Formação de educadores: Que desafios?

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FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES JOSÉ AUGUSTO PACHECO* & JOANA SOUSA* * INSTITUTO DE EDUCAÇÃO - UNIVERSIDADE DO MINHO * DOCENTE DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO MINHO * * BOLSEIRA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO CURRICULAR PELA FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA (FCT - SFRH/BD/93389/2013).

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FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES

JOSÉ AUGUSTO PACHECO* & JOANA SOUSA* *

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO - UNIVERSIDADE DO MINHO

* DOCENTE DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO MINHO

* * BOLSEIRA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO CURRICULAR PELA FUNDAÇÃO PARA A

CIÊNCIA E A TECNOLOGIA (FCT - SFRH/BD/93389/2013).

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FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES (ESTRELA, 2001)

Jurídico

Prático

Discursivo

Três

níveis do

real

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | JURÍDICO

• Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro, que aprovou a Lei de Bases do Sistema Educativo, alterada pelas Leis n.º 115/97, de 19 de Setembro, n.º 49/2005, de 30 de Agosto e n.º

85/2009, de 27 de Agosto.

• Decreto-Lei n.º 139-A/90, de 28 de abril, que aprovou o Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e

Secundário, alterado pelos Decretos-Lei n.ºs 105/97, de 29 de abril, 1/98, de 2 de janeiro, 35/2003, de 27 de fevereiro, 121/2005, de 26 de julho, 229/2005,

de 29 de dezembro, 224/2006, de 13 de novembro, 15/2007, de 19 de janeiro, 35/2007, de 15 de fevereiro, 270/2009, de 30 de setembro, 75/2010, de 23 de

junho, 41/2012, de 21 de fevereiro, pela Lei n.º 80/2013, de 28 de novembro, pelo Decreto-Lei n.º 146/2013, de 22 de outubro, e pela Lei n.º 7/2014, de 12

de fevereiro.

• Decreto-Lei n.º 240/2001, de 30 de agosto, aprovou o perfil geral de desempenho profissional do educador de infância e dos professores dos ensinos

básico e secundário (Dimensão profissional, social e ética, de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, de participação na escola e de relação com a comunidade, de

desenvolvimento profissional ao longo da vida).

• Decreto-Lei n.º 241/2000, de 30 de agosto, aprovou os perfis específicos de desempenho profissional do educador de infância e do professor do 1.º ciclo

do ensino básico.

• Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de março, aprovou o regime jurídico dos graus académicos e diplomas do ensino superior, alterado pelos Decretos-Lei n.º 115/2013, de 7 de

agosto, n.º 230/2009, de 14 de Setembro, e n.º 107/2008, de 25 de Junho.

• Lei n.º 38/2007, de 16 de agosto, aprovou o regime jurídico da avaliação do ensino superior dos estabelecimentos de ensino superior, das suas unidades orgânicas e dos ciclos

de estudos.

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | JURÍDICO

• Decreto-Lei n.º 369/2007, de 5 de novembro, criou a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior e aprova os respetivos estatutos.

• Decreto Regulamentar n.º 3/2008, de 21 janeiro, estabeleceu o regime da prova de avaliação de conhecimentos e competências, alterado pelos Decretos Regulamentares n.º

7/2013, de 23 de outubro, e n.º 27/2009, de 6 de Outubro.

• Decreto Regulamentar n.º 26/2012, de 21 de fevereiro, regulamentou o sistema de avaliação do desempenho do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico

e secundário.

• Decreto-Lei n.º 132/2012, de 27 de junho, estabeleceu o novo regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente dos ensinos básico e secundário e de formadores e

técnicos especializados, alterado pelo Decreto-Lei n.º 146/2013, de 22 de outubro, pela Lei n.º 80/2013, de 28 de novembro, e pelo Decreto-Lei n.º 83-A/2014, de 23 de maio.

• Despacho n.º 13981/2012, de 26 de outubro, aprovou os parâmetros nacionais para a avaliação externa da dimensão científica e pedagógica.

• Decreto-Lei n.º 79/2014, de 14 de maio, aprovou o regime jurídico da habilitação profissional para a docência na educação pré-escolar e nos ensinos

básico e secundário.

• Despacho nº 9488/2015, de 20 de agosto, regulamentou o período probatório do pessoal docente no ano de 2015.

• Despacho n.º 13660-M/2015, de 24 de novembro, suspendeu a realização da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades dos docentes.

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | PRÁTICO

Docentes

Público Privado

Ed. Pré-escolar 8 907 7 092

1º ciclo 25 084 3 011

2º ciclo 20 927 2 820

3º ciclo e ensino secundário 65 949 7 404

(Faria, Rodrigues, Gregório & Ferreira, 2016)

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | PRÁTICO

Perfil do Docente - Idade

O corpo docente no ativo está envelhecido: 41% dos professores do ensino público têm 50

e mais anos de idade (2013/2014)

Público % Privado %

=/> 50 anos 43,2 =/< 30 - 39 44,7

(Faria, Rodrigues, Gregório & Ferreira, 2016)

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | PRÁTICO

Perfil do Docente - Género

(DGEEC/ DSEE, 2016)

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | PRÁTICO

Alunos

https://www.publico.pt/2016/11/17/sociedad

e/noticia/em-2021-as-escolas-publicas-vao-

ter-menos-109-mil-alunos-1751453

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | DISCURSIVO

Enquadramento

amploAutonomia e

diversidade

“A educação e a formação têm dado um contributo importante para alcançar os objetivos a longo prazo da

Estratégia de Lisboa para o crescimento e o emprego. Na perspetiva dos novos desenvolvimentos de que este

processo será objeto, deverão, por conseguinte, ser prosseguidos os esforços para assegurar que a educação e a

formação continuem a ser firmemente enquadradas na estratégia mais ampla. É igualmente essencial que o

quadro da cooperação europeia continue a ser suficientemente flexível para fazer face aos desafios tanto

presentes como futuros, nomeadamente os decorrentes de qualquer eventual estratégia após 2010.” (Jornal

Oficial da União Europeia, 2009)

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | DISCURSIVO

Objetivos Estratégicos

(Jornal Oficial da União Europeia, 2009)

Tornar a aprendizagem

ao longo da vida e a

mobilidade uma realidade Melhorar a qualidade e

a eficácia da educação e

da formação

Promover a igualdade,

a coesão social e a

cidadania ativa

Incentivar a criatividade

e a inovação, incluindo o

espírito empreendedor,

a todos os níveis de educação

e formação

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | DISCURSIVO

A formação inicial perspetivada a partir de 3 eixos (currículo, organização escolar e acesso

à profissão), que respostas dá para estas questões de partida:

• Que saberes poderão garantir um bom desempenho profissional? (CNE, 2015a)

• Que modelo de formação responde melhor às necessidades de formação? (CNE, 2015a)

• Como integras as práticas de sala de aula nos programas de formação? (CNE, 2015a)

• Como formar e recrutar os melhores professores para o exercício da profissão? (CNE, 2015b, p. 10)

• Como se articula a formação docente com a aprendizagem dos alunos? (Esteves, 2015, p. 156)

• Como se integra a formação inicial com o desenvolvimento profissional docente? (Estrela, 2001)

• Como se articula a formação docente com o perfil de competências desejável para o ensino? (Esteves,

2015, p. 157)

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PERSPETIVA DA FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E PROFESSORES | DISCURSIVO

A formação inicial perspetivada a partir de 3 eixos (currículo, organização escolar e acesso

à profissão), que respostas dá para estas questões de partida:

• Como articular a formação inicial com o paradigma centrado no aluno/aprendizagem (processo de

Bolonha) e com as novas tecnologias de informação e comunicação?

• Como articular a formação de educadores e professores com a organização curricular do pré-escolar e

dos ensinos básico e secundário? (Oliveira, 2014)

• Como articular a formação de educadores e professores com o desenvolvimento profissional e com a

avaliação de desempenho docente? (Martins, 2015)

• Como articular a qualidade da formação inicial de professores com a definição de padrões e

competências? (Flores, 2015)

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DESAFIOS | JURÍDICO

• Criar políticas de ensino baseadas na compreensão da profissão docente e no desenvolvimento

profissional como um processo contínuo e integrador (Comissão Europeia, 2016);

• Abertura de estabelecimentos de ensino e instituições de Formação inicial dos docentes integrados em

redes e comunidades de aprendizagem profissional (Comissão Europeia, 2016);

• Governação da Formação inicial de docentes com base em abordagens colaborativas que envolvam toda

a comunidade nos processos de tomada de decisões, orientação e acompanhamento (Comissão

Europeia, 2016);

• “Os governos e todas as partes interessadas devem assumir a responsabilidade pelo sistema (ou por

partes do mesmo) e empenhar-se no diálogo e na cooperação. Isto implica, quando necessário, o

desenvolvimento da capacidade das partes interessadas para assumirem responsabilidades dentro do

sistema.” (Comissão Europeia, 2016, p. 6).

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DESAFIOS | DISCURSIVO

• Articular as orientações supranacionais e transnacionais com as decisões nacionais;

• Conciliar a formação inicial baseada em referenciais de qualidade com processos de melhoria

das aprendizagens;

• Discutir a formação inicial de uma forma integrada com o desenvolvimento profissional

docente e o desempenho profissional docente;

• “O ciclo de governação precisa de criar um equilíbrio entre os processos de tomada de

decisões, orientação e acompanhamento e de se concentrar na coerência interna e em

políticas sustentáveis, nomeadamente, utilizando eficazmente os dados de acompanhamento

dos processos e os resultados das medidas das políticas.” (Comissão Europeia, 2016, p. 7).

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DESAFIOS | PRÁTICO

• O que pretendemos realmente a partir das escolas? (Labarre, 2012)

• O que pode justificar a busca de uma nova profissionalidade docente? (Esteves, 2015)

• De que modo são procuradas alternativas que passam pela formação de professores? (Pacheco, 2016, p. 36)

• Como criar possibilidades aliciantes de desenvolvimento profissional e diversificação das carreiras? (Comissão Europeia, 2016)

• Como promover nos docentes a capacidade de desenvolver e manter uma mentalidade e uma abordagem prática baseadas na reflexão e

na investigação e orientadas para o desenvolvimento profissional contínuo? (Comissão Europeia, 2016)

• “A Formação inicial dos docentes precisa de ser encarada como um ponto de partida para este processo contínuo de desenvolvimento

profissional, pois estabelece as bases para essa mentalidade e abordagem.” (Comissão Europeia, 2016, p. 6)

• “Os dirigentes escolares e os agentes de Desenvolvimento profissional contínuo (incluindo os fornecedores de Formação inicial dos

docentes) têm um papel fundamental na criação de oportunidades e ambientes que favoreçam o desenvolvimento profissional orientado

para a prática e baseado na investigação, o qual reforçará a aptidão (a capacidade de ação) dos docentes no sentido de um ensino

orientado para o aprendente e para a inovação.” (Comissão Europeia, 2016, p. 6)

• “O profissionalismo dos docentes, formadores de docentes e dirigentes na educação deve incorporar práticas colaborativas e uma

cultura colaborativa. Ambas deverão, como tal, promover o conteúdo e o processo da Formação inicial dos docentes. Deve ser dada

especial atenção à liderança das práticas colaborativas.” (Comissão Europeia, 2016, p. 6)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CNE (2015a). Estado da Educação 2015. Lisboa: Conselho Nacional de Educação.

CNE (2015b). Formação Inicial de Professores. Lisboa: Conselho Nacional de Educação.

Comissão Europeia (2016). Estruturar perspetivas de carreira no ensino: Guia sobre as políticas de melhoria da Formação inicial dos docentes – Síntese. Lisboa: Direção-Geral da Educação e Cultura.

DGEEC/ DSEE. (2016). Perfil do docente 2014/2015. Lisboa: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).

Esteves, M. (2015). Professores: profissionalidade(s) a desenvolver. In: J. Morgado, et al. (Orgs.). Currículo, internacionalização e cosmopolitismo. Desafios contemporâneos (pp. 321-332). Santo Tirso: De Facto.

Estrela, M. (2001). Realidades e perspetivas da formação contínua de professores. Revista Portuguesa de Educação, 14 (1), pp. 27-48.

Faria, E., Rodrigues, I., Gregório, M., & Ferreira, S. (2016). Formação inicial de educadores e professores e acesso à profissão [Relatório Técnico]. Lisboa: Conselho Nacional de Educação.

Flores, M. (2015). Formação de Professores: Questões críticas e desafios a considerar. Formação Inicial de Professores (pp. 223-240). Lisboa: Conselho Nacional de Educação.

Jornal Oficial da União Europeia (2009). Informações oriundas das instituições e dos órgãos da União Europeia. Bruxelas: Conselho da União Europeia.

Labaree, D. (2012). Someone has to fail. The zero-sum game of public schooling. Cambridge: Harvard University Press.

Martins, I. (2015). Formação inicial de Professores: um debate inacabado. In CNE (2015b). Formação Inicial de Professores (pp.176-190). Lisboa: Conselho Nacional de Educação.

OCDE (1986). Relatório Nacional de Portugal. Exame das Políticas Educativas Nacionais pela OCDE. Lisboa, GEP/ME, 2ª edição.

OCDE (2014). Perspetivas das políticas de educação: Portugal. Disponível em: http://www.oecd.org/edu/education%20policy%20outlook_portugal_prt.pdf

OCDE (2015). PISA à la loupe 58: Qui veut devenir enseignant? Paris: OCDE.

Oliveira, M. (2014). A formação de professores e a sua centralidade em didática e currículo. In M. Oliveira (Org.), Professor: Formação, saberes e problemas (pp. 19-32). Porto: Porto Editora.

Pacheco, J. A. (2016). Impacto de políticas transnacionais na escola e no trabalho docente. In J. C. Libâneo, M.V. Suanno & S. V. Rosa (Org.), Didática e Currículo. Impacto dos organismos transnacionais na escola e no trabalho docente (pp. 29-48). Goiânia: Editora Espaço Académico.

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* DOCENTE DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO MINHO

* * BOLSEIRA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO CURRICULAR PELA FUNDAÇÃO PARA A

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