Formação de Professores: interação Universidade – Escola...
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Formação de Professores:interação Universidade –Escola no PIBID/UFRN
v. 2 As falas dos atores
Natal, 2011
Organizadores: André Ferrer P. MartinsMarta Maria Castanho A. Pernambuco
Formação de Professores:interação Universidade –Escola no PIBID/UFRN
v. 2 As falas dos atores
Créditos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Reitora
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Vice-Reitora
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Diretor da EDUFRN
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Conselho Editoral
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Editor
Helton Rubiano de Macedo
Revisão
Nouraide Queiroz
Editoração eletrônica
Diorama Design
Capa
Diorama Design
Catalogação da publicação na fonte. Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva
Formação de professores: interação Universidade – Escola no PIBID/UFRN / André Ferrer
P. Martins e Marta Maria Castanho A. Pernambuco (Org.). – Natal: EDUFRN, 2011.
340 p. : il. (As falas dos atores, v. 2).
1. Formação de professores. 2. PIBID. 3. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. I. Martins, André Ferrer P. II. Pernambuco, Marta Maria Castanho A.
ISBN 978-85-7273-851-4
CDU 377.8
F723
Sumário
PIBID-UFRN: CONSTRUÇÃO E REALIDADE
André Ferrer P. Martins 7
1 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA 11
2 ____
2.1 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 352.2 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ 85
3____
3.1 BIOJOGOS: UMA ABORDAGEM LÚDICA DE TEMAS DA BIOLOGIA 1113.2 CRUZAGENS: UMA PROPOSTA LÚDICA NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM DE GENÉTICA 1173.3 BINGO BIO: UMA ATIVIDADE LÚDICA ENVOLVENDO A ECOLOGIA 1253.4 BIOAÇÃO: INSTRUMENTO FACILITADOR AO ENSINO SOBRE SERES VIVOS 1313.5 JOGO PARADIDÁTICO: BIOMINÓ 1393.6 JOGO DE TABULEIRO PARA ESTUDAR O REINO MONERA 1513.7 A INFLUÊNCIA DO LÚDICO NAS AULAS DE BIOLOGIA 1593.8 AGENTE DA DENGUE: O JOGO PARADIDÁTICO EM SALA DE AULA 1593.9 O JOGO DE QUEBRA-CABEÇAS CITOLÓGICO 1613.10 CITOJOGO: UMA LUDICIDADE SOBRE AS ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS 1673.11 JOGO BIO: FERRAMENTA LÚDICA NO ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS 171
4 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL 177
5____
5.1 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO 2115.2 O HAICAI EM SALA DE AULA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE ESCRITA DOS ALUNOS 2315.3 NARRANDO A VIDA: UM TRABALHO DE LEITURA
E PRODUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA 247
6____
6.1 A CANÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA 259
6.2 AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA
EDUCATIVA DA ESCOLA ESTADUAL INSTITUTO VIVALDO PEREIRA 273
6.3 A ORALIDADE EM SALA DE AULA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID 283
6.4 EXPERIÊNCIAS E REFLEXÕES NO PIBID:
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO ENSINO BÁSICO 293
7____O PIBID – RELATOS DE EXPERIÊNCIAS 309
7.1 FAZENDO DA MÚSICA UM CAMINHO PARA O CONHECIMENTO 311
7.2 MUDANDO A VIDA ACADÊMICA 315
7.3 PIBID: SANANDO DÚVIDAS PEDAGÓGICAS 319
7.4 O PIBID COMO FERRAMENTA DE APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO 321
7.5 AÇÕES DO PIBID: EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS RELEVANTES 325
7.6 ENSINO DE MÚSICA: PREOCUPAÇÕES COM A DIVERSIDADE 327
7.7 DO INTERIOR PARA A CAPITAL: AS OPORTUNIDADES DO PIBID 331
7.8 CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E FUTURO 335
7.9 DA BANDA PARA A SALA DE AULA 339
7
PIBID-UFRN:CONSTRUÇÃO E REALIDADE *
André Ferrer P. Martins**
É com satisfação que apresentamos nesta publicaçãouma análise dos principais resultados alcançadospelo Projeto Institucional Pibid-UFRN (Edital 2007).
Fruto da colaboração e do esforço coletivos, encontram-senas páginas deste volume olhares e perspectivas acerca dasatividades desenvolvidas num período de dois anos, compre-endidos entre fevereiro de 2009 e janeiro de 2011.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência(PIBID), gerenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamentode Pessoal de Nível Superior (CAPES), compreende, atual-mente, um conjunto de 13 cursos de licenciatura: Química,Biologia, Física, Matemática, Língua Portuguesa (2 campi – Natal e Currais Novos), Música, Filosofi a, Geografi a, CiênciasSociais, História (2 campi – Natal e Caicó), e Pedagogia. A equipe é formada pelo Coordenador Institucional, por umaCoordenadora Adjunta e por 13 Coordenadores das Áreas,além de 30 Supervisores (nas escolas da rede pública conve-niada) e 247 bolsistas de graduação (licenciandos).
* Esta introdução tem como ponto de partida o título e o resumo da apresentação realizadapelo autor em mesa redonda do XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física, ocorrido emManaus em jan.2011.
** Coordenador Institucional do PIBID-UFRN. [email protected]
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8 PIBID–UFRN: CONSTRUÇÃO E REALIDADE
Os primeiros sete cursos citados foram contempladosno Edital 2007 da Capes, enquanto os seis cursos restantespertencem ao Edital 2009. Esta publicação destina-se, es-sencialmente, à apresentação dos resultados das atividadesdo primeiro grupo. Como tal, pretende, em certa medida,ser uma maneira de prestar contas à sociedade, uma vezque o Projeto contou com recursos públicos destinados aopagamento de bolsas e à compra de materiais de consumo,passagens e outros serviços.
Acreditamos que, ao longo desses dois anos, os bolsistasde iniciação à docência dos diversos cursos de licenciaturaem Química, Biologia, Física, Matemática, Língua Portuguesa(2 campi – Natal e Currais Novos) e Música, tenham partici-pado de experiências signifi cativas. Uma série de resultadosimportantes começa a surgir, tanto na UFRN como em ou-tras Instituições de Ensino Superior que abrigam o Progra-ma Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID),apontando para a valorização do profi ssional da educação,na escola média e na universidade, e para a possibilidadede uma transformação efetiva na qualidade do ensino nasescolas conveniadas.
O enorme défi cit de professores da Educação Básica pú-blica, no Brasil, acrescido da desvalorização da profi ssãode professor, torna o Pibid uma das mais importantes ini-ciativas no campo das políticas públicas destinadas à me-lhoria da qualidade da escola e da formação de profi ssio-nais qualifi cados para nela atuarem, Como um Programaainda em construção, o Pibid tem, no entanto, enfrentadoinúmeros desafi os pelo país afora, tanto do ponto de vistaprático, em função de determinadas características e limita-ções dos editais, quanto do ponto de vista do entendimento
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André Ferrer P. Martins 9
e encaminhamento que cada instituição tem dado ao seuprojeto em particular. Nesse sentido, o momento atual épropício à troca de experiências entre as diversas instituiçõesenvolvidas com o Programa.
Em função do exposto, pretendemos que esta publicaçãoapresente aos leitores um quadro geral do Projeto Institu-lcional Pibid-UFRN (Edital 2007), destacando aquilo que foi efetivamente realizado no âmbito do Programa e apontandopara aspectos que merecem ser discutidos e compartilhados,com vistas à potencialização de ações futuras, uma vez que asáreas aqui representadas foram contempladas em novo Editalda Capes. Teremos, nos capítulos que se seguem neste volume1, o olhar dos Coordenadores de Área. Uma segunda publica-ção (volume 2) contemplará textos produzidos pelos própriospibidianos e pelos Supervisores das escolas conveniadas.
Não poderia fi nalizar essa breve Introdução sem anteslembrar do importante papel desempenhado pelo Prof. PauloCézar de Faria, primeiro Coordenador Institucional do ProgramaPIBID na UFRN e que, juntamente com a equipe da Pró-Reitoriade Graduação (PROGRAD) – instância à qual se vincula nossoProjeto – e os diversos Coordenadores de Área elaboraram aproposta inicial e abriram caminho à participação da UFRN noPrograma. Agradeço, também, o apoio da Profa. Virgínia MariaDantas de Araújo, Pró-Reitora de Graduação durante o períodode execução desse Projeto, bem como o apoio institucional quetemos recebido da Reitoria da UFRN, na fi gura da magnífi caReitora, Profa. Ângela Maria Paiva Cruz.
Natal, junho de 2011
JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
1
13
* Bolsistas do Pibid.
JOGOS DIDÁTICOS
NO ENSINO DE QUÍMICA
Maria de Fátima Rocha *
Irielson Carneiro de Lima *
Camila Mayara Bezerra Victor *
Iany Silva de Santana*
Luana Priscila da Silva*
Introdução
A inclusão de disciplinas científi cas, como a Química,
no currículo da Educação Básica, segundo os do-
cumentos legais, deve proporcionar aos estudantes
um conhecimento mínimo que lhes permita compreender
o funcionamento dos fenômenos que acontecem no mun-
do, interpretar o envolvimento dos avanços científi cos e
tecnológicos na vida das pessoas.
As estratégias ou formas de ensinar tradicionais, também
chamadas de clássicas, têm como fundamentos duas suposi-
ções inadequadas. A primeira supõe que ensinar é uma tarefa
fácil e não requer uma preparação especial. A outra, que o
processo de ensino-aprendizagem se reduz à simples trans-
missão e recepção de conhecimentos já elaborados e, por
fi m, que o fracasso de muitos alunos deve-se, principalmente,
às suas próprias defi ciências, tais como falta de estudo, de
desenvolvimento da capacidade de entendimento etc.
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14 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Nas últimas décadas, tem-se dado ênfase à educação
em química na qual diversas estratégias e propostas têm
sido discutidas e analisadas do ponto de vista da Didática
das Ciências (CAMPANARIO; MOYA, 2001; GIL-PEREZ,
1993; GALIAZZI, 2001; et al.). Especifi camente, com re-
lação a esta última categoria, destacamos a utilização de
jogos didáticos em sala de aula.
O interesse por jogos é unânime e sua origem é mi-
lenar. Por exemplo, jogos de tabuleiro parecem estar li-
gados às primeiras cidades de que se tem notícia, há
alguns milhares de anos, nas regiões do antigo Egito e da
Mesopotâmia (hoje, Iraque). Foram encontrados, em es-
cavações arqueológicas, objetos e desenhos que parecem
ser ou fazer referência a jogos de tabuleiro. Há traços
de que, mais tarde, esse tipo de jogo teria aparecido em
vários lugares do mundo antigo, tais como Índia, China,
Japão, Pérsia, África do Norte e Grécia. Depois chegaram
a Roma e a outros países da Europa e aos países árabes.
Durante o período de execução do subprojeto de Quími-
ca do Programa de Iniciação à Docência (PIBID-Química)
vários materiais foram desenvolvidos.1 Neste texto procu-
raremos apresentar alguns desses materiais, seu funcio-
namento e suas regras de utilização.
Reconhecemos que, muitas vezes, os jogos podem abor-
dar uma perspectiva estímulo-resposta. Quer dizer, supõe
que todas as respostas (comportamentos) são iniciadas por
estímulos, ou seja, partem da ideia de conexão entre estí-
mulo e resposta (MOREIRA, 1999). Apesar disso, no ensino
de determinados conteúdos químicos como, por exemplo,
1 Todos os materiais desenvolvidos, e outros que foram reproduzidos de artigos científi cos,
encontram-se disponíveis no sítio <http:/Inal, /www.pibid.ufrn.br>.
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15Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
nomenclatura de compostos orgânicos, a memorização cons-
titui um elemento relevante. É baseado nesses argumentos
que os jogos aqui apresentados foram desenvolvidos.
Jogos didáticos e o ensino de Química
A utilização de elementos lúdicos é defendida pelos pes-
quisadores, nos diferentes ciclos de ensino, como represen-
tação de estratégias pedagógicas altamente proveitosas para
o aprendiz para que ele possa ter o acesso ao conhecimento
e ao desenvolvimento de suas capacidades. Por isso essas
atividades não devem ser tratadas como algo incidental no
processo pedagógico. Tal ludicidade envolve desafi os, isto
é, problemas em que o sujeito seja instigado a pesquisar e
propor soluções.
A importância do lúdico (jogos) no ensino de Ciências e,
particularmente, de química, é sinalizado por Huizinga como:
Primeira das características fundamentais do jogo:
o fato de ser livre, de ser ele próprio liberdade.
Segunda característica, intimamente ligada à
primeira: o jogo não é vida ‘corrente’ nem vida
‘real’. Pelo contrário, trata-se de uma evasão da
vida ‘real’ para uma esfera temporária de atividade
com orientação própria. Reina dentro do domínio
do jogo uma ordem específi ca e absoluta. E aqui
chegamos a sua outra característica, mais positiva
ainda: ele cria ordem e é ordem. [...] O jogo lança
sobre nós um feitiço: é fascinante, cativante. Está
cheio das duas qualidades mais nobres que somos
capazes de ver nas coisas: o ritmo e a harmonia.
(HUIZINGA, p. 12, 2008, grifos do autor).
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16 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Professores, muitas vezes, utilizam essa ferramenta
para motivar a abordagem de novos conceitos, trabalhar
certas habilidades ou ainda de verifi cação do processo de
aprendizagem.
O ensino, dessa forma, além de ser mais prazeroso para
o professor e para o aluno, rompe com o ensino tradicional
que é motivo de crítica de alguns autores. Para Vygotsky,
por exemplo, o ensino direto de conceitos por parte do
professor é pouco proveitoso.
A experiência prática mostra também que é im-
possível e estéril ensinar os conceitos de uma
forma direta. Um professor que tenta conseguir
isto habitualmente mais não consegue da criança
do que um verbalismo oco, um psitacismo que
simula um conhecimento dos conceitos corres-
pondentes, mas que na realidade só encobre um
vácuo. (VYGOTSKY, 1987, p. 59).
O jogo didático, assim como outros recursos, tem a
capacidade de estimular a curiosidade, a iniciativa de
participação e a autoconfi ança do aluno; como também
aprimo ra o desenvolvimento de habilidades linguísticas,
mentais e de concentração, e exercitam interações sociais
e trabalho em equipe (VYGOTSKY, 1989).
Ao levar em conta os aspectos ora citados, o professor
poderá, por meio das atividades lúdicas, favorecer o pro-
cesso de aprendizagem de ciências pela aproximação de
jogos e brincadeiras em suas aulas. Possibilidades essas
apontadas nas Orientações Curriculares para o Ensino Mé-
dio (OCEM) do Ministério da Educação:
Os jogos e brincadeiras são elementos muito valio-
sos no processo de apropriação do conhecimento.
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17Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
Permitem o desenvolvimento de competências no
âmbito da comunicação, das relações interpessoais,
da liderança e do trabalho em equipe, utilizando a
relação entre cooperação e competição em um con-
texto formativo. O jogo oferece o estímulo e ambiente
propício que favorecem o desenvolvimento espon-
tâneo e criativo dos alunos e permite o professor
ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensi-
no, desenvolver capacidades pessoais e profi ssionais
para estimular nos alunos a capacidade de comunica-
ção e expressão, mostrando-lhes uma nova maneira,
lúdica, prazerosa e participativa de relacionar-se com
o conteúdo escolar, levando uma maior apropriação
dos conhecimentos envolvidos. (BRASIL, 2008).
Para o ensino de química, a aproximação com o lúdico
tem uma função importante como elemento de conexão
entre a zona proximal de desenvolvimento ao formalismo
de atividades experimentais.
[Ao adotar as] práticas experimentais como ocasiões
de estimulação intelectual dos alunos na zona de
proximidade de desenvolvimento (Vygotsky), que
ultrapassa as suas possibilidades conceituais do mo-
mento, mas que apesar disso, lhes é acessível, graças
à mediação do professor. O pensamento formal pode
ser estimulado através de atividades exigentes, mas
acessíveis, por meio de esforço coletivo e individual.
(ASTOLFI; PETERFALVI, VÉRIN, 1998, p. 113).
Os jogos dessa forma constituem em uma ferramenta útil
tanto na motivação quanto no aprendizado de conceitos de
dinamizar o processo de aprendizagem, assim como no que
se refere a despertar o interesse do aluno para o conteúdo a
ser trabalhado. Uma vez que as atividades lúdicas impres-
sionam e proporcionam prazer ao ser realizado.
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18 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
A atividade lúdica e a motivação
A aplicação de atividades lúdicas em sala de aula como
os jogos, pode ser uma boa alternativa para despertar o inte-
resse dos alunos. Segundo Soares, o jogo é um instrumento
que desperta o interesse, devido ao desafi o que ele impõe
ao aluno. Este, por sua vez, é desafi ado na busca com
satisfação à superação de seu obstáculo, pois o interesse
precede a assimilação (SOARES apud CAVALCANTI, 2007).
No ambiente escolar, onde ocorre à interação entre
alunos e professores, as atividades lúdicas podem vir a ser
a ferramenta que identifi que as difi culdades enfrentadas
pelos alunos, uma vez que esses encontros possibilitarão
experiências e discussões entre ambos, e todos estarão
interagindo com maior frequência.
Diante da importância da utilização de jogos no ensino,
o Pibid-Química elaborou uma série de jogos didáticos que
fossem acessíveis, modernos e de baixo custo para auxiliar
no processo de ensino- aprendizagem trabalhando com
alguns conteúdos de química.
Nas reuniões do Pibid-Química eram realizados estudos
de propostas inovadoras apresentadas em artigos cientí-
fi cos. Destes estudos emerge o interesse pelo jogo como
proposta de intervenção na sala de aula. Após o estudo
dessas propostas, procurava-se aprender com jogos dis-
poníveis no mercado, por exemplo, ludo, batalha naval,
entre outros. A partir dessa aproximação e, do contato na
escola, com conceitos nos quais observávamos alguma
difi culdade, procurávamos adaptar conteúdos químicos
aos jogos existentes. Os jogos desenvolvidos pelo Pibid-
Química foram:
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19Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
a) Conhecendo a química do RN;
b) Ludoquímica: abordando funções orgânicas;
c) Jogo da memória;
d) Dominó de funções inorgânicas.
Esses jogos serão descritos a seguir com os seus obje-
tivos, sua elaboração, suas regras e seu funcionamento.
Conhecendo a química do RN
Este material, assim como os demais materiais desen-
volvidos e que são apresentados neste texto, foi elaborado
durante o período da bolsa vinculada ao Programa de
Iniciação à Docência. A proposta desse jogo é auxiliar na
revisão de conceitos químicos variados, tendo como pano
de fundo o contexto do Estado do Rio Grande do Norte
(RN). Nesse processo é possível verifi car a aprendizagem
dos estudantes sobre tais temas.
Para a elaboração desse jogo, inicialmente, realizou-se
um levantamento de jogos que tinham como base um ce-
nário (contexto). Entre os jogos, encontramos um que rea-
lizava um recorrido de bicicleta pelas cidades de Portugal,
de modo a abordar as particularidades de cada região deste
país. Fazendo um paralelo desse jogo, adaptamos para o
nosso contexto, sendo elaborado o tabuleiro cuja imagem
era a reprodução da forma ou mapa do estado do RN. Este
mapa possui a dimensão de 35 centímetros quadrados, con-
forme a Figura 1:
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20 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Figura 1 – Tabuleiro
Para a construção das imagens utilizamos
o aplicativo de desenho gráfi co corel draw. As
cartas com as perguntas que procuravam con-
textualizar situações ou fenômenos observáveis
nas diferentes regiões do estado.
Por fi m, a confecção dos piões do jogo foi feita com
massa de biscuit . A Figura 2 ilustra as cartas do jogo.t
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21Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
Figura 2 – Cartas com as perguntas
JOGOS
Conhecendo a química do RN
O jogo contém um tabuleiro com o mapa do Rio Grande
do Norte (RN), um dado, cartas com perguntas a serem
respondidas e pinos ou peões para serem usados, no ca-
minho das trilhas. Podem jogar até 5 pessoas. As regras
são muito simples:
1) os jogadores jogam o dado e aquele que tirar o maior
número começa o jogo;
2) todos os jogadores colocam os seus peões na casa início;
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22 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
3) o 1º jogador lança o dado e conta a quantidade de ca-
sas correspondente ao valor do dado sorteado. Retira
uma carta e responde a pergunta;
4) se o jogador acertar a pergunta sorteada na carta, en-
tão, ele permanece na casa; caso contrário, ele retor-
na à casa anterior;
Esse procedimento é o mesmo para os demais jogadores.
5) As jogadas são sempre alternadas, independentes do
jogador que acerte ou não;
6) se o peão parar nas setas para frente , deve avançar
aquela a quantidade de setas, sem precisar responder
a pergunta;
7) se o peão parar em setas para trás , ele deve voltar o
nº de casas correspondente ao nº de setas;
8) se o peão parar em uma placa com o desenho de uma
mão , o jogador fi cará uma rodada sem jogar;
9) o jogador que chegar primeiro à casa fi nal será o
vencedor.
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23Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
Ludoquímico
O ludoquímico tem por objetivo contribuir com a me-
morização da nomenclatura de compostos orgânicos, além
de permitir ao professor uma ferramenta para verifi car a
aprendizagem dos alunos.
O jogo foi desenvolvido para atender a um evento na
escola, a nossa 1ª Mostra de Química do Pibid. O pla-
nejamento para a execução desse material compreendeu
diversas etapas, entre elas:
1) realizar um levantamento de informações sobre o tema
– nomenclatura de compostos orgânicos – e tipos de jo-
gos, e adaptá-los ao conceito químico a ser trabalhado;
2) desenhar e confeccionar as estruturas dos compostos or-
gânicos a serem utilizados nas cartas do jogo e o tabuleiro;
3) imprimir as cartas, as regras, o quadro resposta e o
tabuleiro (este último foi realizado em uma gráfi ca);
4) utilizar o jogo na feira de ciências e na 1ª Mostra de
Química na escola.
A partir desse planejamento, podemos destacar os
constituintes do jogo tais que: dados, peões, tabuleiro,
cartas, quadro de apoio e de resposta.
O tabuleiro possui uma dimensão de 20 cm x 30 cm,
sendo impresso em banner e, portanto, constitui-se ele-
mento de baixo custo. Em uma das laterais do tabuleiro
são colocados círculos com cores distintas, sendo um para
cada peão do jogo (Figura 3)
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24
FIM
JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Figura 3 – Proposta de tabuleiro
As cartas do jogo são de tipos e objetivos diferentes –
cartas-questões, cartas-desafi o e cartas-coringa. A Figura 4
apresenta exemplos:
Figura 4 – Cartas-questões, cartas-desafi os e cartas-coringas
Além das cartas, também, existe um quadro para res-
posta, no qual o aluno desenha as estruturas das molé-
culas conforme a carta-questão sorteada. Temos também
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25Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
um quadro com as regras gerais de nomenclatura de hi-
drocarbonetos (compostos orgânicos), conforme Figura 5,
o qual consiste em um recurso utilizado pelo aluno para
recordar as regras do conceito químico de nomenclatura.
Figura 5 – Quadro para resposta e regras gerais para nomenclatura de
hidrocarbonetos
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26 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Os peões foram confeccionados com massa de biscuit,
em quatro cores distintas iguais as do tabuleiro – verme-
lha, azul, amarela e verde.
Para jogar o ludoquímico
As regras do jogo são semelhantes às do jogo ludo
já existente e, como sinalizado, apenas foram adaptadas
as cartas e a estrutura do jogo ao conceito químico para
a nomenclatura dos compostos orgânicos. Assim, tanto
pode ser jogado por equipes de alunos como de forma
individual.
As regras consistem em:
1) na escolha de um peão por cada um dos jogadores ;
2) a eleição do jogador que iniciará a partida, será feita
em consequência do lançamento do dado, sendo con-
templado o jogador que obtiver o maior número, no
dado, dentre os demais que forem jogados;
3) o jogador lança o dado para caminhar entre as ca-
sas do ludoquímica e retira uma das cartas-questões,
quando estiver localizado em um dos quadrinhos es-
curos do tabuleiro;
4) o jogador deve responder a pergunta da carta sorteada;
5) vencerá a partida o jogador que percorrer todo o ca-
minho primeiro, chegando assim ao fi nal do jogo;
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27Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
6) o jogador pode utilizar o quadro de regras para no-
menclatura de hidrocarbonetos.
Como funcionam as cartas denominadas
cartas-comandos? Ou seja: as cartas-questões;
cartas-desafi os; e as cartas-coringas.
Cartas-questões: quando o jogador puxar uma
carta-questão ele deverá repassar a carta para
um dos adversários o qual lhe fará a pergunta.
O tipo de pergunta será defi nido pelo adversá-
rio, que poderá solicitar a resposta em forma de
desenho estrutural do composto ou da nomen-
clatura do composto.
Cartas-desafi o: possui o mesmo principio que as
cartas-questões, mas estas apresentam compos-
tos orgânicos com um grau maior de difi culdade,
pois exigirá do aluno um conhecimento do nome
usual do composto.
Cartas-coringas: estas cartas defi nem os co-
mandos que poderá facilitar ou difi cultar a
partida no jogo.
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28 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Jogo da memória das funções orgânicas
O jogo da memória das funções orgânicas é um jogo
de azar, o qual aborda o conteúdo de funções orgânicas e
pode ser utilizado tanto para auxiliar a memorização das
estruturas das funções orgânicas.
Assim como na construção do ludoquímico, o jogo da
memória foi desenvolvido com o intuito de colaborar com
as atividades realizadas na escola.
O jogo é constituído de 24 cartas, formando 12 pares,
trabalha as funções orgânicas e algumas de suas classifi -
cações: hidrocarbonetos (alcanos, alcenos e alcinos), alco-
óis, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, éteres, ésteres,
aminas, amidas e enóis. Estas cartas foram confeccionadas
com papel ofi cio peso 40 e desenhadas a partir de programa
computacionais para estruturas orgânicas. Podendo assim ser
adaptado por desenhos manuais ou recortes de moléculas.
Figura 6 – Quadro para resposta e regras gerais para nomenclatura dehidrocarbonetos
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29Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
Para jogar o jogo damemória das funções orgânicas
As regras do jogo da memória das funções orgânicas
são idênticas às regras do jogo da memória tradicional,
a saber:
1) colocar as cartas com a face virada para a mesa;
2) sortear o jogador que iniciará a partida;
3) o primeiro jogador vira duas cartas, uma após a ou-
tra. Todos os jogadores veem as cartas que foram
viradas. Se elas forem iguais, são retiradas da mesa
e repete-se a jogada;
4) se as duas cartas viradas não forem iguais, acabou a
sua jogada e passa para o próximo jogador;
5) quando todas as cartas tiverem sido pegas, são con-
tadas. Quem tiver o maior número de cartas, depois
de três partidas, será o vencedor.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
30 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Dominó das funções inorgânicas
O jogo foi desenvolvido com o objetivo de memorizar
fórmulas moleculares de ácidos, bases e sais e seus respec-
tivos estados de oxidação, baseado nas regras do dominó.
O dominó das funções inorgânicas foi confeccionado a
partir de um dominó comercial de 28 peças e colando (no
verso das peças com papel cartão) os símbolos dos cátions
e ânions que substituem os números de dominó comercial,
e papel contato para melhor proteção das peças. A Figura
7 ilustra algumas das peças:
Figura 7 – Exemplo de peças do dominó
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
31Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
Para jogar o dominó das funções orgânicas
O dominó das funções inorgânicas segue os mesmos
princípios do dominó comercial.
O jogo pode ter no mínimo dois participantes, são dis-
tribuídas as peças entre eles e quem começa o jogo é o
participante que tiver a peça contendo os dois símbolos
do hidrogênio (carroção).
Se nenhum participante tiver o carroção do hidrogênio,
deve-se jogar outra peça contendo dois símbolos iguais
(outro carroção) que tem o menor estado de oxidação. O
intuito do jogo é que os participantes, a partir dos cátions
e ânions, relacionando o número de oxidação, formem as
funções inorgânicas dos compostos.
Considerações fi nais
A utilização de jogos didáticos relacionados a conte-
údos de química pode ser uma ferramenta importante a
ser utilizada nas aulas de química. Pode contribuir, espe-
cialmente com a memorização de nomenclaturas além
de melhorar a interação entre alunos e as relações entre
alunos e professor.
Podemos ressaltar ainda que, o professor pode adaptar
os jogos de acordo com os conteúdos a serem abordados e
com a realidade em que está inserido no ambiente escolar.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
32 JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Referências
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MOREIRA, Marco Antonio. Teorias da Aprendizagem.
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Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
33Maria de Fátima Rocha, Irielson C. de Lima, Camila Mayara B. Victor,Iany Silva de Santana, Luana Priscila da Silva
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Disponível:<http://www.cienciasecognicao.org/pdf/
v13/m318239.pdf>. Acesso em: 30 maio 2011.
2.1 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
2.2 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
2
37
2.1
* Bolsistas do Pibid.
PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO:
UM PASSEIO PELAS TENDÊNCIAS
ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Alberto Carlos Costa de Morais Júnior*
Alesson Silva de Lima*
Ana Paula Pereira do Nascimento Silva*
Anna Karla Silva do Nascimento*
Amauri Gleydson de Oliveira Araújo*
Danillo Alves da Silva*
Edna de Araújo Cunha*
Giselle Costa de Sousa*
Jaqueline de Oliveira da Silva*
Jéssica Agna Cavalcante de Andrade*
José Alexandre Felix de Freitas*
José Damião Souza de Oliveira*
Josemir dos Santos Silva*
Kaline Martins Araújo*
Kaline Souza dos Santos*
Maciel Araújo da Silva*
Maria Isabel da Costa Pereira*
Ronaldo Cesar Duarte*
Wênia Valdevino Felix*
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
38 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Introdução
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) de Matemática da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – campus
Natal – consiste num programa do Ministério da Educação
(MEC), gerenciado pela Coordenanção de Aperfeiçoamen-
to de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em parceria com
o (REUNI), a UFRN, e a Secretaria Estadual de Educação
do RN que tem como desígnio a contribuição na formação
dos licenciandos de Matemática, atualização pedagógica
da professora supervisora e a melhoria da qualidade da
educação básica dos alunos da Escola Estadual Castro
Alves (Figura 1).1
Assim, é conduzido pela coordenadora professora dou-
tora Giselle Costa de Sousa, 11 bolsistas regulares super-
visionados pela professora especialista Edna de Araújo
Cunha, responsável pelas turmas do Ensino Médio do
turno matutino da escola em que houve a atuação desse
programa. Vale salientar que, ao longo dos dois anos de vi-
gência, passaram pelo Pibid-Matemática mais 6 bolsistas,
os quais concluíram o curso e se encontram envolvidos na
docência da educação básica pública, conforme almeja o
projeto institucional.
1 E. E. Castro Alves – localizada na av. Xavier da Silveira no bairro de Lagoa Nova,
Natal-RN.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
39
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Figura 1 – Escola de atuação e membros do Pibid
Fonte: arquivo pessoal
O conjunto das principais ações desenvolvidas pelo
programa pode ser observado na Figura 2.
Figura 2 – Ações
Fonte: arquivo pessoal
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
40 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Pibid-Matemática em ação
O passeio do Pibid-Matemática da UFRN em Natal, pe-
las tendências atuais em educação Matemática, apresenta-
se mediante a exposição do relato das ações de projetos
conjuntos conforme discorremos a seguir.
» O uso de Tecnologias de informação e comunicação
no ensino de matemática.
Iniciou-se com um estudo sobre o uso das TICs no en-
sino de Matemática por dois grupos de bolsistas os quais
desenvolveram projetos que se desdobraram em várias
ações (LEVY, 1993).
Um dos projetos desenvolvidos pelos bolsistas Alesson,
Danillo, Ronaldo Cesár é intitulado Ensino de Matemá-
tica com o Geogebra que consiste em estudar o software
de geometria dinâmica a fi m de desenvolver atividades
de ensino para serem aplicadas na escola de atuação do
projeto (PAPERT, 1996).
O contato com software deu-se por meio de uma ofi cinae
e de um curso de capacitação oferecido aos bolsistas do
Pibid, ministrado respectivamente por Thiago Pardo – pro-
fessor especialista do Instituto Federal do Rio Grande do
Norte (IFRN) –, e Maria Maroni Lopes – mestre em Edu-
cação Matemática pelo Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências Naturais e Matemática (PPGECNM),
e professora da Secretaria Estadual de Educação (SEEC).
(DULLIUS, 2009).
Após essas atividades, foi proposto pela coordenadora
do Pibid que uma dupla de bolsistas se dispusesse a pes-
quisar sobre o Geogebra, e outros softwares como o Cabri
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
41
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Geometrè, Geometricks e o Régua e Compasso (também
de geometria dinâmica) e um que não é de geometria
dinâmica, a saber, o software Winplot, colocado entre os
demais com o intuito de mostrar que existem softwares
que não são dessa categoria, mas que trabalham conteú-
dos matemáticos (como plotagem de gráfi cos).
Tomando como base o levantamento dos dados da
pesquisa, os motivos da escolha do Geogebra em detri-
mento dos demais softwares pesquisados foram: o fato de
ser um software de geometria dinâmica gratuito, possuir
fácil manipulação, ter muitas das características desses
outros softwares mais vantagens adicionais como a arti-
culação entre geometria e álgebra, possuir interface em
vários idiomas abrindo possibilidades de abordar conteú-
dos de ensino fundamental e médio, além do motivo dos
bolsistas conhecerem por meio da capacitação anterior,
viabilizando a proposta de usá-lo em atividades, uma vez
que, antes de se fazer qualquer atividade de ensino com
um software é necessário conhecê-lo de forma profunda
(BRANDÃO, 2003).
Assim, mais a frente, fomos direcionados a fazer ati-
vidades com o software de modo que produzimos quatroe
atividades para serem aplicadas com os alunos da Escola
Estadual Poeta Castro Alves, Avenida Xavier da Silveira,
S/N – Lagoa Nova Natal-RN, na qual atua o projeto. A
atividade foi aplicada com uma turma de 33 alunos da
terceira série do Ensino Médio do turno matutino.
A atividade foi dividida em três partes, a primeira parte
se remete a realização da coleta de dados referente à carac-
terização da turma; a segunda parte consta da aplicação
da atividade com os alunos da 3ª série do Ensino Médio
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
42
30
20
0
10
40nte
vezes por semana
1 ou 2 vezes por semana
Esporadicamente
Nunca
Total de entrevistados
PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
do turno matutino; e a terceira parte consiste na exposição
dos resultados da proposta.
Esclarecendo, inicialmente, realizamos uma entrevista
com metade da turma, que tinha como objetivo coletar
dados como: faixa etária, sexo, a frequência com que eles
utilizavam o computador e se eles já tinham manuseado
algum tipo de software matemático, bem como, em casoe
afi rmativo, qual a impressão que tiveram sobre o uso des-
sa ferramenta como um recurso didático.
Nesse sentido constatou-se que todos utilizavam o
computador, pelo menos esporadicamente, porém pou-
cos já tinham manuseado algum software matemático,
conforme demonstram os resultados do Gráfi co 1.
Gráfi co 1 – Frequência com que os alunos utilizam o computador
Fonte: pesquisa realizada em maio de 2011
De posse desses dados e levando em conta o conteúdo
que a professora daquela turma estava ensinando, deci-
dimos aplicar a atividade intitulada distância entre dois
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
43
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
pontos, que segue. Contudo, pelo fato de os alunos não
estarem familiarizados com o software, decidimos, antes
de aplicar a atividade, dar algumas informações básicas
e necessárias referente às ferramentas do programa para
a realização desta.
Posteriormente, procuramos verifi car a disponibilidade
estrutural da escola para a aplicação da atividade e a partir
desse momento começamos a nos confrontar com alguns
desafi os para a implementação da proposta, pois a esco-
la, apesar de possuir uma área reservada para atividades
desse tipo, o laboratório de informática, não possuía o
software Geogebra instalado em seus computadores. Ou-e
tro problema é que só é possível fazer a instalação de um
programa na conta do administrador do laboratório e esta
estava protegida por senha a qual era conhecida apenas
por uma pessoa responsável pelo laboratório que trabalha-
va à noite, entretanto, fomos algumas vezes no horário,
estabelecido, mas não a encontramos.
Para podermos suprir os empecilhos encontrados, apli-
camos a atividade dentro da sala de aula, com a ajuda de
um data show. Com isso, corríamos o risco de perder uma
das principais características do uso de um recurso com-
putacional em sala de aula: permitir que o próprio aluno
possa, por meio do manuseio, construir e aperfeiçoar o
seu conhecimento.
Desse modo, seria necessário que mudássemos a ma-
neira a ser aplicada à atividade, então, decidimos dividir a
turma em grupos e fazer com que cada grupo, um por vez,
realizasse a atividade no único computador que estava
disponível e de modo que todos os outros observassem
através da projeção e discutissem os resultados.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
44 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
A seguir, apresentaremos a atividade distância entre
dois pontos (Figura 3) aplicada na referida turma, da qual
estão descritos alguns passos.
1) marque um ponto A e um ponto B a uma certa dis-
tância do ponto A;
2) trace uma reta (r) perpendicular ao eixo x passando por
B, e outra reta(s) perpendicular ao eixo y passando por A;
3) marque a intercessão de r com s (C);
4) construa o polígono ACB;
5) apague a reta r e s;
6) trace uma reta (t) perpendicular ao eixo y passando
por C, em seguida trace uma reta (u) paralela a t pas-
sando por B.
Figura 3 – Atividade distância entre dois pontos
Fonte: arquivo pessoal
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
45
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Essa atividade é recomendada para alunos da tercei-
ra série do Ensino médio, seu objetivo é fazer com que
os alunos demonstrem que a distância entre dois pontos
, na métrica euclidiana chegando a
expressão:
d(A,B) = .
Por fi m, aplicou-se com os alunos um questionário
com perguntas abertas e fechadas a fi m de observar suas
impressões a respeito da atividade aplicada com o software
Geogebra. Verifi cando as respostas obtidas (todas), ob-
servamos que, depois de realizada a atividade, os alunos
afi rmam que a mesma contribuiu consideravelmente para
um melhor entendimento do conteúdo. Estes ainda desta-
cam a praticidade que o software proporciona. e
A exemplo da fala de um aluno ao ser perguntado
se ele conseguia perceber alguma diferença, quanto ao
entendimento do conteúdo, após realizada a atividade com o
software: “Sim, porque deixa mais fácil, clareia mais a mente”.
A seguinte pesquisa nos propiciou a construção de
dois artigos científi cos, intitulados Sugestões de atividades
usando o software Geogebra; e Atividades para o ensino
de Matemática usando o software Geogebra, apresentados,
respectivamente, no V Colóquio de História e Tecnologia
no Ensino da Matemática (5 HTEM), em 28 de julho de
2010; e na XXII Semana da Matemática da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no período de 25
a 29 de Outubro de 2010 (SOUSA; SILVA; DUARTE, 2010),
e (SOUSA; LIMA; SILVA; DUARTE, 2010).
O outro projeto pautado nas TIC chama-se Cinemate-
mática, desenvolvido pelos bolsistas Anna Karla, Jaqueli-
ne e José Alexandre, o qual propõe mostrar aos professores
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
46 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
do ensino básico mais uma alternativa de recurso didático
para o ensino de Matemática, os fi lmes. O mesmo foi
realizado por meio de uma análise de materiais cinemato-
gráfi cos que foram considerados condizentes com o ensino
de Matemática.
Esse tipo de recurso metodológico para o ensino de Ma-
temática chama muito a atenção, pois os fi lmes propor-
cionam outras maneiras de verifi car os fatos ocorridos ou
imaginados, conduzindo muitas vezes a situações e am-
bientes que não seria possível sequer imaginar, sendo dessa
forma um importante aliado na compreensão de conceitos
e formas em que a Matemática pode vir a ser apresentada.
O cinema pode ser considerado um auxiliador dos pro-
fessores para expor o conteúdo de forma mais clara e objeti-
va aos seus alunos. Assim contribui para que os aprendizes
possam explanar suas ideias e organizar seu pensamento,
colaborando com a compreensão de diversos assuntos nos
mais variados temas, sejam eles sociais ou acadêmicos.
Os documentos ofi ciais apoiam o uso dos fi lmes na
sala de aula, pois além de serem considerados recursos
tecnológicos eles também os julgam como despertadores
de interesses e efi cazes, pois acabam estimulando a ima-
ginação do aluno.
Também a atual tecnologia de produção de vídeos
educativos permite que conceitos, fi guras, relações,
gráfi cos sejam apresentados de forma atrativa e di-
nâmica. Nos vídeos, o ritmo e a cor são fatores
estéticos importantes para captar o interesse do
observador. Além disso, esse tipo de recurso possi-
bilita uma observação mais completa e detalhada
na medida em que permite parar a imagem, voltar,
antecipar. (BRASIL, 1998, p. 46).
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
47
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Dentre as vantagens que os fi lmes podem proporcionar,
umas das mais interessantes é o fato de se poder repetir
uma mesma cena quantas vezes forem necessárias, des-
sa forma o professor pode focar na parte onde acredita
ser a mais importante para o alcance de seus objetivos e
pausar para discussões com a turma. Ressaltando ainda
o poder mágico que os fi lmes exercem na mente dos seus
expectadores, seja ele um jovem ou uma pessoa de mais
idade, sempre é possível associá-lo de alguma forma ao
tema trabalhado em sala de aula, sendo assim um aliado
indispensável no conjunto de fatores que compõem o en-
sino aprendizagem.
Frente ao referencial supracitado, realizou-se, poste-
riormente, uma experiência com alunos da Escola Esta-
dual Castro Alves – na cidade do Natal/RN, localizada no
bairro de Lagoa Nova – a partir de dois fi lmes, a saber,
Donald no país da matemágica; e Quebrando a banca, a
fi m de observar a relação dos alunos com os fi lmes e com
a própria Matemática.
Para tal análise, aplicou-se um questionário diagnóstico
de caráter qualitativo com elementos quantitativos, cuja
fi nalidade foi averiguar a infl uência do cinema na sala de
aula e suas contribuições na aprendizagem, além de poder
analisar o interesse dos alunos quanto ao uso de fi lmes,
bem como, seus perfi s cinematográfi cos. Dos dados cole-
tados destacamos os que se encontram no Gráfi co 2.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
48
Gosta de
Matemática?
Gosta de
Filmes?
25
20
15
10
5
0Sim Não
16,8
16,6
16,4
16,2
16
15,8
15,6
15,4
17
Sim Não
PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Gráfi co 2 – Opinião de alunos sobre fi lmes e sobre a matemática
A aplicação do questionário diagnóstico orientou o de-
senvolvimento das ações que consistiram na exibição dos
dois fi lmes supracitados.
Inicialmente, após a escolha dos fi lmes, de acordo com
o conteúdo que vinha sendo trabalhado em sala de aula,
reservamos o auditório da escola e preparamos ingressos
com a logomarca dos fi lmes, cuja inscrição era limitada
e só era realizada na sala da direção, onde o ingresso era
o tíquete que os alunos tinham de apresentar para poder
assistir o fi lme. Além dos ingressos, preparamos cartazes
com a sinopse de cada fi lme e distribuímos por toda a
escola, além de divulgarmos nas salas.
A aplicação do questionário diagnóstico deu-se no pe-
ríodo de 08 a 14 de junho de 2010, das 14h às 16h, no
turno vespertino. A pesquisa foi realizada por amostra
não probabilística, com cinquenta e seis alunos, sendo
Fonte: pesquisa realizada, 14 de junho de 2010
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
49
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
que vinte e três eram do Ensino Fundamental e assistiram
o fi lme Donald no país da matemágica; e trinta e três, do
Ensino Médio que assistiram Quebrando a banca. Os alu-
nos responderam o questionário em um tempo estimado
de 20 minutos.
No decorrer da aplicação, observamos que os alunos,
no fi lme Quebrando a banca, apresentaram algumas dú-
vidas nas perguntas feitas. Devido a esse fato, resolvemos
aplicar uma entrevista coletiva para que o objetivo desse
estudo fosse alcançado, pois o mesmo era de suma im-
portância para a conclusão da pesquisa.
Quanto à aplicação do fi lme, tivemos um pequeno pro-
blema quanto à realização do fi lme Donald no país da
matemágica, pois apesar de termos reservado o auditório
com antecedência, no dia da exibição do fi lme o local esta-
va sendo utilizado. Desse modo, foi necessário improvisar
uma minissala de vídeo no laboratório de informática,
projetando o fi lme através de um datashow em uma das
paredes do laboratório.
No que se refere ao fi lme Quebrando a banca não sea
teve problemas quanto à exibição e sim somente quanto
à aplicação do questionário avaliativo como citamos. Em
relação às perguntas, essas, foram construídas com a fi -
nalidade de averiguar o possível uso de cinema como um
recurso didático em sala de aula, para melhor aprendizado
da disciplina de Matemática.
Ressaltamos, dessa coleta, que a maioria dos alunos gos-
ta de fi lmes, mas que infelizmente não gostam da disciplina
de Matemática, de modo que se vislumbrou, ai, que esse
método de utilização de fi lmes seria um bom aliado quanto
aos conteúdos da disciplina como descobertas matemáticas.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
50 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Os resultados desta proposta geraram trabalhos acadêmicos
como a comunicação oral Cinematemática, apresentada na
XXII Semana de Matemática da UFRN (SILVA; SOUSA, 2010).
Pretendemos continuar trabalhando com a exibição
de fi lmes na escola, tentando sempre conciliar o assunto
abordado em sala de aula com os assuntos dos fi lmes. Para
tanto, utilizaremos como instrumento de avaliação dos
trabalhos um jogo produzido com a intenção de verifi car
a aprendizagem dos alunos quanto às cenas, fatos e dados
da exibição à luz da presença da matemática.
O jogo é inspirado num outro, nomeado de O melhor do
Cinema. Trata-se: de um tabuleiro (Figura 4) nos quais são
feitas perguntas diretas – em que terá que ser dada apenas
uma resposta – e perguntas triviais – em que o aluno terá
três alternativas de resposta para escolher (ambas incluem
perguntas sobre conteúdos matemáticos relacionados ao
fi lme) – além de perguntas sobre sinopse dos fi lmes tra-
balhados, nas quais os alunos têm que adivinhar sobre
que fi lme está se tratando a sinopse.
Figura 4 – Tabuleiro e exemplo de pergunta
Fonte: arquivo pessoal
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
51
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Esse jogo foi elaborado em comunhão com a funda-
mentação teórica de outro projeto do Pibid que consiste
no uso de jogos manipuláveis o qual segue.
» Projetos jogos, materiais manipuláveis e recreações
matemáticas
Esta ação é a junção de dois projetos do Pibid intitu-
lados O uso de jogos e materiais manipuláveis; e Recrea-
ções matemáticas e atividades de ensino que culminaram
também na realização de duas outras ações, a saber, o
minicurso de Matemática Básica e o 1º Torneio de Mate-
mática da escola.
Os dois primeiros foram desenvolvidos por dois grupos
do Pibid, os quais realizaram estudos teóricos sobre a te-
mática, e a partir do que desenvolveram pesquisas cujos
resultados encontram-se publicados em anais de eventos
como X ENEM, II EREM, IX SHMAT. Vale salientar que
tinham basicamente o objetivo de trabalhar a matemática
básica de forma lúdica e que os resultados foram tão sig-
nifi cantes que foi sugerida a realização de um minicurso
de matemática básica para os alunos da escola que, por
sua vez, gerou a realização de um torneio interno nas
turmas e, posteriormente, um torneio geral para todo o
turno matutino da escola em que o Pibid atua.
Como posto, o projeto referente ao uso de jogos e mate-
riais manipuláveis teve como início uma pesquisa teórica
realizada pelos bolsistas Amauri e José Damião cujo enfo-
que principal consistiu-se na formação de um referencial
teórico para discussão com os demais alunos do Pibid de
apresentações teóricas de como tal tendência da educação
matemática deve ser explorada em sala de aula mediante
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52 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
a exposição da história e evolução dessa tendência a fi m
de fazerem uso na atuação docente de forma a auxiliar no
ensino-apredizagem de seus alunos.
Após essas apresentações internas foram realizadas
outras pesquisas embasadas no livro de Sergio Lorenzato
(2006) intitulado O laboratório de ensino de Matemática
na formação de professores a fi m de nos dar um conheci-
mento mais aprofundado a respeito da construção de um
laboratório de ensino de Matemática, bem como, sobre a
utilização de jogos e materiais manipuláveis como recur-
sos didáticos.
A partir desses estudos iniciais, foi produzido um pri-
meiro artigo intitulado O uso de materiais manipuláveis e
jogos no ensino de geometria (OLIVEIRA; SOUSA, 2010)a , o
qual foi submetido à avaliação da comissão da XXI Sema-
na de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, realizada no período de 19 a 24 de Outubro de
2009 e aceito para apresentação na modalidade de comu-
nicação oral.
Posteriormente, tal trabalho foi aperfeiçoado (sob
orientação da coordenadora do projeto) e submetido à
comissão de avaliação do X Encontro Nacional de Edu-
cação Matemática, que ocorreu no período de 07 a 09 de
julho de 2010 em Salvador-BA, sendo também aceito para
apresentação na modalidade de comunicação oral com o
título O uso de materiais manipuláveis e jogos no ensino
de matemática. (SOUSA; OLIVEIRA, 2010).
As ações do referido projeto se seguiram no início do
ano letivo de 2010 onde o grupo do Pibid de Matemática
– todos os bolsistas – elaborou e aplicou um teste de son-
dagem nas turmas do 8° e 9° ano do ensino fundamental,
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
53
30,00
20,00
0,00
10,00
40,00%
Assunto que os alunosapresentam maior dificuldade
A importância damatemática na sua vida
32,3%
26,5%
11,8%5,9%
23,9%
Quatro operações
Equações do 1° Grau
Sistema de numeração
Geometria
Outros assuntos
60,00%
40,00%
0,00%
20,00%
80,00%
100,00% 85,8%
11,8%9,5%
NãoSim Em partes
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
bem como, nas 1ª, 2ª e 3ª série do ensino médio da Escola
Estadual Castro Alves. Com a análise do teste se percebeu
a difi culdade dos alunos com as operações fundamentais
da aritmética. Veremos esses dados no Gráfi co 3.
Gráfi co 3 – Difi culdades dos alunos e importância da Matemática
O grupo que estava trabalhando com essa tendência
desenvolveu suas atividades na turma do 8º ano. Na ten-
tativa de suprir tais difi culdades, foi aplicada uma ativi-
dade com os dominós de operações a fi m de proporcionar
aos alunos uma aprendizagem de forma prazerosa e sig-
nifi cante, ou seja, objetivou-se sanar as lacunas que tais
alunos tinham dos anos anteriores por meio da ludicidade
que o material proporciona.
Como resultado da aplicação das atividades – a partir de
jogos e materiais manipuláveis (Figura 5) no reforço, mini-
curso e tarefas do torneio – foi observado um maior interesse
dos alunos pelas aulas, assim como pela própria Matemática.
Fonte: pesquisa efetuada, em abril de 2010
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54 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Figura 5 – Foto dos alunos usando jogos ou materiais
Fonte: arquivo pessoal
A respeito do Minicurso de Matemática básica salienta-a
mos que ocorreu, no início do ano letivo de 2010, nas tur-
mas do Ensino Médio, no horário normal de Matemática
(utilizamos esse horário, pois a professora da escola estava
de licença). Já nas turmas fi nais do Ensino Fundamental, o
minicurso foi ministrado no horário inverso às aulas, pois,
nesse horário, ocorria o reforço escolar para tais turmas.
O minicurso, com duração de aproximadamente dois me-
ses, contou com atividades relacionadas à Matemática do
ensino básico, pois os alunos tinham muitas difi culdades,
averiguadas por meio de uma avaliação diagnóstica.
Foi realizado por meio de aulas expositivas dialogadas,
listas de exercícios e contou com a utilização de alguns mate-
riais didáticos como os jogos, material dourado, dominós das
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
55
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
operações fundamentais da aritmética dentre outros. Esse foi
fi nalizado com um pequeno torneio interno como atividade
avaliativa e que ocorreu em cada sala, sendo disputado em
grupo também com o objetivo de selecionar uma equipe para
representar a turma em um torneio geral, o qual foi compos-
to de questões básicas e provas dinâmicas que envolviam
recreações com jogos e materiais manipuláveis.
O Torneio geral de Matemática (Figura 6) foi desenvol-
vido pela supervisora do Pibid junto com a coordenadora
do projeto e todos os bolsistas, recebendo o título, 1º
torneio de Matemática: desvendando a Matemática, sendo
realizado na própria escola, na manhã do dia 28 de setem-
bro de 2010, no horário das 8h às 11h:30min.
Para tanto, houve divulgação prévia em toda a escola
por meio de distribuição de folders, cartazes, e faixa fi xada
na frente na escola. As provas foram: torre de Hanói, do-
minó de operações fundamentais da aritmética, tangran,
escada do saber, quiz de perguntas e respostas, dentre
outras. Para executá-las, cada sala tinha uma equipe repre-
sentante (vencedora do torneio interno) com cinco alunos
para realizar as provas individuais e em equipe.
Figura 6 – Foto do torneio
Fonte: arquivo pessoal
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56 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Com as observações de todas as atividades (reforço,
aulas do minicurso, atividade com os dominós, análise
dos questionários, a realização do torneio interno e o ge-
ral) juntamente ao referencial teórico houve a elaboração
de um novo trabalho, relatando esses acontecimentos e
seus principais pontos. Trabalho que foi submetido à ava-
liação da comissão da XXII Semana de Matemática da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte realizada no
período de 25 a 29 de outubro de 2010, em que foi aceito
para apresentação na modalidade de comunicação oral,
intitulado O uso de materiais manipuláveis e jogos: uma
experiência numa sala de aula de Matemática.
Em se tratando das recreações matemáticas, foi desen-
volvida uma pesquisa de campo realizada pelos bolsistas do
Pibid Josemir, Maciel, Jéssica e Kaline Martins num período
de seis meses, tendo como a ação inicial uma aplicação de
um questionário com professores da rede pública e privada
de Ensino Fundamental e Médio, nas quatro zonas urbanas
(Norte, Sul, Leste e Oeste) da cidade do Natal-RN.
As respectivas escolas foram: Escola Estadual Maria
Queiroz (ZO); Escola de Educação Básica e Profi ssional
Fundação Bradesco (ZO); Escola Estadual Castro Alves
(ZS); Colégio e Curso Contemporâneo (ZS); Escola Muni-
cipal Vereador José Sotero (ZN); Intelectual Colégio e Curso
(ZN); Escola Estadual Anísio Texeira (ZL); Escola Estadual
Mascarenha Homem (ZL); e CDF Colégio e Curso (ZL); tota-
lizando uma amostra de nove escolas e quinze professores.
Nosso principal objetivo foi analisar se os professores
de Matemática das respectivas escolas utilizavam as atuais
tendências no ensino de Matemática, vendo-as como um
meio facilitador do ensino-aprendizagem, mas, em especial
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
57
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%85,70%
0%0%0%0%
14,3
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
Em nadaEm tudo Algumas coisas
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
se usam (ou usaram) uma das tendências (Gráfi co 4) em
Educação Matemática que é a Recreação Matemática.
Como resultado observou-se a necessidade da utiliza-
ção de uma matemática diferenciada e estimulante para a
sala de aula que provocasse uma sensação de curiosida-
de e descoberta nos alunos. Observamos também que os
professores entrevistados solicitaram a realização de um
minicurso ou ofi cina, para que eles pudessem conhecer
mais sobre essas tais tendências da educação Matemática,
tendo em vista a alegação de que algumas vezes não usam
porque não conhecem.
Gráfi co 4 – Tendências utilizadas nas escolas
Fonte: pesquisa realizada em agosto de 2010
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58 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
De posse dos dados preliminares, e na perspectiva de
que a importância atribuída às Recreações Matemáticas é
tão forte na Educação Matemática que, segundo Menezes
(2009, p. 8) “as recreações matemáticas são revestidas
de mistérios, lendas, histórias e enigmas, as recreações
matemáticas têm atravessado os tempos, divertindo e en-
cantando todos ao que com ela têm contato” os bolsistas
Jéssica, Kaline Souza (outra participante do projeto) e
Maciel decidiram aplicar algumas atividades referentes
às recreações matemáticas para uma turma da 1ª série
do Ensino Médio na Escola Estadual Castro Alves (escola
assistida pelo programa Pibid) com o auxílio da professora
supervisora Edna Cunha.
Para tanto, levamos algumas recreações encontradas
no livro intitulado As recreações matemáticas na evolução
do conhecimento matemático e seus desdobramentos do
livro de Menezes e Monteiro (2009), sendo selecionado
o problema do Papiro de RHING nº 77, o problema do
Túmulo de Diofanto que segue:
Caminhante! Este é o túmulo de Diofanto. Os nú-
meros dirão a duração da sua vida, cuja sexta parte
foi ocupada por uma doce juventude. Decorreu
mais uma duodécima parte da sua vida até que
o seu rosto se cobriu de pêlos. Passou ainda um
sétimo da vida antes de tomar esposa e cinco anos
depois teve um belo fi lho que infelizmente, viveu
apenas metade do que o pai viveu. Seu pai sobre-
viveu-lhe, chorando, quatro anos. Diz caminhante,
quantos anos tinha Diofanto quando a morte o
levou? (MENEZES; MONTEIRO, 2009, p. 12).
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59
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Assim, inicialmente, separamos a turma em grupos de
cinco alunos e explicamos o conceito histórico das ativida-
des recreativas sugeridas. Para cada grupo fi cou a missão
de tentar resolver uma recreação escolhida por meio de
um sorteio. Após a resolução das atividades nos grupos,
chamamos um aluno de cada, para resolver e explicar aos
colegas no quadro, assim como para externar qual foi o
método e o conhecimento que ele teria utilizado para re-
solver o seu problema, ocorrendo, assim, uma socialização
do grupo com os demais da turma.
Como resultado, observamos que os alunos que fi ca-
ram com o problema 77 do papiro de RHING demonstra-
ram uma maior facilidade para a resolução e apresentaram
diferentes soluções para o mesmo problema, provavelmen-
te, por ser uma atividade lúdica, mais palpável e simples.
Já nos demais problemas, os alunos demoraram um
pouco para apresentar as respostas encontradas. Após
a realização da atividade, percebemos a empolgação e
estímulo competitivo para resolver o problema primeiro
que o grupo adversário, e como essa tendência é válida e
estimulante para a resolução de problemas matemáticos,
pois mesmo os que tiveram difi culdade se mostraram em-
polgados e desafi ados pela atividade à luz da defesa de
Libâneo (1994) ao externar que se deve
Criar as condições e os meios para que os alunos
desenvolvam capacidades e habilidades intelectu-
ais de modo que dominem métodos de estudo e
de trabalho intelectual visando a sua autonomia
no processo de aprendizagem e independência de
pensamento. (LIBÂNEO, 1994, p. 71).
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
60 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Esse trabalho foi inspirado por meio dos estudos teóricos
por outro grupo que se apoiou na história da Matemática.
Neste momento, pretendemos continuar a nossa pes-
quisa aplicando essas atividades em sala de aula faci-
litando assim o ensino- aprendizagem de Matemática,
mostrando as diversas possibilidades que tal tendência
proporciona e viabilizando a implementação de um Clube
de Matemática nas escolas onde o Pibid atua.
Em suma, temos o intuito de fazer com que os pro-
fessores possam criar o hábito pelo uso de tendências
em Educação Matemática e, que possam fazer uso mais
aprofundado sobre Recreações Matemáticas.
Diante dos resultados das pesquisas teóricas e de cam-
po realizadas pelos projetos O uso de jogos e materiais
manipuláveis; e Recreações matemáticas e atividades de
ensino fi cou evidente uma defi ciência das escolas, no to-
cante à falta de materiais que proporcionassem aos alunos
uma aprendizagem signifi cativa, na qual o aprender não
fosse uma obrigação, mas sim uma atividade prazerosa.
No decorrer desses projetos temos como objetivo a
construção do Laboratório do Ensino de Matemática
(LEM) na escola em que estamos atuando, espaço este,
destinado não apenas para o uso dos professores dia a dia,
como também para que os alunos possam ter um espaço
onde a Matemática possa ser vivenciada de forma prática
e lúdica, na tentativa de mostrar aos alunos a real beleza
que essa ciência tem por trás dos números, e de suas
operações, sem deixarmos de expor os conteúdos que são
necessários para o dia a dia dos alunos.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
61
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
» História da Matemática e Etnomatemática
Com relação ao projeto de História da Matemática,
podemos relatar que se iniciou com a dupla de bolsistas
Ana Paula e Alberto Carlos, a qual realizou uma pesquisa
sobre o uso da História da Matemática em sala de aula,
Mmtivada na fala de Mendes (2005, p. 58) que diz que “o
conteúdo histórico surge como um elemento motivador
e gerador da matemática escolar”. Pautada nessas consi-
derações a dupla seguiu juntamente com outros bol-
sistas do programa com a sistematização das ações e
dos resultados obtidos, durante o ano de 2009, mediante
a aplicação de atividades que se encontram no capítulo
intitulado “Atividades históricas e trigonometria”, do livro
de Brito et al. (2005), com os alunos da professora Edna
Cunha, no turno matutino da Escola onde o projeto atua.
Como resultado observarmos que os alunos entende-
ram melhor o conceito de função a partir de situações
vivenciadas em seu dia a dia. Além disso, destacamos que
a experiência foi relatada por meio de uma comunicação
científi ca, apresentada na XXI Semana de Matemática da
UFRN no ano de 2009 com o título Tópicos de história e
ensino de trigonometria (Figura 7).
Fruto ainda da pesquisa sobre o uso da história da
Matemática na sala de aula, foi apresentado o trabalho
Tópicos de história e ensino de Matemática: uma proposta
de atividade para o Teorema de Tales, como um relato de
experiência no X ENEM – Encontro Nacional de Educação
Matemática – ocorrido no período de 07 a 09 de julho de
2010 o qual foi desenvolvido com o intuito de elaborar
uma aula de campo pautada em uma atividade histórica.
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62 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Figura 7 – Foto de atividade de trigonometria
Fonte: arquivo pessoal
A partir do projeto de História da Matemática, iniciou-
se também um subprojeto chamado Matemática e poesia,
conduzido pela bolsista Jéssica Agna com ajuda dos de-
mais bolsistas do Pibid, sob orientação da coordenadora
do projeto Giselle C. Sousa, tendo como objetivo principal
conhecer mais sobre a vida dos matemáticos por meio de
sua biografi a.
O primeiro poema foi composto para relatar a história
de vida do matemático Evarist Galois, com o intuito de ser
recitado na abertura do torneio de matemática, realizado
na Escola Estadual Castro Alves.
Nesse sentido almejou mostrar o lado prazeroso e
curioso da Matemática e seus personagens, via história
da Matemática e poemas, visto que os alunos já haviam
sido introduzidos à pesquisa histórica de biografi a de
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
63
Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
matemáticos em uma das tarefas do torneio que consistia
em escolher um matemático representante para cada sala.
Tendo em vista a percepção da curiosidade e o interesse
dos alunos ao recitar o poema já mencionado na abertura
do torneio, foi sugerido, após o torneio de Matemática,
que continuássemos com esse projeto, reunindo um grupo
de alunos de vários níveis de ensino da escola, para estu-
dar sobre a vida dos principais matemáticos (segundo a
História da Matemática) e criar poemas com esses alunos
para serem expostos e recitados em momentos oportunos.
Segundo Aboe (1984),
[...] quer queiramos ou não, o passado está muito
presente conosco na matemática, e, quer queira ou
não, um matemático deve principiar por estudar
o que é, em conteúdo, matemática antiga, vestida
de maneira adotada pela moda matemática da sua
época. (ABOE, 1984, p. 5).
Percebemos, então, a importância da história da ma-
temática em relação à biografi a dos matemáticos e da
vida cotidiana versus Matemática. O objetivo principal
do desdobramento do projeto era que os alunos percebes-
sem que apesar das criações inovadoras da Matemática,
os matemáticos da época possuíam uma história de vida
normalmente, e que não eram seres tão diferentes, como a
maioria das pessoas pensam. Logo, a seguir, encontra-se
o poema recitado no torneio de matemática.
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64 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Triste Fim de Evariste Galois
Venho contar por meio de versos
Minha pobre e eterna vida
Através de sofrimento e luta
Para que não fosse mais sofrida.
Em algumas décadas atrás
Nasci em meio de um subúrbio
Tentando encontrar soluções precisas
A minha vida virou um dilúvio
Num momento único e profundo
Dediquei-me a análise a ao cálculo
Rejeitado pelos professores e colegas
Que me diziam ser um fracasso
Meus amigos viraram Euler, Gauss e Jacob
Me faziam companhia por longas madrugadas
Eu estudava e pesquisava muito
Até que minha vida fi cou trancafi ada
Eu juro! Juro que encontrei a solução
As equações do quinto grau estão resolvidas
Isso foi com muita luta e dedicação
E agora? Vou resolver a minha vida!
Disse para minha querida mãe
Vou me dedicar a política
Resolver de vez a minha vida
Seguir o exemplo do meu pai e não adianta fazer critica.
Mesmo com minha imensa dor
Em um leito à encontrei. Ela.
A mais bela e pra meu azar ou sorte
Foi a minha prematura morte
Sthephanie linda e admirável
Estou apaixonado por você
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José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Mesmo sendo meio complicado
Você é meu bem querer!
Ele? Duchalet queria rouba-la de mim,
Marquei um duelo para defender o meu amor
E neste arquitetei meu fi m
Morri com muito sonhos e planos
Chorei, sofri e até lutei!
Minha querida mãe não chore
Eu preciso de toda coragem para morrer aos 20 anos.
Jéssica Agna (2010)
Para a construção dos poemas, a princípio, foram pes-
quisados seus elementos fundamentais e suas principais
estruturas na língua portuguesa, com o intuito de ter uma
base de como se constitui e quais os seus padrões.
Após essa pesquisa, a bolsista visitou as turmas do
Ensino Fundamental e Médio do turno matutino da escola,
consultando os alunos interessados na segunda etapa do
projeto a fi m de selecionar um grupo que quisesse realizar
o trabalho proposto. Ao fi nal, conseguimos um grupo do
7º ano do Ensino Fundamental, constituídos pelas alunas
Marize, Jénete, Amanda, Beatriz, Juliana e Kamila, que
inicialmente reuniram-se com a bolsista do Pibid no ho-
rário inverso das aulas.
Para o primeiro dia de reunião foram levados os prin-
cipais objetivos do trabalho, a estrutura correta de um
poema e o poema modelo do torneio de Evarist Galois. Em
seguida, foram sugeridos alguns nomes de matemáticos
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66 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
para que elas escolhessem três a fi m de criar um poe-
ma para cada. Os matemáticos sugeridos foram: Gauss
(1777-1855), Pitágoras (570 a.C-496 a.C) Arquimedes (287
a.C.-212 a.C.) e Niels Abel (1802-1829), sobre os quais
encaminhou-se para que as alunas pesquisassem a bio-
grafi a de cada um, com fotos e que começassem a pensar
e fazer alguns rascunhos de poemas sobre o matemático
escolhido. Para facilitar o trabalho o grupo de alunas foi
dividido em duplas e cada dupla fi cou responsável para
criar um poema sobre um desses matemáticos.
Com os poemas prontos, fi zemos o planejamento de
como seriam expostos na Mostra de Conhecimentos da
escola. Desse modo, tivemos a ideia de montar uma pes-
caria, com perguntas sobre os poemas apresentados a
respeito dos matemáticos Gauss, Pitágoras e Niels Abel
com o intuito de que os visitantes do trabalho lessem os
poemas, tirassem suas dúvidas e pescassem um peixe com
uma pergunta sobre a exposição. Logo, caso o visitante
acertasse, ganharia um brinde. Vale destacar que os poe-
mas criados tiveram como título: Gauss o menino Gênio;
Doce vida de Niels Abel; e Pitágoras viveu.
Salientamos que a criação dos poemas pelas alunas sob
orientação da bolsista foi muito prazerosa, pois, foi uma
experiência inédita e diferente, que despertou a curiosi-
dade e o interesse das alunas em relação à História da
Matemática de uma forma diferente, que culminou em
uma boa avaliação da equipe envolvida, dos visitantes e
da própria matemática (Figura 8).
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Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
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Figura 8 – Equipe de alunas na Mostra de profi ssões
Fonte: arquivo pessoal
É muito estimulante descobrir a maneira de pensar
dos gênios do passado distante, “é um privilégio condu-
zir outros pelos caminhos percorridos pela primeira vez
há tanto tempo, ou segundo uma bela frase antiga, fazer
com que os antigos falem novamente, em seus túmulos”.
(ABOE, 1984, p. 8).
Seguem os poemas criados pelas alunas e expostos na
Mostra de Conhecimento.
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68 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Gauss o menino gênio
Fui físico e astrônomo alemão
Assim como Arquimedes e Newton
Sempre fui considerado um gênio
Minha simpatia e inteligência virou um mito.
Estudei geometria não- euclidiana
Minhas obras foram publicadas
Com meu esforço e prazer pela matemática
Não percebi a minha humilde vida isolada
Desde criança fui considerado um gênio
Meu real prazer era o estudo de idiomas
Critiquei os fundamentos da geometria
Fui pesquisador de mecânica e virei a tona
Não me preocupei com romance
Minha vida dediquei aos estudos
Vivi praticamente sozinho fi z de tudo,
Para que futuramente as pessoas fi zessem uso.
Amanda
Beatriz
Doce vida de Niels Abel
Em alguns anos atrás
Nasci na Noruega,
Em 1829 morri por uma tragédia.
Na primavera deste ano
Eu sofri de tuberculose
Morri com 26 anos
Foi uma morte precoce.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
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Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Eu fui um dentre seis fi lhos
De meu pai norueguês
Depois da morte dele minha família sustentei.
Segui o exemplo de muita gente
Terminei meu primeiro artigo sobre funções elípticas
Eu gostei demais e não aceitava criticas.
Minha vida, tão sofrida
Infelizmente deixei
Sofri e estudei muito
Mas, com meu amor não me casei
Juliana
Kamila
Pitágoras Viveu!!
Ele homem sábio e integro
Viveu sobre muitos estudos
Pessoas admiram o seu esforço em tudo.
Não se sabe o dia que nasceu
Marcou a historia da matemática
Tem dúvida? Este homem realmente viveu!
Ele tinha uma grande paixão
Vivia somente para ela, e com ela
Uma ciência que habitava em seu coração.
Do mesmo modo não se sabe bem ao certo quando morreu
Criou uma escola que levou a sua homenagem,
Durante a sua vida ele muito contribuiu, tem duvida?
Este homem realmente viveu.
Marize
Jénete
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70 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
O projeto Etnomatemática iniciou-se com estudos teó-a
ricos realizados pelas bolsistas Wenia e Maria Isabel que,
logo em seguida, contaram também com o bolsista Alberto
Carlos, que, até então, estava trabalhando com a História
da Matemática.
Esse projeto foi realizado com o intuito de buscar co-
nhecimentos acerca dessa tendência em educação Ma-
temática, para trabalhar com os alunos da 2ª série do
Ensino Médio do turno matutino da escola. Ao fi nal da
fundamentação teórica pesquisada, os resultados foram
apresentados para os membros do Pibid, em forma de
seminário interno, a fi m de que os mesmos também ti-
vessem conhecimentos sobre esse projeto e pudessem
trabalhar em suas aulas, juntamente com a professora
supervisora. Posteriormente, essa pesquisa culminou na
escrita de alguns artigos apresentados em eventos da área
como o artigo Etnomatemática e suas aplicações: práti-
cas femininas, que foi apresentado na XXI Semana de
Matemática da UFRN que ocorreu no período de 19 a 24
de outubro de 2009. (SOUSA; PEREIRA; FÉLIX, 2009).
Em seguida, a comunicação intitulada Etnomatemática:
conceito e aplicações apresentada no X Encontro Nacional
de Educação Matemática realizado de 07 a 09 de julho de
2010, em Salvador. (SOUSA; PEREIRA, 2010).
Após algumas orientações da coordenadora do Pibid
e análise de um questionário sobre a utilização da mate-
mática no cotidiano (Gráfi co 5), aplicado com a turma
da 2ª série do Ensino Médio da escola em que atuamos,
foram produzidos também outros trabalhos científi cos.
Vale destacar que, do questionário, observou-se:
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50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%85,70%
0%0%0%0%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
Em nadaEm tudo Algumas coisas
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Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Gráfi co 5 – Onde identifi ca a matemática?
Essa coleta suscitou o desenvolvimento de um trabalho
em que um grupo de quatro alunos, do nível de ensino
em questão, entrevistou alguns profi ssionais, escolhidos
de antemão, e aplicou um questionário, previamente, pre-
parado pelos bolsistas do projeto que continha questões
abertas sobre a utilização da Matemática em profi ssões,
ou seja, a respeito do uso da Matemática na prática pro-
fi ssional a fi m de que os dados obtidos fossem expostos
na Mostra de Conhecimento da escola.
Neste sentido, os profi ssionais entrevistados foram um
pedreiro e uma dona de casa (Figura 9), os quais relata-
ram que a Matemática está “na escola, no supermercado,
Fonte: Pesquisa realizada em abril de 2010
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72 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
praticamente em todos os lugares, no computador, no tra-
balho e em casa, na televisão, em livros, em jogos de racio-
cínio entre outros”. Vale ainda ressaltar que a exposição na
escola ocorreu com a visita da dona de casa entrevistada a
qual fez demonstração e degustação de suas receitas, apre-
sentando a matemática presente nesta atividade.
Figura 9 – Fotos da dona de casa e do pedreiro entrevistados pelos alunos
Fonte: arquivo pessoal
Na mesma direção da observação da presença da mate-
mática em atividades profi ssionais específi cas, foi também
realizada uma pesquisa - por meio de um questionário
de perguntas abertas e fechadas (ver Apêndice A), que
almejou ver quais profi ssões os alunos da escola tinham
maior interesse, a fi m de convidar representantes das áreas
de maior veemência na ótica dos alunos para falar das
atividades profi ssionais, revelando a Matemática inserida
em cada uma. Como resultado, constatou-se que as pro-
fi ssões mais almejadas são: engenharias, contabilidade,
bancário, administração e professor. As áreas escolhidas
pelos alunos encontram-se demonstradas no Gráfi co 6.
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25,00%
6%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
Ciências sociais aplicadas
Ciências exatas e da terra
Artes, letras e linguísticas
Ciências da saúde
Ciências biológicas
Ciências humanas
Engenharias
Ciências agrárias
Outros
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Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
Gráfi co 6 – Áreas profi ssionais
Nesse sentido, mostrou-se que a Matemática está pre-
sente nas atividades de comunidades e profi ssões mais
variadas. Assim, anseia-se que as palestras ainda ocorram
a fi m de apresentar os diferentes profi ssionais acerca da
temática abordada no presente trabalho.
Dentre o conjunto de produções científi cas, destacamos
ainda o trabalho intitulado Contexto e conceito histórico
aliado a aplicações da Etnomatemática apresentado no Va
Colóquio de História e Tecnologia no Ensino da Matemática
realizado de 25 a 30 de julho de 2010, na cidade de Recife-
PE, e o outro foi apresentado, no mesmo período, na 62ª
Reunião Anual da SPBC realizada na UFRN com o título O
ensino de matemática à luz da Etnomatemática. Ainda no
Fonte: pesquisa em abril de 2010
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74 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
mesmo ano submetemos para comissão avaliadora da XXII
Semana de Matemática da UFRN com o artigo nomeado
por: Etnomatemática: uma matemática Itinerante.
O qual apresentamos na modalidade de comunicação
cientifi ca no período de 18 a 22 de outubro de 2010 (MO-
RAIS JÚNIOR; PEREIRA; SOUSA, 2010).
» Outras ações
Além das ações já mencionadas, ocorreram outras
como: reforços escolares; dia de iniciação à docência;
seminários internos; participação em eventos; cursos de
aperfeiçoamento; curso de geometria dinâmica; participa-
ção de nossos alunos na mostra de profi ssões da UFRN;
implementação da página do Pibid, no site do departa-
mento de Matemática; projetos de funções; palestras e
planejamentos, os quais seguem com mais detalhes.
Os reforços ocorrem para cada nível de ensino a partir
do 8° ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino
Médio. Logo, é destinada uma dupla ou trio de bolsistas
responsável pela atividade a qual funciona, para cada tur-
ma, semanalmente, no turno vespertino (turno inverso
ao horário de aulas de nossas turmas) da Escola Estadual
Castro Alves.
Para tanto, quinzenalmente, ocorre uma reunião com a
professora supervisora na qual planejamos o que podemos
abordar no reforço e qual ênfase deve ser dada a cada par-
te do conteúdo em virtude das difi culdades diagnosticadas
pela docente em sala ou pelos anseios dos alunos.
A iniciação à docência – dia, que ocorre uma vez por
mês, em que o bolsista assume uma turma sob a obser-
vação da professora supervisora Edna – nos proporcionou
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Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
um primeiro contato com a sala de aula. Esse primeiro
contato contribuiu para nossa formação acadêmica, pois
observamos, por meio prática, as teorias sobre educação
Matemática que tínhamos estudado, além disso, poste-
riormente, cursaríamos a disciplina de Estágio Supervisio-
nado, fato esse que foi facilitado devido à possibilidade
prévia e orientada de iniciação à docência.
Outras ações do nosso subprojeto foram os seminários
internos, ou seja, ações em que todos os grupos desenvol-
veram uma pesquisa sobre uma das tendências matemá-
ticas a serem aplicadas na escola e que permitia que cada
grupo apresentasse para os demais bolsistas o andamento
das pesquisas realizadas. Por exemplo, o grupo que tra-
balhou com História da Matemática fez uma apresenta-
ção de 20 minutos nas reuniões gerais, com a presença
da coordenadora, para que os outros bolsistas tivessem
a oportunidade de conhecer os resultados da pesquisa,
ocorrendo assim uma integração com os demais.
Desse modo, ressaltamos o proveito dos seminários,
tendo em vista a oportunidade de troca de experiências e
diversas ideias para a melhora dos projetos desenvolvidos.
A partir dessas pesquisas, obtivemos, como resultados,
a produção de artigos científi cos, os quais foram subme-
tidos para comissões avaliadoras de diversos eventos vol-
tados à Educação Matemática, como a Semana de Mate-
mática da UFRN – na qual todos tiveram que submeter
trabalhos e participar da mesma outros eventos foram
o II EREM a nível regional, a nível nacional o X ENEM, a
62ª SBPC e o IX SHMAT e a nível internacional o V HTEM
e o XIII CIAEM.
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76 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Outra ação do projeto consiste na participação dos in-
tegrantes nos cursos de capacitação para professores, que
são de extrema importância e contribuem para a formação
inicial dos bolsistas bem como continuada da supervisora
e coordenadora. Dentre muitos podemos citar o curso bá-
sico sobre o software de matemática dinâmica Geogebra, oe
qual pode ser trabalhado nos níveis de Ensino Fundamen-
tal e Médio e o Curso de Aperfeiçoamento para Professores
de Matemática do Ensino Médio (CAPMEM).
Antes de começarmos nossas ações na escola, ministra-
mos uma palestra para apresentar o projeto e atividades
propostas, com o objetivo de motivar os alunos, a partici-
parem das ações que o projeto propusera a desenvolver na
escola. Além disso, proferimos uma exposição a respeito
de nossas histórias de vida para que soubessem que assim
como a grande maioria deles, todos somos oriundos de
escola pública.
Anualmente, participamos do planejamento geral da
escola, no qual fi camos sabendo do calendário e das prin-
cipais ações programadas para o ano letivo, para assim
nos organizarmos para as nossas ações durante o ano na
escola. Nas reuniões internas do Pibid, junto com a super-
visora Edna, quinzenalmente, fazemos planejamento do
que será abordado e quais as metodologias que devemos
desenvolver nas aulas de reforço e nos dias de iniciação
à docência. Além disso, durante o ano letivo fi camos res-
ponsáveis por aplicar e corrigir as provas das olimpíadas
de matemáticas, com orientação dos professores e da co-
ordenação da escola.
Outro projeto desenvolvido pelo Pibid-Matemática da
UFRN-Natal buscou abordar, de maneira mais efi caz, o
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Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
ensino de funções no ensino básico por meio da pesquisa
de situações em que houvesse relação de dependência biu-
nívoca entre duas grandezas e a construção dos modelos
representantes de tal relação. Tal trabalho foi desenvolvido
pelos bolsistas Ana Paula, Alberto Carlos, Maria Isabel,
José Damião e Anna Karla – juntamente com outros bol-
sistas do programa Pibid a partir do encaminhamento
da pesquisa no comércio das redondezas da escola.
Assim, os estabelecimentos escolhidos foram uma lan
house, um posto de gasolina, e outros comércios. O traba-
lho se seguiu com a elaboração de tabelas com os dados
coletados e a marcação dos pontos no plano cartesiano
dos pares ordenados representantes das relações a fi m de
construir o gráfi co das funções, (Figura 10), suscitando
uma discussão sobre o que era ou não função. A exemplo,
chegaram-se aos gráfi cos. (MORAIS JÚNIOR et al. 2009).
Figura 10 – Gráfi cos produzidos por alunos
Fonte: arquivo pessoal
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78 PIBID-MATEMÁTICA EM AÇÃO: UM PASSEIO
PELAS TENDÊNCIAS ATUAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Considerações fi nais: o olhar da supervisora
O Pibid veio enriquecer ainda mais os meus conheci-
mentos, enquanto docente. Possibilitou aos meus alunos
um ensino de mais qualidade, voltado para o seu tempo
e ainda viabilizou a melhoria na formação dos bolsistas
participantes, por meio do contato direto com a realidade
da educação na r ede pública de ensino do nosso Estado. O
projeto aponta para a construção de uma nova visão do pro-
fessor em sala de aula por meio de um direcionamento mais
adequado do graduando no exercício da docência, notada-
mente, em relação ao processo de ensino-aprendizagem.
O Pibid foi bem aceito na escola, os alunos receberam
bem os bolsistas, participaram das atividades propostas
pelo projeto, com exceção do reforço no horário inverso,
que por vezes, era pouco frequentado.
No dia da iniciação à docência, em que um dos bolsistas
assume a sala de aula sob a supervisão, os alunos recebiam-
nos bem, respeitaram o trabalho dos bolsistas dando-lhes
a atenção e a participação necessária. Da mesma forma,
ocorreu quando os bolsistas estavam auxiliando em sala
de aula na execução de alguma atividade diferenciada, em
que havíamos planejado, com o objetivo de por em prática
os projetos comentados acima nos relatos dos bolsistas.
A atividade que fi zemos que mais mobilizou a escola foi a
realização do Torneio geral, em que tivemos a oportunidade
de mostrar o lado lúdico da Matemática, isso fez com que
os alunos se sentissem valorizados pelo fato de ter aplicado
seus conhecimentos durante a realização das provas.
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Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
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Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
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Alberto Carlos C. Morais Júnior, Alesson S. de Lima, Ana Paula P. do Nascimento Silva,
Anna Karla S. do Nascimento, Amauri Gleydson de O. Araújo, Danillo A. da Silva,
Edna de A. Cunha, Giselle C. de Sousa, Jaqueline de O. da Silva, Jéssica Agna C. de Andrade,
José Alexandre F. de Freitas, José Damião S. de Oliveira, Josemir dos S. Silva, Kaline M. Araújo,
Kaline S. dos Santos, Maciel A. da Silva, Maria Isabel da C. Pereira, Ronaldo C. Duarte, Wênia V. Felix
SOUSA, Giselle Costa de; OLIVEIRA, José Damião Souza
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SOUSA, Giselle Costa de. et al. Atividades para o
ensino de Matemática usando o softwares Geogebra. In.
Semana de Matemática da UFRN, 22, 2010, Natal.
83
APÊNDICE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
ESCOLA ESTADUAL CASTRO ALVES
Visando a identifi car onde vemos a Matemática no dia a dia e a sua
importância para futuros encaminhamentos, solicitamos a gentileza de
responder este questionário e devolvê-lo em seguida. Não precisa se
identifi car. Agradecemo-lhes por responder.
QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO
1) Idade:
( ) 10 à 12 ( ) 13 à 16 ( ) mais de 16 anos
2) Sexo:
Feminino ( )
Masculino ( )
3) Nível: ___________ ano: _________________
4) Você já foi reprovado em Matemática?
Sim ( ) Não ( )
Em caso afi rmativo, quantas vezes? ____________________ Por quê?
5) Você gosta de Matemática?
Sim ( ) Não ( )
Justifi que: __________________________________________________
6) Você gosta da aula de Matemática? Justifi que sua resposta. ______
______________________________________________________
7) A Matemática é importante para a sua vida?
Sim ( ) Não ( )
Justifi que:_______________________________
8) Onde você encontra a Matemática no seu dia a dia? ____________
____________________________________________________________
84
9) Qual área você pretende seguir?
Ciências exatas e da terra ( )
Engenharias ( )
Ciências biológicas ( )
Ciências da saúde ( )
Ciências agrárias ( )
Ciências sociais aplicadas ( )
Ciências humanas ( )
Artes, letras e linguísticas ( )
Outra. Qual? _________________________
10) Em qual profi ssão? ___________________________
11) Acredita que a profi ssão que escolheu usa a Matemática?
Sim ( )
Não ( )
Em que? Onde? Como? ___________________________________
12) Cite alguns profi ssionais que você acha que usa bastante Mate-
mática no seu dia a dia?___________________________________
13) A Matemática aparece em alguma outra matéria que está estu-
dando este ano na escola?
Sim ( )
Não ( )
Em caso afi rmativo. Qual (is)?______________________________
85
2.2
* REUNI/UFRN/CERES/Curso de Matemática – Bolsistas.
**UFRN/CERES/DCEA – Coordenador Pibid.
***UFRN/CERES/SEDUC – Orientadora
COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO
PIBID-MATEMÁTICA UFRN/CERES/CAICÓ
Erivaldo Diniz de Lima*
Dayane Santos de Lira*
Jucicleide Medeiros de Azevêdo*
Prof. Luis Gonzaga Vieira Filho**
Profa. Dra. Otília Maria Alves da Nóbrega Alberto Dantas***
Introdução
Um plano de trabalho pautado pela concepção de
educação como processo construtivo e permanen-
te foi elaborado, levando-se em consideração as
necessidades da Educação Básica pública, bem como, a
busca de uma melhor qualidade na formação dos licen-
ciandos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Nesse sentido, tinham-se como fi nalidades:
» contribuir para elevar a qualidade da formação dos
futuros professores da Educação Básica, especialmen-
te voltada ao Ensino Médio;
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
86 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
» motivar os graduandos a desenvolverem ações aca-
dêmicas voltadas à formação inicial e continuada de
professores, visando a elevar a qualidade do ensino
nas escolas da rede pública;
» valorizar o espaço da escola pública como campo de
experiência da prática docente para a Educação Básica.
Considerando o contexto explicitado, escolheu-se uma
escola para execução das ações do Pibid. Tomou-se como
critério de escolha dessa escola a quantidade de alunos ma-
triculados no Ensino Médio e o Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (IDEB) aferido no ano 2007. Assim, foi
escolhida a Escola Estadual Professora Calpúrnia Caldas
Amorim (EECCAM), demonstrada na Figura 1, localizada
na Rua Manoel Gonçalves Melo, no 42, Caicó/RN.
Figura 1 – EECCAM
Fonte: Arquivo Pibid
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
87Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
Essa escola possui 218 alunos matriculados no Ensino
Fundamental, 1.259 alunos matriculados no Ensino Médio e
Ideb = 3,6. O Pibid envolveu cerca de 6 professores e de 300
alunos do 9o ano do Ensino Fundamental e do 1o, 2o e 3o anos
do Ensino Médio. O subprojeto de matemática era composto
por um coordenador, um supervisor e oito bolsistas.
A presente síntese pretende relatar os principais re-
sultados alcançados nesse subprojeto, baseando-se nos
compromissos explicitados no subprojeto do Pibid. Esse
evento tinha como objetivo geral proporcionar os meios
para o desenvolvimento da iniciação à docência de futu-
ros professores, do Curso de Licenciatura em Matemática,
para atuarem no âmbito da Educação Básica propiciando
refl etir criticamente sobre a prática docente e fomentando
ações que levem os alunos das escolas a se sentirem se-
guros na própria capacidade de construir conhecimentos
matemáticos.
Relatos de experiência
Reuniões semanais, para realização do projeto, aconte-
ceram, inicialmente, com o coordenador, supervisor e com
bolsistas do Pibid visando ao estabelecimento de ações a
serem executadas durante um período de dois anos, além
da divulgação do subprojeto na escola.
Nessas reuniões, estudavam-se e planejavam-se os con-
teúdos a serem trabalhados na escola, bem como a análise
de avaliações realizadas durante a execução do subprojeto.
As atividades realizadas nesse evento pautavam-se em
jogos, dinâmicas, fi lmes, gincanas, aulas de reforço para o
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
88 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
vestibular e para as Olimpíadas de Matemática, bem como
outras atividades que surgiam, conforme as necessidades
imediatas dos alunos e do professor (supervisor).
O subprojeto teve seu início em maio de 2009 na escola
supracitada com a sua divulgação nas turmas do 9o ao
3o ano. Em seguida, foi feita uma avaliação diagnóstica
para constatar a real situação de aprendizagem em que
se encontravam os alunos acerca dos conhecimentos da
Matemática.
Avaliação diagnóstica
A primeira ação, a avaliação diagnóstica a que nos
referimos, foi realizada na primeira semana de maio de
2009, das 07h às 10h:30min e das 13h às 16h: 30min,
tendo como público alvo alunos do 9o ano do Ensino Fun-
damental e 1o, 2o e 3o ano do Ensino Médio, atendendo,
portanto, a todos os alunos envolvidos no subprojeto. O
objetivo dessa ação foi realizar uma avaliação diagnóstica
para constatar o nível de conhecimento matemático dos
alunos antes da aplicação do projeto e observar durante
as futuras ações o progresso desses alunos.
A avaliação continha questões equivalentes ao conte-
údo estudado nas séries anteriores ao 9o ano do Ensino
Fundamental. A elaboração da avaliação foi baseada nos
Parâmetros Curriculares Nacionais e nos conteúdos mi-
nistrados na escola.
Uma dupla de bolsistas fi cou responsável por cada ho-
rário e dia de aplicação. A participação dos alunos foi sig-
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
89Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
nifi cativa, embora não envolvesse todos os alunos devido
à falta de espaço físico da escola.
O resultado obtido pela maioria dos alunos não foi
nada animador. Observou-se que a maioria deles não sa-
bia fazer, por exemplo, um jogo de sinal, interpretar uma
tabela, aplicar o conhecimento matemático na sociedade,
entre outros. Além disso, muitos alunos não tinham in-
teresse e motivação quanto ao estudo da Matemática. Os
resultados provenientes dessa atividade proporcionaram,
na reunião semanal da equipe do projeto, a preparação
das ações seguintes.
Mediante os primeiros resultados, resolvemos intro-
duzir aulas expositivas e interativas, conforme destaca a
Figura 02. Essas aulas eram planejadas e orientadas pelo
professor e coordenador no intuito de melhorarmos os
conhecimentos matemáticos dos alunos. O objetivo dessas
aulas era proporcionar aos alunos um contato diferenciado
dos conteúdos matemáticos de modo a compreendê-los
visando à melhoria do seu desempenho escolar.
As aulas eram ministradas pelos bolsistas, duas ve-
zes por semana, sempre em turmas de turnos diferentes
do horário escolar. Os bolsistas exploravam diariamente
aqueles conteúdos em que os alunos demonstravam di-
fi culdade de aprendizagem no decorrer das aulas. Eles,
antecipadamente, eram informados sobre essas difi culda-
des para melhor reforçar a aprendizagem. Como resultado
alcançado, houve melhoria no desempenho escolar dos
alunos em relação à Matemática.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
90 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
Figura 2 – Aulas expositivas e interativas
Fonte: Arquivo do Pibid/Caicó
Com a criação das aulas de nivelamento, houve uma
divisão (em duplas) dos bolsistas para que os mesmos
ministrassem aulas nas turmas criadas.
A gestora da escola campo de trabalho, diante da bem-
sucedida experiência, solicitou ao coordenador do Pibid
que estendesse aos alunos do terceiro ano do Ensino Mé-
dio da EECCAM (Figura 3), candidatos ao vestibular da
UFRN e de outras instituições. Além de melhorar o rendi-
mento escolar dos alunos, pretendia-se mostrar a impor-
tância do Ensino Superior.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
91Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
Figura 3 – Turma do 3º ano
Fonte: Arquivo do Pibid/Caicó
Trabalhar com esses novos alunos demandou o planeja-
mento com a equipe pedagógica da escola e com professo-
res para diagnosticar as principais difi culdades em Matemá-
tica nos conteúdos contemplados no vestibular. Decidiu-se
que os alunos deveriam ser consultados sobre o interesse
em participar dessas aulas de reforço para o vestibular. Se-
manalmente, o planejamento e o material eram produzidos
em parceria com o coordenador, o supervisor e os bolsistas.
As aulas eram ministradas pelos bolsistas com o intui-
to de melhorar a aprendizagem dos alunos e fazer com
que eles demonstrassem tal progresso, por meio da re-
solução de problemas. Essas aulas foram positivas, pois
se verifi cou que os objetivos traçados foram alcançados
bem como a melhoria do rendimento escolar, comprovado
pela a avaliação dos alunos no Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM) e a aprovação em diversos vestibulares.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
92 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
Estudando geometria apartir da confecção de sólidos
Além do desenvolvimento semanal das aulas de refor-
ço, ocasionalmente, ocorriam ofi cinas, palestras e mini-
cursos. Esses eventos contribuíram para o incremento do
trabalho dos bolsistas do Pibid, possibilitando-os desem-
penhar a docência, considerando os princípios didático-
pedagógicos e da Matemática, apreendidos na academia.
Estudando geometria a partir da confecção de sólidos, ofi ci-
na realizada pelos bolsistas Jucicleide Medeiros de Azevêdo e
Erivaldo Diniz de Lima, no dia 10 de novembro de 2010, tendo
como público alvo os alunos do 9o ano da referida escola.
Essa ação objetivou compreender a geometria a partir
da confecção de alguns sólidos geométricos. Na ofi cina,
exploraram-se situações-problema a partir de defi nições
e conceitos da geometria, conforme Figura 4, entretanto,
devido ao encerramento do período letivo, constatou-se
evasão por parte dos alunos.
Figura 4 – Ofi cina estudando geometria a partir da confecção de sólidos
Fonte: Arquivo pessoal de Jucicleide Medeiros de Azevêdo
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
93Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
A ofi cina baseou-se na construção e exploração de
sólidos geométricos, utilizando-se de hastes de madeira
para revisão dos conteúdos de geometria, entretanto,
notou-se que os alunos apresentavam algumas difi cul-
dades que no desenrolar da ofi cina foram minimizadas,
relacionando o que aprenderam com o que já sabiam,
consolidando, assim, uma aprendizagem signifi cativa
conforme destaca Ausubel (1985).
Profi ssão: professor; vocação: educador – Palestra
Estudos eram conduzidos, esporadicamente, visando
à formação docente dos bolsistas e seu manejo didático
em sala de aula. Nesse sentido, realizou-se uma palestra
intitulada Profi ssão: professor; vocação: educador, minis-
trada pela professora Ana Santana de Medeiros Clemente.
Essa palestra contribuiu para o fortalecimento na pro-
fi ssão dos futuros professores. A palestrante motivou os
bolsistas, conscientizando-os a serem otimistas na pro-
fi ssão, zelando pelas relações interpessoais ocorridas na
escola. Ela destacou que os saberes docentes e suas com-
petências são fundamentais para o diálogo, o respeito e
o exercício da cidadania entre os participantes da escola,
além de compreender a importância dos recursos meto-
dológicos para o aprendizado da Matemática.
O resultado dessa ação proporcionou aos bolsistas
compreender e expressar as preocupações como futuros
professores, vislumbrando a grandeza e a satisfação de
ser educador por meio de um exercício constante de re-
fl exão sobre a prática docente no campo da Matemática.
A palestrante utilizou-se de ferramentas tais que
gráfi cos, depoimentos, questionamentos e relatos ocor-
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
94 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
ridos em sala de aula com o objetivo de compartilhar
experiências (Figura 5).
Figura 5 – Palestra sobre a profi ssão do professor
Fonte: Arquivo pessoal de Jucicleide Medeiros de Azevêdo
Constatou-se que essa atividade oportunizou aos bolsis-
tas expor suas concepções e preocupações acerca do futuro
como profi ssionais da educação e perceberem a grandeza
do que é educar, conscientizando-os sobre a importância e
a grandeza de ser um bom professor de Matemática.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
95Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
A intervenção do Pibid em Caicó – Palestra
Durante a II Semana de Matemática do CERES – o
Centro de Ensino Superior do Seridó – que ocorreu em
outubro de 2010, o bolsista Joalisson Rodrigo da Silva
ministrou para a comunidade acadêmica da UFRN,
uma palestra sobre a Intervenção do Pibid em Caicó
(Figura 6). Essa palestra tinha como objetivo divulgar
as ações do Pibid.
Esse evento foi apresentado, posteriormente, aos bol-
sistas do Pibid do Curso de Física do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
(IFRN) – Campus de Caicó, em uma de suas reuniões
semanais, o qual foi avaliado como sendo produtivo,
visto que possibilitou compartilhar as experiências até
então vivenciadas.
Figura 6 – Palestra sobre a intervenção do Pibid em Caicó
Fonte: Arquivo pessoal de Jucicleide Medeiros de Azevedo
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
96 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
Preparação para as Olimpíadas Brasileirasde Matemática das Escolas Públicas
Os bolsistas do Pibid – Caicó, visando a atender aos
alunos selecionados para as Olimpíadas Brasileiras de
Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), conforme
Figura 7, orientavam os alunos aprovados na primeira etapa
dessa olimpíada, quanto à forma adequada para resolver
a prova da etapa seguinte, uma vez que os problemas
propostos exigiam grande capacidade de raciocínio,
(Anexo A). Para tanto, se fazia uso de metodologias
adequadas como questões do banco de dados de olimpíadas
anteriores retiradas no site da Obmep.e
Os resultados alcançados com essa ação foram posi-
tivos, não pelo número de classifi cados, mas por haver
proporcionado nos participantes motivação e treinamento
adequado para o tipo de prova a que foram submetidos.
Ainda tiveram a oportunidade de construir novos conheci-
mentos matemáticos, por meio da resolução de problemas,
oportunizando aplicar e adaptar diversas estratégias para
resolver problemas, ter controle do processo de resolução
e refl etir sobre os problemas propostos.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
97Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
Figura 7 – Preparando para a Obmep
Fonte: Arquivo do Pibid/Caicó
Tendências Metodológicasdo Ensino de Matemática – Seminário
O seminário Tendências Metodológicas do Ensino de
Matemática foi oferecido aos bolsistas (Figura 8) como
formação à docência. Esse evento tinha como objetivos
refl etir sobre o ensino de Matemática e sua efi cácia bem
como compartilhar subsídios teórico-metodológicos que
viabilizassem a superação das difi culdades encontradas
pelos bolsistas durante o processo de ensino da Matemáti-
ca. Ou seja, esse seminário proporcionou a refl exão sobre
o que se deve ensinar aos alunos e como ensinar.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
98 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
Figura 8 – Seminário sobre as Tendências Metodológicas do Ensino
da Matemática
Fonte: Arquivo do Pibid/Caicó
Aprendeu-se que o professor deve compreender a diver-
sidade e procurar desempenhar o ensino de modo a aten-
der as expectativas enquanto educador e pesquisador. O
seminário contribuiu para a formação dos bolsistas como
futuros educadores, uma vez que o artigo contribuiu refe-
renciais que nos proporcionaram uma melhor visão para
análise das práticas pedagógicas específi cas , e ainda nos
fez pensar e construir outras perspectivas de ver e também
de conceber o ensino da Matemática.
O seminário pautou-se numa metodologia em que os bol-
sistas, responsáveis por uma temática, abordariam para os
demais aspectos signifi cativos de seu estudo. Sendo assim,
foi disponibilizada uma bibliografi a básica sobre o tema para
apresentação e discussão durante as reuniões semanais.
A ação foi positiva tendo em vista que os bolsistas
passaram a compreender melhor o ensino da Matemática
e as metodologias adequadas a cada conteúdo.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
99Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
Seminário Regional de Educação Matemática
O Simpósio sobre a história e a educação matemática
ocorreu em novembro de 2010, no Hotel Praia Mar, em
Natal. O evento foi destinado a professores e graduandos
dos Cursos de Matemática do Estado do Rio Grande do
Norte. A fi nalidade foi reunir um número signifi cativo de
docentes e graduandos para refl etir sobre temas pertinen-
tes ao uso da história da matemática em sala de aula, bem
como sobre a etnomatemática e suas abordagens para o
desenvolvimento da pesquisa.
Foi um momento signifi cativo, visto que se teve a
oportunidade de conhecer estudiosos de renome nacio-
nal como Ubiratan D’Ambrósio dentre outros, além de
compartilhar as experiências desenvolvidas no ensino da
Matemática na Educação Básica.
Encontros integrativos
Alguns encontros integrativos ocorridos na UFRN/
Campus Central, durante a execução do subprojeto Pibid
– Caicó, houve com o fi to de compartilhar as experiências
de todos os integrantes dos Pibids, bem como de aprofun-
dar aspectos pertinentes às áreas envolvidas (Matemática,
Física, Geografi a, História, Pedagogia, Química, Música,
Letras, etc.) e seu ensino.
Nesses encontros, cada subprojeto compartilhava suas
experiências desenvolvidas in locu, além de realizarem
ofi cinas (Figura 9), debates e outras atividades formativas.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
100 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
Figura 9 – Ofi cina dos fantoches
Fonte: Arquivo do Pibid/Caicó
Esse evento foi signifi cativo para o grupo Pibid – Caicó,
visto que reforçou, positivamente, o que se realizava ali,
bem como oportunizou o conhecimento de alternativas
criativas de desenvolvimento da prática docente, como o
trabalho com fantoches, o uso de jornais em sala de aula,
e a criação e atualização de blogs, dentre outros. Todo o
conhecimento apreendido e compartilhado nesse evento
engrandeceu e reforçou o que já se fazia no Ceres por meio
do ensino da Matemática.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
101Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
I Fórum Potiguar das Licenciaturas emMatemática do RN
O I Fórum potiguar das Licenciaturas em Matemáti-
ca do RN ocorreu em junho de 2010 no Campus Central
da UFRN. Nesse evento participaram, além dos bolsistas
Pibid-Matemática, os discentes que cursavam Matemática
na UFRN, Campus de Caicó e Campus Central, além dos
seus professores e demais professores da Educação Básica.
Nesse evento, ministraram palestras os seguintes estudio-
sos: Liliane dos Santos Gutierre, Iran Abreu Mendes, John
Andrew Fossa, dentre outros.
Portanto, foi um momento enriquecedor, visto que pos-
sibilitou aos participantes um aprofundamento sobre a
legislação que regula as Licenciaturas.
Estudo das Orientações Curriculares para oEnsino Médio: conhecimentos de Matemática
O Estudo das Orientações Curriculares para o Ensino
Médio é um evento coordenado pelo professor Luis Gonza-
ga Vieira Filho, coordenador do subprojeto Ceres – Caicó.
Esse evento tinha como objetivo promover um estudo com
os bolsistas visando a compreender as metas e os objeti-
vos do ensino da Matemática bem como a importância da
pesquisa enquanto ferramenta para a melhoria do ensino.
Ao fi nal do estudo, os bolsistas apresentaram alter-
nativas de como trabalhar os conteúdos da Matemática
em sala de aula, tomando como referência os Parâmetros
Curriculares Nacionais.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
102 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
Curso de Aperfeiçoamento paraProfessores de Matemática do Ensino Médio
O Curso de Aperfeiçoamento para Professores de Ma-
temática do Ensino Médio (CAPMEM), representado na
Figura 10, ocorre nos meses de janeiro e julho com o fi m
de aperfeiçoar os conhecimentos matemáticos dos profes-
sores da rede básica de ensino.
Essa ação versava sobre vários temas e instrumentos
importantes para a demonstração e relevância do que o
professor deve ensinar, relacionando os temas a partir de
uma visão interdisciplinar.
Figura 10 – Curso de aperfeiçoamento
Fonte: Emanuel Araújo
O curso, com duração de uma semana, perfazia uma
carga horária de 40 horas. Pela manhã, as aulas ocorriam
através de videoconferências, e à tarde eram distribuídos
problemas aos participantes que, em grupo, discutiam
suas soluções as quais, em seguida, eram socializadas
para os demais grupos.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
103Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
Ofi cina Retângulos e quadrados:decomposição perfeita
A ofi cina Retângulos e quadrados: decomposição per-
feita foi orientada pelo coordenador desse subprojeto e
ministrada pelos bolsistas. Essa ofi cina ocorreu durante
o I Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Ceres.
Participaram alunos de Graduação em Matemática (Li-
cenciatura) e professores da rede básica de ensino. Esse
trabalho visava a estimular, compreender a importância
dos recursos didáticos como ferramentas indispensáveis
para o ensino da Matemática.
Em um primeiro momento, os participantes foram con-
vidados a analisar um material pré-confeccionado que, em
seguida, demonstravam a solução dos problemas propos-
tos. A ação foi bem desenvolvida, havendo debates e troca
de ideias, contando com a participação de 39 discentes e
professores.
Conclusões
O objetivo preterido neste trabalho foi relatar os princi-
pais resultados alcançados nesse subprojeto, baseando-se
nos compromissos explicitados no subprojeto do Pibid.
Concluída a tarefa, acredita-se ter conseguido descrever
e refl etir sobre as práticas desenvolvidas sob a tutela do
Pibid – Caicó, à luz da política do Pibid nacional.
Para os envolvidos: bolsistas, professores, coordena-
dores e orientadores, esse evento representou um con-
junto de ações importantes para a formação docente em
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
104 COLETÂNEA DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID-MATEMÁTICA
UFRN/CERES/CAICÓ
Matemática, proporcionando aos docentes iniciantes (gra-
duandos) conhecer e vivenciar o ensino de Matemática
na escola pública da Educação básica. Aos professores
envolvidos, agentes da escola pública, representou a opor-
tunidade de formação continuada e compartilhamento de
novas ideias sobre o ensino da Matemática. Finalmente,
aos coordenadores e orientadores, signifi cou a oportunida-
de de relacionar teoria e prática, desenvolvendo pesquisas
no campo do ensino da Matemática.
Dessarte, numa visão prospectiva, acredita-se que viven-
ciar essa prática proposta pelo Pibid oportunizará a qua-
lifi cação de novos professores e o incentivo à formação
continuada daqueles que já atuam no mercado de trabalho.
Outro aspecto importante trata da motivação de alunos
da escola básica a apreciarem positivamente a Matemá-
tica. Do ponto de vista didático, esse Programa também
possibilitou a aplicação racional de novas tecnologias des-
tinadas ao ensino da Matemática.
O encerramento desse trabalho representa um relato,
mesmo que superfi cial, de momentos signifi cativos da
experiência do Pibid – Caicó durante o biênio 2009/2010.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
105Erivaldo Diniz de Lima, Dayane Santos de Lira, Jucicleide Medeiros de Azevêdo
Referências
ANDRADE, L. N. Decomposição perfeita de retângulos
e quadrados. RPM 69 TUTTE, W. T. Squarring the
Square. Disponível em: <http://www.squaring.net/sq/
ss/ss.html> . Acesso em: 1º set. 2009.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações
Curriculares para o Ensino Médio: conhecimentos de
Matemática. Brasília: MEC, 2006.
BRASIL. MEC. Provas e soluções. Disponível em:
<http://www.obmep.org.br>. Acesso em: 05 jul. 2009.
HONSBERGER, R. Squaring the Square. Disponível em:
<http://www.math.uwaterloo.ca/navigation/ideas/
articles/honsberger2/> . Acesso em: 1º set. 2009.
LIMA, E. L.; CARVALHO, P.C.P.; WAGNER, E.;
MORGADO, A. C. Temas e problemas elementares.
Coleção do Professor de Matemática. SBM.
MENDES, Iran Abreu. Matemática e investigação em
sala de aula: tecendo redes cognitivas na aprendizagem.
São Paulo: Livraria da Física, 2009.
MOREIRA, Marco Antônio. Ensino e aprendizagem:
enfoques teóricos. São Paulo: Moraes, 1985.
WAGNER, E. Construções Geométricas. Coleção do
Professor de Matemática, SBM.
107
ANEXO
108
3.1 BIOJOGOS: UMA ABORDAGEM LÚDICA DE TEMAS DA BIOLOGIA
3.2 CRUZAGENS: UMA PROPOSTA LÚDICA
NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GENÉTICA
3.3 BINGO BIO: UMA ATIVIDADE LÚDICA ENVOLVENDO A ECOLOGIA
3.4 BIOAÇÃO: INSTRUMENTO FACILITADOR AO ENSINO SOBRE SERES VIVOS
3.5 JOGO PARADIDÁTICO: BIOMINÓ
3.6 JOGO DE TABULEIRO PARA ESTUDAR O REINO MONERA
3.7 A INFLUÊNCIA DO LÚDICO NAS AULAS DE BIOLOGIA
3.8 AGENTE DA DENGUE: O JOGO PARADIDÁTICO EM SALA DE AULA
3.9 O JOGO DE QUEBRA-CABEÇAS CITOLÓGICO
3.10 CITOJOGO: UMA LUDICIDADE SOBRE AS ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS
3.11 JOGO BIO: FERRAMENTA LÚDICA NO
ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
3
111
3.1
* Coordenador do Subprojeto Pibid da Licenciatura em Biologia.
BIOJOGOS: UMA ABORDAGEM
LÚDICA DE TEMAS DA BIOLOGIA
Alexandre Augusto de Lara Menezes
Uma das atividades desenvolvidas pelos bolsistas
durante a execução do Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) de Biologia
foi elaborar e aplicar jogos abordando temas de Biologia
do Ensino Médio.
Jogos são ferramentas didáticas que, se adequadamente
aplicados, contribuem para o processo de ensino e apren-
dizagem. Quando bem planejado, o jogo passa a ser um
recurso pedagógico efi ciente no processo de construção
do conhecimento, funcionando como atividade lúdica
com o objetivo de promover o raciocínio, a criatividade
e a aprendizagem (GRACIOLLI; ZANON; SOUZA, 2008),
diferenciando-se do material pedagógico comum por conta
de seu aspecto lúdico (ZANON; GUERREIRO; OLIVEIRA,
2008). O papel do lúdico é levar a emoção para a sala
de aula, favorecendo a formação de memórias em longo
prazo e o tipo de memória necessária para que ocorra a
aprendizagem signifi cativa (LEITE; BRANCALHÃO, 2010).
A utilização adequada de variados instrumentos na ati-
vidade didática contribui para a construção e reprodução
da visão de mundo e para a formação de cidadãos efeti-
vamente participativos e estimulados. Partindo-se desse
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
112 BIOJOGOS: UMA ABORDAGEM LÚDICA DE TEMAS DA BIOLOGIA
ponto, fi ca evidente a necessidade de efetuar adequações
didáticas do processo ensino-aprendizagem para alcançar
essas expectativas, promovendo interconexões entre o pro-
cesso educacional e a evolução da tecnologia para alcançar
uma aprendizagem diferenciada e signifi cativa. No caso
do ensino de biologia, é fundamental que seja adequado
ao desenvolvimento de competências que permitam ao
aluno lidar com as informações, levando em consideração
que o sistema educacional possui como uma das suas fi -
nalidades proporcionar aos futuros cidadãos a capacidade
de aprender, de forma que possam ser aprendizes mais
fl exíveis, efi cazes e autônomos (POZO, 2003).
Como a compreensão dos conceitos é gradual e sempre
exige esforço do aluno e para que a compreensão seja
melhorada cada vez que entrar um novo conceito, ele
deve relacioná-lo aos conhecimentos prévios que possui.
Embora essa relação seja complexa, de um modo geral,
quando acontece, ocorre uma aprendizagem signifi cativa,
ou seja, o aluno consegue assimilar nova informação aos
seus conhecimentos prévios, em decorrência do desequi-
líbrio e do confl ito provocados pela nova informação com
que entrou em contato, podendo levar a mudanças con-
ceituais dos conhecimentos prévios.
De acordo com Moreira e Masini (1982), quando os te-
mas são muito complexos, para atingir o nível de compreen-
são necessário, o professor deve trabalhar os conteúdos e as
informações utilizando estratégias e instrumentos de ensino
os mais signifi cativos possíveis. Nesse sentido, o jogo lúdico
pode ser considerado uma estratégia de interação social em
situações diversas, promovendo aprendizagem orientada
que garanta a troca entre os alunos, de modo que possam
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
113Alexandre Augusto de Lara Menezes
comunicar-se e expressar-se demonstrando seus modos de
agir, de pensar e de sentir em um ambiente acolhedor e que
propicie a confi ança e a autoestima.
O potencial do jogo como recurso didático para o ensi-
no é consequência de uma união de aspectos fundamen-
tais como interesse, brincadeira e conteúdos curriculares.
Durante a execução do jogo, o aluno não é apenas um ou-
vinte, mas um agente ativo do processo de aprendizagem.
Friedman (1996) considera que os jogos lúdicos encontram-
se na gênese da construção do conhecimento, da apropriação
da cultura e da constituição da criança como sujeito humano,
como aspecto fundamental do processo de formação. Além
de aumentar a capacidade de criar alegrias culturais, os jogos
lúdicos e a mediação do professor poderão propiciar espaços
e situações de aprendizagens que articulem os recursos e as
capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas do aluno
aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes
aos diferentes campos de conhecimento.
Assim, o jogo constitui-se num importante recurso para
auxiliar o professor, pois ajuda na habilidade de resolução
de problemas, favorece a apropriação de conceitos e
atende às necessidades da adolescência, estimulando os
alunos a construírem ou refazerem conceitos (CAMPOS;
BORTOLOTO; FELÍCIO, 2002).
Diversos estudos apontaram os jogos como excelentes
instrumentos pedagógicos. Os jogos didáticos podem ser
considerados ferramentas lúdicas que têm a fi nalidade de
proporcionar a aprendizagem de determinados conheci-
mentos, mostrando-se efi caz na assimilação de conteúdos
de difícil compreensão, levando em consideração o entre-
tenimento ou o prazer fi car associado com o aprendizado.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
114 BIOJOGOS: UMA ABORDAGEM LÚDICA DE TEMAS DA BIOLOGIA
Para Fialho (2008), os jogos são objetos motivadores,
gerando no indivíduo o desejo de vencer e, por conse-
guinte, provocando uma sensação agradável. Esses ins-
trumentos também se mostram mais signifi cativos que
os exercícios, uma vez que trazem, de forma simples,
situações mais próximas da realidade. O uso dessas ativi-
dades em sala de aula permite que os alunos participem
espontaneamente, além de favorecer a cooperação e a
socialização entre alunos e professores (PEDROSO, 2009).
Diversas são as formas de inserir os jogos como me-
todologia de ensino e diversos são os tipos de jogos que
podem ser empregados nos diferentes contextos e disci-
plinas (PELIZZARI; et al., 2002).
Partindo dessas condições, fi cou defi nido em uma dis-
cussão, realizada no projeto, que cada um dos bolsistas
deveria elaborar um jogo abordando um tema de biologia
que pudesse ser utilizado em turmas de Ensino Médio.
Estando defi nido o jogo pelo bolsista, cada um fez
apresentação para a equipe de modo que fosse efetuada
uma avaliação das características do jogo antes que fosse
aplicado. Após a realização das correções sugeridas e a
preparação dos materiais, cada jogo passou a ser usado
na escola onde o projeto esteve atuando junto aos alunos.
Uma vez aplicado o jogo, os alunos participantes rece-
biam um questionário no qual faziam uma avaliação sobre
a qualidade do jogo, o interesse em participar e o efeito
do jogo em aplicar o conhecimento adquirido. Diante dos
resultados obtidos, os jogos que mostraram bom desem-
penho estão apresentados pelos autores constantes na lista
de Referências que ora elencamos.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
115Alexandre Augusto de Lara Menezes
Referências
CAMPOS, L. M. L.; BORTOLOTO, T. M.; FELÍCIO, A.
K. C. A produção de jogos didáticos para o ensino
de ciências e biologia: uma proposta para favorecer a
aprendizagem. Disponível em: <http://www.unesp.br/
prograd/PDFNE2002/aproducaodejogos.pdf>.
Acesso em: 20 maio 2011.
FIALHO, N. N. Os jogos pedagógicos como ferramentas
de ensino. VIII Congresso Nacional de Educação, 2008,
Curitiba. Anais... Curitiba: Champagnat, 2008. p.
12298- 12306.
FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender: o resgate
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117
3.2CRUZAGENS: UMA PROPOSTA
LÚDICA NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM DE GENÉTICA
Adriana de Souza Santos*
Cruzagens é um jogo de palavras cruzadas que teve
como referência a Genética, com o intuito de apoiar
didaticamente professores de Biologia, mas esse
jogo também pode ser utilizado com qualquer conteúdo
dessa área.
O estudo exploratório revelou que o modelo de jogo pode
despertar efetivo interesse do participante para termos e
conceitos específi cos de Biologia, como também aproximar
ainda mais os participantes rumo a um trabalho colaborativo
e em grupo, aliado ao caráter competitivo entre eles.
O jogo de palavras cruzadas foi construído com a ajuda
do programa Crossword Compiler, facilmente encontrado
em sites de downloads. Nesse programa, lançamos as pa-
lavras e ele organiza-as de várias formas, dando diversas
opções para a construção.
Cruzagens é constituído de 1 pôster reutilizável de
material encerado formando a cruzada (90x120 cm), 30
fi chas de perguntas, e 90 fi chas de pontuação. As fi chas
de perguntas são ordenadas e caracterizadas nos sentidos
vertical e horizontal, de acordo com a organização das
respostas na cruzada, sendo constituído por 15 perguntas
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
118 CRUZAGENS: UMA PROPOSTA LÚDICA NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GENÉTICA
horizontais e 15 perguntas verticais impressas em papel
peso 40 e recoberto com papel contato. As fi chas de pon-
tuação são de três cores diferentes – vermelha, amarela e
verde – valendo respectivamente 5, 3 e 2 pontos, sendo
30 de cada cor, feitas com cartolina.
Regras e estratégias
Para iniciar o jogo é necessária a formação de equi-
pes, as quais podem ser feitas pelo professor por meio de
sorteio, para que não ocorra a formação de grupos pré-
existentes na sala. A formação de equipes é importante,
pois o jogo foi idealizado para favorecer o cooperativismo,
isto é, a distribuição dos alunos em grupo favorece a troca
de informações durante a aplicação do jogo.
Cada equipe formada responde a uma questão por ro-
dada, valendo 5 pontos. A cada rodada do jogo partici-
pa um membro da equipe, porém, sua resposta pode ser
orientada pelos outros da equipe. Caso a equipe não saiba
a resposta, a pergunta é passada para próxima equipe e
passa a valer 3 pontos. Na falta de resposta da segunda
equipe a questão é passada para a próxima equipe e assim
por diante. A partir daí, a questão passa a valer 2 pontos
para qualquer equipe que a responda.
A pergunta que não for respondida após passar por
todas as equipes, volta para o fi nal das fi chas de pergun-
tas, entrando novamente no jogo. O jogo segue a partir
da equipe para a qual a questão foi passada pela primeira
vez. O jogo termina quando a cruzada estiver preenchi-
da, ou quando as equipes não souberem as respostas das
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
119Adriana de Souza Santos
fi chas restantes. Ganha o jogo a equipe que obtiver o
maior número de pontos.
Os alunos devem responder as questões do jogo sem
utilizar o livro ou suas próprias anotações como fonte de
consulta. Durante a aplicação do jogo, o professor assu-
me a função de mediador entre os grupos, observando
possíveis equívocos e esclarecendo dúvidas e também
incentivando a cooperação, a discussão e a manifestação
de diferentes pontos de vista durante a realização do jogo.
Após o término do jogo, deve realizar as intervenções
necessárias para efetivar as correções.
Para animar mais, o professor pode oferecer algum tipo
de premiação, como estímulo a participação do aluno, po-
rém não é recomendável utilizar a pontuação na caderneta
para incentivar a participação.
Questões Verticais
1) São organismos originados da alteração molecular do
DNA, uma vez que são introduzidos no DNA desses
organismos trechos do DNA de outros organismos
pertencentes a outra espécie.
2) Cada característica genética de um organismo é condi-
cionada por dois fatores, um proveniente do pai e o ou-
tro, da mãe. Que denominação é dada a esses fatores?
3) Conjunto cromossômico de uma espécie o qual repre-
senta o número total e o tipo de cromossomos de uma
célula somática.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
120 CRUZAGENS: UMA PROPOSTA LÚDICA NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GENÉTICA
4) Conjunto de processos biológicos que asseguram que
cada ser vivo receba e transmita informações genéti-
cas através da reprodução.
5) Processo em que vários pares de genes interagem de-
terminando apenas um caráter.
6) Casos em que os genes alelos não têm relação de do-
minância e recessividade entre si, onde o heterozi-
goto não apresenta um fenótipo intermediário, e sim
dois fenótipos simultaneamente.
7) Os pares de alelos localizados em cromossomos não
homólogos separam-se independentemente na forma-
ção dos gametas. A que lei da genética se refere este
enunciado?
8) Constituído por uma longa molécula de DNA asso-
ciado a diversas proteínas, sendo responsáveis por
carregar toda a informação que as células necessitam
para seu crescimento, desenvolvimento e reprodução.
9) Quantifi cação gênica de células que possuem pares
de cromossomos homólogos unidos a partir da fusão
de núcleos germinativos haplóides das células repro-
dutivas, espermatozóides e óvulo.
10) Tipo de interação gênica em que dois ou mais pares
de genes apresentam seus efeitos somados, em relação
a um mesmo caráter, de maneira a ocasionar a mani-
festação de um fenótipo em diferentes intensidades.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
121Adriana de Souza Santos
11) Processo frequente onde um mesmo par de alelos,
sob as mesmas condições ambientais, pode ser respon-
sável pela determinação de dois ou mais caracteres.
12) Gêmeos fraternos têm constituição genética tão di-
ferente quanto a dois irmãos não-gêmeos, podendo
ser até de sexos diferentes. Cientifi camente como são
denominados os gêmeos fraternos?
13) Indivíduos que possuem dois alelos diferentes para
uma determinada característica, são indivíduos que
apresentam qual tipo de genótipo?
14) Variedade do caráter que pode aparecer no indiví-
duo e, portanto, observável de alguma forma, visual-
mente ou por meio de testes.
15) Progenitores de ambos os sexos, tanto em animais
como em vegetais, participam da reprodução, cada
um deles fornecendo células sexuais. Qual o nome
dado a essas células?
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
122 CRUZAGENS: UMA PROPOSTA LÚDICA NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GENÉTICA
Questões Horizontais
1) Cada uma das formas alternativas de um gene, que
pode ocupar o respectivo lócus e cujo número varia,
sua representação normal é feita por meio de uma letra.
2) Técnica que consiste em introduzir no organismo de
uma pessoa que tenha uma doença genética células
contendo o alelo normal correspondente ao alelo cau-
sador da doença.
3) Gêmeos idênticos são originados do mesmo zigoto,
apresentam exatamente os mesmos genes, e são tam-
bém denominados de?
4) Caráter hereditário determinado na ausência de seu
alelo dominante.
5) “Cada caráter é condicionado por dois fatores. Eles
se separam na formação dos gametas, indo apenas
um fator para cada gameta”. Esta frase refere-se a
qual lei da genética?
6) São consequências de mutações ocorridas em um lo-
cus gênicus, originando vários alelos que determinam
variantes numa determinada característica.
7) Material genético dos seres procariontes e eucarionte.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
123Adriana de Souza Santos
8) Representação gráfi ca dos dados de uma família, com
relação a uma incidência de determinados traços.
9) Processo que pode ser realizado tanto pela interferên-
cia em processos naturais de reprodução, ou a partir
de células somáticas que normalmente não atuam
nos mecanismos reprodutivos.
10) Constituição gênica dos indivíduos, a qual pode ser
deduzida pela característica do organismo ou pelo re-
sultado de cruzamentos.
11) Conjunto de técnicas que permitem a seleção e a
modifi cação de organismos.
12) Referente ao cruzamento de indivíduos da geração
F1 com um de seus genitores ou com indivíduos de
genótipo idêntico a um de seus genitores.
13) Quando um caráter tem dois genes iguais para uma
característica, ou seja, dose dupla de um mesmo alelo.
A que tipo de genótipo se refere essa característica?
14) Ramo da biologia que estuda a trasferência das carac-
teristicas fi sicas e biologicas de geração para geração.
15) Ação do meio ambiente sobre um organismo de for-
ma que seu fenótipo simule o efeito de um gene em
particular, mesmo que o organismo não tenha o gene
em questão.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
124
1V 2V
3V
5V
9V
7V
4V
6V
8V
3H
1H
4H
7H
8H
9H
5H
2H
6H
10H 11H
12H
12V
10V
11V
15V
14V
13V
14H
13H
15H
TRANSGÊNICO
GENES
CODOMI
NÂNCIA
HETEROZIGOTO
HERANÇAQUANTITATIVA
DIPLÓI
DE
CARIÓTIPO
DIZIGÓTICO
GAMETAS
SEGUNDALEI
DEMENDEL
INTERAÇÃOGÊNICA
PLEIOTROPIA
CROMOSSOMOS
FENÓTIPO
HEREDITARIEDADE
A
M
M M
M
M
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O
L O
CRUZAGENS: UMA PROPOSTA LÚDICA NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GENÉTICA
As palavras cruzadas
125
3.3BINGO BIO: UMA ATIVIDADE
LÚDICA ENVOLVENDO A ECOLOGIA
Felipe César Neves Miranda
Como construir um bingo voltado à biologia?
O Bingo Bio pretende associar a expectativa de um
bingo comum aos conhecimentos adquiridos no
ensino de Biologia, abordando os principais con-
ceitos aplicados à ecologia no Ensino Médio.
O jogo é composto de vinte cartelas feitas com papel A4
peso 40, plastifi cadas em papel contact, com sete alterna-
tivas de resposta por cada cartela. O número de respostas
por cartela foi divido como em cartelas de um bingo tradi-
cional, três colunas e três linhas, onde na segunda coluna
e na segunda linha o elemento central é marcado por um
carimbo com o nome do jogo, não sendo assim considerada
uma alternativa de resposta para as perguntas. Junto com
as tabelas, também foi elaborada uma fi cha mediadora,
onde estão descritas trinta e seis perguntas, onde algumas
incluem termos de fácil compreensão e outras que deman-
dam maior desempenho cognitivo. Essa fi cha contém todas
as perguntas seguidas de resposta, para que o professor
possa conferir se todas as perguntas chamadas estão de
encontro com as respostas já tiradas na cartela e que foram
computadas pelo aluno que se declarou ganhador.
* Bolsista do Bibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
126 BINGO BIO: UMA ATIVIDADE LÚDICA ENVOLVENDO A ECOLOGIA
As tradicionais bolinhas numeradas foram substituídas
por trinta e seis pequenos cartões contendo uma ques-
tão específi ca plastifi cados com papel contact. Os cartões
plastifi cados devem sempre fi car dentro de uma sacola e
serem removidos um a um, de acordo como o bingo tra-
dicional. Em seguida, ocorre a leitura do professor em voz
alta da pergunta para a turma e, à medida que uma nova
pergunta for sendo retirada da sacola, o cartão retirado
anteriormente terá que ser posto em outro local para não
correr o risco de se misturar com os demais não chamados
e desse modo não ser chamado novamente. Para marcar
as alternativas, os alunos podem usar lápis hidrográfi co,
sementes, confetes ou qualquer outro material disponível.
As respostas foram distribuídas nas tabelas de forma alea-
tória, de modo que não houvesse nenhuma tabela com todos
os campos igual à outra. Quando se tem um grande número
de cartelas, é sugerido que se usem cálculos de probabilidade
matemática para que não ocorra a confecção de duas cartelas
iguais. No Quadro 1, demonstramos modelos de cartelas.
Quadro 1 – Modelos de cartelas
Componentes Abióticos Componentes Bióticos Comunidade Biológica
Organismos Autótrofos BINGO BIO Organismos Heterótrofos
Consumidores Primários Consumidores Secundários Consumidores Terciários
Componentes Abióticos Cadeia Alimentar Comunidade Biológica
Produtores BINGO BIO Canibalismo
Consumidores Primários Teia Alimentar Consumidores Terciários
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
127Felipe César Neves Miranda
Questões a serem incluídas nos cartões
1) Compostos pela radiação solar, temperatura, luz,
umidade, ventos, nutrientes presentes na água e no
solo, estes compostos referidos formam: COMPO-
NENTES ABIÓTICOS.
2) Juntando todos os seres vivos, formamos: COMPO-
NENTES BIÓTICOS.
3) Em um ecossistema vivem várias populações de di-
ferentes espécies de seres vivos, o conjunto dessas
populações chama-se: COMUNIDADE.
4) São seres capazes de produzir seu próprio alimento:
ORGANISMOS AUTÓTROFOS.
5) Necessitam se alimentar de outros organismos:
ORGANISMOS HETERÓTROFOS.
6) São seres que se alimentam de organismos produto-
res: CONSUMIDORES PRIMÁRIOS.
7) Seres que se alimentam apenas de organismos herbí-
voros: CONSUMIDORES SECUNDÁRIOS.
8) Seres que se alimentam de consumidores secundá-
rios: CONSUMIDORES TERCIÁRIOS.
9) São representados por todos os seres fotossintetizan-
tes e quimiossintetizantes: PRODUTORES.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
128 BINGO BIO: UMA ATIVIDADE LÚDICA ENVOLVENDO A ECOLOGIA
10) É a sequência de seres vivos que serve de alimento
para outro ser vivo: CADEIA ALIMENTAR.
11) A junção de diferentes cadeias alimentares forma
uma complexa relação de transferência de energia e
matéria, denominada: TEIA ALIMENTAR.
12) Forma o conjunto de todos os organismos de um
ecossistema com o mesmo tipo de nutrição: NÍVEL
TRÓFICO.
13) São os animais que se alimentam tanto de plantas,
como de carnívoros, como de herbívoros: ONÍVOROS.
14) Formam um grupo especial, nutrindo-se de
elementos mortos de diferentes níveis trófi cos:
DECOMPOSITORES.
15) É o lugar em que um organismo ocupa no ecossis-
tema: HABITAT.
16) É descrito pelo modo de vida de um organismo: NI-
CHO ECOLÓGICO.
17) É o ciclo em que a matéria pode ser reciclada: CI-
CLO BIOGEOQUÍMICO.
18) Pode ser divida em escalas de números, biomassa
ou energia: PIRÂMIDES ECOLÓGICAS.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
129Felipe César Neves Miranda
19) Fundamentada para a biosfera, além de conter gases
essenciais para a vida, impede que a terra perca calor:
ATMOSFERA.
20) Conjunto de seres de uma determinada espécie:
POPULAÇÃO.
21) Um indivíduo mata o outro da mesma espécie para
se alimentar: CANIBALISMO.
22) Os participantes se benefi ciam de forma mútua e
mantém uma relação de dependência: MUTUALISMO.
23) Um indivíduo captura e mata outro indivíduo, de uma
espécie diferente para se alimentar: PREDATISMO.
24) Relação em que um organismo vive no corpo de um
indivíduo de outra espécie, de onde retira seu alimen-
to: PARASITISMO.
25) Um indivíduo obtém proteção ao se associar a ou-
tro, sem lhe causar prejuízo: INQUILINISMO.
26) Corresponde a velocidade com que novos indivídu-
os são adicionados a população, por meio de reprodu-
ção: TAXA DE NATALIDADE.
27) Corresponde a velocidade em que indivíduos são
eliminados da população, por meio da morte: TAXA
DE MORTALIDADE.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
130 BINGO BIO: UMA ATIVIDADE LÚDICA ENVOLVENDO A ECOLOGIA
28) É resultante da fração taxa de natalidade sobre taxa
de mortalidade: ÍNDICE DE CRESCIMENTO.
29) É um conjunto de fatores que os indivíduos têm
e que se opõem ao potencial biótico: RESISTÊNCIA
AMBIENTAL.
30) É a sequência em que uma comunidade passa por está-
gios de seu desenvolvimento: SUCESSÃO ECOLÓGICA.
31) São organismos geralmente microscópicos que vi-
vem em suspensão na coluna d’água: PLÂNCTON.
32) São as espécies que iniciam o processo de sucessão
ecológica: ESPÉCIES PIONEIRAS.
33) São grandes ecossistemas terrestres com uma fi sio-
nomia vegetal característica: BIOMAS.
34) Podem provocar o desequilíbrio em um determina-
do ecossistema: INTRODUÇÃO DE NOVAS ESPÉCIES.
35) Barulhos ou altos volumes de som produzem: PO-
LUIÇÃO SONORA.
36) É caracterizado por meio do aumento da temperatu-
ra do ar ou da água, provocando assim alterações no
meio ambiente: POLUIÇÃO TÉRMICA.
131
3.4BIOAÇÃO: INSTRUMENTO FACILITADOR
AO ENSINO SOBRE SERES VIVOS
Jamilly de Sousa Costa Eduardo*
A proposta do jogo BioAção tem como objetivo a par-
ticipação dos alunos que, formando dois grupos
ou mais, trabalhem de forma cooperativa ou com-
petitiva na resolução do problema proposto, que consiste
em determinar os grupos dos Seres Vivos e caracterizá-
los. Este jogo pode ser aplicado antes da apresentação
do conteúdo, para saber como estão os alunos a respeito
desse assunto, ou após as explicações para identifi car o
que não foi aprendido.
O BioAção foi desenvolvido para ser um jogo de estra-
tégias que estimula a apresentação de mímica ou de dese-
nho do componente escolhido pelo grupo. Para executar a
atividade, os alunos devem recordar as aulas anteriores e
fi xar o conteúdo, relembrando defi nições e características
de cada ser vivo exigido pelo jogo. O docente pode apli-
car esse jogo em qualquer série e, se preferir, pode retirar
algumas cartelas mais complicadas, dependendo do ano
em que esteja ensinando.
O tabuleiro, que é composto por casas numeradas e
pode ser desenhado no quadro pelo professor ou confec-
cionado em cartolina, é o local onde cada acerto vira uma
casa conquistada. No caso de o tabuleiro ser de cartolina,
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
132 BIOAÇÃO: INSTRUMENTO FACILITADOR AO ENSINO SOBRE SERES VIVOS
precisam-se de dois pinos de cores diferentes para cami-
nharem até a linha de chegada. As cartas- chaves contêm
o nome do grupo a ser imitado ou desenhado pelo jogador.
É importante que os participantes não conheçam o con-
teúdo das cartas antes de iniciar o jogo. Só quem saberá o
nome do grupo contido na carta é o professor e o jogador
escolhido para cumprir a tarefa.
Em linhas gerais o jogo deverá seguir a seguinte dinâmica:
» escolhe-se em qual categoria a turma quer competir:
desenho ou mímica;
» divide-se a turma em dois grupos A e B e tira-se na
sorte o grupo que irá iniciar a partida;
» cada grupo indica o integrante que iniciará o jogo;
» sorteia-se uma cartela, a cuja informação somente o
professor e o componente encarregado têm acesso;
» marca-se o tempo de um minuto, no relógio, e o com-
ponente inicia o desenho ou a mímica para transferir
a informação aos integrantes do grupo;
» em um minuto, o grupo deverá conseguir decifrar o
tema da cartela. Após isso, devem ser ditas duas ca-
racterísticas específi cas do grupo em questão;
» após todas as tarefas terem sido executadas correta-
mente, o grupo conquistará uma casa;
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
133Jamilly de Sousa Costa Eduardo
» ganha o jogo o grupo que primeiro chegar à Saída e a
que tiver o maior número de casas conquistadas.
Os alunos que forem escolhidos para realizar as tarefas
possuem total autonomia sobre as decisões de sequência
de jogadas para resolução do problema proposto, desde que
obedecidas as regras defi nidas para o jogo, como segue:
» haverá rodízio entre os integrantes de cada equipe a
cada vez que a mesma jogar;
» não é permitido o uso de LETRAS ou NÚMEROS nos
desenhos ou mímicas;
» dois ou mais peões podem ocupar, ao mesmo tempo,
uma mesma casa no tabuleiro, caso o docente resolva
utilizar um tabuleiro de cartolina;
» se o tabuleiro for desenhado no quadro, cada casa
deverá ser conquistada por um dos dois grupos.
135
3.5JOGO PARADIDÁTICO: BIOMINÓ
José Emerson Fernandes de Oliveira
O jogo Biominó foi planejado para proporcionar uma
melhor aprendizagem do conteúdo referente ao tema
biologia celular. Desde já esse jogo pode contemplar todos os demais assuntos referentes à biologia, como tam-
bém as mais diversas disciplinas. Como o Biominó já foi
aplicado antes de iniciar a aula de citologia, foi observado
um melhor desempenho dos alunos no que ser refere ao
aprendizado do conteúdo após a utilização desse jogo.
O jogo Biominó é composto por 21 peças, com formato
retangular cuja medição é de 2 cm de largura por 8 cm
de comprimento. Essas peças foram confeccionadas com
madeira, papel de peso 60 para impressão das gravuras
e dos enunciados, e papel contact para selar o papel de t
peso 60 na madeira.
As gravuras desenvolvidas para este jogo foram fi guras
de mitocôndrias, lisossomos, parede celular, cloroplastos,
membrana plasmática e núcleo. Para o enunciado foram
elaborados temas como características, funções, localiza-
ção dos componentes citados, etc. Vale salientar que entre
as 21 peças foram construídos 5 carroções que são peças
com os dois lados iguais (Gravura/Gravura, Enunciado/
Enunciado, Gravura/Enunciado – os dois pertencentes a
mesma estrutura).
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
136 JOGO PARADIDÁTICO: BIOMINÓ
Segue o esquema das peças para melhor entendimen-
to. Encontram-se anexas a esse trabalho todas as demais
informações que compreendem esse jogo.
O lado direito da tabela refere-se às informações que
deverão ser postas no lado direito da peça, assim como
as informações do lado esquerdo da tabela do lado es-
querdo da peça.
Como jogar
O jogo tem as mesmas regras do jogo Dominó. Joga-se
com no mínimo dois participantes, no qual os membros
devem relacionar as peças com suas devidas gravuras ou
enunciados. Em cada rodada, iniciará o jogo quem trouxer
o carroção do núcleo celular, tendo como pressuposto de
que é ele que abriga a estrutura mais importante da célula.
O professor pode optar por fazer o jogo acontecer dis-
tribuindo igual quantidade de peças a cada participante,
ou deixar certa quantidade de peças fora do jogo, a fi m de
que o componente, quando não estiver com a peça cor-
respondente, puxe uma peça que fi cou na reserva. Vence
o jogo o participante que primeiro fi nalizar o jogo e não
tenha nenhuma peça restante em seu domínio. Caso o
jogo venha a trancar porque quando nenhum componente
possui as peças correspondentes, pode ser considerado
vencedor o jogador que tenha o menor número de peças
no seu domínio. Caso o empate persista, vencerá o jogo
quem possuir o menor número de carroção. Se ainda não
houver vencedor, este poderá ser considerado aquele que
informar os conteúdos das peças que seriam adicionadas
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
137José Emerson Fernandes de Oliveira
em cada extremidade. O Quadro 1 apresenta o conteúdo,
e a Figura 1 apresenta o modelo das peças.
Quadro 2 – Conteúdo das peças do jogo
Lado esquerdo Lado direito
Figura: membrana plasmática Responsável pelo processo de autofagia
Figura: membrana plasmática Singer e Nicholson
Figura: membrana plasmáticaFilamentos citoplasmáticos
denominados plasmodesmos
Figura: membrana plasmática Figura: carioteca
Modelo mosaico fl uidoPossuem pigmentos
chamados de clorofi la
Permeabilidade seletiva Figura: mitocôndria
Figura: carioteca Figura: carioteca
Figura: carioteca Figura: lisossomos
Formada por duas membranas fosfolipí-
dicas interrompidas por porosFigura: parede celular
Separa o material
genético do citoplasmaFigura: mitocôndria
Diferencia os seres procarióticos de
eucarióticosFigura: cloroplastos
Figura: parede celular Figura: parede celular
Figura: parede celular Formação de vacúolos digestivos
Nos fungos essa estrutura
é rica em quitinaFigura: mitocôndria
Também conhecida
como membrana celulósica
Capta energia solar
e transforma em química
Figura: mitocôndria Presença de proteases e lipases
Produção de energia em células animais Ciclo de Krebs e cadeia respiratória
Figura: lisossomos Figura: lisossomos
Figura: cloroplastosA sua membrana interna é denominada
de cristas
Figura: cloroplastos Responsável pela fotossíntese
Figura: cloroplastos Digestão intracelular
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
138 JOGO PARADIDÁTICO: BIOMINÓ
Figura 1 – Modelo das peças
139
3.6JOGO DE TABULEIRO
PARA ESTUDAR O REINO MONERA
Maria da Guia Silva das Chagas*
Uma das inúmeras fi nalidades do sistema educacio-
nal é oferecer aos alunos oportunidades de apren-
der para que sejam cidadãos fl exíveis, efi cazes e
autônomos. Tendo como ponto de partida uma aprendiza-
gem signifi cativa, a inclusão de jogos didáticos em sala de
aula ajuda na formação educacional dos alunos. O jogo de
tabuleiro é um jogo bastante conhecido que foi elaborado
abordando o Reino Monera com o objetivo de fazer com
que o aluno possa conhecer os conceitos em relação às
bactérias, de modo a estimular o raciocínio e a solução
de desafi os que irão aparecer no decorrer da vida escolar.
O jogo
O jogo tipo tabuleiro para dois ou mais jogadores é
composto por: um tabuleiro, dois ou mais pinos, um dado
de seis faces e cartas com as perguntas e suas respectivas
respostas. O tabuleiro contendo dezesseis casas foi ela-
borado com o programa Corel Draw, tendo dimensão de
45x45 cm, impresso em papel adesivo e fi xado em uma
tábua confeccionada para esse fi m. Os cartões contendo
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
140 JOGO DE TABULEIRO PARA ESTUDAR O REINO MONERA
as questões e respectivas respostas e também os passos do
jogo foram impressos em papel peso 40. Foram elaboradas
38 questões, com nível de difi culdade fácil, médio e difícil.
As regras
Para iniciar o jogo, é necessário que o professor forme
as equipes e passe as regras de maneira clara a todos os
participantes. Após as equipes serem formadas, iniciará o
jogo a equipe que tiver obtido a maior pontuação no dado,
passando a responder a questão que o professor irá ler no
respectivo cartão. O professor media o jogo informando
se haverá avanço, recuo ou parada da equipe no jogo,
conforme o resultado da resposta apresentada.
O tabuleiro é composto de dezesseis casas para res-
ponder a questão. Em duas delas, o jogador que acertar a
resposta ganhará um brinde, e uma outra proporciona ao
jogador que primeiro chegar o direito de fazer uma per-
gunta ao seu adversário que terá o direito de andar duas
casas se acertar, e se errar fi cará uma rodada sem jogar.
Ganha o jogo a equipe que primeiro chegar ao fi nal.
As questões
1) Qual tipo de reprodução assexuada é realizada pe-
las bactérias?
R – Bipartição.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
141Maria da Guia Silva das Chagas
2) Qual o tipo reprodução em algumas bactérias que é
caracterizado com uma transferência do material ge-
nético através de pontes citoplasmáticas?
R – Conjugação.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
3) Como vivem os seres procariontes do reino Monera
que compreende as bactérias e as cianobactérias?
R – Esses organismos podem viver como células isola-
das, microscópicas ou formar colônias visíveis a olho
nu, compostas de muitos indivíduos.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
4) Qual grupo de bactérias não tem parede celular?
R – Micoplasma.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
5) O que são bactérias decompositoras e qual sua con-
tribuição para o nosso planeta?
R – São bactérias que atuam degradando organismos
mortos e com isso contribuindo para a reciclagem da
matéria orgânica do planeta.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
142 JOGO DE TABULEIRO PARA ESTUDAR O REINO MONERA
6) Como atuam as bactérias fotossintetizantes?
R – Atuam como produtoras de cadeias alimentares e
contribuem com a liberação do oxigênio no ambiente.
Correto: avançar 2 casas
Errado: voltar 1 casa
7) Que organismo faz com que a maior parte do nitrogê-
nio que compõe as moléculas orgânicas possa ingres-
sar nos ecossistemas?
R – Bactérias.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
8) Cite quatro doenças causadas por bactérias.
R – Botulismo, cólera, coqueluche, sífi lis, tétano, pneu-
monia, leptospirose, febre maculosa, hamseníase (le-
pra), difteria, meningite epidêmica, tuberculose.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
9) As bactérias são lembradas como formas nocivas,
pois podem causar doenças e estragar alimentos, mas
as bactérias são fundamentais para a manutenção da
vida em nosso planeta. Cite algumas formas de como
as bactérias podem ser úteis.
R – Bactérias decompositoras, bactérias fotossintetizan-
tes, bactérias simbiontes, bactérias usadas na indústria
de alimentos e na farmacologia.
Correto: avançar 2 casas
Errado: voltar 2 casas
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
143Maria da Guia Silva das Chagas
10) Qual o principal componente químico da parede ce-
lular das bactérias?
R – Peptidoglicano.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
11) Como podem ser classifi cadas as bactérias de acor-
do com o método desenvolvido pelo cientista Hans
Christian Gram?
R – Bactérias gram positivas e gram negativas.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
12) Porque o antraz é chamado de arma biológica?
R – Pelo fato de produzir esporos, formas de resistên-
cia, os esporos dessa espécie de bactéria podem fi car
dezenas ou centenas de anos no ambiente, esperando
condições ambientais favoráveis para se multiplicar.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
13) Quais os mecanismos que aumentam a variabilida-
de genética em algumas bactérias?
R – Conjugação, transformação e transdução.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
144 JOGO DE TABULEIRO PARA ESTUDAR O REINO MONERA
14) Como ocorre o processo de conjugação?
R – Duas bactérias unem-se e estabelecem entre si uma
ponte de transferência. Uma delas, chamada macho,
duplica parte de seu DNA e doa essa parte para outra
bactéria que é chamada fêmea.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
15) Como ocorre o processo de transformação?
R – Uma bactéria absorve moléculas de DNA disponí-
veis no meio e as incorpora ao seu DNA. Essas bacté-
rias fi cam então com constituição genética modifi cada
e são chamadas de transformadas.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
16) Como ocorre o processo de transdução?
R – Transferência de genes de uma bactéria para outra
por intermédio de vírus.
Correto: Avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
17) Qual doença é causada pela ingestão de uma toxina
liberada por uma bactéria encontrada em alimentos
enlatados e conservas artesanais?
R – Botulismo.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
145Maria da Guia Silva das Chagas
18) Como age a toxina que causa o botulismo?
R – A toxina bloqueia a transferência dos sinais nervo-
sos para os músculos.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
19) Cite uma doença bacteriana relacionada ao sanea-
mento básico inadequado.
R – Cólera, leptospirose.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
20) Cite uma doença bacteriana que pode ser evitada
com o uso da camisinha.
R – Sífi lis, gonorréia.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
21) Cite duas doenças bacterianas que podem ser evita-
das com a vacinação como medida profi lática.
R – Coqueluche, difteria, meningite epidêmica, tétano,
tuberculose.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
22) O que são fl agelos e qual sua função nas bactérias?
R – São organelas especiais, constituídas por uma es-
trutura proteica denominada fl agelina, e têm função
de locomoção.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
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146 JOGO DE TABULEIRO PARA ESTUDAR O REINO MONERA
23) Qual o gênero de bactéria utilizada na indústria far-
macêutica para a produção dos antibióticos tirotricina
e bacitracina?
R – Bacillus.
Correto: avançar 1 casa
Errado: Voltar 1 casa
24) Quais são os constituintes de uma bactéria?
R – Parede celular, citoplasma, fímbrias, fl agelos, ribos-
somos, membrana plasmática, plasmídeos.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
25) Qual o nome do tratamento estético que é utilizado
a partir da extração de uma toxina da bactéria Clostri-
dium botulinum?
R – Botox.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
26) Cite uma substância que vem sendo produzida a
partir da utilização de bactérias em engenharia ge-
nética e biotecnologia para a síntese de substâncias.
R – Insulina, hormônio do crescimento.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
147Maria da Guia Silva das Chagas
27) Como são denominadas as bactérias que vivem asso-
ciadas a outros seres vivos e não agridem os parceiros?
R – Bactérias simbiontes.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
28) Como são chamadas as bactérias que morrem na
presença de oxigênio?
R – Bactérias anaeróbicas obrigatórias.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
29) Onde podem ser encontradas as bactérias?
R – Na água, no ar, no solo, nos objetos, na superfície
e no interior de outros seres vivos.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
30) Algumas bactérias são organismos fermentadores,
pois degradam parcialmente moléculas orgânicas ri-
cas em energia, podendo resultar em diversos pro-
dutos. Cite alguns alimentos que são fabricados pela
fermentação desses organismos.
R – Coalhada, queijo, iogurte, pão.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
148 JOGO DE TABULEIRO PARA ESTUDAR O REINO MONERA
31) Quais são as alternativas de nutrição das bactérias?
R – Heterotrófi cas e autotrófi cas.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
32) Como se chama a estrutura que está relacionada
com a capacidade de adesão nas bactérias?
R – Fíbrias ou pili.
Correto: avançar 1 casa
Errado: voltar 1 casa
33) Quais os organismos que constituem o reino Monera?
R – As bactérias e as cianobactérias.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
34) Quais são os tipos de arranjos formados pelas colô-
nias de bactérias cocos?
R – Diplococos, estreptococos, estafi lococos, sarcinas.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
35) Qual o agente etiológico da febre maculosa?
R – Rickettsia rickettsii (bactéria parasita intracelular
obrigatória).
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
149Maria da Guia Silva das Chagas
36) Qual o agente etiológico do tétano e onde são en-
contrados principalmente os esporos desse bacilo?
R – Clostridium tetani encontrado principalmente no solo.i
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
37) Qual o modo de transmissão da sífi lis?
R – Via sexual e via congênita.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
38) Cite medidas para se evitar a cólera?
R – Saneamento básico, ingerir água fervida ou fi ltrada,
lavar bem frutas e verduras.
Correto: avançar 1 casa
Errado: 1 rodada sem jogar
151
3.7A INFLUÊNCIA DO
LÚDICO NAS AULAS DE BIOLOGIA
Marinalva Fernandes de Sousa*
Os jogos aqui trabalhados destacam-se por não ne-
cessitarem de recursos dispendiosos para serem
realizar, tornando sua aplicação uma ferramenta
viável e signifi cativa para auxiliar o trabalho docente. Tais
jogos foram denominados de Citogame, Envelopes do Co-
nhecimento e Jogo da Velha, todos referentes ao conteúdo
de citologia. Os jogos foram elaborados com base na lite-
ratura existente sobre jogos didáticos e conteúdos espe-
cífi cos: Componentes Orgânicos das Células e Citologia.
Os jogos e suas regras
Citogame
1ª fase
Formam-se grupos, contendo no mínimo quatro e no
máximo sete alunos. Um representante do grupo é eleito
para copiar as respostas das perguntas que devem ser
discutidas por todos os membros do grupo. Outro repre-
sentante de cada grupo é escolhido para levantar a mão
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
152 A INFLUÊNCIA DO LÚDICO NAS AULAS DE BIOLOGIA
ao sinal dado pelo professor. Ao ser feita a pergunta, todos
os grupos respondem por escrito, o professor confere e dá
o sinal para que um representante de cada grupo levante
a mão. O grupo que primeiro levanta a mão e responde
certo ganha cinco pontos, enquanto que os outros que
também responderem corretamente ganham dois pontos.
Nessa primeira fase são feitas quatro perguntas, núme-
ro que pode variar de acordo com a quantidade de grupos.
2ª fase
As perguntas agora serão feitas diretamente para cada
grupo. Cada acerto vale cinco pontos. O número de ques-
tões elaboradas pelo docente deve garantir um universo
maior de perguntas do que a quantidade de grupos. Ao
fi nal, ganhará o jogo quem obtiver mais pontos somados
nas duas fases.
Questões elaboradas
1) Organela responsável pela formação de cílios, fl age-
los e das fi bras do fuso.
a) centríolo b) ribossomo c) lisossomo.
2) O DNA e o RNA são formados por
a) aminoácidos b) carboidratos c) nucleotídeos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
153Marinalva Fernandes de Sousa
3) A parede celular vegetal é rica em que tipo de carboidrato?
a) lipídio b) celulose c) amido
4) Organela responsável pela síntese e transporte de
proteínas.
a) retículo endoplasmático liso
b) retículo endoplasmático rugoso
c) complexo golgiense
5) Organela a qual está presente nas células de organis-
mos fotossintetizantes.
a) mitocôndria b) núcleo c) cloroplasto
6) Organela responsável pela síntese de ácidos graxos,
esteróides e fosfolipídios.
a) retículo endoplasmático liso
b) retículo endoplasmático rugoso
c) complexo golgiense.
7) Organela que armazena enzimas digestivas
a) lisossomo b) fagossomo c) peroxissomo
8) Organela que armazena catalase, enzima responsável
pela degradação da água oxigenada.
a) lisossomo b) fagossomo c) peroxissomo
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
154 A INFLUÊNCIA DO LÚDICO NAS AULAS DE BIOLOGIA
9) Organela formada por bolsas membranosas.
a) reticulo endoplasmático
b) complexo golgiense
c) centríolo
10) Conjunto de fi bras e túbulos protéicos que dá sus-
tentação e defi ne a forma da célula.
a) enzimas b) fi bras do fuso c) citoesqueleto
11) Organela no interior da qual ocorre à respiração celular
a) retículo endoplasmático
b) ribossomo
c) mitocôndria
12) Constituída por lipídeos e proteínas, é semipermeá-
vel e isola a célula do ambiente externo.
a) enzimas
b) membrana plasmática
c) carioteca
13) Molécula que contém simultaneamente grupos fun-
cionais amina e ácido carboxílico.
a) aminoácido
b) carboidrato
c) nucleotídeo
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
155Marinalva Fernandes de Sousa
14) No seu interior existe grande quantidade de DNA.
a) ribossomo b) lisossomo c) núcleo
15) Organela que pode ser encontrada aderida ao retícu-
lo endoplasmático rugoso.
a) lisossomo b) peroxissomo c) ribossomo
16) Está presente no acrossomo do espermatozóide.
a) lisossomo
b) complexo golgiense
c) mitocôndria
17) Organela que serve como reservatório de água para
células animais e vegetais.
a) vacúolos b) carotenóides c) cloroplastos
Envelopes do conhecimento
São formados quatro grupos. Cada grupo recebe dez
envelopes. Em cada um encontra-se fi xado na face externa
a imagem de uma organela ou estrutura celular. Dentro
do envelope há um papel impresso com uma informação
sobre função, composição química ou nome referente à
célula. A informação dentro do envelope não necessaria-
mente corresponde à imagem contida no exterior.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
156 A INFLUÊNCIA DO LÚDICO NAS AULAS DE BIOLOGIA
Dado o sinal, cada grupo irá dispor de um tempo pre-
viamente defi nido para ordenar corretamente as imagens
externas às informações correspondentes em seu interior.
Ganhará o jogo quem acertar mais encaixes corretos das
imagens externas com as informações internas e fi zer isto
em menos tempo.
Jogo da Velha
São formados dois grandes grupos, sendo um denomi-
nado de O e o outro de X. A fi gura característica do jogo
da velha é desenhada no quadro.
Começa jogando quem ganhar a disputa de par ou
impar. O grupo que inicia a competição terá um universo
de questões sobre citologia numeradas de um a quinze.
Aquele que acertar a pergunta tem o direito de escolher
onde colocará seu símbolo representativo. A pergunta que
não for corretamente respondida passa para o grupo ad-
versário e se este também não acertar, uma nova questão
será feita para o primeiro grupo. Ganha o jogo quem con-
seguir fazer uma sequência de três imagens do seu grupo.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
157Marinalva Fernandes de Sousa
Questões
1) O que são biomoléculas?
2) O que são lipídios?
3) Qual a função das enzimas?
4) Os aminoácidos são unidos por...
5) Cite três exemplos de alimentos ricos em lipídios.
6) Porque todas as enzimas não são proteínas?
7) Quais os principais grupos dos lipídios?
8) Explique duas funções dos lipídios.
9) Cite três nomes de aminoácidos.
10) Explique um fator que pode infl uenciar na ação das
enzimas.
11) Cite três nomes de vitaminas lipossolúveis.
12) Qual é o esteróide mais abundante em nosso corpo
e como se dá sua obtenção?
13) Segundo a organização estrutural, as proteínas po-
dem ser do tipo...
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
158 A INFLUÊNCIA DO LÚDICO NAS AULAS DE BIOLOGIA
14) Como se dá a ligação peptídica?
15) Na aula de laboratório vimos que o lugol é um iden-
tifi cador de...
16) Explique a expressão colesterol bom, colesterol ruim.
17) Cite duas doenças causadas pelo excesso da inges-
tão de lipídios.
18) O que são proteínas conjugadas?
159
3.8AGENTE DA DENGUE: O JOGO
PARADIDÁTICO EM SALA DE AULA
Paula Blandy Tissot Brambilla*
O trabalho foi desenvolvido de maneira lúdica, por
meio de um jogo de tabuleiro com perguntas e res-
postas, para otimizar a abstração do assunto com
a intenção de fugir do estilo de educação tradicional, para
que os estudantes obtivessem informações sobre a dengue.
Abordando os principais pontos sobre a dengue como o
vetor e modo de transmissão, ciclo de vida do mosquito,
tipos de vírus da dengue, formas em que a dengue pode
se m anifestar, métodos de prevenção.
Para a aplicação, o jogo Agente da Dengue pode ser
elaborado com materiais muito simples como isopor, papel
madeira, lápis de cor e fi guras impressas. A turma deve
ser dividida em dois grupos, um verde e outro vermelho.
Antes do início do jogo, cada aluno recebe um retalho
de papel cartão colorido distribuído aleatoriamente que
defi ne a cor do seu grupo.
O jogo é constituído por um tabuleiro, duas peças (uma
da cor de cada grupo), uma lista de perguntas elaboradas
pelo professor e retalhos de papel cartão. O objetivo do
jogo é que o grupo vencedor vire o Agente da Dengue.
Para decidir quem começa o jogo, um integrante de cada
grupo tira par ou ímpar e quem vence escolhe se quer
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
160 AGENTE DA DENGUE: O JOGO PARADIDÁTICO EM SALA DE AULA
começar ou se quer que os adversários comecem. Os dois
grupos partem de um mesmo lugar no tabuleiro e, a cada
pergunta corretamente respondida, avançam uma casa,
de modo que vence o jogo quem chegar primeiro ao fi nal.
Quando a pergunta é feita ao grupo, os integrantes têm a
oportunidade de responder ou passar para o outro se não
souberem a resposta. Caso nenhuma das equipes saiba a
resposta da pergunta, ela é passada ao mediador que deve
explicar aos alunos a resposta correta, retomando algo dito
na explanação sobre a dengue para auxiliar a fi xação do
conteúdo. Em caso de erro de resposta, o grupo permane-
ce na casa. O jogo pode ter no mínimo dois participantes e
o máximo depende do mediador, que pode escolher dividir
a sala em mais de dois grupos, aumentando o número de
perguntas e peças no tabuleiro (Figura 1).
Figura 1 – Tabuleiro do jogo e peças que identifi cam os grupos e car-
tões utilizados para separar a turma
161
3.9O JOGO DE QUEBRA-CABEÇAS CITOLÓGICO
Renata Rafaela Alves Gomes
O quebra-cabeças organizado é composto de trinta e
quatro peças, abordando o conteúdo de citologia,
que servem de base para montagem da fi gura prin- cipal que exibe uma célula e suas estruturas. Cada uma
das peças que formam a fi gura a ser montada apresenta
uma das organelas ou componentes que compõem a célula
como ribossomo, membrana, cromossomo, núcleo, cílio, ci-
toplasma, entre outros. No verso de cada peça está colocada
uma informação a respeito da organela ou componente da
célula, para guiar o aluno a associá-la à sua respectiva fi gu-
ra presente na base. À medida que o aluno for associando
corretamente cada peça à sua respectiva estrutura celular,
vai se formado a imagem de uma célula. A utilização da
imagem junto ao nome das estruturas celulares ajuda o
aluno a recordar sobre o conteúdo visto ou a melhor fi xá-lo
quando for lecionado, associando o nome à imagem.
Como fazer?
Para construir o quebra-cabeças citológico (Figura 1)
foram utilizados uma cartolina (cor opcional), fi guras
das estruturas celulares (coletadas na internet), folhas de
papel ofício (para impressão das imagens e fi xação na
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
162 O JOGO DE QUEBRA-CABEÇAS CITOLÓGICO
cartolina), papel foto (para impressão da célula que será
montada), cola, tesoura e lápis.
As fi guras dos componentes celulares são coladas na
cartolina (base). Após a impressão da célula no papel fi l-
me, divide-se a mesma em 34 peças de tamanhos iguais.
Coloca-se atrás de cada peça (Figura 2) uma característica
relacionada à organela presente na cartolina. Nesse passo
deve-se atentar para as peças se encaixarem de tal forma
que a fi gura vá sendo formada, independente de qual peça
for colocada primeiro.
Figura 1 – Quebra-cabeças citológico montado
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
163Renata Rafaela Alves Gomes
Figura 2 – Verso das peças para montagem do quebra-cabeças citológico
Questões
1) Formado por sáculos lameliformes, sendo responsá-
vel pela modifi cação e eliminação.
2) Região situada entre a membrana plasmática e a
carioteca.
3) Responsável pela forma e sustentação interna da célula.
4) Tipo de divisão realizado quando há reprodução
assexuada.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
164 O JOGO DE QUEBRA-CABEÇAS CITOLÓGICO
5) Ocorrem aos pares nas células, sendo localizadas no
centro celular.
6) Processo pelo qual geralmente se formam os gametas.
7) Também chamados de polinucleotídeos.
8) Estrutura semi-rígida presente nos fungos, plantas e
na maioria das bactérias.
9) Projeções citoplasmáticas que permitem o movimen-
to amebóide.
10) Compõem as principais estruturas do mecanismo
contrátil da célula.
11) Vesículas membranosas arredondadas, com grande
quantidade de enzimas que realizam a digestão celular.
12) Organelas exclusivas de células vegetais, sendo fun-
damentais no processo da fotossíntese.
13) Estrutura presente nas células eucarióticas que co-
ordena e comanda todas as funções celulares.
14) Possui como função principal a oxidação de certas
substâncias orgânicas.
15) Moléculas constituintes do DNA
16) Possui como função básica o transporte de substâncias.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
165Renata Rafaela Alves Gomes
17) Organelas responsáveis pela respiração celular
aeróbica.
18) Componentes dos cloroplastos onde se localizam as
moléculas de clorofi la.
19) Estruturas presentes no núcleo, formadas por DNA
e proteínas.
20) Se expostos à luz podem originar cloroplastos.
21) Retículo cuja principal função é a síntese de proteínas.
22) Elas podem ser púricas e pirimídicas.
23) Em organismos unicelulares têm a função básica de
promover o deslocamento da célula em meio líquido.
24) Promove fl uidez às membranas celulares, permitin-
do que haja movimentação de moléculas.
25) Envoltório celular presente em todos os tipos de células.
26) Participam da organização dos centríolos, cílios e
fl agelos.
27) Estrutura que separa o material genético do cito-
plasma, nas células eucarióticas.
28) Corpúsculo denso não delimitado por membrana,
presente no interior do núcleo.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
166 O JOGO DE QUEBRA-CABEÇAS CITOLÓGICO
29) Importantes nos processos de regulação osmótica
das células vegetais.
30) Fluido presente no citoplasma, composto basica-
mente por água, íons e outras substâncias.
31) Estruturas encontradas nas células procarióticas e
eucarióticas, participando da síntese protéica.
32) Envoltório celular presente nas células animais e de
muitos protistas.
167
3.10CITOJOGO: UMA LUDICIDADE SOBRE
AS ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS
Sidcleia Kécia Vieira Silva
O Citojogo foi elaborado, envolvendo as organelas
da célula animal no tema da citologia, aplicável
às turmas do Ensino Médio, de modo a facilitar o
ensino-apredizagem e promover integração entre os alu-
nos e deles com o professor, uma vez que a ludicidade
desenvolve habilidades que servirão para toda a vida.
O jogo é composto por tabela e cartas, impressas em
papel A4 peso 40 ou papel cartão e revestidas em plástico
transparente (papel contact). O número de participantes
por grupo deverá ser proposto pelo professor de acordo
com a quantidade de alunos presentes na turma.
Para iniciar o jogo, cada grupo recebe 32 cartas (Figu-
ra 2) já embaralhadas e uma tabela, devendo um grupo
competir com o outro. A tabela (Figura 1) possui quatro
colunas contendo nome da estrutura (vermelho), estrutu-
ra (roxo), função (azul), informações sobre as estruturas
(verde) e oito linhas para o preenchimento dessas colunas.
A numeração presente nas tabelas é feita para que os
alunos coloquem todas as informações de uma determinada
organela na mesma linha, evitando confusão. Lembrando
que não existe uma ordem estabelecida para colocar as
organelas na cartela, o que se exige são as informações cor-
retas referentes a cada estrutura. Por exemplo, se a estrutura
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
168 CITOJOGO: UMA LUDICIDADE SOBRE AS ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS
refere-se às mitocôndrias, o grupo deverá colocar de forma
correta e na mesma linha a imagem, a função na célula e as
informações referentes às mitocôndrias. Dessa forma, o jogo
envolve oito organelas contendo essas quatro informações.
Depois que as cartas e a tabela são distribuídas para
cada grupo, o professor, por meio de um sinal, informa
que o jogo iniciou. O grupo vencedor é aquele que pre-
enche a tabela primeiro que os outros grupos e de forma
correta, respeitando as colunas presentes na cartela. O
professor terá um gabarito em mãos para verifi car de for-
ma mais rápida se as respostas estão corretas. A ordem da
apresentação das organelas não precisa estar, necessaria-
mente, na mesma ordem que a do gabarito. A competição
pode ser realizada entre os grupos ganhadores até chegar
a um único grupo vencedor, se o professor achar válido.
Figura 1 – Tabela para montagem das cartas
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
169Sidcleia Kécia Vieira Silva
Figura 2 – Cartas com fi guras e informações correspondentes a cada
estrutura celular
171
3.11JOGO BIO: FERRAMENTA LÚDICA
NO ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO
DOS SERES VIVOS
Suerda Shyrley Silva de Souza
A proposta do Jogo BIO
A classifi cação dos seres vivos, embora, seja um as-
sunto de fácil compreensão, requer atenção dos
alunos para entendimento das características es-
pecífi cas de cada reino. No geral, os discentes tendem
apenas a memorizar as atribuições e nomes dos táxons,
contudo sem compreender a evolução que pode ser ob-
servada entre os grupos.
Nessa perspectiva foi pensado e criado o Jogo BIO,
uma adaptação didática do Jogo UNO, tendo como obje-
tivo principal facilitar o ensino-aprendizagem acerca da
temática Classifi cação dos Seres Vivos, além de fazer com
que os discentes percebam a diversidade de organismos
existentes e que caracteres os distinguem.
O Bio possibilita que o aluno desenvolva competências
e habilidades descritas nos Parâmetros Curriculares Na-
cionais para o Ensino Médio (PCNEM), como descrever
processos e características do ambiente ou de seres vivos,
observados em microscópio ou a olho nu; utilizar critérios
científi cos para realizar classifi cações de animais, vegetais,
* Bolsista do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
172 JOGO BIO: FERRAMENTA LÚDICA NO ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
etc; compreender a vida, do ponto de vista biológico, como
fenômeno que se manifesta de formas diversas; compreen-
der a diversifi cação das espécies como resultado de um pro-
cesso evolutivo, que inclui dimensões temporal e espacial.
Materiais utilizados na confecção
O UNO foi escolhido como modelo para montagem
do BIO por se tratar de um jogo que está em alta entre os
estudantes. O BIO elaborado aborda os principais grupos
de seres vivos e inclui também os vírus.
Na confecção do BIO foram utilizados os seguintes
materiais: 10 folhas de papel peso 40, uma folha de papel
contact, cola e tesoura. As cartas foram produzidas em
programa de edição.
Assim como o UNO, ele apresenta cartas em quatro
colorações: azul, amarela, verde e vermelha. Cada cor
corresponde a um atributo do reino. A carta de cor verme-
lha apresenta uma imagem de um dos representantes do
grupo; a de cor amarela descreve as principais caracterís-
ticas do reino; a verde indica o táxon máximo da espécie
exemplifi cada na carta vermelha; a carta azul traz o nome
científi co e popular do organismo representado na carta
vermelha. O jogo contém 40 cartas, sendo 10 de cada cor.
O Bio aborda sobre 9 grupos de organismos, que são: bac-
téria (Reino Monera), protozoário (Reino Protoctista), fungo
(Reino Fungi), planta (Reino Plantae), peixe, anfíbio, réptil,
ave e mamífero (Reino Animalia). Há, também, cartas dedi-
cadas ao grupo dos vírus, perfazendo um total de 10 grupos.
O Quadro 1 apresenta os conteúdos contidos nas cartas.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
173Suerda Shyrley Silva de Souza
Quadro 1 – Conteúdo das cartas
Grupo Carta vermelha Carta amarela Carta verde Carta azul
VírusImagem do vírus
Infl uenza
Não possui organização
celular. Sua estrutura básica
é formada de uma cápsula
protéica e material genético.
São parasitas intracelulares
obrigatório.
Não pertence
a nenhum
reino, pois sua
classifi cação
como ser vivo é
contraditória.
Vírus Infl uenza
“Vírus da gripe”
Vírus
BactériaImagem da bactéria
Lactobacillus
Células procariontes; seres
unicelulares; autótrofos ou
heterótrofos.
Reino MoneraLactobacillus
bulgaricus Bactéria
Protozoário Imagem da ameba
Primeiros organismos a apre-
sentarem células eucariontes;
unicelulares ou pluricelulares;
autótrofos ou heterótrofos.
Reino Protoctista
Entamoeba
histolytica (Ameba)
Protozoário
FungosImagem de um
fungo
Células eucariontes; parede
celular (quitina); a maioria
é pluricelular, apresentando
hifas e micélios; heterótrofos.
Reino FungiAmanita muscaria
Fungo
PlantasImagem de uma
planta fanerógama
Células eucariontes; parede
celular (celulose); plurice-
lulares, formando tecidos
verdadeiros; autótrofos.
Reino Plantae
Turnera ulmifolia
“Xanana”
Planta
PeixesImagem de um
peixe
Células eucariontes; plurice-
lulares, formando tecidos ver-
dadeiros; maioria apresenta
escamas, nadadeiras e linha
lateral; respiração branquial.
Reino AnimaliaLutijanus analis
“Cioba” Peixe
AnfíbiosImagem de um
anuro
Células eucariontes; pluri-
celulares, formando tecidos
verdadeiros; pecilotérmicos;
pele úmida; respiração princi-
palmente cutânea.
Reino Animalia
Rhinella jimi
(“sapo cururu”)
Sapo
RépteisImagem de um
lagarto
Células eucariontes; plurice-
lulares; tecidos. verdadeiros;
pecilotérmicos; pele seca
(escamas ou placas ósseas);
respiração pulmonar.
Reino Animalia
Coleodactylus
natalensis
Lagartinho de
folhiço
Réptil
AvesImagem de um
pássaro
Células eucariontes; plurice-
lulares; tecidos verdadeiros;
homeotérmicos; pulmão
ligado a sacos aéreos; pele
seca e com penas.
Reino Animalia
Herpsilochmus
sellowi
(“Chorozinho da
Caatinga”)
Ave
MamíferosImagem de um
mamífero
Células eucariontes; plurice-
lulares; tecidos verdadeiros;
homeotérmicos; anexos da
pele: pêlos, unhas e glân-
dulas; glândulas mamárias;
respiração pulmonar.
Reino Animalia
Didelphis albi-
ventris
(“Timbu”)
Mamífero
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
174 JOGO BIO: FERRAMENTA LÚDICA NO ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
No geral, os organismos macroscópicos escolhidos
para representar cada táxon presente nas cartas foram
selecionados segundo a sua presença e popularidade no
estado do Rio Grande do Norte. Esse critério foi utiliza-
do para que os alunos pudessem reconhecer melhor os
seres vivos apresentados, bem como perceber que eles
não estão distantes do seu dia a dia, favorecendo assim
a aprendizagem signifi cativa.
As Figuras 1 e 2 demonstram cartas do jogo BIO.
Figura 1 – Cartas do Jogo BIO: a primeira refere-se ao verso, e as
demais são as partes da frente de cartas da classe dos mamíferos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
175Suerda Shyrley Silva de Souza
Figura 2 – Cartas do Jogo BIO
Regras do BIO
Inicialmente, as cartas são baralhadas e distribuídas en-
tre os jogadores, de modo que todos contenham a mesma
quantidade. O jogo inicia-se com o primeiro participante
a eliminar uma carta, apresentando-a à mesa. O jogador
seguinte deverá jogar uma carta que tenha relação com a
carta que está exposta.
Por exemplo, se a primeira carta apresentada à mesa
foi uma carta de cor azul que contém o nome popular
do indivíduo Timbu, seu nome científi co Didelphis albi-
ventris e o nome genérico mamífero, deverá, então, ser
jogada uma outra carta, como a verde em que deve estar
escrito o termo Reino Animal, ou uma carta vermelha
com a fi gura dessa espécie de mamífero, ou uma car-
ta amarela que apontará as principais características da
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
176 JOGO BIO: FERRAMENTA LÚDICA NO ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
classe dos mamíferos. Após serem depositadas todas as
quatro cartas de cores diferentes sobre um mesmo reino
ou classe de indivíduos, a próxima carta a ser jogada pelo
jogador seguinte deverá, obrigatoriamente, ser da mesma
cor que a última carta eliminada. Feito isSo, segue-se o
jogo conforme já foi exemplifi cado. Caso o jogador não
contenha nenhuma carta em seu poder que tenha relação
com a carta depositada na mesa, deverá passar a vez ao
próximo jogador.
Antes da penúltima carta tocar o monte do baralho
sobre a mesa, o jogador deverá gritar: BIO. Caso o parti-
cipante tenha eliminado sua penúltima carta e esquecido
de gritar BIO e os demais jogadores tenham percebido o
ocorrido, o jogador que esqueceu será penalizado rece-
bendo uma carta de cada participante.
O vencedor será aquele que primeiro se livrar de todas
as cartas que possui.
O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS
BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA
E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
4
179
O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS
BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A
ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Amanda Thanize Araújo Câmara*
Bruno Felipe Costa da Silva*
Edimilson Félix da Silva*
Elio Pessoa Cazuza*
Fábio Moura da Silva*
Iane Ohanna de Araújo Labre*
Ivan Alves de Souza*
Jane Cláudia da Silva*
Jeane Kelly de Oliveira Ribeiro*
Jucimério da Silva*
Juliane Bezerra de Azevedo*
Maria Eloísa Fernandes*
Pedro Erton de Queiros*
Wendell da Silva Julião*
Comentários iniciais
Nós, bolsistas do Programa de Iniciação à Docência
(PIBID) do curso de Física, apresentamos, neste
trabalho, nosso ponto de vista sobre o desenvolvi-
mento do subprojeto Física no que diz respeito às ativida-
des desenvolvidas pelo grupo na Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN) e na Escola Estadual Soldado
Luís Gonzaga (EESLG), vinculada ao programa.
* Bolsistas do Pibid.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
180 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Algumas dessas atividades objetivaram, especifi camen-
te, a melhoria do ensino de Física na escola. Para realizá-las
foi necessário um trabalho de base e preparação do grupo
que envolveu atividades voltadas para a nossa formação
profi ssional. Destacamos nossa visão sobre esse processo:
as ações do subprojeto, sua preparação e difi culdades para
efetivá-las, suas contribuições para o ensino de Física na es-
cola e para a nossa formação enquanto futuros professores.
Atividades de formação
Participar desse projeto, para nós – licenciandos bol-
sistas do Pibid-Física –, é uma contribuição imensurável
para nossa formação docente. Todas as ações do grupo de
certo modo estão relacionadas a esse aspecto, já que tanto
o planejamento, quanto a aplicação em sala de aula ou
na universidade propiciam-nos experiências relevantes do
ponto de vista da nossa formação como futuros professores.
Podemos destacar diversos exemplos de atividades que
fi zeram parte de tal perspectiva de formação. Elaboramos
e discutimos, no grupo, propostas de planos de aula para
cada ação realizada na escola conveniada ao subprojeto.
Os planos de aula elaborados sempre tiveram como
objetivo principal envolver o cotidiano dos estudantes e
estabelecer com eles o diálogo. Continham sempre uma
problematização inicial, por meio da qual buscávamos a
integração do conteúdo abordado com a realidade do aluno.
Previamente à realização das ações na escola, o grupo
se reunia em conjunto com o supervisor e o coordenador
do subprojeto para avaliar cada proposta e redirecioná-la,
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
181
Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
quando necessário. A própria implementação dessas ações
e a avaliação dos seus resultados também podem ser con-
sideradas atividades de formação, se pensamos na valiosa
contribuição dessas etapas para a nossa iniciação à docência.
Também como atividades de formação, destacamos a
leitura de artigos relacionados ao ensino-aprendizagem
de conteúdos de Física, bem como de atitudes em relação
a essa disciplina. Consideramos que a leitura de artigos
é de grande importância para o grupo, pois nos permite
o contato com textos acadêmicos, e, mais especifi camen-
te, com artigos provenientes de periódicos. As discussões
fazem com que agucemos nosso senso crítico, e nos per-
mitem avaliar a qualidade dos trabalhos científi cos e sua
relevância para a sociedade.
A integração com o meio acadêmico, ao longo do de-
senvolvimento do projeto, deu-se, também, por meio da
apresentação e discussão dos resultados obtidos pelo gru-
po em congressos da área de ensino de Física e Encontros
Integrativos do Pibid, o que será detalhado mais adiante.
Durante o desenvolvimento do subprojeto, aprendemos
muito nos Encontros Integrativos a respeito, por exemplo,
do desenvolvimento de materiais didáticos para uso na
escola a partir de uma perspectiva lúdica. Também foi
de grande importância nossa participação em ofi cinas,
como a direcionada para a elaboração de experimentos a
serem usados de acordo com uma perspectiva dialógica
em sala de aula, ministrada pelo mestrando José Ferreira
da Silva Júnior, do Programa de Pós-Graduação em Ensino
de Ciências Naturais e Matemática (PPGECNM) da UFRN.
Essas atividades de formação, como se poderá notar,
tiveram claros refl exos na atuação do grupo.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
182 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Atividades cotidianas na escola
Aplicamos na EESLG, logo no início da atuação do Pi-
bid-Física 2009, um instrumento de pesquisa para avaliar
as atitudes dos alunos em relação à disciplina de Física.
Os resultados dessa pesquisa foram apresentados por dois
integrantes do nosso grupo no XII Encontro de Pesquisa
em Ensino de Física realizado no fi nal de 2010, em Águas
de Lindóia, São Paulo.1 A experiência de nos engajarmos
na pesquisa em ensino de Física, escrevermos um traba-
lho acadêmico e apresentá-lo foi marcante para o grupo.
A aplicação desse instrumento de pesquisa nos revelou o
forte interesse dos estudantes pelos experimentos relaciona-
dos a conceitos de Física. A presença desses experimentos
em sala de aula era desejada pelos alunos da EESLG.
Diante dessa demanda da escola e dos nossos estudos
a respeito de atividades experimentais do ensino de física,
os quais ressaltavam a importância desse tipo de aborda-
gem, decidimos preparar experimentos que pudessem ser
levados à sala de aula.
Buscando sempre proporcionar aos alunos aulas diferen-
ciadas, realizamos, em periódicos especializados da área
de ensino de física, buscas constantes de aparatos experi-
mentais que pudessem facilitar o entendimento dos alunos.
Para os experimentos selecionados, elaboramos ro-
teiros pautados no objetivo central de proporcionarmos
aulas dinâmicas e interativas. Esses roteiros foram apre-
sentados em reuniões do grupo, nas quais a coordenação
do Pibid-Física e o supervisor na escola orientaram-nos
1 <http://www.sbf1.sbfi sica.org.br/eventos/epef/xii/sys/resumos/T0215-2.pdf>.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
183
Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
sobre eventuais ajustes necessários. Quando tudo estava
pronto e acordado, nós, bolsistas, levamos as montagens
à escola, intervindo nas aulas de acordo com a disponi-
bilidade do professor supervisor.
A título de ilustração do trabalho realizado na escola,
da nossa atitude, do que observamos em relação aos alu-
nos e da contribuição desse trabalho para nossa própria
formação, citaremos algumas atividades realizadas.
Dentre essas, destacamos, como exemplo, a que tra-
tou da temática velocidade constante. Essa atividade teve
como objetivo demonstrar de forma prática e dinâmica,
por meio do artifício experimental, o conceito de velocida-
de constante, relacionando-o com a expressão do espaço
em função do tempo.
Para alcançarmos esse objetivo, iniciamos a aula com
uma problematização, ou seja, com um diálogo no intuito
de sondar o que eles já sabiam a respeito do tema aborda-
do, promovendo sua relação com o cotidiano dos estudan-
tes. Compreendemos que quando conseguimos gerar essa
relação o conteúdo passa a ter signifi cado para os alunos,
aumentando seu interesse. O processo de aprendizagem
torna-se, assim, mais fácil e completo.
Em seguida à problematização, dividimos a turma em
grupos, os quais receberam um kit, contendo o aparato expe-
rimental e uma fi cha para registro de dados. O experimento
realizado por cada grupo consistiu em observar o movimento
de uma bolha criada em um tubo transparente preenchido
com um líquido viscoso, quando este é deixado em repouso
e com certa inclinação. Uma bolha nestas condições possui
a propriedade de se deslocar com velocidade constante.
Na montagem utilizada, o suporte do tubo é uma ré-
gua de material rígido. Com o auxílio de um relógio e
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
184 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
cronômetro, podem-se medir distâncias e tempos de inter-
valos sucessivos. Auxiliamos a turma no desenvolvimento
da experiência, orientando-a a fazer anotações a respeito
do que estavam observando. Por meio da coleta de dados,
os alunos construíram gráfi cos que permitiram notar que
a velocidade comportava-se de modo constante.
No decorrer da atividade percebemos que as maiores
difi culdades apresentadas pela turma se relacionavam à
matemática, tanto na construção de gráfi cos, como na
simples resolução de equações, contidas na fi cha de da-
dos. A difi culdade não era o entendimento de que a velo-
cidade comportava-se de modo constante. Nossa ação foi
bastante proveitosa, pois pudemos ajudar e aprender ao
mesmo tempo com as dúvidas e os desafi os. (Figura 1).
Figura 1 – Realização de experimento sobre movimento uniforme na EESLG
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
185
Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
Outra atividade bastante signifi cativa realizada na es-
cola foi relacionada a conteúdos de eletrostática e teve
como público os alunos da 3ª serie do Ensino Médio. Seu
é principal objetivo foi compreender o modelo segundo o
qual todos os materiais são constituídos por átomos, os
quais, quando passam por algum processo que altera seu
estado fundamental neutro, passam a indicar a presença
de cargas elétricas e apresentam propriedades de atrair ou
repelir outros materiais.
Para a montagem, foram usados materiais de baixo cus-
to, facilmente encontrados: canudo de refresco, papel to-
alha, canudo de refresco em formato L; folha de isopor de
10 cm x 10 cm; papel alumínio; linha comum; tesoura sem
ponta, fi ta adesiva e bexigas de festas. Com esses materiais
comuns montamos experimentos que podem demonstrar
de forma menos abstrata fenômenos da eletrostática.
Atritamos o canudo de refresco no papel higiênico no
intuito de observarmos a atração quando aproximamos o
canudo da parede. Em seguida, com o material disponível,
confeccionamos um pêndulo eletrostático, na perspecti-
va de que o mesmo fosse usado para indicar que outros
materiais estavam eletrizados, ou seja, que passaram por
um processo de eletrização.
Nesse mesmo sentido, utilizamos a placa eletrostática
para indicar a presença de cargas elétricas em materiais
eletrizados. Trabalhamos a eletrização por contato, mas não
por indução, devido às condições climáticas desfavoráveis
na sala de aula. Sobre o processo de eletrização por atrito,
atritamos as bexigas de maneira sistematizada de tal for-
ma que fossem observadas a atração e o afastamento das
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
186 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
bexigas quando aproximadas. Discutimos, a partir dessas
observações, a presença de campo elétrico e força elétrica.
Essa atividade também foi introduzida por uma proble-
matização. Iniciamos com perguntas simples com a intenção
de situar os alunos no contexto do assunto a ser estudado, e
identifi car seus conhecimentos prévios sobre o que iríamos
trabalhar. Em seguida, dividimos a sala em grupo, para que
os próprios estudantes produzissem seus pêndulos e placas
eletrostáticas. Quando todos montaram seus aparatos, demos
início a uma nova problematização para a realização da ativi-
dade. Em nenhum momento, durante a realização das expe-
riências, explicamos prontamente aos alunos os fenômenos
observados por eles. Isso aguçava ainda mais a curiosidade
da turma, fazendo-a bombardear-nos de perguntas.
A título de exemplifi cação do trabalho realizado por nós na
EESLG, podemos citar aqui uma atividade sobre eletricidade
que visava a refl etir com os alunos sobre situações do seu
dia a dia. Como preparação, nas reuniões do grupo Pibid-
Física na universidade, fi zemos o levantamento do material
necessário para elaborarmos um quadro elétrico, propondo
um desenho unifi lar de circuito elétrico. Cada componente foi
fi xado na madeira, e o grupo realizou testes para acercar-se do
bom funcionamento da montagem. Em seguida, elaboramos
um roteiro, contendo uma sequência de perguntas que seriam
dirigidas aos estudantes a título de problematização inicial.
Essa atividade contemplou o estudo de conceitos como
energia, resistência, tensão, potência, corrente elétrica,
circuitos elétricos e associação de resistores.
Além de trabalhamos com o quadro elétrico (Fi-
gura 2), fi zemos um estudo sobre os dados de tensão,
potência e corrente elétrica, contidos nas etiquetas dos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
187
Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
eletrodomésticos disponíveis na cozinha e na sala da di-
retoria da escola.
Figura 2 – Quadro de eletricidade. Material utilizado: disjuntor, lâmpadas de
25 W, 60 W e 100 W, duas tomadas (macho), 10 metros de fi o, suporte de
madeira de 60 X 80 cm, interruptor, receptáculos de porcelana, extensão
Anotamos as informações em uma tabela e, em segui-
da, calculamos pela lei de Ohm os dados que faltavam nas
placas de identifi cação dos eletrodomésticos. Solicitamos
também que os alunos observassem a potência dos equi-
pamentos elétricos de suas casas e trouxessem para aula
uma conta de luz a fi m de estudarmos sobre o cálculo da
energia consumida em cada casa.
A resposta dos estudantes foi ótima, pois eles tinham
interesse em descobrir como eram realizados os cálculos
de consumo e entender o que signifi cavam as medições
realizadas pela concessionária de energia. A partir dessa
atividade foi possível notar a evolução do desempenho dos
estudantes nas aulas seguintes ministradas pelo profes-
sor supervisor. Notamos, por exemplo, que os estudantes
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
188 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
passaram a fazer perguntas relacionadas com o que havia
sido abordado na atividade sobre eletricidade.
Consideramos que a realização dessa atividade experi-
mental, bem como de outras do mesmo gênero, teve um
enorme signifi cado para nossa formação. Tínhamos pouca
vivência em sala de aula, receávamos não saber como nos
comportarmos diante de uma pergunta, ou como proceder
se algo desse errado durante a realização de uma ativi-
dade. Enfi m, diversos fatores de alguma forma estavam
fortemente presentes durante a realização da atividade e
iam ao encontro daquilo que precisávamos enfrentar. Com
essa prática, tivemos a oportunidade de vivenciar a reali-
dade escolar e, ao mesmo tempo, observarmos fatores que
podem nos ajudar futuramente na condição de educadores.
Eventos na escola
Realizamos eventos na Escola Estadual Soldado Luís
Gonzaga, como o Dia da Astronomia, em 2009; e a Gincana
da Física, em 2010, com o intuito de nos integrarmos à es-
cola, e, ao mesmo tempo, abordarmos conteúdos de Física
de maneira dinâmica e divertida, trazendo informações e
atividades incomuns ao contexto escolar.
Para que o Dia da Astronomia acontecesse, realizamos
reuniões de preparação nas quais discutimos como seria
o evento. As discussões se deram na presença de todos os
participantes do Pibid, incluindo o professor supervisor
da escola José Arimater de Souza.
Analisamos o que seria possível e viável levar à es-
cola, de modo a tornar o Dia da Astronomia na escola
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
189
Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
um evento em que os alunos tivessem a oportunidade de
interagir com a Física, e, em especial, com a Astronomia,
objetivando enriquecer sua formação escolar.
Decidimos, então, que seria interessante levar ativida-
des como: ofi cinas para confecção de representações de
planetas com bolinhas de isopor e tintas; discussões com
maquetes sobre temas como estações do ano e eclipses; ses-
sões com um planetário móvel da UFRN; observações com
um gnomon produzido pelo grupo e com um telescópio
da universidade; palestras ministradas por professores do
Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN.
A ideia de conseguir um telescópio do Departamento
de Física da UFRN foi bem acolhida pelo grupo a fi m de
tornar possível prolongar nosso Dia da Astronomia (Figuraa
3) até o turno da noite. Isso foi de grande importância para
muitos alunos desse período, que, por não poderem com-
parecer pela manhã ou pela tarde, perderam as palestras
e ofi cinas, mas, ao chegarem à noite, na escola, fi caram
maravilhados com o telescópio e a oportunidade de, pela
primeira vez, observar algumas das luas de Júpiter e a
superfície da Lua. Muitos professores da escola também
sentiram essa mesma emoção.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
190 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Figura 3 – Dia da Astronomia na escola
O planetário do Departamento de Física Teórica e Expe-
rimental (DFTE) foi exposto durante todo o evento. Várias
sessões, todas elas lotadas, foram realizadas. Ficou bem
evidente o quanto os alunos queriam assisti-las. Inclusi-
ve, muitos chegaram a repetir a visita. Mais uma vez não
podemos deixar de comentar a empolgação dos professo-
res também em relação ao planetário, já que até tiveram
direito a uma sessão especial.
O professor Joel Carvalho, do Departamento de Físi-
ca da UFRN, ministrou uma palestra sobre o universo,
apresentando muitas fotos que chamaram a atenção dos
alunos. A professora Juliana Hidalgo, também do depar-
tamento e atual coordenadora do Pibid-Física, ministrou
uma palestra sobre diferentes modelos de universo ao
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
191
Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
longo da História da Ciência e aspectos da história do
telescópio. O professor José Arimater, supervisor do Pibid
na escola, ministrou uma palestra sobre Astronomia, dessa
vez mostrando curiosidades sobre o céu na Bandeira do
Brasil. Essas apresentações foram interativas e divertidas
e os alunos gostaram bastante.
Foi de fundamental importância para esse evento a
oportunidade de observarem imagens do nosso universo,
então desconhecidas pela maioria dos presentes. Acredita-
mos que isso chamou a atenção para a Astronomia, mos-
trando assim que há muito mais na Física do que aquele
tão pouco que infelizmente é mostrado à sociedade.
Outra atividade bem interessante foi a discussão com
maquetes sobre estações do ano e eclipses. Os alunos
tiveram a oportunidade de entender o movimento da Ter-
ra, Lua e do Sol, compreender como ocorrem eclipses,
estações do ano e outros fenômenos. Os próprios alu-
nos participavam simulando com seus próprios corpos
os movimentos dos corpos celestes, de acordo com as
suas concepções iniciais sobre esses fenômenos, as quais,
geralmente, diferiam das concepções aceitas atualmente.
No decorrer da atividade, era notório que eles, geralmen-
te, mudavam suas interpretações sobre esses fenômenos.
Diante desses resultados, nossas expectativas em relação
a essa atividade foram superadas.
Outra atividade interessante, nesse evento, foi o uso de
um gnomon para demarcar os pontos cardeais, de forma
simples e ao ar livre, tomando como referenciais o nascer
e o pôr do Sol para melhor orientação. Esse trabalho foi
favorecido pelo dia ensolarado, que facilitou as medidas
da sombra da haste em relação ao Sol. De acordo com a
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192 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
orientação, os estudantes observaram, analisaram e mar-
caram posições da sombra e, após participarem de outras
atividades, voltaram para fazer novas marcações. Houve
uma discussão esclarecedora sobre a determinação dos
pontos cardeais, e uma bússola foi usada no fi nal da ati-
vidade para efeito de confi rmação dos resultados.
O sucesso do Dia da Astronomia na EESLG nos moti-
vou a realizar outros eventos como a Gincana da Física,
com a intenção de divertir e educar ao mesmo tempo.
Esses eventos foram sempre antecedidos por atividades
de formação no contexto do grupo. Durante as reuniões
preparatórias, realizamos discussões relacionadas a inter-
venções em escolas no intuito de efetivar ainda mais a co-
nexão entre a EESLG e a universidade. Nessa perspectiva,
pensamos em formas de aproximar a comunidade escolar
e o subprojeto Pibid-Física.
Iniciamos uma jornada de pesquisas, estudos e discus-
sões para defi nirmos o plano de ação da gincana, partindo
da ideia de que todas as provas seriam voltadas para o
ensino de conteúdos de Física. As atividades foram plane-
jadas sempre levando em conta o tempo necessário para
serem desenvolvidas e o seu grau de difi culdade, de modo
a não torná-las cansativas ou inapropriadas (Figura 4).
Visando a uma melhor organização, resolvemos acomo-
dar os alunos da EESLG em quatro equipes, cada uma delas
orientada por três bolsistas, representadas por diferentes
cores e designadas por nomes relacionados à Física. Foram,
então, organizadas as seguintes equipes: Resistência, Força
Total, Supernova e Eletromotriz.
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193
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Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
Figura 4 – Cartaz da Gincana da Física
No intuito de criar provas que atendessem à nossa in-
tenção, sugerimos algumas tarefas: elaboração e apresen-
tação do grito de guerra da equipe; elaboração e apresenta-
ção de uma História de Ficção Científi ca envolvendo temas
como Vivendo sem o sol, A viagem no tempo, Buraco na
camada de ozônio, etc.; apresentação de situações do coti-
diano/experimentos simples/equipamentos que deveriam
ser explicadas pelas equipes (experimentos relacionados
a temas como pressão e vácuo, condução, correntes de
convecção, funcionamento de garrafa térmica, formação
de imagens em espelho plano, etc.); atividades esportivas
relacionadas à Física (corrida com cálculo da velocidade
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
194 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
média do corredor, disputa de cabo de guerra na qual o
vencedor deveria explicar o motivo da vitória); passa ou
repassa, um jogo de perguntas e respostas rápidas rela-
cionadas à Física.
Após a realização das tarefas, um lanche foi oferecido
pela escola e, em seguida, o resultado da gincana foi di-
vulgado com a entrega de brindes aos participantes.
A gincana foi de grande importância para nós, inte-
grantes do Pibid, como uma experiência nova, desde a sua
elaboração até a execução. O evento permitiu que intera-
gíssemos de forma positiva com os alunos e conseguimos
atingir os objetivos pretendidos.
Eventos na universidade
O Pibid-Física, em 2009, participou pela primeira vez da
Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura (CIENTEC), da
UFRN com um stand próprio, incentivado pelo professor
Marcílio Colombo Oliveros, então coordenador do programa.
Na Cientec, preocupamo-nos com a seleção de ati-
vidades relacionadas ao cotidiano do público para que
houvesse uma melhor interação. Também aproveitamos
para divulgar o projeto e mostrar os trabalhos que esta-
vam sendo desenvolvidos na escola conveniada. Levamos
vídeos, cartazes e um banner mostrando os alunos, a es-r
cola e os trabalhos realizados. Tivemos a participação do
supervisor da escola o professor José Arimater de Sousa,
e a visita de algumas turmas dessa escola.
Como o grupo era formado por 12 bolsistas, e o espaço
era pequeno, foi necessário montar uma estratégia para
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195
Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
que todos trabalhassem. Cada integrante fi cou responsável
por determinado conteúdo, para o qual deveria elaborar
um roteiro de atividade, encontrando uma forma de cha-
mar a atenção dos visitantes da feira.
Utilizamos, como ponto de partida, experimentos já
levados à EESLG, trabalhos elaborados por nós, ao cursar-
mos a disciplina Instrumentação para o Ensino de Física,
atividades elaboradas por nós em ofi cina sobre atividades
experimentais interativo-dialógicas e outras atividades já
presentes em laboratórios didáticos da UFRN, como a ca-
deira giratória. Estudamos várias possibilidades e, ao fi nal,
decidimos levar as seguintes atividades: maquete sobre
as estações do ano, Fonte de Heron, experimentos sobre
atrito, densidade, torque, empuxo, condução, pressão e
conservação de energia.
Citamos algumas dessas atividades para ilustração. Na ati-
vidade sobre o atrito, indagamos o público sobre a seguinte
questão: a presença do atrito é boa ou ruim para nossas vi-
das?. Em seguida, mostramos um experimento que costuma
ser abordado de forma equivocada no Ensino Médio.
A montagem consiste em colocar um copo com a boca
virada para cima, sobre o qual se apoia um cartão telefôni-
co com uma moeda em cima. No experimento, puxa-se o
cartão paralelamente á boca do copo. Se o cartão for puxa-a
do rapidamente, a moeda cai verticalmente para dentro do
copo. Se o cartão for puxado de modo vagaroso, a moeda
move-se junto com o cartão, e não necessariamente cai
dentro do copo. Muitos professores e livros didáticos mos-
tram essa experiência ou outras do mesmo seguimento,
tentando explicá-las pela primeira lei de Newton, quando,
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196 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
na verdade, a explicação só pode ser dada pela segunda
lei e suas aplicações.
A atividade das estações do ano e eclipses também
levada à Cientec consiste em uma maquete formada por
uma folha de isopor com uma lâmpada no meio, bolas
de isopor médias presas na folha, simbolizando a Terra
com a inclinação do seu eixo de acordo com as estações,
e palitos de churrasco com bolinhas pequenas de isopor
simbolizando a Lua em suas várias posições.
Com essa montagem podíamos mostrar que a causa da
mudança de estações na Terra é a inclinação de seu eixo.
Mostramos também como ocorrem os eclipses solares e
lunares, o movimento lunar tendo a Terra como referencial
e tendo o Sol como referencial.
Foi interessante notar que mesmo que as pessoas sou-
bessem algo sobre estações e eclipses, quando observavam
a montagem demonstravam conhecimentos equivocados,
se tomarmos como referência o que é atualmente aceito
pela ciência. Na feira, quem apresentava o experimento
procurava desconstruir essas concepções iniciais por meio
das discussões.
Na atividade que tinha como temática a conservação de
energia foi apresentado o brinquedo chamado de vai e vem.
Esse brinquedo é construído com materiais simples como
lata de leite em pó vazia, palitos de dente, liga elástica e pe-
sos. Nessa atividade, mostramos a transformação de energia
cinética em energia potencial elástica, e utilizamos cartazes
para tratar de outros tipos de transformação de energia.
O contato com o publico na Cientec 2009 foi de grande
importância para todos os bolsistas, possibilitando uma
experiência que levaremos por toda a vida. Sentimo-nos
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Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
capazes de interagir com o público, tirando dúvidas a todo
o momento, sempre buscando dar o nosso melhor.
Essa experiência repetiu-se no ano seguinte, na Cien-
tec 2010, quando o Pibid-Física atuou em parceria com o
Parque da Ciência da UFRN a fi m de proporcionar aos vi-
sitantes da feira novas experiências relacionadas à Física.
Inicialmente, reunimos todo o grupo para a discussão de
experimentos viáveis para exposição na feira. O professor
José Ferreira Neto, coordenador do Parque da Ciência, su-
geriu como deveriam ser feitas as apresentações no intuito
de promover uma melhor interação com os visitantes.
O grupo do Pibid fi cou responsável pelas seguintes
atividades de mecânica: cadeira giratória e roda de bici-
cleta (conservação de momento angular e movimento de
precessão), duplo cone (centro de massa), trilho de inércia
(carrinho para ilustrar o princípio da inércia e a indepen-
dência dos movimentos), loop (trilho com bola de bilhar
– conservação de energia), sistemas de roldanas (reduzir
a força aplicada para levantar um peso) e cilindros de
inércia (momento de inércia no movimento de rolamento).
Os roteiros elaborados e discutidos pelo grupo serviram
como base para a apresentação na Cientec.
Durante a interação com os visitantes, explicamos as
montagens e, em sua utilização, relacionamos situações
cotidianas a conceitos físicos por meio de uma linguagem
de fácil assimilação.
Ainda como preparação para a Cientec 2010, participa-
mos de um treinamento para a apresentação do planetário.
Aprendemos a manusear os equipamentos, recepcionar
os visitantes e realizar as sessões. O planetário, espe-
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198 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
cifi camente, reproduzia, através de projeções, algumas
constelações e sua contextualização histórica.
A demanda de visitantes querendo participar superou as
expectativas. Assim como em 2009, tivemos contato com
os mais variados públicos, de crianças a idosos, todos, visi-
velmente, deslumbrados com os fenômenos apresentados.
A vivência na feira foi muito gratifi cante. Compartilhamos
conhecimento com pessoas que não faziam ideia de que deter-
minadas coisas pudessem existir ou acontecer, o que, de certa
forma, reforçou nossas expectativas em relação ao evento.
Encontros integrativos do Pibid
Um encontro integrativo, unindo os subprojetos, foi re-
alizado em agosto de 2010, no Hotel Praiamar, na perspec-
tiva de universalizar experiências vivenciadas por todos
os subprojetos do Pibid na UFRN (Figura 5).
Figura 5 – O Grupo Pibid-Física, no Encontro Integrativo de agosto de 2010
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199
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da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
Nesse encontro foram sistematizadas diversas atividades
que tinham como propósito discutir experiências vivenciadas
por cada subprojeto nas respectivas escolas conveniadas.
Na primeira parte do encontro, foram realizadas pales-
tras de professores convidados e alguns coordenadores de
área, que levantaram importantes pontos, tanto positivos
quanto negativos, sobre suas ações e projetos. Posterior-
mente, houve uma sessão de painéis em que apresentamos
dois banners e trocamos experiências com os demais cole-
gas pibidianos por meio de seus painéis.
Durante a tarde, fomos divididos em cinco grandes
grupos de trabalho, nos quais os bolsistas se dedicaram
à discussão de temas específi cos sob a coordenação dos
professores coordenadores de área. Os temas propostos
se relacionavam à formação docente no contexto do Pi-
bid, ao cotidiano da sala de aula, à atuação do Pibid nas
escolas, etc. Após a discussão, cada grupo realizou, num
auditório com a presença de todos os participantes do
encontro, a apresentação de uma síntese das conclusões
obtidas. E, em seguida, assistimos ao encerramento do
evento com uma apresentação musical do Pibid-UFRN
da área de Música.
Para nós, bolsistas licenciandos, essa foi uma oportu-
nidade de extremo signifi cado uma vez que todos os sub-
projetos se reuniram e trocaram experiências. Percebemos
que as discussões foram proveitosas e aprendemos muito
com elas. Essa atividade foi uma oportunidade de nos
avaliarmos, trocarmos experiências e observarmos que
grande parte de nossas limitações são comuns aos demais
subprojetos. O encontro, de fato, proporcionou a integra-
ção desejada, fazendo-nos enxergar que cada um na sua
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
200 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
específi ca área pode fazer a sua parte para que juntos faça-
mos a diferença numa educação ainda tão desacreditada.
Essa oportunidade de troca de experiências se repetiu
num novo encontro integrativo ocorrido em dezembro de
2010, no Hotel Imirá. No encontro, que teve como tema
Onde estamos e para onde vamos?, foram discutidos os pro-
blemas enfrentados e caminhos a serem trilhados por todos.
Apresentações de cada subprojeto permitiram-nos
conhecer melhor ações e planos desenvolvidos pelas
diferentes áreas de atuação do Pibid. A experiência foi
bastante interessante para o Pibid-Física, e permitiu-nos,
por exemplo, observar ideias sobre o desenvolvimento
de jogos e materiais lúdicos que poderiam ser adaptadas
ao nosso subprojeto.
Nesse encontro, participamos de ofi cinas sobre diver-
sos temas, que, acreditamos ter contribuído de forma po-
sitiva para a nossa formação. Cada dupla de bolsistas par-
ticipou de uma ofi cina específi ca e, em seguida, partilhou
o conhecimento adquirido com os demais colegas. Dentre
as temáticas abordadas podemos citar: trabalhando com
confl itos, que tinha como objetivo fazer com que os con-
fl itos vivenciados no âmbito escolar fossem enxergados
como elemento-chave para a aprendizagem, orientando o
processo de formação de valores morais e éticos; o uso do
blog na sala de aula que tinha como objetivo apresentara
o blog como recurso didático;g leitura e produção de texto,
dentre outras.
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Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
Desenvolvimento de materiaisdidáticos, o lúdico no ambiente escolar
Novos métodos têm sido considerados no sentido de
viabilizar a melhor compreensão dos conteúdos no am-
biente escolar, levando em conta as diversas difi culdades
na rede pública de ensino, e, em especial, a desmotivação
notada entre os estudantes.
Tocados por essa ideia e motivados pelo que vimos nos
Encontros Integrativos do Pibid, resolvemos trabalhar no
desenvolvimento de jogos lúdicos que pudessem ser usa-
dos na abordagem de conteúdos de Física na escola. De-
sejávamos estimular o interesse do aluno pela Física e, ao
mesmo tempo, encontrar uma alternativa para melhorar
aspectos do estudo dessa disciplina no ambiente escolar.
Elaboramos um jogo de ludo de caráter educativo que
pudesse tanto auxiliar o professor em sala de aula, como
ser usado pelo grupo durante os horários vagos na escola.
O jogo, em questão, é bastante simples e tem como obje-
tivo exercitar conceitos físicos e a aplicação de equações
que, em muitos casos, são vistas apenas com o intuito de
memorização pelos estudantes.
No jogo elaborado pelo Pibid-Física, por meio da brin-
cadeira e da boa competição entre os jogadores, pode-se
viabilizar a compreensão do contexto de aplicação dos
conceitos físicos em situações associadas a equações, nas
quais esses estão inseridos. Exercita-se, assim, algo que
não se confi gura uma simples memorização; o que o jogo,
em essência, não permite.
O que chamamos de Ludo Físico (Figura 6) é um jogo de
tabuleiro composto por quatro quadrantes, diferenciados por
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202 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
cores, as quais representam diferentes frentes de estudo da
Física: a cor azul representa Mecânica; a cor verde representa
Óptica e Ondas; a amarela identifi ca o Eletromagnetismo; e
a vermelha, a Termodinâmica. Cada pino é associado a um
jogador ou grupo e possui uma das cores citadas.
O objetivo central do jogo é chegar ao centro do tabu-
leiro, percorrendo com um pino, no sentido anti-horário,
o caminho que passa por todos os quadrantes do tabuleiro
até entrar no lado da cruz correspondente do quadrante
da cor do pino.
Por meio de sorteio é escolhido o pino que começa a
partida. Há quatro baralhos de perguntas, cada um corres-
pondendo a uma das frentes supracitadas. Para percorrer
as casas, o jogador deve responder a uma pergunta do
baralho correspondente ao quadrante que está sendo per-
corrido. A pergunta em questão é sorteada pelo colega que
está à sua direita na mesa.
Figura 6 – O tabuleiro de Ludo Físico e uma carta do jogo
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203
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da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
Em cada caso, a pergunta sorteada se refere a uma
determinada situação, para a qual deve ser aplicada uma
equação específi ca a ser identifi cada pelo jogador em uma
listagem disponível para consulta. A resposta correta, de
caráter quantitativo, será um valor numérico de 0 a 10,
que corresponderá ao número de casas a ser percorrido
pelo jogador naquela rodada. Caso o jogador responda de
modo equivocado, irá voltar o número de casas corres-
pondente à resposta correta. Há um baralho de respostas
que pode ser consultado pelos jogadores para conferência.
Caso o competidor, durante o percurso, pare na casa
de cor preta, ele terá a oportunidade de responder a mais
uma pergunta na mesma jogada. Se o jogador parar onde
estiver outro competidor, será penalizado com o retorno ao
início da partida. Vence o jogo o pino que chegar primeiro
ao centro do tabuleiro.
A criação do jogo foi um processo difícil, mas muito esti-
mulante. Elaboramos questões de caráter quantitativo, pen-
sando em situações interessantes, e levando em conta que as
repostas deveriam variar numericamente de 0 a 10. Tivemos
essa preocupação, porque como se trata de um jogo de tabu-
leiro com um número restrito de casas, seria inconveniente
que com uma única resposta o participante ganhasse o jogo.
Outro jogo criado pelo nosso grupo foi o Baralho da
Física, também inspirado no que vimos nos Encontros
Integrativos a respeito do trabalho de outros subprojetos.
Pensamos, inicialmente, em como transformar um
jogo tão conhecido como o baralho em algo educativo,
voltado para o ensino de Física. Após muitas discussões,
decidimos que o jogo não seria apenas um simples bara-
lho exclusivamente com números, mas sim um jogo que
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204 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
incentivasse a leitura e a compreensão, promovendo a
relação de fenômenos do cotidiano com conteúdos físicos
estudados pelos alunos-jogadores.
Concluído o processo de elaboração de um piloto do
jogo, realizamos uma reunião para testá-lo. Percebemos
que, da forma como o jogo havia sido concebido, o aluno
não precisaria, necessariamente, ler o conteúdo das cartas.
Para evitar essa situação, criamos objetivos mais comple-
xos que incentivassem o jogador a lê-las de modo atento.
Chegamos, então, a um jogo composto por 35 cartas e
6 objetivos, jogado por no máximo três pessoas ou três
duplas, que devem inicialmente sortear seus objetivos.
Esse objetivo, conhecido exclusivamente pelo jogador
ou dupla que o sorteou, pode ser, por exemplo: obter 4
cartas relacionadas a Kepler e 6 cartas relacionadas à Lei
de Ohm; obter 10 cartas relacionadas à transformação de
energia; obter 4 cartas relacionadas às transformações dos
gases, e seis relativas ao eletromagnetismo, etc.
Para iniciar, o jogador mais jovem embaralha as car-
tas. O mais velho corta o jogo e distribui 10 cartas para
os demais jogadores. As 5 cartas restantes são deixadas
para serem puxadas ao longo do jogo. O primeiro a puxar
é quem distribuiu as cartas, e o jogo acontece no sentido
anti-horário. Quem primeiro cumpre com o objetivo sor-
teado é o vencedor do jogo.
Como licenciandos, bolsistas do Pibid-Física, participa-
mos também da criação de uma série de jogos de tabuleiros,
sugeridos como atividades lúdicas que pudessem ser levadas
à escola para a abordagem de conceitos físicos. Para as áreas
de Mecânica, Termodinâmica e Eletromagnetismo elabora-
mos tabuleiros aos quais associamos uma série de perguntas.
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205
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da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
As perguntas devem ser respondidas à medida que o
jogador avança pelo tabuleiro, percorrendo um número
de casas correspondente à somatória de pontos dos dados
jogados pelo mesmo.
Se o jogador para numa casa que contém o símbolo ?,
deve responder a uma pergunta fácil. Se atinge uma casa
com o símbolo ??, deve responder a uma pergunta de nível
médio. O símbolo bomba numa casa indica uma pergunta
muito difícil e o símbolo casinha indica uma pergunta
de física ligada ao cotidiano (do tipo: explique para que
serve a resistência do ferro de passar roupa). O símbolo
presente indica que quem parou naquela casa pode pedire
que um adversário responda a uma pergunta do grupo
fácil. O símbolo alguém tentando alcançar algo indica que
a pessoa pode sortear uma pergunta média e, se conse-
guir respondê-la, pode avançar 20 casas. Quando alguma
pergunta não é respondida corretamente, o jogador volta
5 casas, e acertando anda 3 casas.
As perguntas formuladas para os jogos de tabuleiro
foram utilizadas na EESLG no jogo de passa ou repas-
sa na Gincana da Física. Essa aplicação mostra que os
alunos têm interesse pela Física, mas, ao mesmo tempo,
demonstram difi culdade na compreensão dos conteúdos.
A abordagem contínua dos mesmos por meio das ativi-
dades lúdicas elaboradas pelo grupo pode, assim, ser um
ingrediente fundamental nesse processo de aprendizagem.
Obervemos a Figura 7 e os exemplos de questões elabora-
das para esse tipo de jogo.
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206 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Figura 7 – Jogo de tabuleiro
» Exemplos de questões elaboradas para os jogos de
tabuleiro
Quando o aluno joga os dados e para em casas com
pontos de interrogação, ele deve sortear um cartão que
contém uma questão relacionada ao tema do tabuleiro.
1) Quando você vem de sua casa para a escola ou para o
trabalho. O que é maior, a distância que você percorre
ou o módulo do vetor deslocamento?
2) Enquanto você dirige, os policiais estão interessados
em sua velocidade média, ou na sua velocidade esca-
lar instantânea?
3) Se um carro está indo para o leste, e se tornando mais
lento, qual é a direção da força sobre o carro?
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Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
4) Uma bola é lançada para cima. Enquanto a bola está
em queda livre, o que acontece com sua velocidade
escalar? E com a aceleração?
5) É possível haver movimento na ausência de força.
Explique dando um exemplo.
6) É possível haver força na ausência de movimento.
Explique isso no caso de uma bola lançada vertical-
mente para cima.
Considerações fi nais
Apresentamos nossas impressões acerca das atividades
realizadas pelo grupo Pibid-Física, tanto no que tange à
importância dessas atividades para a nossa formação pro-
fi ssional, quanto no que diz respeito ao que consideramos
como possíveis contribuições para o ensino de Física na
escola conveniada.
A atuação do grupo foi difi cultada por situações relati-
vas ao cotidiano da escola, como ausência de professores,
que contribuíam para que os alunos deixassem a escola;
excesso de dias sem aulas; etc. Podemos dizer, no entanto,
que o Pibid-Física resultou em benefícios para o ensino
na escola, sem falar na sua inestimável contribuição para
a nossa formação como futuros professores.
Outras ações que poderiam aqui ser citadas se dirigiram
à formação inicial de docentes de Física na UFRN de modo
geral. O grupo contribuiu com a licenciatura em Física,
desenvolvendo ações voltadas, especifi camente, para esse
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
208 O PIBID-FÍSICA 2009 NA VISÃO DOS BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ATIVIDADES, CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
contexto, como estudos sobre a evasão no curso, plantões
de dúvida voltados para disciplinas iniciais da licenciatura
e atividades informativas sobre a universidade e o curso
direcionadas para os ingressantes na licenciatura.
Reconhecemos, assim, a importância do projeto tanto
para nós, bolsistas de Iniciação à Docência, quanto para
os licenciandos em Física, de modo geral.
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JAFELICE, L. C. Astronomia no 1º e 2º ciclos do
Ensino Fundamental. Natal: UFRN, 2005.
2 As referências citadas aqui servem como exemplifi cação do material utilizado pelo grupo
durante o desenvolvimento do projeto.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
209
Amanda Thanize A. Câmara, Bruno Felipe C. da Silva, Edimilson Félix da Silva, Elio Pessoa
Cazuza, Fábio Moura da Silva, Iane Ohanna de A. Labre, Ivan A. de Souza, Jane Cláudia
da Silva, Jeane Kelly de O. Ribeiro, Jucimério da Silva, Juliane B. de Azevedo, Maria Eloísa
Fernandes, Pedro E. de Queiros, Wendell da Silva Julião
LUZ, Aline Rossetto da; LEAL, Lins Welinton Garcia. As
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TALIM, Sérgio Luiz. A atitude no ensino de Física.
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 21, n. 3, p.
313-324, 2004.
5.1 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
5.2 O HAICAI EM SALA DE AULA: UM OLHAR
SOBRE AS PRÁTICAS DE ESCRITA DOS ALUNOS
5.3 A VIDA: UM TRABALHO DE LEITURA E
PRODUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA
5
213
5.1
* Bolsistas do subprojeto Bibid – Língua Portuguesa.
**Professora doutora, orientadora dos bolsistas deste subprojeto.
APAGANDO O TERROR DIANTE DA
FOLHA EM BRANCO POR MEIO DO
TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
Valdison Ribeiro da Silva*
Maria Jaqueline da Silva*
Felipe Garcia de Medeiros*
Leandro Marcelo Cassimiro das Chagas*
Vanessa da Conceição*
Maria da Penha Casado Alves**
INTRODUÇÃO
O ensino de Língua Portuguesa tem como uma de
suas fi nalidades fazer com que os estudantes de-
senvolvam e ampliem sua competência linguística,
para que possam empregá-la de maneira adequada nas
diversas situações do convívio social em que se encon-
trem e interagindo junto à sociedade de forma crítica. Em
consonância a esse objetivo, o Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) – mais especifi ca-
mente o subprojeto de Língua Portuguesa – visa a ampliar
as competências linguístico-textuais dos alunos do Ensi-
no Médio da Escola Estadual Professor José Fernandes
Machado, localizada no bairro de Ponta Negra/Natal-RN,
onde o projeto é desenvolvido.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
214 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
Pautadas na concepção de dialogismo da linguagem de
Bakthin (1997) que é norteado pela grande metáfora eu
e o outro, segundo a qual o sujeito se constrói na alteri-
dade, posiciona-se para um outro e interage socialmente
por meio dos mais variados gêneros discursivos, o Pibid
oportuniza a ampliação tanto da competência linguística
quanto da competência genérica dos alunos.
Neste trabalho, apresentamos uma das atividades re-
lacionadas às práticas de leitura e de escrita dos gêneros
do discurso, especifi camente, o gênero Conto Fantástico,
abordado por nós bolsistas do Pibid, em uma turma de
primeira série do Ensino Médio do turno noturno, no pri-
meiro semestre do ano letivo de 2010. Tal como propõem
os PCNs para o ensino de Língua Portuguesa, um ensino
pautado nos gêneros do discurso, buscamos proporcionar
uma compreensão mais acentuada dos mecanismos que
regulam a língua e que estão presentes nos textos repre-
sentativos do gênero em questão, promovendo, assim, o
desenvolvimento das habilidades desses discentes com
relação à leitura e à escrita, procurando fazer com que
estes deixassem de lado os sentimentos contrários ao ato
de escrever, sentimento, esse, explicitado por grande par-
cela dos alunos. Nossas ações procuraram, então, levá-lo
à produção de bons textos, despertando o prazer deles no
que se refere à escrita e à leitura.
A atividade, em sala de aula, com o gênero Conto Fan-
tástico consistiu-se em uma abordagem diferenciada que,
de certa forma, fugiu da didática tradicional de redação
escolar, motivando os alunos à prática de produção textual
e, consequentemente, culminando no apagamento do sen-
timento de ojeriza quanto aos atos de leitura e de escrita.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
215Valdison Ribeiro da Silva, Maria Jaqueline da Silva, Felipe Garcia de Medeiros,
Leandro Marcelo Cassimiro das Chagas, Vanessa da Conceição
Essa atividade incidiu na leitura, em sala de aula, de
alguns contos promovida pelos bolsistas, na apresentação
do gênero conto por meio de slides, no direcionamento à
escrita da primeira versão, nas orientações individuais, na
elaboração da segunda versão, na leitura feita pelos alunos
de seus próprios contos em ambiente de sala de aula e no
recolhimento da versão fi nal.
Fundamentação teórica
Para a realização desse trabalho, fundamentamo-nos na
abordagem enunciativa de Bakhtin (1997), no que se refe-
re à concepção dialógica da linguagem que é fundamental
para se considerar o aluno enquanto sujeito responsivo
e ativo no processo de comunicação social. Em relação a
isso, Bakhtin (1997) afi rma que, ao escrever, o eu se dirige
a um outro hipotético ou ideal, que tem expectativas, an-
seios, necessidades e intenções em relação ao texto lido,
logo se faz necessária uma atenção acurada e um cuidado
criterioso com o projeto de dizer, os posicionamentos e a
composição do texto a fi m de atender aos objetivos desse
projeto enunciativo.
Valemo-nos também da conceituação de gêneros dis-
cursivos de Bakhtin (1992) que os concebe como tipos
relativamente estáveis de enunciados, podendo ser modi-
fi cados conforme as necessidades comunicativas no de-
correr da história.
Utilizamos, ainda, a abordagem de Garcez (2001), no
tocante aos mitos que cercam o ato de escrever e que cir-
cundam o ambiente escolar. Ao passo que descreve esses
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
216 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
mitos, a autora vai desconstruindo-os, pois, para ela, escre-
ver é uma habilidade que pode ser desenvolvida e não um
dom que poucas pessoas têm; é um ato que exige empenho
e trabalho e não um fenômeno espontâneo; é uma ativi-
dade que exige estudo sério e não é uma competência que
se forma com algumas dicas; é uma prática que se articula
com a leitura; é um ato extremamente necessário no mundo
moderno e é totalmente vinculado às práticas sociais.
Garcez (1998) totaliza o nosso suporte teórico quando
teoriza sobre a formação de leitores a partir da abordagem
e da resposta do outro. Nesse sentido, a autora aproxima-
se claramente das concepções bakhtinianas de que é a si-
tuação e os participantes mais imediatos que determinam
a forma e o estilo ocasionais da enunciação.
Gêneros discursivos na sala de aula
A partir das propostas dos documentos que regem o en-
sino, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o ensino
de leitura e produção de textos passou a ser pautado na
concepção dos gêneros do discurso, mostrando aos alunos
que o ato de escrita se constitui em uma forma de comuni-
cação social, uma vez que para estabelecer comunicação
utilizamo-nos de uma infi nidade de gêneros, ou seja, nos
munimos dos mais variados textos para alcançarmos as
intenções comunicativas desejadas.
Sendo assim, cabe às aulas de Língua Portuguesa de-
senvolver a capacidade do aluno de ser leitor efetivo dos
vários textos oriundos das distintas manifestações de nos-
sas ações culturais. Tornando-o, portanto, conhecedor dos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
217Valdison Ribeiro da Silva, Maria Jaqueline da Silva, Felipe Garcia de Medeiros,
Leandro Marcelo Cassimiro das Chagas, Vanessa da Conceição
fenômenos linguísticos e das possibilidades de combina-
ção e de usos da língua para que possa utilizá-la de acordo
com a situação, isto é, em consonância com o contexto de
produção social, pois, segundo Bakhtin (1992), a comuni-
cação só se realiza, de fato, por intermédio de enunciados
que se concretizam por meio da efetuação da língua e,
caso o sujeito não domine essa diversidade genérica, a
comunicação torna-se quase impossível:
Se não existissem os gêneros do discurso e se não
os dominássemos, se tivéssemos de criá-los pela
primeira vez no processo da fala, se tivéssemos de
construir cada um de nossos enunciados, a comu-
nicação verbal seria quase impossível. (BAKHTIN,
2003, p. 268 ).
A fala, concretização da comunicação, é determinada
por um sujeito que aperfeiçoa o discurso, produzido por
ele, ao selecionar um conteúdo temático, estilo e constru-
ção composicional, e essas decisões são assinaladas pela
especifi cidade de uma esfera de comunicação.
O gênero conto fantástico: algumas notas
O ato de contar estórias, de acordo com Gotlib (1998),
vem desde os tempos remotíssimos ainda não marcados pela
tradição da escrita. Os costumes, mitos e lendas e ritos de
uma tribo eram transmitidos oralmente de uma geração a
outra como forma de manter vivas as tradições de um povo,
conservando, assim, os traços de sua cultura. A prática de
contar estórias sempre apresentou um cunho moralizante,
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
218 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
visando, tão somente, à educação e à preservação de costu-
mes. As estórias eram contadas por alguém mais velho visto
como um sábio e era, portanto, de suma relevância, uma vez
que este era tido como um profundo conhecedor da vida. E
é por intermédio do ato de contar estórias que surgiu o con-
to. Sendo somente a partir do século XIV que a tradição de
verbalizar estórias, por meio da modalidade oral da língua,
ganha outra conotação: a estética. Não se sabe com exatidão
quando e onde o conto surgiu, mas, para alguns, os primeiros
escritos considerados contos datam, aproximadamente, de
4.000 anos antes de Cristo, os contos egípcios.
O termo conto, de acordo com o Houaiss (2007), vem
do latim computus, cálculo, conta, que adquire a acepção
de narrar, contar uma estória na modalidade da língua
oral. E o contar vem do latim computare, no sentido de
enumerar os detalhes de um acontecimento. O Houaiss
(2007), ao defi nir o conto, diz que este se trata de uma
narrativa breve e concisa, que apresenta um só confl ito,
uma só ação com tempo e espaço limitado e um número
reduzido de personagem.
Gotlib (1998), ao caracterizar o conto, contrasta-o à
fábula e à parábola:
Modernamente, sabe-se que a fábula é a estória
com personagens animais, vegetais ou minerais,
tem por objetivo instrutivo e é muito breve. E se
a parábola tem homens como personagens, e se
tem sentido realista e moralista, tal como a fábula,
o sentido não é aparente e os detalhes de perso-
nagens podem ser simbólicos. O conto conserva
características destas duas formas: a economia do
estilo e a situação e a proposição temática resumi-
das. (GOTLIB, 1998, p. 15).
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
219Valdison Ribeiro da Silva, Maria Jaqueline da Silva, Felipe Garcia de Medeiros,
Leandro Marcelo Cassimiro das Chagas, Vanessa da Conceição
Quanto ao termo fantástico, esse, designa aquilo ou
aquele que só existe na imaginação. Logo, a temática que
o conto aborda é de cunho diferenciado, pois apresenta es-
tórias imaginadas que envolvem acontecimentos fi ctícios
e de cunho sobrenatural, não tendo compromisso com o
real, permitindo que a fi cção não tenha limites precisos.
Por abordar estórias sobrenaturais, o conto fantásti-
co versa por temáticas e simbologias relacionadas a esse
mundo de mistérios e segredos tais como: manuscritos
escondidos, torturas e crimes com horror sobrenatural,
profecias, maldições, seitas secretas, segredos do passado,
possessões demoníacas entre outras.
Esse gênero possui características que se repetem em
sua estrutura, pois, segundo A concepção bakhtiniana de
gêneros discursivos, este é um tipo relativamente estável,
por isso é detentor de uma narrativa que contém apenas
um drama, uma célula narrativa, espaço e tempo defi nidos
e possui também um número pequeno de personagens por
se tratar de uma exposição romanceada breve.
Além das características já mencionadas, o conto, por ser
uma narrativa, possui outros elementos constitutivos como:
argumento para a história, narrador, que, por sua vez, é
construído a fi m de proporcionar a fruição do imaginário
dos leitores de forma a transportá-los a lugares tenebrosos
e medonhos envolvendo-os de maneira bastante singular.
Ainda acerca das características do conto fantástico,
esse, tem um efeito singular de especial importância, uma
vez que brota dos recursos de expectativas crescentes por
parte do leitor ou da técnica de suspense diante de um
enigma que é sustentado no desenvolvimento do conto
até o seu desfecho.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
220 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
Por pertencer à sequência textual narrativa e se asse-
melhar à macroestrutura prototípica desta, o gênero conto
é frequentemente utilizado nas aulas de produção textual,
ao se ensinar a narrativa, porém, quase sempre, é traba-
lhado com a fi nalidade exclusiva de se abordar conteúdos.
Perdendo, dessa maneira, grande parte de suas caracterís-
ticas discursivas, reduzindo o fascínio e o encantamento
das práticas de leitura e de produção textual, bem como
as suas várias especifi cidades, ao não serem criados mo-
mentos e ambientes profícuos para tais práticas.
O conto fantástico em sala de aula
Pensamos – quando nos propomos a trabalhar com o
gênero em questão com os alunos da 1ª série do ensino
médio da escola onde o subprojeto de Língua Portuguesa
do Pibid desenvolve-se – inicialmente, em uma forma de
fazer com que a aula tradicional de redação fosse redi-
mensionada e com isso fazer com que os discentes se
interessassem pelos atos de leitura e de escrita – objetivo
do subprojeto –, nesse momento, do gênero conto, já que
esse era o tipo que pensamos ser mais instigante e poderia
render desde a atenção dos alunos até boas produções, é
claro, se fosse trabalhado de forma interessante.
Nosso tratamento com esse gênero se deu por meio de, pri-
meiramente, um planejamento no qual delimitamos a sequên-
cia didática que seguiríamos, pois as sequências didáticas são
instrumentos que podem auxiliar o professor e são necessárias
para que haja organização da aprendizagem e para que haja
progresso na apropriação dos gêneros em particular.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
221Valdison Ribeiro da Silva, Maria Jaqueline da Silva, Felipe Garcia de Medeiros,
Leandro Marcelo Cassimiro das Chagas, Vanessa da Conceição
Portanto, planejar as atividades, por meio de sequên-
cias didáticas, permite uma transformação gradual das
habilidades iniciais dos alunos para que, assim, possam
dominar determinado gênero, levando em consideração
questões relativas às complexidades de tarefas.
Sendo assim, o trabalho com o gênero conto fantástico
pautou-se na seguinte sequência didática:
> Introdução
O gênero discursivo escolhido para o trabalho com a
turma da 1ª série do turno noturno foi o conto fantástico,
no qual nós, bolsistas do Pibid, explanamos ludicamente,
criando toda uma ambientação em torno do tema fantásti-
co, lendo textos de tal gênero num cenário que contribuís-
se para a fruição da imaginação, também, trazendo vídeos,
músicas e poemas que abordassem a mesma temática
para, só posteriormente, mostramos a composição, estilo
e tema do gênero em questão.
> Objetivos
» despertar o interesse pela leitura e escrita do gênero
proposto;
» mostrar que a língua se materializa em gêneros diversos;
» ampliar as competências discursivas relativas à leitu-
ra e escrita;
» aguçar o conhecimento dos mecanismos que regulam
o funcionamento da língua.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
222 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
> Conteúdos
» composição, temática e estilo do gênero;
» ortografi a;
» Acentuação;
» Pontuação;
» Paragrafação;
» coesão e coerência.
> Desenvolvimento
» leitura lúdica (por nós) de textos representativos do
gênero conto fantástico em um ambiente, também lú-
dico, criado por nós;
» entrega dos contos lidos para alunos;
» apresentação do fi lme Coraline, de Button;
» exposição do gênero por meio de slides;
» proposta da primeira produção textual;
» discussão em grupo a fi m de analisarmos os proble-
mas mais recorrentes;
» orientações em grupo e individuais;
» reescrita da primeira versão;
» leitura oral, promovida pelos alunos, de seus pró-
prios contos.
> Metodologia
» motivação;
» aulas expositivas e dialogadas;
» discussão em grupo;
» orientações individuais e grupais.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
223Valdison Ribeiro da Silva, Maria Jaqueline da Silva, Felipe Garcia de Medeiros,
Leandro Marcelo Cassimiro das Chagas, Vanessa da Conceição
> Recursos
» livros de conto fantástico;
» TNT roxo e vermelho para o tapete (ambientação);
» velas brancas, vermelhas, pretas e azuis (ambientação);
» música (ambientação);
» data show;
» vídeo com a temática do fantástico;
» livro de poesia com a temática do fantástico;
» quadro branco;
» pincel piloto.
> Avaliação
» contínua.
Por meio dessa sequência, alcançamos o envolvimento
total da turma e conseguimos transportá-la a um mundo,
até então, não visitado por ela. Um mundo onde tudo se
torna possível, desde um macaco que assume posturas
humanas (conto O misterioso homem-macaco, de Valêncio
Xavier) até a assombração por um gato preto (O gato preto,
de Edgar Allan Poe).
Um trabalho fantástico
Nossa atividade se deu a partir da leitura inicial de
alguns contos, promovida por nós em sala de aula, que
exigiu uma preparação primeira nos direcionando desde
a leitura em voz alta dos contos que leríamos para os
alunos a fi m de criarmos todo o suspense necessário ao
envolvimento da turma.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
224 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
A decoração da sala foi feita com TNT que serviu para
cobrir o piso onde os alunos sentaram, fugindo, desde
então, ao tradicionalismo que os direciona à permanência
em cadeiras.
Em seguida, utilizamos velas enfi leiradas que servi-
ram para iluminar a sala, já que havíamos apagado todas
as luzes a fi m de suscitar a entradas dos alunos em um
outro mundo.
Vale salientar que os alunos, desde a porta da sala, já
demonstravam um estranhamento por presenciarem uma
sala de aula distinta daquela a que estavam acostumados
a ver e, com isso, ao adentrarem a sala, posicionavam-se
no chão e aguardavam curiosos pelo que aconteceria.
No momento em que toda a turma estava reunida, ini-
ciamos a leitura dos contos escolhidos, estes foram: O gato
preto, de Edgar Allan Poe; O misterioso homem- macaco,
de Valêncio Xavier; e O espírito, de Artur de Azevedo.
A leitura se deu de forma assustadora, com todas as
elevações e diminuições da entonação vocal o que nos
permitiu, com a ajuda de alguns efeitos sonoros, extrair
dos alunos gritos de horror, por estarem tão envolvidos
na narrativa que se seguia.
Depois desse momento lúdico de leitura, passamos o
fi lme Coraline para os alunos na sala de vídeo da esco-e
la objetivando fazer com que esses percebessem toda a
construção do ambiente fantástico, observando os elemen-
tos que compõem esse cenário. Somado a isso fi zemos,
também, a leitura do poema O morcego, de Augusto dos
Anjos, para proporcionar a criação do cenário sombrio e
tenso que adentra os contos fantásticos.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
225Valdison Ribeiro da Silva, Maria Jaqueline da Silva, Felipe Garcia de Medeiros,
Leandro Marcelo Cassimiro das Chagas, Vanessa da Conceição
Em seguida, já em sala de aula, expomos a forma com-
posicional do gênero por meio de slides para que, dessa
maneira, os alunos pudessem fazer ligações do que ha-
viam presenciado na leitura oral dos contos, no fi lme com
a composição do gênero em questão, já que esse possui
características peculiares.
É interessante ressaltar que essa exposição não ocorreu
de forma monológica, pois os próprios alunos tinham ple-
na liberdade para contribuir com a depreensão da estrutu-
ra do conto fantástico, dessa forma, quebrando novamente
com a imagem de tradicionalismo em que o professor fala
e o aluno escuta. Até porque é, por meio desse dialogis-
mo que a aprendizagem acontece mais rapidamente e de
maneira mais efi caz.
A proposta para a produção escrita dos alunos sucedeu
esse evento, no entanto, propusemos que os alunos bus-
cassem nos relatos de seus familiares, em seu repertório
de conhecimento enciclopédico, uma estória sobre a qual
pudessem construir um conto. Surgiram estórias das mais
diversas, a título de exemplo temos a da loura do banheiro,
relatada por um dos estudantes.
Essa foi uma experiência formidável, na qual os pró-
prios alunos puderam perceber o quanto seria fácil a pro-
dução desse gênero, já que iriam tratar de fatos que eram
do conhecimento deles, sendo assim, teriam muito a dizer
em seus textos, pois o insucesso na escrita escolar está
diretamente ligada ao fato de o aluno não ter o que dizer,
segundo nos afi rma Antunes (2009):
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
226 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
[...] o insucesso da escrita escolar é responsabi-
lidade mais de outros fatores do que do compo-
nente lingüístico. Na verdade, esse insucesso tem
raízes em espaços e momentos anteriores àqueles
da elaboração de um trabalho escrito. Tem raízes
na ausência de uma condição básica, insubstituí-
vel, necessária, que é ter o que dizer. (ANTUNES,
2009, p. 167).
Essa autora deixa claro que a falta de sucesso da escrita
dos discentes, quando esses são submetidos à situação de
produção e deles é exigido um posicionamento autoral,
não está relacionada unicamente às questões linguísticas,
vez que o problema vai além, repousando, assim, sobre
a carência e/ou limitação da competência enciclopédica
desses alunos, o que termina por bloqueá-los diante da
folha em branco.
Logo após a apresentação feita por nós da proposta de
produção textual, ao passo em que a turma nos entregou
sua primeira versão, iniciamos um processo de orientações
visando a um aprimoramento dos textos produzidos, o que
contribuiu enormemente para a verifi cação e seleção dos
problemas mais graves enfrentados por esses discentes,
valendo-nos da teorização de Bakhtin (1997) e Garcez
(1998) que se refere à interferência e à contribuição do
outro no processo de formação do autor de textos.
Embasados nessa concepção e com uma postura dife-
renciada frente ao percurso de elaboração e reelaboração,
nós éramos não apontadores de erros, mas colaboradores
e norteadores de possibilidades de melhoria e de aprimo-
ramento dos textos produzidos.
Após as orientações, os alunos empenharam-se na
melhoria de seus textos o que terminou culminando em
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
227Valdison Ribeiro da Silva, Maria Jaqueline da Silva, Felipe Garcia de Medeiros,
Leandro Marcelo Cassimiro das Chagas, Vanessa da Conceição
produções muito boas e na leitura promovida por eles, em
sala de aula, de seus próprios contos fantásticos.
O impacto que o trabalho com esse gênero proporcio-
nou foi tão bem sucedido que a produção escrita não po-
deria ser diferente, é claro que essas produções possuíam
algumas inadequações quanto à ortografi a, à pontuação,
mas, no decorrer das orientações, essas foram resolvidas.
Conclusão
O trabalho com o gênero conto fantástico alcançou
excelentes resultados, uma vez que todos os alunos en-
volveram-se nos processos de escrita e reescrita que foram
desenvolvidos a partir da proposta de produção textual,
além de participarem desde a leitura dos contos em sala
decorada para esse fi m até a presença na sala de vídeo
onde assistiram ao fi lme.
Notamos que, no decorrer do processo, o fato de traba-
lharmos com orientações individuais contribuiu, sobrema-
neira, para que os alunos nos procurassem com a fi nalida-
de de descobrir o norte para as adequações necessárias em
suas produções, pois, como os professores, atualmente,
não têm tempo nem disposição para dedicarem-se a este
trabalho, terminam por encerrar as produções dos alunos
em uma única versão, na qual são apontados os erros sem
sugestões de reescrita.
Percebemos também que, a partir desses atendimentos,
os alunos puderam observar e refl etir sobre a necessidade
da reescrita, do olhar do outro sobre sua produção, da
leitura como elemento fundamental para obterem bons
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
228 APAGANDO O TERROR DIANTE DA FOLHA EM
BRANCO POR MEIO DO TRABALHO COM O CONTO FANTÁSTICO
resultados com a escrita e, também, sobre a necessidade
de uma prática de reelaboração permanente, pois, segundo
Garcez (2001, p. 21), “escrever bem é o resultado de um
percurso constituído de muita prática, muita refl exão e
muita leitura”.
Apesar dos grandes avanços no trabalho com esse gê-
nero, enfatizamos que ainda há muitos desafi os a serem
superados, haja vista as carências evidenciadas no pro-
cesso de desenvolvimento da escrita dos alunos, o qual se
baseia em elaborações textuais sem rascunhos e encerra-
das em uma única versão.
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GARCEZ, L. H. do C. Técnicas de redação: o que é
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Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2007.
231
5.2
* Bolsistas do subprojeto Bibid – Língua Portuguesa.
**Professora orientadora.
O HAICAI EM SALA DE AULA:
UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS
DE ESCRITA DOS ALUNOS
Aline Patricia da silva*
Dinara Soares Chacon*
Elisângela Soares de Oliveira*
Jackeline Rebouças Oliveira*
William Brenno dos Santos Oliveira*
Maria da Penha Casado Alves**
Introdução
O trabalho com escrita e reescrita em sala de aula
tem se mostrado, ao longo dos tempos, como um
processo complexo que exige especial atenção e
estudo por parte dos professores e o domínio de diversas
competências discursivas que só podem ser adquiridas
com a prática, por parte dos alunos. É notória, entretanto,
a defi ciência na orientação e nos resultados dessa ativida-
de nos moldes em que a mesma vem sendo desenvolvida
em sala de aula, tanto pela falta de preparo por parte
do professor quanto pela fragilidade da orientação que
é dada aos alunos antes, durante e depois do momento
de produção. Além de terem que lidar muitas vezes com
propostas obscuras e descontextualizadas que em nada
dialogam com sua realidade de vida, os alunos geralmente
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
232 O HAICAI EM SALA DE AULA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE ESCRITA DOS ALUNOS
não têm a oportunidade de trabalhar seu produto inicial
num plano de reescrita.
No âmbito literário, a situação é ainda mais crítica,
pois nesse evidencia-se a carência de subsídios a que os
alunos são submetidos ao longo de sua carreira escolar.
A falta de estímulo à leitura faz com que os mesmos não
tenham conhecimento ou discernimento das estratégias
estilísticas inerentes ao texto literário, além de diversos
outros fatores que difi cultam o processo de criação, como
a falta de vocabulário e a própria falta de ideias, o famoso
não sei o que escrever que muitos alegam. r
Verifi ca-se ainda que as atividades de leitura e pro-
dução textuais em geral, quando existem, não permitem
aos alunos a escolha para o gosto pela arte, o diálogo
com os fatos da vida nem a oportunidade de dar vazão
às suas ideias vontades e protestos por meio da escrita.
Dessa forma, os alunos são tolhidos em sua expressivi-
dade, condicionando-se a um comportamento apático no
qual não se veem como autores nem na arte e nem na sua
própria história de vida.
Assim sendo, o presente trabalho pretende relatar uma
experiência de leitura e produção do gênero poético hai-
cai, desenvolvida por professores em formação inicial do
curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) que integram o Subprojeto de Língua Por-
tuguesa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência (PIBID) em turmas do Ensino Médio. A ativi-
dade desenvolveu-se com o objetivo de superar a prática
tradicional que se detém apenas a aspectos meramente
estruturais e trabalhar com outros fatores essenciais para
o entendimento de um gênero literário.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
233Aline Patricia da silva, Dinara Soares Chacon, Elisângela Soares de Oliveira,
Jackeline Rebouças Oliveira, William Brenno dos Santos Oliveira,
O Pibid e a formação de professores
Compreendendo a importância de oferecer, aos profes-
sores em formação inicial, um contato mais intenso com
o ambiente escolar, visando ao estímulo para que estes
sigam a carreira docente, a UFRN apresentou o seu projeto
institucional para bolsas de Iniciação à Docência e este foi
aprovado. O referido projeto busca a integração dos alunos
de licenciatura com a realidade escolar da escola pública
(campo de atuação preferencial) com o intuito de que, a
partir da experiência de estar “em campo” eles tomem
conhecimento das relações, da estrutura, das conquistas
e tensões inerentes ao ambiente escolar.
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Do-
cência (PIBID) conta com o apoio da Secretaria de Edu-
cação, Cultura e Desportos do Rio Grande do Norte, pois
vê-se também nessa iniciativa a possibilidade de melho-
rar o ensino oferecido nas escolas da rede estadual, mais
especifi camente das que apresentam o Índice de Desen-
volvimento da Educação Básica (IDEB) abaixo da média
nacional que equivale a 3,8 nos dias atuais.
No ano de 2009, participaram do projeto cerca de 45
(quarenta e cinco) alunos dos cursos de Licenciatura 6.413
(seis mil, quatrocentos e treze) alunos do Ensino Médio
da rede pública de ensino, 08 (oito) professores locados
nas escolas em que o projeto atua e 09 (nove) professores
adjuntos dos departamentos acadêmicos da UFRN que
exercem a função de coordenadores, abrangendo os mu-
nicípios de Natal, Caicó e Currais Novos.
Por considerar o ensino de Língua Portuguesa es-
sencial na formação pessoal e profi ssional de cidadãos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
234 O HAICAI EM SALA DE AULA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE ESCRITA DOS ALUNOS
profi cientes e críticos, o Pibid destacou como necessária
a existência de um subprojeto dessa área curricular. Na
UFRN, o Subprojeto de Língua Portuguesa é coordenado
pela Profa. Doutora Maria da Penha Casado Alves e conta
com a participação de 13 (treze) discentes do curso de
Letras – habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas,
sendo todos benefi ciados com bolsas mantidas pela Coor-
denação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e pelo Programa de Apoio a Planos de Reestru-
turação e Expansão das Universidades Federais (REUNI).
O subprojeto de língua materna preocupa-se em ofe-
recer aos professores em formação inicial a vivência da
prática em sala de aula, a aproximação com a comunidade
escolar e a refl exão acerca da metodologia de trabalho
adotada nas ações interventoras, não só como incentivo,
mas também como um subsídio para o discernimento
consciente na escolha pelo ofício docente.
Aporte teórico
Recorremos, para embasar este artigo, à concepção
bakhtiniana de gêneros discursivos e de linguagem como
construção sócio-histórica de sujeitos em interação. Ao
defi nir o conceito, em Estética da criação verbal, Bakhtin
enfatiza que: “o emprego da língua efetua-se em forma
de enunciados” (ano, p. ), e tais enunciados estão se re-
alizando o tempo todo nos diversos campos da atividade
humana, evidentemente, cada campo vai produzir seus
“tipos relativamente estáveis de enunciados” (BAKHTIN,
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
235Aline Patricia da silva, Dinara Soares Chacon, Elisângela Soares de Oliveira,
Jackeline Rebouças Oliveira, William Brenno dos Santos Oliveira,
2003), que vão ser os gêneros do discurso na visão da
concepção bakhtiniana.
Segundo Bakhtin, toda atividade humana está atrelada
à utilização da linguagem, e tais atividades são multifor-
mes, ou seja, as formas típicas de enunciados (BAKHTIN,
2003) são totalmente variáveis aos campos de atuação,
o que não contradiz a unidade nacional de uma língua.
A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso
são infi nitas porque são inesgotáveis as possibi-
lidades da multiforme atividade humana e por-
que em cada campo dessa atividade é integral
o repertório de gêneros do discurso, que cresce
e se diferencia à medida que se desenvolve e se
complexifi ca um determinado campo. (BAKHTIN,
2003, p. 262).
Posto isso, devemos colocar em evidência a grandiosa
heterogeneidade presente nos gêneros do discurso, sejam
eles orais ou escritos, nos quais estão incluídos rápidos di-
álogos do cotidiano até o romance com inúmeras páginas.
Aparentemente, essa imensa heterogeneidade impossi-
bilita um único plano de estudo para si, já que esse plano
se apresenta com fracas marcas de heterogeneidade. Mas
o que nos interessa é que para Bakhtin (2003) esses enun-
ciados são refl etores e refratores das condições específi cas
e das fi nalidades de cada campo e, principalmente, por
sua construção composicional e também, mas não mais
importante por seu conteúdo – em outros termos, um tema
específi co e recorrente em dada esfera – e estilos de lin-
guagem, ou seja, as escolhas dos recursos lexicais, dos
recursos fraseológicos e gramaticais.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
236 O HAICAI EM SALA DE AULA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE ESCRITA DOS ALUNOS
Volochinov (2009) também afi rma, em Marxismo e fi -
losofi a da linguagem, que “o discurso escrito é de certa
maneira parte integrante de uma discussão ideológica em
grande escala: ele responde a alguma coisa, refuta, confi r-
ma, antecipa as respostas e objeções potenciais, procura
apoio, etc.” (VOLOCHINOV, 2009, p. 128).VV
Sendo assim, para que as produções textuais atendam
as exigências do gênero, nesse caso, o haicai, exprimindo
as ideias e os posicionamentos de maneira satisfatória,
atingindo o objetivo esperado pelo autor e alcançando o
seu leitor/interlocutor se faz necessário um trabalho de
elaboração permanente fazendo com que o texto, no fi m
de todo o processo se constitua em um ato de dizer que
se dirige a um outro.
Nessa perspectiva, trabalhamos o haicai como gênero
discursivo secundário, que surge em uma relação de con-
vívio cultural, passa por um processo de elaboração mais
complexo e pertencente à esfera literária que em sua for-
mação utiliza e reelabora uma diversidade de gêneros pri-
mários, por exemplo: o conto pode se apropriar da conver-
sa corriqueira, do bate-papo e do bilhete, que são gêneros
primários (gêneros mais simples) para integrarem a sua
composição, nesse sentido, os gêneros que vão compor
os secundários (complexos) transformam-se, ganhando
assim um caráter específi co, como afi rma Bakhtin (2003):
“perdem o vínculo imediato com a realidade concreta e os
enunciados reais alheios”.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
237Aline Patricia da silva, Dinara Soares Chacon, Elisângela Soares de Oliveira,
Jackeline Rebouças Oliveira, William Brenno dos Santos Oliveira,
O haicai
Haicai é um tipo de poema de origem japonesa, que
chegou ao Brasil no início do século XX e hoje conta
com muitos praticantes e estudiosos brasileiros. O haicai
clássico japonês obedece a quatro regras: consiste em 17
sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sí-
labas; contém alguma referência à natureza (diferente da
natureza humana); refere-se a um evento particular (ou
seja, não é uma generalização); apresenta tal evento como
acontecendo agora, e não no passado. No transplante do
haicai para outros países, algumas das regras anteriores
são seguidas com maior ou menor fi delidade, enquanto
outras podem ser mesmo ignoradas, dependendo de cada
poeta ou da escola seguida.
Sobre o haicai, escreveu Couchoud esta bela defi nição,
na qual ressalta a sua singularidade:
[...] é uma poesia japonesa em três versos, ou an-
tes em três pequenas par tes de frase, a primeira
de cinco sílabas, a segunda de sete, a terceira de
cinco: dezessete sílabas ao todo. É o mais ele-
mentar dos gêneros poéticos. [...] Um haicai não
é comparável nem a um dístico grego ou latino,
nem a um quarteto francês. Não é tampouco um
‘pen samento’, nem um ‘dito espirituoso’, nem um
provérbio, nem um epigrama no sentido moderno,
nem um epigrama no sentido anti go, isto é uma
inscrição, mas um simples quadro em três pincela-
das, uma vinheta, um esboço, às vezes um simples
registro (touche), uma impressão. (COUCHOUD,
2003. p. 25).
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
238 O HAICAI EM SALA DE AULA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE ESCRITA DOS ALUNOS
Não podemos deixar de assinalar o papel de Paulo
Leminski (1944-1989) dentro do haicai brasileiro, que
foi infl uenciado tanto pelas técnicas ideogramáticas
do movimento concreto quanto pela contracultura
dos anos 1960. O grande mérito de Leminski foi tra-
zer o haicai da torre de marfi m do lirismo em que
se encontrava para a vida cotidiana, atribuindo ele-
gância e bom-humor às experiências sensoriais mais
triviais do dia a dia. O haicai não precisava mais vir
de um momento de elite, como propugnava Almeida.
Essa nova proposta, em resumo, é a essência do hai-
cai tradicional. Apesar disso, seus haicais são muito
livres em forma.
Diante dessas contribuições de Leminski e outros haica-
ístas (poetas de haicai) para que o haicai brasileiro fosse um
gênero que não estivesse tão preso à métrica e à rima é que
iniciamos o trabalho com a leitura e a produção de haicais
no Ensino Médio de uma escola publica da grande Natal.
Relato de experiência
A experiência aqui relatada foi desenvolvida dentro das
atividades do Pibid no ano de 2009, tendo como público
alvo, neste caso, a turma de 3ª série do Ensino Médio. O
trabalho de leitura e produção do gênero haicai aconte-
ceu nos meses de novembro e dezembro do ano de 2009,
entretanto, desde o início do ano letivo já trabalhávamos
com o processo de escrita e reescrita de outros gêneros
textuais na referida turma que, com uma média de 35
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
239Aline Patricia da silva, Dinara Soares Chacon, Elisângela Soares de Oliveira,
Jackeline Rebouças Oliveira, William Brenno dos Santos Oliveira,
alunos assíduos, mostrou-se receptiva com os bolsistas
monitores e integrada às atividades propostas.
Anteriormente, haviam sido trabalhados os gêneros
carta do leitor, carta argumentativa e seminário, reconhe-
cida a necessidade de se fornecer maior apoio aos alunos
dessa série, concluintes da Educação Básica e pré-vesti-
bulandos, em sua maioria.
A escolha desse gênero para ser trabalhado no último
bimestre partiu de uma constatação conjunta do professor
supervisor, da coordenadora do subprojeto e dos bolsistas
que atuavam na turma, verifi cou-se, ao logo das ativida-
des, que os alunos não se agradavam de nada relativo à
poesia, por medo, desconhecimento e falta de incentivos
anteriores. O objetivo maior da proposta foi o de possi-
bilitar aos alunos a vivência de uma situação não só de
consumo, mas também de assumir a postura de produ-
tores de arte.
Antes de irmos à sala de aula, nos foi apresentado ma-
terial teórico e prático sobre o supracitado poema japonês,
houve um momento de estudo para que tivéssemos co-
nhecimento das especifi cidades do gênero e domínio para
passar informações e orientações com a clareza necessá-
ria. Além disso, preparamos uma seleção de haicais com
exemplares tanto japoneses quanto brasileiros (Anexo A),
exemplos que iam desde as composições mais tradicionais
até àquelas que apresentam uma maior liberdade estética,
seguindo a proposta do modernismo.
A pequena coletânea foi então apresentada aos alunos
em sala de aula. deixamos então que eles efetuassem uma
primeira leitura livre e depois abrimos espaço para que co-
mentassem suas impressões sobre a leitura, as temáticas e
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
240 O HAICAI EM SALA DE AULA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE ESCRITA DOS ALUNOS
o tipo de poema recém-conhecido. A estranheza foi geral.
Alguns disseram já ter ouvido falar do haicai, mas apesar
disso também classifi caram a composição como estranha,
principalmente, por sua essência sintética. Inicialmente,
não quiseram comentar, mas aos poucos foram respon-
dendo às nossas provocações, buscando aqueles pontos
que julgavam como mais curiosos. Foi a partir dessas ob-
servações iniciais que construímos o conceito de haicai,
identifi cando características como a referência à natureza
(os kigos), a particularidade do evento apresentado e a
instantaneidade da cena representada.
Após esse momento de conceituação, tivemos algumas
aulas de esclarecimentos, leitura e interpretação, sendo
que, numa dessas ocasiões, o professor demonstrou que
era possível construir um haicai representando oralmente
a sensação do instante vivido. Surpreendentemente, uma
parte da turma imitou-o, ensaiando, em breves falas, uma
representação circunstancial. Encerradas as atividades de
apresentação e contextualização do gênero, marcamos a
produção dos haicais para a aula seguinte, recomendando
que estudassem, voltassem a ler os poemas trabalhados e
tentassem construir discursos naturalmente concisos, mas
amplos em signifi cação.
No dia da produção, a turma manteve-se calma e, para
surpresa tanto nossa quanto do professor supervisor, es-
creveu sem maiores hesitações, sendo que todos ultrapas-
saram a proposição dada e escreveram vários haicais de
naturezas temáticas diversas (Anexo B), mas seguindo a
característica do laconismo.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
241Aline Patricia da silva, Dinara Soares Chacon, Elisângela Soares de Oliveira,
Jackeline Rebouças Oliveira, William Brenno dos Santos Oliveira,
Resultados
As produções, posteriormente, foram lidas, digitadas
e arquivadas, para que se pudesse ter um registro desse
trabalho de interferência e construção de um novo pa-
norama no ensino de Língua Materna. Chegado o fi m do
ano letivo, o Pibid organizou uma Mostra de Linguagem
na escola, para fi ns de culminância do primeiro ano de
atuação do projeto e para dar à comunidade escolar um
retorno concreto de nossas ações. Na referida Mostra, os
haicais produzidos pelos alunos do 3º ano chamaram a
atenção não só pela forma como estavam dispostos na
sala, mas também pela espontaneidade e sinceridade dos
discursos que ali estavam.
A satisfação dos alunos era fl agrante, cada um que pro-
curava um haicai de sua autoria para mostrar aos colegas
e visitantes, tanto por ter uma contribuição na ornamen-
tação da sala quanto pelo sentimento de valorização da-
quilo que tinham a dizer. Tais resultados comprovam que
o trabalho com essa orientação pode ser uma alternativa
para combater o desinteresse do aluno pela leitura e pela
escrita em sala de aula.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
242 O HAICAI EM SALA DE AULA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE ESCRITA DOS ALUNOS
Referências
BAKHTIN, M. Gêneros do discurso. In: Estética da
criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 261-9.
BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, V. N. Marxismo e fi losofi a da
linguagem. São Paulo: Hucitec, 2009.
CAQUI. O que é Haicai. Revista Brasileira de Haicai.
Disponível em: <http://www.kakinet.com/caqui/
nyumon.htm> Acesso em: 24 nov. 2009.
COUCHOUD, Paul-Louis. Le haïkaï: les épigrammes
lyriques du Japon. Paris: La Table Ronde, 2003, p. 25.
Edson Kenji Iura. O haicai brasileiro. (Palestra).
Disponível em: <http://www.sumauma.net/gremio/
palestra-edson.html>. Acesso em: 24 fev. 2010.
Franchetti, Paulo. O haicai no Brasil. Alea, dez. 2008, v.10,
n. 2, p. 256-269. Disponível em: <http://www.scielo.br/
pdf/alea/v10n2/07.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2010.
243
ANEXO A
Haicais japoneses
Shin-nen
Ano Novo
kozo kotoshi tsuranuku bô no gotoki mono
O ano velho e o ano novo,
Como se houvesse um bastão
A trespassá-los.
Kyoshi
ganjitsu mo betsujô no naki kuzuya kana
Primeiro dia do ano:
Meu barraco,
O mesmo de sempre.
Issa
hatsu yume ya himete katarazu hitori emu
Primeiro sonho do ano —
Sem contar a ninguém
Sorrio em silêncio.
Natsu
Verão
hashii shite saishi o sakuru atsusa kana
Saio na varanda
Para fugir da mulher e fi lhos.
Que calor!
Buson
otoko bakari no naka ni onna no atsusa kana
Apenas homens,
E uma mulher entre eles.
Que calor!
Shiki
244
Haicais brasileiros
Tudo dito,
nada feito,
fi to e deito
Paulo Leminski
viver é super difícil
o mais fundo
está sempre na superfície
Paulo Leminski
Tatalou e caiu
como onda espiralada
fragor de entrudo.
Guimarães Rosa
Gota de orvalho
na coroa dum lírio
jóia do tempo.
Érico Veríssimo
- O senhor cultiva
epigramas?
- Não, só a grama de meu jardim.
Carlos Drummond de Andrade
Entre velhas páginas
uma folha ainda verde
da casa antiga.
Alice Ruiz
Com pó e mistério
a mulher ao espelho
retoca o adultério
Millôr Fernandes
245
ANEXO B
HAICAIS ALUNOS
Apesar de tanto esforço,
nada sai:
ai que tristeza!
(Maria Wédina)
Será que é errado?
Faço e nem percebo,
te engano aos poucos.
(Nágila Bianca)
Aproveite a vida
enquanto pode se viver,
pois amanhã não encontrarás.
(Samilla Carolina)
Entre pó,
entre panos,
ainda resta encanto.
(Amanda Lavínia)
Viver é fácil,
difícil é viver bem
com alguém.
(Claudiana Oliveira)
Fui para algum lugar,
Onde? Não sei,
só sei que já voltei!
(Félix Antônio)
Tudo dito,
nada dito.
Nada feito.
(Saul Augusto)
Aula de Haicais
cérebro trabalhando a mil
criatividade em falta.
(Aisha de Faria)
Amigos são como luz
em nossa vida.
Como é duro viver na escuridão.
(Rejane Maria)
Crianças brincando,
fi m de tarde,
sorvete e pipoca.
(Edivane Fernandes)
Tosse, febre, dor
É a Infl uenza A
H1N1, doutor?
(Maiara Fernandes)
Trabalhar
é dar duro.
Que tédio!
(Aline Angelina)
A camisinha,
cheiro de fruta
com elasticidade.
(Mayara Cristina)
Brisa do mar
Toca meu rosto
Doce sensação de liberdade.
(Jéssika Mariana)
Rosas vermelhas,
porém de plástico,
mentira ou verdade?
(Emannuelly Príscilla)
Sonhar é sempre bom,
acreditar
para fugir da tristeza.
(Jeane Lopes)
O fi m de semana chegou
mas só chove,
que horror!
(Wilza Carla)
A vida é um jardim
regando-a hoje
amanhã teremos bons frutos.
(Vanúcia Alves)
247
5.3
* Bolsistas do subprojeto Bibid – Língua Portuguesa.
**Professora orientadora.
NARRANDO A VIDA: UM TRABALHO
DE LEITURA E PRODUÇÃO DO
GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA
Bruna Rafaelle de Jesus Lopes*
Camila Maria Gomes*
Júlio César Balisa da Silva*
Tacicleide Dantas Vieira*
Juliete Guedes da Silva*
Maria da Penha Casado Alves**
Introdução
Este trabalho tem como objetivo principal relatar uma
experiência com as práticas de leitura e produção
textual do gênero crônica em uma sala de aula do se-
gundo ano do Ensino Médio de uma escola estadual situada
no bairro de Ponta Negra, na grande Natal – RN. Tais ativi-
dades foram desenvolvidas dentro do subprojeto de língua
portuguesa que funciona dentro de um grande programa
intitulado Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à do-
cência (PIBID). O subprojeto é composto por treze bolsistas
todos remunerados com recursos oriundos da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
e do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Ex-
pansão das Universidades Federais (REUNI). O projeto, na
área de língua materna, conta com a coordenação da Profa.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
248 NARRANDO A VIDA: UM TRABALHO DE LEITURA
E PRODUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA
Dra. Maria da Penha Casado Alves e o supervisor locado na
escola, campo de atuação do Pibid de Língua Portuguesa,
professor Ladmires de Carvalho.
O Pibid é um programa recente e criado com o in-
tuito de oferecer aos alunos dos cursos de licenciatura
uma prática docente mais assistida e orientada por parte
das universidades. O projeto foi pensado para funcionar
principalmente, mas não apenas, no segundo estágio de
formação, que é o Ensino Médio, outrora tão esquecido.
As atividades desenvolvem-se, principalmente, na área de
leitura e de produção de textos, com a fi nalidade de de-
senvolver nos alunos a capacidade de reconhecer e operar
com o maior número de gêneros textuais possíveis.
No que diz respeito ao trabalho com os gêneros nar-
rativos, escolhemos a crônica, pelo fato de ter sido uma
experiência bastante proveitosa, pois contou com uma boa
participação do corpo discente da escola campo, além de
ser um gênero muito bem aceito por todos os alunos, por
tratar de temas que estão mais perto da realidade destes.
Assim sendo, passaremos a relatar tal experiência com
o objetivo de refl etir sobre nossa prática e com a fi nalidade
de contribuir para futuros trabalhos com a crônica nas
salas de aula dos professores de língua materna.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
249Bruna Rafaelle de Jesus Lopes, Camila Maria Gomes,
Júlio César Balisa da Silva, Tacicleide Dantas Vieira, Juliete Guedes da Silva
Gêneros discursivos:uma abordagem na perspectiva bakhtiniana
Para embasar este artigo, recorremos à concepção
bakhtiniana de gêneros discursivos e de linguagem como
construção socio-histórica de sujeitos em interação. Ao
defi nir o conceito, Bakhtin (2003, p. 268) enfatiza que: “o
emprego da língua efetua-se em forma de enunciados”, e
tais enunciados estão se realizando o tempo todo nos di-
versos campos da atividade humana, evidentemente, cada
campo vai produzir seus “tipos relativamente estáveis de
enunciados” (BAKHTIN, 2003, p. 268), que vão ser os
gêneros do discurso na concepção bakhtiniana.
Segundo esse teórico, toda atividade humana está atrela-
da à utilização da linguagem, e tais atividades são multifor-
mes, ou seja, as formas “típicas de enunciados” (BAKHTIN,
2003, p. 268) são totalmente variáveis aos campos de atua-
ção, o que não contradiz a unidade nacional de uma língua.
A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso
são infi nitas porque são inesgotáveis as possibi-
lidades da multiforme atividade humana e por-
que em cada campo dessa atividade é integral
o repertório de gêneros do discurso, que cresce
e se diferencia à medida que se desenvolve e se
complexifi ca um determinado campo. (BAKHTIN,
2003, p. 262).
Posto isso, devemos colocar em evidência a grandiosa
heterogeneidade dos gêneros do discurso, sejam eles orais
ou escritos, nos quais estão incluídos rápidos diálogos do
cotidiano até o romance com inúmeras páginas. Aparen-
temente, essa imensa heterogeneidade impossibilita um
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
250 NARRANDO A VIDA: UM TRABALHO DE LEITURA
E PRODUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA
único plano de estudo para si, já que esse plano apresenta-
se com fracas marcas de heterogeneidade, mas o que nos
interessa é que para Bakhtin (2003) esses enunciados são
refl etores e refratores das condições específi cas e das fi -
nalidades de cada campo e, principalmente, por sua cons-
trução composicional e também, mas não mais importante l
por seu conteúdo – em outros termos, um tema específi co
e recorrente em dada esfera – e estilos de linguagem, ou
seja, as escolhas dos recursos lexicais, dos recursos frase-
ológicos e gramaticais.
Volochinov (2009, p. 128) afi rma que “o discurso escri-
to é de certa maneira parte integrante de uma discussão
ideológica em grande escala: ele responde a alguma coisa,
refuta, confi rma, antecipa as respostas e objeções poten-
ciais, procura apoio, etc.”.
Sendo assim, para que as produções textuais atendam
as exigências do gênero, nesse caso, a crônica, exprimindo
as ideias e os posicionamentos de maneira satisfatória,
atingindo o objetivo esperado pelo autor e alcançando o
seu leitor/interlocutor, faz-se necessário um trabalho de
elaboração permanente fazendo com que o texto, no fi m
de todo processo se constitua em um ato de dizer que se
dirige a um outro.
Nessa perspectiva, trabalhamos a crônica como gênero
discursivo secundário, que surge em uma relação de con-
vívio cultural e pertencente à esfera literária que em seu
processo de formação utiliza e reelabora uma diversidade
de gêneros primários, por exemplo: o conto pode se apro-
priar da conversa corriqueira, do bate-papo e do bilhete,
que são gêneros primários (gêneros mais simples) para
integrarem a sua composição, nesse sentido os gêneros
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
251Bruna Rafaelle de Jesus Lopes, Camila Maria Gomes,
Júlio César Balisa da Silva, Tacicleide Dantas Vieira, Juliete Guedes da Silva
que vão compor os secundários (complexos) transformam-
se, ganhando assim um caráter específi co, como afi rma
Bakhtin (2003, p. 268 ): “perdem o vínculo imediato com
a realidade concreta e os enunciados reais alheios”.
Crônica: um gênero que ressignifi ca o cotidiano
Derivado do Latim chronica, o vocábulo crônica signifi -
cava o relato de acontecimentos cotidianos em uma ordem
pré-determinada. Moisés (2004), ao defi nir o termo crô-
nica, ressalta a mudança de conotação que a designação
assume no decorrer dos séculos. Na Era Cristã, remetia
a uma lista ou a uma relação de acontecimentos, organi-
zados conforme continuidade linear no tempo; limitava-
se a registrar os eventos, sem comprometimento com a
investigação das causas ou com uma interpretação. Em
contrapartida, na era moderna, a expressão não apresenta
limites muito precisos. Sua natureza híbrida é verifi cada
em diversas formas de manifestação.
Primordialmente, era um texto escrito para ser publi-
cado em jornal ou revista, consequentemente, tinha vida
curta. Por isso, na maioria dos casos, esse gênero é for-
mado por textos curtos e narrado em primeira pessoa,
propiciando um diálogo entre o escritor e o leitor. Isso faz
com que a crônica exponha uma visão totalmente pessoal
de um referente assunto absorvido na visão do cronista.
Cândido (1992) remete também à etimologia da pala-
vra – chronus, crônica – para realçar que, mesmo com as
mudanças incorporadas ao longo do tempo, acrescendo-
se aí um lugar à subjetividade do autor, a crônica guarda
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
252 NARRANDO A VIDA: UM TRABALHO DE LEITURA
E PRODUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA
de sua origem etimológica uma constante relação com o
tempo vivido. Atualmente, a crônica atua como portadora
do espírito do tempo, tanto por suas características formais
como por seu conteúdo, pela relação que nela se instaura
entre fi cção e história, pelos aspectos aparentemente casu-
ais do cotidiano, também pela complexa trama de tensões
e relações sociais que interpõem sua composição. Impor-
tante ainda é a cumplicidade lúdica que se estabelece
entre o autor e o leitor, sempre ancorada na contempora-
neidade. Designa-se crônica, então, um texto leve, fl uente
e sintético, que instaura um elo entre passado e presente.
O hibridismo inerente e pertencente ao gênero crônica
causa certa divergência e incômodo aos críticos literários.
Com o objetivo de compreensão desse gênero – pois, há
disparidades classifi catórias enquanto a sua especifi cidade
–, encontra-se a consideração da crônica como sendo gê-
nero menor, em contrapartida, observa-se a dúvida sobre
sua natureza jornalística ou literária propriamente dita.
É importante saber reconhecer as peculiaridades do
gênero, sem considerá-lo necessariamente menor, já que,
inicialmente, as crônicas eram publicadas em jornais, po-
rém não se pode retirar as suas características enquanto
literatura. A crônica transita entre o jornalismo e a literatu-
ra, o que permite um expressivo desenvolvimento textual.
Candido destaca a condição de comentário leve, apre-
sentando-a como “composição aparentemente solta”, com
“ar de coisa sem necessidade”, que “se ajusta à sensibili-
dade de cada dia” (1992, p.13). Sá explica, em A crônica,
que a crônica equivale a um “registro circunstancial feito
por um narrador-repórter que relata um fato [...] a muitos
leitores que formam um público determinado”(2002, p. 7).
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
253Bruna Rafaelle de Jesus Lopes, Camila Maria Gomes,
Júlio César Balisa da Silva, Tacicleide Dantas Vieira, Juliete Guedes da Silva
Moisés designou, ainda, em A Criação Literária, que a crô-
nica alcançará o esplendor após o século XII, na França,
Inglaterra, Portugal e Espanha, isso,quando se aproximou
da História, mostrando fortes traços de fi cção literária. A
partir do Renascimento o termo crônica teria cedido vez à
História, e uma vez liberto da conotação histórica, o vocá-
bulo passou a se revestir do sentido literário. Finalmente,
a partir do século XIX, a crônica encontrou seu signifi cado
jornalístico (1979, p. 245).
Apontando o cotidiano como assunto único do gênero,
Moisés acredita que, mesmo ao serem publicadas em livro,
as crônicas são textos fugazes, que não detêm a resistência
do romance ou do conto.
Coutinho afi rma quanto ao aspecto estrutural, tendo
a crônica como gênero de considerável complexidade e
hibridismo, tudo por consequência da própria natureza
e fl exibilidade. Cândido chama a atenção para a leveza
do comentário. Sob perspectiva diversa, Sá aponta a am-
biguidade do foco narrativo e Moisés evidencia o caráter
jornalístico do gênero.
Devido à complexidade e ao hibridismo do gênero crô-
nica, aos seus limites imprecisos e à diversidade existente
em seu desenvolvimento, a sua aproximação com o jorna-
lismo ou com a literatura dependerá apenas da capacidade
de seu escritor. De acordo com Coutinho:
[...] somente será considerado gênero literário
quando apresentar qualidade literária, libertando-se
de sua condição circunstancial pelo estilo e pela in-
dividualidade do autor. (COUTINHO, 2002, p. 123).
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
254 NARRANDO A VIDA: UM TRABALHO DE LEITURA
E PRODUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA
Vários autores na busca de compreender a crônica, en-
quanto gênero literário, consideram como suas caracterís-
ticas: ligada à vida cotidiana; narrativa informal, familiar,
intimista; uso da oralidade na escrita: linguagem colo-
quial; sensibilidade no contato com a realidade; síntese;
uso do fato como meio ou pretexto para o artista exercer
seu estilo e sua criatividade; dose de lirismo; natureza
ensaística; leveza; diz coisas sérias por meio de uma apa-
rente conversa fi ada; uso do humor; brevidade; é um fato
moderno: está sujeita à rápida transformação e à fugaci-
dade da vida moderna.
O gênero crônica discorre sobre qualquer assunto, O
cronista age de maneira solta, dando a impressão de que
pretende apenas fi car na superfície de seus comentários. A
crônica não é um relato frio do evento: o autor faz questão
de deixar claro que o modo como apresenta o evento é
bem particular, bem subjetivo, pode ter um toque levia-
no, humorístico, pitoresco, lírico, poético, conforme as
circunstâncias (SÁ, 2002).
Sá (2002 p. 18) afi rma que a “crônica funciona como
uma espécie de passagem secreta por onde ingressamos
no espaço do prazer sem que isso delimite a nossa cons-
ciência da realidade opressora”. O cronista faz uso da ma-
gicidade para obter a aceitação do leitor, a partir da obser-
vação crítica do real e, através desse universo imaginário,
permite suporte aos constrangimentos e opressões sociais.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
255Bruna Rafaelle de Jesus Lopes, Camila Maria Gomes,
Júlio César Balisa da Silva, Tacicleide Dantas Vieira, Juliete Guedes da Silva
Relato de experiência
O trabalho de leitura e produção do gênero crônica
abordado neste trabalho foi desenvolvido no início do
ano letivo com uma turma do 2º ano do Ensino Médio da
Escola Estadual Professor José Fernandes Machado.
Inicialmente, trouxemos para a turma cópias de oito
crônicas de autores consagrados tais que Luis Fernan-
do Veríssimo, Fernando Sabino, Rubem Braga e Carlos
Drummond de Andrade. Dividimos a turma em quatro
grupos com aproximadamente quatro alunos em cada e
entregamos o material com a orientação de que lessem,
anotassem e se preparassem para apresentar um pequeno
comentário sobre os dois textos para o restante da turma.
Encerrado o prazo, pedimos que alguém do grupo lesse
em voz alta e depois expusesse suas opiniões, dando espaço
para que aqueles que fi caram como ouvintes também co-
mentassem suas impressões acerca da história contada. Num a
segundo momento, trouxemos mais duas crônicas (O Gato
Sou Eu; e O Homem Nu, ambas do escritor Fernando Sabi-
no), fi zemos uma leitura conjunta e, com base nas opiniões
apresentadas, começamos a construir, juntamente com eles,
um conceito do gênero crônica, partindo das características
identifi cadas que eram comuns a todos os textos.
Preparamos a caracterização da crônica e trouxemos
em slides para a turma, juntamente com a defi nição da
sequência textual narrativa que é a que predomina no
gênero trabalhado. Neste momento, fi zemos diversos
apontamentos e relações acerca da liberdade e da varie-
dade de temas permitidos pela crônica, retomando sempre
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
256 NARRANDO A VIDA: UM TRABALHO DE LEITURA
E PRODUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA
aspectos e detalhes recorrentes no enredo dos exemplares
trabalhados.
Após a apresentação e a motivação, partimos para a
hora em que os alunos consideram a mais problemática:
a produção de seus próprios textos. O processo de escri-
ta desenvolveu-se ao longo de três semanas, tempo no
qual trabalhamos com orientação individual e refl exão,
estimulando os discentes para que relessem e pensassem
nos pontos que precisavam ser melhorados. A proposta
constituiu-se na dinâmica de que se imaginassem em
uma situação na qual eles fossem convidados a escre-
ver uma crônica para um jornal de circulação escolar.
Deixamos que eles fi cassem bem à vontade com relação
a escolha do tema de suas respectivas crônicas, apenas
pedimos que o enfoque fosse nas situações do cotidiano
deles e foram à produção.
Apesar da hesitação demonstrada logo que apresen-
tamos a proposta, os alunos demonstraram bastante de-
senvoltura na escrita, visto que conseguiram trazer para
os textos elementos de sua vida cotidiana e da realidade
escolar na qual se enquadravam. O Processo de reescrita
foi bastante proveitoso, pois eles puderam trabalhar em
cima de apontamentos feitos pelos bolsistas, mas tam-
bém alguns observaram sem muita ajuda os problemas
de seus textos.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
257Bruna Rafaelle de Jesus Lopes, Camila Maria Gomes,
Júlio César Balisa da Silva, Tacicleide Dantas Vieira, Juliete Guedes da Silva
Resultados
Concluímos que, apesar das difi culdades comuns à
prática de leitura e, principalmente, de escrita em sala de
aula, conseguimos atingir o objetivo a que nos propuse-
mos a atingir quando selecionamos o gênero crônica para
ser trabalhado logo no início do ano letivo.
O trabalho de atendimento nos moldes desenvolvidos
traz para os alunos a oportunidade de repensar o tex-
to escrito e de reescrevê-lo quantas vezes fosse preciso,
contando com o estímulo e o apoio dado pelos bolsistas
no acompanhamento individual. O diferencial dessa pro-
posta, então, fi ca por conta da sequência didática e do
planejamento de ações pensadas de forma a responder às
necessidades da turma.
Alguns discentes reescreveram suas crônicas até quatro
vezes, demonstrando bastante interesse em melhorar sua
escrita. Dessa forma, compreendemos a adesão de grande
parte da turma e o interesse que eles demonstram ter pelas
atividades como a comprovação de que nossa intervenção
foi bem-sucedida.
As intervenções do Pibid têm se mostrado de grande
valia, tanto para os alunos quanto para nossa formação
acadêmica, quem vem se aprimorando com o tempo que
passamos em sala de aula e as orientações da nossa coorde-
nadora que sempre nos guia para uma saída mais cômoda.
Apesar de estarmos vivendo uma realidade de escola
pública, o que tem sido mal visto pelas mais variadas
esferas sociais, estamos adquirindo saberes e trocando
experiências com esses alunos que são tão estigmatizados
por essa mesma sociedade, o que nos leva a uma refl exão
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
258 NARRANDO A VIDA: UM TRABALHO DE LEITURA
E PRODUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO CRÔNICA
de cunho ideológico e instaura em nós a vontade de sem-
pre fazer mais e melhor.
Referências
BAKHTIN, M. Gêneros do discurso. In: Estética da
criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, V. N. Marxismo e fi losofi a da
linguagem. São Paulo: Hucitec, 2009.
CANDIDO, Antonio. A vida ao rés-do-chão. In:
______ et al. A crônica: o gênero, sua fi xação e suas
transformações no Brasil. Campinas: Unicamp; Rio de
Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992.
COUTINHO, Afrânio. Ensaio e crônica. In: ______.
A literatura no Brasil. São Paulo: Global, 2003. v. 6.
MOISÉS, Massaud. Dicionários de termos literários.
12. ed. São Paulo: Cultrix, 2004.
MOISÉS, Massaud. A criação literária. Prosa. 16. ed.
São Paulo: Cultrix, 1998. v. II.
SÁ, Jorge de. A crônica. 6. ed. São Paulo: Ática, 2002.
6.1 A CANÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
6.2 AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA
EDUCATIVA DA ESCOLA ESTADUAL INSTITUTO VIVALDO PEREIRA
6.3 A ORALIDADE EM SALA DE AULA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID
6.4 EXPERIÊNCIAS E REFLEXÔES NO PIBID:
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO ENSINO BÁSICO
6
261
6.1
* Alunas da UFRN-CERES/LETRAS participante do PIBID – Subprojeto de Língua Portuguesa.
* Professora Coordenadora do Subprojeto de Língua Portuguesa – Currais Novos
A CANÇÃO NO ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA
Maria Kéryca Freitas dos Santos*
Maria da Guia dos Santos*
Marise Adriana Mamede Galvão**
Introdução
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Do-
cência (PIBID), Subprojeto de Língua Portuguesa
(2007) – Ministério da Educação (MEC)/Coorde-
nação de Apoio à Pesquisa no Ensino Superior (CAPES)
– tem como principal objetivo “potencializar a formação
inicial de professores de Língua Portuguesa por meio de
ações, experiências metodológicas e práticas inovadoras
que ressignifi quem o ensino de LM no ensino médio”.
Nessa visão, ressalta que a melhoria da qualidade da edu-
cação básica é possível se for proporcionada uma forma-
ção adequada dos licenciados que atuarão nesse nível
de ensino e também das oportunidades oferecidas aos
docentes em exercício nas escolas públicas.
Tendo a compreensão de que a aprendizagem é social-
mente situada e de que a língua ocorre em práticas sociais,
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
262 A CANÇÃO NO ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA
nossa experiência no Pibid tem sido desenvolvida nessa
direção, a partir de várias experiências em sala de aula,
que têm nos proporcionado realizar refl exões para que
possamos nos tornar profi ssionais com competência de
formar sujeitos críticos e conscientes.
A partir do objetivo principal no ensino de Língua
Portuguesa, que é contribuir para o desenvolvimento da
capacidade de leitura e escrita dos alunos, tornando-os
leitores e autores efi cientes, procuramos, por meio de
ações e atividades realizadas em uma escola pública do
Rio Grande do Norte, situada no interior do estado, esti-
mular os jovens para a leitura e produção textual. Dentro
dessas ações, destacamos o trabalho com o gênero canção,
com a fi nalidade de reconhecer a importância das diversas
linguagens presentes no cotidiano social.
Falando sobre a experiência
Desenvolvemos essa ação com a canção, nas turmas
do 2ª ano do Ensino Médio, na disciplina Língua Portu-
guesa. Selecionamos esse gênero, visando à possibilidade
de um maior interesse dos alunos, já que a música se faz
presente no cotidiano de todas as pessoas, sejam jovens
adolescentes, adultos, idosos.
Nesse sentido, adotamos as orientações de Marcuschi,
a partir de um quadro que adota a visão de gêneros tex-
tuais. Segundo o autor,
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
263Maria Kéryca Freitas dos Santos e Maria da Guia dos Santos
[...] precisamos da categoria de gênero para
trabalhar com a língua em funcionamento com
critérios dinâmicos de natureza ao mesmo tempo
social e lingüística. Precisamos ter sensibilidade
para os enquadres dos gêneros e não podemos
tomá-los como se fossem peças que se sobrepõe
às estruturas sociais. (MARCUSCHI, 2005, p. 19,
grifo do autor).
Assim, os gêneros são vistos dentro de práticas sociais
específi cas, interativas, realizados por meio de interações
verbais, em nossa vida cotidiana. Além disso, os gêneros
se realizam em textos, que segundo Marcuschi (2005, p.
20) são “enunciados no plano das ações situadas e histó-
ricas”. Partindo desses pressupostos, buscamos a leitura
de textos que subsidiassem esse trabalho com a canção
em sala de aula.
Nosso principal objetivo foi propiciar que os alunos com-
preendessem o gênero canção como uma forma lúdica de
observar as várias situações de interação social, exercendo
papéis refl exivos, já que estas são repletas de sentidos. Co-
balchini e Dias mencionam que o trabalho com o gênero
canção justifi ca-se, primeiro pelo fato de músicas serem
bem aceitas pelos alunos do Ensino Médio e, segundo,
[...] pelo fato de as letras musicais serem carrega-
das de carregadas de idealismos, denúncias, críti-
cas sociais sentimentos, ofertando ao aluno opor-
tunidade ao aluno de formar opinião, refl etir sobre
os confl itos sociais de uma época e por fi m, porque
por meio da letra das canções o aluno despertará a
curiosidade pelo gênero textual canção entendido
aqui, como parte de um acervo cultural artístico
da sociedade. (COBALCHINI; DIAS, 2008, p. 4).
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
264 A CANÇÃO NO ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA
O mais importante nesse trabalho foi possibilitar aos
alunos o desenvolvimento de sua capacidade de compre-
ender a canção como um gênero que pode ser trabalhado
com vistas à produção textual. Nessa direção, Lopes-Rossi
(2005, p. 80) sugere que “cabe ao professor [...] criar con-
dições para que os alunos possam apropriar-se de caracte-
rísticas discursivas e linguísticas de diversos gêneros, em
situação de comunicação real”. Nesse sentido, a autora
esclarece acerca do trabalho que pode ser realizado “por
meio de projetos pedagógicos que visem ao conhecimen-
to, à leitura, à discussão sobre o uso e as funções sociais
dos gêneros escolhidos e, quando pertinente, à sua pro-
dução escrita e circulação social” (LOPES-ROSSI, 2005,
p. 80). Entendemos, assim, que atividades de leituras e
discussões devem ser o ponto de partida, seguindo-se de
atividades de produção textual e de circulação dentro e
fora da sala de aula e da escola.
Iniciamos o trabalho com a canção, partindo do co-
nhecimento prévio dos alunos a respeito do assunto que
seria abordado (canção), Nesse primeiro momento, toda
e qualquer informação vinda do aluno foi um bom come-
ço. Após essa conversa, partimos para o segundo passo
que foi uma introdução do assunto, momento em que
discutimos sobre o signifi cado de canção, objetivando a
compreensão das características discursivas, temáticas e
composicionais do gênero, atentando para os aspectos da
sonoridade e do ritmo que lhe são inerentes.
O próximo passo foi o que denominamos tempestade de
ideias, quando selecionamos e levamos para a sala de aula
diversas composições, a fi m de que os alunos pudessem
identifi car a temática de cada uma delas. Havia canções
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
265Maria Kéryca Freitas dos Santos e Maria da Guia dos Santos
cujos sentidos constituíam críticas sociais, as que abor-
davam sentimentos e estados de espírito como a tristeza,
o amor, e assim sucessivamente.
A temática escolhida para se trabalhar na sala de aula
foi o amor, e seus diversos signifi cados. Assim, selecio-
namos canções com a predominância desse tema, entre
essas, as de preferência dos alunos, cujos títulos foram
Tua família (de autoria da banda Anjos de Resgate), Sem
ar (do grupo D’Black), e Escravo do amor (do grupo Deixe
de Brincadeira). Assim, fi zemos a leitura e escutamos as
músicas juntamente com os alunos, e, logo após, começa-
mos a analisar as letras, tomando como subsídio algumas
perguntas: As canções contam alguma história?; A quem
cada uma é direcionada?; Todas as letras falam do mesmo
tipo de amor?”, “Porque essas canções foram produzidas?;
Qual o efeito que essas músicas exercem sobre o leitor?
Esses questionamentos foram inspirados na proposta de
Cobalchini e Dias (2008).
Após discutir sobre essas questões importantes para a
análise do gênero, sugerimos que os alunos escolhessem
uma das músicas que lhes foram mostradas e outras de
suas preferências a fi m de que pesquisassem sobre quem
as produziu, e se todas as músicas do autor possuíam a
mesma temática, e assim sucessivamente.
A sequência seguinte foi direcionada à produção tex-
tual, ou melhor, a um trabalho com a intertextualidade,
no sentido de produção de paródias. Levamos diversas
músicas para que os alunos pudessem escolher uma letra
para parodiar. A proposta foi aceita pela maioria. Como
alguns sentiram difi culdades em produzir os textos sozi-
nhos, propusemos que o trabalho fosse feito em grupos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
266 A CANÇÃO NO ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA
com três componentes, incentivando-os antes à discussão,
orientando-os para que produzissem uma paródia baseada
na letra da música escolhida.
Alguns alunos resolveram compor a própria música,
razão que nos levou a deixá-los à vontade para a pro-
dução das músicas, chamando a atenção para o ritmo,
a sonoridade, construção de sentido, no caso, a de cada
grupo. Observar o empenho do aluno nesse trabalho foi
tão estimulante para nós futuros professores, que decidi-
mos também produzir uma paródia, pois pensamos como
poderíamos orientar na produção de um gênero se não
tivéssemos essa experiência. Assim, produzimos uma
paródia sobre nosso trabalho no Pibid. Após a produção
das paródias, foram feitas as apresentações para toda a
turma, tendo cada grupo apresentado a sua, a partir de
suas percepções e criatividade.
Para concluirmos essa ação, houve um encontro de
socialização, tendo sido oportunizada aos alunos a circu-
lação dos textos fora da sala de aula, por meio de apre-
sentações de todas as paródias produzidas por eles. Nesse
encontro, foram expostos alguns trabalhos de arte com
ilustrações das canções produzidas em cartazes, faixas,
murais e outros suportes.
Avaliando a experiência
Observamos, ao refl etirmos sobre a ação desenvolvi-
da, que tentamos seguir na direção das propostas defi -
nidas pelo Pibid, propiciando aos alunos o desenvolvi-
mento da leitura e da escrita, por meio de uma proposta
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
267Maria Kéryca Freitas dos Santos e Maria da Guia dos Santos
signifi cativa. Acreditamos que os resultados materializa-
dos nos textos produzidos pelos alunos levaram a essa
compreensão.
Pensamos, também, no signifi cado para nossa forma-
ção: termos aliado teoria e prática a partir de orientações
teóricas e metodológicas específi cas. Do ponto de vista
pessoal, há uma satisfação impar, pelo fato de trabalhar-
mos com o objetivo de desenvolver a competência de
alunos do Ensino Médio, tarefa que pode ajudá-los a ser
leitores e autores competentes.
Referências
COBALCHINI, Eloíza P. de Oliveira; DIAS, Luciana C. F.
Gênero textual canção em sala de aula, provocando
o despertar do leitor crítico. Disponível em: <http://
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/
arquivos/909-4.pdf>. Acesso em 2009.
BRASIL/SEMTEC. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Ensino Médio. Brasília, DF: MEC/SEMTEC, 2000.
LOPES-ROSSI. Maria Aparecida G. Gêneros discursivos
no ensino e leitura e produção de textos. In.
KARWOSKI, Acir. M.; GAYDECZKA, Beatriz; BRITO, S.
Karim. Gêneros textuais: refl exões e ensino. União da
Vitória/PR: Kaygangue, 2005. p. 79-93.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
268 A CANÇÃO NO ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: confi guração,
dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, Acir. M.;
GAYDECZKA, Beatriz; BRITO, S. Karim. Gêneros
textuais: refl exões e ensino. União da Vitória/PR:
Kaygangue, 2005. p. 17-33.
MEC/CAPES. Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID). Subprojeto de Língua
Portuguesa/UFRN. 2007.
269
ANEXO A
Algumas paródiasproduzidas pelos alunos do 2° ano 1
Paródia da música – Amor é feito capim (Aviões do forró)
O amor chegou bem assim
O amor chegou bem assim
E veio mudando tudo
A gente chega e estremece
E acaba esquecendo até do mundo
Eu te amei, me arrisquei por você
Eu tentei, não consegui te esquecer
E por fi m eu fi quei bem feliz
Pois encontrei o amor que eu sempre quis. (bis)
Em nenhuma tentação você caiu
Preencheu meu coração, que estava vazio
Procurei um jeito para te ganhar
Mesmo com o passar do tempo
Continuei a te amar.
Paródia da música: Sem esse coração de João Bosco e Vinícius
270
Sem essa emoção
Foi um dia que conheci você
Uma paixão explodiu me fazendo enlouquecer
Se eu pudesse esquecia essa paixão
Mas não consigo está presa em meu coração.
E não amava mais você!
E não amava mais você!
E mesmo assim, sem essa emoção
Não vou mais fi car aqui chorando
E mesmo assim, sem essa emoção
Eu vou continuar lutando.
E mesmo assim, sem essa emoção
Não vou mais fi car aqui chorando
E mesmo assim, sem essa emoção
Eu vou continuar lutando.
271
ANEXO B
Fotos
Bolsistas: Maria kéryca e Maria da Guia
Fonte: acervo das autoras deste trabalho
272
Encontro de socialização: momento de apresentação das paródias por
um grupo de alunos
Bolsistas do Pibid apresentando paródias
Fonte: acervo das autoras deste trabalho
Fonte: acervo das autoras deste trabalho
273
6.2
* Supervisora do Subprojeto de Língua Portuguesa – Currais Novos.
**Professora de Língua Portuguesa do Ensino Médio, da escola participante do Pibid.
AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA
PRÁTICA EDUCATIVA DA ESCOLA
ESTADUAL INSTITUTO VIVALDO PEREIRA
Genúbia Cristiane Barbosa*
Maria Lúcia Pereira de Almeida**
Introdução
A discussão a respeito de como trabalhar textos nas
escolas tem sido muito ampla, por essa não ser
uma tarefa tão fácil. Encontra-se nas salas de aula
uma forte resistência, por parte dos alunos, em relação à
leitura e à produção de texto.
Quando se entende que a principal função do texto é a
interlocução, a abordagem textual deve reconhecer as di-
versidades existentes nos tipos de textos, as características
que os formam e o contexto em que eles são usados. Se
a interação realiza-se por intermédio dos textos, deve-se
possibilitar aos educandos a oportunidade de produzir e
compreender textos de maneira adequada a cada situação
de interação comunicativa.
Proporcionar ao aluno momentos prazerosos de leitura
é ir construindo caminho que os possibilitem criar um vín-
culo com a diversidade de textos que circula no cotidiano
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
274 AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA
EDUCATIVA DA ESCOLA ESTADUAL INSTITUTO VIVALDO PEREIRA
dos mesmos. Esta tarefa vai abrindo um leque de refl exões
e conscientização por parte do leitor, de sua importância
na construção dos conhecimentos e na possibilidade de
nos transformarmos como cidadãos críticos e refl exivos.
Entendemos que ler e escrever são práticas sociais que
possibilitam ao indivíduo o acesso ao conhecimento, aos
diferentes textos que circulam socialmente. Como afi rma
Antunes (2009, p. 209), “escrever é, simultaneamente,
inserir-se num contexto qualquer de atuação social e pon-
tuar nesse contexto uma forma particular de interação
verbal”. Sendo assim, cabe à escola proporcionar aos es-
tudantes, práticas de ensino de Língua Portuguesa que
concebam a linguagem como um processo dinâmico que
se relacione com o contexto sociocultural do aluno.
Portanto, é imprescindível formar um leitor compe-
tente, capaz de compreender o que leu e entender que
um texto é carregado de sentidos possíveis, bem como
estabelecer relações com outros textos.
Um trabalho diversifi cado e criativo com a leitura tem
sido cada vez mais necessário na escola, tendo em vis-
ta as crescentes mudanças e exigências da sociedade e
do mercado de trabalho, quanto à capacidade de ler e
interpretar textos. Nesse sentido, compreendemos que a
leitura deve estar associada ao desenvolvimento cultural
do indivíduo nas mais diversas dimensões, como um ato
refl exivo do estar no mundo e reconhecer-se no mundo,
por meio de suas experiências, conhecimentos prévios que
os levem a processar informações codifi cadas em textos
orais e escritos.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
275Genúbia Cristiane Barbosa
De acordo com Antunes,
[...] pela leitura, temos acesso a novas idéias, no-
vas concepções, novos dados, novas perspectivas,
novas e diferentes informações acerca do mundo,
das pessoas, da história dos homens, da interven-
ção dos grupos sobre o mundo, sobre o planeta,
sobre o universo. (ANTUNES, 2009, p. 193).
Nesse sentido, o trabalho com os gêneros textuais asse-
gura uma prática em sala de aula dinâmica e signifi cativa,
conforme sugere o instrumento de orientação do Projeto
de Leitura do Ensino Médio (PROLEM):
É através das experiências de leitura que profes-
sor e estudantes descobrem o signifi cado do texto,
fazendo associações com o sentido da vida, cujas
informações podem ser obtidas nas entrelinhas
desse texto, repletas de particularidades não ex-
plicitadas pelo autor. Isto permite ao estudante a
oportunidade de produzir e compreender textos
de interação comunicativa.
Partindo dessas considerações, passamos a relatar as
experiências que foram desenvolvidas pelos graduandos
de letras integrantes do Pibid, não somente nas salas de
aula, mas também na escola na qual se efetiva o projeto.
Nossas observações têm em vista que participamos enquan-
to supervisora do subprojeto de Língua Portuguesa e na
condição de professoras em cujas salas, sob nossa respon-
sabilidade, muitas ações e atividades são desenvolvidas.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
276 AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA
EDUCATIVA DA ESCOLA ESTADUAL INSTITUTO VIVALDO PEREIRA
Algumas experiências vivenciadas
No ano de 2010 tivemos a oportunidade de trabalhar
com os bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID) e vivenciarmos uma experi-
ência riquíssima no que diz respeito ao trabalho com os
gêneros textuais, mais precisamente, com a oralidade (o
debate) e a canção em sala de aula (a paródia).
As atividades foram desenvolvidas no Ensino Médio,
da Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira, nos turnos
matutino e vespertino. O referido programa (2007) tem
como objetivo precípuo “potencializar a formação inicial
de professores de Língua Portuguesa por meio de ações,
experiências metodológicas e práticas inovadoras que res-
signifi quem o ensino de Língua Materna no ensino médio”.
O trabalho desenvolvido na referida escola pelo sub-
projeto de Língua Portuguesa é realizado em parceria com
os professores de português, inserindo-se nos conteúdos
curriculares previstos. Assim como o Pibid, a proposta efe-
tivada em Língua Portuguesa na citada escola tem como
objetivo desenvolver no aluno uma percepção crítica do
mundo, a visão das múltiplas formas de expressão da
linguagem e sua habilidade de leitor profi ciente dos diver-
sos textos representativos da língua. Esse objetivo está de
acordo com os objetivos das Orientações curriculares para
o Ensino Médio (OCEM), conforme segue:
[...] o que se prevê é que o aluno tome a língua
escrita e oral, bem como outros sistemas semióti-
cos, como objeto de ensino/estudo/aprendizagem,
numa abordagem que envolva ora orações meta-
lingüísticas (refl exão sobre aspectos lingüísticos),
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
277Genúbia Cristiane Barbosa
ora orações epilinguísticas (refl exão sobre o uso
de um dado recurso lingüístico, no processo mes-
mo de enunciação e no interior da prática que
ele se dá), conforme o propósito e a natureza da
investigação empreendida pelo aluno e dos saberes
a serem construídos). (OCEM, 2006, p. 33).
Salientamos, nessa direção, o trabalho com o debate
em sala de aula, o qual a seguir focalizaremos.
O debate
Uma das ações transcorreu por meio do gênero debate,
tendo como tema Gravidez na adolescência. Um trabalho
que cumpriu várias etapas. Em um primeiro momento,
os bolsistas apresentaram textos relacionados à temática
e foram realizadas leituras e discussões sobre o tema; em
um segundo momento, foram apresentados documentá-
rios que revelavam a realidade vivida por adolescentes
grávidas nas favelas do Rio de Janeiro; em outro momento
foi exibido o fi lme Juno, que retrata a vida de uma adoles-
cente grávida e quais os desafi os e as consequências que
a mesma encontra, ao ser mãe tão jovem; por último, de
posse de várias informações sobre a questão da gravidez
na adolescência, foram realizados debates em todas as
turmas, enfocando, como um dos subtemas, o aborto.
Percebemos que houve um envolvimento signifi cativo
dos alunos, por ser um assunto de relevância e que faz
parte da realidade dos mesmos, tendo em vista que eles
se engajaram em todas as atividades realizadas, apresen-
tando pontos de vista variados acerca da temática. Na se-
quência das atividades realizadas, foram lidos textos sobre
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
278 AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA
EDUCATIVA DA ESCOLA ESTADUAL INSTITUTO VIVALDO PEREIRA
o assunto e em seguida foi organizado um debate entre
grupos na sala, obedecendo às regras que caracterizam um
debate, a partir das considerações de alguns estudiosos de
gênero, entre eles Dolz e Schneuwly apud Gomes-Santos
(2009, p. 42-43), no sentido de que
Um debate público se volta sempre para uma ques-
tão controversa e permite a intervenção de diversos
parceiros que exprimem suas opiniões ou atitudes,
tentando modifi car aquelas dos outros pelo ajuste
das suas próprias, em vista, idealmente, de cons-
truir uma resposta comum à questão inicial. Pode
ser chamado de regrado quando um moderador
gere e estrutura seu desenrolar evidenciando a po-
sição de diferentes debatedores, facilitando as trocas
entre eles e tentando eventualmente arbitrar os con-
fl itos e conciliar as posições opostas. Desse ponto
de vista, o moderador não assume somente o papel
de mediador entre os participantes, mas também (e,
às vezes, principalmente) entre os participantes e
o auditório. (DOLZ; SCHNEUWLY, 1998, p. 166).
Nessa direção, compreendemos que para a construção
de um bom argumento é preciso conhecer profundamen-
te o tema escolhido; um bom argumento deve tornar a
polêmica mais clara e compreensível para as pessoas que
participam do debate.
Nesta última etapa, percebemos que os alunos identifi -
caram-se com o assunto e acolheram a proposta do debate
como algo prazeroso, tendo em vista que a temática abor-
dada faz parte da vivência dos mesmos. Esse trabalho com
o gênero oral debate foi de suma importância para as tur-e
mas, uma vez que proporcionou aos alunos momentos de
discussões e confrontos de ideias a respeito de um assunto
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
279Genúbia Cristiane Barbosa
relevante, oportunizando aos mesmos o contato com pon-
tos de vista diferentes sobre um mesmo problema. Além
disso, trabalhar o debate permitiu ao aluno uma tomada
de posição acerca do assunto discutido, oferecendo-lhe
ferramentas para uma maior participação e envolvimento
nas discussões em sala de aula.
O gênero canção
A música, a melodia, o ritmo, o timbre, os versos cons-
tituem uma rica fonte para a compreensão das manifesta-
ções culturais, os saberes e fazeres de um povo, a história
de uma época.
No segundo semestre, outra ação desenvolvida foi me-
diada pelo gênero textual canção, cuja temática escolhida
foi o Amor. Sob nossa orientação os bolsistas decidiram
trabalhar com o gênero canção, por compreenderem que
a música é muito aceita pelo aluno de Ensino Médio e am-
plamente difundida nos meios de comunicação. Partindo
desse pressuposto, os bolsistas trouxeram para a sala de
aula letras de músicas que enfocavam os diversos tipos
de amor: amor fi lial, fraternal, Eros, Ágape, dentre outros.
As músicas foram ouvidas e discutidas entre estudantes
e bolsistas. Logo em seguida, eles compararam a temática
Amor em espaços de tempo diferentes. Esse fato possibi-
litou aos educandos observar como o amor era abordado
em diferentes momentos, possibilitando uma percepção
no que se refere à mudança de valores e concepções sobre
esse sentimento.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
280 AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA
EDUCATIVA DA ESCOLA ESTADUAL INSTITUTO VIVALDO PEREIRA
Por último, foi solicitado aos alunos, de posse das letras
das músicas, que compusessem uma paródia enfocando
a mesma temática. Após produzirem as paródias, os alu-
nos fi zeram apresentações em sala, selecionaram alguns
textos para apresentar na culminância do projeto, que
reuniu supervisores, coordenadores, professores, alunos,
e bolsistas do Pibid de Currais Novos e Natal.
Alguns comentários fi nais
O Pibid é de suma importância para a prática educativa
na Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira, uma vez que
as atividades desenvolvidas pelos bolsistas promovem o
desenvolvimento das potencialidades dos educandos. O
trabalho com as diversas linguagens como a música, o
debate, e a poesia permite que sejam extrapolados os li-
mites do ler e r escrever, proporcionando aos alunos uma
leitura ao mesmo tempo crítica e refl exiva dos textos que
circulam socialmente.
O trabalho desenvolvido pelos bolsistas do Pibid é de
suma importância para o processo de ensino-aprendiza-
gem, porque possibilita que o estudante se veja como pro-
tagonista nesse processo de aprendizagem, por entender
os valores que a leitura proporciona.
Um projeto como o Pibid é imprescindível para o con-
texto escolar, pois agrega elementos que norteiam as prá-
ticas de leitura e escrita no âmbito da escola, para que os
discentes possam desenvolver sua capacidade de produ-
tores de textos e discursos em todos os setores em que
atuam na sociedade.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
281Genúbia Cristiane Barbosa
Referências
ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola
possível. São Paulo: Parábola Editorial: Estratégias de
ensino.
BRASIL/ Semtec. Orientações Curriculares para o
Ensino Médio. Linguagens, códigos e suas tecnologias.
Brasília: MEC/ Semtec, 2006. p. 32-33, v. 1.
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Pour un enseignement de
l’oral. Initiation aux genres formels à l’école. Paris: ESF
éditeur, 1998.
GOMES, Adriano Lopes (Org.). A Leitura no Ensino
Médio: instrumento de orientação. Rio Grande
do Norte. Secretaria de Estado da Educação e da
Subcoordenadoria de Ensino Médio. Natal: 2010.
GOMES-SANTOS, Sandoval Nonato. Modos de
apropriação do gênero debate regrado na escola: uma
abordagem aplicada. In. D.E.L.T.A., 25:1, 2009 (39-
66). Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/delta/
v25n1/a02v25n1.pdf>. Acesso em: ago. 2009.
283
6.3
* Alunos da UFRN-CERES/LETRAS participante do PIBID – Subprojeto de Língua Portuguesa.
**Professora Coordenadora do Subprojeto de Língua Portuguesa – Currais Novos.
A ORALIDADE EM SALA DE AULA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID
Hadoock Ezequiel Araújo de Medeiros*
Marinalva de Souza Pereira*
Raline Ramalho da Silva Cosme*
Marise Adriana Mamede Galvão**
Introdução
Este trabalho consiste em relatar experiências desenvol-
vidas na escola pública, tendo em vista os objetivos
de propiciar uma melhor formação dos graduandos
nas diferentes áreas das licenciaturas e atender as necessi-
dades de aprendizagem dos alunos do Ensino Médio. Nesse
sentido, na busca de melhoria do ensino e aprendizagem,
o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID) postula o aumento no Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (IDEB), cujos resultados, veiculados
em documentos ofi ciais, não são satisfatórios.
Um dos subprojetos é direcionado ao ensino de Língua
Portuguesa, tendo em vista a necessidade de que os alunos
do Ensino Médio tornem-se competentes para ler e produ-
zir textos orais e escritos, em diversas situações sociais.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
284 A ORALIDADE EM SALA DE AULA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID
Por meio de ações inovadoras para o ensino da língua
materna, o referido subprojeto busca tornar o ensino sig-
nifi cativo, prazeroso, para que ao aluno seja possibilitada
a inserção social.
Refl etindo sobre a educação, destacamos o ensino
médio como sendo a última fase da educação básica,
período de amadurecimento do aluno, marcada por um
aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental. Nessa direção, os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) enfatizam:
[...] o ensino médio deve atuar de forma que ga-
ranta ao estudante a preparação básica para o
prosseguimento dos estudos, para a inserção no
mundo do trabalho e para o exercício cotidiano
da cidadania, em sintonia com as necessidades
político-social de seu tempo. (PCNs, 2006. p. 18.).
Nessa visão, o ensino de Língua Portuguesa (LP), es-
pecifi camente, deve contemplar ações que propiciem ao
aluno, um aprimoramento no que diz respeito às habili-
dades voltadas para a leitura e produção textual. Assim
sendo, no exercício cotidiano da cidadania, é preciso co-
nhecer os diferentes textos que circulam no universo social
para que se possam empregá-los em situações específi cas.
Compreende-se, então, que o ensino deve ser trabalhado
em uma concepção interacionista da língua, no sentido
mencionado por Koch e Elias (2006) e por Antunes (2009,
p. 42), considerando que “a língua só se atualiza a serviço
da comunicação intersubjetiva, em situações de atuação
social e através de práticas discursivas, materializadas em
textos orais e escritos”.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
285Hadoock Ezequiel Araújo de Medeiros, Marinalva de Souza Pereira, Raline Ramalho da Silva Cosme
Nessa perspectiva, o subprojeto de Língua Portuguesa
(2007) ressalta:
[...] um trabalho efi caz na área de Língua Portu-
guesa deverá ser fundamentado em concepções
de linguagem que visem extrapolar os limites
da análise estrutural e gramatical, na direção da
construção e circulação das ações de linguagem.
Ademais, ultrapassar esses limites possibilita en-
xergar elementos além da gramática, centrais para
compreensão do funcionamento da Língua Portu-
guesa, dentro e fora da sala de aula. Isso implica,
portanto, adotar uma compreensão da linguagem
como construção social, como ato social por meio
do qual os sujeitos agem no mundo.
A partir dessas considerações, as ações planejadas e
desenvolvidas na escola e na sala de aula ocorreram por
meio de práticas signifi cativas, não apenas na direção do
conhecimento linguístico-textual-dicursivo, mas em torno
da educação do indivíduo inserido em seu contexto social.
Para tanto, a ação que relatamos a seguir foi planejada
após conhecermos a escola e a sala de aula e identifi -
carmos alguns problemas que deveriam ser minimizados
por meio de abordagens que ressignifi cassem o ensino de
Língua Portuguesa.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
286 A ORALIDADE EM SALA DE AULA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID
Aportes teóricos
A prática de ensino em sala de aula, sendo vivenciada,
mais precisamente na educação básica, possibilitou defi nir
como se caracteriza o aluno nessa etapa. Dessa forma, che-
gamos à conclusão de que esses têm grandes difi culdades
com relação à prática oral, visto que a escola tem privile-
giado a prática da escrita, deixando esquecido o exercício
da oralidade. Nesse sentido, o subprojeto de Língua Por-
tuguesa visa a um trabalho, também, no que diz respeito
ao uso da linguagem nessa modalidade. Para tanto, fez-se
de fundamental importância buscarmos teorias que norte-
assem o ensino no sentido de atender a tais necessidades.
Nessa perspectiva, Cavalcante e Melo refl etem sobre as
postulações de Marcuschi (2001), uma vez que este argu-
menta sobre a real importância da oralidade em sala de aula.
A fala é uma atividade muito mais central do que a
escrita no dia-a-dia da maioria das pessoas. Contu-
do, ainda hoje, as instituições escolares dão à fala
atenção quase inversa à sua centralidade. Uma das
principais razões do descaso com a língua falada
continua sendo a crença generalizada de que a
escola é o lugar do aprendizado da escrita. (CA-
VALCANTE; MELO, 2006, p. 181).
O panorama traçado a partir da compreensão do pensa-
mento de Marcuschi leva-nos a perceber qual espaço que a
fala ocupa na sala de aula, uma vez que essa é desprezada
ou a escrita é supervalorizada. Devido a isso, as atividades
presentes no dia a dia das pessoas são tidas como menos
importantes. É interessante ressaltarmos o pensamento de
Cavalcanti e Melo as quais mencionam:
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
287Hadoock Ezequiel Araújo de Medeiros, Marinalva de Souza Pereira, Raline Ramalho da Silva Cosme
Obviamente, um trabalho consistente com a ora-
lidade em sala de aula não diz respeito a ensinar
o aluno a falar, nem simplesmente propor apenas
que o aluno ‘converse com o colega’ a respeito
de um assunto qualquer. Trata-se de identifi car,
refl etir e utilizar a imensa riqueza e variedade de
usos da língua na modalidade oral. (CAVALCANTI;
MELO, 2006, p. 183).
Nesse sentido, o subprojeto de LP, procura trabalhar a
linguagem de forma que não se considere apenas a leitura
e a escrita, mas também a oralidade. Compreendemos,
assim, que o aluno precisa conhecer a importância dos
gêneros que têm a oralidade como foco central, os meios
da comunicação diária. O papel da escola, então, é infor-
mar ao aluno, a importância social.
O debate em sala de aula
O debate em sala de aula é ação que foi realizada no
segundo ano 1 do Ensino Médio, no turno matutino ob-
jetivando desenvolver as práticas da leitura e produção
textual. Privilegiando a oralidade, escolhemos o gênero
debate por ser adequado para a realização dessa ação
junto com o professor, especifi camente, em sala de aula.
Pautamo-nos no trabalho de Antunes (2009, p. 100), a
qual menciona sobre implicações pedagógicas que envol-
vem a oralidade como prática discursiva sendo realizada
em “diferentes gêneros e registros textuais”.
A ação realizada durante o mês de abril de 2010 ocorreu
a partir da escolha de um tema social que despertasse o
interesse dos alunos a fi m de conscientizá-los, propiciando
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
288 A ORALIDADE EM SALA DE AULA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID
um posicionamento crítico diante de uma realidade espe-
cífi ca. Sendo assim, planejamos privilegiar uma proble-
mática presente no dia a dia, na realidade dos discentes:
Gravidez na Adolescência.
Iniciamos essa ação, tendo em vista a prática da orali-
dade, com veiculação de um documentário que abordava
o tema escolhido com o propósito de mostrar a realidade
de pessoas que vivenciaram essa situação, despertando
assim, o interesse sobre a questão, de uma forma mais
crítica. Não apenas essa atividade, mas outras foram pre-
paratórias para a realização do debate.
Após assistirmos o documentário, organizamos a sala
em círculo, e na ocasião, discutimos com os alunos pontos
importantes sobre a gravidez na adolescência. Em seguida,
eles produziram textos escritos relatando fatos reais de
gravidez na adolescência ocorridos em suas comunidades,
em suas famílias, entre os amigos. Essa produção foi anali-
sada pelos bolsistas, que identifi caram as difi culdades dos
alunos com relação à organização textual, com a utilização
de normas da escrita, pontuação, entre outras questões.
Nessa sequência, discutimos com os alunos acerca da
produção e realizamos um trabalho de retextualização,
a partir dos dados observados e problemas identifi cados.
Nesse percurso, detectamos as difi culdades dos alu-
nos se expressarem oralmente, de apresentarem pontos
de vistas, cruciais para que tomássemos algumas decisões
sobre a proposta do debate. Para cumprirmos o previsto,
na aula seguinte, subsidiados pelas atividades anteriores,
propusemos a organização da sala em círculo, para que
cada aluno se posicionasse quanto ao assunto em questão.
Foram enfatizados problemas sociais que levam os jovens
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
289Hadoock Ezequiel Araújo de Medeiros, Marinalva de Souza Pereira, Raline Ramalho da Silva Cosme
a praticarem o sexo sem as orientações necessárias, o que
resulta muitas vezes, em uma gravidez indesejável.
Tendo em vista a organização do debate, dando con-
tinuidade, trouxemos para a sala de aula o texto “Aí, ga-
lera”, de Luiz Fernando Veríssimo, enfocando a questão
da linguagem culta e coloquial. Esse proporcionou aos
alunos o conhecimento de dois tipos de linguagem, assim
como, onde e em qual situação usá-las. Essa atividade deu
suporte para o desenvolvimento do debate, uma vez que
os alunos deveriam conhecer qual a linguagem adequada
para esse gênero.
Para que introduzíssemos a teoria acerca do debate, foi
necessário discutirmos alguns textos que refl etem sobre
o gênero, com os alunos, e em seguida propusemos uma
organização em grupos. Após a discussão, cada grupo
apresentou o seu texto, explanando quais as características
e fi nalidades de um debate.
Concluída essa etapa, desenvolvemos o debate. Para
tanto, a sala foi organizada de acordo com os padrões exi-
gidos, visando a um resultado positivo para a ação. Divi-
dimos a sala em grupos: primeiro, a turma foi organizada
em dois grupos menores, os quais fi caram responsáveis
em apresentar argumentos contra ou a favor acerca do
tema estudado. Em seguida foi composta a mesa deba-
tedora, integrada por três componentes: o debatedor, um
componente a favor e outro contra, e, por último, formou-
se a plateia com os demais alunos.
Concluindo a ação foram confeccionados, pelos alu-
nos, cartazes com fi guras e textos que focalizaram o tema
em questão. Para que toda a escola tivesse conhecimento
de nossas ações, fi zemos uma exposição com todos os
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
290 A ORALIDADE EM SALA DE AULA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID
trabalhos já realizados até então pelo subprojeto de Língua
Portuguesa do Campus de Currais Novos.
Ao trabalhar com o debate, percebemos que a aula de
português foi mais proveitosa, evidenciando a importância
do uso de gêneros da oralidade a partir de questões mais
amplas de interesse coletivo. Observamos que, ao conhe-
cerem tal gênero, os alunos expuseram suas próprias opi-
niões, levantando questões de problemáticas sobre o tema
gravidez na adolescência. Dessa forma, a ação mostrou a
importância da argumentação em situações reais, o que
seria impossível obter em uma aula tradicional em que
se tem a escrita como foco central voltada apenas para as
normas gramaticais prescritivas.
Considerações fi nais
Percebemos, ao vivenciarmos a realidade do Ensino
Médio na escola pública, que o ensino de Língua Materna
necessita atender as necessidades de leitura e escrita dos
alunos, não se prendendo apenas ao ensino da gramática,
esquecendo o trabalho com os gêneros, especialmente,
aqueles da oralidade.
Pensando em um ensino mais dinâmico, que envol-
va a realidade sociocultural dos alunos, o projeto Pibid,
além de contribuir para a minimização das difi culdades
dos alunos nessa etapa da educação básica, também nos
ofereceu uma experiência construtiva, uma vez que, como
graduandos da área de Letras, essas competências servirão
de base para o exercício da nossa futura profi ssão.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
291Hadoock Ezequiel Araújo de Medeiros, Marinalva de Souza Pereira, Raline Ramalho da Silva Cosme
Esse contato com a realidade da sala de aula, durante
a graduação, abre caminhos para os docentes em forma-
ção refl etirem sobre a grande problemática do ensino de
língua materna, formando, então, professores críticos que
contribuirão para um ensino mais qualifi cado.
Referências
ANTUNES, I. Aula de Português: encontro e interação.
São Paulo: Parábola, 2009.
BRASIL. Ministério da Educação Média e Tecnológica.
Orientações Curriculares para o Ensino Médio.
Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília:
Ministério da Educação, 2006.
CALVACANTE, M. C.B.; MELO, C. T.V. Oralidade no
ensino médio: em busca de uma prática. In: BUNZEN,
C; MENDONÇA, M. Português no ensino médio e
formação do professor. Recife: Parábola Editorial, 2006.
p. 181-198.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os
sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
MARCUSCHI, L. A. Da Fala para a Escrita: atividades
de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.
UFRN. PIBID: subprojeto de Língua Portuguesa. Natal/
Currais Novos, 2007.
293
6.4
* Bolsistas Pibid
**Professora Coordenadora do Subprojeto de Língua Portuguesa – Currais Novos.
EXPERIÊNCIAS E REFLEXÕES NO PIBID:
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO ENSINO BÁSICO
Nazaré Toscano da Silva*
Nereide Toscano da Silva*
Marise Adriana Mamede Galvão**
Introdução
Este trabalho tem como objetivo relatar experiências
realizadas no Programa de Iniciação à Docência (PI-
BID), tendo em vista ações e atividades desenvolvi-
das com o intuito de proporcionar uma melhor formação
de docentes, futuros professores de Ensino Básico.
Sabemos que, nos últimos anos, as avaliações feitas
no âmbito nacional realizadas no Ensino Médio, pelo
Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), Programa
Internacional de Avaliação do aluno (PISA), Sistema de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), entre outros, têm
mencionado que as escolas públicas vêm apresentando
um baixo nível de leitura e letramento. Por essa razão, o
Pibid surge como proposta de incentivar a formação de
docentes, visando à melhoria no aprendizado, integrando
Educação Superior e Educação Básica. O projeto tem
privilegiado a identifi cação de difi culdades dos alunos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
294 EXPERIÊNCIAS E REFLEXÔES NO PIBID: INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO ENSINO BÁSICO
na aquisição dos conhecimentos, para que, uma vez
identifi cadas, os futuros professores, por meio de um
trabalho orientado, possam desenvolver ações que visem
à melhoria do ensino, inserindo-se no contexto escolar.
O programa PIBID é viabilizado por subprojetos que
atendem às diversas disciplinas, dentre estes o de língua
portuguesa (2007), que tem como objetivo geral a forma-
ção inicial de professores nessa área. Nessa direção, esta-
belece a proposta de promover os vários letramentos, no
sentido de que a língua seja compreendida como fenôme-
no cultural, histórico e social, em relação aos contextos de
uso; de planejar e analisar materiais didáticos inovadores
que redimensionem o ensino de Língua Materna (LM);
de realizar, produtiva e autonomamente, atividades que
auxiliem o aluno a superar problemas de leituras, escrita
e análise linguística.
Esse subprojeto de língua portuguesa está sendo rea-
lizado desde 2009, na Escola Estadual Instituto Vivaldo
Pereira, no Ensino Médio, sob a coordenação de uma pro-
fessora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Nesse ano de 2009, foram realizadas várias ações,
principalmente, no que se refere ao aprofundamento de
refl exões sobre pontos de vista epistemológicos e metodo-
lógicos em relação ao ensino de leitura e produção textual.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
295Nazaré Toscano da Silva, Nereide Toscano da Silva
Etapa inicial
Lemos e discutimos, inicialmente, acerca das propos-
tas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o
Ensino Médio. Tendo em vista a preocupação de trabalhar
uma visão de língua com base nas práticas discursivas,
refl etimos acerca dos pressupostos teóricos de Bakhtin;
discutimos textos relacionados à literatura e produção tex-
tual, os quais nos deram respaldo para o planejamento
de ações.
Nessa tarefa, coletamos dados sobre o perfi l da escola,
das turmas, observando a prática de ensino e a relação
entre professor e aluno. Com base nas observações, no-
tamos o comportamento com tendências para violência
em alguns alunos, o desinteresse pelas leituras de textos
selecionados para trabalho em sala de aula, e difi culdades
na escrita. Diante dessa realidade e após socializarmos as
impressões, decidimos que deveríamos desenvolver uma
ação que contrastasse com a realidade de violência de-
tectada nesse ambiente escolar. Então, decidimos realizar
uma ação em que textos poéticos seriam lidos, analisados
e produzidos, daí os haicais seriam o foco principal.
Tal ação viria como um recurso didático que contrapõe
a agressividade, uma vez que o haicai constitui-se por uma
extensão curta, um gênero literário de fácil compreensão e
nasce por meio da observação que o poeta faz da natureza.
Com isso, sentimo-nos instigados a apresentar e pro-
por produções textuais aos alunos do Ensino Médio, obser-
vando as especifi cidades da poesia, uma vez que a mesma
não tinha ainda sido abordada pela maioria desses alunos
e trabalhada no contexto escolar. Nesse sentido, tivemos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
296 EXPERIÊNCIAS E REFLEXÔES NO PIBID: INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO ENSINO BÁSICO
como base o pressuposto de que seriamos facilitadores
na busca de conhecimento do aluno, cabendo-nos, ao as-
sumir essa tarefa, “organizar e coordenar as situações de
aprendizagem, adaptando suas ações às características
individuais dos alunos, para desenvolver suas capacidades
e habilidades intelectuais” (PCN, 2000, p. 31).
Considerando que a estrutura do haicai não é extensa,
por ser composta apenas por três versos, tínhamos então
a convicção de que os alunos iriam se interessar por esse
gênero, desencadeando assim, o gosto pela leitura e des-
mistifi cando a ideia de que a literatura é algo de difícil
compreensão. A importância do ensino desse gênero é que
os alunos – aprendizes a poetas – podem ser estimulados
pelos docentes a encontrar seu próprio entendimento de
mundo, observando, com um novo olhar, a natureza e a
vida diária, e partindo disso, construírem seus próprios
haicais, tendo como resultado, aprimorar a escrita, o pra-
zer pela leitura e o uso mais intenso da imaginação. Con-
sideremos, então, o pensamento de Osakabe (2004) apud
Brasil (2002, p. 49), o qual sugere:
E nisso reside sua função maior no quadro do en-
sino médio: pensada (a literatura) dessa forma,
ela pode ser um grande agenciador do amadureci-
mento sensível do aluno, proporcionando-lhe um
convívio com um domínio cuja principal caracte-
rística é o exercício da liberdade. Daí, fornecer-lhe
o desenvolvimento de um comportamento mais
crítico e menos preconceituoso do mundo.
Nessa perspectiva, elegemos como principais objetivos
da ação: despertar o interesse pela leitura por meio de
atividades lúdicas; desenvolver a criatividade do aluno
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
297Nazaré Toscano da Silva, Nereide Toscano da Silva
na busca de aprimorar a escrita por meio da produção
de haicais; possibilitar a circulação das produções com a
comunidade escolar.
Relatando a ação
Após planejarmos, desenvolvemos a ação na escola du-
rante duas semanas, em 4 encontros de 50 minutos a cada
dia. Discutimos com os alunos acerca da ação, sobre a
metodologia, quais os nossos objetivos, perspectivas, etc.
Partimos das refl exões de Riolfi et al. (2008, p. 75) sobre
textos literários, considerando que, “adentrar nas especi-
fi cidades do texto é, sobretudo, reconhecer os espaços de
confl ito, os impasses, as mudanças, enfi m, as diferenças
de linguagem”. Com relação à poesia, a autora menciona
que “também privilegia a inventividade e as rupturas, e
talvez por isso tantos a considerem difícil” (RIOLFI et al.,
2008, p. 75). Conforme ressalta, temos a tarefa, enquanto
professores, de tornar essa poesia lida, desmistifi cando
essa difi culdade, observando o jogo de sua composição.
Ao pensarmos nessa proposta, consideramos o que su-
gere Riolfi (2008, p. 105) a fi m de mostrar que a palavra
“constrói mundos possíveis e nos dá instrumentos para
ressignifi car a realidade e a própria literatura”.
A princípio, possibilitamos aos alunos algumas infor-
mações sobre a origem dos haicais; sua evolução sob a
perspectiva de Bashô Matsuo; discutimos características
de sua composição e estilo; elecamos os principais hai-
caistas brasileiros: Guilherme de Almeida, Paulo Leminski
e Alice Ruiz. Nas aulas subsequentes, lemos e realizamos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
298 EXPERIÊNCIAS E REFLEXÔES NO PIBID: INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO ENSINO BÁSICO
discussões de alguns haicais. Ressaltamos que essas leitu-
ras foram feitas pelos próprios alunos, que demonstraram
grande entusiasmo. Ao longo dessas aulas, percebemos
um envolvimento signifi cativo por parte dos alunos, tendo
em vista que esses foram assíduos às atividades do Pibid,
expressaram curiosidades em relação aos haicais, confi r-
mando a expectativa que tivemos.
Depois que os alunos familiarizaram-se com essa po-
esia, realizamos uma proposta lúdica e inovadora, soli-
citando-lhes que montassem quebra-cabeças de alguns
poemas. Essa atividade objetivou observar se os alunos
tinham percebido que o poema era constituído por três
versos com um número de sílabas defi nidos; também,
qual compreensão destes com a métrica, a sonoridade do
poema, a coerência, enfi m, com as sequências dos ver-
sos. Esse foi um momento de muita interação, em que os
alunos participaram com grande interesse.
Na aula seguinte, iniciamos as produções poéticas,
sugerindo que cada um utilizasse os conhecimentos adqui-
ridos e produzisse um haicai. O livro Três Gotas de Poesia,
da autora Ângela Leite de Souza (1996), auxiliou os alunos
em suas produções. Todos eles tentaram criar suas poe-
sias, sendo que alguns produziram vários haicais; outros,
porém, encontraram um pouco de difi culdade, mas isso
não os impediu de criar seus haicais. Durante esse perío-
do, os bolsistas orientaram os alunos quanto à produção
escrita e às peculiaridades existentes na poesia haicaísta.
Após a prática dessas escritas poéticas, durante duas
semanas, os trabalhos dos discentes foram disponibilizados
aos bolsistas, que os incentivaram a participar de um con-
curso cultural na escola, inserido na ação vigente. Embora
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
299Nazaré Toscano da Silva, Nereide Toscano da Silva
saibamos que a realização de um concurso possa ser vista
como uma forma de diferenciar os alunos, observamos que
foi um incentivo, tendo em vista que eles produziram textos
criativos (conforme demonstrado no Anexo B) e tiveram
seus poemas expostos, colocados em circulação, em um
encontro de socialização realizado na escola. Nessa ocasião,
fi cou nítida a satisfação dos alunos, ao notarem a seriedade
do projeto e a valorização das suas produções. Podemos
dizer que essa culminância resultou em um novo olhar da
escola, como um todo, em relação ao projeto Pibid, pois
tiveram a oportunidade de conhecê-lo melhor.
Considerações fi nais
A realização deste projeto, com a metodologia que
nos foi exigida, sem dúvida foi de muita relevância para
nossa formação enquanto futuros professores de Língua
Portuguesa e Literaturas, pois nos possibilitou aliar teo-
ria e prática. Desse modo, pudemos observar algumas
questões, entre estas, algumas limitações dos alunos no
que se refere à leitura e produção textual. Percebemos,
ademais, que o professor é um mediador em sala de aula,
e que sua interação com os alunos possibilita o acesso ao
conhecimento sistematizado.
Para nós, essa experiência caracterizou um momento
privilegiado no decorrer da graduação, dando-nos respal-
do para nos tornarmos mais sensíveis aos problemas exis-
tentes no ambiente escolar, no qual, futuramente iremos
atuar, potencializando a busca da efetivação da cidadania
e dos saberes científi cos pelos alunos.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
300 EXPERIÊNCIAS E REFLEXÔES NO PIBID: INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO ENSINO BÁSICO
Referências
BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/
Semtec, 2000. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2007.
BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensi no Médio: orientações
educacionais complementares aos parâmetros
curriculares nacionais. V. Linguagens, códigos e suas
tecnologias. Brasília: MEC/ semtec, 2002.
OSKABE. Disponível em: <http://www.poemhunter.
com/matsuo-basho/>. Acesso em: 20 ago. 2009.
RIOLFI, Cláudia et al. Ensino de língua portuguesa.
São Paulo: Thomson Learning, 2008.
SOUZA, Ângela Leite de. Três gotas de poesia. São Paulo:
Moderna, [1996] (2002). Ilustração de Marilda Castanha.
Sites
<http://www.kakinet.com/caqui/nyumon.html>.
Acesso em: 20 ago. 2009.
<http://www.kakinet.com/caqui/nyumon30.htm >.
Acesso em: 20 ago. 2009.
<http://www.kakinet.com/caqui/nyumon20.htm >.
Acesso em: 20 ago. 2009.
301
ANEXO A
Foto dos bolsistas e alguns alunos queparticiparam do concurso de haicais
303
ANEXO B
Produção poética de alguns alunos
Velha roseira no quintal
Folhas com espinhos de pedra
E pétalas de cristal
Weberson de Aquino Lima, 3º ano 1
Coroado em talentos
Duro, forte e caspento.
Ganha vida o abacaxi
Marcos Araújo Santos, 3º ano 1
Volteando pelo céu
A abelha doceira
Sente o cheiro de mel
Gislaine Fernanda Elias, 3º ano 1
Flores vermelhas
Amarelos também
Com espinhos ou sem?
Gislaine Fernanda Elias, 3º ano 1
Deve existir por ai
Um bem-te-vi
Cabeça de vento.
Natanielly Dione, 1° ano 3
304
Secam, descolorem,
E acabam caindo ao chão
Assim são as fl ores.
Leilne karoline, 1° ano 3
Borboleta
Carrega nas costas,
A magia da metamorfose.
Josele Deyse, 2º ano 2
Em um brocado delicado
Desfi la o pavão
Que exibido!
Simone Dantas, 2º ano 1
Orvalho chorando pela noite,
Apavorado pelas folhas
Que o sol evapora.
Natanielly Dione, 1° ano 3
La vai o arco-íris
Tingindo o céu com sua
Aquarela de 7 virtudes.
Natanielly Dione, 1° ano 3
Anjo delicado
Estende suas asas em forma de pétala,
Em direção a luz.
Ana Cristina, 2º ano 2
Estrelícia.
Flores com gosto de
África.
Ana Cristina, 2º ano 2
305
Traços delicados
Enchem o papel...
É o dom de escrever
Weberson de Aquino Lima, 3º ano 1
Cavalo marinho.
Velho dragão
Em plena evolução.
Weberson de Aquino Lima, 3º ano 1
Patinhos patetas,
Pensam em virar cisnes
Na próxima primavera.
Weberson de Aquino Lima, 3º ano 1
Cervo campeiro
Divino imperador
Das fl orestas.
Weberson de Aquino Lima, 3º ano 1
Ave magrela.
Com passos elegantes desfi la,
Na passarela líquida do lago.
Gislaine Fernanda Elias, 3º ano 1
Olhos azuis
Iguais ao céu,
Gotas d’água.
Gislaine Fernanda Elias, 3º ano 1
Entre as folhas do jardim
A borboleta
Abre as asas e voa.
Josean, 3º ano 1
306
Arvores e fl ores
Diante da mata
No escuro da madrugada.
Josean, 3º ano 1
Cheirinho de terra
Quando a chuva
Chuvisca.
Maria Raylla, 1º ano 3
Este coqueiro é tão alto
Quanto o salto
Do meu sapato.
Gislaine Fernanda Elias, 3º ano 1
Lírio cobra
A cor do mais
Vibrante veneno.
Maria Raylla, 1º ano 3
Mil vezes ao dia
As folhas verdes
E os olhos do gato.
Iris Diana 2º ano 3
Entrelaçadas sem rumo
Atravessa o muro
A bela samambaia.
Iris Diana 2º ano 3
Clima tropical,
Da castanha o espetáculo
É o caju feito astro.
Marcos Araújo Santos, 3º ano 1
307
Em direção ao sol,
Brilha e encanta
Quanta beleza o girassol.
Marcos Araújo Santos, 3º ano 1
Do casulo resplandece,
Pura e incandescente
Vem ao mundo a borboleta.
Marcos Araújo Santos, 3º ano 1
Na imensidão do escuro,
A lua desperta o vaga-lume
Colorindo o céu.
Marcos Araújo Santos, 3º ano 1
Curiosa e cobiçosa,
Charmosa e sedutora
Balança-se o pavão!
Marcos Araújo Santos, 3º ano 1
De pulinho em pulinho,
Comedor de cenoura
Desce o coelho na colina.
Gislaine Fernanda Elias, 3º ano 1
7.1 FAZENDO DA MÚSICA UM CAMINHO PARA O CONHECIMENTO
7.2 MUDANDO A VIDA ACADÊMICA
7.3 PIBID: SANANDO DÚVIDAS PEDAGÓGICAS
7.4 O PIBID COMO FERRAMENTA DE APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO
7.5 AÇÕES DO PIBID: EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS RELEVANTES
7.6 ENSINO DE MÚSICA: PREOCUPAÇÕES COM A DIVERSIDADE
7.7 DO INTERIOR PARA A CAPITAL: AS OPORTUNIDADES DO PIBID
7.8 CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E FUTURO
7.9 DA BANDA PARA A SALA DE AULA
7O PIBID – RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
311
7.1
* Supervisora
O PIBID – RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Do-
cência (PIBID) é, para os bolsistas que dele participam,
uma oportunidade de vivenciar situações reais de ensino,
capazes de gerar experiências que dão novos signifi ca-
dos aos conceitos estudados e discutidos na sala de aula
de cursos de Licenciatura. Essa importância é apontada
também pela supervisora do projeto e fi ca clara nos textos
escritos como relato de trabalhos.
FAZENDO DA MÚSICA
UM CAMINHO PARA O CONHECIMENTO
Catarina Aracelle Porto do Nascimento*
A Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcan-
ti (FLOCA), é situada na zona urbana da cidade do
Natal/RN. Seu público alvo são alunos do Ensino
Fundamental II, no turno matutino; estudantes do Ensino
Médio, à tarde; e discentes do Ensino Médio e EJA, à noite.
Todos advindos das regiões da grande Natal. São cerca de
3.000 alunos circulando todos os dias na escola.
Ela apresenta alguns problemas, comuns a uma escola
de grande porte. São vinte e quatro turmas por turno e
um corpo docente formado por aproximadamente cem
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
312 FAZENDO DA MÚSICA UM CAMINHO PARA O CONHECIMENTO
profi ssionais. Atualmente, a escola passa por um sério
problema social que, infelizmente, ganhou destaque nes-
ses últimos cinco anos. Há um grupo de alunos que se
confronta fi sicamente com outros grupos de estudantes.
São as denominadas gangues, que batem pelo simples fato
de pertencer a escolas diferentes. Essa questão tem sido
avaliada e discutida por todos os segmentos da escola,
direção, professores, funcionários e pais, e a situação tem
sido amenizada com medidas educativas e sociais.
O Pibid-Música ingressou no Floca no fi nal de 2008. Na a
ocasião, éramos uma equipe formada apenas por cinco
pessoas: o coordenador, a supervisora e três bolsistas.
Foi um período de mudanças, pois estávamos passando
por uma transição de gestão escolar, mas desde o início
a direção da escola acolheu-nos e ofereceu-nos todo o
auxílio possível para que o programa se desenvolvesse
da melhor maneira possível. O projeto encontrou a escola
com uma estrutura precária em relação às aulas de músi-
ca, pois não havia nada relacionado à prática musical nas
atividades pedagógicas.
Durante o decorrer do ano de 2009, o Pibid foi desen-
volvendo suas atividades em sala de aula apenas com
os três bolsistas iniciais. Surgiu então a oportunidade de
aumentar a equipe de trabalho na escola. Assim sendo,
foram selecionados mais três bolsistas que vieram a somar
nos trabalhos seguintes.
Pelo fato de as aulas de música desenvolverem-se nas
turmas de nono ano do Ensino Fundamental II, e seu pú-
blico ser formado por adolescentes de faixa etária entre
treze e dezesseis anos de idade, a resistência em participar
de forma direta nas atividades musicais propostas como
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
313Catarina Aracelle Porto do Nascimento
novidade era imensa, motivada pela falta generalizada
de interesse pelo assunto. Mas isso foi quebrado com a
atuação do Pibid-Música.
Um dos impactos diretos do Pibid, nas turmas, foi a
presença constante do bolsista, o que fez com que os alu-
nos despertassem para o aprendizado musical por meio
das partilhas de experiências feitas com eles, além criar
um laço de amizade e confi ança entre todos.
Outro aspecto que o Pibid trouxe para a formação dos
alunos foi a elevação da autoestima. No início, os alunos
tinham muito pouca confi ança em si mesmos, sem valo-
rizar seus potenciais. As ações do projeto Pibid-Música
fi zeram com que alguns se inclinassem pelo aprendizado
sério da música, buscando uma formação musical técnica
e sistematizada.
O Pibid não atingiu apenas os alunos e a pedagogia
musical destinada a eles. Ajudou também a romper os
limites físicos da sala de aula, fazendo com que a escola,
em todos os seus segmentos, percebesse os benefícios que
as ações em educação musical proporcionavam ao desen-
volvimento intelectual e afetivo dos alunos, e passasse
a trabalhar pelo conjunto de todas as suas áreas com a
música, direta ou indiretamente.
Um dos frutos colhidos, de forma concreta desse tra-
balho, foi a conquista de um espaço adequado para o de-
senvolvimento das aulas de música, com toda a estrutura
física voltada para esse fi m e a aquisição de mais materiais
e objetos pedagógicos musicais comprados com recursos
próprios da escola.
Sempre achamos que, ao fi nalizar um curso de gra-
duação de licenciatura, estamos totalmente preparados
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
314 FAZENDO DA MÚSICA UM CAMINHO PARA O CONHECIMENTO
para enfrentar todos os desafi os que serão encontrados
na realidade da sala de aula, que nossos conhecimentos
adquiridos são sufi cientes, e que quem vai assumir o pa-
pel único de ensinar somos nós, professores formados.
Foi com essa convicção que iniciei meus trabalhos como
supervisora do Pibid e com o passar do tempo, tudo isso
foi sendo desconstruído, a partir da minha relação com
os bolsistas do programa.
Fui percebendo que não tinha todos os conhecimentos
necessários para desenvolver a docência da forma mais
efi caz possível e que eu podia aprender muito mais com
esses bolsistas, que estavam apenas iniciando seus estu-
dos na licenciatura. E como aprendi! E meu aprendizado
não se desenvolveu apenas em reciclar conteúdos e ati-
vidades musicais, mas também na construção de laços
de verdadeira amizade e cumplicidade, em que todos se
davam as mãos em busca da concretização do melhor
trabalho possível. E isso também se refl etiu nas minhas
relações com meus alunos, porque pude me aproximar
mais deles e conhecer um pouco mais da história de vida
de cada um.
O Pibid foi, e está sendo, um divisor de águas na minha
vida profi ssional e particular; um oásis onde posso buscar
refúgio e refl exão nas horas em que me encontro mais
confusa e desmotivada para seguir em frente na minha
carreira docente. Acredito que todos os licenciandos, seja
qual for a área de formação, deveriam passar por uma
experiência como a do PIBID, pois ele sim, é uma vivência
em toda sua plenitude.
315
7.2MUDANDO A VIDA ACADÊMICA
Luciana Neves Figueiredo*
Saiu, em outubro de 2008, um anúncio na lista de
e-mails dos usuários da escola de música da Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
convidando os interessados em participar como bolsistas
de um projeto chamado Pibid. Não vou negar que fi quei
muito interessada pelo valor da bolsa, a princípio, mas
foi a experiência que viria a ter que mudou minha vida
acadêmica.
Na ocasião, foram oferecidas apenas três bolsas. Os
aprovados começaram a trabalhar a partir de novembro
do mesmo ano. Uma primeira reunião foi marcada, e
conhecemos a professora de música da Escola Estadual
Desembargador Floriano Cavalcanti (FLOCA), Catarina
Aracelle que desempenharia o papel de supervisora do
projeto na escola escolhida. Ela nos deixou a par de como
eram ministradas as aulas e em que turmas ela lecionava
a matéria de música. Em seguida, fomos visitar a escola
para conhecer o espaço físico onde trabalharíamos, a sala
da direção, a biblioteca, os professores e alguns alunos.
Neste primeiro momento, de novembro de 2008 a fe-
vereiro de 2009, o grupo reunia-se para estudos direcio-
nados, planejamentos de aulas e estudo da apostila que a
professora confeccionou para basear as aulas de música
durante um semestre. A partir da implantação do Pibid,
* Ex-bolsista
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
316 MUDANDO A VIDA ACADÊMICA
foi necessária uma avaliação de conteúdo para adaptar a
apostila à nova realidade da escola e para o uso de um
ano completo, já que a apostila tinha sido planejada para
uso em apenas um semestre.
Durante esse período, eu me perguntava como seria
essa experiência. Será que eu, como aluna da Graduação,
estava capacitada para isso? Como seríamos recepciona-
dos por esses alunos? De que forma cada um deles via a
disciplina de música? Eram perguntas que passavam em
minha mente, pois até então todos os estágios que tinha
realizado foram relacionados à educação infantil e ao En-
sino Fundamental I, universos bem diferentes das turmas
da professora Catarina Aracelle.
Finalmente, o grande dia chegou, e chegou com atra-
sos. Em 2009, as escolas estaduais entraram de greve no
início do período letivo, que acabou começando em março
e não em fevereiro, como era previsto. Como esperado,
os alunos não estavam tão empolgados com a matéria e
viam-na como mais uma matéria inútil.
O projeto foi desenvolvido em turmas de nonos anos,
oito turmas no total, para os três bolsistas. Pouco tempo
depois do início das aulas, o projeto, que era patrocinado
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), abriu mais três vagas para bolsistas,
patrocinadas pelo projeto nacional de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (REUNI), o que foi
um grande reforço para nós, já que cada bolsista pode fi car
atuando em uma turma, e nas duas restantes aconteciam
revezamentos entre os seis bolsistas, de modo que todos
os alunos da escola tivessem a possibilidade de conhecer
e conviver conosco.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
317Luciana Neves Figueiredo
Realizávamos encontros semanais – entre os bolsistas,
a professora de sala e o coordenador Danilo Guanais –
para a troca de experiências. Afi nal, cada sala era um uni-
verso individual, com seus problemas e suas realidades.
Além desses encontros semanais, eram realizados encon-
tros semestrais entre todos os grupos Pibids existentes na
UFRN, em todo o estado, integrando as várias áreas de
atuação do projeto.
Durante esses dois anos em que tive a oportunidade de
participar do projeto, várias atividades foram realizadas
como evento de dia das mães, dia do estudante, Festival
de Paródias, encontros internos de reciclagens como um
curso de Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), estu-
dos de vivências e atividades sonoras, apresentação do
projeto em diversos eventos tais que a mostra de Ciência
e Tecnologia (CIENTEC) da UFRN, os encontros regionais
da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), e
o IV Ciclo de debates e estudos de Educação Inclusiva,
entre outros.
O que pude observar, absorver e crescer com esse pro-
jeto foi possível pela experiência valiosa que tive. Durante
toda a minha vida acadêmica nada se comparou ao que
aprendi e vivi durante o tempo em que participei do projeto.
A vida profi ssional de um professor de escola pública
ainda é muito precária. Na verdade, a maioria dos pro-
fessores de música passa por problemas derivados dessa
realidade, e é preciso ser muito criativo para trabalhar a
música sem recursos e fazer os alunos vivenciarem com
prazer e interesse a disciplina. Além disso, nem todas as
escolas podem contar com os recursos auxiliares como os
oferecidos pelo Pibid, sem falar que as ações do projeto
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
318 MUDANDO A VIDA ACADÊMICA
permitem atividades importantes e diferenciadas como a
criação de um espaço propício para levar os alunos para
apresentações, ou o deslocamento de alunos para um es-
túdio de gravação para que eles vivenciem a experiência
de um ensaio equipado em um lugar estruturado, entre
outras coisas.
Desde dezembro de 2010, e com muita tristeza, não
mais faço parte do projeto. Minha vida deu um passo a
frente, e agora não sou mais uma universitária, tornei-me
uma graduada, professora de música, com muito orgulho,
e procurando mostrar aos meus alunos que nem só de
instrumentos é feita uma aula de música, que é muito
mais que isso, é saber sentir a música, é saber conhecer
a música e é saber criá-la com o que temos ao nosso al-
cance, sejam instrumentos autênticos, reciclados, objetos
que exploramos pelos seus sons e timbres, nosso corpo,
o som a nossa volta e o principal: a nossa criatividade.
319
7.3PIBID: SANANDO
DÚVIDAS PEDAGÓGICAS
Thiago Moura Santana*
Fiquei muito entusiasmado, quando soube da seleção
para o Pibid, pois ele veio em um momento em que
eu estava com muitas dúvidas com relação à prática
pedagógica, como seria atuar na sala de aula e como os
conteúdos seriam divididos, entre outros questionamentos.
Ao iniciar o Pibid tive muitas das minhas dúvidas sa-
nadas. Pois o contato direto com a realidade da escola e
sala de aula me fez desmistifi car muitas coisas. Por meio
da observação de aulas do nono ano G, da Escola Estadual
Desembargador Floriano Cavalcanti, tive a oportunidade
de ver a aceitação dos alunos da disciplina de música na
escola regular. Também observei a necessidade de uma
sala especial para a disciplina de música, pois muitas ati-
vidades práticas, às vezes, fi cavam inviáveis por questões
de estrutura inadequada, com cadeiras atrapalhando e
distanciando mesmo os alunos.
Em relação à didática musical, vi o quanto é impor-
tante que uma aula de música seja prática e não somente
teórica, de forma que os alunos possam vivenciar os con-
teúdos musicais. Sentir a pulsação, bater os ritmos, tocar
instrumentos percussivos, etc. A prática de levar instru-
mentos musicais para eles e tocar foi muito importante.
* Bolsista
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
320 PIBID: SANANDO DÚVIDAS PEDAGÓGICAS
Isso chamou muito a atenção deles. Também levamos
músicas de relevância cultural para que eles apreciassem
e dissessem sobre a história e importância das diversas
manifestações musicais. A iniciação à leitura foi um ponto
também explorado.
Semanalmente, tínhamos uma reunião para discutir as
aulas e pensar em novas práticas para a sala de aula, de
forma que os conteúdos fossem levados de modo dinâmi-
co e criativo, para atingir os objetivos que foram propostos
para o projeto.
As ações realizadas na escola foram também muito
bem elaboradas. Entre elas, destaco a Páscoa e o Festival
de Paródias mas a ação que achei mais interessante foi a
do Dia das Mães.
Na ocasião, pude perceber a relação da escola com os
pais dos alunos, mostrando uma interação entre a insti-
tuição e a família. Nesse dia, tive a oportunidade de tocar
com a professora de português Magda Neves. Naquele
momento, vi que a ocasião seria uma ótima oportunidade
para que a música se mostrasse muito mais especial.
Acredito que o projeto Pibid-Música contribuiu muito
para minha formação. Mostrando a realidade do professor
do Estado, ele prova como a musica é importante para a
escola regular e pode representar uma boa possibilidade
para a interação entre a música e as outras disciplinas.
321
7.4O PIBID COMO FERRAMENTA DE
APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO
Priscila Gomes de Souza*
Fui aluna da segunda turma do Curso de Licenciatura
em Música (turma 2006) da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN), e pude ter a oportuni-
dade de acompanhar a implantação e crescimento desse
novo curso. Era reingressa de outra graduação, feita an-
teriormente, o Bacharelado em Música, habilitação em
violoncelo, também na Escola de Música da UFRN.
A minha iniciativa e o desejo de fazer o curso de licen-
ciatura partiram da busca por uma melhor compreensão
na área do ensino musical e também de um desejo de
qualifi cação para lecionar música em escolas, visando ao
mercado de trabalho também, além de concursos na área,
etc. Como estávamos vivendo uma nova fase no campo
da educação musical no estado do Rio Grande do Norte
com a implantação desse primeiro curso de licenciatura
em música, enxerguei uma abertura e um campo maior
de atuação acadêmica e profi ssional, coisa que só o ba-
charelado não me possibilitaria.
Isso, então, permitiu-me participar mais ativamente e
experimentar um contexto novo que era a escola, a sala de
aula. Algo para o qual eu não tinha experiência por não sa-
ber ao certo como funcionavam as ações pedagógicas mais
* Bolsista
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
322 O PIBID COMO FERRAMENTA DE APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO
comuns, como o que planejar para uma aula de música
de ensino fundamental na educação básica, por exemplo.
Como aluna do curso de Licenciatura em Música e vendo
surgir a lei nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008,
determinando que a música deve ser conteúdo obrigatório
em toda a Educação Básica, considerei que o momento era
de tentar a qualifi cação para entender e conviver com os
novos paradigmas e desafi os desse novo momento e desse
novo cenário da educação musical no Brasil.
Quando soube do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID), sendo ofertado para os alu-
nos da licenciatura em música, vi a possibilidade, nesse
projeto, de estar mais preparada e dominar melhor os co-
nhecimentos, de desenvolver uma educação musical que
integrasse o atual e a diversidade cultural em um cenário
real de uma escola pública de Ensino Fundamental, com
todas as suas características e seus problemas, respeitando
e reconhecendo as experiências que os alunos possuem,
fruto do seu ambiente sociocultural, de seu cotidiano. Eu
poderia fi nalmente contribuir para ampliar o universo des-
se conhecimento por meio da música.
Portanto, inscrevendo-me para participar da primei-
ra seleção de bolsistas Pibid-Música, que num primeiro
momento contemplou três alunos, tive a alegria de ser
selecionada para integrar a equipe, sob a coordenação do
professor Danilo Guanais e sob a supervisão da professora
Catarina Aracelle, a escola estadual escolhida foi a Escola
Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti (FLOCA), e
as séries nas quais pude atuar foram os nonos anos.
As primeiras impressões e o impacto que tive, ao che-
gar à escola, mais precisamente à sala de aula, foram
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
323Priscila Gomes de Souza
caracterizados pelo encontro de uma realidade totalmente
diversa do que pensávamos como alunos na graduação, a
falta de uma estrutura adequada, de um espaço específi co,
de uma sala de música. Tudo isso representava um grande
desafi o para a professora de música, e para nós também.
Encontrei alunos com problemas de comportamento,
inquietos, faltosos, desinteressados, que faltavam muito às
aulas de música, e que, ao fi nal do ano, já se mostravam
mais disciplinados e participativos.
Chamou-me especial atenção o interesse de alguns de-
les por saber ler música, ler uma partitura musical, o que
foi abordado pela professora nos conteúdos também.
Uma das experiências desenvolvidas em sala de aula
foram os trabalhos sobre a história da música, classifi ca-
ção dos instrumentos musicais e composição da orques-
tra. Esses trabalhos foram apresentados no laboratório de
informática, com slides e ilustrações. Outra experiência de
que também me recordo ocorreu no auditório da escola.
Na ocasião, grupos de alunos apresentaram composições
e criações musicais, e algo que me chamou a atenção foi
que a violência foi um tema comum, presente na maioria
dos trabalhos apresentados.
As lições que posso tirar das ações do Pibid, para mim,
foram muito importantes. Estar em contato direto com
os alunos possibilitou viver a prática de atuar em sala de
aula. Outra coisa muito importante foi acompanhar os
encontros e as reuniões pedagógicas, semanalmente, com
toda a equipe Pibid-Música, a troca de conversas, de pla-
nejamento das aulas, leituras de livros na área, relatando
os progressos e problemas nas ações desempenhadas em
cada turma, a autoavaliação e refl exão sobre as atividades.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
324 O PIBID COMO FERRAMENTA DE APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO
Tudo isso contribuiu muito para a minha formação
acadêmica, meu crescimento e amadurecimento. Tenho
muita alegria e satisfação de ter participado desse projeto.
O Pibid-Música foi, sem dúvida, para mim, um divisor
de águas na minha formação como professora graduada.
325
7.5AÇÕES DO PIBID: EXPERIÊNCIAS
ACADÊMICAS RELEVANTES
Caio Higor Araújo*
Minhas únicas expectativas, Ao ingressar no cur-
so de Licenciatura em Música, no ano de 2007,
eram de estudar e exercer aquilo que eu mais
amo fazer: música. E optar por cursar uma licenciatura, ao
invés de um bacharelado, fez despertar um perfi l docen-
te em mim que eu não sabia se correspondia exatamente
às minhas aptidões, devido, principalmente, à minha falta
de experiência em ensinar música. Parecia algo um tanto
quanto complicado o ato de ensinar música em sala de aula.
Quais seriam os conteúdos apropriados? Como abordá-los
com alunos de diferentes faixas etárias? Esses eram ques-
tionamentos básicos de qualquer calouro inexperiente. Eu
estava, porém, mais curioso que propriamente receoso.
Eis que então surge a oportunidade de me juntar ao
grupo do Pibid- Música, em 2009, ano em que eu já es-
tava mais maduro sobre os conceitos e as teorias sobre
o ensino de música, porém ainda um tanto carente do
conhecimento de práticas para sala de aula, algo que con-
sidero o ponto mais importante no processo de formação
do educador de música.
Foi nisto que, a meu ver, o Pibid-Música mais contri-
buiu para os seus integrantes: a oportunidade de vivenciar
* Ex-bolsista
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
326 AÇÕES DO PIBID: EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS RELEVANTES
o ensino de música acontecendo na sala de aula, onde
não somente aprendemos novas práticas e formas de
abordar diferentes conteúdos, como também podemos
experimentá-los e analisá-los. E também somos inseridos
no cotidiano da escola, vivenciando suas rotinas e seus
desafi os, tais como a falta de um espaço específi co e de
material didático adequado para o ensino de música, gre-
ves e ausência de aulas por falta de salas na escola.
A diversidade das ações realizadas também é um fator
importante. Participamos de ações de capacitação, como a
ofi cina de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); ações para
formação intelectual e exposição de resultados, como a
Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), onde
fazíamos cursos e apresentávamos alguma comunicação
sobre o projeto; as ações de integração entre as equipes
do Pibid em que era possível trocarmos diversos tipos de
experiências e informações; e as ações com os alunos da
Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti (FLO-
CA), que foram primordiais para a formação docente dos
integrantes do projeto, e constituiu-se uma experiência
estimulante, musicalmente, para os alunos da escola.
A contribuição mais importante do Pibid para mim, além
da imensa experiência docente que me foi proporciona-
da, foi a realização da minha monografi a para a conclusão
do curso de Licenciatura Plena em Música, quando tive a
oportunidade de analisar quantitativamente os resultados
da intervenção do Pibid-Música no aprendizado de música
dos alunos do Floca, como também de expor as opiniões
pessoais dos integrantes do projeto, acerca do andamento
do Pibid. E por último, onde pude organizar e descrever to-
das as ações realizadas pelo grupo até o fi m do ano de 2010.
327
7.6ENSINO DE MÚSICA:
PREOCUPAÇÕES COM A DIVERSIDADE
Washington Nogueira de Abreu*
O começo da minha história como bolsista no Progra-
ma Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID), que aconteceu entre os anos de 2008 e
2009, partiu da escolha da Escola Estadual Desembargador
Floriano Cavalcanti (FLOCA), como local de desenvolvi-
mento docente, onde fui escolhido para desenvolver ativi-
dades de observação junto à professora Catarina Aracelle,
no nono ano do Ensino Fundamental, na turma E.
Num primeiro instante, eu pensei que o Pibid seria
mais um estágio acadêmico que nos direcionaria ao campo
para incrementar nossa experiência como docente, mas,
ao me deparar com um grande número de jovens adoles-
centes oriundos dos diversos bairros da cidade do Natal,
em sua maioria da periferia, que traziam um conceito
de música apenas como uma mera diversão, comecei a
refl etir sobre a importância do professor no processo de
ensino aprendizagem desses alunos.
Todos nós aprendemos no curso de Licenciatura, que,
para ser um docente preocupado com a formação do in-
divíduo, devemos nos adaptar à diversidade e conduzir
um aprendizado signifi cativo e intencional, e por isso, não
* Ex-bolsista e voluntário
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
328 ENSINO DE MÚSICA: PREOCUPAÇÕES COM A DIVERSIDADE
devemos desprezar a cultura própria de cada educando, ou
seja, seus conhecimentos prévios e concepções do dia a dia.
O Floca, como é carinhosamente chamada a escola por
todos os que a utilizam, tem uma grande estrutura, mas
não tinha um laboratório de música, ou mesmo uma sala
em que pudessem ser explorados os mais diversos sons
existentes. Tínhamos que nos contentar com a sala regu-
lar, onde, às vezes, precisávamos trabalhar as atividades
numa intensidade muito suave, para não incomodar os
colegas das outras turmas. Fomos buscando alternativas
para que esse problema fosse resolvido. Para isso, foram
sugeridas algumas atividades na Escola de Música da Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN). Lá,
nós conseguimos perceber o verdadeiro interesse por parte
dos alunos em conhecer esse rico mundo sonoro que nos
rodeia. Na oportunidade, várias atividades de socialização,
envolvendo os parâmetros do som, improvisação, percep-
ção, dentre outros, foram feitas.
Para auxiliar os alunos no desenvolvimento dos traba-
lhos, criei um momento para ajuda individual na Biblio-
teca Jaime Diniz, da EMUFRN. Eles, ao entrar em contato
com a literatura musical disponível, começaram a perceber
que se tratava de uma linguagem que se precisa conhecer
e pesquisar para que se possa ter um melhor desenvol-
vimento. Os alunos foram conduzidos a reconhecer ins-
trumentos que até então só tinham visto na tela de seu
televisor, como o violino e o piano. Impressionaram-se
com o som emitido por esses instrumentos.
Foi uma experiência que permitiu uma melhor refl e-
xão para mim, e tornou minhas atividades educacionais
mais prazerosas e instigantes. Os próprios alunos queriam
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
329Washington Nogueira de Abreu
conhecer mais essa disciplina, cujas atividades deixavam-
nos com um encanto especial, e eles mostravam isso por
meio de seminários, em que apresentavam os conheci-
mentos adquiridos com sua determinação em aprender e
ensinar, numa educação feita em uma linguagem dialógica
na qual se ensina e aprende simultaneamente.
Conseguimos também um respeito maior por parte dos
alunos, pois fora criado um vínculo de amizade e con-
fi ança. Com isso, pudemos perceber a participação mais
ativa da maioria dos alunos nas atividades. A vergonha e
timidez inicial foram dando lugar ao entusiasmo e à parti-
cipação efetiva, e os alunos participavam dando opiniões,
reformulando atividades, recriando.
Sabemos que a vida de estagiário é difícil, pois, apren-
dendo como agir, numa situação real, percebemos como
a realidade é diferente do que aprendemos na academia.
O Pibid veio para transformar essa realidade, dando opor-
tunidade de uma educação acerca da pedagogia musical
mais ampla e real.
Em nossas reuniões, trocávamos experiências uns com
os outros, ao mesmo tempo em que tentávamos solucio-
nar problemas existentes, ou nos solidarizar com alguma
atividade que deu certo em uma turma e na outra não.
Formamos uma equipe preocupada com a educação dos
jovens e tentamos, ao longo dos dois anos, mostrar à di-
reção da escola, coordenadores e equipe pedagógica, que
é possível na educação brasileira proporcionar um ensino
de qualidade sem ter muitos recursos e dando, ao mesmo
tempo, oportunidade de crescer como educador, buscando
sempre a valorização do indivíduo.
331
7.7DO INTERIOR PARA A CAPITAL:
AS OPORTUNIDADES DO PIBID
Aline Regina da Silva*
Encontrei a oportunidade de participar do Pibid e
deparei-me com espaços totalmente diferentes dos
que estava acostumada, pois eu era oriunda de ban-
da de música do interior. O que me atraiu para o projeto
foi a oportunidade de estar na sala de aula de uma escola
pública regular, pois até aquele momento só tinha tido
experiências em espaços especializados em música, nos
quais trabalhava como voluntária.
A escola de música de Cruzeta é um exemplo dessas
experiências. Tive a oportunidade de estar na Escola Es-
tadual Floriano Cavalcanti (FLOCA) nos anos de 2009 e
2010. A turma de 2009, escolhida para meu estágio, dentro
do Pibid, foi o nono ano C do turno matutino. Em 2010,
passei para o nono ano B do mesmo turno.
A sala de aula de uma escola como essa transformou-
se num espaço de desafi os e surpresas, pois nunca tinha
vivido uma experiência assim antes. Havia trabalhado com
crianças e adolescentes da minha cidade do interior, com
os quais eu tinha contato, constantemente, conhecia as
suas famílias, sabia de todas as suas histórias de vida.
Não é a mesma coisa de trabalhar com adolescentes da
capital e de uma escola regular, pois os alunos do interior
* Bolsista.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
332 DO INTERIOR PARA A CAPITAL: AS OPORTUNIDADES DO PIBID
parecem mais afetivos, o que não é uma postura comum
nos alunos adolescentes da cidade grande. Os alunos da
área urbana maior me pareceram não muito receptivos
com o desconhecido, porém, no decorrer do ano, senti
que eles foram se aproximando mais.
Um dos desafi os encontrados para o desenvolvimento
das atividades do Pibid foi lidar com o impacto desta re-
alidade em sala de aula. Essa realidade também, muitas
vezes, não tem relação com a teoria estudada no curso de
licenciatura. Lidar com adolescentes foi muito complica-
do. Cada aluno vinha de uma realidade diferente e tinha
gostos diferentes. Uns gostavam de rock, outros gostavam
mais do pop e uns do forró.
Outro desafi o foi um aluno do nono ano C, que era defi -
ciente auditivo. Esse aluno não podia participar das aulas
de apreciação musical da mesma maneira que os outros.
Como eram vários alunos, a professora supervisora
Catarina Aracelle não tinha como estar todo o tempo jun-
to a esse aluno. Então, ela me encarregou de ajudá-lo
diretamente. Como ambos não sabíamos falar a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS), comunicávamo-nos por
meio da escrita ou então de um amigo dele, que havia
desenvolvido uma linguagem gestual própria com o alu-
no. Curiosamente, nas aulas de teoria, esse aluno estava
sempre entre os primeiros da turma, pois mesmo sem a
audição ele compreendia muito bem a escrita musical.
Escrevia nas claves de sol e de fá e sabia o nome das
notas e a localização. Superava os obstáculos sonoros, e
vivenciava do seu modo a música.
Quando houve na escola a apresentação do Octeto de
saxofones da Escola de Música da Universidade Federal do
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
333Aline Regina da Silva
Rio Grande do Norte (UFRN), pedimos que, ao terminar
a apresentação, esse aluno colocasse as mãos nos diver-
sos saxofones para sentir a vibração sonora. Ao tocar no
corpo do instrumento ele fazia gestos para cima ou para
baixo com as mãos, indicando se sentia um som grave ou
agudo. No sax barítono fazia gestos dizendo que sentia
sons graves, sinalizando com gestos para baixo. Fizemos
isso com os demais instrumentos de diversos tamanhos
e sonoridades. Mesmo com as limitações auditivas, esse
aluno mostrou-me que a inclusão, por meio da música,
torna-se possível.
Uma das maiores experiências que tive no projeto foi
o Festival de Paródias, realizado em junho de 2010. Nesse
festival, os alunos tinham que parodiar músicas, ensaiá-las
e depois apresentar. Foi maravilhoso ensaiar com eles, pois
víamos que cada um tinha um potencial diferenciado. Um
era melhor na escrita da música, outro era mais afi nado,
outro tinha a performance de palco mais desenvolvida.
Lidar com essas qualidades e diferenças foi muito bom.
Por meio desse festival, notou-se o interesse crescente de
vários alunos pela música e pelas atividades em grupo que
envolvem a criatividade.
Um dos momentos mais marcantes foi a apresentação
fi nal das paródias, pois os alunos vivenciaram tudo o que
nós, músicos profi ssionais, vivenciamos nas nossas apre-
sentações, o nervosismo, o medo de errar, a alegria de
subir ao palco, a reação da plateia.
A experiência no Pibid possibilitou-me um maior de-
sempenho nos estágios regulares do curso de Licenciatura,
além de me fornecer outras ferramentas para o ensino de
música. O convívio com os outros estagiários e os relatos
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
334 DO INTERIOR PARA A CAPITAL: AS OPORTUNIDADES DO PIBID
de suas experiências me serviram em vários sentidos, pois
cada turma tinha a sua realidade e a diversidade na ma-
neira de cada aluno vivenciar a música, um fato muito
curioso, que ajuda a compreender melhor as diferenças. A
oportunidade de conviver com uma professora competen-
te. que já vivenciou esse espaço escolar, veio a somar na
minha bagagem como docente, pois antes dessa experiên-
cia só escutava relatos de professores cansados e desacre-
ditados na educação, sem perspectiva de trabalho, porém
a professora Catarina Aracelle mostra-nos que é possível
ser um profi ssional competente e que goste do que faz.
335
7.8CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E FUTURO
Amélia de Jesus*
A primeira expectativa que tive sobre o Pibid era de
que eu iria apenas observar as aulas da professora
de música, e iria observar o que é dar aulas de
música em uma escola de ensino público. Como eu não
tinha nenhuma ideia de como isso acontecia, não cheguei,
em nenhum momento, a imaginar o quanto iria aprender
com esse projeto.
Eu tive um grande choque, ao me dar conta da realidade
que encontrei. Sabemos muito que a educação pública é
precária, com espaços de aulas restritos e poucos recursos,
professores mal pagos e, por isto, desmotivados, mas entre
ouvir falar e estar dentro da realidade há um grande abis-
mo. Assim que entrei pela primeira vez em sala de aula, em
2008, pensei: como vão acontecer aulas de música aqui?
Minha primeira preocupação era o fato de que conhecia
aulas de música com prática, movimento, acessórios como
copos, latas e bolas. Pensei em como iríamos nos adequar
a uma sala de aula com a formação tradicional. Outra
coisa que me preocupou foi imaginar se os alunos acei-
tariam as novas propostas e como se comportariam com
a novidade, tendo em vista que trabalhamos nos nonos
anos, compostos por adolescentes, na fase mais comple-
xa do desenvolvimento humano, e também por a Escola
Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti (FLOCA),
* Bolsista
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
336 CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E FUTURO
onde ocorria o estágio do projeto Pibid, ter histórico de
formação de gangues e tráfi co de drogas, outra realidade
totalmente diferente do que imaginava, e que chegava,
naturalmente, a assustar.
Entendendo que a realidade de estar ali serviria para
aprender com o que quer que encontrasse, o que me deu
muita segurança foi a postura profi ssional e competência
da professora supervisora da escola Catarina Aracelle. Foi
a partir da segurança que ela me passou que esqueci o
desespero e foquei em aprender.
É possível listar em varias folhas o quanto aprendemos
com tamanha variedade de experiências que tivemos, con-
tudo as mais importantes, para mim, foram:
» trabalhar com aluno defi ciente auditivo levou-nos
a aprender a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS);
aprender sobre como trabalhar com eles nas aulas de
música, ter o respeito e a atenção referente às suas
necessidades, e como nos adaptar para que eles tam-
bém possam aprender;
» o desenvolvimento de atividades práticas. Desen-
volvemos jogos pedagógicos para educação musical,
pensando em como aplicar em sala de aula e os bene-
fícios dessas atividades;
» a apresentação do II Fórum Paraibano de Educação
Musical, em João Pessoa, Paraíba. Tive a primeira ex-
periência em apresentar um trabalho e falar para os
nossos colegas de educação musical da iniciativa pio-
neira que estávamos desenvolvendo em Natal;
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
337Amélia de Jesus
» o I Festival de Parodias do Floca. Foi a maior ação
que desenvolvemos na escola e, por isto, a mais mar-
cante, tamanha a estrutura que tivemos que montar.
O mais importante para mim foi ver a produção dos
alunos e sentir a resposta do que estávamos fazendo
em sala de aula;
» a gravação e videoclipe dos ganhadores do festival.e
Foi a segunda maior ação na escola. Levar os alunos
para gravar em um estúdio profi ssional, com equipa-
mentos profi ssionais modernos foi muito difícil, mas
foi algo extremante importante na vida daqueles alu-
nos que lá estiveram. Alguns fi caram nervosos, ou-
tros se produziram, tiraram fotos. Foi o momento de
mostrar mais da nossa profi ssão para eles, mostrar o
quanto é difícil todo o processo de gravação, o valor
do profi ssional que faz um bom trabalho e o quanto
esse trabalho é desvalorizado com a pirataria;
» as visitas de grupos musicais. Foram momentos sig-
nifi cativos, quando levamos grupos de sopros e canto
para fazer apresentação para eles, mostrar outros gê-
neros musicais e aproximá-los dos instrumentos mu-
sicais verdadeiros.
Foram muitos momentos importantes e que acrescenta-
ram boas referências profi ssionalmente. Cada dia em sala
de aula era um novo desafi o em fazer o melhor para eles,
mostrar o universo musical que existe para acrescentar
novos caminhos e novas possibilidades à realidade que
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
338 CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E FUTURO
eles conhecem e tentar mostrar a diferença de uma boa
música para a música ruim. É um desafi o muito grande
trabalhar a apreciação musical com os alunos, pois a rea-
lidade cultural atual é baseada, para a maioria deles, em
exemplos de pouca substância poética e musical.
A experiência Pibid, é algo que deveria ser possível
para todos os alunos de um curso de licenciatura, pois é
algo que transforma a visão profi ssional e nos eleva do
nível de simples aluno de uma universidade para o nível
de professor, um profi ssional que tem de pensar em como
atingir estes alunos, de como ajudar a lidar com o conhe-
cimento, a discutir alternativas de vida, de crescimento.
Hoje, professor da rede pública de ensino tem quase a
função de pai e mãe, e, muitas vezes, é a única luz no fi m
do túnel para alguns alunos que veem nesse professor
motivação e uma mão para ajudá-lo.
O Pibid não é só crescimento para nós alunos, mas tam-
bém para os professores que nos recebem. Levamos para
eles as novidades da área, novos métodos, novos livros,
novas atividades, uma reciclagem. Nós de música tivemos
o sorte de trabalhar com a professora Catarina Aracelle,
que estava aberta a ensinar e aprender conosco. Ela ouviu
nossas opiniões, permitiu atuar com ela, desde dar aulas
até a aplicação das avaliações. Fizemos ofi cinas, debatemos
vários assuntos importantes. Sinto que levamos um ar re-
novado para a escola, e, como resultado do nosso trabalho,
conseguimos uma sala só para música, com os equipamen-
tos básicos necessários para desenvolver novas iniciativas.
O que eu diria em poucas palavras desta experiência
é que o Pibid é uma oportunidade de capacitação do ver-
dadeiro profi ssional do futuro.
339
7.9DA BANDA PARA A SALA DE AULA
Patrícia Valdelice da Silva*
Vim do interior do estado do Rio Grande do Norte,
da cidade de Cruzeta, na região Seridó. Passei a
maior parte de minha vida trabalhando e tocando
em banda de música. Foi lá que tive as minhas primeiras
experiências com as notas musicais. Comecei depois a dar
aulas de música para alunos de clarineta de minha cidade,
numa escola especializada de música. Encontrei no Pibid a
oportunidade de entrar em um espaço totalmente diferente
daquele que vivenciei em cidades do interior do estado, já
que nunca tinha tido a oportunidade de presenciar como
funcionam as aulas de música numa escola regular. Na
verdade, nem imaginava como seria.
O fato de estar em sala de aula de uma escola regular
foi o que mais me atraiu para esse projeto, pois sabia que
isso só viria a acrescentar para a minha formação profi s-
sional como professora de música. Ao entrar no grupo do
Pibid-Música, tive a oportunidade de ser bolsista na Escola
Estadual Floriano Cavalcanti (FLOCA), em março de 2010,
durante um ano de experiências, junto à turma do nono ano
D, sob a supervisão da professora Catarina Aracelle Porto.
Minhas expectativas em relação ao projeto diziam
respeito, principalmente, a como os alunos iriam reagir à
minha presença e se seus comportamentos iriam mudar
dentro de sala de aula. Como se relacionariam comigo fora
dela? Deparei-me com uma sala de aula com trinta e sete
* Bolsista.
Formação de Professores: interação Universidade - Escola no PIBID/UFRN
340 DA BANDA PARA A SALA DE AULA
adolescentes, cada um com o pensamento diferente, uma
realidade musical diferente, além das diferenças no que
eles entendiam por aula de música.
Outro desafi o foi lidar com os horários de aula da tur-
ma, que era prevista para os dois primeiros horários das
terças-feiras (a maioria dos alunos levava falta por chegar
atrasada, e eles só entravam em sala no horário seguinte,
o que gerava um desnível na turma).
Se já foi um pouco complicado trabalhar com os adoles-
centes com esses problemas, junto a isso veio o impacto de
perceber que a teoria estudada no curso de Licenciatura em
Música não tem muita relação com a realidade de sala de
aula, já que nem tudo pode ser aplicado em qualquer sala.
Com o passar do tempo, os alunos começaram a ter
um pouco mais de aproximação comigo, principalmente as
meninas, que tiravam suas dúvidas me procurando. Já os
meninos eram sempre minoria, e eu sentia que havia um
pouco de timidez da parte deles. Então, fui tentando me
aproximar mais da turma, dando um passo de cada vez.
Em maio, tivemos a ideia de lançar um concurso de
paródias, e me impressionei com alguns alunos de minha
turma pelo interesse deles em participar. Além disso, os
alunos que mais davam trabalho foram os que mais se
destacaram musicalmente. Entre os que participaram do
evento, um deles tocou fl auta contralto, outro, bateria.
Essa experiência me foi de muita importância, pois hoje
me sinto mais capaz de estar à frente de uma sala de aula. A
vivência nesse espaço possibilitou-me conhecer o universo
dos adolescentes mais de perto, tendo assim, mais ferramen-
tas para trabalhar com esse público. Os encontros juntos com
estagiários, supervisor e coordenador foram de muita impor-
tância para que o diálogo, as ideias, e o interesse de todos
pelo trabalho servissem de estímulo para novas iniciativas.