FORMAÇÃO DOCENTE: ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS...
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FORMAO DOCENTE: ORIENTAES PEDAGGICAS PARA O
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) NA
EDUCAO BSICA
Carla Salom Margarida de Souza (1); Marlene Barbosa de Freitas Reis (1); Lilian Cristina
dos Santos (2)
Mestranda do Programa de Ps-graduao Interdisciplinar em Educao, Linguagem e Tecnologias da Universidade Estadual
de Gois (UEG)/Cmpus CSEH. Docente da Universidade Estadual de Gois (UEG)/Cmpus Inhumas. E-mail:
Doutora. Docente do Programa de Ps-Graduao Interdisciplinar em Educao, Linguagem e Tecnologias, PPG-IELT da
Universidade Estadual de Gois (UEG). Coordenadora do Curso de Pedagogia da UEG/Cmpus Inhumas. E-mail:
Mestranda do Programa de Ps-graduao Interdisciplinar em Educao, Linguagem e Tecnologias da Universidade Estadual
de Gois (UEG). E-mail:[email protected]
Resumo: A Poltica Nacional de Educao Especial numa perspectiva inclusiva (2008), reforada pela
Resoluo do CNE N 04/2009 e pelo PNE 2014-2024, consolidam a necessidade de
institucionalizao do atendimento educacional especializado nas escolas de ensino regular a todos os
discentes com deficincia, transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotao.
Essa demanda aponta para uma grande necessidade de formao docente, visando uma atuao eficaz
na sala de recurso multifuncional, a fim de que se cumpra com a funo primordial da educao
especial de complementar ou suplementar o ensino para alunos pblico-alvo dessa modalidade de
ensino. A formao docente necessita articular saberes pedaggicos especficos para a atuao no
AEE. Foi pensando nessa necessidade que o Curso de Extenso em Orientaes Pedaggicas para o
Atendimento Educacional Especializado (AEE) na Educao Bsica, foi organizado e desenvolvido
pelo Laboratrio Pensar, Pedagogia Interdisciplinar da Universidade Estadual de Gois (UEG) -
Cmpus Inhumas. Assim, o presente trabalho discute aspectos relacionados aos saberes especficos
para o atendimento educacional especializado e apresenta uma experincia exitosa de formao
docente para atuao nesse atendimento. O trabalho se referencia teoricamente nos mesmos autores
que embasaram o curso de extenso, sendo eles: Bedaque (2014), Reis (2006, 2013 e 2017), Mantoan
(2009 e 2010), entre outros. As reflexes advindas desse trabalho reforam que a formao de
professores para a educao especial crucial para o desenvolvimento de sistemas educacionais mais
inclusivos e que a universidade assume papel primordial nesse processo.
Palavras-chave: Formao docente, atendimento educacional especializado, curso de extenso,
orientaes pedaggicas.
Introduo
A partir da Constituio Federal de 1988 (Art.208, III) o atendimento educacional
especializado fora institudo. A garantia desse direito foi reforada por meio da Lei de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei 9.394/96). No mesmo sentido, a Poltica
Nacional de Educao Especial na Perspectiva Inclusiva (MEC, 2008), o PNE/2014-2024 e a
Lei Brasileira de incluso n 13.146/2015, fomenta o acesso, a participao e a aprendizagem
dos estudantes com deficincia, transtorno global do desenvolvimento e Altas
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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habilidades/superdotao e refora o direito ao atendimento educacional especializado na rede
regular de ensino, preferencialmente na prpria escola que o estudante est matriculado.
O atendimento educacional especializado surge como uma nova forma de vivenciar a
educao especial, na qual o alvo visto por suas diferenas sem discriminao. (SATO;
LIMA, 2011, p. 106). Essa modalidade de ensino, respaldada em vrios meios legais, aponta a
grande necessidade de formao docente inicial e continuada, visando uma atuao docente
compatvel com as demandas de atividades e recursos da sala multifuncional, no intuito de
complementar ou suplementar o ensino para alunos pblico-alvo da educao especial.
Tendo em vista o papel da universidade enquanto instituio social necessria e
relevante para cumprir a funo de socializar, produzir e reelaborar o conhecimento
cientfico (REIS, 2006, p. 36) e considerando a necessidade apresentada, a Universidade
Estadual de Gois (UEG), Cmpus Inhumas, por meio do Laboratrio Pensar: Pedagogia
Interdisciplinar, se props a desenvolver uma ao de extenso voltada para a formao
docente em educao especial. Ao esta, intitulada: Curso de Extenso Orientaes
pedaggicas para o atendimento educacional especializado (AEE) na educao bsica,
contribuindo com pesquisas e estudos que visem a garantia da equidade, possibilitando e
garantindo o acesso e permanncia de todos, sem qualquer resqucio de discriminao e
excluso das populaes desfavorecidas. (REIS, 2006, p.38).
Ao refletirmos sobre o papel da universidade, trazemos como problemtica, as
seguintes questes: De que maneira, a universidade pode contribuir com a formao docente,
percebendo os desafios propostos aos profissionais que atuam ou atuaro no AEE? Que
saberes pedaggicos so necessrios a esses profissionais para que tenham condies de
atender satisfatoriamente as necessidades especficas das crianas pblico-alvo da educao
especial, na escola de ensino regular?
Assim, o presente trabalho discute aspectos de uma ao de extenso da Universidade
Estadual de Gois, Cmpus Inhumas, ao essa de formao docente para o atendimento s
demandas atuais da educao inclusiva e compartilha resultados dessa ao, que teve como
objetivo a formao docente no tocante aos saberes e prticas necessrias ao profissional que
atua ou atuar no AEE, abordando as orientaes pedaggicas necessrias a cada
especificidade desse atendimento.
1. O Atendimento Educacional Especializado na Educao Bsica
Uma das inovaes propostas pela Poltica Nacional de Educao Especial na
Perspectiva da Educao Inclusiva (2008) o Atendimento Educacional Especializado
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AEE, um servio da Educao Especial que eliminem as barreiras para a plena participao
dos alunos, considerando suas necessidades especficas, atendendo aos princpios de uma
educao inclusiva. (SEESP/MEC, 2008).
De acordo com a Resoluo do Conselho Nacional de Educao (CNE) n04/2009, o
AEE um servio da Educao Especial que identifica, elabora e organiza recursos
pedaggicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participao dos alunos,
considerando suas necessidades especficas. Ele deve ser articulado com a proposta da escola
regular, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino
comum. (BRASIL, 2009).
Por isso mesmo, o AEE deve ser realizado no perodo inverso ao da classe frequentada
pelo aluno e preferencialmente, na prpria escola e, ainda a possibilidade de esse atendimento
acontecer em uma escola prxima. Nas escolas de ensino regular o AEE deve acontecer em
salas de recursos multifuncionais que um espao organizado com materiais didticos,
pedaggicos, equipamentos e profissionais com formao para o atendimento s necessidades
educacionais especiais, projetadas para oferecer suporte necessrio a estes alunos,
favorecendo seu acesso ao conhecimento. (BRASIL, 2010).
Essas salas tm como objetivo fortalecer o processo de incluso na escola regular e em
outras palavras orientar e apoiar as escolas da rede pblica de ensino. O Ministrio da
Educao instituiu o Programa de Implantao das Salas Multifuncionais, por meio da
Portaria N 13, de 24 de abril de 2007, e disponibilizam equipamentos, mobilirios, materiais
didticos e pedaggicos e softwares acessveis para a organizao das salas e a oferta do
atendimento educacional especializado - AEE.
Conforme pontua Mantoan (2009, p. 27):
[...] esse atendimento para melhor atender s especificidades dos alunos com
deficincia. Abrange, sobretudo, instrumentos necessrios eliminao das barreiras
naturais que as pessoas com deficincia tm para relacionar-se com o ambiente
externo. Exemplos: O ensino da lngua brasileira de sinais (Libras), do cdigo braile
e o uso de recursos de informtica e de outras ferramentas e linguagens que
precisam estar disponveis nas escolas ditas regulares [...].
O funcionamento do AEE segundo Carvalho (2010), no deve ser confundido com
aulas de reforo escolar ou mera reproduo de contedos trabalhados em sala de aula, pois se
trata de um conjunto de procedimentos especficos mediadores do processo de apropriao e
produo do conhecimento. Com isso, vemos a necessidade de uma formao docente que
contemple saberes especficos voltados para o atendimento s especificidades dos recursos e
servios da educao especial.
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2. A Formao docente e os saberes especficos para o atendimento educacional
especializado
Para que o atendimento educacional especializado realmente funcione, em condies
de qualidade na escola de ensino regular, necessrio que o professor busque uma formao
com saberes amplos, e tambm especficos, uma formao que v alm dos conhecimentos
acadmicos oferecidos nas universidades, trata-se da necessidade de uma formao
permanente, com aes de formao continuada e aprimoramento de prticas docentes.
Reis (2013) salienta que a formao inicial um perodo onde o professor tem o
contato com conhecimentos que provavelmente enfrentar na sua prtica pedaggica. E
acrescenta ainda que
[...] somente essa formao no ser suficiente para o desenvolvimento de
conhecimentos que garantam a efetividade de uma prtica pedaggica que
contemple princpios inclusivos. Tais conhecimentos para uma gesto inclusiva s
podero ser adquiridos por meio de uma prtica continuada, reflexiva e coletiva.
(REIS, 2013, p. 87).
Paulo Freire (1997, p. 44) refora essa viso de articular teoria e prtica em um
momento de formao permanente, de autoformao, de reflexo crtica sobre a prtica. [...]
na formao permanente dos professores, o momento fundamental o da reflexo crtica
sobre a prtica. pensando criticamente a prtica de hoje ou de ontem que se pode melhorar a
prxima prtica. Ana Canen, tambm corrobora, que na formao continuada, tem que ser
algo diferente... Alguma coisa que parta da nossa realidade, dos nossos problemas, junto
conosco. (CANEN, 2001, p. 223).
Nesse sentido, percebe-se que o professor de AEE, alm da formao inicial, deve
buscar construir e articular outros saberes nos encontros de formao em servio, nas
oportunidades de extenso das universidades e reflexes permanentes sobre o fazer
pedaggico, sobre a prpria prtica. Exige do professor a capacidade de dominar, integrar e
mobilizar diferentes saberes (TARDIF, 2002) enquanto condio para sua prtica.
A formao docente para o AEE deve contemplar a construo de diferentes saberes
necessrios s especificidades da Educao Especial. De acordo com a Poltica Nacional de
Educao Especial numa perspectiva inclusiva de 2008,
O atendimento educacional especializado realizado mediante a atuao de
profissionais com conhecimentos especficos no ensino da Lngua Brasileira de
Sinais, da Lngua Portuguesa na modalidade escrita como segunda lngua, do
sistema Braille, do Soroban, da orientao e mobilidade, das atividades de vida
autnoma, da comunicao alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais
superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequao e produo
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de materiais didticos e pedaggicos, da utilizao de recursos pticos e no pticos,
da tecnologia assistiva e outros. (BRASIL, 2010, p. 24)
Nesse sentido, para atuar na educao especial, o professor deve ter como base da sua
formao inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exerccio da docncia e
conhecimentos especficos que atendam s demandas da Educao especial.
A Resoluo do CNE n4 de 2 de Outubro de 2009, que dispe sobre as Diretrizes para
o Atendimento Educacional Especializado oferecido na Educao Bsica, determina que o
professor deve ter formao inicial que o habilite para o exerccio da docncia e formao
especfica para a Educao Especial.(Art. 12, p.3). Tendo como atribuies, dentre outras,
elaborar e executar o plano de atendimento educacional especializado, organizar os
atendimentos, acompanhar a sala comum, estabelecer parcerias entre professores e famlia e
utilizar tecnologias assistivas1 quando necessrio. (Art. 13, p.3).
O Plano Nacional de Educao (2014-2024), Lei n 13.005/2014, prev uma poltica
educacional que reafirma a escola como plural, democrtica e aberta s diferenas, cabendo
aos sistemas de ensino uma ateno especial meta 4
Universalizar, para a populao de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficincia,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao, o
acesso educao bsica e ao atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional
inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou servios
especializados, pblicos ou conveniados. (BRASIL. LEI N. 13.005, 2014).
O documento evidencia a necessidade de que o atendimento educacional
especializado ocorra preferencialmente na escola regular em sala de recursos multifuncionais.
Com isso, os sistemas de ensino devem se atentar para identificarem a demanda da sala de
recurso no PAR Plano de Aes Articuladas com o governo federal e a escola, informar as
matrculas das crianas com deficincias no Censo escolar.
A secretaria de educao a qual se vincula a escola deve ter elaborado o Plano de
Aes Articuladas PAR, registrando as demandas do sistema de ensino com base
no diagnstico da realidade educacional [...] A Secretaria de Educao efetua a
adeso, o cadastro e a indicao das escolas contempladas por meio do Programa no
Sistema de Gesto Tecnolgica do Ministrio da Educao SIGETEC, endereo
http://sip.proinfo.mec.gov.br. (BRASIL, 2010, p. 10)
1A Tecnologia Assistiva, como um tipo de mediao instrumental, est relacionada com os processos que favorecem,
compensam, potencializam ou auxiliam, tambm na escola, as habilidades ou funes pessoais comprometidas pela
deficincia, geralmente relacionadas s funes motoras, funes visuais, funes auditivas e/ou funes comunicativas
(GALVO FILHO, 2013, p. 8-9).
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A Lei Brasileira de Incluso, n 13.146, de 6 de Julho de 2015, que estabelece o
Estatuto da Pessoa com Deficincia, preconiza que os sistemas de ensino devem fornecer
programas de formao inicial e formao continuada voltada para o AEE e para o ensino de
Libras e do Sistema Braille, alm do uso de tecnologias assistivas para promover a autonomia
e a plena participao do aluno com as diversas situaes da vida escolar e social. Lei
Brasileira de Incluso (Art. 28, p.9).
Diante das legislaes mencionadas, o que se percebe que a formao docente
inicial no tem sido suficiente para contemplar o trabalho com as crianas com necessidades
especiais. preciso que o professor busque aperfeioar suas prticas, desenvolver novas
habilidades e aprimorar cada vez mais os conhecimentos sobre essa modalidade de educao,
visto que a mesma pode ser considerada uma modalidade recente no Brasil, e que por isso,
evidente, ainda h muitos desafios que impedem o profissional de educao exercer um
trabalho de qualidade.
Alm do mais, conforme (REIS; et AL, 2017, p. 45), no pela fora da lei que se
faz incluso. A concretizao da incluso requer na viso das mesmas autoras, aes
permanentes, investimentos, revises, adaptaes, parcerias, trabalho colaborativo e redes de
apoio. (REIS, et. AL, 2017). E foi ao analisar essas necessidades que o curso de extenso em
orientaes pedaggicas para o atendimento educacional especializado (AEE) na educao
bsica se desenvolveu e apresentou os resultados, discutidos a seguir.
2. O Curso de Extenso em Orientaes Pedaggicas para o Atendimento Educacional
Especializado (AEE) na Educao Bsica
O Curso de extenso em Orientaes Pedaggicas para o Atendimento Educacional
Especializado AEE na Educao Bsica, foi ministrado pelas professoras Carla Salom
Margarida de Souza e Marlene Barbosa de Freitas Reis, uma realizao do Laboratrio
Pensar, Pedagogia Interdisciplinar, da Universidade Estadual de Gois, no ano de 2017,
primeiro e segundo semestre, correspondendo 1 e 2 edio.
Foi ministrado s sextas-feiras no perodo vespertino, na primeira edio e s quartas-
feiras na segunda edio. Na primeira edio contemplou 24 (vinte e quatro) participantes
entre acadmicos de Pedagogia, Letras e tambm pessoas da comunidade Inhumense,
observando-se nessas, a participao de uma aluna de outra instituio de ensino superior e
quatro professoras de apoio da rede pblica de ensino do municpio de Inhumas- Gois. Na
segunda edio, foram contemplados 22 (vinte e dois) participantes, entre acadmicos de
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Pedagogia, Letras e tambm pessoas da comunidade Inhumense, observando-se nessas, a
participao de 7 (sete) professoras da rede pblica de ensino do municpio de Inhumas e uma
professora de AEE da rede pblica do municpio circunvizinho.
A carga horria da primeira edio correspondeu a 40 horas, sendo essas, 25 de aulas
formais e 15 horas de atividades prticas no Laboratrio de Pedagogia e uma visita tcnica-
pedaggica ao Centro de Atendimento Educacional Especializado Diurza Leo na cidade de
Inhumas, onde os participantes tiveram a oportunidade de vivenciar na prtica, diferentes
eixos de efetivao do AEE, como: o AEE com a utilizao das tecnologias digitais
acessveis, o AEE por meio da Arteterapia e o AEE com diversificados recursos ldicos para
estimulao cognitiva da criana com deficincia intelectual.
Gomes (2010) nos chama a ateno para o fato de que o professor de AEE deve
propor situaes vivenciais que possibilite ao aluno com deficincia intelectual organizar seu
pensamento. Deve se fundamentar em situaes-problemas, que exijam que o aluno utilize
seu raciocnio para a resoluo de um determinado problema.
A carga horria da segunda edio correspondeu a 60 horas, sendo 30 horas de aulas
formais e 30 horas de atividades prticas no Laboratrio de Pedagogia e duas visita tcnica-
pedaggica, uma no Centro de Atendimento Educacional Especializado Diurza Leo na
cidade de Inhumas e outra no Centro de Ensino Especial So Vicente de Paulo no Municpio
de Trindade/Gois. Ambas foram experincias muito produtivas para a relao teoria e
prtica. As participantes tiveram oportunidade de ver o funcionamento do AEE para atender a
diferentes necessidades especficas de crianas com deficincias (Surdez, cegueira, baixa
viso, autistas, deficincia intelectual, mltiplas).
Os contedos do curso abordaram os seguintes temas: fundamentos do AEE; AEE
para deficincia visual; AEE para deficincia auditiva; AEE para deficincia fsica; AEE para
deficincia intelectual; AEE para transtornos globais do desenvolvimento e para o transtorno
de linguagem (dislexia), tambm para o transtorno de dficit de ateno com hiperatividade
(TDAH) e o AEE para as altas habilidades/superdotao, alm dos saberes necessrios
construo do plano de desenvolvimento individualizado (PDI) para o AEE.
O curso possibilitou uma formao docente especfica para o trabalho com o AEE e
contribuiu de diferentes maneiras, observemos o depoimento de uma das participantes
Participei das duas edies do curso, contribuiu muito com meus estudos para o meu
trabalho de concluso de curso e para minha formao docente, posso dizer que o
ideal seria se todos os acadmicos de licenciatura tivessem a oportunidade de
cursarem um curso sobre AEE como esse, que articulou to bem teoria e prtica e
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nos possibilitou uma formao pedaggica especfica para atuar com segurana no
AEE. Dentre os diversos saberes que constru, posso relatar sobre o TDAH, quando
trabalhamos com essas crianas, que muitas vezes so rotuladas como
indisciplinadas, devemos se atentar para um trabalho que aborde: Tcnicas para
melhorar a ateno e memria sustentadas, a questo do tempo e processamento das
informaes, fundamental: respeitar um tempo mnimo de intervalo entre as
tarefas, Incentivar o uso de agendas, calendrios, post-it, blocos de anotaes,
lembretes sonoros do celular e uso de outras ferramentas tecnolgicas que o aluno
considere adequado para a sua organizao e a utilizao de tcnicas Inibio e
autocontrole, como por exemplo, permitir que o aluno se levante em alguns
momentos, previamente combinados entre ele e o professor, pedir que v ao quadro
(lousa) apagar o que est escrito, solicitar que v at a coordenao buscar algum
material, etc. (PARTICIPANTE DAS DUAS EDIES DO CURSO,
ACADMICA DE PEDAGOGIA)
Evidenciamos no relato da acadmica, a importncia do curso, que alm de contribuir
com a formao para o atendimento as necessidades da criana com TDAH, serviu como
motivao e incentivo para outras pesquisas como o trabalho monogrfico da acadmica.
As metodologias utilizadas no curso foram aulas dialogadas, com recursos multimdia,
dinmicas de grupo, discusses, debates, oficinas de produo de materiais adaptados,
possibilitando aos participantes uma ampla interao e compreenso. Convm ressaltar que ao
final de cada encontro, o curso ofereceu a todos os alunos, materiais de apoio impresso, para
complementao dos estudos.
Alm dos saberes especficos, buscamos provocar reflexes acerca da formao
docente para atuao na educao especial numa perspectiva inclusiva, com nfase no AEE.
Observemos o relato de uma acadmica de pedagogia da UEG/Cmpus Inhumas, participante
do curso:
O curso de extenso realizado na Universidade Estadual de Gois Cmpus
Inhumas, denominado Orientaes pedaggicas para o Atendimento Educacional
Especializado (AEE) na Educao bsica tinha como objetivo provocar reflexes
acerca dos aspectos legais e pedaggicos, perpassando as orientaes pedaggicas,
recursos e materiais desenvolvidos em salas de recursos multifuncionais. Este curso
foi abordado, de maneira esplendorosa, uma vez que em cada encontro, foram
oferecidas orientaes especficas para o profissional de educao trabalhar nas salas
de recursos multifuncionais do AEE, abordando todos os eixos temticos e as
deficincias e transtornos em suas especificidades, alm de materiais pedaggicos
que poderiam ser utilizados e desenvolvidos pelo responsvel das salas,
possibilitando uma viso de como devem ser desenvolvidos os trabalhos
pedaggicos nas salas. Como aluna do sexto perodo do curso de pedagogia e
bolsista CNPq - que teve como tema pesquisado o AEE -, este curso somou de
maneira satisfatria para a minha formao, acrescentando informaes e conceitos
que favoreceram minhas pesquisas e viso como futura educadora. Agradeo
imensamente a professora que ministrou esse curso, que com toda sua experincia e
arcabouo terico mediou e conduziu por meio de aulas tericas, prticas e visitas,
os conhecimentos epistemolgicos do AEE, nossas dvidas, os desafios a serem
enfrentados e todo o curso de maneira mpar. Tambm agradeo ao cmpus por
proporcionar aos acadmicos e a comunidade o conhecimento e informaes sobre a
incluso tal como o AEE, uma vez que a diversidade est presente no contexto
escolar e de grande valia e necessidade tratarmos com seriedade e respeito
incluso, haja vista que as diferenas so a principal caracterstica presente nas
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pessoas humanas, cada um com suas singularidades. (PARTICIPANTE DA 2
EDIO DO CURSO, ACADMICA DE PEDAGOGIA)
Percebemos tambm que o curso, preencheu algumas lacunas na formao de
professores que j atuam no AEE, pois tiveram a oportunidade de entender a utilizao de
muitos recursos disponveis nas salas de recursos multifuncionais, conforme relata uma
cursista:
Agradeo a UEG/Cmpus Inhumas pela oportunidade de participar desse curso de
extenso. O curso de orientaes pedaggicas para o atendimento educacional
especializado, posso dizer com convico que sanou vrias dvidas e dificuldades
que tinha ao atuar como professora de AEE. A forma como o curso foi abordado,
sendo cada encontro,oferecido orientaes pedaggicas especficas para o AEE em
todos os eixos, me possibilitou uma viso ampla e ao mesmo tempo especfica dos
diferentes recursos disponvel na sala multifuncional. Aprendemos quanto a
utilizao do teclado em colmia, alguns softwares como o Dasher, que possibilita a
digitao sem o uso do teclado, o aplicativo ABC autismo para o trabalho
intencional com crianas com o transtorno, a aprendizagem do Braile, orientaes
para baixa viso, com a utilizao do plano inclinado, a adaptao de materiais
pedaggicos em Libras, contribuiu de forma fundamental com nossos
conhecimentos. Para mim, particularmente, foi excelente as experincia obtidas com
as visitas e com as aulas tericas e prticas. (PROFESSORA DE AEE,
PARTICIPANTE DA 2 EDIO DO CURSO)
O curso, tambm provocou reflexes sobre a importncia do professor de AEE
desenvolver uma prtica colaborativa, com vistas a efetivao de um bom dilogo com
professores regentes, professores de apoio, equipe pedaggica e demais profissionais da
escola e tambm outros profissionais especializados, no sentido de vivenciar a educao
especial como um trabalho transdisciplinar, que dialogue com outras reas e do conhecimento
humano para que de fato, esse professor, realize um trabalho em parceria com interface com
outros saberes , buscando superar diferentes barreiras que surgem no cotidiano escolar.
No curso de extenso em AEE, tivemos a oportunidade de aprender diferentes
prticas especficas para o nosso fazer pedaggico no AEE, uma abordagem que me
chamou mais ateno, foi a importncia e a ateno que devemos atribuir ao
trabalho do AEE de forma colaborativa, onde com fundamentao em Bedaque
(2014) aprendemos que os professores das salas de recurso multifuncional devem
atuar de forma colaborativa com o professor da classe regular para a definio de
estratgias pedaggicas que favoream o acesso ao aluno ao currculo e a sua
interao no grupo, entre outras aes que promovam a educao inclusiva, como o
dilogo permanente entre o professor de AEE e todos os docentes e demais
profissionais da escola. (PROFESSORA DE AEE, PARTICIPANTE DA 2
EDIO DO CURSO)
Nesse sentido, o trabalho pedaggico ressurge na escola com possibilidades de
implementar uma nova cultura social que erradique o egosmo e o individualismo, em busca
dos laos de solidariedade, cooperao e respeito. a superao de um trabalho isolado, para
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um trabalho crtico, reflexivo, analtico, criativo, inventivo, agindo diante dos desafios da
realidade que se apresenta. (BEDAQUE, 2014).
Com relao ao Plano de AEE, um dos contedos mediados pelo curso, foi a anlise
de um estudo de caso sobre uma criana com deficincia intelectual e propomos a partir desse
estudo, a realizao de uma oficina prtica para a elaborao do PDI para deficincia
intelectual. No tocante a essa experincia, relata uma das participantes:
Aprendemos como desenvolver o planejamento voltado para as necessidades
especficas das crianas. Realizar um plano para o AEE, no simples como pensam
muitos. Exige reflexes sobre as possibilidades de aprendizagem dos alunos, o perfil
de aprendizagem de cada um e os recursos a serem utilizados na aula no AEE, alm
da necessidade permanente do dilogo com a professora regente e de apoio.
(PARTICIPANTE DAS DUAS EDIES DO CURSO, ACADMICA DE
PEDAGOGIA)
O planejamento de AEE resulta das escolhas do professor aos recursos,
equipamentos, e o apoio mais adequado para que possam eliminar as barreiras que impedem o
aluno de ter acesso ao que lhe ensinado na turma da sala regular, garantindo-lhe a
participao e sua aprendizagem. Portanto, esses instrumentos a servio da aprendizagem dos
alunos, no significa que seja um ponto final resumido no processo ensino aprendizagem, mas
antes de tudo um ponto de partida que nos permita conhecer, atuar e atravs deste
conhecimento identificar os caminhos, as tcnicas, os mtodos e os contedos a serem
ministrados aos alunos pblico-alvo da educao especial.
Com relao ao produto acadmico cientfico do curso, alm da exposio dos
materiais pedaggicos produzidos no decorrer das aulas prticas, os participantes divididos
em grupos, apresentaram na sesso de pster da VI Semana de Integrao da Universidade
Estadual de Gois/Cmpus Inhumas, referente aos conhecimentos interpostos pelo curso. Na
segunda edio, no segundo semestre de 2017, as participantes tambm divididas em grupos,
apresentaram psteres relacionados aos contedos do curso, na sesso de pster do II
Seminrio de Educao Especial e Inclusiva da UEG/Cmpus Inhumas.
Consideraes finais
O AEE demanda uma formao docente que seja de fato, ao permanente para alm
da formao inicial nas universidades. Demanda saberes especficos, peculiares da educao
especial, que os docentes devem buscar, seja nas formaes em servio, em pesquisas, ou
formaes continuadas oferecidas pelas universidades, onde destacamos aqui, a experincia
exitosa da Universidade estadual de Gois, Cmpus Inhumas, com a realizao do Curso de
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extenso em orientaes pedaggicas para o atendimento educacional especializado (AEE) na
educao bsica.
O Curso abordou a necessidade de institucionalizao do Atendimento Educacional
Especializado - AEE na Educao Bsica, mais especificamente na escola de ensino regular,
oferecendo aos 46 participantes, uma formao docente em torno das orientaes
pedaggicas, recursos, servios e materiais desenvolvidos em Salas de Recursos
Multifuncionais, a fim de que o AEE se cumpra com a sua funo primordial de
complementar ou suplementar o ensino para os alunos e alunas pblico-alvo da educao
especial.
A experincia com o desenvolvimento desse curso de extenso propiciou aos
docentes, reflexes quanto aos aspectos relacionados prtica pedaggica, alm de contribuir
efetivamente para melhor embasamento terico mediante suas aes em atendimento
educacional especializado, capacitando-os nas especificidades dos diferentes eixos de
atendimento do AEE, alm da aprendizagem fundamentada para a elaborao do PDI e o
trabalho colaborativo.
Em suma, podemos dizer que os objetivos do curso em oferecer formao docente
para atuao no Atendimento Educacional Especializado AEE na educao bsica, com
foco nas orientaes pedaggicas, recursos e materiais desenvolvidos em salas de recursos
multifuncionais, foram alcanados e as reflexes advindas dessa experincia, reforam que a
formao de professores para a educao especial fundamnetal para o desenvolvimento de
sistemas educacionais mais inclusivos e que a universidade assume papel primordial nesse
processo.
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