna. As espécies do gênero Trochammina, típicas

de áreas de manguezal (Eichler et al., 2007), também foram encontradas na

plataforma, apenas na segunda amostragem, indicando a presença da pluma

estuarina de água doce na plataforma interna revelando a alta competência do Rio

Potengi de exportar material para a plataforma.

104

As análises de PCA revelaram que os principais parâmetros que atuaram

na distribuição dos foraminíferos foram a granulometria, o CaCO3, carbono

orgânico e o nitrogênio, seguidas de profundidade, salinidade, condutividade e

densidade. O BIOENV revelou tambem que a granulometria foi o fator que

definiu a distribuição dos foraminíferos em Outubro de 2011, enquanto que em

Janeiro de 2012 foi o carbonato de cálcio. Pode-se concluir que altas

porcentagens de areia grossa e areia muito grossa revelam ambientes de alta

hidrodinâmica, e baixa frequência de cascalho, areia média, areia fina, areia

muito fina, silte e argila, típicas de ambientes moderadamente hidrodinâmicos

(areia média e areia fina) e baixa hidrodinâmica (frações finas). Comparando as

análises de MDS foi observado que tanto em Outubro de 2011 e Janeiro de 2012

o Canal do Rio Potengi é dominado por espécies oportunistas (Outubro de 2011:

A. tepida, B. striatula e Q. patagonica; Janeiro de 2012: A. tepida e Q.

patagonica) evidenciando os prováveis locais de contaminação, como as

proximidades da Estação de Tratamento de Água de Quintas, Canal do Baldo,

salinas e fazendas de carcinicultura.

O rio Potengi apresenta frações de areia média e areia fina, indicando

ambiente moderadamente hidrodinâmico, embora tenha apresentado

porcentagem significativa de silte e argila na estação 1, situada próxima à Marina

Iate Clube, indicando ser um ambiente deposicional e de baixa hidrodinâmica.

Na plataforma interna as frações de areia grossa e areia média foram dominantes,

enquanto que a fração de areia fina ficou concentrada na plataforma interna

norte, provavelmente por causa das correntes marinhas, e as frações de areia

muito fina e silte e argila apresentaram porcentagens significativas na estação 14,

situada em Ponta Negra, indicando ambientes deposicionais e de baixa

hidrodinâmica. Segundo Frazão et al. (2003) a dispersão do material

sedimentológico se dá pelas marés, quase sempre acompanhados por correntezas

horizontais. As correntes de maré predominam na circulação do estuário Potengi

e na plataforma interna, junto ao litoral. As correntes induzidas pelo fluxo do rio

Potengi são restritas à região estuarina e são induzidas pelos ventos alísios na

direção SE e E, transportando grandes quantidades de sedimentos na plataforma

105

interna, em direção à costa e são responsáveis pela orientação das ondas, as quais

atingem a linha de costa, gerando correntes de deriva litorânea que transportam

os sedimentos no sentido S – N (Pereira, 1999; Suguio, 1999).

No estudo de Frazão & Vital (2007), o canal do rio Potengi é formado

predominantemente pela fração arenosa, com a presença de barras alongadas de

areia com cascalho esparso no curso superior e na foz do rio Doce, apresenta

areia siltosa na área das indústrias, no Porto de Natal, no Iate Clube, as margens

do canal são compostas por silte arenoso, nas proximidades da foz apresenta as

feições areia lamosa com cascalho esparso e arenito de praia. Essa informação

concorda com a análise de Outubro de 2011, mas em Janeiro de 2012 foi

observado que o cascalho não aparece nos locais citados pelo autor, podendo

indicar que houve forte influência fluvial que provavelmente deslocou essas

frações para outros ambientes.

Segundo a tabela dos dados abióticos, as porcentagens de CaCO3 foram

muito altas na plataforma interna da segunda amostragem, que indicam maior

contribuição biológica, ao contrário do constatado no estuário. Os teores muito

baixos de carbono orgânico sugerem um ambiente oxidante, inadequado à

preservação da matéria orgânica. Para Cunha (2004), a distribuição do CaCO3 no

estuário do rio Potengi se mostrou menor (5%), ocupando as zonas mais

profundas no estuário médio. Os valores maiores estão associados aos

sedimentos mais finos, situados nas zonas menos profundas junto às margens, em

resposta à ação seletiva das correntes de marés e, além disso, alguns locais do

estuário são ricos em conchas calcárias, devido às ações de drenagem como é o

caso dos canais que interligam o rio Potengi.

Quanto à matéria orgânica, esse mesmo autor afirmou nos seus estudos

que a matéria orgânica é derivada dos manguezais característicos dos ambientes

com alta produtividade primária (plantas e árvores), onde há enriquecimento por

decomposição da matéria orgânica de origem próxima aos dejetos domésticos.

Neste estudo os locais que apresentaram maiores valores de matéria orgânica

apresentaram maior predominância de foraminíferos oportunistas, como B.

striatula, A. tepida, Q. patagonica e Q. miletti.

106

A temperatura variou de acordo com a disposição espacial das estações,

onde as amostras coletadas no canal principal apresentaram temperaturas maiores

e as amostras coletadas próximas à desembocadura e na foz apresentaram

temperaturas mais baixas, salientando que o parâmetro de temperatura não está

no grupo P1 provavelmente pela existência das dragagens periódicas no rio e

estas alteram a configuração do fundo. Na segunda amostragem a profundidade

variou principalmente próximo da foz do rio e na plataforma interna, tendo esta

última a profundidade esperada. A temperatura não foi o fator determinante na

distribuição dos foraminíferos, pois a área de estudo localiza-se em área tropical

e as águas são quentes, cuja variação é mínima, como foi mostrado no estudo de

Frazão et al. (2003).

Nos estudos de Pereira (1999) e Cunha (2004) realizados no rio Potengi,

onde nesse trecho as zonas mais profundas (entre 15 a 12,5 m) encontram-se no

canal principal, entre o Iate Clube e a Ponte de Igapó (ponte antiga) e à medida

que se afasta do trecho a profundidade diminui. Segundo a autora, esse fato é

explicado pela ação antrópica que faz as dragagens do rio para facilitar a

navegação e o aporte de navios, além das ações erosivas provocadas pelas

correntes fluviais das marés, formando bancos de areia nas margens côncavas e

remobilização dos sedimentos erodidos nas margens convexas. Esses estudos

confirmaram as variações de profundidade no canal do Rio no atual trabalho, em

particular na área do Porto e do Iate Clube.

Os parâmetros de salinidade, condutividade e densidade obtiveram

maiores valores nas estações coletadas próximas da foz e na foz, já que é um

ambiente que sofre influência constante do mar e obtiveram menores valores nas

estações coletadas nas regiões mais internas. Segundo Cunha (2004), a influência

estuarina na circulação costeira se restringe às zonas próximas da saída do

estuário e em pequena escala, sendo que a influência é maior nas condições de

maré alta. A linha de recifes situada na entrada do estuário é responsável pela

penetração das correntes costeiras no interior do rio.

107

Como foi observado acima, os fatores que contribuem para a distribuição

dos foraminíferos são os aportes fluviais e marinhos, granulometria e a

disposição de CaCO3 e matéria orgânica.

108

Capítulo 6

109

6 – Conclusões

A análise sistemática dos foraminíferos presentes em sedimentos do

rio Potengi e plataforma interna adjacente indica a presença de dois

ambientes: a área mais externa é regida pela forte influência marinha e a

área mais interna é mixohalina;

A forte influência do mar ao longo do rio Potengi é revelada através

da presença da espécie Quinqueloculina lamarckiana. O gênero

Trochammina indica a presença da pluma estuarina de água doce na

plataforma interna revelando a alta competência do rio Potengi de exportar

material da região de manguezal para a plataforma;

O rio Potengi é dominado por espécies calcárias e aglutinantes,

indicadoras de aporte continental, enquanto que a foz e a plataforma

interna são dominadas pelas espécies aglutinantes e porcelanáceas, as

quais são típicas de ambientes com alta salinidade e hidrodinâmica;

A presença das espécies Ammonia tepida, Quinqueloculina

patagonica e Q. miletti, juntamente com as porcentagens elevadas de areia

muito fina, silte e argila, revelaram que os principais locais de deposição

provavelmente indicam sedimentos poluídos ou contaminados;

Os fatores que contribuíram para a distribuição dos foraminíferos

foram as correntes fluviais e marinhas, a granulometria, porcentagem de

CaCO3 e matéria orgânica;

A ocorrência de B. striatula nas estações próximas à foz, às salinas

e às fazendas de carcinicultura reforçam sua característica;

110

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116

Apêndice

117

Apêndice 1

Prancha 1: Espécies principais ocorrentes no rio Potengi e na plataforma interna. 1: Ammonia

tepida; 2: Bolivina striatula; 3: Caronia exilis; 4: Cibicides spp; 5: Elphidium spp; 6: Hanzawaia

boueana; 7: Pseudononium atlanticum; 8 – 10: Quinqueloculina spp; 11: Textularia spp.

118

8 – Artigo

119

Artigo “Geologia ambiental do estuário do Rio Potengi e plataforma

continental adjacente, RN, Brasil”

Submetido à revista de Geociências

Cristiane Leão Cordeiro de Farias*, Patrícia Pinheiro Beck Eichler e Helenice

Vital

Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, 59072-970, Natal, RN, Brazil.

*Corresponding author: [email protected], [email protected],

[email protected]. Telephone (55) 84 98849 – 1949

120

Resumo

Rio Potengi, receptor de vários poluentes e contaminantes, foi avaliado através

de 42 amostras ao longo do estuário, na foz e plataforma continental interna.

Análises univariadas e multivariadas foram aplicadas à matriz dos dados bióticos

e abióticos dessas áreas. Os resultados mostram a dominância de foraminíferos

oportunistas A. tepida, B. striatula, Q. patagonica e Q. miletti especialmente nas

regiões próximas às fazendas de carcinicultura e ao esgoto do Canal do Baldo em

ambientes de granulometria fina, e Q. lamarckiana indicadora da penetração da

cunha salina e ambientes de alta hidrodinâmica associada a sedimentos de areia

grossa a muito fina. A presença de espécies características marinhas H. boueana,

E. discoidale, P. atlanticum, T. earlandi e T. gramen na Foz do Rio Potengi e na

plataforma interna indicam ambientes de altas salinidades. A ocorrência de

algumas espécies tolerantes à baixa salinidade como T. inflata e T. squamata no

Canal do Rio Potengi sugerem que provavelmente devem ter sido transportados

do manguezal próximo à foz do Rio Potengi para as regiões de plataforma

interna, sugerindo que o contribuinte fluvial é capaz de exportar organismos de

água doce preferivelmente em direção sul do que em direção norte.

Palavras chave: Rio Potengi, estuário, plataforma interna, foraminíferos

bentônicos, granulometria.

121

Abstract

Potengi River, which has been receiving pollutants and contaminants, was

evaluated through 42 samples along the estuary, mouth and adjacent continental

inner shelf. Univariate and multivariate analysis were applied to the matrix of

biotic and abiotic data of those areas. The results show the dominance of

opportunistic forams like A. tepida, B. striatula, Q. patagonica and Q. miletti in

carciniculture and sewage from Canal do Baldo in fine sediments, and Q.

lamarckiana indicative of saline penetration in high hydrodynamic environments

associated to coarse sand to very fine sand substrate. The presence of marine

characteristic species H. boueana, E. discoidale, P. atlanticum, T. earlandi and T.

gramen in Potengi River´s mouth and inner shelf indicates high salinity

environments. However, occurrence of low-salinity tolerant foraminiferal species

typical of mangrove environments as T. inflata and T. squamata in Potengi

River´s Channel suggest they probably could have been transported from

mangrove area near the Potengi River mouth to the inner shelf regions. These

findings also suggest Potengi River is able to export mixohaline organisms

preferably towards south than north.

Key words: Potengi River, estuary, inner shelf, benthonic foraminifera, grain

size.

122

8.1 – Introdução

Os foraminíferos são microrganismos pertencentes ao reino protista,

podendo ser bentônicos infaunais (enterrados no sedimento), epifaunais (sobre o

sedimento) e fixos ao substrato; ou planctônicos. Surgiram no Cambriano (570

milhões de anos) e vivem até o Recente, sobretudo em ambientes marinhos, mas

existem espécies dulcícolas. Possuem carapaça (teca) de formas variadas,

composta por carbonato de cálcio (CaCO3), aglutinada por partículas do

sedimento do meio em que vivem ou, mais raramente, orgânica ou silicosa. A

teca é formada por uma (unilocular) ou várias (multilocular) câmaras que se

intercomunicam através de uma ou mais aberturas, chamada de forâmen (Vilela,

2004).

São extremamente valorizados na Indústria do Petróleo, devido a sua

utilização na geologia para fins bioestratigráficos e na datação de rochas. No que

diz respeito a estudos ecológicos, a dinâmica populacional dos foraminíferos

responde bem à poluição, devido às alterações por ela impostas no teor de acidez

dos sedimentos, o qual afetará facilmente a distribuição de determinadas

espécies, por exemplo. Assim, dependendo da tolerância dos foraminíferos à

determinada situação, uma mesma região pode apresentar aumento exagerado de

algumas espécies oportunistas, mas por outro lado pode apresentar também

ausência de espécies que não toleram esta mesma condição (Eichler et al., 2003).

De acordo com a Comissão do Registro Geológico da Dinâmica da

Biosfera (Committee on the Geologic Record of Biosphere Dynamics, 2005), o

estudo de indicadores ambientais, como os foraminíferos, pode ser relacionado à

aspectos físicos, geológicos e químicos da região, sendo esta uma boa

oportunidade para estudos ambientais. Isto pode ser justificado, pois os

foraminíferos são capazes de sintetizar as características gerais do ambiente,

ressaltar as variações ambientais de curtos períodos de tempo e reagir

sensivelmente às variações sazonais e aos efeitos antrópicos, reconhecendo a

problemática local através de avaliações e diagnósticos ambientais. De Souza et

al. (2010) realizam a primeira caracterização de foraminíferos no Potengi e

apontam a sua utilização como proxy ambiental.

123

Neste contexto o presente trabalho foi desenvolvido no estuário do Rio

Potengi e na sua plataforma continental adjacente. Dados abióticos (salinidade,

densidade, temperatura, profundidade, granulometria, teor dos constituintes

orgânicos e teor de CaCO3) foram correlacionados aos dados de foraminíferos. O

objetivo principal é analisar as espécies de foraminíferos bentônicos e as

respostas destes aos fatores físicos, químicos e geológicos da região de estudo,

além de identificar as possíveis áreas afetadas. Especificamente o presente

trabalho apresenta a dinâmica da população de foraminíferos correlacionada à

granulometria e ao conteúdo de matéria orgânica dos sedimentos, tentando dessa

forma evidenciar os locais de deposição e sedimentação.

8.2 – Caracterização da área de estudo

8.2.1 O rio Potengi

O estuário do Rio Potengi localiza-se na cidade de Natal, no Estado do

Rio Grande do Norte, situado na região nordeste do Brasil. Sua nascente está

localizada no município de Cerro Corá, localizada na microrregião da Serra de

Santana, no Seridó Potiguar, a 180 km da capital Natal e as suas águas banham

os municípios de Cerro Corá, São Tomé, Barcelona, São Paulo do Potengi, São

Pedro, Ielmo Marinho, São Gonçalo do Amarante e Natal, sendo que o Rio

Potengi é perene a partir de São Gonçalo do Amarante.

Neste estuário existe o Porto de Natal, onde ocorre intenso tráfego

marítimo de embarcações de diversos portes e, para que os maiores possam

adentrar no canal, são necessárias dragagens periódicas e o alargamento. Além

do Porto, o estuário do Rio Potengi é afetado pela carcinicultura, agricultura,

fábricas de vários setores e esgotos domésticos, tendo como principal receptor

destes últimos o Canal do Baldo (De Souza et al., 2010).

8.2.2 Aspectos fisiográficos

O "clima" predominante é do tipo "AS", quente e úmido, sendo a estação

seca do verão e chuvosa do inverno, segundo a classificação de Köppen

(RADAMBRASIL, 1981). A pequena precipitação pluviométrica é determinada

124

pelo Anticiclone do Atlântico Sul (localizado sobre o Oceano Atlântico), que

possui altas pressões e impõe a região, sob seu domínio, um tempo estável e sem

chuvas. Durante o período do fim do verão e todo o outono, este Anticiclone

perde força (nas regiões Norte e Nordeste do Brasil), proporcionando a ação da

Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), responsável pelos ventos alísios

provenientes dos hemisférios Norte e Sul (Nimer, 1972).

As marés que ocorrem no estuário do Potengi e áreas adjacentes são de

natureza semi-diurna, com a variação média das marés de sizígias de cerca de

2.30m e das marés de quadratura, de cerca de 0.85 m e amplitude máxima em

torno de 2.83 m, caracterizando um regime de mesomaré. De acordo com a

Estação Climatológica da UFRN - Natal, os ventos mais frequentes são

predominantes do quadrante leste, com frequência Leste-Sudeste, com

velocidades médias mensais sempre em torno de 4 e 4.5 m/s.

8.2.3 Aspectos geológicos

A região de estudo localiza-se no domínio da Bacia Pernambuco –

Paraíba, mais especificamente na Sub – bacia da Paraíba, que é a mais

setentrional das bacias sedimentares da costa leste brasileira, situando-se entre os

paralelos 6º S e 9º S. Foi subdividida por Córdoba et al. (2007) em duas Sub –

bacias: Paraíba, a norte; e Pernambuco (também conhecida como Bacia do Cabo,

ao sul). De acordo com Lima Filho (2013), a região estudada situa-se

estruturalmente sobre a plataforma de Natal, que fica entre as Bacias Alto de

Touros e a Sub – bacia Canguaretama, com um total de 33.000 km2, sendo 9.000

km2 em sua porção emersa e 24.000 km

2 na sua porção imersa.

8.3 Materiais e métodos

Foram realizadas duas coletas em estações diferentes: a primeira ocorreu

em outubro de 2011, com a coleta de 18 estações e a segunda ocorreu em janeiro

de 2012, com a coleta de 24 estações (Figura 8.1).

125

Figura 8.1: Mapa da área de estudo das duas amostragens realizadas, a primeira em outubro de 2011

(triângulos) e a segunda em janeiro de 2012 (círculos).

Legenda

Outubro/2011

Janeiro/2012

126

O objetivo da coleta em ambientes diferentes (rio e plataforma) é verificar

as diferenças de gradientes de salinidade, temperatura e profundidade. Foi

utilizado o amostrador pontual Van Veen e de cada amostra coletada foi retirada

uma fina camada superior, o primeiro centímetro, a qual foi colocada em frascos

com o corante Rosa de Bengala (1g/1000 ml de álcool), cuja função é corar o

protoplasma dos organismos que estiverem vivos, distinguindo-os dos mortos, no

momento da coleta. A função do álcool é impedir o ataque bacteriano. Para a

medida dos dados físicos (salinidade, condutividade, densidade, temperatura e

profundidade) foi utilizado o aparelho CTD (Conductivity, Temperature and

Depth) da marca Seabird.

8.3.1 Parâmetros biológicos

Para obtenção dos dados biológicos, as amostras foram peneiradas em via

úmida utilizando duas peneiras sucessivas de 0,500 e 0,062 mm e posteriormente

colocadas em papel filtro e secas na estufa à 60o C. Em seguida as amostras

foram tratadas com tricloroetileno (C2HCL3) dentro de uma capela. Nesse

processo, as carapaças dos foraminíferos sendo mais leves que o produto flotam

para a superfície e as frações mais pesadas depositam-se no fundo (Boltovskoy et

al. 1980). Após a separação, os foraminíferos foram transferidos com pincel para

lâminas especiais de fundo preto (triagem), para então serem analisados,

possibilitando a identificação das espécies, a qual foi feita utilizando-se

microscópio binocular de luz refletida.

Após identificadas as espécies, os organismos vivos e mortos foram

somados e feita a tabela de abundância total de foraminíferos. Essa somatória é a

frequência absoluta das espécies, a partir da qual foi calculada a porcentagem

relativa. A partir da frequência absoluta foram aplicadas as análises univariadas e

multivariadas com o Programa Primer 5 e 6, e a partir da porcentagem relativa

das espécies foram confeccionados mapas de contorno através do programa

Surfer 9. As espécies selecionadas para discussão dos resultados são as

dominantes na área de estudo (Figura 8.2).

127

Figura 8.2: Prancha ilustrativa das espécies dominantes selecionadas. 1: Ammonia sp; 2: Bolivina

striatula; 3: Caronia exilis; 4: Cibicides sp; 5: Elphidium sp; 6: Hanzawaia boueana; 7: Pseudononium

atlanticum; 8 – 10: Quinqueloculina sp; 11: Textularia sp.

8.3.2 Parâmetros Sedimentológicos

A análise granulométrica foi realizada com base no método descrito por

Suguio (1973) e a classificação granulométrica das amostras coletadas foi

realizada através da Escala de Wentworth (1922). O material coletado foi lavado

três vezes sucessivas para a eliminação de sais. Em seguida foi levado para

placas de aquecimento, onde sob temperatura de 60º C foi completamente seco.

Posteriormente, todo o material foi quarteado e separado para as análises de

CaCO3 (10 gramas), matéria orgânica (10 gramas) e granulometria (50 gramas),

constituindo-se o peso inicial, e o restante foi arquivado.

8.3.3 Análises estatísticas

A análise estatística foi realizada com o Programa Primer 5 e 6. As

análises univariadas (índices de diversidade, dominância e equitatividade) e

128

multivariadas (PCA e CLUSTER) foram baseadas na matriz de dados de

frequência absoluta de foraminíferos e de dados ambientais (profundidade,

temperatura, salinidade, porcentagens de areia, silte, argila, carbono orgânico e

enxofre). A matriz de dados ambientais foi padronizada e submetida à análise de

PCA para identificar tendências ambientais. Nos dados biológicos foram

aplicadas as análises de CLUSTER. Para a confecção dos mapas de

georeferenciamento foi utilizado o programa Surfer 9, onde a matriz de dados

bióticos e granulométricos foram submetidos para contornar os valores de

abundância.

8. 4 – Resultados

A coleta de Outubro de 2011 foi marcada por um período baixo de chuvas,

onde as águas tornaram-se menos diluídas e, consequentemente, mais salinas do

que seriam em outras épocas do ano e menor distribuição sedimentar (figura

5.3A). Janeiro de 2012 foi marcada por um período com mais chuva, onde as

águas tornaram-se mais diluídas e menos salinas do que seriam em outras épocas

do ano e uma maior distribuição sedimentar (Figura 8.3B).

Figura 8.3: Dados pluviométricos em Outubro de 2011 (A) e em Janeiro de 2012 (B).

Os parâmetros abióticos (profundidade, temperatura, salinidade,

densidade, condutividade e CaCO3) de Outubro de 2011 podem ser visualizados

na figura 4 e a porcentagem das frações granulométricas na figura 5; e para

A B

129

Janeiro de 2012 os parâmetros abióticos (profundidade e CaCO3) podem ser

visualizados na figura 6 e a porcentagem das frações granulométricas na figura 7,

formando a base de dados abióticos. De acordo com a tabela de parâmetros

abióticos (Tabela 8.1), as estações coletadas em trechos mais profundos

apresentam temperaturas mais baixas, enquanto que as estações coletadas em

trechos mais rasos apresentaram temperaturas altas. As estações 2, 9 e 10

provavelmente são os locais que sofrem processos erosivos, como a dragagem.

A salinidade é mais alta na foz ou nas estações próximas a esta e mais

baixa nas estações localizadas no curso superior e na região central, com exceção

da estação 12 que apresentou salinidade alta, que se localiza próximo às salinas.

O CaCO3 apresentou maiores leituras nas estações próximas à Marina Iate clube

e no curso superior, mais baixas e inexistentes nas estações próximas à foz, na

foz e em alguns trechos do rio. Os parâmetros de densidade e condutividade são

mais altos na foz e próximas a ela e mais baixas no curso superior do Rio

Potengi.

Tabela 8.1: Parâmetros abióticos da coleta de Outubro de 2011.

Estações Profundidade (m) Temperatura (oC) Salinidade Densidade Condutividade CaCO3 (%)

1 8,3 28,0 35,56 22,86 57,01 5,00

2 12,6 27,8 36,02 23,28 57,46 0,82

3 13,3 27,8 36,28 23,48 57,82 0,00

4 10,8 27,8 36,34 23,52 57,89 0,00

5 13,7 27,8 36,42 23,59 58,03 0,00

6 12,2 27,8 36,11 23,34 57,63 3,31

7 11,4 27,9 36,18 23,38 57,75 1,60

8 5,6 27,9 36,24 23,39 57,86 2,50

9 9,1 27,9 36,27 23,42 57,92 0,00

10 14,2 27,9 36,23 23,41 57,87 0,83

11 3,5 28,1 36,14 23,23 57,95 0,83

12 6,9 27,9 36,31 23,44 58,02 1,67

13 6,5 27,9 36,15 23,31 57,79 0,00

14 4,4 28,2 35,50 22,72 57,16 1,63

15 4,9 28,3 35,22 22,49 56,84 5,79

16 9,6 28,3 35,02 22,34 56,60 4,07

17 7,5 28,2 35,03 22,39 56,48 7,50

18 8,9 28,0 35,94 23,14 57,54 0,83

Parâmetros abióticos da coleta em Outubro 2011

130

De acordo com a tabela de granulometria (Tabela 8.2) o cascalho

apresentou maiores frequências nas estações localizadas na foz e também em

alguns trechos do canal do Rio Potengi, mas a fração arenosa foi dominante,

principalmente areia grossa e areia média, que correspondem a ambientes de alta

hidrodinâmica, como o canal do rio Potengi e na foz respectivamente. As frações

de silte e argila apresentam maiores valores no curso superior do canal e baixa

frequência no canal e na foz do Rio Potengi.

Tabela 8.2: Análise granulométrica por estação de Outubro de 2011.

A análise de PCA aplicada nos dados abióticos de Janeiro de 2012

(Figuras 8.3 e 8.4) apresentam valores similares de PC1 e PC2 de Outubro de

2011 (Figura 8.4). Os locais mais profundos se encontram na plataforma interna,

mas também existem alguns trechos profundos no Rio Potengi, provavelmente

pelas dragagens periódicas.

Atraves da tabela dos dados abiotciso de Janeiro de 2012 (Tabela 5.3),

observou-se que as estações próximas à região costeira e a região norte possuem

baixa profundidade, já na região sul ocorre variação de profundidade entre as

amostras, provavelmente por ações erosivas que podem ser naturais

(hidrodinâmica marinha) ou antrópicas (dragagem), localizadas na Praia dos

Artistas, Ponta Negra e Barreira do Inferno.

Estações Cascalho (%) Areia muito grossa (%) Areia grossa (%) Areia média (%) Areia fina (%) Areia muito fina (%) Silte (%) Argila (%)

1 0,0 0,0 14,05 39,80 31,44 7,67 6,02 1,02

2 7,56 3,75 67,78 15,79 3,31 1,02 0,38 0,41

3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

4 0,43 0,0 46,57 43,99 5,75 1,98 0,67 0,62

5 7,38 16,48 58,07 13,40 3,17 0,99 0,19 0,32

6 2,60 0,00 43,93 42,79 7,15 2,07 0,77 0,70

7 4,90 0,00 46,96 38,60 6,29 1,88 0,63 0,74

8 0,0 0,0 23,41 68,20 4,60 2,37 0,72 0,70

9 0,0 0,0 44,56 45,02 6,65 2,19 0,93 0,65

10 0,0 0,0 24,10 50,69 18,57 3,68 2,16 0,80

11 0,15 19,08 59,71 15,41 3,66 1,15 0,45 0,39

12 6,59 14,74 61,63 12,59 2,44 1,05 0,62 0,35

13 0,0 0,0 11,90 41,75 33,12 7,00 5,40 0,83

14 11,31 14,57 41,30 25,40 3,96 1,80 1,28 0,38

15 0,0 0,0 0,05 12,25 39,35 19,26 25,89 3,20

16 0,0 0,0 16,32 40,05 26,75 7,89 7,60 1,39

17 17,50 36,99 24,78 13,62 2,37 1,03 3,18 0,54

18 7,05 20,70 38,78 26,13 4,14 1,25 1,50 0,44

Porcentagem granulométrica da coleta em Outubro 2011

131

Se compararmos a profundidade entre as estações coletadas nos pontos em

comum (Outubro de 2011: estações 2, 8, 7, 16, 15, 18 e 9; Janeiro de 2012: 2, 4,

10, 17, 18, 20 e 24, respectivamente), pôde-se verificar que houve aumento na

profundidade na estação 24, próximo à desembocadura, enquanto que houve

diminuição na plataforma interna e na região central do Rio Potengi,

respectivamente. O CaCO3 possui maiores frequências na plataforma interna e

mais baixas no canal do Rio Potengi. As estações com baixas frequências são

aquelas que se encontram ao longo do canal do Rio Potengi. Se compararmos os

dados de CaCO3 entre as duas amostragens nas estações em comum, pode-se

verificar que houve aumentos sigificativos desse parâmetro na regiao costeira sul.

A menor frequência de ganho foi na estação próxima à foz. Houve diminuição de

CaCO3 nas estações localizadas no canal central e na região costeira norte,

respectivamente.

Tabela 8.3: Parâmetros abióticos da coleta de Janeiro de 2012.

Estações Profundidade (m) CaCO3 (%)

1 10.7 2,61

2 13 2,17

3 11 15,64

4 5.1 1,83

5 13 22,13

6 5 84,37

7 8 78,15

8 9 93,03

9 8 61,36

10 9 16,30

11 12.5 15,61

12 10 1,72

13 11 45,98

14 12 22,45

15 13.8 70,08

16 11 21,69

17 9 5,77

18 5.7 2,49

19 4.7 9,77

20 5.6 6,60

21 5.9 7,40

22 13.9 5,52

23 13 3,08

24 13.7 2,30

Parâmetros abióticos da coleta em Janeiro 2012

132

De acordo com a tabela de granulometria (Tabela 8.4) verificou-se

aumento das porcentagens das frações arenosas, e a frequência de cascalho foi

muito baixa comparada à campanha de Outubro de 2011 e a maior frequência

localiza-se na plataforma interna. A fração dominante foi a arenosa,

principalmente areia grossa, areia fina e areia muito fina, localizadas,

respectivamente na região costeira, curso superior e região costeira sul. As

frações de areia muito grossa e areia média também foram altas.

Silte e argila obtiveram frequências altas nas estações 1 e 14, onde a

estação 1 está localizada no canal do Rio Potengi próximo à Marina Iate Clube e

a estação 14 localiza-se na região costeira sul e ao longo do canal; porém na foz e

na plataforma interna possuem baixas frequências em alguns desses trechos e em

outros essa fração é inexistente.

Tabela 8.4: Análise granulométrica por estação de janeiro de 2012.

Estações Cascalho (%) Areia muito grossa (%) Areia grossa (%) Areia média (%) Areia fina (%) Areia muito fina (%) Silte + Argila (%)

1 0,00 0,04 1,13 6,10 34,59 36,91 21,22

2 0,00 3,65 6,63 34,02 48,98 5,98 0,73

3 0,07 4,92 25,84 50,34 14,46 4,29 0,07

4 0,00 0,39 14,39 13,90 67,75 3,53 0,04

5 0,27 25,35 35,31 7,79 22,32 8,74 0,23

6 0,00 9,91 41,61 16,15 30,32 1,94 0,08

7 0,04 6,94 51,71 15,11 25,54 0,63 0,02

8 0,00 0,12 16,20 16,13 59,83 7,63 0,09

9 0,00 1,40 10,29 71,30 14,90 1,95 0,16

10 0,00 0,36 19,17 10,01 67,73 1,98 0,75

11 0,00 1,30 42,23 48,46 6,67 1,24 0,10

12 0,00 1,79 75,63 22,56 0,02 0,00 0,00

13 0,18 52,07 30,55 13,55 3,29 0,33 0,03

14 0,00 0,18 0,26 1,48 9,26 74,64 14,20

15 0,03 2,04 11,18 53,83 30,81 1,98 0,13

16 0,00 0,95 13,75 53,08 26,80 3,61 1,81

17 0,00 3,49 12,91 10,33 71,82 1,20 0,26

18 0,00 1,07 15,36 52,18 30,69 0,64 0,06

19 0,02 0,99 4,69 61,00 32,67 0,47 0,15

20 0,00 0,44 1,94 54,26 42,05 1,19 0,13

21 0,06 4,69 5,72 13,00 53,06 20,20 3,26

22 0,00 3,26 10,12 43,30 34,20 4,52 4,60

23 0,00 0,15 0,57 1,67 45,14 47,93 4,55

24 0,00 3,11 13,21 53,00 27,80 2,70 0,17

Porcentagem granulométrica da coleta em Janeiro 2012

133

A análise de componente principal (PCA) que foi aplicada nos dados

abióticos de Outubro de 2011 revelou que a somatória do PC1 e PC2 explicam

74,6% da variação cumulativa das amostras (Tabela 8.5).

Tabela 8.5: Quadro gerado pelo PCA, com destaque para a variação cumulativa encontrada na somatória

do PC1 e PC2.

Os parâmetros abióticos (profundidade, temperatura, salinidade,) e os

valores de PC1 e PC2 (figura 8.9) que determinaram a formação de quatro

grupos distintos são apresentados na tabela 8.6.

Tabela 8.6: Valores do PC1 e PC2 para os parâmetros abióticos usados no PCA.

Observou-se que no gráfico da figura 8.4, o grupo P1 é semelhante com

relação à temperatura, teor de CaCO3 e de areia muito grossa sendo formado

pelas estações 14 e 17, localizadas no estuário. Já o grupo P2, formado pelas

estações 2, 5, 11, 12 e 18, apresentam porcentagens similares e elevadas de

cascalho e areia grossa, correspondentes à ambientes com alta hidrodinâmica. O

grupo P3 se caracteriza por porcentagens elevadas de areia fina, areia muito fina,

PC Autovalor % Variação % Variação Cumulativa

1 7.01 50.1 50.1

2 3.44 24.6 74.6

3 1.03 7.4 82.0

4 0.99 7.0 89.0

5 0.56 4.0 93.1

Variáveis PC1 PC2

Profundidade 0.177 -0.104

Temperatura -0.320 0.171

Salinidade 0.337 -0.198

Densidade 0.340 -0.198

Condutividade 0.322 -0.196

CaCO3 (%) -0.301 0.165

Cascalho (%) 0.003 0.490

Areia muito grossa (%) -0.004 0.491

Areia grossa (%) 0.237 0.197

Areia média (%) 0.026 -0.278

Areia fina (%) -0.280 -0.296

Areia muito fina (%) -0.319 -0.246

Silte (%) -0.329 -0.158

Argila (%) -0.314 -0.216

134

silte e argila, sendo formado pelas estações 1, 13, 15 e 16, sendo as estações 1 e

13 caracterizadas por ambientes de baixa hidrodinâmica e as estações 15 e 16

com alta hidrodinâmica. O grupo P4 é composto pelas estações 3, 4, 6, 7, 8, 9 e

10 e apresenta como principal característica os valores elevados de salinidade,

condutividade, densidade e porcentagem de areia média.

Figura 8.4: Gráfico com os agrupamentos das estações conforme os valores do PC1 e PC2, além da

disposição dos parâmetros abióticos em relação aos quadrantes da primeira coleta.

A análise de PCA aplicada nos dados abióticos de Janeiro de 2012

(Tabelas 8.3 e 8.4) apresentam valores similares de PC1 e PC2 de Outubro de

2011 (Tabelas 8.1 e 8.2). De acordo com o PCA (Figura 8.5), as estações 1, 14 e

23 são influenciadas pela granulometria, sendo que a 14 é influenciada pela areia

muito fina e a 1 e 23 são influenciadas pelo silte e argila. As estações 4, 10, 17,

21 e 22 são influenciadas pela areia fina, enquanto que 7, 8 e 20 são

influenciadas pelos parâmetros de carbono orgânico e nitrogênio, que indicam

ambientes com altas concentrações de matéria orgânica.

As estações 6, 9 e 15 são influenciadas pelo CaCO3, que provavelmente

foram coletadas próximas às áreas de recifes de corais. As estações 3, 11, 12, 13,

16, 18 e 19 são influenciadas por areia média e grossa, correspondentes à

ambientes de alta hidrodinâmica, sendo que os pontos 18 e 19 estão localizados

135

no Rio Potengi. E as estações 2 e 5 são influenciadas pela profundidade, sendo a

estação 2 localizada próxima à foz do Rio Potengi e a estação 5 localizada na

plataforma.

Figura 8.5: Dados abióticos de PCA de Janeiro de 2012.

A análise de CLUSTER para as estações (Modo Q) baseada nos dados

biológicos para a primeira coleta, gerou um dendograma com cinco grupos

distintos (Figura 5.6) e nível de similaridade de 45%. Analisando a disposição

das amostras nesse agrupamento e com base no posicionamento espacial delas

(Figura 5.1), podem-se constatar dois ambientes distintos, em que um está

relacionado à região da foz do Rio Potengi e à plataforma interna, representado

pelas estações de 1 a 11 dentro dos grupos C1, C2 E C3; e outro ambiente

corresponde à região mais interna do estuário, representado pelas estações 12 a

18, as quais são constituintes dos grupos C4 e C5.

O grupo C1 é constituído pelas estações 7 e 8, que apresentam como

principal característica dominância de Ammonia tepida, Quinqueloculina

lamarckiana e, em menor frequência, Textularia earlandi. Essas estações

também apresentaram valores similares quanto à temperatura, salinidade,

densidade e condutividade. O grupo C2 apresenta menor homogeneidade dos

136

grupos, podendo até mesmo dividi-lo em dois subgrupos: um formado pelas

estações 1, 3 e 10, cujas espécies dominantes são basicamente Ammonia tepida e

a Quinqueloculina lamarckiana; enquanto o outro subgrupo é composto pelas

estações 2 e 11, com A. tepida e Q. miletti.

Já o Grupo C3, formado pelas estações 4, 5, 6 e 9, foi composto por A.

tepida, Q. lamarckiana e Q. patagonica. Todas as estações apresentaram valores

similares de temperatura, salinidade, densidade e condutividade e teores nulos de

carbonato, com exceção da estação 6 que apresentou um teor de CaCO3 mediano

e valores menores para os demais parâmetros. Já na parte mais interna do Rio

Potengi há o grupo C4 formado pelas estações 12, 17 e 18 com baixa variedade

de espécies, apenas 4, com predominância de Ammonia tepida, Bolivina striatula

e Quinqueloculina patagonica. As estações 12 e 18 apresentaram valor mediano

e similar de temperatura, já a estação 17 apresentou valor mais elevado. Também

nessa região do rio, há o grupo C5 composto pelas estações 13 a 16, as quais não

apresentaram boa similaridade quanto aos parâmetros abióticos. Esse grupo

apresenta as seguintes espécies como dominantes: Ammonia tepida, Bolivina

striatula e Quinqueloculina miletti, com exceção da estação 14 que apresentou a

Caronia exilis como dominante.

Figura 8.6: Dendograma mostrando o agrupamento das estações conforme a similaridade das espécies de

foraminíferos encontradas entre elas da primeira coleta.

A análise de CLUSTER (figura 8.7) para Janeiro de 2012 revelou a

formação de três grupos de acordo com as espécies de foraminíferos encontradas:

137

Plataforma Interna (5 – 16), Canal do Rio Potengi (17 – 24) e Foz do Rio Potengi

(1 – 4) (figura 8.13). A espécie Ammonia tepida dominou os três grupos

formados no CLUSTER, principalmente no Canal do Rio Potengi.

Em menores porcentagens a espécie Bolivina striatula dominou nos três

grupos, especialmente no Canal do Rio Potengi. Cibicides fletcheri também

apareceu em maiores quantidades na Foz do Rio Potengi. Hanzawaia boueana,

Elphidium discoidale, Cibicides valvulatanus, C. variabilis e Discorbis

peruvianus aparecem com maior frequência na plataforma interna.

Quinqueloculina lamarckiana dominou os três grupos, mas em grande

quantidade na plataforma interna e em menor porcentagem na Foz do Rio

Potengi.

Quinqueloculina patagonica e Cassidulina subglobosa aparecem com

menor densidade no Canal do Rio Potengi. Quinqueloculina miletti apresenta

frequências mais altas na Foz do Rio Potengi. Pseudononion atlanticum,

Textularia earlandi, T. gramen e Trochamina discorbis aparecem na Foz do Rio

Potengi e na plataforma interna. A ocorrência de algumas espécies de

foraminíferos tolerantes à baixa salinidade – típicos de ambientes de manguezais

como Trochamina inflata e T. squamata no canal do Rio Potengi – sugere que o

contribuinte fluvial é capaz de exportar organismos de água doce preferivelmente

em direção sul do que em direção norte. Esses organismos provavelmente devem

ter sido transportados do manguezal próximo à foz do Rio Potengi para as

regiões de plataforma interna.

138

Figura 8.7: As análises de CLUSTER das amostras demonstrando o nível de similaridade entre as

estações, dividindo-as em três grupos: Plataforma Interna (5 – 16), Canal do Rio Potengi (17 – 24) e Foz

do Rio Potengi (1 – 4).

Pode-se observar que em ambas as amostragens apresentaram como

principal espécie dominante a Ammonia tepida, indicando seu carater

cosmopolita (Tabelas 8.7 e 8.8).

139

Tabela 8.7: Frequência relativa das espécies encontradas na coleta de Outubro de 2011.

ESPÉCIES/ESTAÇÕES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Ammonia tepida 66,67 67,80 62,75 38,27 39,20 33,33 42,86 19,35 68,42 65,69 80,00 86,90 85,94 66,67 92,57 68,18 75,86 90,11

Ammotium salsum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,13 5,88 0,0 4,55 0,0 0,0

Bulimina elongata 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,73 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Bolivina pulchella 0,0 0,0 0,0 0,0 0,80 0,0 2,86 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Bolivina striatula 0,95 10,17 0,0 6,17 4,00 5,33 0,0 0,0 5,62 7,30 4,29 7,14 4,69 7,84 0,68 11,36 13,79 2,20

Caronia exilis 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,73 1,43 0,0 1,56 7,84 0,0 0,0 3,45 0,0

Cornuspira involvens 0,0 1,69 0,0 2,47 0,0 4,00 0,0 0,0 0,0 0,73 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,10

Cibicides sp 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,33 2,86 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Cibicides variabilis 0,0 0,0 0,0 1,23 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Discorbis bertheloti 0,0 0,0 0,0 1,23 0,80 0,0 0,0 0,0 1,32 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Discorbis peruvianus 0,0 0,85 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,73 1,43 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Discordis sp 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 2,67 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Discorbis williamsoni 0,0 0,0 9,80 1,23 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Elphidium discoidale 1,43 3,39 0,0 1,23 3,20 1,33 0,0 0,0 0,0 2,19 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Elphidium galvestonense 1,90 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Elphidium poeyanum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,57 6,45 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,27 0,0 0,0

Fissurina laevigata 0,48 0,0 0,0 1,23 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Hanzawaia boueana 0,0 0,0 0,0 1,23 0,80 1,33 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Lagena striata 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,33 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Oolina globosa 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Pyrgo peruviana 0,95 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Pseudononion atlanticum 1,43 0,0 0,0 0,0 0,0 1,33 0,0 3,23 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Quinqueloculina intricata 0,48 0,0 1,96 0,0 0,0 6,67 0,0 0,0 0,0 1,46 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Quinqueloculina gregaria 1,90 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Quinqueloculina lamarckiana 9,52 1,69 13,73 28,40 34,40 13,33 28,57 58,06 13,16 7,30 1,43 2,38 0,0 1,96 0,0 0,0 0,0 0,0

Quinqueloculina miletti 0,0 12,71 9,80 0,0 3,20 1,33 0,0 3,23 0,0 4,38 10,00 0,0 4,69 3,92 6,76 13,64 0,0 0,0

Quinqueloculina patagonica 9,05 1,69 1,96 11,11 8,00 22,67 0,0 0,0 11,84 6,57 1,43 3,57 0,0 5,88 0,0 0,0 6,90 6,59

Reophax sp 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Textularia agglutinans 0,48 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Textularia earlandi 1,43 0,0 0,0 6,17 5,60 0,0 14,29 9,68 0,0 2,19 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Textularia gramen 1,43 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Frequência relativa das espécies de foraminíferos encontradas em Outubro 2011

140

Tabela 8.8: Frequência relativa das espécies encontradas na coleta de janeiro de 2012.

Esp

écie

s\E

staç

ões

12

34

56

78

910

1112

1314

1516

1718

1920

2122

2324

Am

mon

ia te

pida

47,1

65,9

41,1

42,2

37,4

51,4

32,5

34,5

45,0

46,8

17,1

46,6

13,0

45,7

39,3

48,2

91,4

81,6

89,6

75,5

81,4

50,4

65,2

64,6

Am

phic

oryn

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42,

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141

Os dados obtidos da tabela relativa (Tabela 8.8) para a comparação de

gêneros de foraminíferos (Figuras 8.8 a 8.12) e porcentagem relativa da

granulometria (Figuras 8.13 e 8.19) encontrada entre as duas coletas serão

descritos a seguir.

Em Outubro de 2011, verificou-se maior abundância do gênero Ammonia

sp. (75 – 95%) próxima às fazendas de carcinicultura, às salinas, à Estação de

Tratamento de Água de Quintas e ao Canal do Baldo. A menor frequência ocorre

na foz com 15%. Em Janeiro de 2012, observa-se que, além do pequeno

decréscimo de sua frequência (85% de frequência), houve aumento da área de

domínio. As menores frequências estão localizadas na plataforma interna, com

10% (Figura 8.8).

Figura 8.8: Abundância relativa do gênero Ammonia sp. em Outubro de 2011 e em Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011, Bolivina sp. foi encontrada no canal superior (14%

de frequência) próxima às fazendas de carcinicultura, entretanto na foz apresenta

menor frequência (1%). Na amostragem de Janeiro de 2012, houve decréscimo

de sua frequência próximo à área do Esgoto do Baldo (12%) e às fazendas de

carcinicultura (8%). A menor frequência encontrada está na plataforma interna

norte (1%) e desaparece na plataforma interna sul (Figura 8.9).

142

Figura 8.9: Abundância relativa do gênero Bolivina em Outubro de 2011 e em Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011, Caronia exilis localiza-se na região central do canal

do Rio Potengi (8%) e sua frequência diminui próxima às fazendas de

carcinicultura, desaparecendo no esgoto do Canal do Baldo e na foz. Na

amostragem de Janeiro de 2012, essa população apresentou queda significativa

(0.8%) na plataforma interna sul, norte e próxima à foz do Rio Potengi,

desaparecendo na plataforma interna e no canal do Rio Potengi (figura 8.10).

Figura 8.10: Abundância relativa da espécie Caronia exilis em Outubro de 2011 e em Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011, Quinqueloculina spp. localiza-se na região norte da

plataforma continental (65%) e as menores frequências estão localizadas nas

fazendas de carcinicultura e no Canal do Baldo. Na amostragem de Janeiro de

2012, houve decréscimo de sua população (46%), mas pode-se verificar que

houve aumento na plataforma interna, diferente dos dados da amostragem

143

anterior. A maior frequência corresponde às estações localizadas próximas à

Marina Iate Clube (36%). As menores frequências são as estações que estão

localizadas na região superior do canal (2%) (Figura 8.11).

Figura 8.11: Abundância relativa do gênero Quinqueloculina spp. em Outubro de 2011 e em Janeiro de

2012.

Em Outubro de 2011, abundância de Textularia sp. é baixa e com maior

ocorrência na plataforma interna sul (15%). A menor frequência (2%) ocorre na

foz do Rio Doce e desaparece no curso superior e na foz do Rio Potengi. Em

Janeiro de 2012, além do aumento populacional desse gênero (24%), a maior

frequência se localiza na plataforma continental interna. Com frequência mais

baixa (22%), existem outras colônias sobrevivendo em regiões coralinas. As

menores frequências ocorrem próximas à costa (4%), na foz e dentro do canal

(2%), desaparecendo no curso superior do rio (Figura 8.12).

Figura 8.12: Abundância relativa do gênero Textularia em Outubro de 2011 e em Janeiro de 2012.

144

Em Outubro de 2011, a fração mais alta é a de cascalho (17%) que ocorre

na estação 17 e na foz; e a mais baixa são nas estações distantes da foz e em

alguns trechos do canal, desaparecendo na foz do Rio Doce. Em Janeiro de 2012,

sua porcentagem decaiu (0.28%) na plataforma interna, enquanto que na foz do

Rio Potengi essa fração é inexistente; no canal do Rio Potengi e na plataforma

interna essa fração ocorre em menores porcentagens (Figura 8.13).

Figura 8.13: Porcentagem de cascalho no Rio Potengi e na plataforma continental em Outubro de 2011 e

Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011, areia grossa ocorre em maiores frequências (50 –

70%) próxima à foz e ao trecho central do Rio Potengi. As menores porcentagens

(15%) se encontram na região superior do canal, região central e próxima ao rio

Doce; desaparecendo próximo às estações 15 e 3. Em Janeiro de 2012, a

porcentagem de areia grossa é maior (75%) na região costeira sul, enquanto que

na plataforma interna norte a menor frequência é de 5%, desaparecendo em

alguns pontos do Rio Potengi (Figura 8.14).

145

Figura 8.14: Porcentagem de areia grossa no Rio Potengi e na plataforma continental em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011, areia muito grossa (14 – 36%) ocorre no curso

superior e região central do Rio Potengi; menores frações estão localizadas

próximo à foz com porcentagem de 2%, e desaparecem na região mais afastada

dela e em pequena área da região central do Rio Potengi. Em Janeiro de 2012,

essa frequência é maior do que na primeira amostragem; as maiores frequências

(20 – 50%) ocorrem na plataforma interna, e as menores frequências (5%) na

plataforma interna, no canal e na foz do rio, enquanto que na região costeira não

ocorre areia muito grossa (Figura 8.15).

Figura 8.15: Porcentagem de areia muito grossa no Rio Potengi e na plataforma continental em Outubro

de 2011 e Janeiro de 2012.

146

Em Outubro de 2011 a maior frequência (70%) da fração de areia média

está localizada na plataforma interna (estação 8) e existem pequenas

porcentagens (25 – 45%) na foz e no canal do Rio Potengi; a menor frequência é

de 10%. Em Janeiro de 2012 a frequência ficou 5% maior do que na amostragem

anterior. As maiores frequências são entre 55 – 75%, localizadas na plataforma

interna e na região central do canal do Rio Potengi. As menores frequências estão

localizadas em alguns trechos da plataforma interna e no canal do Rio Potengi

(10 – 15%) e nas estações localizadas próximas à Marina Iate Clube; e na região

costeira sul não apresentaram areia média (figura 8.16).

Figura 8.16: Porcentagem de areia média no Rio Potengi e na plataforma continental em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011, a maior frequência de areia fina foi de 40%,

localizada no curso superior; as menores frequências (4 – 6%) ocorrem em

alguns trechos do canal e principalmente na foz e na estação 17 essa fração

desaparece. Em Janeiro de 2012 pode-se perceber que a frequência dobrou na

porcentagem da fração da amostragem anterior. As maiores frequências (55 –

80%) estão localizadas principalmente nas regiões de maior hidrodinâmica, como

a região costeira e no curso superior do canal do Rio Potengi; as menores

porcentagens (5 – 25%) encontram-se na plataforma continental interna,

principalmente na região sul (Figura 8.17).

147

Figura 8.17: Porcentagem de areia fina no Rio Potengi e na plataforma continental em Outubro de 2011 e

Janeiro de 2012.

Em Outubro de 2011, a maior frequência de areia muito fina é de 20% e

está localizada no curso superior; outro local com frequência significativa é

próxima ao rio Doce, com 8%; essa fração tem menores frequências em alguns

trechos do rio e na foz do Rio Potengi (1 – 6%). Em Janeiro de 2012 houve

aumento da frequência (75%), localizada na região costeira sul e existe um trecho

do canal do Rio Potengi com porcentagens significativas (35 – 40%); a menor

frequência (5%) está presente em alguns trechos do Rio e na plataforma interna e

ausente no curso superior e na plataforma interna (Figura 8.18).

Figura 8.18: Porcentagem de areia muito fina no Rio Potengi e na plataforma continental em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

148

Em Outubro de 2011, frequência mais alta de argila (3.2%) localiza-se no

curso superior; e na região superior do canal do Rio Potengi e à medida que se

aproxima da foz a sua frequência torna-se mínima (0.6%), desaparecendo nas

regiões afastadas mais longes da foz. Porcentagem de silte ocorre no curso

superior do Rio Potengi, em maior frequência (26%) e menores frequências em

trechos no canal do Rio Potengi, e desaparecendo na foz e outros pontos do rio.

Em Janeiro de 2012, a fração de silte e argila ocorre em maior frequência (20%)

na Marina Iate Clube, e na região costeira sul, com porcentagens significativas (7

– 12%); as menores frequências ocorrem próximas à foz e estão ausentes no

canal superior do Rio Potengi e na plataforma interna (Figura 8.19).

Figura 8.19: Porcentagem de argila e silte no Rio Potengi e na plataforma continental em Outubro de

2011 e Janeiro de 2012.

149

8.5 – Discussões

No sudeste do país foram realizados estudos no Canal Bertioga (Eichler et

al., 2007), no Sistema Estuarino – Lagunar Cananéia – Iguape (SP) (Eichler –

Coelho et al., 1997; Uehara et al., 2007 e Mahiques et al., 2009) e na Baía de

Guanabara (RJ) (Eichler et al., 2014), e servem como modelo de comparação ao

do Rio Potengi, pois são muito similares na questão dos impactos ambientais

antrópicos e na oceanografia onde o ambiente aquático apresenta diferença em

gradientes físico-químicos e biológicos.

Em Eichler – Coelho (1997) foram encontrados foraminíferos das espécies

Ammobaculites sp, Difflugia prottaeiformis (indicadores de água doce) e

Elphidium excavatum antes do rompimento da Barragem do Valo Grande, um rio

no Estado de São Paulo. Após o rompimento, foram encontradas as espécies

calcárias da subordem Rotaliina e foraminíferos aglutinantes da subordem

Textulariina; além disso, foram encontradas também carapaças deformadas da

espécie E. excavatum, que mostra a relação brusca da mudança das condições

ambientais da zona estuarina, decorrente do rompimento. Nenhuma dessas

espécies aparece no Rio Potengi, revelando o alto teor salino desse rio.

Os grupos formados pela análise de CLUSTER em outubro de 2011

revelaram Ammonia tepida como espécie dominante indicando sua característica

cosmopolita, seguida pela Quinqueloculina lamarckiana e Textularia earlandi.

Ruiz et al. (2005) desenvolveu um trabalho em três estuários: Guadiana, Piedras

e Tinto – Odiel, os quais estão localizados ao longo da Costa de Huelva,

Sudoeste da Espanha, onde a espécie Ammonia tepida foi também mais

representativa nesse estudo.

Nossos dados mostram ainda uma diferenciação de dois subgrupos, onde

um está dominado por Ammonia tepida e Quinqueloculina lamarckiana; e o

outro está dominado por Ammonia tepida e Quinqueloculina miletti. Os

foraminíferos dominantes encontrados no Canal Bertioga (Eichler et al., 2007)

em comum com o Rio Potengi são os gêneros Ammonia, Bolivina e

Quinqueloculina.

150

No trabalho de Mahiques et al. (2009), foram encontradas espécies

calcárias mixohalinas de foraminíferos, dominadas geralmente por Ammonia

tepida, Elphidium excavatum e E. gunteri na zona basal (200 – 130 cm) no

testemunho; a zona intermediária (130 – 50 cm) foi caracterizada pela presença

de poucas espécies aglutinantes e tecamebas; já a zona do topo (50 – 0 cm) foi

marcada por um leve aumento na densidade e riqueza totais das espécies

aglutinantes (Miliammina fusca) e das tecamebas. A única espécie em comum

que aparece no rio Potengi é A. tepida.

Já no trabalho de Uehara et al. (2007), a qual também utilizou

testemunhos, a espécie dominante foi Pararotalia cananeiaensis, a qual é

endêmica dessa região. Nesses testemunhos foram encontradas espécies típicas

de ambiente de plataforma interna (Hanzawaia boueana e Pseudononium

atlanticum), inclusive Globigerina bulloides e Uvigerina bifurcata, próprias de

meios mais distais (288 – 178 cm). A partir de 153 cm de profundidade, os

foraminíferos calcários mixohalinos (Cribroelphidium excavatum e Ammonia

tepida) e os aglutinantes (Arenoparrela mexicana e Haplophragmoides wilberti)

tornam-se mais abundantes que os marinhos. De 143 a 12 cm de profundidade, os

aglutinantes aumentam progressivamente rumo ao topo, sugerindo a presença de

manguezais através da espécie Miliammina fusca, a qual indica maior aporte de

água doce entrando no sistema. No topo do testemunho, a presença de calcários

mixohalinos em associação com aglutinantes, volta a ser abundante, sugerindo

ambiente de borda de manguezal com influência marinha moderada. As espécies

apresentadas pela autora que tem em comum com o Rio Potengi são Ammonia

tepida, Hanzawaia boueana e Pseudononium atlanticum.

No trabalho de Wang & Chappell (2001) realizado no rio Alligator do Sul,

Darwin, Austrália, foram identificadas espécies coradas onde a maioria das

espécies mencionadas pelos autores é desconhecida, exceto o gênero

Arenoparrella e um integrante da família dos lagenídeos (Lagena striata) que

foram encontradas na segunda amostragem no Rio Potengi. No trabalho de

Berkeley et al. (2008) no rio Cocoa, Queensland, Austrália, foram encontradas

espécies aglutinantes e calcárias, das quais algumas espécies não ocorrem no rio

151

Potengi. No trabalho desenvolvido por Sarita et al. (2015), os autores analisaram

a distribuição espacial e sazonal das comunidades de foraminíferos bentônicos

vivos no estuário de Guadiana. Foram identificadas várias espécies, das quais a

grande maioria também não é encontrada em nossa costa ou no rio Potengi, com

exceção da espécie Trochammina inflata.

No nosso estudo Quinqueloculina lamarckiana indica a presença de cunha

salina que penetra pela foz do rio Potengi até alguns locais rio adentro. O gênero

Quinqueloculina é também típico de ambientes de alta hidrodinâmica (Eichler et

al., 2007; Wang & Chappell, 2001) da plataforma continental e no nosso estudo

sua presença indica o alto teor salino do Rio Potengi. De acordo com Debenay

(2012) pode ser encontrado em lagoas costeiras, pântanos salgados, estuários e

baías, sendo também considerados oportunistas e tolerantes à ambientes

poluídos, como as espécies Quinqueloculina miletti e Q. patagonica.

Observamos uma diferenciação nos nossos dados, onde uma espécie está

indicando provavelmente a contaminação por esgotos e a outra por detritos

provenientes da carcinicultura; além disso, parece existir competição entre ambas

as espécies por nutrientes e matéria orgânica, onde uma espécie inibe a outra e

vice-versa, principalmente nos ambientes prováveis de serem poluídos.

A formação de três grupos distintos pelo CLUSTER em Janeiro de 2012:

Foz do Rio Potengi (1 – 4), Plataforma Interna (5 – 16 e Canal do Rio Potengi

(17 – 24) apresentaram as espécies Ammonia tepida e Quinqueloculina

lamarckiana dominando em altas porcentagens, sendo que Ammonia tepida

dominou principalmente no Canal do Rio Potengi e em menor frequência na

plataforma interna; enquanto que Quinqueloculina lamarckiana dominou

principalmente na plataforma interna e em menores frequências no Canal do Rio

Potengi. As mesmas espécies de foraminíferos foram observadas no trabalho de

De Souza et al. (2010), no Rio Potengi, onde seis amostras em pontos de

poluição aparentes no rio estabeleceram modelo de zonação para avaliar o

impacto ambiental da área através da distribuição dos agrupamentos dos

foraminíferos associados à atividade bacteriana e aos parâmetros físicos –

químicos.

152

No trabalho de Eichler et al. (2007) Quinqueloculina milletti aparece

exclusivamente no estuário em baixa frequência associada às salinidades

marinhas normais, à alta claridade da água e à boa circulação. As maiores

frequências de Quinqueloculina lamarckiana ocorrem na região de plataforma

interna e no Canal do Rio Potengi.

Em baixas porcentagens a espécie Bolivina striatula dominou nos três

grupos, especialmente na Foz do Rio Potengi, mas nas estações próximas às

fazendas de carcinicultura e ao esgoto do Canal do Baldo ocorrem frequências

mais altas. De acordo com Debenay (2012) e Eichler et al. (2003), o gênero

Bolivina é característico de lagoas costeiras, estuários e baías, tolerantes a

ambientes com baixos teores de oxigênio dissolvido e alto teor de carbono

orgânico indicando talvez um local impactado em ambientes de granulometria

fina (Eichler et al., 2007). O gênero Bolivina aparece também na região de

manguezal onde existe abundância de nutrientes e sedimentos finos em Bertioga

(Eichler et al., 2007).

As espécies Hanzawaia boueana, Elphidium discoidale, Cibicides

valvulatanus, Cibicides variabilis e Discorbis peruvianus aparecem em maiores

frequências na plataforma interna ao Rio Potengi. Se compararmos nossos dados

aos dados de Eichler et al. (2014), na Baía de Guanabara (RJ), onde os autores

encontraram maiores frequências de Cassidulina subglobosa, Discorbis

williamsoni, Quinqueloculina seminulum, Buliminella elegantissima e Bolivina

elongata, observamos que apenas a espécie Quinqueloculina seminulum não

ocorre no rio Potengi. Quinqueloculina patagonica e Cassidulina subglobosa

aparecem em baixa frequência no Canal do Rio Potengi.

A espécie Cassidulina subglobosa foi encontrada no trabalho de Eichler et

al. (2003), na entrada da Baía de Guanabara, em maiores frequências indicando

salinidades mais altas. A espécie Quinqueloculina miletti apresenta frequências

mais altas na Foz do Rio Potengi, enquanto que Textularia earlandi, T. gramen e

Trochammina discorbis aparecem na plataforma interna. Essa distribuição revela

a zonação relacionada à influência da penetração de cunha salina no Rio Potengi

e a ocorrência de Trochammina discorbis na plataforma indica a presença da

153

pluma estuarina de água doce na plataforma continental adjacente revelando a

alta competência do Rio Potengi de exportar material para a plataforma.

Espécies de Trochammina inflata e T. squamata ocorreram em

pouquíssimas frequências no Canal do Rio Potengi e a espécie Trochammina

inflata também foi encontrada no trabalho de Sarita et al. (2015), que foi

realizada no Estuário Guadiana em Portugal, onde foi identificada em quase

todas as amostras, mas encontra-se afiliada a Jadammina macrescens.

Assim como a espécie Caronia exilis, o gênero Textularia sp é uma

espécie aglutinante e costuma viver em ambientes de granulometria grossa, mas a

diferença entre ambas as espécies é que esta é adaptada para ambientes altamente

hidrodinâmicos e salinos, enquanto que o gênero Caronia é típico de ambientes

lagunares (Debenay, 2012).

A análise de PCA revelou que a granulometria grossa (areia muito grossa,

areia grossa e cascalho), temperatura e CaCO3 exerceram maior influência nas

estações em Outubro de 2011, enquanto que os parâmetros que exerceram menor

influência nas estações foram a granulometria fina (areia média, areia fina, areia

muito fina, silte e argila), profundidade, salinidade, condutividade e densidade. A

distribuição granulométrica pode ser utilizada para detectar os ambientes de

deposição e cada ambiente tem seu nível energético característico com parâmetro

granulométrico condicionado à hidro dinamicidade.

No canal do rio a granulometria é arenosa, principalmente areia grossa e

areia média, que se revela como ambiente altamente hidrodinâmico. A pequena

porcentagem de argila, a qual é depositada nas margens do Rio Potengi,

representam, no entanto, a presença de alguns ambientes de menor energia.

Quanto à salinidade, o Rio Potengi apresenta basicamente dois ambientes

distintos: um ambiente mais interno, o qual não é influenciado pela alta

salinidade; e outro ambiente que é a área próxima à foz que é influenciada pela

alta salinidade. A presença de CaCO3 encontra-se associada à presença de

bioclastos, principalmente nas proximidades com a foz dos rios Doce e Potengi.

154

A análise de PCA em Janeiro de 2012 determinou que os principais

fatores reguladores da fauna de foraminíferos são a porcentagem de carbono

orgânico, nitrogênio, CaCO3 e granulometria fina (areia fina, areia muito fina,

silte e argila); e os parâmetros que são menos determinantes são a profundidade e

a granulometria grossa (areia média e areia grossa). As porcentagens de CaCO3

foram muito altas nas estações que se encontram na plataforma interna,

provavelmente essas áreas onde foram coletadas possuem recifes de corais em

suas proximidades. Os teores muito baixos de Carbono orgânico sugerem um

ambiente oxidante, inadequado à preservação da matéria orgânica.

De acordo com as análises granulométricas e o PCA, a granulometria

dominante é a arenosa, composta pelas frações areia grossa, areia muito fina e

areia fina, revelando ambiente com alta hidrodinâmica. Pouquíssimas estações

são influenciadas pelo silte e argila, que indicam ambientes de baixa

hidrodinâmica. A porcentagem de cascalho variou entre as duas coletas: na

primeira amostragem essa fração apresentou maior frequência, enquanto que na

segunda amostragem houve um decréscimo significativo. Uma possível

explicação para esse fato é que as frações de cascalho tenham sido deslocadas

para outros locais de deposição pelas correntezas fluviais e também pelo

constante retrabalhamento do leito marinho.

Em Janeiro de 2012 a frequência de areia grossa apresentou-se mais alta

que Outubro de 2011 próximo à foz e no trecho central do Rio Potengi. O

aumento dessa fração se deve pelo constante retrabalhamento hidrodinâmico do

leito marinho e o input de sedimentos através dos rios e pelo transporte das águas

pluviais. De acordo com Klee (1999), a zona costeira é afetada por fatores

marinhos, como marés, ondas, correntes, ressurgência e aumento do nível do

mar, além da influência dos rios costeiros, que tem a função crucial de depositar

os sedimentos no mar e também de renovar o suprimento sedimentar das praias.

Em Outubro de 2011 a maior frequência de areia fina encontra-se em

alguns trechos com pequenas porcentagens no canal do Rio Potengi; já em

Janeiro de 2012 a frequência dessa fração dobrou e encontra-se no canal superior

do Rio Potengi e existem também frequências relativamente maiores localizadas

155

em regiões de maior hidrodinâmica, como a região costeira. Essa fração mostrou-

se típica de local deposicional principalmente na região norte da região costeira

norte e parte da região costeira sul, próximo ao Rio Potengi, provavelmente pela

grande descarga das águas fluviais juntamente com as correntezas marinhas que

vem pelo sul, mostrando que ocorre o retrabalhamento do material

sedimentológico. Areia muito fina apresentou maior frequência na primeira

amostragem e aumento, principalmente no canal do Rio Potengi, indicando

ambientes deposicionais de baixa hidrodinâmica e provavelmente poluídos ou

contaminados.

De acordo com Lisitzin (1996), a granulometria mais grossa é proveniente

de regiões topográficas mais altas, apesar do material mais fino ser depositado no

fundo oceânico. As maiores concentrações das frações arenosas e siltosas são

encontradas próximas à costa. Para Garrison (2002), apesar das frações maiores

(matacões, pedregulhos e seixos) ocorrerem no mar, a maioria dos sedimentos

marinhos é de partículas finas (areia, silte e argila).

Altas frequências de silte e argila estão localizadas na região superior do

Rio Potengi próxima às fazendas de carcinicultura e às salinas, enquanto que as

menores frequências se encontram nas áreas mais próximas da foz, com alta

hidrodinâmica. Apesar de não ter sido possível fazer a comparação de

porcentagem entre as frações de silte e argila da segunda amostragem, foi

possível verificar que ambas as frações ocorrem nos mesmos locais de deposição

em ambas as amostragens e estas foram deslocadas por ação hidrodinâmica

fluvial da região superior para outro setor do rio Potengi. Essas frações são

típicas de ambientes deposicionais e de baixa hidrodinâmica e em geral

relacionadas a locais com sedimentos poluídos ou contaminados.

8.6 – Conclusões

A análise sistemática dos foraminíferos presentes em sedimentos do Rio

Potengi e plataforma interna adjacente indica a presença de dois ambientes: um

influenciado pela ação das marés e outro, mais interno, menos influenciado pela

ação marinha;

156

A forte influência do mar ao longo do Rio Potengi através da presença da

espécie Quinqueloculina lamarckiana. Por sua vez a Trochammina discorbis

indica a presença da pluma estuarina de água doce na plataforma continental

adjacente revelando a alta competência do Rio Potengi de exportar material para

a plataforma;

A presença das espécies Ammonia tepida, Quinqueloculina patagonica e

Quinqueloculina miletti, juntamente com as porcentagens elevadas das frações

granulométricas de areia muito fina, silte e argila, revelaram os principais locais

de deposição que provavelmente contém sedimentos poluídos ou contaminados;

Existe possibilidade de haver competição entre as espécies

Quinqueloculina patagonica e Quinqueloculina miletti por nutrientes e matéria

orgânica.

8.7 – Agradecimentos

As autoras gostariam de agradecer a Universidade Federal pelo espaço

físico para a realização dos procedimentos laboratoriais; aos departamentos de

geologia, geografia, química e ao Museu Câmara Cascudo pelo fornecimento do

laboratório e materiais para a realização dos procedimentos laboratoriais;

agradecemos ao CNPq INCT AmbTropic/WG 2.1, CAPES-Ciências do Mar 207-

10; PRH22-ANP/MCT; PLAT N-NE Rede 05 / FINEP / CTPETRO; CNPq;

PROBRAL 337-10 (CAPES/DAAD), CAPES PVE 151/2012 (Ciências sem

fronteiras), PE 0242/2013 (Ciências sem Fronteiras), MCTI/CNPq Nº 23/2011 -

Apoio Técnico para Fortalecimento da Paleontologia Nacional.(552976/2011-3),

Capes através do Edital Ciências do Mar (207/2010) para a bolsa de Post Doc no

Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (GGEMMA-UFRN-Brazil) e

CNPq (303481/09-9) pelo suporte financeiro da realização desse trabalho.

157

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