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“Formação continuada à distância via internet: o relato de uma
experiência com professores do Grupo de Trabalho em Rede”.
Maria Aparecida de Oliveira
Professora de língua portuguesa e língua inglesa da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná. Professora PDE – 2007/2008.
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo conhecer o grau de satisfação dos professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GRT, de Língua Estrangeira Moderna, modalidade Língua Inglesa, quanto à capacitação aplicada ao curso, através da modalidade de educação à distância, utilizando para mediação a plataforma MOODLE. Utilizamos um questionário investigativo para a coleta de dados e foram selecionadas treze amostras para análise. Este trabalho busca informações para contribuir com os novos cursos ofertados, uma vez que a formação continuada dos profissionais da educação em serviço é a meta principal da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Concluiu-se que os professores aprovaram esta forma de capacitação, contudo alguns precisam ainda se apropriar dos recursos tecnológicos necessários para dar continuidade ao processo.
Palavras-chave: formação continuada; educação à distância; ensino; aprendizagem
ABSTRACT
This work had as objective to know the opinions of teachers participating in the Working Network – GTR of English Language, as applied to the training course, through the mode of distance education, using mediation to the Moodle platform. It was used an investigative questionnaire to collect data and thirteen samples were selected for analysis. This work aimed to contribute information with the new courses offered, as the continued training of education professionals in service is the primary goal of the Education Department of State of Paraná. It was concluded that teachers had approved this form of qualification however some still need to assume themselves of the necessary technological resources.
Key words: continuing education; distance education; teaching; learning.
2
INTRODUÇÃO
É inegável que as tecnologias de informação e comunicação
estão transformando as práticas pedagógicas, o espaço escolar, a relação
professor-aluno, os processos de ensino e aprendizagem vêm ganhando novas
dimensões.
As práticas educacionais tradicionais fundadas na
memorização e na retenção de informações, têm dado lugar ao
desenvolvimento de novas habilidades cognitivas, onde o aprendiz tem a
possibilidade de analisar, discutir e solucionar problemas, aguçando a
criatividade e a interatividade tão necessárias numa sociedade moderna.
A Secretaria de Educação da Educação - SEED, ao refletir
sobre as possibilidades de oferecer aos professores em serviço uma formação
continuada compatível com as exigências de mercado, bem como,
considerando todas as variantes que perpassam a escola pública na
atualidade, a saber: as concepções de homem, mundo e sociedade, tem
avançado na busca de modalidades alternativas, as quais, longe de serem
representativas pelos números, mas que possam trazer qualidade ao ensino
público do Estado do Paraná.
A primeira forma de capacitação à distância já solidificada pela
SEED é a modalidade de Grupo de Estudos, que também pode ser
denominada de capacitação descentralizada, pois os professores organizados
por área, disciplina ou temáticas, encontram-se para ler os textos e refletirem a
respeito da teoria e a prática em sala de aula e de como convergir esses dois
elementos na busca da melhoria da qualidade de ensino.
A segunda modalidade de formação continuada em serviço
ocorreu com a implementação do Programa de Desenvolvimento Educacional -
PDE, em 2007, no qual os professores que ingressaram no programa
tornaram-se tutores do chamado Grupo de Trabalho em Rede – GTR. Esta
3
capacitação deu-se através da mediação por computador, inserida na
plataforma MOODLE.
O objetivo desse trabalho é conhecer a avaliação que os
professores integrantes do GTR, na modalidade de Língua Inglesa, fazem a
esta forma de formação continuada mediada por computador, utilizando um
ambiente virtual de interação.
1 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
O mundo como nós o conhecemos vem passando por grandes
transformações, a principal delas é a informação, com a inserção da mídia na
sociedade moderna, o acesso à informação dá-se cada vez mais rápido e
abrangente, de modo que podemos vivenciar os acontecimentos em tempo
real.
A escola, também não pode prescindir dos recursos midiáticos,
sob pena de manter-se à margem desse processo de evolução. Neste cenário
contemporâneo de mudanças, a educação tem o compromisso de estar aberta
ao trabalho cooperativo, à pluralidade cultural, ao aperfeiçoamento constante e
à reflexão do quê e como formar.
Por este contexto passa a educação à distância, que nos
dizeres de Neves:
“ [...] não é um modismo: é parte de um amplo e contínuo processo de mudança, que inclui não só a democratização do acesso a níveis crescentes de escolaridade e atualização permanente como também a adoção de novos paradigmas educacionais, em cuja base estão os conceitos de totalidade, de aprendizagem como fenômeno pessoal e social, de formação de sujeitos autônomos, capazes de buscar, criar e aprender ao longo de toda a vida e de intervir no mundo em que vivem. (NEVES, 2005, p.137)”
A educação à distância, para a formação de professores em
serviço, tem como objetivo a valorização do exercício do magistério com o
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resgate da função de docente; contribuindo para a melhoria do processo de
ensino e aprendizagem e do desempenho escolar dos alunos, inclusive.
Segundo Moran, “educação a distância é o processo de
ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos
estão separados espacial e/ou temporalmente (MORAN, 2008.s.p)”.
A educação à distância tem a característica de ser integradora
e mediadora, apesar de professores e alunos estarem fisicamente separados,
prescinde a necessidade de uma comunicação mediatizada através de
tecnologias adequadas, e a internet desempenha bem este papel, o que se
pretende é a formação integral do aluno, que estes sejam construtores do seu
próprio conhecimento e não meros receptores de informações.
2 A PLATAFORMA MOODLE
Ao refletir sobre o principal objetivo da educação à distância
que é levar conhecimento, com quantidade e qualidade, aos quatro cantos do
planeta. A pergunta que se tem em mente é como? Quais os meios para
executar essa tarefa.
Com o advento do computador e das redes telemáticas esta
proposta tornou-se mais plausível. Iniciaram-se as discussões para criar
ambientes virtuais, nos quais houvesse maior interação, intercâmbio e
comunicação entre os envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem.
Os ambientes virtuais de aprendizagem incorporam várias
ferramentas de comunicação para aplicação educacional. Tais ferramentas
contribuem para a participação ativa dos professores, alunos, tutores e trazem
o compromisso dos envolvidos com o aprendizado.
Um dos softwares que auxiliam na montagem de cursos
acessíveis pela internet é o Moodle. A palavra significa “Modular Object-
Oriented Dynamic Learning Environment”, que é um sistema de administração
5
de atividades educacionais destinado à criação de comunidades on-line, em
ambientes virtuais voltados para a aprendizagem.
Este software possui como proposta a forma colaborativa de
aprender, em ambientes on-line, apóia-se na pedagogia sócio-construtivista, ou
seja, não só trata a aprendizagem como uma atividade social, mas focaliza a
atenção na aprendizagem que acontece enquanto construímos ativamente
artefatos tais como textos, para que outros vejam ou utilizem.
O Moodle é um projeto “Open Source”, ele é um software de
utilização livre, no qual todos podem contribuir , seja no seu desenvolvimento,
seja na correção de erros, seja na documentação, desde que a condição de
liberdade seja mantida. Este paradigma revolucionou a maneira com que
softwares são desenvolvidos, baixou os custos de desenvolvimento e
aumentou a agilidade, resultando em softwares de excelente qualidade e em
constante evolução.
O Moodle vem sendo aperfeiçoado a cada dia e é sempre
possível receber novos módulos com funções que atendam ainda mais os
diversos tipos de usuários. Há possibilidades de aplicação em diferentes
práticas pedagógicas.
Escolas e universidades já utilizam o Moodle, não somente em
cursos integralmente virtuais completos, mas também como suporte aos
presenciais. Outros usos indicados para a plataforma é a formação de grupos
de estudo, desenvolvimento de projetos e treinamento de professores,
modalidade está utilizada pela SEED, posta em prática ao longo do ano de
2008.
3 GRUPO DE TRABALHO EM REDE
A Secretaria de Estado da Educação - SEED , ao definir as
bases do Programa de Desenvolvimento Educacional -PDE, propôs um modelo
6
de formação continuada de modo que pudesse abranger o maior número de
professores em serviço.
A partir dessa proposta os professores que ingressaram no
PDE deveriam replicar a maior parte do arcabouço de conteúdos que
aprenderam nas Instituições de Ensino Superior – IES, a um conjunto de
professores denominados Grupo de Trabalho em Rede. Simone Bergman
assim define a formação pedagógica do GTR:
“[...] possibilita a integração do Professor PDE com os Professores da Rede, por meio de encontros virtuais, para a discussão das temáticas de sua área de formação e/ou atuação. Os participantes dos Grupos poderão estabelecer relações teórico-práticas em sua área de conhecimento, visando ao enriquecimento didático-pedagógico, por meio de leituras, reflexões, troca de idéias e experiências. (BERGMAN, 2007)
A idéia preliminar da SEED, conforme registros oficiais, era
atingir cerca de 44.000 professores da rede estadual através do GTR, de todas
as áreas curriculares.
A primeira etapa contou com a inscrição dos professores GTR,
por área de atuação, sem a possibilidade de escolha dos temas a serem
estudados. A SEED, posteriormente distribuiu em média vinte a vinte e cinco
participantes por professor PDE, assim este último teve a oportunidade de
interagir com profissionais das mais diversas localidades do Estado.
As atividades tiveram início em setembro de 2007, um mês
antes disso, os professores PDE, tiveram uma capacitação na Coordenação
Regional de Tecnologia da Educação – CRTE, com a finalidade de inserir seus
projetos de capacitação, na plataforma MOODLE. Nesta data foram aprendidos
como fazer a apresentação de um curso, como criar um diário para postagem
de atividades, um fórum para interação dos cursistas e algumas instruções
básicas de como proceder a tutoria on-line, inclusive.
Foi um desafio indescritível para alguns professores PDE,
acostumados com o ensino na modalidade presencial, com jovens e
adolescentes e depois migrar para um ambiente virtual e mediar informações
7
com um professores parceiros com conhecimento de conteúdo igual ou
superior ao dele, deixar seu projeto de trabalho para análise e tão
abruptamente passar da função de docência para a tutoria.
4 PROJETO
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O referido projeto foi desenvolvido com um grupo de
professores de Língua Estrangeira Moderna - Inglês. A Coordenação Estadual
do PDE, determinou que o curso fosse dividido em seis módulos, as atividades
seriam realizadas no período de setembro de dois mil e sete a junho de dois mil
e oito, conforme descrição abaixo, perfazendo uma carga horária de sessenta
horas:
MÓDULOS ATIVIDADE DESCRIÇÃO CARGA HORÁRIA
MÓDULO 1 Primeiros contatos Fazer a apresentação e conhecer o perfil dos participantes do grupo.
6
MÓDULO 2 Estudos orientados Ler dois textos propostos no Seminário Temático do PDE
10
MÓDULO 3 Objeto de Estudo Socializar o Plano de Trabalho para o grupo analisar.
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MÓDULO 4 Material didático Apresentar o material didático e solicitar uma análise detalhada dos elementos constitutivos.
15
MÓDULO 5 Proposta de Intervenção Discutir a proposta de implementação do material didático na escola.
7
MÓDULO 6 Proposta de implementação
Implementar o material didático na escola e discutir os pontos positivos e negativos.
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4.2 PROFESSORES PARCEIROS
Os professores parceiros, integrantes do GRT, eram num total
de vinte e quatro, todos docentes de Língua Inglesa, de várias localidades do
Estado. Somente três, pertenciam ao Núcleo Regional da Educação de
Cornélio Procópio, que fazem parte do mesmo Núcleo da professora
pesquisadora.
Dentre o grupo, quatro inscritos nunca acessaram a plataforma
para realizar as atividades, cinco fizeram até o módulo dois sendo por
conseguinte considerados desistentes. Quinze concluíram todos os módulos e
recebendo da Secretaria certificação de conclusão de curso, a fim de que
pudessem utilizar a carga horária para progressão na carreira do magistério.
4.3 PLANEJAMENTO
O planejamento das atividades seguiu o proposto nas
orientações pedagógicas para o Grupo de Trabalho em Rede, já descrito na
contextualização. O grande entrave desse planejamento foi que algumas das
propostas de conteúdos discutidas ao longo dos cursos realizados pelos
professores – PDE, nas Instituições de Ensino Superior não fizeram parte da
formação continuada aos GTR. Este fator, em conjunto com outras variantes,
pode ter causado desinteresse em participar do curso.
4.4 CONTEÚDO
O conteúdo principal do curso baseava-se em uma unidade
didática, desenvolvida pela professora pesquisadora, denominada “ Human
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Rights! Children Rights!”, que fazia parte do módulo três. A unidade tinha a
finalidade de proporcionar aos alunos o conhecimento de que ao aprender
língua estrangeira, no caso a Língua Inglesa, é possível ampliar a visão de
mundo, construir conscientemente sua própria identidade, contrastar culturas e
principalmente atuar crítica e democraticamente para transformar a sua
realidade social. A proposta era trazer à sala de aula discussão sobre os
temas “Direitos da Criança e do Adolescente”, “Educação” e “Trabalho Infantil”,
tendo como base textos diversos e também documentos, tais como:
“Declaração Universal dos Direitos da Criança”, em inglês, e o “Estatuto da
Criança e do Adolescente”. Os textos escolhidos tentam aproximar o ensino de
língua inglesa e cultura, estão alicerçados nas Diretrizes Curriculares, na
contextualização do ensino e no desenvolvimento de princípios culturais
significativos para os alunos do Ensino Fundamental.
A Lei nº 8.069/90, conhecida como Estatuto da Criança e do
Adolescente atinge, em 2008, a sua maioridade. Os doutrinadores são
unânimes em considerá-la a lei mais moderna para proteção da criança e do
adolescente dentro do ordenamento jurídico mundial, contudo ainda persiste,
em diversas partes do mundo e também no Brasil, a exploração do trabalho
infantil. São milhares de crianças tendo suas infâncias roubadas em favor de
uma mão-de-obra barata. O trabalho do menor tem raízes de ordem
econômico-financeira, mas também cultural, existem valores sociais que
determinam uma aceitação do trabalho precoce. Estas discussões realizadas
no âmbito escolar é que mudará paradigmas e construirá uma sociedade que
valorize o ser humano integralmente.
4.5 DESENVOLVIMENTO DO GTR
Os professores PDE foram orientados a desenvolver o projeto
conforme as instruções contidas nas orientações pedagógicas da SEED,
descritas anteriormente na contextualização. Ao utilizar a plataforma Moodle
10
para mediação, a partir do módulo três, quando apresentamos nosso plano de
trabalho, é que pudemos inserir um “fórum” com o objetivo de suscitar uma
discussão sobre a disciplina em foco, no caso em tela, Língua Inglesa, neste
caso optamos por incluir ao debate o tema “Cultura e Ensino de Língua”.
4.5.1 – CONSTRUÇÃO DE AUTONOMIA E DA COLABORAÇÃO
Os módulos foram desenvolvidos ao longo do curso enquanto
os professores – PDE estavam nas Instituições de Ensino Superior, em contato
com orientadoras e outras colegas de curso. Foram inseridas na plataforma
Moodle várias ferramentas de interação. Com o avanço das atividades
observou-se que os professores cursistas, principalmente aqueles que tinham
menos contato com informática ou mesmo com a plataforma em si, passaram a
se perder nas atividades, completavam uma e esqueciam outra, ou trocavam a
postagem de lugar.
Em vista desse problema, a opção foi inserir somente um
recurso de interação para cada módulo, os dois mais fáceis, que são “diário” e
“fórum”.
No diário, os cursistas podiam postar atividades maiores, tais
como textos de toda sorte, porque ele se parece com uma página de “Word” e
tem os mesmos recursos de digitação. A desvantagem é que somente a
professora-tutora pode visualizar a atividade.
No fórum como as mensagens são mais curtas, optou-se por
um fórum com pergunta e resposta, assim o cursista podia visualizar as
mensagens postadas por outros colegas do grupo. A vantagem desse espaço
era a abertura para discussão que se oferta, contudo os professores, ainda por
falta de conhecimento ou dificuldades com a plataforma fizeram pouco uso
desse recurso.
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4.5.2 – COLETA DOS DADOS
Os dados coletados foram depoimentos registrados pelos
cursistas, na ferramenta diário, solicitado no módulo seis, quando foi solicitado
aos mesmos que aplicassem o material didático, elaborado pela professora
pesquisadora, na escola em que lecionavam e apresentassem os pontos
positivos e negativos dessa implementação. Além disso, foram solicitados
comentários sobre a forma de capacitação da SEED, na modalidade à
distância, via plataforma Moodle, e também sobre o trabalho de tutoria
realizado pela professora pesquisadora. Para tanto foram feitos aos
professores dois questionamentos:
1- Como você vê a forma de capacitação, na modalidade
educação à distância, implementada pela Secretaria de Estado da Educação,
através da plataforma MOODLE? Teve dificuldades em apropriar-se dessa
ferramenta para realizar suas atividades?
2- Como foi o trabalho da tutoria? A interação do professor-
aluno com o professor-tutor possibilitou a apropriação do conteúdo dos
módulos com efetividade?
Selecionamos para análise os comentários de treze das quinze
concluintes, os quais apresentaram maior quantidade de registros e que
pareceram-nos suficientemente ricos para o desenvolvimento da análise
pretendida.
4.5.2.1 – FORMAÇÃO CONTINUADA E EAD
Quanto ao primeiro questionamento sobre formação
continuada, na modalidade à distância, mediada na plataforma Moodle, quatro
aprovaram e consideraram viável a proposta de atividades on-line, conforme
ilustram as mensagens a seguir:
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“ Em minha opinião é viável essa forma de capacitação, uma vez que o professor pode desenvolver as atividades em sua própria casa, no momento e na hora que quiser. E em relação ao aproveitamento do mesmo vai depender de cada um.(P-3)”
“Chegando ao fim desta capacitação ofertada pela SEED, posso afirmar com certeza que foi muito válida e aproveitável, tendo em vista a forma das atividades propostas em cada módulo. Certamente, nosso Estado chegou á frente de todos os outros no país, tendo em vista as novas tecnologias disponíveis. Fico contente por fazer parte deste Estado inovador e que busca sempre alternativas para melhorar a educação. (P-5)”
“De todos os cursos que já fiz, que foram muitos, este foi o que mais gostei em todos os aspectos, pois foi possível fazer as atividades a qualquer momento, sem sair de nossas casas, realizando leituras, trocando idéias com outros professores do grupo e com a tutora, buscando melhoras na educação.(P-8)”
Os relatos das professoras P-3 e P-8 reforçam uma das
praticidades que envolvem os cursos através da educação à distância, que são
a flexibilidade e a comodidade, a primeira refere-se à vantagem de organizar o
próprio tempo para a execução das atividades propostas e a segunda
determinada o espaço onde é possível conciliar o curso on-line, a preferência
gira entre o local de trabalho ou a casa. Outro fator relevante nesse processo é
a ausência de deslocamento, evitam-se viagens e custos extras, mas impõe ao
cursista um compromisso em realizar o que foi proposto. Esta mesma questão
é reforçada pela professora P-11:
“Aqui vai uma sugestão, que as capacitações fossem assim, com professores interagindo dentro de sua casa, com seu material de pesquisa, a seu tempo e que as capacitações de sábado fossem excluídas, pois não há aproveitamento nenhum, o professor tem que sair de casa, os textos sem embasamento nenhum, cansativos de ler. O professor participa por obrigação e necessidade de elevação de nível, mas conhecimento nenhum. Ao contrário dessa capacitação, houve aprendizagem por parte do professor, houve troca de experiências, conseqüentemente, houve uma nova prática em sala de aula. (P-11)”
A visível crítica da professora P-11 à modalidade de Grupo de
Estudo demonstra que o docente precisa e busca a formação continuada,
contudo esta precisa atender a suas expectativas, as quais estão sempre
voltadas para a relação professor-aluno ou pela dicotomia ensinar e aprender.
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O segundo excerto, da professora P-5, sugere a elevação da
auto-estima em decorrência dos avanços em tecnologias da informação e
comunicação desenvolvidas nos últimos anos no Estado do Paraná. Os
professores têm disponível várias ferramentas tecnológicas na escola, dentre
as quais destacam-se, o laboratório Paraná Digital, o Portal Dia-a-Dia
Educação, a TV Pendrive. Estes recursos ao mesmo tempo que contribuem
para a melhoria da qualidade de ensino, obriga o docente a apropriar-se delas
formando assim um processo dialético que traz muitos benefícios para a
educação.
A professora P-1 deixou transparecer o receio de experimentar
uma nova forma de capacitação, diferente da modalidade presencial, longe da
infra-estrutura física, conforme vemos no relato:
“Quando me inscrevi para o curso GTR não sabia exatamente como seria, porém as expectativas eram aprimorar-me no ensino e aprendizagem de Língua Inglesa. Como o curso foi proposto em uma forma da qual não estou habituada, pensei que encontraria alguma dificuldade. Principalmente, porque gosto de expor as minhas idéias ( mesmo que elas não signifiquem muito para as outras pessoas ) e ter um retorno imediato. Entretanto, o curso ofereceu-nos um excelente feedback.(P-1)”
Este excerto traz-nos uma reflexão de Moran, sobre a
qualidade de cursos à distância, “um curso de qualidade depende muito da
possibilidade de uma boa interação entre seus participantes, do
estabelecimento de vínculos, de fomentar ações de intercâmbio ( MORAN,
2005, p.147).
A professora P-1 descreve a insegurança em relação à nova
proposta, esta aparenta ser uma característica própria de pessoas que tem
pouco contato com computador, internet e outras mídias. Uma forma útil de
reverter esse quadro é manter uma interatividade constante entre cursista e
tutor, num processo de retroalimentação, somente assim o cursista reencontra
o equilíbrio, continua ativo e participante.
No mesmo contexto, as professoras P-6 e P-7 fizeram relatos
que demonstram o quanto a falta de conhecimento básico de informática, bem
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como princípios elementares de navegação na internet podem inviabilizar um
curso on-line. Segue a transcrição:
“Tive algumas dúvidas em relação ao curso sim, a dificuldade em explorar a internet sem uma pessoa para auxiliar dificultou muito, tive vontade de desistir pela dificuldade em fazer algumas coisas. Deveria ter uma equipe que estivesse presente nas escolas dando orientações, acredito que muitos deixaram de participar por este motivo. (P-6)”
“Em relação as minhas impressões sobre o trabalho on-line, tive muitas dificuldades de adaptação com a tecnologia[...]. ( P-7)”
Analisando a declaração da professora P-6, quando solicita
uma equipe disponível para atender os professores na escola, vale enfatizar
que existe em cada sede de Núcleo Regional da Educação, em todo Estado,
uma Coordenação Regional de Tecnologia da Educação – CRTE. Criadas a
partir de 2004, em substituição aos antigos Núcleos de Tecnologia Educacional
– NTE, as CRTE têm como tarefa primordial dar apoio às ações do Programa
Paraná Digital e também ao Portal Dia-a-Dia Educação, o que incluir planejar
cursos de capacitação e de atualização na área de tecnologia na educação.
Com o advento da implantação do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, os profissionais das CRTE foram
convocados para capacitar de maneira ostensiva, em primeira instância os
professores PDE, responsáveis pela tutoria, e num segundo momento os
professores GTR, contudo em locais nos quais essa formação não ocorreu,
professores pediam ajuda aos amigos, aos filhos, para concluir as atividades.
De qualquer forma, essas lacunas precisam ser preenchidas para as novas
turmas de GTR.
Em síntese, os principais pontos abordados pelas professoras
participantes do GTR são que a modalidade de capacitação à distância é
bastante viável, flexível, pode contribuir muito com a formação dos docentes
porque possibilita a maior interação entre profissionais da mesma área de
ensino, sendo que esse momento de compartilhar experiências é enriquecedor
pois inovações podem ser levadas para o ambiente escolar e trabalhadas em
tempo real. A transposição da formação continuada presencial para o ambiente
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virtual será assimilada aos poucos e superada por aqueles profissionais que
por ventura ainda tenham dificuldades com as tecnologias disponíveis.
4.5.2.2 – TUTORIA
Os professores que ingressaram no PDE foram transformados
em tutores, para mediar os trabalhos com os GTR. Na educação à distância o
papel do tutor é crucial para o bom andamento e progresso do curso. A tutoria
é considerada uma metodologia fortemente baseada na reflexão
compartilhada, na cooperação e no estímulo à autonomia do cursista.
Transformar professores da rede presencial de ensino, a
maioria acostumados com crianças e adolescentes, em mediadores de ensino
e aprendizagem, numa plataforma on-line, até então desconhecida, com a
responsabilidade de acompanhar o desempenho dos cursistas, estimulá-los e
levá-los a uma reflexão sobre a prática pedagógica, tornou-se um enorme
desafio já proposto pela Secretaria de Estado da Educação para a formação
continuada destes professores do GTR.
Para o segundo tópico da análise , que trata da tutoria, ou seja,
como a professora pesquisadora promoveu a interatividade entre as atividades
propostas e o atendimento aos cursistas, respeitando as diferenças individuais
e os diversos ritmos de aprendizagem, elementos típicos de cursos em
ambientes virtuais.
Os principais aspectos, relativos à tutoria, apresentados pelos
professores GRT foram: informações claras e objetivas; atividades bem
construídas; segurança nas ações; retorno rápido aos questionamentos
realizados; possibilidade de troca de experiências entre os membros do grupo;
tempo escasso para realizar as atividades em função do acumulo de trabalho e
necessidade de contato presencial com a tutora.
Uma tarefa importante da função de tutor é a de manter o
cursista motivado principalmente para cumprir o objetivo proposto que é a
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permanência e a conclusão do curso com qualidade. Pode-se observar no
relato da professora P-1:
“[...] a tutora está de parabéns, pois sempre esteve conectada com os participantes. O que nos deus uma segurança e uma motivação para continuarmos no curso (P-1).”
No ensino presencial temos a vantagem de ter o calor humano
e a observação direta como facilitador do processo de ensino e de
aprendizagem. A questão é como transpor isso para um ambiente virtual on-
line e garantir interatividade suficiente de modo a demonstrar que o cursista
não está sozinho nessa empreitada, garantir o sentimento de pertença a um
grupo de discussão acadêmica?
Essa questão se resolve quando o tutor estabelece um contato
direto com os cursistas, respondendo seus questionamentos com a maior
brevidade possível.
Outro método de contato e interatividade foi deixar o mais claro
possível o que se esperava do cursista em cada módulo e reduzir as
ferramentas de inclusão das atividades. Para um módulo foi solicitado um
“diário”, quando as atividades eram mais extensas, para outro as postagens
poderiam ser feitas em “fóruns”, os quais permitiam aos usuários que
expressassem opiniões e recebessem um feedback mais rápido da tutora.
Somente no módulo terceiro é que as duas ferramentas foram solicitadas
juntas, em razão da atividade exigida ser mais complexa.
Algumas professoras expressam suas opiniões sobre as
atividades propostas pela tutora, bem como a clareza das informações para a
realização das mesmas:
“ Considero que a quantidade de atividades foram bem dosadas, as informações estavam claras[...] (P-3).”
“ [...] as atividades foram propostas de maneira clara e precisa fazendo com que os trabalhos fossem realizados no tempo certo (P-10).”
Elaborar material didático para cursos on-line é sempre um
desafio, existem profissionais especializados somente para esta finalidade. Os
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professores – PDE, ainda com pouca ou quase nenhuma experiência nesta
modalidade, buscaram um equilíbrio entre o que foi proposto pela Secretaria da
Educação e seu Plano de Trabalho. Esta ponderação nas atividades foi sentida
pelos professores cursistas, vê-se pelos relatos das professoras P-3 e P-10
acima mencionados.
Como ambos, professor PDE e professor GRT pertencem a
rede pública estadual, e na sua grande maioria com quarenta horas semanais
de trabalho, alguns ainda prestando serviço para a esfera municipal ou federal,
não sobrecarregar o cursista com muitas atividades em períodos já previstos
em calendário com aplicação de provas e fechamento de notas bimestrais ou
semestrais, essa atitude garantiu em determinadas circunstâncias a
permanência do professor no curso. Um exemplo claro dessa afirmação é o
relato da professora P-4:
“[...] Questiono o tempo, pois para fazer projetos, elaborar atividades, precisamos de fundamentação e isso demanda tempo. E para nós, com quarenta aulas semanais, torna-se muitas vezes inviável. Mas, graças ao nosso esforço, estamos na reta final (p-4).”
Como se pode constatar, durante o curso à distância, é preciso
encorajar o processo de aprendizagem do cursista, fazer com que o mesmo
supere suas limitações, desenvolva habilidades de estudo e termine as
atividades propostas.
Para os professores da rede pública estadual, existe um
endereço eletrônico com o qual eles podem acessar o Portal Dia-a-Dia
Educação. Esse endereço foi transposto para a plataforma Moodle e através
dele seria possível contatar esses professores.
A dificuldade inicial foi que a maioria desses professores não
acessava esses endereços há muito tempo, alguns poucos ainda não sabiam
da sua existência, outros perderam a senha de acesso, o que inviabilizou
muitos contatos. A opção, em determinados casos, foi aceitar a inclusão de
alguns endereços eletrônicos particulares e repassar as informações mais
urgentes por eles.
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Um dos aspectos positivos da plataforma Moodle é a condição
que os Coordenadores do Programa têm de acompanhar o desenvolvimento
dos envolvidos no processo, emitindo um relatório de desempenho que cada
um, isso inclui, a acessibilidade do sistema, postagens, mensagens, dentre
outros. Atender à solicitação dos cursistas, enviando informações por
endereços eletrônicos particulares pode colocar em risco todo esse
levantamento e inviabilizar possíveis correções nas próximas edições do curso.
Para melhor exemplificar a dificuldade do cursista em se
comunicar dentro da plataforma, através do e-mail oficial, é a observação feita
pela professora P-1:
“ Como sugestão acho que a melhor maneira de ter comunicação entre tutor e o cursista seria via –email particular, uma vez que é por lá que a pessoa acessa com mais freqüência.(P-1)”
Para Preti, “se é verdade que ‘ninguém educa ninguém’, por
outro lado ‘ninguém se educa sozinho’. A educação à distância,
paradoxalmente, impõe interlocução permanente e, portanto, proximidade pelo
diálogo.” ( PRETI, 2005, P.173), neste aspecto a interação com o tutor é
fundamental para estabelecer vínculos concretos de interação. Algumas
professoras prestam relatos positivos a esse respeito:
“No que se refere à tutoria percebi que você respondia aos meus questionamentos todas as vezes que os solicitava. Posso dizer isto, pois até pessoalmente tive a oportunidade de debater com ‘minha tutora’, por sermos pertencentes ao mesmo NRE. (P-5)”
“O trabalho da tutora foi ótimo e contribuiu para a minha motivação em realizar esse curso, pois a mesma se demonstrou atenciosa, dedicada e acima de tudo comprometida com o seu trabalho (P-8)”.
Já foi exposto que uma das principais características
qualitativas da educação á distância é a interatividade, a qual necessita ser
contínua e propiciada em todos os momentos ao cursista, tendo ele dúvidas ou
não, desta forma, apesar da distância física, tornará a relação cursista-tutor
mais humanizada.
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O relato da professora P-8 esclarece o quando o diálogo, as
trocas de experiências e vivências são importantes para os processos
educacionais, a figura da tutora é crucial na educação à distância, não só por
fazer a mediação acadêmica do material didático mas também garantir a
interlocução necessária entre todos os integrantes do curso, socializando e
construindo conhecimento.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou investigar o ponto de vista de
participantes do Grupo de Trabalho em Rede, de Língua Inglesa, quanto a
forma de formação continuada em serviço aplicada em um ambiente virtual,
utilizando-se do software livre Moodle.
Foram analisados os comentários de treze professores, dos
quinze concluintes, considerando as amostras mais significativas e respondidas
dentro dos parâmetros solicitados no questionário investigativo.
A análise qualitativa apontou que a modalidade de formação
continuada em serviço na modalidade à distância, foi bem aceita pelos
professores pesquisados o que trará benefícios para a escola interligada com
a melhoria na qualidade de ensino.
As implicações desses resultados são que a Secretaria
Estadual da Educação pode estudar a possibilidade de estender a formação
continuada, através da educação à distância, a todos os profissionais da
educação com mais qualidade e com economia da recursos financeiros.
Limitações desta pesquisa foram o número de entrevistados e
pouco tempo para a análise dos dados com maior acuidade.
Pesquisas futuras podem procurar conhecer o impacto dessa
modalidade de formação continuada exatamente dentro da sala de aula, no
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processo dialético existente entre professor e aluno, ou seja, faz-se necessário
saber se todo o estudo realizado teve reflexos para o aprendizado do aluno,
razão de ser de todos os esforços das políticas públicas governamentais para a
educação básica.
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REFERÊNCIAS
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http://www.ccuec.unicamp.br/ead/index_html?foco2=Publicacoes/78095/950011&focomenu=Publicacoes> . Acesso em 13/11/2008.
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MORAN, J.M. O que é Educação à Distância. Disponível em<http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm> Acesso em: 30/11/2008.
NICODEM, M. F. M. CARDOSO, C. A., e MUCELIN, C. A., A plataforma
Moodle e seus desdobramentos enquanto AVEA no ensino a distância da
UTFPR Campus Medianeira. Disponível em< http://www.moodlemoot.com.br/eduead/file.php/1/moddata/forum/3/95/Maria_de_Fatima_M._Nicodem.doc.> Acesso em: 08/11/2008.
PARANÁ. Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Secretaria de Estado da Educação. <
http://www.pde.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/Informativos/inf_02_07_carta_PDE.pdf> Acesso em Novembro de 2008.
PRETI, O. Apoio à aprendizagem: o orientador acadêmico. Integração das
Tecnologias na Educação. Secretaria de Educação à distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005. P. 173